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ÁREA TEMÁTICA[t1] Consumo Sustentável TÍTULO DO ... - Engema

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<strong>ÁREA</strong> <strong>TEMÁTICA</strong>[<strong>t1</strong>] <strong>Consumo</strong> <strong>Sustentável</strong><br />

<strong>TÍTULO</strong> <strong>DO</strong> ARTIGO : A percepção dos alunos de duas instituições de ensino<br />

superior sobre consumo sustentável<br />

The perception of students from two universities about sustainable consumption<br />

1º autor<br />

Nome completo: Carla Winter Afonso<br />

Titulação:[t2]Doutora<br />

Vínculo:[t3]Universidade Católica de Petrópolis<br />

E-mail: carla.afonso@ucp.br<br />

2º autor<br />

Nome completo: Liége Mariel Petroni<br />

Titulação: Doutora<br />

Vínculo: Universidade Federal de São Paulo<br />

E-mail: petroni@unifesp.br<br />

RESUMO [t4]<br />

Nos tempos que correm, as sociedades passam por transformações quase instantâneas. O clima<br />

de permanente mudança é parte da vivência de um mundo frenético, onde o mercado<br />

competitivo e, em grande medida, excludente, impacta a ação e o comportamento de milhões de<br />

jovens. De sua parte, a juventude marca presença expressiva nesse mercado, seja no papel de<br />

compradores diretos ou influenciando as decisões de compras dos adultos. Diante do<br />

protagonismo juvenil, este estudo procura analisar percepção dos alunos de duas instituições de<br />

ensino superior sobre o consumo sustentável a partir de suas atitudes e comportamentos. A<br />

metodologia compreendeu duas fases: a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo. A pesquisa<br />

de campo foi realizada com a participação de 100 respondentes de duas instituições de ensino<br />

superior, por meio da aplicação de questionário, com uma análise exploratória qualitativa das<br />

respostas. Os resultados apontam que existe compreensão geral do termo sustentabilidade,<br />

especialmente no que diz respeito à preservação dos recursos naturais, no entanto tal<br />

compreensão não se consubstância na alteração de comportamento e atitude, possivelmente


Afonso, Carla Winter<br />

Petroni, Liége Mariel<br />

______________________________________________________________________<br />

proveniente do grau de conscientização social, uma vez que, os jovens entrevistados não possuam<br />

uma responsabilidade mais consciente na compra direta de seus produtos.<br />

O Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente (ENGEMA) é um evento anual<br />

que tem como objetivo reunir pesquisadores, profissionais, empresários e gestores públicos e<br />

privados envolvidos em novas abordagens em gestão ambiental nas empresas. No meio<br />

acadêmico, este evento é reconhecido pela CAPES por meio do seu sistema QUALIS (E2). Portanto,<br />

tem também o objetivo debater e divulgar projetos de pesquisa por meio de artigos científicos.<br />

Para tanto, conta com o apoio da Revista de Gestão Sócio Ambiental – RGSA (Qualis B2), Revista<br />

de Administração da Inovação – RAI (Qualis B1), Revista de Administração da UFSM – ReA (Qualis<br />

B3) e Revista Gestão & Regionalidade - G&R (Qualis B3) que abrirão processos de fast track para os<br />

melhores trabalhos do evento.<br />

Palavras-chave: [t5] <strong>Consumo</strong> sustentável; consumo consciente, sustentabilidade;<br />

desenvolvimento sustentável; educação e consumo<br />

ABSTRACT[t6]<br />

These days, companies go through transformations on a daily basis. The permanent c change<br />

environment is part of the hectic world, where the competitive market – and, to a large extent,<br />

exclusionary-impact actions and behaviors of millions. For its part, youth represents a great deal<br />

of the market, either in the role of direct buyers or influencing the decision making process of<br />

others. In the face of the youth leadership, this study seeks to examine students ' perception of<br />

two institutions of higher education on sustainable consumption, observing their attitudes and<br />

behaviors. The methodology comprised two phases: the bibliographical research and field<br />

research. The field research was carried out with the participation of 100 respondents of two<br />

institutions of higher education, through the application of a questionnaire, with an exploratory<br />

analysis. The results point to the existence of a general perception and comprehension of<br />

sustainability, especially concerning the preservation of natural resources. Such understanding<br />

does not change attitudes toward buying behavior probably because the degree of social<br />

conscience among the respondents, maybe because they do not have a conscious responsibility<br />

for buying the products.<br />

Keywords: Sustainable consumption; conscientious consumption; sustainability; sustainable<br />

development; education and consumption<br />

_____________________________________________________________________________<br />

XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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A percepção dos alunos de duas instituições de ensino superior sobre consumo sustentável<br />

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1. INTRODUÇÃO[t7]<br />

As mudanças proporcionadas pela industrialização com a intensificação do ritmo de produção,<br />

aliado ao consumo exacerbado acarretou uma depredação ambiental, de forma a comprometer<br />

significativamente o planeta. Tal ciranda de exploração e finitude dos recursos naturais gerou o<br />

início da busca por soluções para evitar o esgotamento dos recursos existentes.<br />

Diante de um consumidor que se mostrará cada vez mais exigente nos próximos anos, terá valor<br />

crescente a rastreabilidade de produtos e processos produtivos. Isto permitirá não somente<br />

adequá-los às normas de qualidade e aos requisitos de aparência, funcionalidade e facilidade de<br />

manutenção exigidos pelo consumidor, como garantirá também o acesso à informação em tempo<br />

real da história, aplicação, localização e os processos aos quais o produto está relacionado.<br />

Por outro lado, a juventude dá sinais de que sabe o que quer. Mesmo sob a influência de uma<br />

mídia capaz de construir ou impulsionar estilos de vida, hábitos e costumes – o comportamento<br />

juvenil costuma revelar a busca do protagonismo e da afirmação de sua personalidade. É possível<br />

detectar, em qualquer quadrante do planeta, o crescimento entre os jovens de uma consciência<br />

ecológica, ligada à preservação da vida e das condições de coexistência da humanidade e a<br />

natureza.<br />

A adesão dos consumidores às propostas de <strong>Consumo</strong> Consciente deve ser compreendida e<br />

monitorada a partir de dois pontos de vista: atitudes e comportamentos. “Atitude” significa o grau<br />

de adesão do consumidor a valores, conceitos e opiniões sobre os papéis de empresas e<br />

consumidores em relação à Sustentabilidade, RSE (Responsabilidade Social Empresarial) e<br />

<strong>Consumo</strong> Consciente. Já “comportamento” está ligado à prática cotidiana de ações ligadas ao<br />

consumo e que geram impacto efetivo para o meio ambiente, a economia, o bem-estar pessoal e a<br />

sociedade como um todo (AKATU, 2010).<br />

Diante do exposto, este trabalho objetiva analisar percepção dos alunos de duas instituições de<br />

ensino superior sobre o consumo sustentável a partir de suas atitudes e comportamentos.<br />

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1 Sustentabilidade e <strong>Consumo</strong><br />

O desenvolvimento sustentável não é um estado de harmonia permanente, mas sim um processo<br />

de mudança onde o uso de recursos, a destinação dos investimentos, os caminhos do<br />

desenvolvimento da tecnologia e a mudança institucional devem estar de acordo com as<br />

necessidades do presente e do futuro.<br />

GALLO (2007), preconiza que sustentabilidade é um relacionamento entre sistemas econômicos<br />

dinâmicos e sistemas ecológicos maiores e também dinâmicos, embora de mudança mais lenta,<br />

em que: (1) a vida humana pode continuar indefinidamente; (2) os indivíduos podem prosperar;<br />

(3) culturas humanas podem desenvolver-se; mas em que (4) os resultados das atividades<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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Afonso, Carla Winter<br />

Petroni, Liége Mariel<br />

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humanas obedecem a limites para não destruir a diversidade, a complexidade e a função do<br />

sistema ecológico de apoio à vida.<br />

Ser consumidor consciente envolve ação cotidiana, é uma questão de cidadania, pois o consumo<br />

de um grande número de pessoas por um período pode fazer uma enorme diferença. A crescente<br />

preocupação sobre questões ecológicas e ambientais das décadas de 60 e 70 evoluiu por vários<br />

caminhos diferentes, sendo intensificado, a partir dos movimentos ecológicos. No entanto, apenas<br />

em meados do século XX é que essas questões passaram a chamar a atenção das empresas como<br />

possível fonte de vantagem competitiva.<br />

Este aparente interesse por parte da sociedade refletiu no surgimento do marketing ambiental e<br />

das pesquisas acadêmicas de comportamento do consumidor que tencionaram traçar um perfil do<br />

consumidor verde ou consciente, ou mesmo, estudar possíveis impactos dos temas sobre o<br />

comportamento ou atitude do consumidor.<br />

O entendimento do consumidor é uma ferramenta fundamental, entendido como todas “as<br />

atividades diretamente envolvidas na obtenção e no consumo de produtos, incluindo o processo<br />

de decisão que precede as ações” (ENGELS, 2000). O consumidor é o elo final e o mais importante<br />

de qualquer cadeia industrial, afinal é ele que sustentará todo o sistema. Daí, a importância do<br />

consumidor, pois ele transmite, através da sua escolha de compra, quais os atributos de qualidade<br />

que deseja e quanto está disposto a pagar por eles.<br />

O conceito de consumidor verde, ou ecologicamente consciente, é definido por OTTMAN (1994),<br />

como aquele indivíduo que busca para consumo apenas produtos que causem menor – ou<br />

nenhum – prejuízo ao meio ambiente. Ou seja: “aqueles que buscam conscientemente produzir,<br />

através do seu comportamento de consumo, um efeito nulo ou favorável sobre o meio ambiente e<br />

à sociedade como um todo” (LAGES & NETO, 2002:02).<br />

Segundo ROBERTS (1996), a compreensão do perfil do consumidor ecológico faz-se necessária<br />

para o melhor desenvolvimento de estratégias de marketing adequadas ao contexto de<br />

preocupação ambiental. No entanto, vários estudos têm procurado identificar as características<br />

deste consumidor ecológico. Em um estudo visando identificar o perfil do consumidor verde<br />

SHRUM et al. (1995) concluíram que estes consumidores são cuidadosos e procuram se informar<br />

sobre o produto que estão comprando, incluindo informação sobre propaganda. No entanto, os<br />

consumidores verdes são céticos em relação à propaganda. Isto implica em que as mensagens<br />

contidas na propaganda devem ser precisas e evitar ambiguidades.<br />

Segundo Ottman (1994:08):<br />

“Os indivíduos estão agindo de acordo com seus valores por meio do poder de suas decisões de<br />

compra.(...) Numa tentativa individual de se protegerem e de protegerem o planeta, esses<br />

consumidores estão moldando uma nova tendência denominada consumerismo ambiental só<br />

comprando produtos que consideram verdes e deixando produtos não verdes na prateleira.”<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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A percepção dos alunos de duas instituições de ensino superior sobre consumo sustentável<br />

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Esta afirmação vai ao encontro de uma questão recorrente nos estudos que tentam identificar o<br />

perfil deste consumidor, que é a ausência de relação direta entre consciência ecológica e o<br />

Comportamento de compra (SHRUM et al., 1995, LAGES e NETO, 2002).<br />

Nesta perspectiva, o conhecimento das questões ambientais, apesar de ser considerado como um<br />

indicador da possibilidade de ação consciente do consumidor, não parece significar<br />

obrigatoriamente um comportamento de compra ecologicamente correto.<br />

Um outro conceito proveniente do marketing ambiental é o de produtos “verdes”, que são<br />

aqueles produtos ambientalmente corretos que reduzem a agressão ao meio ambiente e a saúde<br />

humana (OTTMAN, 1994). Estes produtos verdes podem ser produtos que através de uma<br />

reavaliação dos processos de produção envolvidos, ou mesmo de reformulação ou diferenciação<br />

de produção, sofreram modificações com intuito de se tornarem ecologicamente corretos e<br />

agredirem minimamente possível o meio ambiente. A consideração de aspectos ambientais por<br />

parte das empresas também pode provocar o reposicionamento de alguns produtos.<br />

O grande desafio atual é o desenvolvimento sustentável, que busca o equilíbrio entre o<br />

desenvolvimento socioeconômico e a preservação do meio ambiente. O termo desenvolvimento<br />

sustentável é abrangente englobando aspectos econômicos, sociais e ambientais-, e foi expresso<br />

no Relatório Brundtland (1987) como “o desenvolvimento que atende às necessidades do<br />

presente, sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas próprias<br />

necessidades”.<br />

Diante deste fato, percebemos a necessidade de buscar uma nova ética, regida por um sentimento<br />

de pertença mútua. A ética sempre esteve preocupada com as questões de existência do homem,<br />

mas agora deve voltar-se principalmente para a sua natureza de inter-relação com o planeta. De<br />

modo que é necessária a construção de uma ética ambiental voltada ao futuro, para que o direito<br />

fundamental ao meio ambiente possa ser assegurado. Para Medina e Santos (1999, p.18):<br />

Necessita-se de uma mudança fundamental na maneira de pensarmos acerca de nós mesmos,<br />

nosso meio, nossa sociedade e nosso futuro; uma mudança básica nos valores e crenças que<br />

orientam nosso pensamento e nossas ações; uma mudança que nos permita adquirir uma<br />

percepção holística e integral do mundo com uma postura ética, responsável e solidária.<br />

Neste sentido, o trabalho aqui proposto, define que o consumo consciente ou sustentável,<br />

contribui para que ocorra a mudança de comportamento do cidadão, pois permite uma nova<br />

consciência do contexto social e cultural no qual se inserem as pessoas. Por outro lado, o consumo<br />

de certa forma envolve também coesão social, produção e reprodução de valores. Assim, não é<br />

uma postura comportamental neutra, individual e sem contexto político. Pelo contrário, trata-se<br />

de um comportamento que envolve a tomada de decisões políticas e morais. Há, portanto, uma<br />

conexão entre valores éticos, escolhas políticas, visões sobre a natureza e comportamentos<br />

relacionados aos valores e princípios inerentes à forma de pensar e agir no mundo.<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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Afonso, Carla Winter<br />

Petroni, Liége Mariel<br />

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2.2 A educação para o consumo consciente: uma lição de vida para os nossos jovens<br />

Nos tempos que correm, as sociedades passam por transformações quase instantâneas. O clima<br />

de permanente mudança é parte da vivência de um mundo frenético, onde o mercado<br />

competitivo, e em grande medida excludente, impacta a ação e o comportamento de milhões de<br />

jovens. De sua parte, a juventude marca presença expressiva nesse mercado, seja no papel de<br />

compradores diretos ou influenciando as decisões de compras dos adultos.<br />

A pesquisa realizada sobre os estilos sustentáveis de vida com jovens brasileiros no que se refere<br />

ao local e ao modo como consomem reflete os próprios costumes da população em geral. Os<br />

critérios utilizados para a compra estão voltados mais às questões de preço dos produtos e à sua<br />

qualidade do que propriamente à preocupação com um consumo responsável. Preocupar-se em<br />

saber se são produtos que não agridem o meio ambiente ou a sociedade, por exemplo, não foi<br />

uma questão levantada de forma espontânea. Percebe-se que no dia a dia dos jovens ainda não<br />

estão incorporados percepções e atos ecologicamente viáveis, o que não significa, por outro lado,<br />

que esses jovens não estejam abertos à aceitação e à realização de práticas de vida sustentáveis<br />

(AKATU, 2009).<br />

Em outra pesquisa constatou-se que, existe uma grande a resistência do consumidor brasileiro,<br />

quando se trata de não cuidar apenas de seus próprios atos, mas de agir para a mobilização de<br />

outros. A cultura de isolamento, de foco exclusivo em trabalho, estudo e carreira, e de eliminação<br />

ou desvalorização dos espaços de convivência e atuação pública, deixa essa sequela, de<br />

dificuldades em interagir pró-ativamente com outros cidadãos, nos mais diversos âmbitos. O<br />

exercício pleno da cidadania requer a interação com outros cidadãos e instituições diferentes e até<br />

mesmo antagônicos. Será um importante desafio para o movimento do <strong>Consumo</strong> Consciente a<br />

criação de formas pelas quais se possa estimular e dar efetividade a ações desse tipo (AKATU,<br />

2010).<br />

É perceptível, portanto que, a nossa sociedade se encaminha, diante das perspectivas<br />

esboçadas, para a vivência de situações que empurram a juventude brasileira cada vez mais<br />

para uma submissão conformada à lógica da sociedade de consumo. Diante de tal contexto,<br />

em que novas subjetividades já se fazem presentes, onde o próprio mundo adulto se vê<br />

envolvido pelos discursos pós-modernos nos quais prevalecem a incerteza e a ausência de<br />

projetos de vida individuais, a construção de uma identidade estável e duradoura na<br />

juventude encontra sérios obstáculos. A sensação de insegurança nos sujeitos, condenados a<br />

viverem em uma lógica na qual o que importa realmente é a capacidade de se fazerem úteis para<br />

o mercado de trabalho.<br />

Dessa forma, os objetivos coletivos cedem lugar cada vez mais a um narcisismo e individualismo<br />

que já caracterizam o sujeito contemporâneo, para quem a busca de um bem comum não possui<br />

mais sentido. As identidades, nesta visão, se tornam fluidas, frágeis, em constante mutação, já<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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A percepção dos alunos de duas instituições de ensino superior sobre consumo sustentável<br />

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que desconexas de um projeto de vida individual, dentro de uma história que se queira construir<br />

ou dar continuidade.<br />

A cultura do consumo, assim sendo, incide diretamente sobre as jovens personalidades em<br />

desenvolvimento, gerando inquietações naqueles que não podem comprar tudo o que lhes é<br />

oferecido e anunciado como “indispensável” e, noutras tribos, gerando a insuportável<br />

sensação de falta de limites, quando o gozo do comprar não recebe nenhuma castração por parte<br />

dos genitores ou responsáveis (KEHL, 2004).<br />

Por outro lado, O modelo econômico adotado atualmente pelas sociedades atuais proporciona e<br />

induz a um alto padrão de consumo, que, mesmo ao alcance de poucos, é insustentável pelos<br />

danos que acarreta para o meio ambiente. Diante desse cenário, para que o desenvolvimento siga<br />

no caminho da sustentabilidade é preciso alterar os padrões de consumo.<br />

Nesse processo de formação de uma nova consciência voltada para a preservação do planeta,<br />

conforme GOMES (2006),é essencial à educação do consumidor, com a conscientização da<br />

importância de novos hábitos de consumo, vez que grande parte dos problemas ambientais<br />

presentes são fruto dos padrões impostos pela economia de mercado através da publicidade,<br />

difundida pelos meios de comunicação de massa, impondo um estilo de vida insustentável e<br />

inalcançável para a maioria.<br />

A autora comenta ainda que, a educação deve passar a adquirir novos significados na construção<br />

de uma sociedade sustentável, democrática, participativa e socialmente justa, capaz de exercer<br />

efetivamente a solidariedade com as gerações presentes e futuras. E se não chega a ser um<br />

sinônimo de solução, a educação é, sem dúvida, o melhor caminho para melhorarmos a nossa<br />

sociedade.<br />

Para formar um cidadão consciente, crítico, competente e proativo, é preciso compreender que a<br />

educação é uma forma de intervenção no mundo, em todos os seus aspectos sociais, econômicos,<br />

políticos, culturais, éticos e estéticos. Portanto, a prioridade da agenda educativa, deverá voltarse<br />

não apenas as questões relacionadas aos processos de construção do conhecimento e à<br />

aprendizagem, mas também às questões afeitas à sustentabilidade ecológica, à cidadania<br />

planetária e ao restabelecimento dos vínculos com a vida, como consequências da evolução do<br />

pensamento, da inteligência e da consciência humana numa dinâmica integrada.<br />

Segundo AFONSO et al. (2011), a idéia básica do consumo consciente é transformar o ato de<br />

consumo numa prática de cidadania. O objetivo, do consumo quando consciente extrapola o<br />

atendimento das necessidades individuais. Pensar em consumo consciente requer, antes de tudo,<br />

rever processos, condutas e valores pautados em princípios éticos e de cidadania.<br />

Assim, conforme ENLAZA<strong>DO</strong>R (2010), o <strong>Consumo</strong> é um ato de escolha e a opção por um produto<br />

que no seu ciclo de produção e comercialização, tenha sido realizado de forma sustentável, tem<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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Afonso, Carla Winter<br />

Petroni, Liége Mariel<br />

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reflexos ambientais e sociais, sendo, através dele, definidas as alternativas para um futuro<br />

sustentável. O cidadão-consumidor é um ator político, podendo ser um protagonista que intervém<br />

conscientemente na realidade social e ambiental que o cerca. Não há decisões sobre compras que<br />

não implique em uma decisão moral e não há, de fato, nenhuma comercialização que não tenha<br />

em última instância uma natureza moral. Tornar o consumidor protagonista e elemento<br />

articulador de mudanças é basicamente um desafio de conscientização.<br />

Se quisermos desenvolver uma relação harmônica com o mundo, com a vida, devemos cuidar de<br />

questões profundas em cada indivíduo, resgatar a ligação com a fonte de vida. Vivemos em uma<br />

sociedade que destrói constantemente sua própria fonte de vida, seja por consumir vorazmente<br />

os chamados “recursos naturais”, seja por produzir bens, alimentos desprovidos de vitalidade, seja<br />

por reconhecer como inevitáveis relações negativas e desrespeitadoras entre os indivíduos, entre<br />

sociedades, culturas e religiões. Nossa fonte de vida é única. Resgatá-la em nossa percepção e em<br />

relação com o mundo nos torna mais humanos (MEN<strong>DO</strong>NÇA, 2003).<br />

A promoção do consumo sustentável depende da conscientização dos indivíduos da importância<br />

de tornarem-se consumidores responsáveis. Depende ainda de um trabalho voltado para a<br />

formação do consumidor-cidadão. Esse trabalho educativo é essencialmente político, pois implica<br />

a tomada de consciência do consumidor do seu papel de ator de transformação do modelo<br />

econômico em vigor em prol de um novo sistema, de uma presença mais equilibrada do ser<br />

humano na Terra. O consumidor é ator de transformação, já que tem em suas mãos o poder de<br />

exigir um padrão de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente equilibrado (FURRIELA,<br />

2001).<br />

O consumidor consciente tem como principal característica a análise crítica que faz, no momento<br />

da escolha de consumo, quanto aos impactos socioambientais que o seu ato de compra, uso ou<br />

descarte de um produto ou serviço pode vir a causar. Nesse sentido, ele procura equilibrar as suas<br />

necessidades pessoais com as necessidades da sociedade e as possibilidades do planeta. Por outro<br />

lado, O empoderamento propicia a cada indivíduo o domínio do estatuto de cidadania e,<br />

principalmente, a liberdade de decidir e controlar, de forma responsável e consciente, o seu<br />

próprio destino, dado que permite a ele atuar sobre questões coletivas que também o impactarão.<br />

(AKATU, 2005).<br />

Para alcançar esses resultados, o ponto de partida é a conscientização, a sensibilização a respeito<br />

da magnitude do problema da degradação dos recursos ambientais do planeta e suas<br />

consequências sobre a saúde e o modo de vida humana. Essa sensibilização depende de iniciativas<br />

na área da educação.<br />

Conforme MORIN (2007) a educação deve mostrar e ilustrar o destino multifacetado do humano:<br />

o destino da espécie humana, o destino individual, o destino social, o destino histórico, todos<br />

entrelaçados e inseparáveis. Assim, uma das vocações essenciais da educação do futuro será o<br />

exame e o estudo da complexidade humana.<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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A percepção dos alunos de duas instituições de ensino superior sobre consumo sustentável<br />

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Portanto, para que ocorra a formação/transformação de jovens questionadores, protagonistas,<br />

participativos e atuantes em prol do consumo sustentável é necessário uma educação propositiva,<br />

que vá além das necessidades básicas e imediatas, mas que busca a emancipação individual e a<br />

aquisição da consciência coletiva em prol de um mundo melhor e sustentável. É necessário que:<br />

Além da reforma do pensamento, necessitamos também de maior abertura do coração, para que,<br />

como humanidade, nós possamos pensar, sentir e agir de maneira mais plena, articulada e<br />

competente; de maneira mais humana e congruente com as necessidades apresentadas. Essa é<br />

uma das condições para que possamos trabalhar mais adequadamente os valores e as qualidades<br />

da sociedade almejada, bem como sentimentos, hábitos, atitudes e estilos mais saudáveis de vida.<br />

É preciso aprender a trabalhar melhor as múltiplas dimensões humanas e reconhecer que a<br />

dimensão espiritual encontra-se nutrida pela rede de relações, encontra-se nas subjetividades<br />

coletivas, na tessitura não-material na qual estamos todos envolvidos (Moraes, 2008, p. 180).<br />

3. MÉTO<strong>DO</strong> DE PESQUISA<br />

A parte empírica deste artigo, de natureza exploratória, consiste de uma pesquisa de campo<br />

qualitativa para o entendimento sobre a percepção dos alunos de duas instituições de ensino<br />

superior sobre o consumo sustentável a partir de suas atitudes e comportamentos. No entanto,<br />

seu caráter é considerado exploratório, uma vez, pouca literatura consistente sobre o assunto foi<br />

encontrada.<br />

O estudo tem por método a análise qualitativa (Vergara, 2006), realizado a partir de questionários<br />

preenchidos em site disponibilizado na internet com duas questões abertas e 38 questões<br />

fechadas. O questionário foi construído a partir de uma adaptação de pesquisa do Instituto<br />

AKATU(2005). Foram preenchidos 100 questionários, onde o perfil dos entrevistados indica em sua<br />

maioria uma faixa etária de 20 a 30 anos (83%), com renda entre R$2.000,00 a R$5.000,00. Para<br />

esta pesquisa não foi feita análise estatística, pois foi priorizada a forma descritiva e interpretativa<br />

dos dados frente à da contextualização da teoria.<br />

Das questões abordadas oito são questões demográficas para caracterização do perfil da amostra,<br />

20 dizem respeito aos hábitos de consumo sobre planejamento de compra de roupas e alimentos<br />

e dez dizem respeito aos hábitos pessoais como, por exemplo, se o individuo participa ativamente<br />

de movimentos para conscientização sobre sustentabilidade, tais como a denúncia de produtos<br />

com fabricação inadequada. As duas questões abertas tratam do significado de sustentabilidade<br />

no dia a dia do respondente.<br />

O tratamento dos dados foi realizado com a categorização das afirmações dos respondentes. Os<br />

dados foram analisados à luz da teoria desenvolvida no referencial alinhando a percepção dos<br />

jovens às questões de sustentabilidade e consumo consciente.<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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Afonso, Carla Winter<br />

Petroni, Liége Mariel<br />

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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO <strong>DO</strong>S RESULTA<strong>DO</strong>S<br />

A pesquisa teve por objetivo analisar se a percepção dos respondentes sobre sustentabilidade<br />

influenciava nos padrões de comportamento de consumo. Morin (2007) afirma que educação e<br />

conhecimento levam ao entendimento e alterações, que supostamente poderiam levar a novos<br />

padrões de consumo. No entanto, a pesquisa corrobora tal fato em apenas alguns momentos.<br />

A compreensão do termo sustentabilidade parece clara entre os respondentes, dado trechos<br />

abaixo identificados nas questões abertas:<br />

Entendo sustentabilidade como nossa responsabilidade frente aos recursos que são finitos<br />

no nosso planeta.<br />

O termo sustentabilidade remete a ideia de comprar com responsabilidade sobre os<br />

descartes.<br />

Sustentar significa pensar no futuro e nos recursos naturais que possuímos.<br />

Vemos que existe compreensão geral do termo, envolvendo trabalhar os recursos no longo prazo,<br />

no entanto tal compreensão não se consubstancia em comportamento muitas vezes. Por exemplo,<br />

43% dos entrevistados não fecham a torneira enquanto escovam os dentes. São comportamentos<br />

simples e diários, assim como, algumas vezes 68% dos respondentes evitam deixar lâmpadas<br />

acessas em lugares desocupados. Ou mesmo esperar que os alimentos esfriem para colocar na<br />

geladeira (44%).<br />

Tais questões são de ordem de comportamentos pessoais e diários, mas dão dicas sobre a relação<br />

entre o grau de consciência demonstrado nas respostas abertas, com o comportamento em si.<br />

Quando questionados sobre desligar aparelhos ao parar de usá-los, 58% responderam que quase<br />

sempre fazem isso. Talvez isto se relacione com o fato de maior parte usar computadores e tal<br />

prática já está disseminada nos eletrônicos.<br />

No entanto, maior parte dos entrevistados afirmou planejar compras de roupas com mais<br />

frequência (78%) com que planejam compra de alimentos (47%). São índices altos que<br />

demonstram preocupações de planejamento de compras de forma geral, usualmente ligados ao<br />

fator limitador financeiro. Como todas as questões do questionário se relacionavam com<br />

sustentabilidade, também existe possibilidade de relação com a preocupação “verde”.<br />

Quase sempre os respondentes pedem nota fiscal do produto (48%), o que significa um certo grau<br />

de conscientização geral, mesmo que não sobre sustentabilidade. Respondentes também lêem<br />

atentamente os rótulos (51%) antes de comprar, o que implica num grau de conscientização sobre<br />

a importância da procedência dos produtos. Mesmo que tal preocupação não implique<br />

diretamente na alteração do padrão de compra de produtos.<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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A percepção dos alunos de duas instituições de ensino superior sobre consumo sustentável<br />

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A pesquisa realizada pelo AKATU (2010), demonstra que 84% dos consumidores não conhecem, ou<br />

não sabem definir, ou apresentam uma definição incorreta para o termo Sustentabilidade, e<br />

apenas 16% dos consumidores apresentam alguma definição correta para esse termo, em geral<br />

próxima à questão ambiental. Para o AKATU, o debate sobre Sustentabilidade e RSE está<br />

permeado de conceitos abstratos, acessíveis a uma parcela ainda pequena dos consumidores. Há<br />

um desafio de “traduzir” esses conceitos para uma linguagem e experiência mais próxima ao<br />

consumidor comum, de forma a sensibilizá-lo para a questão, ampliar seus horizontes sobre o<br />

impacto do consumo cotidiano para toda a sociedade e transformar suas atitudes e<br />

comportamentos.<br />

A questão da reciclagem também foi abordada: 50% dos respondentes afirmaram que não<br />

praticam reciclagem em casa. Tal fato pode estar relacionado à disponibilidade de coleta seletiva,<br />

que em uma das cidades dos respondentes pesquisados a mesma está restrita a apenas alguns<br />

bairros. Mesmo assim, 39% dos respondentes afirmam que, em raras oportunidades, praticam<br />

reciclagem e 11% algumas vezes.<br />

A informação sobre produtos também é disseminada entre os respondentes, 69% afirmam que<br />

sempre que podem passam informação adiante sobre qualidade e procedência de produtos.<br />

De modo a tentar identificar se os respondentes possuem a compreensão de suas escolhas na<br />

compra de produtos, foram abordados os padrões de consumo dos mais simples como a<br />

frequência com que estes compram produtos orgânicos, ou padrões mais complexos como checar<br />

a procedência de produtos (16 % checam algumas vezes a procedência dos produtos em termos<br />

de selo verde, certificações) antes do consumo.<br />

Nas figuras 1 e 2 percebemos que a compra de produtos reciclados é bastante comum neste perfil<br />

de respondentes, ao contrário da compra de produtos orgânicos, o que parece lógico visto que a<br />

questão da reciclagem vem sendo abordado pelo mercado, muito mais tempo que os produtos<br />

orgânicos. O que implica que a elevação do grau de consciência pode trazer sim novos perfis de<br />

consumo no longo prazo.<br />

Figura1 – Compra de produtos orgânicos<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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Afonso, Carla Winter<br />

Petroni, Liége Mariel<br />

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Figura 2 – Compra de produtos reciclados<br />

A pesquisa do AKATU (2005), demonstrou que, o baixo percentual de resposta "sempre" para a<br />

questão "Verificar certificação ambiental na compra de produtos de madeira ou de origem<br />

florestal" (17%) pode decorrer da dificuldade em se obter a informação quanto à certificação (a<br />

maioria dos produtos ainda não a traz) ou ao preço, geralmente maior,desse tipo de produto. E<br />

que, a alta incidência da resposta "às vezes", indica que possivelmente há interesse do consumidor<br />

nesse tipo de consideração. Ainda sobre esta questão, refletindo sobre os 53% de resposta<br />

"raramente ou nunca", cabe lembrar que a freqüência de compra de produtos de madeira (como<br />

móveis ou materiais de construção,principalmente) é relativamente baixa,sendo um aspecto<br />

distante do cotidiano da maioria da população.Vale também lembrar que outros produtos de<br />

origem florestal – como essências cosméticas ou medicinais e alguns itens de alimentação –<br />

muitas vezes não tem sua origem percebida pelo consumidor.<br />

O grau de conscientização parece estar relacionado, também, com o número de vezes que o<br />

consumidor faz reclamações nos órgãos de defesa. A pesquisa mostrou que 84% dos respondentes<br />

não apresentaram reclamações nos últimos seis meses. Não podemos chegar a maiores<br />

conclusões sobre as razões deste comportamento, mas podemos assumir que talvez a faixa etária,<br />

a cultura e a educação dos respondentes influencie as respostas encontradas.<br />

Por outro lado, conforme demonstrado na figura 3, um percentual considerável (36%) dos<br />

respondentes fazem ocasionalmente denúncias sobre organizações que causam danos ambientais,<br />

já 65% o fazem raramente. No entanto, 89% raramente ou nunca deixam de comprar produtos<br />

como punição por terem feito algo para prejudicar o meio ambiente.<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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A percepção dos alunos de duas instituições de ensino superior sobre consumo sustentável<br />

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Figura 3 – Denúncia danos ambientais<br />

Os dados levantados apresentam um grau de sinergia junto à pesquisa realizada pelo AKATU<br />

(2005), pois nesta, os consumidores informados e ativos no exercício do consumo consciente<br />

tende a cuidar mais dos seus próprios atos do que a agir em prol da mobilização social, e também<br />

prefere ser mais propositiva a ser punitiva em relação às empresas. Mais gente se dispõe a<br />

comprar produtos para incentivar as empresas responsáveis do que a deixar de fazê-lo para punir<br />

as irresponsáveis.<br />

Uma pergunta pareceu quase unanimidade relacionada à doação de roupas e alimentos, em que<br />

78% dos respondentes afirmam fazer sempre ou ocasionalmente. Apesar de pensarmos não ter<br />

relação direta com responsabilidade social, tal fato ativa um comportamento socialmente<br />

responsável. A educação e a formação indicam uma tendência natural para uma preocupação<br />

geral social.<br />

O Ministério do Meio Ambiente, no manual de educação para o consumo sustentável (2005),<br />

menciona que, os bens, em todas as culturas, funcionam como manifestação concreta dos valores<br />

e da posição social de seus usuários. Na atividade de consumo se desenvolvem as identidades<br />

sociais e sentimos que pertencemos a um grupo e que fazemos parte de redes sociais. O consumo<br />

envolve também coesão social, produção e reprodução de valores. Desta forma, não é uma<br />

atividade neutra, individual e despolitizada. Ao contrário, trata-se de uma atividade que envolve a<br />

tomada de decisões políticas e morais praticamente todos os dias. Quando consumimos, de certa<br />

forma manifestamos a forma como vemos o mundo.<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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Afonso, Carla Winter<br />

Petroni, Liége Mariel<br />

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Esta pesquisa demonstra que, quase 99% dos respondentes, raramente ou ocasionalmente<br />

discutem com amigos e familiares como podem atuar com relação à questão ambiental. Há,<br />

portanto, uma pequena conexão entre valores éticos, escolhas políticas, visões sobre a natureza e<br />

comportamentos relacionados às atividades de consumo.<br />

Consumir é um ato de escolha, que também se relaciona diretamente com o ambiente de inserção do<br />

respondente, de forma que se há uma alteração nos padrões de comportamento social, também será<br />

alterada a forma de consumo. Se a sustentabilidade passar a ser uma atitude diária, também a compra de<br />

produtos sustentáveis será comum e frequente. Da mesma forma, o consumidor, segundo GOMES (2006),<br />

deve ser incentivado a fazer com que o seu ato de consumo seja também um ato de cidadania, ao escolher<br />

em que mundo quer viver. Cada pessoa deve escolher produtos e serviços que satisfaçam suas<br />

necessidades sem prejudicar o bem-estar da coletividade, seja ela atual ou futura.<br />

De forma geral, as respostas indicam uma pequena alteração de comportamento e atitude, possivelmente<br />

proveniente do grau de conscientização social, ainda que os de jovens entrevistados não possuam uma<br />

responsabilidade mais consciente na compra direta de produtos. Assim sendo, a educação possui papel<br />

fundamental na formulação de uma nova mentalidade, e a educação para o consumo é elemento-chave na<br />

conscientização dos jovens em relação à sua responsabilidade social na busca do desenvolvimento<br />

sustentável do planeta.<br />

5. CONCLUSÃO<br />

Grande parte da aprendizagem e das habilidades essenciais para viver depende do meio social que nos<br />

rodeia e das relações que se formam no seu interior.<br />

O consumo está determinado por diversos fatores, dentre eles podemos destacar os aspectos culturais,<br />

valores, atitudes e educação. Tais aspectos, dentre outros, se difundem por meio da família, escola, amigos<br />

e meios de comunicação. Nenhuma pessoa está fora de tais influências. Especificamente, no que se refere<br />

ao consumo, cada grupo social se conforma e compartilha crenças comuns e gerais e/ou consumindo<br />

determinados produtos ou serviços para satisfazer suas necessidades.<br />

Por fim, é importante ressaltar, que esta pesquisa não é um fim em si mesma, e sim o início de um processo<br />

que necessita ser aprofundado, discutido e compartilhado, tanto na seara acadêmica quanto em todos os<br />

ambientes da sociedade, de forma participativa e construtiva. Pois, somente assim, criaremos um contexto<br />

flexível pautado na intensidade do diálogo o que permitirá a criação de ambientes educativos cooperativos<br />

e solidários em que perguntas e questões despertam a curiosidade, aumentam a sensibilidade e a<br />

percepção dos problemas que envolvem as diferentes interfaces que compõem a sustentabilidade,em<br />

especial, o consumo consciente, objeto deste estudo.<br />

Os dados aqui apresentados, ainda que, com a necessidade de amplitude numérica e de profundidade de<br />

análise, nos permite corroborar tais afirmações.<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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A percepção dos alunos de duas instituições de ensino superior sobre consumo sustentável<br />

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6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA<br />

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XIV Encontro Nacional de Gestão Empresarial e Meio Ambiente - ENGEMA, São Paulo, 2012.<br />

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