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XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO<br />

A Engenharia <strong>de</strong> Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão.<br />

Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009<br />

EFETIVIDADE DOS PLANOS DE<br />

CONTROLE PARA AUTO-GESTÃO DAS<br />

OPERAÇÕES DE MONTAGEM: O CASO<br />

DE UMA INDÚSTRIA CALÇADISTA<br />

Amanda Herculano da Costa (UFPB)<br />

amandacostajp@hotmail.com<br />

Jailson Ribeiro <strong>de</strong> Oliveira (UNIUOL)<br />

jailsonribeiro@gmail.com<br />

O presente artigo aborda a <strong>gestão</strong> da qualida<strong>de</strong> no processo produtivo<br />

<strong>de</strong> uma Indústria <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong> e tem como objetivo analisar a<br />

<strong>efetivida<strong>de</strong></strong> do <strong>auto</strong>-gerenciamento proposto pelo plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong><br />

numa célula <strong>de</strong> montagem. Realizou-se um compaarativo com os da<strong>dos</strong><br />

obti<strong>dos</strong>, através <strong>de</strong> questionário, da célula que possui plano <strong>de</strong><br />

<strong>controle</strong> (célula A) com os da<strong>dos</strong> da célula que não possui plano <strong>de</strong><br />

<strong>controle</strong> (célula B). Conclui-se que os <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> aplica<strong>dos</strong><br />

numa célula <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong> são efetivos na <strong>auto</strong>-<strong>gestão</strong>,<br />

pois estabelecem itens <strong>de</strong> checagem que promovem avaliações<br />

periódicas, mantendo <strong>controle</strong> nas operações críticas do processo,<br />

além <strong>de</strong> evitar reincidências <strong>de</strong> problemas e registrar medi<strong>das</strong> toma<strong>das</strong><br />

anteriormente.<br />

Palavras-chaves: Controle da produção, Autogerenciamento, Célula<br />

<strong>de</strong> montagem, Indústria <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong>.


1. Introdução<br />

XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO<br />

A Engenharia <strong>de</strong> Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão<br />

Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009<br />

A preocupação com a qualida<strong>de</strong> tornou-se fundamental no processo competitivo, o que tem<br />

resultado numa proliferação <strong>de</strong> programas e técnicas, bem como numa infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

organizações <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os portes que citam a preocupação com a qualida<strong>de</strong> como fundamental.<br />

Baseando-se nesta observação, a área organizacional tem apresentado um interesse acentuado<br />

sobre o tema, e vem <strong>de</strong>senvolvendo e aprimorando abordagens e metodologias <strong>de</strong>stina<strong>das</strong> ao<br />

realinhamento estratégico entre sua estrutura, objetivos e processos. A realida<strong>de</strong> em questão<br />

torna complexa a escolha <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> técnicas e ferramentas a<strong>de</strong>qua<strong>das</strong> às<br />

necessida<strong>de</strong>s e características <strong>de</strong> cada caso.<br />

Nesse cenário, a indústria calçadista brasileira <strong>de</strong>tém mo<strong>de</strong>rnos conceitos <strong>de</strong> administração <strong>de</strong><br />

produção e <strong>gestão</strong> <strong>de</strong> fabricação, como just- in- time e <strong>de</strong>mais processos internacionais <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong>, tornando-a uma indústria altamente especializada em to<strong>dos</strong> os tipos <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong>.<br />

Mais especificamente na empresa objeto <strong>de</strong> estudo, a aplicação <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnas tecnologias na<br />

<strong>gestão</strong> <strong>de</strong> pessoas, processos, produtos e serviços, busca a antecipação <strong>de</strong> tendências e gera<br />

alta competitivida<strong>de</strong>. A empresa trabalha com layout celular, on<strong>de</strong> os postos <strong>de</strong> trabalho estão<br />

próximos um <strong>dos</strong> outros, contribuindo <strong>para</strong> a redução da movimentação <strong>de</strong> máquinas. Na<br />

produção, existem rodízios <strong>de</strong> postos <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong> que to<strong>dos</strong> exerçam e dominem outras<br />

funções.<br />

Uma <strong>das</strong> ferramentas <strong>de</strong>senvolvida e implementada na empresa visando controlar operações é<br />

o plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, que envolve o <strong>controle</strong> <strong>dos</strong> processos por parte do executor da função, <strong>de</strong><br />

tal forma que qualquer <strong>de</strong>svio da especificação da qualida<strong>de</strong> possa ser corrigido antes que<br />

produtos <strong>de</strong>feituosos ou não-conformes sejam fabrica<strong>dos</strong>, a fim <strong>de</strong> assegurar total<br />

disponibilida<strong>de</strong> da qualida<strong>de</strong> exigida pelo consumidor.<br />

No plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, cada processo/operação é controlado individualmente, levando em<br />

conta suas especificações. As pessoas-chave na prática do <strong>controle</strong> da qualida<strong>de</strong> são as que<br />

realmente produzem o produto, os operadores, juntamente com lí<strong>de</strong>res e supervisores da<br />

produção.<br />

Buscando maior confiabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus processos e, por conseguinte, qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ve-se levar<br />

em conta que quase to<strong>das</strong> as operações <strong>de</strong> processamento apresentam variação inerente. A<br />

capacida<strong>de</strong> do processo é amplamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tolerâncias em especificações atribuí<strong>das</strong><br />

a itens a serem produzi<strong>dos</strong> com esse processo, sendo necessário estabelecer padrões. Os<br />

<strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> <strong>de</strong>finem as variáveis envolvi<strong>das</strong> em cada etapa <strong>dos</strong> processos, as variações<br />

permiti<strong>das</strong> em cada variável e os <strong>planos</strong> <strong>de</strong> reação <strong>para</strong> cada etapa do processo.<br />

Nesse contexto, faz-se necessário investigar o seguinte problema <strong>de</strong> pesquisa: é efetiva a<br />

aplicação do plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong> <strong>para</strong> <strong>auto</strong>-<strong>gestão</strong> <strong>de</strong> uma célula <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong>?<br />

Portanto, o objetivo principal do trabalho é analisar a <strong>efetivida<strong>de</strong></strong> do <strong>auto</strong>-gerenciamento<br />

proposto pelo Plano <strong>de</strong> Controle numa célula <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong>. Além disso, o estudo<br />

também preten<strong>de</strong> verificar o nível <strong>de</strong> qualificação <strong>dos</strong> operadores no <strong>controle</strong> <strong>dos</strong> pontos<br />

críticos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e mensurar os indicadores <strong>de</strong> <strong>efetivida<strong>de</strong></strong> do plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong> na célula<br />

através <strong>de</strong> um com<strong>para</strong>tivo entre células.<br />

2. Revisão bibliográfica<br />

A busca pela competitivida<strong>de</strong> tem levado às organizações a adotarem estratégias diferencia<strong>das</strong><br />

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e criativas <strong>para</strong> elevar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus produtos e serviços. Então, estu<strong>dos</strong> são realiza<strong>dos</strong><br />

<strong>para</strong> fortalecer e melhorar a construção <strong>de</strong> novas parcerias e <strong>para</strong> a mo<strong>de</strong>rnização e melhoria<br />

<strong>dos</strong> processos <strong>de</strong> <strong>gestão</strong>. Focalizando a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> processos <strong>de</strong> <strong>gestão</strong>, é<br />

consenso que toda e qualquer melhoria seja realizada continuamente.<br />

2.1. Gestão da Qualida<strong>de</strong><br />

No atual cenário competitivo, percebe-se um intenso movimento em busca da qualida<strong>de</strong>. As<br />

organizações têm que gerar qualida<strong>de</strong>, não apenas como uma estratégia <strong>de</strong> diferenciação,<br />

como também como condição <strong>de</strong> existência. De acordo com Oliveira (2004, p. 3), a<br />

preocupação com a qualida<strong>de</strong> nasceu há alguns milhares <strong>de</strong> anos, por volta <strong>de</strong> 2150 a.C. O<br />

código <strong>de</strong> Hamurabi já <strong>de</strong>monstrava uma preocupação com a durabilida<strong>de</strong> e funcionalida<strong>de</strong><br />

<strong>das</strong> habitações produzi<strong>das</strong> na época, <strong>de</strong> tal forma que, se um construtor negociasse um imóvel<br />

que não fosse sólido o suficiente <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r à sua finalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sabasse, ele, o construtor,<br />

seria sacrificado.<br />

Os consumidores sempre tiveram o cuidado <strong>de</strong> inspecionar os bens e serviços antes <strong>de</strong><br />

adquiri-los. São várias as histórias a respeito da preocupação com a qualida<strong>de</strong>, o que nos leva<br />

a perceber que foi um “longo” caminho <strong>para</strong> que teorias e práticas da <strong>gestão</strong> da qualida<strong>de</strong><br />

chegassem até o estágio atual. No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido.<br />

2.1.1. Evolução da qualida<strong>de</strong><br />

Oliveira (2004, p. 4) distingue três gran<strong>de</strong>s etapas na evolução da qualida<strong>de</strong>: era da inspeção,<br />

era do <strong>controle</strong> estatístico e era da qualida<strong>de</strong> total. Na Era da Inspeção no final do século<br />

XVIII e no início do século XIX, quando a ativida<strong>de</strong> produtiva era artesanal e em pequena<br />

escala, os artesãos eram os responsáveis pela construção <strong>de</strong> qualquer produto e por sua<br />

qualida<strong>de</strong> final.<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da industrialização e o advento da produção em massa, tornou-se<br />

necessário um sistema baseado em inspeções, on<strong>de</strong> um ou mais atributos <strong>de</strong> um produto eram<br />

examina<strong>dos</strong>, medi<strong>dos</strong> ou testa<strong>dos</strong>, a fim <strong>de</strong> assegurar a sua qualida<strong>de</strong>. Surge então a Era do<br />

Controle Estatístico da qualida<strong>de</strong> na década <strong>de</strong> 1930, alguns <strong>de</strong>senvolvimentos significativos<br />

começaram a ocorrer, entre eles o trabalho <strong>de</strong> pesquisadores <strong>para</strong> resolver problemas<br />

referentes à qualida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> produtos da Bell Telephone, nos EUA.<br />

Deming foi o primeiro a reconhecer a variabilida<strong>de</strong> como inerente aos processos industrias e a<br />

utilizar técnicas estatísticas <strong>para</strong> o <strong>controle</strong> <strong>de</strong> processos. Uma po<strong>de</strong>rosa ferramenta<br />

<strong>de</strong>senvolvida por ele foi o gráfico <strong>de</strong> <strong>controle</strong> <strong>de</strong> processo, ainda utilizado.<br />

O advento da Segunda Guerra Mundial <strong>de</strong>mandou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> outras técnicas <strong>para</strong><br />

combater a ineficiência e impraticabilida<strong>de</strong> apresentada pela inspeção 100% na produção em<br />

massa <strong>de</strong> armamentos e munições.<br />

Assim, nasce a Era da Garantia da Qualida<strong>de</strong> entre 1950 e 1960, on<strong>de</strong> vários trabalhos foram<br />

publica<strong>dos</strong> ampliando o campo <strong>de</strong> abrangência da qualida<strong>de</strong>. Prevenção passou a ser<br />

enfatizada e as técnicas emprega<strong>das</strong> foram além <strong>das</strong> ferramentas estatísticas, incluindo<br />

conceitos, habilida<strong>de</strong>s e técnicas gerenciais.<br />

Em suma, as etapas do processo evolutivo são:<br />

Era da Inspeção: produtos verifica<strong>dos</strong> um a um, o cliente participa da inspeção e a<br />

inspeção encontra <strong>de</strong>feitos, mas não produz qualida<strong>de</strong>;<br />

Era do Controle Estatístico: os produtos são verifica<strong>dos</strong> por amostragem, um<br />

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<strong>de</strong>partamento especializado faz inspeção da qualida<strong>de</strong>, e ênfase na localização <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos;<br />

Era da Qualida<strong>de</strong> Total: o processo produtivo é controlado, toda empresa é responsável,<br />

ênfase na prevenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos e qualida<strong>de</strong> assegurada;<br />

2.1.2. Princípios da qualida<strong>de</strong><br />

De acordo com Oliveira (2004), o sucesso do <strong>de</strong>senvolvimento e implementação da qualida<strong>de</strong><br />

total em organizações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>dos</strong> seguintes princípios:<br />

Total satisfação do cliente: o cliente é o foco principal <strong>de</strong> todo processo organizacional,<br />

on<strong>de</strong> to<strong>das</strong> as <strong>de</strong>cisões e tarefas operacionais levam em conta as expectativas do<br />

consumidor e tentar superá-las;<br />

Gerência participativa: o encarregado <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada tarefa tem mais condições <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar as principais dificulda<strong>de</strong>s na sua execução e até <strong>de</strong> propor soluções;<br />

Desenvolvimento <strong>de</strong> recursos humanos: preocupação constante com capacitação, a fim <strong>de</strong><br />

possibilitar ao quadro <strong>de</strong> pessoal o contínuo <strong>de</strong>senvolvimento e aprimoramento. Além <strong>de</strong><br />

oferecer remunerações justas;<br />

Constância <strong>de</strong> propósitos: o sucesso da implantação e manutenção <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong><br />

<strong>gestão</strong> pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> que a organização, pelo compromisso da alta direção,<br />

<strong>de</strong>spenda gran<strong>de</strong> esforço no sentido <strong>de</strong> modificar a cultura organizacional <strong>de</strong> maneira que<br />

haja persistência, continuida<strong>de</strong> e convergência <strong>de</strong> propósitos <strong>para</strong> conquista <strong>de</strong> objetivos<br />

previamente estabeleci<strong>dos</strong>;<br />

Aperfeiçoamento contínuo do sistema: é necessário acompanhar as mudanças do mercado<br />

e da socieda<strong>de</strong> como um todo, buscando monitorar tendências do comportamento do<br />

consumidor, possibilitando que os objetivos e atitu<strong>de</strong>s <strong>das</strong> organizações estejam alinha<strong>dos</strong><br />

com os anseios <strong>dos</strong> clientes;<br />

Gestão e <strong>controle</strong> <strong>de</strong> processos: há diversas ferramentas na administração da produção que<br />

auxiliam na otimização e análise <strong>dos</strong> processos: fluxograma, carta <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> tempos e<br />

movimentos, carta <strong>de</strong> <strong>controle</strong> estatístico do processo etc. Esses instrumentos possibilitam<br />

gerir, controlar e otimizar os processos executa<strong>dos</strong> tanto nas empresas industriais como<br />

nas <strong>de</strong> serviços;<br />

Disseminação <strong>de</strong> informações: a divulgação eficiente e sistematizada <strong>de</strong> informações nas<br />

organizações, que se propõem a adotar um sistema <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> da qualida<strong>de</strong>, é condição<br />

fundamental <strong>para</strong> o alcance <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> preestabeleci<strong>dos</strong>.<br />

Delegação: a transferência consciente e planejada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>para</strong> escalões inferiores<br />

possibilita inúmeros benefícios às organizações.<br />

2.2. Total quality management - TQM<br />

A <strong>de</strong>cadência do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> produção em massa, no final da década <strong>de</strong> 1970, ocasionou uma<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar arranjos organizacionais mais flexíveis. As novas técnicas <strong>de</strong> <strong>gestão</strong><br />

utiliza<strong>das</strong> pelos japoneses atendiam ao aumento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> produtos com qualida<strong>de</strong><br />

assegurada, <strong>de</strong> forma mais ágil, gerando uma nova realida<strong>de</strong> na produção industrial.<br />

Mudanças mercadológicas trouxeram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas inovadoras <strong>de</strong> administração e<br />

estruturação <strong>dos</strong> sistemas produtivos, <strong>de</strong>ntre as quais está o TQM (Total Quality<br />

Management) ou <strong>gestão</strong> da qualida<strong>de</strong> total. TQM é um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>gestão</strong> que busca<br />

flexibilida<strong>de</strong>, envolvendo a mudança do <strong>de</strong>senho organizacional, componentes técnicos,<br />

comportamentais e culturais.<br />

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Segundo Slack et al. (1999), a noção <strong>de</strong> administração da qualida<strong>de</strong> total foi introduzida por<br />

Feigenbaum, em 1957. A partir <strong>de</strong> então, tem sido discutida por vários estudiosos, que<br />

abordam o tema sob os mais diversos aspectos, merecendo <strong>de</strong>staque, os gurus da qualida<strong>de</strong>:<br />

Deming, Juran, Ishikawa, Taguchi e Crosby.<br />

Total Quality Management – TQM é um sistema eficaz <strong>para</strong> integrar esforços <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, manutenção e melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários grupos <strong>de</strong> uma organização,<br />

permitindo levar a produção e o serviço aos níveis mais econômicos da operação, e que<br />

atendam amplamente à satisfação do cliente (FEIGENBAUM, apud SLACK et al. 1999).<br />

Esta nova abordagem da qualida<strong>de</strong> apresenta pontos distintos da visão tradicional <strong>de</strong> <strong>controle</strong><br />

da qualida<strong>de</strong>. Algumas críticas são feitas à visão tradicionais do <strong>controle</strong> da qualida<strong>de</strong>, como<br />

o fato <strong>de</strong>sta aceitar um certo grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos por lote <strong>de</strong> produtos. Essa visão afirma que o<br />

“zero <strong>de</strong>feitos” é impossível <strong>de</strong> ser atingido e um certo número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos é aceitável.<br />

O conceito <strong>de</strong> gerenciamento da qualida<strong>de</strong> total é um conceito abrangente que envolve não<br />

somente aspectos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> mas também ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> benckmark, projeto <strong>de</strong> produtos e<br />

<strong>de</strong> processos, suprimentos, logística e solução <strong>de</strong> problemas, e está totalmente apoiado nas<br />

pessoas da empresa (MARTINS & LAUGENI, 1998).<br />

TQM coloca o consumidor na linha <strong>de</strong> frente no processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>para</strong> a<br />

qualida<strong>de</strong>, suas necessida<strong>de</strong>s e expectativas são sempre consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> nas medi<strong>das</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho em qualida<strong>de</strong>. O TQM é uma filosofia que po<strong>de</strong> ser aplicada em to<strong>das</strong> as partes<br />

da organização, um <strong>de</strong> seus conceitos central é o uso <strong>de</strong> consumidores e <strong>de</strong> fornecedores<br />

internos que possibilitam a cada parte da organização i<strong>de</strong>ntificar sua contribuição <strong>para</strong> a<br />

qualida<strong>de</strong> total.<br />

2.3. Gestão da Produção<br />

2.3.1. Sistema <strong>de</strong> produção<br />

Sistema <strong>de</strong> produção “é o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e operações inter-relaciona<strong>das</strong> envolvi<strong>das</strong> na<br />

produção <strong>de</strong> bens (caso <strong>de</strong> indústrias) ou serviços” Moreira (2004). Para Tubino (1997),<br />

sistemas produtivos abrangem não só a produção <strong>de</strong> bens, como também a <strong>de</strong> serviços. Nos<br />

dois casos, as empresas lidam com diversos problemas encontra<strong>dos</strong> durante a previsão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>man<strong>das</strong>, elaboração da seqüência da produção, planejamento e acompanhamento <strong>dos</strong><br />

estoques, motivação, capacitação, etc. Com isso, o mesmo <strong>auto</strong>r traz que “a eficiência <strong>de</strong><br />

qualquer sistema produtivo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da forma como esses problemas são resolvi<strong>dos</strong>”, isto é,<br />

do planejamento, da programação e do <strong>controle</strong> do sistema como um todo.<br />

Segundo o conceito dado por Riggs apud Russomano (1986) sistema <strong>de</strong> produção é “um<br />

processo planejado, pelo qual elementos são transforma<strong>dos</strong> em produtos úteis”, ou seja,<br />

utiliza-se to<strong>das</strong> as informações disponíveis e as organiza <strong>de</strong> forma a fabricar produtos que<br />

atendam as necessida<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> clientes.<br />

Conforme o ponto <strong>de</strong> vista <strong>dos</strong> <strong>auto</strong>res cita<strong>dos</strong>, po<strong>de</strong>-se inferir que o conhecimento <strong>de</strong>talhado<br />

do <strong>de</strong>sempenho do sistema produtivo aliado à experiência profissional <strong>de</strong> quem o comanda<br />

são fatores <strong>de</strong>cisivos na garantia do bom <strong>de</strong>sempenho do sistema produtivo <strong>de</strong> uma<br />

organização.<br />

O objetivo <strong>de</strong> uma empresa industrial é converter os recursos <strong>de</strong> produção em produtos<br />

termina<strong>dos</strong> e torná-los acessíveis aos consumidores. E <strong>para</strong> isso, não apenas a área <strong>de</strong><br />

produção é responsável, pois é necessária a comercialização <strong>dos</strong> produtos acaba<strong>dos</strong>, troca <strong>de</strong><br />

informações entre as áreas <strong>para</strong> toma<strong>das</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e consequentemente <strong>para</strong> o bom<br />

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<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> todo o sistema, ou seja, é preciso respeitar do ponto <strong>de</strong> vista holístico, o<br />

sistema empresarial como um todo.<br />

Dentro <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> produção distinguem-se alguns elementos constituintes, que são:<br />

insumos, processo <strong>de</strong> criação ou conversão, os produtos ou serviços e o subsistema <strong>de</strong><br />

<strong>controle</strong>.<br />

Insumos são os recursos que serão transforma<strong>dos</strong> diretamente em produtos, as matérias<br />

primas são um exemplo, e mais os recursos que movimentam o sistema, como os operadores,<br />

o capital, as ferramentas, as máquinas, o conhecimento, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

O processo <strong>de</strong> conversão, em manufatura, transforma o formato <strong>das</strong> matérias-primas ou a<br />

composição e a forma <strong>dos</strong> recursos. Já em serviços, não existe propriamente uma<br />

transformação, pois o serviço é criado.<br />

Sistema <strong>de</strong> <strong>controle</strong> correspon<strong>de</strong> ao conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que busca assegurar o<br />

cumprimento <strong>de</strong> programações e padrões, eficácia na utilização <strong>dos</strong> recursos e obtenção da<br />

qualida<strong>de</strong>, ou seja, é um mecanismo <strong>de</strong> verificação on<strong>de</strong> é possível analisar se as ativida<strong>de</strong>s<br />

realiza<strong>das</strong> pela empresa estão <strong>de</strong> acordo com as ativida<strong>de</strong>s programa<strong>das</strong>. Portanto, o sistema<br />

<strong>de</strong> <strong>controle</strong> promove a monitoração <strong>dos</strong> três componentes do sistema <strong>de</strong> produção. Caso haja<br />

alguma discrepância, medi<strong>das</strong> corretivas são efetua<strong>das</strong> <strong>de</strong> modo a garantir um bom<br />

<strong>de</strong>sempenho do sistema.<br />

É importante consi<strong>de</strong>rar que o sistema <strong>de</strong> produção funciona num ambiente aberto, sofrendo<br />

influências do ambiente interno e externo que po<strong>de</strong>m afetar no seu <strong>de</strong>sempenho. As<br />

influências do ambiente interno correspon<strong>de</strong>m às influências <strong>de</strong> outros setores funcionais da<br />

empresa, como finanças, marketing e recursos humanos.<br />

O setor <strong>de</strong> finanças busca recursos financeiros, ou seja, trabalhar numa base eficaz <strong>de</strong> custos e<br />

gerar lucros. Decisões <strong>de</strong>ssa área, como a escolha <strong>de</strong> máquinas ou pagamento <strong>de</strong> horas-extras,<br />

afetam o sistema <strong>de</strong> produção.<br />

O setor <strong>de</strong> marketing é responsável pela formação e manutenção da <strong>de</strong>manda <strong>para</strong> os produtos<br />

da empresa, buscando a satisfação <strong>dos</strong> clientes e consumidores e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos<br />

merca<strong>dos</strong> e produtos potenciais. É fundamental a ligação com o sistema <strong>de</strong> produção <strong>para</strong> que<br />

os recursos produtivos sejam utiliza<strong>dos</strong> efetivamente e <strong>para</strong> a manutenção <strong>dos</strong> níveis<br />

<strong>de</strong>seja<strong>dos</strong> <strong>de</strong> atendimento ao consumidor.<br />

Por fim, e não menos importante, o setor <strong>de</strong> recursos humanos, que é responsável pela<br />

captação e treinamento da mão-<strong>de</strong>-obra, negociações salariais, <strong>de</strong>ntre outros. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

função indispensável <strong>para</strong> garantir o suprimento a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>para</strong> a produção.<br />

Em relação às influências externas, merecem <strong>de</strong>staque as condições econômicas e políticas do<br />

país, a globalização e a tecnologia. Portanto, o estudo e a compreensão <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> esses fatores<br />

é um ponto chave <strong>para</strong> a competitivida<strong>de</strong> da organização.<br />

2.3.2 . Arranjo físico e fluxo – layout industrial<br />

O layout, também conhecido como arranjo físico ou planejamento <strong>das</strong> instalações, tem por<br />

objetivo planejar a disposição <strong>das</strong> máquinas, <strong>dos</strong> equipamentos e <strong>dos</strong> serviços <strong>de</strong> suporte <strong>de</strong><br />

uma <strong>de</strong>terminada área, diminuindo o volume <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> materiais no fluxo produtivo. É<br />

mais fácil movimentar mo<strong>de</strong>los sobre uma folha <strong>de</strong> papel ao invés <strong>de</strong> ficar movimentando<br />

máquinas ou equipamentos numa <strong>de</strong>terminada área, rearranjando-os até conseguir a melhor<br />

situação.<br />

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Segundo Borba (1998), o arranjo físico (layout) procura uma combinação ótima <strong>das</strong><br />

instalações industriais e <strong>de</strong> tudo que concorre <strong>para</strong> a produção, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um espaço<br />

disponível, ou seja, visa harmonizar e integrar equipamento, mão <strong>de</strong> obra, material, áreas <strong>de</strong><br />

movimentação e estocagem.<br />

2.3.2.1. Tipos básicos <strong>de</strong> arranjo físico<br />

Slack et al. (1999) i<strong>de</strong>ntificam 5 tipos <strong>de</strong> layout:<br />

Arranjo físico posicional: usado quando os recursos em transformação não po<strong>de</strong>m ser<br />

movimenta<strong>dos</strong>. Ex.: pontes, prédios, manutenção, consultoria. Nesse tipo <strong>de</strong> arranjo o<br />

produto ou cliente não precisa ser movido ou perturbado e há uma alta varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tarefas. Porém, há um alto custo unitário, complexida<strong>de</strong> na programação e movimentação<br />

<strong>de</strong> equipamentos e mão-<strong>de</strong>-obra;<br />

Arranjo físico por processo (funcional): quando processos semelhantes (funções) são<br />

agrupa<strong>dos</strong>, e os produtos/clientes movem-se entre eles. É a<strong>de</strong>quado quando o fluxo não é<br />

fixo nem conhecido, e promove uma alta flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mix e produto, além <strong>de</strong> ser<br />

robusto à interrupção. Mas, há baixa utilização <strong>de</strong> recursos, po<strong>de</strong> gerar altos estoques em<br />

processo ou filas <strong>de</strong> clientes e resulta num fluxo complexo e <strong>de</strong> difícil <strong>controle</strong>;<br />

Arranjo físico por produto ou em linha: quando os recursos <strong>de</strong> transformação seguem uma<br />

seqüência específica <strong>para</strong> a melhor conveniência. Esse tipo <strong>de</strong> arranjo físico garante<br />

baixos custos unitários <strong>para</strong> altos volumes, especialização <strong>de</strong> equipamento, movimentação<br />

<strong>de</strong> clientes e materiais conveniente. Porém há baixa flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mix, pouca robustez<br />

contra interrupções e trabalho repetitivo;<br />

Arranjo físico misto ou híbrido: é uma combinação <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong> layout, quando<br />

operações combinam elementos <strong>de</strong> alguns ou <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os tipos básicos <strong>de</strong> arranjo físico<br />

em diferentes partes da operação;<br />

Arranjo físico celular: segundo Slack et. a. (1999), arranjo celular é aquele em que os<br />

recursos transforma<strong>dos</strong>, entrando na operação, são pré-seleciona<strong>dos</strong> <strong>para</strong> movimentar-se<br />

<strong>para</strong> uma parte específica da operação (ou célula) na qual to<strong>dos</strong> os recursos transforma<strong>dos</strong><br />

necessários a aten<strong>de</strong>r as suas necessida<strong>de</strong> imediatas <strong>de</strong> processamento se encontram.<br />

Esse tipo <strong>de</strong> arranjo físico otimiza custo/flexibilida<strong>de</strong> quando a varieda<strong>de</strong> é alta, melhora o<br />

lead-time e o trabalho em grupo. Porém, gera custo <strong>de</strong> reconfiguração do layout atual, po<strong>de</strong><br />

requer mais equipamento e ainda reduzir nível <strong>de</strong> utilização <strong>dos</strong> recursos.<br />

Layout celular geralmente é utilizado nas empresas que adotam o just-in-time. Apresenta-se<br />

sobre a forma <strong>de</strong> “U”, on<strong>de</strong> os postos <strong>de</strong> trabalho estão bastante próximos uns <strong>dos</strong> outros,<br />

evitando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> equipamentos caros <strong>de</strong> movimentação <strong>de</strong> materiais, sujeitos a<br />

quebras que limitam a flexibilida<strong>de</strong> <strong>das</strong> linhas.<br />

Nas indústrias calçadistas o layout celular está presente. Os primeiros grupos <strong>de</strong> trabalho<br />

surgiram no Japão, logo após a Segunda Guerra Mundial. Após a <strong>de</strong>rrota no Guerra, o país<br />

precisava reergue-se com urgência, porém não dispunham <strong>de</strong> recursos econômicos <strong>para</strong><br />

comprar equipamentos <strong>de</strong> produção. Então, os japoneses concentraram seus esforços na área<br />

intelectual, buscando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> trabalho coletivo e racional. A<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> esforços <strong>de</strong>spendi<strong>dos</strong> gerou inúmeras conquistas na área laborial em grupos.<br />

Em pouco tempo, outros países do Oriente começaram a utilizar as <strong>de</strong>scobertas japoneses em<br />

suas ativida<strong>de</strong>s produtivas, visando sua eficácia no tocante à otimização <strong>das</strong> forças e meios<br />

disponíveis.<br />

Na Europa, a Alemanha foi um <strong>dos</strong> pioneiros na adoção do sistema <strong>de</strong> trabalho em grupos no<br />

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setor coureiro/calçadista, há certa <strong>de</strong> 30 anos, alcançando resulta<strong>dos</strong> positivos em termos <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>. Na Itália, o sistema também <strong>de</strong>spertou a atenção <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong><br />

empresas que o aplicaram em suas diversas etapas produtivas.<br />

Os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> obtiveram ganhos produtivos com a técnica japonesa. No Brasil, as células<br />

<strong>de</strong> trabalho vêm sendo implementa<strong>das</strong> com sucesso, através <strong>de</strong> técnicos que têm <strong>de</strong>senvolvido<br />

estu<strong>dos</strong> <strong>para</strong> adaptá-los às nossas indústrias e ás características <strong>de</strong> nosso calçado.<br />

2.4. Equipes <strong>auto</strong>gerencia<strong>das</strong><br />

Empresas estruturalmente mais enxutas geram uma perspectiva <strong>de</strong> maior horizontalização da<br />

hierarquia, utilizando a sinergia entre as equipes como meio <strong>de</strong> envolvimento e<br />

comprometimento <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> nas <strong>de</strong>cisões e responsabilida<strong>de</strong>s na consecução <strong>dos</strong> objetivos<br />

organizacionais. Trata-se <strong>de</strong> uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação, posicionamento e <strong>controle</strong> pessoal<br />

<strong>dos</strong> funcionários em to<strong>dos</strong> os processos envolvi<strong>dos</strong> na sua ativida<strong>de</strong>.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> equipes autegerencia<strong>das</strong> permite um <strong>de</strong>senvolvimento mais rápido e contínuo, a<br />

elaboração <strong>de</strong> soluções mais criativas e efetivas.<br />

De acordo com Manz e Sims (1996), as equipes <strong>de</strong>vem possuir grau <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência,<br />

<strong>auto</strong>nomia, po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e flexibilida<strong>de</strong>. Pois essas são as características <strong>de</strong> uma equipe<br />

capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir acerca <strong>de</strong> suas tarefas <strong>para</strong> atingir <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> objetivos, através do <strong>auto</strong>gerenciamento.<br />

Segundo Orsburn et al. (1990), equipes <strong>auto</strong>gerenciáveis consiste num grupo <strong>de</strong><br />

colaboradores, com responsabilida<strong>de</strong> pelo processo ou segmento <strong>de</strong> trabalho que fornece um<br />

produto ou serviço a um cliente. Com interesses diferentes, os membros trabalham<br />

conjuntamente em busca <strong>de</strong> melhoria nas operações. Isto é, são os responsáveis tanto pela<br />

execução do trabalho como também pelo <strong>auto</strong>gerenciamento. Portanto, como numa célula <strong>de</strong><br />

montagem, to<strong>dos</strong> os membros compartilham responsabilida<strong>de</strong>s iguais, as equipes<br />

<strong>auto</strong>gerenciáveis se opõem ao conceito da linha <strong>de</strong> montagem, on<strong>de</strong> cada operador é<br />

responsável apenas por uma função técnica e restritiva.<br />

3. Procedimentos metodológicos<br />

O método utilizado foi o método <strong>de</strong> abordagem o <strong>de</strong>dutivo, que começa pela percepção da<br />

lacuna nos conhecimentos acerca da qual formula hipóteses e, pelo processo <strong>de</strong> inferência<br />

<strong>de</strong>dutiva, testa a predição da ocorrência <strong>de</strong> fenômenos abrangi<strong>dos</strong> pela hipótese (LAKATOS,<br />

1992).<br />

Neste trabalho, adotou-se, com base nos <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> do processo, a análise da<br />

<strong>efetivida<strong>de</strong></strong> do <strong>auto</strong>-<strong>controle</strong> <strong>de</strong> uma célula <strong>de</strong> produção. Parte-se da proposição <strong>de</strong> que o<br />

plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong> proporciona um <strong>auto</strong>-gerenciamento numa célula <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong>.<br />

Os principais <strong>auto</strong>res consulta<strong>dos</strong> em cada tema abordado foram:<br />

Gestão da Qualida<strong>de</strong>: Deming(1990); Juran(1990); Oliveira(2004);<br />

Gestão da Produção: Martins(1989); Moreira(2004); Slack(1999); Tubino(1997);<br />

Russomano(1986)<br />

A <strong>de</strong>finição do tipo da pesquisa baseia-se na taxionomia apresentada por Vergara (2006), que<br />

classifica a pesquisa sobre dois critérios básicos: quanto aos meios e quanto aos fins.<br />

Quanto aos meios <strong>de</strong> investigação pesquisa se caracteriza como um estudo <strong>de</strong> caso com<br />

pesquisa <strong>de</strong> campo, bibliográfica, documental e pesquisa-ação.<br />

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Quanto aos fins, esta pesquisa foi caracterizada como exploratória e intervencionista. A<br />

pesquisa exploratória busca garantir familiarida<strong>de</strong> com o problema com o objetivo <strong>de</strong> torná-lo<br />

explícito ou a elaborar hipóteses. Já sobre a pesquisa intervencionista, Vergara (2006) diz que<br />

é aquela que se fundamenta numa intervenção do pesquisador na realida<strong>de</strong> estudada, com a<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> modificá-la, <strong>de</strong> solucionar um problema. Para tanto, a presente pesquisa busca<br />

solucionar os problemas enfrenta<strong>dos</strong> pelas células através da <strong>de</strong>monstração da <strong>efetivida<strong>de</strong></strong> <strong>dos</strong><br />

<strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong>.<br />

A pesquisa foi realizada numa unida<strong>de</strong> produtiva <strong>de</strong> calça<strong>dos</strong> localizada na Paraíba. E teve<br />

como sujeitos os operadores e lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> duas células <strong>de</strong> montagem, sendo 20 da célula A e 18<br />

da célula B, totalizando 38 participantes.<br />

Para fins <strong>de</strong>ste estudo, adotou-se a técnica que utiliza instrumento sistematizado na coleta <strong>de</strong><br />

informações mensuráveis e faz parte, portanto, do caráter quantitativo da pesquisa: o<br />

questionário no formato <strong>de</strong> formulário.<br />

4. O Plano <strong>de</strong> Controle<br />

O plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong> é uma lista <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> processo que são controla<strong>dos</strong> pela equipe <strong>de</strong><br />

produção (operador, lí<strong>de</strong>r e supervisor). Essa ferramenta visa checar se os parâmetros <strong>das</strong><br />

máquinas e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> estão <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong> padrões <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong> pelo laboratório, assegurando<br />

a qualida<strong>de</strong> do produto final na estação <strong>de</strong> trabalho, que interferem diretamente na qualida<strong>de</strong><br />

final. Essa checagem <strong>de</strong>ve ser realizada duas vezes por turno, no início da produção e após a<br />

refeição, quando as máquinas estavam em pausa sendo necessário conferir se estão <strong>de</strong>ntro <strong>dos</strong><br />

parâmetros antes que se inicie a produção. As não-conformida<strong>de</strong>s são registra<strong>das</strong> no “diário<br />

<strong>de</strong> bordo”. São exemplos <strong>de</strong> parâmetros: temperatura, pressão e tempo.<br />

5. Análise <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong><br />

Dentre os entrevista<strong>dos</strong>, 20 operadores eram da célula A e 18 da célula B, cada operador<br />

analisou a operação que estava realizando no dia da aplicação do formulário, e alguns<br />

analisaram mais <strong>de</strong> uma operação, visto que estava atuando em mais <strong>de</strong> uma operação. A<br />

célula A utiliza a sistemática <strong>de</strong> <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, e a célula B não.<br />

É válido salientar que por mais tecnologia que se implemente na indústria calçadista, ela<br />

permanece baseada e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte na mão-<strong>de</strong>-obra, ou seja, a economia <strong>de</strong> matéria-prima, a<br />

produtivida<strong>de</strong> e a qualida<strong>de</strong> continuam <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da qualificação do operador. Além <strong>de</strong><br />

conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s técnicas, é preciso também <strong>de</strong>senvolver as competências<br />

intelectuais e comportamentais (tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, resolução <strong>de</strong> problemas, planejamento e<br />

<strong>auto</strong>-gerenciamento). Assim, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento e <strong>controle</strong> <strong>de</strong> operações é<br />

eminente, visto seu caráter preventivo quanto aos objetivos estratégicos, custo e qualida<strong>de</strong>.<br />

5.1. Qualificação <strong>dos</strong> operadores<br />

5.1.1. Perfil <strong>dos</strong> entrevista<strong>dos</strong><br />

Com relação ao gênero <strong>dos</strong> colaboradores, observou-se uma composição <strong>de</strong> 71% <strong>de</strong> mulheres.<br />

A composição majoritária <strong>de</strong> mulheres na célula <strong>de</strong> montagem justifica-se pelo fato do setor<br />

calçadista ser o maior empregador <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra feminina, <strong>de</strong>ntre setores como o<br />

<strong>auto</strong>mobilismo e sucroalcooleiro, <strong>de</strong> acordo com o Projeto <strong>de</strong> Pesquisa do Acordo <strong>de</strong><br />

Cooperação SEBRAE/CNI/IPEA (2004).<br />

A dinâmica e a integração gera<strong>dos</strong> pelo ambiente celular exige polivalência, flexibilida<strong>de</strong> e<br />

habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação, características expressivas no público feminino. Portanto, o<br />

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próprio <strong>de</strong>senho do sistema celular requer maior número <strong>de</strong> mulheres nos postos <strong>de</strong> trabalho.<br />

Em relação à faixa etária <strong>dos</strong> entrevista<strong>dos</strong>, 32% <strong>dos</strong> entrevista<strong>dos</strong> têm ida<strong>de</strong> entre 26 e 30<br />

anos, 24% têm ida<strong>de</strong> entre 31 e 35 anos, 24% têm ida<strong>de</strong> entre 36 e 40 anos, 18% tem até 25<br />

anos, e 3% têm entre 46 e 50 anos.<br />

O levantamento da composição da faixa etária nesse estudo é válido visto que quanto mais<br />

jovens forem os operadores, maior a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que mudanças sejam realiza<strong>das</strong> com<br />

êxito. Porém, diante <strong>dos</strong> percentuais observa<strong>dos</strong> em relação à faixa etária, é válido ressaltar<br />

que a predominância da faixa etária <strong>de</strong> 26 a 30 anos po<strong>de</strong> gerar um obstáculo à mudança.<br />

Em relação ao grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, 76% <strong>dos</strong> operadores têm ensino médio completo. O<br />

ensino médio como nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> predominante é um nível aceitável <strong>para</strong> a<br />

implantação do <strong>auto</strong>-gerenciamento proposto pelo plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, visto que este requer<br />

conhecimentos matemáticos, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretação e leitura. De acordo com Antunes<br />

(1998), a análise do processo possibilita ganhos significativos na eficácia do sistema, através<br />

<strong>de</strong> uma maior agregação <strong>de</strong> valor ao produto e eliminação daquelas ativida<strong>de</strong>s que aumentam<br />

os custos, e geram per<strong>das</strong>. Portanto, é necessário ter funcionários com certo grau <strong>de</strong><br />

conhecimentos a fim <strong>de</strong> gerar análises e resoluções <strong>de</strong> problemas.<br />

5.1.2. Conhecimentos e habilida<strong>de</strong>s<br />

Sabe-se que a um <strong>dos</strong> elementos <strong>de</strong> um sistema just-in-time é a multifuncionalida<strong>de</strong> do<br />

operador, ou seja, <strong>de</strong> acordo com Moura (1989) é a ênfase nas mudanças rápi<strong>das</strong> e menores<br />

lotes gera a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colaboradores multifuncionais, além <strong>de</strong> espírito <strong>de</strong> equipe e<br />

coor<strong>de</strong>nação, já que estoques não estão disponíveis <strong>para</strong> cobrir um erro no sistema. Porém,<br />

além <strong>de</strong> multifuncional, o operador tem que <strong>de</strong>senvolver sua ativida<strong>de</strong> plenamente.<br />

A partir da investigação da variável <strong>de</strong> qualificação <strong>dos</strong> operadores, é necessário conhecer sua<br />

habilida<strong>de</strong> em relação à operação que <strong>de</strong>senvolve no momento. Na pesquisa, 79% <strong>dos</strong><br />

operadores afirmaram ter habilida<strong>de</strong> plena na função.<br />

Partindo-se do pressuposto que <strong>para</strong> exercer uma função, o operador necessita tanto <strong>de</strong><br />

treinamento operacional e como treinamento técnico, observou-se que 85 % <strong>dos</strong> entrevista<strong>dos</strong><br />

receberam treinamento operacional. Em relação ao treinamento técnico sobre a função, o<br />

mesmo não ocorreu em nenhuma <strong>das</strong> células objeto <strong>de</strong> estudo da presente pesquisa. De acordo<br />

com Deming (1982), só se gerencia aquilo que se me<strong>de</strong>, portanto é necessário qualificação<br />

<strong>para</strong> apren<strong>de</strong>r a analisar ativida<strong>de</strong>s e processos, a fim <strong>de</strong> gerenciar as operações.<br />

5.2. Indicadores <strong>de</strong> <strong>efetivida<strong>de</strong></strong> do plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong><br />

A análise da <strong>efetivida<strong>de</strong></strong> do plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong> da célula foi realizada a partir do com<strong>para</strong>tivo<br />

<strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> da célula que possui uma sistemática <strong>de</strong> utilização do plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong><br />

(célula A) com os da<strong>dos</strong> da célula que não possui plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong> (célula B).<br />

5.2.1. Os <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> e o nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> no <strong>de</strong>sempenho da função<br />

As mudanças no mercado geraram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas inovadoras <strong>de</strong> administração e<br />

estruturação <strong>dos</strong> sistemas produtivos, <strong>de</strong>ntre as quais está o Sistema Toyota <strong>de</strong> Produção.<br />

Nesse sistema, o nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>dos</strong> operadores <strong>de</strong>ve ser reduzido continuamente,<br />

através do aprimoramento e do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> trabalho.<br />

Segundo Mon<strong>de</strong>n (1984), <strong>para</strong> reduzir custos o sistema Toyota promove eliminação <strong>de</strong><br />

ineficiências e também inventários e operários <strong>de</strong>snecessários. Para tanto, é necessário<br />

também reduzir os impasses e as carências <strong>dos</strong> operadores relativas à consecução <strong>de</strong> suas<br />

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ativida<strong>de</strong>s, a fim <strong>de</strong> gerar alta produtivida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>dicado.<br />

A figura 1 relaciona o nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> que os operadores <strong>de</strong> cada célula enfrentam<br />

durante a execução <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s:<br />

60%<br />

50%<br />

40%<br />

30%<br />

20%<br />

10%<br />

0%<br />

52%<br />

28%<br />

39%<br />

48%<br />

Baixo Médio Alto Não Respon<strong>de</strong>u<br />

16%<br />

4%<br />

Figura 2 – Nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>dos</strong> operadores<br />

8%<br />

4%<br />

Célula A<br />

Célula B<br />

Verifica-se que 52% <strong>dos</strong> operadores da célula que utiliza os <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> (célula A)<br />

apresentaram baixo nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>, enquanto que 28% <strong>dos</strong> operadores da (célula B) que<br />

não utilizam os <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, apresentaram nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> baixo. Po<strong>de</strong>mos<br />

verificar que a sistemática <strong>dos</strong> <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> reduzem o nível <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

operadores, a partir do momento que registram os problemas <strong>de</strong> cada operação, bem como o<br />

plano <strong>de</strong> reação <strong>para</strong> resolvê-lo. Esse procedimento auxilia na <strong>auto</strong>-<strong>gestão</strong> <strong>de</strong> cada operação,<br />

pois é possível medir a eficácia <strong>das</strong> ações que foram toma<strong>das</strong>, bem como acompanhar seus<br />

resulta<strong>dos</strong>. Além do mais, os <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> fornecem os parâmetros que cada operação<br />

<strong>de</strong>ve seguir, o que não ocorre na célula B. Portanto, <strong>de</strong>sconhecer parâmetros, não registrar os<br />

problemas e <strong>planos</strong> <strong>de</strong> reação causam dificulda<strong>de</strong>s no <strong>de</strong>sempenho <strong>das</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

5.2.2. Utilização do plano <strong>de</strong> <strong>controle</strong> na resolução <strong>de</strong> problemas<br />

A tabela 1 mostra os problemas mais freqüentes ocorri<strong>dos</strong> em cada célula:<br />

Tabela 1 - Com<strong>para</strong>tivo <strong>de</strong> problemas freqüentes nas células<br />

CÉLULA A CÉLULA B<br />

Problema Qt<strong>de</strong> Problema Qt<strong>de</strong><br />

Mecânico 18 Mecânico 14<br />

Elétrico 1 Elétrico 6<br />

Instrumental 2 Instrumental 7<br />

Hidráulico 1 Hidráulico 6<br />

Insumos (qualida<strong>de</strong>) 8 Insumos (qualida<strong>de</strong>) 7<br />

Logístico 3 Logístico 5<br />

TOTAL 33 TOTAL 45<br />

Fonte: Pesquisa <strong>de</strong> campo.<br />

A partir <strong>de</strong>sse com<strong>para</strong>tivo, po<strong>de</strong>-se notar que a célula A obteve um total <strong>de</strong> 33 registros <strong>de</strong><br />

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problemas que foram indica<strong>dos</strong> pelos entrevista<strong>dos</strong>, enquanto que a célula B obteve um total<br />

<strong>de</strong> 45 registros <strong>de</strong> problemas. A partir da análise <strong>de</strong>sses da<strong>dos</strong>, po<strong>de</strong>-se concluir que a célula<br />

A, que faz uso <strong>dos</strong> <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, enfrenta 26% menos problemas que a célula B, que não<br />

utiliza <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong>.<br />

Essa diminuição da freqüência <strong>de</strong> problemas na célula A é reflexo da existência <strong>de</strong> itens <strong>de</strong><br />

<strong>controle</strong>, que permite um <strong>auto</strong>-<strong>controle</strong> nas ativida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> críticas do processo.<br />

5.2.3. Utilização <strong>dos</strong> <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> <strong>para</strong> controlar operações gargalo<br />

Na análise do vetor “item <strong>de</strong> <strong>controle</strong>”, é válido ressaltar que, segundo Ghinato (1995), a<br />

capacida<strong>de</strong> do processo é amplamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tolerâncias em especificações atribuí<strong>das</strong><br />

a itens a serem produzi<strong>dos</strong>, portanto, é necessário estabelecer padrões, ou seja, itens <strong>de</strong><br />

<strong>controle</strong>. Sendo assim, os da<strong>dos</strong> coleta<strong>dos</strong> na pesquisa po<strong>de</strong>m ser verifica<strong>dos</strong> na figura abaixo:<br />

22%<br />

CÉLULA A<br />

0%<br />

78%<br />

Possui IC Não possui IC Não Respon<strong>de</strong>u<br />

60%<br />

Figura 3 – Itens <strong>de</strong> <strong>controle</strong> nas células<br />

CÉLULA B<br />

8%<br />

Possui IC Não possui IC Não Respon<strong>de</strong>u<br />

Através do com<strong>para</strong>tivo, percebe-se que na célula B, mais da meta<strong>de</strong> <strong>dos</strong> operadores (60%)<br />

não respon<strong>de</strong>ram sobre a existência <strong>de</strong> item <strong>de</strong> <strong>controle</strong> na sua operação, talvez por<br />

<strong>de</strong>sconhecerem o que é um “item <strong>de</strong> <strong>controle</strong>”. Ao contrário, na célula A, 78% <strong>das</strong> operações<br />

possuem itens <strong>de</strong> <strong>controle</strong>.<br />

De acordo com Goldratt e Fox (1997), os gargalos representam restrições à saída (ou output)<br />

do sistema <strong>de</strong> produção. A <strong>de</strong>terminação e <strong>controle</strong> <strong>dos</strong> gargalos do processo produtivo é vital<br />

<strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> esforços <strong>para</strong> amenizar seus impactos. Para tanto, foi abordado no<br />

formulário aplicado nas duas células uma questão referente à gargalos no processo. A<br />

informação a respeito da existência <strong>de</strong> uma operação gargalo foi analisada sobre ótica da<br />

existência <strong>de</strong> itens <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, visto que a operação gargalo necessita <strong>de</strong> um <strong>controle</strong><br />

especial, pois o bom <strong>de</strong>sempenho do fluxo do sistema <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>sse <strong>controle</strong>. O resultado<br />

<strong>dos</strong> da<strong>dos</strong> está disposto nos gráficos abaixo:<br />

Percentual<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

85%<br />

Célula A<br />

63%<br />

15%<br />

38%<br />

SIM NÃO<br />

Existência <strong>de</strong> IC<br />

Percentual<br />

100%<br />

80%<br />

60%<br />

40%<br />

20%<br />

0%<br />

25%<br />

7%<br />

Célula B<br />

50%<br />

40%<br />

25%<br />

32%<br />

53%<br />

SIM NÃO Não<br />

Respon<strong>de</strong>u<br />

Existência <strong>de</strong> IC<br />

Operação gargalo Operação não-gargalo<br />

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Figura 4 – Itens <strong>de</strong> <strong>controle</strong> e as operações gargalos<br />

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Verifica-se que a célula A, que possui <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong>, controla 85% <strong>das</strong> operações<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> gargalos, enquanto que na célula B, apenas 25% <strong>dos</strong> gargalos são controla<strong>dos</strong>.<br />

E, consequentemente, na célula B, 50% <strong>das</strong> operações consi<strong>de</strong>ra<strong>das</strong> gargalos não possuem<br />

itens <strong>de</strong> <strong>controle</strong>.<br />

Portanto, verifica-seque os <strong>planos</strong> <strong>de</strong> <strong>controle</strong> aplica<strong>dos</strong> numa célula <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong><br />

calça<strong>dos</strong> palmilha<strong>dos</strong>-vulcaniza<strong>dos</strong> são efetivos na <strong>auto</strong>-<strong>gestão</strong>, pois estabelecem itens <strong>de</strong><br />

checagem que promovem avaliações periódicas, mantendo <strong>controle</strong> nas operações críticas do<br />

processo, além <strong>de</strong> evitar reincidências <strong>de</strong> problemas e registrar medi<strong>das</strong> toma<strong>das</strong><br />

anteriormente.<br />

Referências<br />

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