18.04.2013 Views

1 O rei D. Carlos I (1863-1908) foi a figura ... - Livraria Almedina

1 O rei D. Carlos I (1863-1908) foi a figura ... - Livraria Almedina

1 O rei D. Carlos I (1863-1908) foi a figura ... - Livraria Almedina

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1 O <strong>rei</strong> D. <strong>Carlos</strong> I (<strong>1863</strong>-<strong>1908</strong>) <strong>foi</strong> a <strong>figura</strong> central dos últimos anos do regime<br />

monárquico. Autoritário e interveniente na política, embora sem persistência,<br />

tornou-se uma personagem discutida, atacada e pouco estimada. Dizia que em<br />

Portugal não havia monárquicos.


2 O <strong>rei</strong>, com uma visão lúcida das dificuldades nacionais, deixou-se encadear a um<br />

regime que dava sinais de exaustão e cedo <strong>foi</strong> anunciado que se aproximava do fim.


3 A eleição de quatro aguerridos republicanos para a câmara dos deputados em<br />

1906 – Afonso Costa, João de Meneses, António José de Almeida e Alexandre<br />

Braga – fazia prever uma situação política agitada para Portugal.


4 João Franco, escolhido por D. <strong>Carlos</strong> para presidir ao ministério e mudar de<br />

política em 1906, não consegue equilibrar-se na defesa da monarquia por todos<br />

os meios e travar o avanço para um regime democrático que o crescimento<br />

republicano mostrava urgente.


5 Professor e advogado de renome, Afonso Costa destaca-se como deputado pelos<br />

tremendos ataques desferidos contra a monarquia: saberá explorar o grande<br />

escândalo do período final do regime – a questão dos adiantamentos à casa real.


6 No final de intervenções provocadoras sobre os adiantamentos Afonso Costa<br />

e Alexandre Braga foram expulsos da câmara dos deputados pelos soldados da<br />

guarda. A propaganda anti-monárquica logo aproveitou a situação para mostrar<br />

a repressão que crescia, mesmo no interior do parlamento.


7 Os políticos do rotativismo eram cúmplices dos adiantamentos à família<br />

real. O arrependimento mostrado já não colhia na opinião pública: a Pátria<br />

castigava-os.


8 O aproveitamento propagandístico contra os adiantamentos <strong>foi</strong> uma arma de<br />

arremesso dos republicanos, culpando políticos monárquicos. Todos eles tinham<br />

sido cúmplices, todos tinham conjugado o verbo adiantar nas várias pessoas.


9 A propaganda republicana instala-se também na rua, realizando-se comícios<br />

muito concorridos em que os “caudilhos” atacavam as instituições. O mais<br />

querido dos tribunos <strong>foi</strong> o Dr. António José de Almeida.


10 A Universidade de Coimbra era atacada pelo seu tradicionalismo e atraso, dando<br />

origem a protestos como em 1907 a chamada questão académica – aproveitada<br />

pelo governo de João Franco e pelos republicanos.


11 Figura notável de professor da Universidade, político regenerador passado à<br />

República, o Dr. Bernardino Machado demitiu-se de lente da Faculdade de<br />

Filosofia em protesto contra a repressão instalada na Universidade em 1907.


12 O jornalista João Chagas, <strong>figura</strong> central da propaganda. Sofreu cadeia, deportação<br />

e exílio e elevou a grande qualidade a escrita panfletária com as Cartas Politicas<br />

(<strong>1908</strong>-1910). Esteve também envolvido na organização da revolta armada.


13 A ditadura de João Franco (e do <strong>rei</strong>) apoiava-se naturalmente na repressão e na vigilância<br />

da imprensa. Antevia-se perigo numa revolta que essa situação estimulava.


14 O Dr. António José de Almeida <strong>foi</strong> o mais conhecido e estimado tribuno da<br />

propaganda, sendo também o responsável pela ligação do Partido Republicano<br />

à Carbonária para preparar o assalto ao regime.


15 A revolta dos marinheiros do navio Vasco da Gama em 1906 <strong>foi</strong> punida com<br />

extrema severidade pelo regime que não hesitava já em resolver pela força as<br />

dificuldades que se lhe iam levantando.


16 A rainha viúva D. Maria Amélia de Orleães <strong>foi</strong> uma presença determinante junto<br />

do filho, D. Manuel II, influência tida como nefasta. Não era uma pessoa popular.


17 José Luciano de Castro, chefe do partido progressista, <strong>foi</strong> um conselheiro muito<br />

ouvido pelo <strong>rei</strong> D. Manuel II durante o seu curto <strong>rei</strong>nado. As composições<br />

e recomposições ministeriais devem-se em boa parte à sua intervenção.


18 O Dr. Brito Camacho, médico militar e jornalista, director de A Lucta, tornou-<br />

-se uma <strong>figura</strong> central da propaganda republicana, mostrando os desmandos da<br />

governação e do regime monárquico. Seria ministro do Fomento em 1910-1911.


19 O Dr. Teófilo Braga, professor do Curso Superior de Letras, <strong>foi</strong> um político<br />

e teórico do pensamento republicano. Trabalhador incansável era conhecido<br />

pela sua modéstia. Presidiu ao Governo Provisório.


20 O Zé Povinho descobre que o interior do cofre da Companhia de Crédito<br />

Predial se encontra sem valores e que os seus próprios bolsos estão vazios.<br />

Os arrombadores de cartola afastam-se com o dinheiro. José Luciano de Castro,<br />

governador da instituição, está à esp<strong>rei</strong>ta – e deixa roubar.


21 O último presidente do Conselho da monarquia, o Dr. Teixeira de Sousa, pretendeu<br />

ainda salvar a monarquia agonizante com uma política liberal. Entre<br />

outras iniciativas, tentou limitar a acção das congregações religiosas – porém,<br />

já não ia a tempo.


22 Padre e escritor de extrema rudeza, não poupando sequer a família real,<br />

Lourenço de Matos, director de O Portugal, <strong>foi</strong> um defensor agressivo da<br />

monarquia e uma <strong>figura</strong> muito criticada pelos republicanos.


23 O associativismo <strong>foi</strong> aproveitado pelos republicanos para propaganda e para<br />

criarem os organismos que haviam de servir para a defesa da República.<br />

A Federação Portuguesa de Livre Pensamento, ligada à Maçonaria, teve notável<br />

papel agregador contrário à política clerical.


24 O príncipe D. Afonso Henriques, tio e jurado herdeiro de D. Manuel II, <strong>figura</strong><br />

popular e sem papas na língua, espantava-se com a beatice do sobrinho.


25 Luz de Almeida, Machado Santos e António Maria da Silva constituíram a Alta-<br />

Venda da Carbonária, direcção da sociedade secreta que preparou a intervenção<br />

armada popular na revolta contra a monarquia.


26 A campanha eleitoral de Agosto de 1910 <strong>foi</strong> em boa parte polarizada pela intervenção<br />

clerical, fazendo propaganda do bloco conservador e muito em especial<br />

do partido nacionalista.


27 As eleições de 28 de Agosto de 1910 deram um aumento da votação nos<br />

republicanos – embora só elegendo 14 deputados – e numa indecisão quanto<br />

ao equilíbrio dos partidos monárquicos. Em Lisboa, cidade republicana,<br />

e no Porto a vitória <strong>foi</strong> clara.


28 Soldados e civis juntos de uma barricada fingida durante a revolta.


29 Militares e civis junto de um peça de artilharia, durante a revolta de 4 para 5<br />

de Outubro de 1910.


30 Auto da proclamação da República Portuguesa que ocorreu nos Paços do<br />

Concelho da cidade de Lisboa, pelas 8 horas e quarenta e cinco minutos de 5 de<br />

Outubro de 1910. Em nome do Directório do Partido Republicano Português<br />

Eusébio Leão declara abolida a monarquia e proclamada a República. Inocêncio<br />

Camacho anuncia a composição do Governo Provisório. A divisa do novo<br />

regime seria Ordem e Trabalho.


FONTES<br />

1 Caricatura de D. <strong>Carlos</strong> por Leal da Câmara, História da República, Lisboa,<br />

Editorial O Século, p. 208 [1960];<br />

2 D. <strong>Carlos</strong> 1º, O Último, de Rafael Bordalo Pinheiro, in J. A. França, Rafael<br />

Bordalo Pinheiro, O português tal e qual, Lisboa, Bertrand, 1980, p. 308;<br />

Museu Bordalo Pinheiro / Câmara Municipal de Lisboa;<br />

3 A fogueira: O inquilino do primeiro andar – Parece-me que vou aquecendo,<br />

in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 474, de 29 de Novembro de 1906;<br />

foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

4 Exercício difícil, João o Temerário, in Suplemento Humorístico de O Seculo,<br />

nº 453 de 3 de Junho de 1906; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

5 Afonso Costa, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 20, anno<br />

1º, Junho de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

6 Futuro regulamento da câmara dos deputados, in Suplemento Humorístico<br />

de O Seculo, nº 476, de 13 de Dezembro de 1906; foto cedida pela Biblioteca<br />

Nacional de Portugal;<br />

7 O adiantador, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 559, de 16 de Julho<br />

de <strong>1908</strong>; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

8 Um verbo irregular, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 560. de 23 de<br />

Julho de <strong>1908</strong>; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

9 Comício republicano em Lisboa, uma ovação a António José de Almeida,<br />

in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 545 de 9 de Abril de <strong>1908</strong>; foto<br />

cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

10 As Universidades, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 489, de 14 de<br />

Março de 1907; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

11 Bernardino Machado, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 20,<br />

anno 1º, Junho de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

12 João Chagas, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 24, anno 1º,<br />

Agosto de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;


13 Jogo arriscado, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 501 de 5 de Junho<br />

de 1907; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

14 António José de Almeida, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº2,<br />

anno 1º, Setembro de 1909; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

15 Ás mulheres portuguezas, in Suplemento Humorístico de O Seculo, nº 482,<br />

de 24 de Janeiro de 1907; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

16 D. Manuel II e a Rainha D. Amélia (viúva), História da República, p. 398;<br />

17 José Luciano por Silva e Souza, in Xuão, nº 58, 2º anno, 6 de Abril de 1909,<br />

“O Vulcano da política. Enquanto eu for vivo não hão de faltar ministros”;<br />

foto cedida pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;<br />

18 Brito Camacho in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº 33, anno<br />

2º, Janeiro de 1911; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

19 Theophilo Braga, retrato da presidência da República, História da República,<br />

p. 356 / 357;<br />

20 Crédito Predial, Desenho de Alberto Sousa, n’O Mundo, nº 3414, de 4 de Maio<br />

de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

21 Teixeira de Sousa, in Francisco Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº21, anno<br />

1º, Julho de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

22 Padre Lourenço de Matos: in Xuão, nº 76, 2º anno, “Tem razão.”; foto cedida<br />

pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;<br />

23 Estandarte da Federação Portuguesa de Livre Pensamento, in Museu Maçónico;<br />

24 D. Manuel e o príncipe D. Afonso: por Silva e Souza in Xuão, nº 75, 2º anno, “É sacristão<br />

ou chefe de Estado?...”; foto cedida pela Hemeroteca Municipal de Lisboa;<br />

25 Luz de Almeida, Machado Santos e António Maria da Silva, in Francisco<br />

Valença, Varões assinalados, Lisboa, nº29, anno 2º, Novembro de 1910; foto<br />

cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

26 Campanha eleitoral em Agosto de 1910: desenho em O Seculo, nº 10 307,<br />

de 23 de Agosto de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional de Portugal;<br />

27 A eleição de Domingo — Lisboa faz o apuramento, in Suplemento humorístico<br />

de O Seculo, nº de 25 de Agosto de 1910; foto cedida pela Biblioteca Nacional<br />

de Portugal;<br />

28 Arquivo Municipal de Lisboa / Arquivo Fotográfico: A Revolução de 5 de<br />

Outubro de 1910, de Anselmo Franco;<br />

29 Arquivo Municipal de Lisboa / Arquivo Fotográfico: Acampamento revolucionário,<br />

de Alberto <strong>Carlos</strong> Lima;<br />

30 Arquivo Municipal de Lisboa / Arquivo Fotográfico: Palácio da Mitra, Antigo<br />

Museu Municipal. Auto da proclamação da República Portuguesa a 5 de<br />

Outubro de 1910, do Estúdio Mário Novais.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!