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1 Logística Reversa de Baterias: Transformando Custos ... - Engema

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RESUMO<br />

<strong>Logística</strong> <strong>Reversa</strong> <strong>de</strong> <strong>Baterias</strong>: <strong>Transformando</strong> <strong>Custos</strong> em Sustentabilida<strong>de</strong><br />

1<br />

Gustavo Schuler Correia<br />

Faculda<strong>de</strong> Frassinetti do Recife – FAFIRE<br />

Recife – PE<br />

gustavoschuler@hotmail.com<br />

Carlos Henrique Michels <strong>de</strong> Sant´Anna<br />

Faculda<strong>de</strong> Frassinetti do Recife – FAFIRE<br />

Recife – PE<br />

carloshmsantanna@gmail.com<br />

Jorge da Silva Correia Neto<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral Rural <strong>de</strong> Pernambuco – UFRPE<br />

Recife – PE<br />

jorgecorreianeto@gmail.com<br />

A logística reversa vem se apresentando como uma importante ferramenta para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento sustentável da indústria, reduzindo custos no processo produtivo e<br />

contribuindo para a diminuição na extração <strong>de</strong> matérias primas e no <strong>de</strong>scarte ina<strong>de</strong>quado <strong>de</strong><br />

produtos que apresentem elevado grau <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>. A logística reversa vem ganhando<br />

consi<strong>de</strong>rável espaço na medida em que se criam leis rigorosas com o intuito <strong>de</strong> preservar o<br />

meio ambiente e, paralelamente, consegue agregar valor ao seu processo, a partir da<br />

utilização <strong>de</strong> material reciclado em sua linha <strong>de</strong> produção. O presente estudo analisa o<br />

processo reverso <strong>de</strong> baterias automotivas, consi<strong>de</strong>rando a alta toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus compostos,<br />

através <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> caso em uma das maiores indústrias do ramo no Brasil. Os dados<br />

coletados <strong>de</strong>notam a importância <strong>de</strong>sse processo reverso na empresa estudada, tanto no<br />

volume <strong>de</strong> seus insumos que já advém da reciclagem, como no respeito ao meio ambiente,<br />

instrumentalizados com seus reven<strong>de</strong>dores e parceiros, sendo um forte indicador <strong>de</strong> sua<br />

eficiência econômica e ambiental.<br />

INTRODUÇÃO<br />

Com a necessida<strong>de</strong> cada vez maior <strong>de</strong> se reciclar os produtos já utilizados até o fim<br />

da sua vida útil, em prol <strong>de</strong> uma menor extração <strong>de</strong> matérias-primas, novas tecnologias e<br />

processos vêm sendo constantemente <strong>de</strong>senvolvidos. Na logística, esse processo <strong>de</strong> retorno<br />

<strong>de</strong>stes produtos para reprocessamento (no caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução do cliente), reciclagem e/ou para<br />

sua <strong>de</strong>stinação final <strong>de</strong> forma apropriada é chamado <strong>de</strong> logística reversa (LR).<br />

A LR se incumbe <strong>de</strong> dar retorno a produtos que, antes <strong>de</strong> serem utilizados,<br />

apresentaram falhas em sua funcionalida<strong>de</strong>, sendo necessário o seu encaminhamento a uma<br />

assistência técnica ou seu retorno à fábrica para serem realizados reparos, quando possível,<br />

para, posteriormente, serem <strong>de</strong>volvidos aos reven<strong>de</strong>dores e aí sim, repassados ao cliente.


Mais recentemente, a LR teve sua importância aumentada em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> leis<br />

ambientais mais rigorosas que, em todo o planeta, vem criando uma consciência<br />

preservacionista e fortalecendo a teoria dos recursos (naturais) finitos.<br />

Diversas empresas tentam realizar campanhas motivacionais para a reciclagem <strong>de</strong><br />

produtos do pós-consumo, porém nem sempre atingem as metas esperadas. Produtos<br />

quimicamente nocivos como pilhas e baterias, ao serem <strong>de</strong>scartados, <strong>de</strong>vem receber um<br />

tratamento especial para que não <strong>de</strong>spejem no solo e, consequentemente, em lençóis freáticos,<br />

rios e lagos, produtos como chumbo, ácido e mercúrio, que são altamente nocivos ao ser<br />

humano e ao meio ambiente como um todo.<br />

O presente estudo teve como objetivo geral a análise do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> logística reversa<br />

utilizado para tratar baterias automotivas <strong>de</strong> chumbo-ácido, tomando por base o caso<br />

estudado. Para tanto, os seguintes objetivos específicos foram consi<strong>de</strong>rados: i<strong>de</strong>ntificação das<br />

características diferenciadoras do produto analisado; <strong>de</strong>scrição do processo <strong>de</strong> logística<br />

reversa utilizado; avaliação das vantagens econômicas da reciclagem; e avaliação das<br />

vantagens ambientais da reciclagem.<br />

As próximas seções apresentam um panorama teórico do campo da logística, os<br />

procedimentos metodológicos utilizados na condução da pesquisa, os resultados obtidos com<br />

o estudo <strong>de</strong> caso realizado e as conclusões a que se chegou.<br />

1. REFERENCIAL CONCEITUAL<br />

1.1 <strong>Logística</strong><br />

<strong>Logística</strong> vem da palavra loger, <strong>de</strong> origem francesa, que significa alojar, e foi<br />

inicialmente utilizada no sentido <strong>de</strong> abastecimento militar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s exércitos, longe <strong>de</strong> suas<br />

bases e recursos. Seu primeiro registro oficial, da forma que se conhece, data <strong>de</strong> 06 <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 1944, quando houve a maior operação militar marítima da história: a invasão da<br />

Normandia. Apesar <strong>de</strong> a logística ter seu relato inicial nos movimentos <strong>de</strong> guerra, hoje ela é<br />

bastante utilizada pelas empresas, nos seus processos produtivos, embora muitas vezes estas<br />

recorram à utilização do termo ‘batalha’, acirrando o conceito <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> entre si.<br />

Larrañaga (2003) explica que a conquista do cliente nas linhas <strong>de</strong> frente dos<br />

negócios não é uma ativida<strong>de</strong> bélica, mas um teste <strong>de</strong> sobrevivência das empresas no mercado<br />

competitivo atual.<br />

Inicialmente a logística empresarial se restringia ao transporte e à armazenagem <strong>de</strong><br />

produtos, porém, nos dias atuais, constata-se que o processo logístico é bem mais amplo,<br />

muito mais que uma simples movimentação e armazenagem. Além disso, cada vez mais seu<br />

grau <strong>de</strong> importância aumenta, com o gerenciamento <strong>de</strong> informações relevantes ao<br />

planejamento, execução e controle do fluxo, além da armazenagem <strong>de</strong> produtos (NOVAES,<br />

2004).<br />

A logística po<strong>de</strong> ainda ser entendida “como a gestão dos inventários, estejam eles<br />

imobilizados em algum lugar ou movimentando-se entre pontos, ao longo <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong><br />

materiais que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fornecedor das matérias-primas até o ponto final <strong>de</strong> consumo”<br />

(LARRAÑAGA, 2003, p.31).<br />

Dessa forma po<strong>de</strong>-se perceber que a logística está integrada com todo o fluxo da<br />

ca<strong>de</strong>ia produtiva, até o consumidor final, pois, <strong>de</strong> acordo com Moura et al.(2003), a logística é<br />

um processo bastante abrangente, integrando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fluxo <strong>de</strong> materiais e informações até a<br />

produção, distribuição e o transporte do material acabado.<br />

2


Assim, <strong>de</strong> acordo com Moura et al. (2003), a logística <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> significar<br />

simplesmente o ‘alojamento’ <strong>de</strong> produtos necessários para um <strong>de</strong>terminado fim e assumiu a<br />

conotação da arte <strong>de</strong> administrar e coor<strong>de</strong>nar, <strong>de</strong> forma sistêmica, todas as ativida<strong>de</strong>s<br />

relacionadas ao fluxo <strong>de</strong> materiais, serviços e informações, proporcionando ao consumidor<br />

final, o cliente, materiais e serviços em quantida<strong>de</strong>s, perfeitas condições, com os custos e<br />

prazos <strong>de</strong> entrega acordados.<br />

1.2 <strong>Logística</strong> <strong>Reversa</strong><br />

Para Leite (2006), a logística reversa cuida dos fluxos <strong>de</strong> materiais que se iniciam<br />

nos pontos <strong>de</strong> consumo dos produtos e terminam nos pontos <strong>de</strong> origem. É a área da logística<br />

que tem como finalida<strong>de</strong> o retorno do produto, embalagens ou materiais ao seu fabricante,<br />

agregando valor <strong>de</strong> diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, <strong>de</strong> imagem<br />

corporativa, entre outros.<br />

O Glossário da <strong>Logística</strong> (1998), também conceitua o processo da LR como o<br />

conjunto das ativida<strong>de</strong>s e habilida<strong>de</strong>s gerenciais relacionadas à redução, administração e<br />

disposição <strong>de</strong> <strong>de</strong>tritos, que inclui distribuição reversa, ou seja, ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reciclagem<br />

compatíveis com as necessida<strong>de</strong>s atuais <strong>de</strong> preservação do meio ambiente.<br />

Além <strong>de</strong>stas questões já a<strong>de</strong>reçadas, Mueller (2005) e Leite (2006) subdivi<strong>de</strong>m a LR<br />

em <strong>Logística</strong> <strong>Reversa</strong> <strong>de</strong> Pós-venda e <strong>Logística</strong> <strong>Reversa</strong> <strong>de</strong> Pós-consumo, <strong>de</strong>talhadas a seguir.<br />

1.2.1 <strong>Logística</strong> reversa <strong>de</strong> pós-venda<br />

A logística reversa <strong>de</strong> pós-venda (LRPV) é a área que se ocupa do planejamento,<br />

operação e controle do fluxo físico das informações logísticas correspon<strong>de</strong>ntes a bens <strong>de</strong> pósvenda<br />

(que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>rivar <strong>de</strong> produtos sem uso ou com pouco uso) que retornam aos<br />

diferentes elos da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> distribuição, por motivos diversos, estratégicos ou não. Esse<br />

procedimento permite que a <strong>de</strong>volução seja recebida pelos varejistas, objetivando agregar<br />

valor a um produto logístico <strong>de</strong>volvido, por razões comerciais, erros no processamento dos<br />

pedidos, garantia dada pelo fabricante, <strong>de</strong>feitos ou falhas <strong>de</strong> funcionamento do produto,<br />

avarias no transporte, entre outros (LEITE, 2006).<br />

A LRPV tem o objetivo <strong>de</strong> agregar valor ao ‘novo produto’, permitindo um<br />

diferencial competitivo no mercado, já que um trabalho eficiente entre os extremos da ca<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> distribuição po<strong>de</strong> ser o ponto chave para a próxima venda (MUELLER, 2005).<br />

Os setores editorial (revistas e livros) e <strong>de</strong> bebidas (em garrafas <strong>de</strong> vidro) mantém<br />

gran<strong>de</strong>s Canais <strong>de</strong> Distribuição Reversos <strong>de</strong> Bens <strong>de</strong> Pós-venda. Já o setor varejista da moda<br />

se utiliza das liquidações e dos mercados secundários para que haja escoamento <strong>de</strong> estoques<br />

que ficaram da “estação” anterior, <strong>de</strong>ntro ou fora do país (LEITE, 2006).<br />

A figura 1 explica o funcionamento o processo da logística reversa <strong>de</strong> pós-venda:<br />

3


Figura 1: Fluxograma da <strong>Logística</strong> <strong>Reversa</strong> <strong>de</strong> Pós-Venda.<br />

Fonte: Leite Consultorias apud Mueller (2005).<br />

Só para se ter uma idéia do significado econômica da LRPV, no ano <strong>de</strong> 1999, nos<br />

Estados Unidos, o comércio eletrônico teve um índice <strong>de</strong> <strong>de</strong>volução dos produtos na faixa <strong>de</strong><br />

25 a 30%, por não correspon<strong>de</strong>rem às expectativas do consumidor ou insatisfações com o<br />

<strong>de</strong>sempenho esperado (LEITE, 2006).<br />

1.2.2 <strong>Logística</strong> reversa <strong>de</strong> pós-consumo<br />

Após o uso <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado produto, a partir do consumidor inicial, há o <strong>de</strong>scarte do<br />

mesmo que, em muitas circunstâncias, ainda apresenta condições <strong>de</strong> uso, po<strong>de</strong>ndo ser<br />

reaproveitado por terceiros. Ao final <strong>de</strong> sua vida útil, este mesmo produto volta a ser<br />

<strong>de</strong>scartado. Preocupado com este ‘<strong>de</strong>suso’, a logística reversa <strong>de</strong> pós-consumo (LRPC) trata<br />

do retorno <strong>de</strong>ste material ao fabricante, evitando, assim, que o <strong>de</strong>scarte seja feito <strong>de</strong> forma<br />

inapropriada, po<strong>de</strong>ndo gerar danos ambientais, como po<strong>de</strong> ser visto na figura 2.<br />

De acordo com Leite (2006), os bens reprocessados pela LRPC subdivi<strong>de</strong>m-se em:<br />

• Bens <strong>de</strong>scartáveis: com vida útil <strong>de</strong> semanas ou poucos meses, como embalagens,<br />

brinquedos, suprimentos para computadores, artigos cirúrgicos, pilhas <strong>de</strong> equipamentos<br />

eletrônicos, fraldas, jornais e revistas;<br />

• Bens semiduráveis: que duram cerca <strong>de</strong> alguns meses ou poucos anos, numa categoria<br />

intermediária que apresenta características ora <strong>de</strong> bens duráveis, ora <strong>de</strong> bens <strong>de</strong>scartáveis,<br />

como baterias automotivas, baterias <strong>de</strong> celulares, óleos lubrificantes, computadores e<br />

revistas especializadas;<br />

• Bens duráveis: aqueles que apresentam duração <strong>de</strong> vida média, <strong>de</strong> alguns anos a algumas<br />

década, como automóveis, eletrodomésticos, máquinas e equipamentos industriais.<br />

4


1.3 Gestão socioambiental da logística<br />

Figura 2: Fluxograma da <strong>Logística</strong> <strong>Reversa</strong> <strong>de</strong> Pós-consumo.<br />

Fonte: Leite Consultorias apud Mueller (2005).<br />

Na atualida<strong>de</strong>, uma significativa parcela dos gestores está empenhada em<br />

<strong>de</strong>senvolver novas relações entre seus negócios, não só na socieda<strong>de</strong>, mas no ambiente<br />

natural, na expectativa <strong>de</strong> reduzir, ou até mesmo sanar o dano ambiental global, neutralizando<br />

práticas abusivas do passado. Contudo, essa tomada <strong>de</strong> consciência também se <strong>de</strong>ve ao<br />

fortalecimento das organizações não governamentais (ONG), que passaram a exigir, <strong>de</strong> forma<br />

mais intensa, ações compensatórias, buscando a preservação e recuperação do meio ambiente.<br />

É um processo que atua em longo prazo, conseguindo aproveitar as oportunida<strong>de</strong>s e gerenciar<br />

riscos associados a fatores econômicos, ambientais e sociais (DONATO, 2008).<br />

Po<strong>de</strong>-se citar como exemplo <strong>de</strong> ações compensatórias ao meio ambiente, as florestas<br />

<strong>de</strong> pinheiro-americano (Pinus Caribaea) da Faber-Castell (em Minas Gerais), que fornecem a<br />

principal matéria prima da linha EcoLápis. A empresa possui 9600 hectares para a plantação<br />

<strong>de</strong> árvores, <strong>de</strong>ntre outros projetos ambientais. O Projeto Arboris foi responsável pelo plantio<br />

<strong>de</strong> 40 mil mudas <strong>de</strong> árvores no período <strong>de</strong> 1999 até 2002 (FABER, 2009).<br />

Po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r, então, como gestão sócio-ambiental na logística, o conjunto <strong>de</strong><br />

técnicas administrativas com a finalida<strong>de</strong> principal <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver ações corretivas e<br />

preventivas capazes <strong>de</strong> agregar valor a produtos, serviços e corporações, <strong>de</strong> modo sustentável,<br />

minimizando danos sócio-ambientais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>ssas ações.<br />

Responsabilida<strong>de</strong> Sócio-ambiental Corporativa é o somatório dos<br />

investimentos realizados <strong>de</strong> certa empresa em ações <strong>de</strong><br />

Responsabilida<strong>de</strong> Social, Cultural e Ambiental. O exercício <strong>de</strong> ações<br />

<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> social corporativa está associado à noção <strong>de</strong><br />

sustentabilida<strong>de</strong>, que visa conciliar as esferas econômica, ambiental e<br />

social na geração <strong>de</strong> um cenário compatível à continuida<strong>de</strong> e à<br />

5


expansão das ativida<strong>de</strong>s da empresa no presente e no futuro<br />

(DONATO, 2008, p.211).<br />

Além dos danos ambientais causados pelos diversos modais <strong>de</strong> transporte, po<strong>de</strong>-se<br />

também perceber a necessida<strong>de</strong> da reciclagem no objetivo da diminuição dos níveis <strong>de</strong><br />

poluição, evitando a utilização excessiva <strong>de</strong> matérias-primas, especialmente as advindas <strong>de</strong><br />

recursos naturais não renováveis. É por isso que a LR focaliza o planejamento do retorno <strong>de</strong><br />

produtos que possam ser reaproveitados ou <strong>de</strong> que seja necessária a reciclagem, <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>ndose<br />

o mínimo possível, com o maior aproveitamento da logística <strong>de</strong> produção e entrega, que é a<br />

logística mais conhecida (DONATO, 2008).<br />

A LR é utilizada na coleta <strong>de</strong> lixos resi<strong>de</strong>nciais, comerciais e industriais, no envio<br />

aos aterros sanitários, incineradores e/ou no reaproveitamento para a produção <strong>de</strong> novos bens,<br />

com benefícios ambientais e <strong>de</strong> custos (LEITE, 2006). Contudo, como observa Mueller<br />

(2005), existem vários motivadores para as empresas implementarem a LR:<br />

• Legislação ambiental que força as empresas a retornarem seus produtos cuidando do<br />

tratamento necessário (<strong>de</strong>stinação final);<br />

• Benefícios econômicos do uso <strong>de</strong> produtos que retornam ao processo <strong>de</strong> produção, ao<br />

invés dos altos custos do correto <strong>de</strong>scarte do lixo, através da aplicação da reciclagem;<br />

• Conscientização ambiental dos consumidores, que estão cada vez mais exigentes com os<br />

produtos, para que estes venham a gerar danos menores ao meio ambiente;<br />

• Razões competitivas – as empresas que se adéquam aos requisitos ambientais conseguem<br />

alavancar sua imagem corporativa junto aos seus públicos, <strong>de</strong>stacando-se das <strong>de</strong>mais;<br />

• Proteção <strong>de</strong> margem <strong>de</strong> lucro, uma vez que a aquisição <strong>de</strong> matérias-primas diminui,<br />

comprimindo seus gastos.<br />

1.4 Legislação ambiental brasileira<br />

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) consi<strong>de</strong>ra necessário<br />

disciplinar o <strong>de</strong>scarte e o gerenciamento ambiental a<strong>de</strong>quado para pilhas e baterias usadas,<br />

com relação à coleta, reutilização, reciclagem, tratamento ou disposição final <strong>de</strong>stas, visto que<br />

seus resíduos contaminam seriamente o meio ambiente e necessitam, por suas especificida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong> procedimentos próprios e diferenciados, visando seu <strong>de</strong>stino final.<br />

O art. 2º da Resolução CONAMA nº 257/99 <strong>de</strong>fine o que são pilhas e baterias:<br />

I – bateria: conjunto <strong>de</strong> pilhas ou acumuladores recarregáveis<br />

interligados convenientemente (NBR 7039, <strong>de</strong> 1987);<br />

II – pilha: gerador eletroquímico <strong>de</strong> energia elétrica, mediante<br />

conversão geralmente irreversível <strong>de</strong> energia química (NBR 7039, <strong>de</strong><br />

1987);<br />

III – acumulador chumbo-ácido: acumulador no qual o material ativo<br />

das placas positivas é constituído por compostos <strong>de</strong> chumbo, e os das<br />

placas negativas essencialmente por chumbo, sendo o eletrólito uma<br />

solução <strong>de</strong> ácido sulfúrico (NBR 7039, <strong>de</strong> 1987);<br />

IV – acumulador (elétrico): dispositivo eletroquímico constituído <strong>de</strong><br />

um elemento, eletrólito e caixa, que armazena sob forma <strong>de</strong> energia<br />

química a energia elétrica que lhe seja fornecida e que a restitui<br />

quando ligado a um circuito consumidor (NBR7039, <strong>de</strong> 1987);<br />

6


V – baterias industriais: são consi<strong>de</strong>radas baterias <strong>de</strong> aplicação<br />

industrial, aquelas que se <strong>de</strong>stinam a aplicação estacionária, tais como<br />

telecomunicações, usinas elétricas, sistemas ininterruptos <strong>de</strong><br />

fornecimento <strong>de</strong> energia, alarme e segurança, uso geral industrial e<br />

para partida <strong>de</strong> motor diesel, ou ainda tracionárias, tais como as<br />

utilizadas para movimentação <strong>de</strong> cargas ou pessoas e carros elétricos;<br />

VI – baterias veiculares: são consi<strong>de</strong>radas baterias <strong>de</strong> aplicação<br />

veicular aquelas utilizadas para partidas <strong>de</strong> sistemas propulsores e/ou<br />

como principal fonte <strong>de</strong> energia em veículos automotores <strong>de</strong><br />

locomoção em meio terrestre, aquático e aéreo, inclusive <strong>de</strong> tratores,<br />

equipamentos <strong>de</strong> construção, ca<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> roda e assemelhados;<br />

VII – pilhas e baterias portáteis: são consi<strong>de</strong>radas pilhas e baterias<br />

portáteis aquelas utilizadas em telefonia, e equipamentos eletroeletrônicos,<br />

tais como jogos, brinquedos, ferramentas elétricas<br />

portáteis, informática, lanternas, equipamentos fotográficos, rádios,<br />

aparelhos <strong>de</strong> som, relógios, agendas eletrônicas, barbeadores,<br />

instrumentos <strong>de</strong> mediação, <strong>de</strong> aferição, equipamentos médicos e<br />

outros;<br />

VIII – pilhas e baterias <strong>de</strong> aplicação especial: são consi<strong>de</strong>radas pilhas<br />

e baterias <strong>de</strong> aplicação especial aquelas utilizadas em aplicações<br />

específicas <strong>de</strong> caráter científico, médico ou militar e aquelas que<br />

sejam parte integrante <strong>de</strong> circuitos eletro-eletrônicos para exercer<br />

funções que requeiram energia elétrica ininterrupta em caso <strong>de</strong> fonte<br />

<strong>de</strong> energia primária sofrer alguma falha ou flutuação momentânea.<br />

(DONATO, 2008).<br />

Os componentes utilizados para a montagem das baterias <strong>de</strong> chumbo-ácido têm<br />

gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> reciclagem. Contudo, uma bateria que tenha sido impropriamente<br />

<strong>de</strong>scartada, ou seja, não tenha sido reciclada, representa uma importante perda, não só <strong>de</strong><br />

recursos econômicos, ambientais e energéticos, mas, sobretudo, na imposição <strong>de</strong> um risco<br />

<strong>de</strong>snecessário ao meio ambiente e seus ocupantes.<br />

Tecnicamente, as baterias são basicamente compostas por (CEMPRE, 2008):<br />

• Placas positivas e negativas: gra<strong>de</strong>s produzidas com uma liga, on<strong>de</strong> é aplicada uma massa<br />

<strong>de</strong> PbO (óxido <strong>de</strong> chumbo) e são adicionadas outras substâncias que respon<strong>de</strong>rão por<br />

<strong>de</strong>terminadas reações, diferenciadas em placas positivas e negativas e que são responsáveis<br />

pelo acúmulo e condução da corrente elétrica;<br />

• Separadores: produzidos em polietileno, constituem-se <strong>de</strong> envelopes que evitam o contato<br />

direto entre as placas positivas e negativas, evitando, assim, curtos circuitos.<br />

• Caixas: responsáveis pelo condicionamento dos elementos da solução eletrolítica;<br />

• Conectores: interligam os elementos da bateria para formação do circuito.<br />

• Terminais: pólos positivos e negativos da bateria.<br />

• Solução: composta por 35% <strong>de</strong> ácido sulfúrico e 65% <strong>de</strong> água <strong>de</strong>stilada, é indispensável<br />

para que possam ocorrer as reações químicas.<br />

A figura 3 <strong>de</strong>monstra a estrutura interna <strong>de</strong> uma bateria automotiva:<br />

7


Figura 03: Foto <strong>de</strong>talha <strong>de</strong> uma Bateria Automotiva.<br />

Fonte: ABINEE (2009)<br />

As baterias <strong>de</strong> chumbo-ácido funcionam por meio da solução ácido sulfúrico, pois é<br />

através <strong>de</strong>la que se dá a transferência <strong>de</strong> elétrons. O Bióxido <strong>de</strong> chumbo (PbO2) é uma<br />

substância que possui gran<strong>de</strong> tendência a receber elétrons, enquanto o chumbo metálico (Pb)<br />

tem uma gran<strong>de</strong> tendência a doar elétrons (este processo é chamado <strong>de</strong> diferença <strong>de</strong><br />

potencial). Por sua boa estabilida<strong>de</strong> térmica, alta condutivida<strong>de</strong> iônica, baixo nível <strong>de</strong><br />

impurezas e baixo custo, esta é a solução utilizada em baterias automotivas (CEMPRE, 2008).<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com os dados divulgados pela CEMPRE (2008), em países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos, a reciclagem está próxima <strong>de</strong> 95% <strong>de</strong> todas as baterias já usadas; já no Brasil,<br />

a reciclagem chegou a ser <strong>de</strong> 99,5% em 2007. Nas gran<strong>de</strong>s áreas urbanas, essas reciclagens<br />

são mais fáceis, existindo algumas empresas que não ven<strong>de</strong>m novas baterias sem receber a<br />

bateria usada em troca. Em áreas mais remotas, a recuperação torna-se mais difícil, e é por<br />

isso que as empresas se utilizam <strong>de</strong>ste artifício <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r uma nova bateria, sendo ressarcido<br />

da antiga.<br />

A produção brasileira <strong>de</strong> chumbo não aten<strong>de</strong> à <strong>de</strong>manda pelo metal, por isso a<br />

sucata é também tão valorizada. Entretanto, existem algumas limitações em seu processo <strong>de</strong><br />

reciclagem (CEMPRE, 2008):<br />

A quantida<strong>de</strong> e a pureza do material recuperado, os mercados para o<br />

reciclado, o valor unitário do metal, os custos <strong>de</strong> coleta, entre<br />

postagem e transporte, a quantida<strong>de</strong>, a periculosida<strong>de</strong> e os custos <strong>de</strong><br />

tratamento e disposição dos resíduos do reprocessamento, custo final<br />

da operação como um todo.<br />

Há, ainda, alguns fatores em que a influência é maior na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

materiais, no caso os metais, para que sejam reciclados CEMPRE (2008):<br />

A quantida<strong>de</strong> que foi colocada no mercado, no período <strong>de</strong> tempo<br />

passado equivalente a uma vida útil média <strong>de</strong>sse material, a<br />

disponibilida<strong>de</strong> local <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>scartados contendo metais em<br />

formas e quantida<strong>de</strong>s interessantes, o projeto do produto em termos <strong>de</strong><br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem (produtos projetados para serem reciclados),<br />

8


a extensão, o grau <strong>de</strong> capilarida<strong>de</strong>, a eficiência do sistema <strong>de</strong> coleta,<br />

entrepostos e a distribuição <strong>de</strong> produtos pós- consumo.<br />

Dessa forma, fica claro que não é correta a armazenagem das baterias <strong>de</strong> chumboácido<br />

em lixões, a céu aberto, pois po<strong>de</strong>m acarretar inúmeros malefícios à saú<strong>de</strong> pública,<br />

através da contaminação do solo, dos lençóis freáticos e dos cursos d’água (CEMPRE, 2008).<br />

De acordo com a Resolução CONAMA 257/99, os estabelecimentos que<br />

comercializam baterias automotivas são obrigados a aceitar a <strong>de</strong>volução <strong>de</strong> baterias usadas<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da marca, preservando a solução ácida, sendo-lhes vedado jogá-las em esgotos,<br />

tampouco, adicionar água (CEMPRE, 2008).<br />

A forma <strong>de</strong> armazenagem das baterias <strong>de</strong> chumbo-ácido já utilizadas <strong>de</strong>verá<br />

acontecer em local coberto com piso em concreto (apropriado), utilizando-se <strong>de</strong> muretas ou<br />

canaletas ou algum recipiente que seja utilizado para sua contenção. Já no caso <strong>de</strong> algum<br />

vazamento, as baterias já utilizadas <strong>de</strong>verão ser mantidas em separado das novas e <strong>de</strong> outros<br />

produtos <strong>de</strong> que porventura estejam estocados próximos (CEMPRE, 2008).<br />

No tocante ao transporte <strong>de</strong>ssas baterias <strong>de</strong> chumbo-ácido, o Decreto-Lei <strong>de</strong> nº<br />

96044/88, dispõe sobre o transporte rodoviário <strong>de</strong> produtos perigosos, legislação e normas<br />

técnicas complementares (CEMPRE, 2009):<br />

...os veículos <strong>de</strong>verão ter afixados painéis <strong>de</strong> segurança (placas),<br />

contendo número <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação do risco do produto e número<br />

produto: 88/2794, e rótulos <strong>de</strong> risco (placa <strong>de</strong> corrosivo), conforme<br />

NBR 8500, com motorista cre<strong>de</strong>nciado e carga lonada ou caminhão<br />

baú. O veículo <strong>de</strong>verá ter Kit <strong>de</strong> emergência e EPI (Equipamentos <strong>de</strong><br />

Proteção Individual). O motorista <strong>de</strong>ve manter envelope com ficha <strong>de</strong><br />

emergência com instruções para aci<strong>de</strong>ntes, incêndio, ingestão,<br />

inalação, fone <strong>de</strong> contato, etc.<br />

2. METODOLOGIA<br />

Como o objeto da pesquisa dita o método <strong>de</strong> investigação (HAGUETTE, 1987), a<br />

natureza da pesquisa que mais se a<strong>de</strong>quou foi a qualitativa. Já que o objeto em estudo tinha<br />

um alto grau <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> e seria estudado em seu ambiente natural, o uso do método<br />

qualitativo se mostrava como o mais apropriado. Como a presente pesquisa se propôs a<br />

ampliar os conhecimentos na área, o estudo exploratório-<strong>de</strong>scritivo era o indicado<br />

(CHURCHILL, 1999).<br />

A estratégia <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> caso permitiu o aprofundamento sobre o objeto <strong>de</strong><br />

pesquisa e os ajustes dos instrumentos utilizados para explorar elementos imprevistos<br />

(LAVILLE; DIONNE, 1999). Além disso, os estudos <strong>de</strong> caso são muito utilizados quando se<br />

<strong>de</strong>seja pesquisar sobre “como” e “por quê” um <strong>de</strong>terminado fenômeno contemporâneo<br />

ocorreu, como no caso <strong>de</strong>sta pesquisa (YIN, 2001). A seleção do estudo <strong>de</strong> caso único se<br />

embasou nas proposições <strong>de</strong> Stake (1994), acerca dos casos instrumentais, e nas <strong>de</strong> Miles e<br />

Huberman (1994) acerca <strong>de</strong> um ambiente a<strong>de</strong>quado e propício ao estudo e à acessibilida<strong>de</strong> do<br />

pesquisador ao ambiente.<br />

2.1 O caso.<br />

A empresa analisada é uma das maiores indústrias brasileiras do setor automotivo,<br />

mais especificamente <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> baterias <strong>de</strong> chumbo-ácido, aqui <strong>de</strong>nominada Alfa. A<br />

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eferida empresa possui cinco fábricas, um escritório central, uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assistência às<br />

montadoras <strong>de</strong> automóveis e 62 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> distribuição. Esse caso é ímpar por ser<br />

genuinamente brasileira, produzir baterias automotivas para montadoras inclusive do exterior<br />

e pelo respeito às normas ambientais vigentes (MOURA, 2009).<br />

2.2 Desenho da pesquisa.<br />

A pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida ao longo <strong>de</strong> três meses, on<strong>de</strong> foram feitas a revisão <strong>de</strong><br />

literatura, a coleta e a análise dos dados. Nesse período foram realizadas entrevistas com dois<br />

engenheiros da empresa, além da coleta <strong>de</strong> documentos e das observações, guiadas por um<br />

protocolo <strong>de</strong> estudo.<br />

Os dados coletados foram processados com as técnicas <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo. O<br />

principal método utilizado para validar as informações coletadas e diminuir as falhas <strong>de</strong><br />

interpretação foi o da triangulação, por permitir verificar a repetibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma observação<br />

ou interpretação (STAKE, 1994).<br />

3. ANÁLISE DOS DADOS<br />

As baterias automotivas produzidas pela empresa Alfa são constituídas <strong>de</strong> chumbo –<br />

ácido, ou seja, são conjuntos <strong>de</strong> acumuladores elétricos recarregáveis, interligados<br />

convenientemente, construídos e utilizados para receber, armazenar e liberar energia elétrica<br />

por meio <strong>de</strong> reações químicas envolvendo chumbo e ácido sulfúrico.<br />

Os processos <strong>de</strong> reciclagem da empresa Alfa foram <strong>de</strong>senhados <strong>de</strong> forma que fosse<br />

possível conciliar a questão econômica com a questão ambiental, dados os objetivos <strong>de</strong><br />

sustentabilida<strong>de</strong> que começaram a pautar a empresa em fins do século XX e as novas<br />

legislações ambientais promulgadas, principalmente a partir da Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988.<br />

Na maioria dos casos, quando um consumidor necessita efetuar a troca da bateria<br />

automotiva, por estar <strong>de</strong>scarregada, recorre às concessionárias ou aos postos <strong>de</strong> troca. As<br />

concessionárias, inclusive, antecipam esta troca nas revisões periódicas. Já algumas lojas<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes realizam estas trocas oferecendo <strong>de</strong>scontos com a condição <strong>de</strong> que as baterias<br />

antigas fiquem com os ven<strong>de</strong>dores, estocadas para posterior <strong>de</strong>volução ao fabricante,<br />

auxiliando o processo reverso.<br />

A empresa Alfa utiliza o fluxo reverso para realizar, <strong>de</strong> forma direta, verticalizada, a<br />

reciclagem das baterias, mesmo tendo a legislação acobertado a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terceirização<br />

<strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>. Na LR da empresa Alfa, as baterias usadas e entregues nos pontos <strong>de</strong> vendas<br />

ou nos grupos <strong>de</strong> reciclagem são encaminhadas às Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Depósitos da Alfa espalhados<br />

pelo país. Nos <strong>de</strong>pósitos, as antigas baterias são paletizadas e encaminhadas à fábrica,<br />

utilizando-se a logística <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> baterias novas. Assim, há uma redução no custo do<br />

frete, pois a transportadora já tem ciência <strong>de</strong> que haverá carga para transportar no sentido<br />

contrário, evitando-se o retorno do veículo <strong>de</strong>scarregado. Para a Alfa, o frete final fica mais<br />

viável economicamente e os ganhos são percebidos na transportadora, mesmo com a<br />

amplitu<strong>de</strong> e a ramificação logística necessárias para estruturar um fluxo reverso sustentável.<br />

No processo <strong>de</strong> logística reversa e reciclagem das baterias usadas, não há um ganho<br />

em relação ao tempo <strong>de</strong> produção, mas sim em flexibilida<strong>de</strong>, nos quesitos abastecimento e<br />

redução <strong>de</strong> capital imobilizado em estoque, pois o Brasil não é um gran<strong>de</strong> produtor <strong>de</strong><br />

chumbo (importa, em média, 40% do chumbo utilizado) (CEMPRE, 2008). Essa <strong>de</strong>pendência<br />

obriga a empresa a manter um estoque <strong>de</strong> segurança do produto, paralelamente ao processo <strong>de</strong><br />

reciclagem.<br />

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A reciclagem <strong>de</strong> uma bateria automotiva na empresa Alfa passa por três estágios:<br />

trituração da sucata <strong>de</strong> bateria com separação do plástico; reciclagem propriamente dita do<br />

plástico; e recuperação <strong>de</strong> grelhas <strong>de</strong> chumbo ligado. Já a reciclagem <strong>de</strong> seus componentes<br />

envolve a separação, fundição, refino e lingotamento do chumbo; recuperação e reutilização<br />

do plástico para produção <strong>de</strong> caixas e tampas <strong>de</strong> baterias novas; e, por fim, neutralização da<br />

solução ácida com uma mistura <strong>de</strong> cal para iniciar o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação e filtragem dos<br />

óxidos, que po<strong>de</strong>rão então retornar para reutilização.<br />

4. CONCLUSÕES<br />

O que motivou o presente estudo foi a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ampliar o <strong>de</strong>bate em torno<br />

da sustentabilida<strong>de</strong> ambiental a partir do processo <strong>de</strong> reciclagem das baterias automotivas.<br />

Assim, foram <strong>de</strong>talhados os procedimentos <strong>de</strong> logística reversa da empresa Alfa com seus<br />

reven<strong>de</strong>dores e parceiros e foi possível comprovar sua eficiência econômica e ambiental.<br />

A redução dos custos <strong>de</strong> produção e a busca por um consumo responsável e<br />

consciente vivem um paradoxo quando se percebe que ainda existe tanto <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> baterias<br />

em esgotos e lixões, sem o <strong>de</strong>vido tratamento. Percebe-se também a co-responsabilida<strong>de</strong> do<br />

Governo e sua negligência mediante os altos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>jetos não tratados, <strong>de</strong>spejados, por<br />

não existirem políticas <strong>de</strong> fiscalização capazes <strong>de</strong> garantir sua aplicação a cada elo da ca<strong>de</strong>ia<br />

da manufatura industrial.<br />

Encontram-se, em muitos setores, pontos <strong>de</strong> intervenção que muito auxiliam,<br />

colaboram e até reduzem significativamente a poluição ambiental, mas estes não são<br />

suficientes. A mídia não po<strong>de</strong> ser a única responsável pela propagação do consumo e <strong>de</strong>scarte<br />

consciente dos mais diversos produtos, pois compete às indústrias e governos o investimento<br />

no processo reverso e na reciclagem, que comprovadamente reduzem custos e propiciam uma<br />

produção mais sustentável.<br />

A separação seletiva do lixo caseiro é apenas uma pequena ponta do iceberg, aquela<br />

parte que se po<strong>de</strong> ver. Pensando em livrar-se <strong>de</strong> impostos governamentais, indústrias ainda<br />

insistem em jogar produtos químicos, tóxicos e nocivos ao ecosistema, sem nenhum<br />

tratamento, em aterros sanitários, por exemplo.<br />

Após estas constatações, e baseado no levantamento apresentado ao longo <strong>de</strong>ste<br />

trabalho, no esclarecimento <strong>de</strong> como funciona o processo logístico (seu surgimento, suas<br />

aplicações) e como <strong>de</strong>ste processo surge a logística reversa, po<strong>de</strong>-se concluir que um dos<br />

fatores que colaboram <strong>de</strong> forma concreta e eficaz para a redução dos impactos ambientais<br />

encontra-se <strong>de</strong>ntro da própria ca<strong>de</strong>ia industrial: a logística reversa.<br />

Tendo as baterias automotivas como objeto <strong>de</strong> pesquisa, foi preocupante <strong>de</strong>scobrir<br />

que ainda não existem substitutos econômica e tecnicamente viáveis para substituir o chumbo<br />

como elemento central para acumulação <strong>de</strong> energia, já que os danos causados pelos resíduos<br />

<strong>de</strong> chumbo-ácido no meio ambiente são incalculáveis. Estima-se que dos 5,5 milhões <strong>de</strong><br />

toneladas do metal produzidos no mundo, anualmente, 50% são obtidos através da<br />

reciclagem. As baterias automotivas totalizam 70% da utilização <strong>de</strong>ste metal (chumbo), que<br />

possui vida útil <strong>de</strong> aproximadamente 20 a 60 meses.<br />

Enfim, po<strong>de</strong>-se perceber que na empresa pesquisada o uso da logística reversa em<br />

seus produtos é prática antiga, gerando redução nos custos com as matérias-primas<br />

empregadas e uma melhor relação com o meio ambiente.<br />

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5. REFERÊNCIAS<br />

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