Invictus: uma lição de metodologia de intervenção na ... - psico-org
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<strong>Invictus</strong>: <strong>uma</strong> <strong>lição</strong> <strong>de</strong> <strong>metodologia</strong> <strong>de</strong> <strong>intervenção</strong><br />
<strong>na</strong> realida<strong>de</strong> objetiva<br />
1. O significado do nome do filme<br />
Departamento <strong>de</strong> Enfermagem em Saú<strong>de</strong> Coletiva<br />
Discipli<strong>na</strong> Estágio Curricular - 2012<br />
Aula sobre “O que é a realida<strong>de</strong> e como ela se transforma”<br />
Ficha Técnica<br />
Título origi<strong>na</strong>l: <strong>Invictus</strong><br />
Lançamento: 2009 (EUA)<br />
Direção: Clint Eastwood<br />
Atores: M<strong>org</strong>an Freeman, Matt Damon, Tony<br />
Kgoroge, Patrick Mofokeng.<br />
Duração: 134 min<br />
Gênero: Drama<br />
Escrito em 1875 por William Ernest Henley, o poema britânico "Invictuous"<br />
apresenta palavras fortes em seus versos fi<strong>na</strong>is: "Não importa o quão estreito seja o<br />
portão e quão repleta <strong>de</strong> castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu <strong>de</strong>stino, eu sou<br />
o capitão da minha alma". Um século <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> escrito, o poema tornou-se o<br />
companheiro mais constante <strong>de</strong> histórico prisioneiro inocente: Nelson Man<strong>de</strong>la que,<br />
aprisio<strong>na</strong>do em Robben Island cumprindo pe<strong>na</strong> <strong>de</strong> trabalhos forçados, lia e relia o texto <strong>de</strong><br />
Henley para manter a esperança e a sanida<strong>de</strong>. "<strong>Invictus</strong>", o poema, é mencio<strong>na</strong>do duas<br />
vezes no filme "<strong>Invictus</strong>". Da primeira vez, <strong>na</strong> ce<strong>na</strong> que muda todo o ritmo e a dinâmica do<br />
filme, Man<strong>de</strong>la (M<strong>org</strong>an Freeman), já presi<strong>de</strong>nte da África do Sul, recita o texto para<br />
François Pie<strong>na</strong>ar (Matt Damon), o capitão dos Springboks, a seleção sul africa<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />
rugby. O ano é 1995, <strong>uma</strong> copa do mundo do rugby se aproxima, a ser disputada n<strong>uma</strong><br />
África do Sul ainda profundamente dividida ao longo das linhas raciais. Os Springboks são<br />
o próprio símbolo da supremacia branca. "Na prisão, nós fazíamos questão <strong>de</strong> torcer por<br />
1
quem estivesse jogando contra eles", Man<strong>de</strong>la admite.<br />
E é por isso que Man<strong>de</strong>la chama o jovem capitão do time a Pretória - ele quer não<br />
ape<strong>na</strong>s que o time ganhe a copa, mas que se aproxime da população negra que o<br />
hostiliza. E para que Pie<strong>na</strong>ar saiba que não é tarefa fácil, mas possível, ele cita o poema.<br />
Ele disse que ir aos jogos olímpicos <strong>de</strong> Barcelo<strong>na</strong> foi <strong>uma</strong> experiência fundamental pois<br />
viu como países diferentes, até inimigos, podiam se unir em torno do esporte.<br />
A segunda aparição <strong>de</strong> "<strong>Invictus</strong>" é fictícia, mas po<strong>de</strong>rosa como signo: o poema<br />
está <strong>na</strong> carta que Man<strong>de</strong>la envia a Pie<strong>na</strong>ar no início da copa <strong>de</strong> rugby (<strong>na</strong> verda<strong>de</strong><br />
Man<strong>de</strong>la enviou um trecho <strong>de</strong> um discurso do presi<strong>de</strong>nte norte americano Theodore<br />
Roosevelt). Eles sabiam que representavam algo maior. Foi <strong>uma</strong> jor<strong>na</strong>da incrível para<br />
eles não ape<strong>na</strong>s até a vitória, mas principalmente até apren<strong>de</strong>r a letra para cantar o<br />
"Nkosi Sikele iAfrica" (o hino da África do Sul pós-apartheid) e jogar representando, <strong>de</strong><br />
fato, todo o país.<br />
Relato do filme<br />
O filme inicia mostrando que a população negra joga futebol enquanto os brancos<br />
são partidários do rugby, jogo inglês jogado pelas classes domi<strong>na</strong>ntes.<br />
No dia da libertação <strong>de</strong> Man<strong>de</strong>la <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 27 anos <strong>na</strong> prisão, os negros<br />
comemoram e os brancos o rejeitam. A <strong>de</strong>speito disso, Man<strong>de</strong>la pe<strong>de</strong> a todos um gran<strong>de</strong><br />
esforço pela paz pois predomi<strong>na</strong> no país um clima <strong>de</strong> guerra civil. Convocadas eleições<br />
diretas, ele é eleito presi<strong>de</strong>nte.<br />
No primeiro dia no cargo, Man<strong>de</strong>la mostra que prefere <strong>uma</strong> vida simples e<br />
regrada. Acorda <strong>de</strong> madrugada para caminhar, surpreen<strong>de</strong>ndo os seguranças. Demonstra<br />
interesse pelas pessoas (pergunta ao guarda-costas como vai a mãe). Pela manhã o<br />
noticiário da TV questio<strong>na</strong>: “Ele po<strong>de</strong> ganhar a eleição mas po<strong>de</strong>rá gover<strong>na</strong>r o pais?”<br />
Brenda, sua secretária pessoal acha o comentário absurdo mas para ele a dúvida do<br />
repórter proce<strong>de</strong> pois eles não sabem ainda do que ele é capaz. Sabe que, após a posse<br />
em Pretoria, capital do país, vai enfrentar o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> iniciar <strong>uma</strong> nova era num país que<br />
sofre com problemas como estag<strong>na</strong>ção econômica, <strong>de</strong>semprego, aumento da<br />
crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> tendo também que equilibrar as aspirações dos negros e os temores dos<br />
brancos. Estes últimos expressam medo e pessimismo pois acreditam que haverá ape<strong>na</strong>s<br />
<strong>uma</strong> troca <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r dos brancos para os negros.<br />
2
O presi<strong>de</strong>nte eleito chega à se<strong>de</strong> do governo: elogia o cabelo <strong>de</strong> Brenda e pe<strong>de</strong> a<br />
ela que reú<strong>na</strong> todos os funcionários que não foram embora ainda. Pe<strong>de</strong> que os guarda<br />
costas fiquem fora da sala. Diz aos funcionários que os que acham que não po<strong>de</strong>rão<br />
colaborar com o novo governo que vão embora, mas língua e cor da pele não impedirão<br />
que trabalhem com ele (o passado é passado, o que importa é o futuro). Quer a ajuda<br />
<strong>de</strong>les, precisa da ajuda <strong>de</strong> todos. Pe<strong>de</strong> que dêem o máximo <strong>de</strong> si e boa vonta<strong>de</strong>,<br />
prometendo fazer o mesmo. É visível a expressão <strong>de</strong> satisfação dos funcionários.<br />
Jason, chefe da Segurança precisa <strong>de</strong> mais homens. Apresentam-se funcionários<br />
brancos para trabalhar (membros da guarda <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l com trei<strong>na</strong>mento especial),<br />
<strong>de</strong>sig<strong>na</strong>dos pelo próprio presi<strong>de</strong>nte.<br />
Vai reclamar com o presi<strong>de</strong>nte que lhe respon<strong>de</strong> que <strong>uma</strong> <strong>na</strong>ção multirracial<br />
começa com quem ele mostra como guarda costas (brancos e negros)<br />
Jason retruca lembrando que os brancos mataram negros. Man<strong>de</strong>la retruca:<br />
“Perdão começa aqui tb. Perdão libera a alma e afasta o medo por isto é <strong>uma</strong> arma<br />
po<strong>de</strong>rosa”. Pe<strong>de</strong> a Jason que tente.<br />
Jason volta para a sala e diz a forma como vão trabalhar. Pe<strong>de</strong> aos seguranças<br />
sorriam e chama o presi<strong>de</strong>nte pelo nome do clã (Madiba). Os brancos dizem que vão<br />
chamá-lo <strong>de</strong> Senhor Presi<strong>de</strong>nte.<br />
Haverá um jogo <strong>de</strong> rugby e o presi<strong>de</strong>nte ficará exposto. Jason reitera que a platéia<br />
será <strong>de</strong> brancos que o<strong>de</strong>iam os negros, que não votaram nele, por isso o presi<strong>de</strong>nte corre<br />
risco.<br />
No dia do jogo, Man<strong>de</strong>la vai ao estádio e é vaiado pela multidão. Mesmo assim,<br />
ace<strong>na</strong>, sorri e cumprimenta os jogadores. Chama pelo nome o único que conhece, um<br />
negro chamado Chester. Para <strong>de</strong>sespero dos seguranças vai para o meio da multidão e<br />
elogia o homem que está segurando a nova ban<strong>de</strong>ira da África do Sul. Retira-se e vai<br />
assistir o jogo <strong>na</strong> cabine presi<strong>de</strong>ncial. Durante o jogo, Man<strong>de</strong>la trabalha (discute on<strong>de</strong><br />
buscar dinheiro) e observa os jogadores. O presi<strong>de</strong>nte do Clube diz que o time é um<br />
fracasso. Brenda mostra <strong>na</strong> torcida que flamulam as ban<strong>de</strong>iras do apartheid. Diz que são<br />
<strong>uma</strong> <strong>de</strong>sgraça mas o presi<strong>de</strong>nte refuta dizendo que é direito dos brancos, bem como<br />
manter o seu hino. Os brancos torcem pelo Springboks (time da África do Sul) e os negros<br />
torcem para a Inglaterra. Diz que faziam isto <strong>na</strong> prisão para irritar o diretor.<br />
O representante do Conselho Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Esportes diz que a <strong>de</strong>rrota do time local<br />
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será boa para justificar a mudança das cores e suprimir o emblema do time (ver<strong>de</strong> e<br />
ouro).<br />
No vestiário, após a <strong>de</strong>rrota, os jogadores e o capitão do time, François Pie<strong>na</strong>ar<br />
estão <strong>de</strong>sanimados. Os comentários do repórter esportivo Johan <strong>de</strong> Villiers <strong>de</strong>squalifica o<br />
time. Enfatiza que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um ano será a Copa do Mundo <strong>de</strong> Rugby e o país-se<strong>de</strong> será<br />
a África do Sul. Acha que o capitão do time <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>mitido. Para Pie<strong>na</strong>ar ele faz isto<br />
por revanchismo porque também per<strong>de</strong>u quando jogava. Man<strong>de</strong>la ouve o comentário <strong>na</strong><br />
TV.<br />
No bairro pobre negro, <strong>na</strong> Igreja Memorial Congregacio<strong>na</strong>l Walter Rubusa<strong>na</strong> está<br />
sendo feita <strong>uma</strong> distribuição <strong>de</strong> roupas por <strong>uma</strong> mulher branca. Um menino recusa<br />
camisa oficial do time <strong>de</strong> rugby e ela não enten<strong>de</strong> porque. Mulher negra explica que se<br />
ele pegar a camisa outros meninos vão bater nele, não porque estão jogando mal mas<br />
porque o time e a camisa representam o apartheid.<br />
Na reunião do Conselho Nacio<strong>na</strong>l do Esportes há <strong>uma</strong> proposta <strong>de</strong> elimi<strong>na</strong>ção<br />
imediata do emblema e das cores do Springboks por serem representantes do apartheid.<br />
É aprovada por u<strong>na</strong>nimida<strong>de</strong>. Man<strong>de</strong>la fica sabendo e vai para a reunião. Brenda tenta<br />
convencê-lo a não ir e aceitar a <strong>de</strong>cisão do CNS. Diz que ir lá e tentar mudar a <strong>de</strong>cisão é<br />
<strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> autoritarismo. Ele refuta dizendo que <strong>de</strong>sta vez o povo está equivocado<br />
e consi<strong>de</strong>ra seu <strong>de</strong>ver mostrar-lhe isto. Brenda pe<strong>de</strong> que não arrisque per<strong>de</strong>r a li<strong>de</strong>rança<br />
por tão pouco (rugby). Ele diz que o dia em que não pu<strong>de</strong>r enfrentar isto, precisa <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> ser lí<strong>de</strong>r. Chegando à reunião, fala a que veio, pontuando que os símbolos do<br />
Springboks <strong>de</strong>vem ser reintegrados. Conta a experiência que teve <strong>na</strong> prisão. Durante 27<br />
anos estudou o inimigo, estudou sua língua, leu seus livros, sua poesia. Teve que<br />
conhecer o inimigo antes <strong>de</strong> triunfar sobre ele. Porém, agora que triunfou e o país com<br />
ele, os inimigos não são mais os afrikaners, estes agora são seus compatriotas sul-<br />
africanos, parceiros <strong>na</strong> <strong>de</strong>mocracia. Os afrikaners amam os Springboks, se tirarem isto<br />
<strong>de</strong>les, os per<strong>de</strong>rão. Provarão que os negros são como eles temiam que fossem. Têm que<br />
ser melhores que isto. Há que surpreendê-los com compaixão, mo<strong>de</strong>ração, generosida<strong>de</strong>.<br />
Sabe tudo o que foi negado aos negros e todo o sofrimento pelo qual passaram mas não<br />
é hora para vingança mesquinha. Apela para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção da <strong>na</strong>ção. Eles<br />
o elegeram como seu lí<strong>de</strong>r e agora pe<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ixem que eles o li<strong>de</strong>rem. Chama-os a<br />
estarem com ele. “Quem está comigo agora?” Não respon<strong>de</strong>m. Teve 12 votos e sente-se<br />
feliz com isto, pior se não tivesse tido nenhum.<br />
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Brenda fala que com tantos outros problemas como crimi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>, fome, emprego,<br />
habitação, moeda, não <strong>de</strong>veria se preocupar com o que quer <strong>uma</strong> minoria. Ele respon<strong>de</strong><br />
que precisa controlar a minoria porque ela controla a polícia, o exército e a economia.<br />
Deixa evi<strong>de</strong>nte que o investimento no rugby é um cálculo h<strong>uma</strong>no ao invés <strong>de</strong> um cálculo<br />
político, como ela lhe perguntou se era. “Se tirar <strong>de</strong>les o time, as cores e o hino ape<strong>na</strong>s<br />
aumentará o medo que eles (os brancos) têm <strong>de</strong> nós”.<br />
Ao mesmo tempo em que tenta controlar o país, Man<strong>de</strong>la vai à ONU, aos EEUU,<br />
Japão e a outros países pedir que façam investimentos <strong>na</strong> África do Sul.<br />
N<strong>uma</strong> madrugada, ao sair para andar, n<strong>uma</strong> conversa com os seguranças mostra<br />
sua maior fragilida<strong>de</strong>, as relações familiares que não são boas. Aponta que sua família é<br />
<strong>de</strong> 42 milhões <strong>de</strong> pessoas, ou seja, todo o país.<br />
No escritório, ao Brenda chegar para trabalhar, elogia seu vestido. Ao receber o<br />
pagamento do salário, acha alto <strong>de</strong>mais e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> doar um terço aos pobres. Os brancos<br />
fazem chacota disso.<br />
Chama Pien<strong>na</strong>rd para tomar chá. Na casa da mãe do técnico, Eunice, empregada<br />
e negra pe<strong>de</strong> para ele falar para o presi<strong>de</strong>nte que o sistema <strong>de</strong> ônibus é falho. Pie<strong>na</strong>ar<br />
está preocupado porque não sabe o que vai falar com o presi<strong>de</strong>nte. Ao ser recebido <strong>na</strong><br />
se<strong>de</strong> do governo, pergunta para o tenente da segurança como é o resi<strong>de</strong>nte. Ele compara<br />
com o presi<strong>de</strong>nte anterior e diz que para aquele era invisível. Já Man<strong>de</strong>la <strong>de</strong>scobriu que<br />
ele gostava <strong>de</strong> toffees ingleses e trouxe para ele da viagem. “Para ele, ninguém é<br />
invisível”. A conversa começa com o presi<strong>de</strong>nte perguntando pelo joelho do capitão que<br />
estava contundido. Convida-o para tomar chá e elogia o produto, como sendo a melhor<br />
coisa <strong>de</strong>ixada pelos ingleses. Consi<strong>de</strong>ra que ser capitão <strong>de</strong> um time é um trabalho difícil.<br />
Estabelece-se o seguinte diálogo:<br />
o melhor?<br />
Man<strong>de</strong>la - “Qual é a sua filosofia <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança? Como inspira o time o time a fazer<br />
Pie<strong>na</strong>ar – “Com exemplos, li<strong>de</strong>ro através <strong>de</strong> exemplos”.<br />
Man<strong>de</strong>la – “Como torná-los melhores do que pensam que são?”<br />
Pie<strong>na</strong>ar não sabe respon<strong>de</strong>r.<br />
Man<strong>de</strong>la insiste: - “Como nos inspiramos para gran<strong>de</strong>za quando <strong>na</strong>da mais nos<br />
satisfaz? Como inspiramos todos à nossa volta?”<br />
5
Conta que <strong>na</strong> Ilha Robben, quando se sentia <strong>de</strong>primido, buscava a inspiração num<br />
poema vitoriano. Eram ape<strong>na</strong>s palavras mas o faziam levantar quando o que queria era<br />
ficar <strong>de</strong>itado.<br />
Para Pie<strong>na</strong>ar a inspiração vem <strong>de</strong> <strong>uma</strong> canção que o time cost<strong>uma</strong> cantar antes<br />
<strong>de</strong> entrar em jogo.<br />
Man<strong>de</strong>la conta que a canção que o inspirou <strong>na</strong> Copa do Mundo <strong>de</strong> 1992 em<br />
Barcelo<strong>na</strong> foi o novo hino da África do Sul Nkosi Sikelel iAfrika. Acredita que para<br />
construir <strong>uma</strong> <strong>na</strong>ção precisa inspiração para ir além das próprias expectativas. Pie<strong>na</strong>ar vai<br />
embora do encontro impressio<strong>na</strong>do com o Presi<strong>de</strong>nte.<br />
A filha <strong>de</strong> Man<strong>de</strong>la, Zindzi, não gosta <strong>de</strong> ver o pai com os brancos, apertando a<br />
mão <strong>de</strong>les. Diante disso, ele aponta o egoísmo <strong>de</strong>la ao ver somente seus próprios<br />
sentimentos, sem consi<strong>de</strong>rar a necessida<strong>de</strong> maior que é construir a <strong>na</strong>ção.<br />
Man<strong>de</strong>la pe<strong>de</strong> explicação ao presi<strong>de</strong>nte do CNS sobre como funcio<strong>na</strong> a Copa do<br />
Mundo <strong>de</strong> Rugby. Ele explica e diz que haverá um bilhão <strong>de</strong> pessoas assistindo os jogos.<br />
Para Man<strong>de</strong>la isto se revela como <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tor<strong>na</strong>r a África do Sul<br />
visível ao mundo.<br />
Man<strong>de</strong>la pe<strong>de</strong> para falar com o presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Rugby (Luyt). Como<br />
parte da divulgação da Copa do Mundo, pe<strong>de</strong> que os jogadores trabalhem em escolinhas<br />
<strong>na</strong>s favelas do país. Diante disso, os jogadores se revoltam, justificando que já têm muito<br />
trabalho pela frente. Pie<strong>na</strong>ar concorda com o pedido do presi<strong>de</strong>nte e argüido pelos<br />
colegas, admite que os tempos mudam e que temos que mudar também.<br />
Ao se dirigir para as favelas, os jogadores conhecem a realida<strong>de</strong> dos bairros<br />
pobres da cida<strong>de</strong>. Chegam às escolinhas carrancudos e visivelmente <strong>de</strong>scontentes. As<br />
crianças festejam ao reconhecer Chester, o único jogador negro do time.<br />
Jogam rugby com as crianças. Explicam as regras e pouco a pouco se envolvem.<br />
Man<strong>de</strong>la acompanha tudo pela TV. Comenta com assessores: “Esta imagem vale<br />
mais que mil discursos.” É o sucesso da campanha “Um time, um país”.<br />
Manda pintar a imagem <strong>de</strong> Chester no avião dos jogadores da África do Sul.<br />
Faltando <strong>uma</strong> sema<strong>na</strong> para a Copa do Mundo, Johan <strong>de</strong> Villiers (comentarista<br />
esportivo) faz comentários <strong>de</strong>preciativos acerca do time.<br />
Todos sabem que é muito importante que o time vença a primeira partida com a<br />
6
Austrália. Man<strong>de</strong>la estuda a tabela da Copa, enquanto Jordan planeja a segurança pois o<br />
presi<strong>de</strong>nte ficará bastante exposto.<br />
África.”<br />
Man<strong>de</strong>la pe<strong>de</strong> para Brenda ajudá-lo a <strong>de</strong>corar os nomes dos jogadores.<br />
Pie<strong>na</strong>ar pe<strong>de</strong> que os jogadores aprendam o hino dos negros “Deus abençoe a<br />
Em entrevista <strong>na</strong> TV sobre rugby, Man<strong>de</strong>la fala que já foi jogador. Elogia o time e o<br />
comprometimento dos jogadores em vencer. Admite que antes <strong>de</strong> ser presi<strong>de</strong>nte torcia<br />
para qualquer time que jogasse contra o Springboks mas que agora isto não é mais<br />
verda<strong>de</strong>. Agora é 100% Springboks, “afi<strong>na</strong>l se eu não pu<strong>de</strong>r mudar quando as<br />
circunstâncias exigem, como po<strong>de</strong> esperar que os outros mu<strong>de</strong>m?”<br />
Vai à concentração, pe<strong>de</strong> <strong>de</strong>sculpas por interromper o trei<strong>na</strong>mento do time e diz<br />
que só quer <strong>de</strong>sejar boa sorte. Chama todos os jogadores pelo nome. Pergunta por<br />
Chester que está contundido. Ganha um boné do time. Dá a François a poesia que o<br />
acompanhou durante anos.<br />
rugby.<br />
Man<strong>de</strong>la se recusa a obe<strong>de</strong>cer or<strong>de</strong>ns médicas (dormir cedo) para ver os jogos <strong>de</strong><br />
François encontra-se com a mulher <strong>na</strong> concentração e fala sobre o poema que<br />
ganhou do presi<strong>de</strong>nte e que po<strong>de</strong> ajudá-lo a vencer. Compara-o com a visita <strong>de</strong>la<br />
chamando tudo <strong>de</strong> inspiração.<br />
No dia do jogo com a Austrália, Man<strong>de</strong>la torce. Jordan pergunta ao tenente o que<br />
está acontecendo pois não conhece o jogo. O Springboks vence e todos festejam. Torcida<br />
inva<strong>de</strong> o campo.<br />
N<strong>uma</strong> festa, em comemoração à vitória, Man<strong>de</strong>la paquera <strong>uma</strong> moça alegando<br />
que o pai era polígamo, da etnia Xhosa. Ele não é mas não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> reconhecer a<br />
beleza daquela mulher.<br />
Time retoma o trei<strong>na</strong>mento sob o estímulo <strong>de</strong> Pie<strong>na</strong>ar e num dos dias fazem <strong>uma</strong><br />
visita à Ilha on<strong>de</strong> Man<strong>de</strong>la ficou preso. Pie<strong>na</strong>ar visita a cela que Man<strong>de</strong>la ficou preso,<br />
fecha a gra<strong>de</strong>, me<strong>de</strong> o espaço, olha pela janela e se lembra da poesia.<br />
<strong>Invictus</strong><br />
7
Sob o manto da noite que me cobre<br />
Negro como as profun<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> um pólo a outro<br />
Eu agra<strong>de</strong>ço a todos os <strong>de</strong>uses<br />
Por minha alma invencível<br />
Nas garras ferozes das circunstâncias<br />
Não me encolhi nem <strong>de</strong>rramei meu pranto<br />
Golpeado pelo <strong>de</strong>stino<br />
Minha cabeça sangra mas não curva.<br />
Longe <strong>de</strong>ste lugar <strong>de</strong> ira e lágrimas<br />
Só assoma o horror das sombras<br />
Ainda assim, a ameaça dos anos me encontra<br />
E me encontrará sempre<br />
Destemido<br />
Pouco importa quão estreita seja a porta<br />
Quão profusa em punições seja a lista<br />
Sou o senhor do meu <strong>de</strong>stino<br />
Sou o capitão da minha alma<br />
Man<strong>de</strong>la <strong>de</strong>smaia <strong>de</strong> exaustão e o médico que o aten<strong>de</strong> proíbe qualquer tipo <strong>de</strong><br />
trabalho e ameaça colocá-lo num hospital se não obe<strong>de</strong>cer. Brenda promete ajudar.<br />
Voltam os trei<strong>na</strong>mentos. Chester Williams volta a jogar recuperado da lesão no<br />
joelho para a alegria <strong>de</strong> todos.<br />
Vencem o jogo contra Samoa. Man<strong>de</strong>la acompanha <strong>na</strong> tabela. Na semi fi<strong>na</strong>l contra<br />
a França, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> muita chuva jogam ferozmente e vencem o primeiro tempo. Man<strong>de</strong>la<br />
pe<strong>de</strong> licença em <strong>uma</strong> reunião política para ver a fi<strong>na</strong>l do jogo e cancela toda a agenda do<br />
dia seguinte para ver a fi<strong>na</strong>l.<br />
Os negros da segurança querem apren<strong>de</strong>r o jogo e pe<strong>de</strong>m ajuda aos seguranças<br />
brancos. Fazem um jogo <strong>na</strong> se<strong>de</strong> do governo.<br />
Todos os jogadores do Springboks estudam o time adversário. Man<strong>de</strong>la pe<strong>de</strong> ao<br />
presi<strong>de</strong>nte da CNS um relatório completo do time que jogará contra a África do Sul, a<br />
Nova Zelândia. O time tem o costume <strong>de</strong> fazer <strong>uma</strong> dança Maori que intimida o<br />
adversário. Todos acreditam que assim ganham o jogo, por isso são favoritos. Johan<br />
Lomu, que faz parte da equipe, é o melhor jogador do mundo.<br />
8
François dá um convite para Eunice ver o jogo fi<strong>na</strong>l com a família.<br />
Man<strong>de</strong>la conversa com o presi<strong>de</strong>nte do CNS e diz que sabe que os jogadores já<br />
ultrapassaram todas as expectativas mas reforça que o país tem fome <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, por<br />
isso precisa ganhar o jogo e a copa. Procura estratégia inovadora para ganhar o jogo.<br />
Jogadores trei<strong>na</strong>m antes do jogo e população os incentiva. Jordan, o chefe da<br />
segurança está pessimista em relação à segurança do presi<strong>de</strong>nte. A torcida é feita por<br />
maioria <strong>de</strong> brancos e isto tor<strong>na</strong> o presi<strong>de</strong>nte sujeito a atentados. Antes do jogo fi<strong>na</strong>l,<br />
François observa a torcida.<br />
Todos ficam tensos quando um avião sobrevoa o estádio. Na cabine, o<br />
comandante diz ao co-piloto que assume toda a responsabilida<strong>de</strong> pela aero<strong>na</strong>ve dali em<br />
diante. Jordan observa e alerta os seguranças. O avião sobrevoa o estádio bem baixo e<br />
tem <strong>na</strong> barriga escrito “Boa sorte Booke”. Todos aplau<strong>de</strong>m...<br />
Man<strong>de</strong>la vai ao estádio usando o uniforme do Springboks com a camisa 6<br />
(capitão) e <strong>de</strong>seja boa sorte a todos os jogadores. É aplaudido pela multidão que grita seu<br />
nome (Nelson). Cumprimenta também o time adversário.<br />
O país pára para ver o jogo e todos cantam o hino sul africano “Deus salve a<br />
África”. A Nova Zelândia faz a dança Maori para intimidar o adversário e inicia-se a<br />
partida.<br />
Do lado <strong>de</strong> fora do estádio, um garoto se aproxima do carro da polícia on<strong>de</strong> os<br />
policiais escutam o jogo e é enxotado. O policial aproxima-se para ver o que ele tem <strong>na</strong><br />
sacola que carrega. O garoto continua mexendo <strong>na</strong> sacola e olhando para os policiais.<br />
Aproxima-se mais do carro, conforme o jogo prossegue.<br />
O jogo termi<strong>na</strong> empatado e vai para a prorrogação. A tensão é geral. A torcida<br />
canta o hino da África e François incentiva o time. Pe<strong>de</strong> que ouçam o grito do país pela<br />
vitória.<br />
Fora do estádio o garoto já está sentado em cima do carro <strong>de</strong> polícia.<br />
O Springboks vence o jogo. O garoto festeja junto com os policiais. É abraçado por<br />
eles. O país todo festeja a vitória. O time se junta e François pe<strong>de</strong> que Chester faça a<br />
oração.<br />
Man<strong>de</strong>la é aplaudido no meio do campo, agra<strong>de</strong>ce a François e este agra<strong>de</strong>ce a<br />
ele o que fez por eles.<br />
9
Brancos e negros festejam juntos a vitória <strong>na</strong>s ruas.<br />
Na volta para a se<strong>de</strong> do governo, Jordan pe<strong>de</strong> que façam o caminho alter<strong>na</strong>tivo<br />
por causa do bloqueio da multidão em festa e Man<strong>de</strong>la diz que não tem pressa. Recorda-<br />
se da poesia que o inspira durante toda a vida.<br />
10