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HISTÓRIAS E CRENDICES SOBRE OS MAÇONS NOS CAMINHOS E

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<strong>HISTÓRIAS</strong> E <strong>CRENDICES</strong> <strong>SOBRE</strong> <strong>OS</strong> <strong>MAÇONS</strong> N<strong>OS</strong> CAMINH<strong>OS</strong> E<br />

DESCAMINH<strong>OS</strong> DO OURO - SÉCUL<strong>OS</strong> XVII E XVIII<br />

Antonio Carlos França, Gr.'. 32<br />

De Paraty às terras diamantinas, por caminhos de pedras através de serras ,<br />

do Vale do Paraíba e Sul Mineiro, o Caminho do Ouro ficou marcado em toda<br />

extensão pela presença de maçons que ali deixaram legados até hoje<br />

discutidos e contados por gerações e historiadores remanescente. Por dentre<br />

casarios, igrejas e esculturas barrocas ecoam ainda "causos" e lendas da<br />

presença deles com singularidade marcante na região. São sinais deixados<br />

para identificação da presença dos "irmãos", e por somente eles<br />

reconhecidos, que de alguma maneira sobreviveram à devassa do império e<br />

da inquisição religiosa na caçada aos inconfidentes.<br />

São marcantes as pitorescas alegorias dos símbolos maçônicos que decoram<br />

os casarios em Paraty em destaque nas colunas das construções, as<br />

colunetas em número de três formando um triângulo nos cruzamentos das<br />

ruas do centro histórico, os mosaicos representando a corda de 81 nós, da<br />

predominância da cor azul e branca trazidas da maçonaria francesa e seus<br />

anseios republicanos, dentre outras. Esses marcos, motivo de discussão entre<br />

historiadores, só são verificados pela sua exuberância na cidade de Paraty.<br />

Casarios de mesmo estilo colonial português são encontrados por todo<br />

traçado do Caminho do Ouro, bem como em outras regiões de norte a sul do<br />

Brasil. Destacamos nas figuras abaixo semelhanças entre os casarios de<br />

Paraty, no litoral fluminense, e de Mariana, na outra ponta do Caminho do<br />

Ouro, no Planalto Mineiro.


Paraty (RJ) Mariana (MG)<br />

Por entre as minas de pedra preciosas e ouro, das regiões compreendidas de<br />

São João Del Rei a Ouro Preto, também se vêem sinais deixados para que os<br />

maçons se identificassem. Ali, de forma diferente e também pitoresca, são<br />

reconhecidos nas representações dinâmicas das esculturas do tereuta Antonio<br />

Francisco Lisboa - o Aleijadinho, em Congonhas do Campo, alguns sinais de<br />

reconhecimento dos graus de instrução maçônica, bem como na ousadia do<br />

escultor, afrontando o momento político e religioso da época, por ter<br />

perpetuado a simbologia maçônica de conhecimento do seu grau, nos seus<br />

escultórios barrocos por todas as igrejas onde trabalhou. Aleijadinho, além de<br />

mostrar sua arte, perpetuou nela, de forma inteligente e corajosa, seus<br />

conhecimentos arquitetônicos influenciados por filosofias liberais maçônicas.<br />

Igreja de São Francisco - Ouro Preto<br />

Igreja de Bom Jesus do Matosinho -<br />

Congonhas do Campo<br />

Um interessante repertório de "causos", crendices e lendas faz parte de um<br />

discreto folclore valeparaibano e sul mineiro no tocante aos maçons. De<br />

alguma forma espalhados por para-religiosos a região é ainda rica em<br />

afirmações fantasiosas, tais como aquelas que dizem que os maçons


espancam e cospem na cruz de Cristo, que comem crianças em sacrifício ao<br />

"bode preto"; que os maçons em dificuldade financeira recebem por baixo da<br />

porta de suas casas envelopes contendo vultosas somas de dinheiro<br />

colocadas por um ser encapuzado com pés de bode; que em casa em que<br />

reside um excomungado da maçonaria não se deve nem passar pela calçada<br />

por correr o risco de ser agarrado pelo Lúcifer, dentre outras. Ainda, existem<br />

facções religiosas que negam aos maçons e descendentes cerimônias como o<br />

batismo e o casamento.<br />

É sabido que naquela época, não existiam lojas maçônicas constituídas,<br />

sendo as primeiras Areópago de Itambé (Pernambuco) e Cavaleiros da Luz<br />

(Salvador), fundadas por volta de 1796, o que não impede o fato de brasileiros<br />

maçons, iniciados em universidades européias, com destaque para as do<br />

Porto e Paris, de em retorno à terras de além mar, terem divulgado os<br />

princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade por meio de núcleos<br />

secretos revolucionários sob a filosofia maçônica.<br />

É descaminho da história a insistência, por parte de alguns historiadores, em<br />

ignorar, e, até mesmo, negar, por desconhecimento ou por ideologias<br />

contrárias, a participação dos maçons na verdadeira história desse país.<br />

Calorosas discussões a respeito são travadas até mesmo dentro de Lojas<br />

Maçônicas, em decorrência de fatos somente conhecidos e observados pelos<br />

iniciados em confronto com a falta da documentação destruída por temor à<br />

devassa que prendia e degredava inclusive familiares de maçons.<br />

Bibliografias:<br />

ALAN, Nicola, CH` AN, Isa, Achegas para a História da Maçonaria no Brasil, 2 vols., Cia.<br />

Editora Nacional, S. Paulo, 1947.<br />

ARAÚJO, J. S. A. Pizarro, e outros, Tricentenário de Parati Notícias Históricas, n. 22,<br />

Publicação da Diretoria do P. H. A. N. MEC, Rio de Janeiro, 1960<br />

GURGEL, Heitor e AMARAL, Edelweiss , Paraty, Caminho do Ouro, Livraria S. José, Rio de<br />

Janeiro, 1973.<br />

MAIA, T. R. de Camargo Paraty, religião & folclore, 2ª. Ed., arte & cultura (LTC S/A), Rio de<br />

Janeiro, 1976.


REIS, Paulo Pereira dos, Lorena nos Séculos XVII e XVIII, CERED - Centro de Recursos<br />

Educacionais, S. Paulo, 1985.<br />

VASCONCELL<strong>OS</strong>, Marilei Moreira, Aleijadinho (iconografia maçônica), Editora Espírita Radhu<br />

Ltda., São Paulo, 1988.<br />

Revista "A Verdade", Diversas publicações da Grande Loja Maçônica do Est. S. Paulo, do<br />

Autor e outros, 1998 / 1999.<br />

Antonio Carlos França, Gr.'. 32

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