Serviço Social, trabalho e políticas públicas: os desafios do presente
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<strong>Serviço</strong> <strong>Social</strong>, <strong>trabalho</strong> e <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> 285<br />
de <strong>trabalho</strong>”, após o lento e incompleto processo de inserção da força de <strong>trabalho</strong><br />
no merca<strong>do</strong> regula<strong>do</strong> no país, seja pelo desemprego, seja pelas formas pretéritas<br />
e atuais d<strong>os</strong> process<strong>os</strong> de “informalidade” e de precarização <strong>do</strong> <strong>trabalho</strong>. De fato,<br />
ao problematizar as mudanças operadas n<strong>os</strong> process<strong>os</strong> de <strong>trabalho</strong> e, em especial,<br />
n<strong>os</strong> mercad<strong>os</strong> de <strong>trabalho</strong>, <strong>os</strong> autores o fazem à luz das dimensões econômica e<br />
sociopolítica que caracterizaram, no Brasil, respectivamente, as “décadas perdidas”<br />
de 1980 e 1990, e <strong>os</strong> process<strong>os</strong> que caminhavam em direção à conformação<br />
de um p<strong>os</strong>sível “pacto democrático”. Se estes levavam ao processo constituinte e<br />
às consequentes mudanças na formulação jurídico-legal das <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong>; na<br />
contramão, a década de 1990 irá colocar por terra as expectativas deste reordenamento,<br />
com a ofensiva crescente sobre <strong>os</strong> direit<strong>os</strong> sociais e trabalhistas.<br />
Esse primeiro capítulo é ainda complementa<strong>do</strong> pelo eixo temático que<br />
aborda a (des) regulação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, sob o ideário neoliberal. Aqui, inclusive, se<br />
encontra o mote, por assim dizer, que irá articular, no capítulo que se segue, a<br />
abordagem das <strong>políticas</strong> <strong>públicas</strong> na cidade. Contrastan<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> segun<strong>do</strong><br />
pós-guerra com as “perspectivas liberal-conserva<strong>do</strong>ras, travestidas no neoliberalismo”,<br />
verifica-se a defesa <strong>do</strong> “poder auto-regula<strong>do</strong>r das forças de merca<strong>do</strong>”,<br />
com repercussões “no âmbito da regulação e reprodução social, estabelecen<strong>do</strong><br />
outr<strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> sociopolític<strong>os</strong> e institucionais na relação entre capital, o<br />
<strong>trabalho</strong> e o Esta<strong>do</strong>”. (p. 43-44). Dessa forma, <strong>os</strong> autores problematizam, ao<br />
final desse tópico, a caracterização <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> público, discutin<strong>do</strong> as nuances da<br />
formação social e política brasileira, distinguin<strong>do</strong> suas especificidades particulares<br />
e que se distanciam daquelas d<strong>os</strong> países centrais, sem a constituição de um<br />
Esta<strong>do</strong> de Bem Estar <strong>Social</strong> e combinan<strong>do</strong> modernidade e atraso: aspect<strong>os</strong> que<br />
se tornaram mais relevantes com o ingresso n<strong>os</strong> marc<strong>os</strong> da mundialização e da<br />
financeirização econômica.<br />
Ao introduzir o segun<strong>do</strong> e próximo capítulo, <strong>os</strong> autores tomam como ponto<br />
de partida as relações entre Esta<strong>do</strong> e sociedade civil – em uma revisão teórica e<br />
histórica e evidencian<strong>do</strong> as mudanças conceituais e polêmicas processadas, hoje,<br />
com a interp<strong>os</strong>ição <strong>do</strong> denomina<strong>do</strong> “terceiro setor”. É interessante notar que esse<br />
desenvolvimento na exp<strong>os</strong>ição d<strong>os</strong> autores se faz para apreender uma dimensão<br />
fundamental que é aquela da re-afirmação <strong>do</strong> processo de reprodução das<br />
relações sociais capitalistas e as feições que assume no <strong>presente</strong>. Isto é, trata-se<br />
de apreender quais <strong>os</strong> mecanism<strong>os</strong> e estratégias que são utilizadas na direção de<br />
constituir hegemonia, despolitizan<strong>do</strong> e privatizan<strong>do</strong> a esfera pública.<br />
pg 283- 290<br />
O <strong>Social</strong> em Questão - Ano XV - nº 28 - 2012