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Maria Bibiana do Espírito Santo - Senhora - II ... - Revista Afro-Ásia

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INFORMAÇóES<br />

MARIA BIBIANA DO ESPÍRITO SANTO - SENHORA<br />

<strong>Maria</strong> <strong>Bibiana</strong> <strong>do</strong> Espirito <strong>Santo</strong> - <strong>Senhora</strong> - entre estudanltes africanos, em Salva<strong>do</strong>r.<br />

No dia 22 de janeiro de 1967, pelas era uma das mais respeitadas e pres-<br />

cinco horas da manhã, falecia a tigiosas figuras <strong>do</strong>s can<strong>do</strong>mbles da<br />

ialorixá <strong>Senhora</strong> de Oxum, mãe-de- Bahia. Sua forte personalidade, sua<br />

santo <strong>do</strong> terreiro de São Gonçalo <strong>do</strong> viva intelig&.cia, raro conhecimento<br />

Retiro, o Centro Cruz Santa <strong>do</strong> Axe das tradições religiosas, <strong>do</strong> "funda-<br />

<strong>do</strong> Opô Afonjá. A ialorixá <strong>Senhora</strong> mento" <strong>do</strong> ritual e da crença de


seus antepassa<strong>do</strong>s marcaram fun-<br />

damente a organização d6 seu ter-<br />

reiro que teve, nos Úitim~s mos,<br />

uma considerável divulgação para<br />

além <strong>do</strong>a círculos fecha<strong>do</strong>s dss ca-<br />

sas-de-santo da Bahia.<br />

Morreu <strong>Senhora</strong> com 67 anos de<br />

idade - nascera a 31 de março de<br />

1900 em Salva<strong>do</strong>r - quase 60 anos<br />

de iniciação religiosa e mais 25 anos<br />

de direção festiva <strong>do</strong> Opô Afonji.<br />

Foram seus pais, Félix José <strong>do</strong> Es<br />

pírito <strong>Santo</strong> - mestre-ferreiro <strong>do</strong><br />

Arsenal de Marinha e que era fiko<br />

de uma senhora da nwáo Ijebu de<br />

nome Joana - e Claudiana <strong>Maria</strong><br />

<strong>do</strong>' Espirito <strong>Santo</strong>, fiiha de Madale-<br />

na; que era filha de Marcelina, es-<br />

ta, fiiha-de-santo e prima de Iá<br />

Nas&, uma 'das "tias" funda<strong>do</strong>ras<br />

<strong>do</strong> Can<strong>do</strong>mblé' <strong>do</strong> Engenho Velho.<br />

Por seu nascimento, estava Se-<br />

nhora ligada b mau abtigas casas-<br />

de-8anto da nação de Ketu na WB-<br />

hia, pois sua bisavó Marcelina, cujo<br />

nome-dwanto era Obi Tossi e era<br />

filha de Xango, foi também ialorixá<br />

no can<strong>do</strong>mblé <strong>do</strong> Engenho Velho.<br />

As genealogias das casas-de-santo<br />

da Bahia se interligam nos planos<br />

civis e religiosos num sistema com-<br />

plexo de relações e parentesco. A<br />

mãe-de-santo de <strong>Senhora</strong> foi a ialo-<br />

rixá Eugênia Ana <strong>do</strong>s <strong>Santo</strong>s, Anl-<br />

nha, filha de Xangô, e funda<strong>do</strong>ra<br />

<strong>do</strong> terreiro de São C+onçalo. Ora,<br />

Aninha era fiiha-de-santo de Mar-<br />

celina Obá Toasi e de Ro<strong>do</strong>124 Mar-<br />

tins de Andrade, conheci<strong>do</strong> na seita<br />

com o nome, hoje lendário, de Bam-<br />

boxe Obiticô. Aninha, cujo nome<br />

iniciuco era Obi Blí, "fez santo"<br />

na Rua <strong>do</strong>s Capitães - atual Rui<br />

Barbosa - com Marcelina, Obá<br />

Tossi. Consagrou-se, então, a urna<br />

das qualidades de Xangô conhecidas<br />

pela Nação - Xangô Ogodò. Depois<br />

que Mamelina faleceu é que no<br />

Engenho Velho, fêz a "obrigação"<br />

para Xangô Afonjá, desta vez com<br />

Bamboxê, Tia Teófila e Tio Joaquim<br />

Vieira de Xangô. Foi ainda Mar-<br />

celina a mãe-de santo de <strong>Maria</strong><br />

Júlia Conceição Nazaré, a funda<strong>do</strong>-<br />

ra <strong>do</strong> terreiro <strong>do</strong> aantois, mãe-de-<br />

santo de sua atual ialorixá, Esco-<br />

lhtica <strong>Maria</strong> da Conceição Nazaré,<br />

Menininha de Oxum. &te outro<br />

parentesco religioso ligava <strong>Senhora</strong><br />

ao tradicional terreiro <strong>do</strong> a9ntois e<br />

foi precisamente Menininha de<br />

Oxum quem diriglu as cerimanias<br />

fúnebres no terreiro <strong>do</strong> Op8 Afon-<br />

já por ocasião da morte de <strong>Senhora</strong>.<br />

Menininha de Oxum, ialorixá <strong>do</strong><br />

Gantois, substituiu naquela Casa<br />

sua tia-avó Pulquéria, filha de Ma-<br />

ria Júiia Nazaré, esta filha de-san-<br />

to de Marcelina Obá Tossi. l%es os<br />

laços que ligam entre si três das<br />

mais importantes - em têrmos de<br />

tradição e de organização ,social -<br />

casas-de-santo da Bahia .<br />

<strong>Senhora</strong> era filha de Oxum e seu<br />

nome iniciatico Oxum Miuá. Al-<br />

gumas dúvidas têm recentemente<br />

surgi<strong>do</strong> quanto h grafls <strong>do</strong> nome-<br />

de-santo da falecida ialorixá, origl-<br />

nadas numa espécie de revivêncla<br />

lingüística da lingua iorubá rn Ba-<br />

hia .<br />

A orientação <strong>do</strong> CEAO, entretanto,<br />

nos leva a conservar os <strong>do</strong>cumentos<br />

Óriginals de- sua pesquisa dentro da<br />

mais atual meto<strong>do</strong>logia <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s<br />

etno-linguíaticos . Assim 6 que pre-<br />

ferimos continuar grafan<strong>do</strong> o nome<br />

da sau<strong>do</strong>sa ialorixa wmo ,ela pró-<br />

pria se chamava: Oxum Míua. I%<br />

te o nome invoca<strong>do</strong> nas suas salvas,<br />

nas obrigaçóes de seu bori. &te o<br />

nome com que a chamaram nas<br />

obrigações de seu triste axex& .<br />

Oxum Miui, <strong>Senhora</strong> de Oxum, fi-<br />

gura extraordiniria de litier espiri-<br />

tual e de mulher. Serena e enbrgl-<br />

ca, imperiosa e plena de requintes de<br />

delicadeza e de graça.<br />

O CEAO presta nêste nhiero de<br />

sua revista uma homenagem h me-<br />

mória da grande ialorixi, personali-<br />

dade que marcou a comunidade com<br />

uma ação religiosa e social da maior<br />

importância. Amiga <strong>do</strong>s movimen-<br />

tas culturais e científicos da Uni-<br />

versidade, <strong>Senhora</strong> estava sempre<br />

dis~osta a colaborar com o CEAO.<br />

reckben<strong>do</strong> em sua casa visitantes de<br />

vários países, especialmente das na-<br />

ções africanas que ali encontra-<br />

vam, surpreendi<strong>do</strong>s e com emoção<br />

indiifarçada, as mais caras tradi-<br />

ções de suas culturas, preservadas


sivel constatar-se a existência de<br />

um crescente interêsse entre os in-<br />

telectuais europeus, norte-america-<br />

nos e especfalmente entre africanos<br />

pelos ternas relaciona<strong>do</strong>s com a Hls-<br />

tória, Ltngüística e &ciologia,<br />

no que diz respeito a tai con-<br />

tinente. Conferências <strong>do</strong> melhor<br />

nível universitário foram as profe-<br />

ridas pelo Prof. Reger Bastide, da<br />

Universidade de Parls, pelo Prof.<br />

Ki-Zerbo <strong>do</strong> Alto-Volta e pelo Pa-<br />

dre Engelbert Mveng, da Rep. <strong>do</strong>s<br />

Camarões.<br />

VISITA A ISRAEL<br />

A convite <strong>do</strong> Oovérno de Israel e<br />

da Sociedade Israelita da Bahia es-<br />

tiveram em visita hquele país, du-<br />

rante o més de dezembro, os Profs.<br />

Waldlr Freitas Oliveira e Vival<strong>do</strong><br />

Costa Lima.<br />

Em Israel, os pmfessôres balanos<br />

excursionaram pelas principais re-<br />

giões <strong>do</strong> país, da Oalfléia ao Neguev<br />

e a faixa ocupada de Oaza.<br />

Proveitosos contactos foram esta-<br />

beleci<strong>do</strong>s com a Universidade He-<br />

bráica de Jerusalém e com a redm-<br />

instalada Universidade de Beershe-<br />

ba. visan<strong>do</strong> um maior intercbbio<br />

entre às mesmas e o CEAO.<br />

PESQUISADORES DO CEAO NA<br />

AFRICA<br />

Durante os meses de janeiro e fe-<br />

vereiro estêve realizan<strong>do</strong> pesquisa<br />

no Daomé e na Nigéria com bolsa de<br />

estu<strong>do</strong>s oferecida pela UNI.SCO ao<br />

CEAO, o escritor Deoscóredes Ma-<br />

ximilíano <strong>do</strong>s <strong>Santo</strong>s (Didi) . Sua<br />

pesquisa se orientou no senti<strong>do</strong> de<br />

coGarar determina<strong>do</strong>s aspectos<br />

litiuuicos da religiá.0 negra no Bra-<br />

sil e-na Africa, haven<strong>do</strong> o resulta-<br />

<strong>do</strong> das suas pesquisas si<strong>do</strong> aceito<br />

pelos técnicos da UNESCO com no-<br />

tas eloglosas a respeito. Pretende<br />

o CEAO publicar no próximo ano<br />

o trabalho <strong>do</strong> autor.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, na Universida-<br />

de Ahmadu -110, em Zaria, na Ni-<br />

géria, o Prof. Paulo Fernan<strong>do</strong> de<br />

Morais Farias, <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>cente <strong>do</strong><br />

CEAO, está ministran<strong>do</strong> um curso<br />

sôbre História da Africa, enquan-<br />

to prossegue nas sua pesquisas re-<br />

lativas aos contatos entre os reinos<br />

negros <strong>do</strong> Sudáo e o mun<strong>do</strong> muçul-<br />

mano, durante a Idade Mbdia.<br />

VIS1TANTES ILUSTRES<br />

I<br />

Durante o ano de 1967, estiveam<br />

em visita ao Centro de Estu<strong>do</strong>s m o-<br />

Orientais personalidades de deata-<br />

que no campo das estu<strong>do</strong>s africa-<br />

nistas e orientais.<br />

No mês de janeiro, a Sra. Fran-<br />

ces <strong>II</strong>ersWvit.8, aqui estêve reali-<br />

zan<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s e pesquisas relacio-<br />

nadas com notas inéditas <strong>do</strong> seu<br />

mari<strong>do</strong>, o sau<strong>do</strong>so Prof. Melviiie<br />

Herskovits, visan<strong>do</strong> a publicação de<br />

um trabaiho da sua autoria sobre o<br />

negro baiano .<br />

Em março, aqui estêve o Padre<br />

Vandelino Lorscheiter S. J., Dire-<br />

tor <strong>do</strong> Centro de Estu<strong>do</strong>s Brasileiros<br />

da Sophia University (Tóquio) com<br />

o objetivo de estabelecer um pro-<br />

grama de intercâmbio mais ativo<br />

entre aquela Unversidade e o CEAO.<br />

h junho, o conheci<strong>do</strong> etnólogo<br />

Prof. Rolf Italiander pronunciou no<br />

CEAO conferénciss abre os diver-<br />

sos aspectos da nova Afrícs e s8-<br />

bre a moderna arte africana.<br />

No mês de agosto, o Prof. Fre-<br />

dric M. Lttto, Professor de Arte<br />

Dramática na Universidade de Kan-<br />

m, fêz no CEAO uma conferência<br />

sobre o Teatro N6, acompanhada de<br />

projeção e audição de músicas ja-<br />

ponesas.<br />

Finalmente, em setembro, duran-<br />

te as comernorações <strong>do</strong> 8P aniverS6-<br />

rio <strong>do</strong> CEAO, estêve na Bahia, o<br />

Prof. Vincent Montefl, diretor <strong>do</strong><br />

"Instltut Fondamental d9Afrique<br />

Noire" (Dacar) , que pronunciou<br />

uma conferêIicia abre as perspec-<br />

tlvas futuras <strong>do</strong> Islã negro.<br />

SEMANAS DE ESTUDOS<br />

Durante o ano de 1987, o Centro<br />

de Estu<strong>do</strong>s <strong>Afro</strong>-Orientais promo-<br />

veu a realização de semanas de es-<br />

tu<strong>do</strong>s dedicadas aos seguintes pai-<br />

ses - China, Coréia, fndia e Pa-<br />

quistão.<br />

A "Semana da China", de 11 a<br />

17 de julho, constou de uma expo-


' :><br />

@iio de obr -tua<br />

chinesa, desde a 808<br />

dias aty& e de d w wnferênclse,<br />

proferidss geloii Prqfo. Vlval<strong>do</strong> ds<br />

Coeta Lima e Walslr altas OUveira,<br />

rwpectl~h.O&e tr~dicio~ Be Onlna" e "A<br />

"As *-<br />

a "&mana<br />

da Coreia" dwanb a guai ioram<br />

exibi<strong>do</strong>e nrinw &r8 e terra e<br />

o povo c o m<br />

e foram proferi-<br />

das confer&ndSl Prof. W W<br />

Frebtas OUvelts e Br. Tong Jb<br />

Park, EmbEhbW da Cortiia no<br />

Bwdl,<br />

Alnde em agbb, teve lugar a<br />

%emana <strong>do</strong> PS~ubth". FOraxXl<br />

exibi<strong>do</strong>s durante a naeama vBrios<br />

filmes <strong>do</strong>cumentbrim abre êsse<br />

prrie, encem<strong>do</strong>-se aa mnemma-<br />

çBes com uma conferihia pronun-<br />

ciada pelo Sr. ifükhfu Embai-<br />

=<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Ptsud8táo no L<br />

No mês de setembro foi re&ada<br />

& "&wxmmk ds IndbV"' E&iveram<br />

preG3elltu o &. mjoy Krishna-<br />

Acham, Embka<strong>do</strong>r ds Imüs no<br />

Br8811 e o Sr. ZL H. Siddicli, Adi<strong>do</strong><br />

Cultural da mesma Embsixcsda.<br />

Na fai ofertada pelo Sr.<br />

Embaixa<strong>do</strong>r i BlbIiotem <strong>do</strong> Centro<br />

de Estu&u Airo-Qrhtaia uma CO-<br />

lepáo de iWOa dbre a &dia, e du-<br />

rante a semana foram exibi<strong>do</strong>s vá-<br />

rios Sime8 sbbre aquele país.<br />

DA ~<br />

-.<br />

I ~ AAL-AZHdE D E<br />

PUrsItta o ano de 1967 &+&e en-<br />

mrre@& <strong>do</strong> eaaEao üa Slngus<br />

Brsbe no CEAO, o Praf. Mohamméd<br />

Hmsam EXdfn, da Universidade<br />

Ai-1Sahar <strong>do</strong> C?alro.<br />

O referi<strong>do</strong> proiomor i envla<strong>do</strong><br />

i Bahfa pelo (30-0 $" República<br />

~tabe - unia, gf$ec.o EOB bons oncios<br />

-dn ,Ernbaixrads dênge pais no<br />

Brastl.<br />

Mlotivol, superiore8 60 pennitlrio<br />

ca~tu<strong>do</strong> a sua paman6ncia na<br />

Bahia no prbximo ano de 1968.<br />

VIAGEM<br />

De abril a desembro de 1967 o<br />

Prof. Roif Reichert, reapo~vel<br />

pelo Setor de Estu<strong>do</strong>s Islhmícoa <strong>do</strong><br />

CEAO, esteve realfian<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>8 e<br />

pesquisas sôbre a Brea <strong>do</strong> Mediter-<br />

r ãneo .<br />

A partir <strong>do</strong> Marrocos, onde colheu<br />

Wrki para a redação de um vo-<br />

csbdrio básico <strong>do</strong> diaietr, Brabe-<br />

marroquino, deslocou-se sucessiva-<br />

mente para a Argelia, Tunisia, Li-<br />

bis, Maita, Egito e Sudão, em cún-<br />

tacm 3reqüentes com a$ Universi-<br />

dades loeafs e redigin<strong>do</strong> notas prP-<br />

pamtbrias para os seus próximm<br />

trabaihos .<br />

Prosseguin<strong>do</strong> no seu programa de<br />

difusão c uitd o CEAO promoveu<br />

durante o mês de outubro, um curso<br />

de Ikebana, a cargo da Srta.<br />

Kayoko MttsnokO, estudsnte jap<br />

nesa em viagem de estu<strong>do</strong>s no Bra-<br />

sil. O curão teve grande aceitação<br />

senda dlstribuí<strong>do</strong>a no seu encerra-<br />

nieato, certifica<strong>do</strong>s de freqüência a<br />

quar0nta e eefs pessoas.

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