Priscilla Mayumi Tenguan - Etapa

JV – Você prestou quais vestibulares?
Priscilla – Prestei Fuvest, Unicamp, Vunesp,
Unifesp e Universidade Federal do ABC.
Todos para Engenharia Química?
Só na Unesp, que não tem Engenharia Química,
eu prestei para Farmácia. Como Farmácia tem
uma parte industrial, em que eu quero trabalhar,
achei que era uma boa opção.
Em quais vestibulares você foi aprovada?
Fui aprovada em todos, exceto na Unifesp, em
que fiquei como primeira na lista de espera.
Como se deu a escolha por Engenharia Química?
Engenharia Química eu decidi no cursinho, em
uma aula do Reforço em que foram mostrados
vários vídeos sobre as Engenharias. Foi muito
legal e falei: “É isso que eu quero fazer.” Para ter
certeza fui visitar a Poli e a Unicamp, pesquisei a
área, conversei com profissionais. Não foi uma
escolha aleatória.
Você se formou no Ensino Médio quando?
Terminei o Ensino Médio em 2007, na Escola
Federal de São Paulo.
Como conheceu o Etapa?
Muita gente da Federal faz Etapa. Você chega na
Poli, é absurdo o número de pessoas da Federal
que estudaram aqui. Eu já tinha feito várias
provas de bolsa e simulados, conhecia bem o
cursinho. Não tinha como não ser o Etapa.
Com que ânimo você começou sua preparação
no cursinho?
Comecei insegura. Estudava, mas não estava
muito motivada nem estabilizada
emocionalmente. Isso no início.
E depois?
Ao longo do ano foi melhorando. Mas oscilei
bastante. Altos e baixos. E uma semana antes da
1ª fase da Fuvest deu aquela tensão. Legal que
naquela semana teve o Encontro Musical do
Etapa. Foi ótimo para poder relaxar.
Como era seu método de estudo?
Eu revisava as matérias do dia e mantinha uma
regularidade de estudo para evitar que elas se
acumulassem. Estudava todos os dias.
Você estudava no cursinho ou na sua casa?
Sempre no cursinho. Em casa eu me dispersava
muito fácil. Tinha dias que ficava aqui até 7
horas da noite, tinha dias que saía às 11 horas.
Meu rendimento era maior da tarde para a noite,
a partir das 4 horas.
Em média, quanto tempo você estudava por dia?
De cinco a seis horas.
No fim de semana, você estudava também?
Eu fazia simulado no fim de semana. Também
tinha RPE sábado de manhã. No meio do ano eu
já estava meio cansada e ia a menos aulas do
Reforço. Era assim, assistia a uma aula e ia para a
Sala de Estudos. Rendia mais.
Em quais matérias você tinha mais dificuldade?
História e Geografia. Eu não conseguia me
identificar muito com História, não sabia direito
como estudar a matéria. Geografia, eu não tinha
consciência de quanto não sabia até chegar aqui,
ver o material teórico, assistir às aulas. Em
Matemática, eu senti dificuldade até me
acostumar com o material, que é muito puxado.
Não que isso seja ruim, pelo contrário. Em
Biologia, eu melhorei bastante, tinha facilidade
maior para aprender.
E por Química eu me apaixonei durante o
cursinho. No final, eu melhorei em todas as matérias.
Em quais matérias você tinha mais base?
Português e Inglês.
Teve alguma matéria que você não gostava antes
e passou a gostar?
Química. Teve uma época da minha vida em que
eu tive muita dificuldade para aprender. Quando
não aprende direito, você acaba sentindo
aversão. Mas Química foi uma das coisas que eu
descobri. Física, em que eu sempre mantive um
pé atrás, passei a adorar. Embora com muito
medo ainda, muita insegurança. Geografia, eu já
gostava e passei a gostar ainda mais.
Você ia ao Plantão de Dúvidas?
Mais nas matérias de Exatas. Matemática, Física e
Química. Em Redação também, porque eu não
tinha como me avaliar. Às vezes, Português, mas
era mais raro.
Com que frequência você fazia redação?
Redação era minha melhor matéria. Sempre
gostei de ler muito. Como era uma parte em que
tinha mais segurança, eu não fazia redação com
regularidade. Fazia nos simulados e em algumas
aulas de Linha de Apoio. Mas não produzi
muitos textos. Comecei a fazer com regularidade
na Revisão para a 2ª fase. Sabia que era
necessário.
Você fez muitos simulados?
Fiz todos os da Fuvest. E por matéria também.
Perdi os da 1ª fase da Unicamp e da Unifesp.
Nas faixas de notas, como você se colocava?
Oscilava muito. Em simulado da Fuvest, era B, C
mais, muitos C menos. O pior resultado foi em
História, no comecinho do ano, não deu

tempo de terminar a prova, tirei um D. Em
Redação, eu cheguei a ficar no A e B, porque era
meu forte mesmo.
Como você via esses resultados, pensando nos
vestibulares?
Minha média estava acima de 70%, 80%, e ao
longo do ano minha confiança cresceu. Mais
próximo das provas, três, quatro semanas antes,
voltou a insegurança. O último simulado da
Fuvest é muito difícil. Mas achava que ia dar.
Você leu as obras indicadas pela Fuvest e
Unicamp?
Eu já tinha lido algumas no Ensino Médio e não
tive de reler muita coisa. Só não completei a
leitura de A cidade e as serras, de Eça de
Queirós. Juro que tentei três vezes, ia só até a
metade. Fiquei então com a palestra.
O que achou das palestras sobre os livros?
Eu achava muito boas, foram importantes para
mim. As palestras eram um aprofundamento.
Quando você lê o livro, sua percepção é muito
diferente do que é cobrado no vestibular.
Geralmente, você lê o livro entretida com a
história. É importante ter conhecimento da
narrativa em si, mas é muito mais importante
conhecer características, a intenção do autor ao
escrever tal passagem, saber descrever tal pessoa
de tal forma. As palestras serviram justamente
para isso, uma discussão maior.
Você teve de abrir mão de alguma atividade no
ano passado, para se preparar para os
vestibulares?
Parei de sair com os amigos, deixei de ter todos
os fins de semana livres. Fazia teatro, não deu
para continuar.
Como você foi na 1ª fase da Fuvest?
Na 1ª fase, eu queria muito fazer pelo menos
70 pontos. Fiz 73. Acabei perdendo duas
questões de bobeira. Com o Enem, mais o bônus
de escola pública, subiu para 81.
Por matéria, quais foram suas notas?
Gabaritei Física e Inglês. Física foi uma surpresa.
Foi a matéria que mais estudei, mas eu
continuava muita insegura, com muito medo. Em
Geografia, acertei 6 questões, meu pior resultado.
Em História, fiz 7. As outras matérias, não
recordo com precisão.
A nota de corte foi 65. Você ficou 16 pontos
acima.
Tinha uma folga legal e fiquei mais tranquila.
Mesmo assim, bate uma insegurança, a 2ª fase é
mais difícil.
Para a 2ª fase, seu método de estudos mudou?
Para a 2ª fase eu estudei basicamente para a
Fuvest. Assistia às aulas na Revisão, mas foi aquela
coisa de intercalar prova com aula, não estava
muito regular. Uma coisa que ajudou muito foi
resolver provas anteriores da Fuvest. Peguei umas
cinco provas anteriores e fui fazendo.
Qual foi sua pontuação na 2ª fase da Fuvest?
Fiz 29 pontos em Português, 38 em Química, 35
em Física, 25 em Matemática. Saí da prova de
Matemática muito mal. Eu sabia que não tinha
conseguido resolver as questões, tinha feito
muito pouco. Estava bem difícil.
Na escala de zero a 1 000, qual foi sua pontuação?
878,9 pontos.
Sua classificação na carreira?
32º lugar. [Ela ficou entre os 5% melhor
classificados na primeira lista. Para a 2ª fase, na
carreira Engenharia na Escola Politécnica e
Computação, com 800 vagas, foram convocados
2 770 candidatos.]
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Alguma surpresa nas notas da 2ª fase?
Na 2ª fase, eu não esperava ter um desempenho
tão bom em Química. Em Física, passei de 8
pontos no outro ano para 35 – e essa nota
poderia ter sido maior, perdi ponto numa questão
por distração. Perdi a questão inteira. Mas
acontece.
Como você ficou sabendo das aprovações?
A primeira foi a da UFABC, em meados de
janeiro. Eu já me matriculei lá. No final de
janeiro saíram Unesp e Unifesp. Eu não sabia se
ficava feliz pela Unesp, em que fui a terceira
colocada na carreira, ou triste pela Unifesp, por ter
ficado na lista de espera.
E a aprovação para a Poli?
Eu achava que a Poli não ia dar. Vim ver a lista
da Fuvest aqui no Etapa e fiquei superfeliz por ter
entrado no curso que eu queria, foi bem legal.
E a lista da Unicamp?
Saiu no dia seguinte. Eu tinha me apaixonado
pela faculdade ao conhecer a Unicamp.
Engenharia Química é um dos grandes cursos.
Quando vi que tinha passado na Unicamp, não
fiquei feliz. Eu entrei em choque. “Para onde
vou?” As matrículas eram muito próximas, a da
Fuvest numa segunda-feira e a da Unicamp na
terça-feira. Não sabia para qual eu ia. Decidi no
domingo à noite, depois de conversar com meus
pais. Mas foi difícil.
Como foi seu primeiro contato com a Poli?
A semana de recepção foi muito legal e eu
encontrei muitos amigos da Federal e do Etapa
que estavam lá. Eu tinha aqui um grupo de cinco
amigos e todos passaram. Quatro entraram na
Poli e um quis ir para a Unicamp.
Que matérias você tem neste primeiro semestre?
Tenho Álgebra Linear, Cálculo, Física,
Laboratório de Química, Introdução à
Engenharia, Computação e Desenho Gráfico.
Dessas matérias, qual você está sentindo que é
mais complicada?
Mais complicadas, que exigem maior estudo,
Cálculo e Álgebra Linear. Mas eu tenho muita
dificuldade com Computação, Programação. É
uma coisa a que eu tive de me dedicar mais.
O 1º ano é básico?
O 1º ano na Poli é básico para qualquer
Engenharia. Minha sala agrega todas as
Engenharias. Eles diversificam e procuram
equilibrar a quantidade de alunos de todas as
áreas. No 3º ano começa a mudar.
Engenharia Química é um dos cursos
cooperativos da Poli?
A partir do 3º ano é que ele começa a ser
cooperativo e o ano letivo fica dividido em
quadrimestres, alternando períodos de aula e de
estágio. Por enquanto, até o 2º ano, o curso é
dividido em semestres.
O que você gostou mais na Poli até agora? Ou
da USP, como um todo.
Gostei da USP, como um todo. Eu me
identifiquei com muitas coisas. E, como o 1º ano
é básico, você tem contato com pessoas de todas
as Engenharias. É muito legal.
Além das aulas, o que mais você está fazendo?
Softbol. Meus horários estão ainda meio
bagunçados. Tem muita coisa, milhões de
opções, e você tem vontade de fazer tudo.
Queria voltar a fazer teatro, com o grupo da Poli,
mas o horário não encaixou. O curso é em
período integral.
Hoje, qual é sua motivação para seguir na
Engenharia Química?
Eu entrei pensando em trabalhar na área
industrial. Tem uma matéria, Introdução à
Engenharia, que é muito legal. Apesar de parecer
uma matéria um pouco dispersa, não tem prova,
não tem nada muito concreto, eu acho
importante. Dentro dessa matéria a gente fez uma
visita a uma siderúrgica. Agora temos de fazer
um estudo no Instituto de Psicologia sobre como
diminuir o consumo de água dele. É uma
atividade prática, você sente que é engenheiro.
Você não está estudando só Matemática, Física e
Química.
Qual o segredo de alguém que, ao entrar no
cursinho, nem sabia o que ia prestar, descobriu a
Engenharia Química e chegou no fim do ano
podendo escolher entre cinco faculdades?
Eu acho que é dando continuidade. Ter
regularidade, batalhar, esforçar-se. Quando você
se dedica, não tem como não ter retorno. No
cursinho, de modo geral, você tem tudo de que
precisa para se preparar. Mas, se você não
batalhar, não funciona. Outro ponto importante é
o controle emocional para conseguir ir bem.
Precisa muito disso. Você tem de estar bem para
a prova.
O que você diria a quem vai prestar vestibular
neste ano?
Eu diria para pesquisar, ir conhecer a faculdade,
conversar com gente da área, quem está
estudando, quem já terminou, quem está
trabalhando. Acho isso importante. Quando eu
decidi fazer Engenharia Química, estudei até a
grade horária do curso, as matérias, para ter uma
noção maior mesmo.
Como fica marcado para você o ano passado?
Com certeza, um ano de superação de
dificuldades, de esforço, de dedicação, de abrir
mão de muitas coisas. E de muitas lições.
Primeira, não desistir. Depois, saber a hora em
que tem de estudar e a hora em que tem de
parar. Foi um momento em que eu consegui me
aproximar mais de minha família como um todo,
meus pais principalmente. Tinha gente comigo,
torcendo, que eu nunca esperava que fosse me
dar tanto apoio. Isso foi muito legal, todo mundo
estava junto.
Você acha que está diferente de quando
começou o cursinho?
Com certeza. Eu me sinto muito mais segura, sei
que posso ter uma regularidade de estudos. Se
quiser me concentrar em alguma coisa para
alcançar, eu vou conseguir. Acho que sem o
cursinho, sem esse tempo de preparo, eu não
conseguiria alcançar essa estabilidade.
Você tem saudades de alguma coisa do ano
passado?
Sinto saudade da época como um todo, das
aulas, dos professores dando aula, dos amigos
que fiz.