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CHICO XAVIER - Portal Luz Espírita

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97 – AS VIDAS DE <strong>CHICO</strong> <strong>XAVIER</strong><br />

um enorme animal sendo morto, suas carnes sendo comidas pelos pequenos<br />

demônios e seu couro sendo usado em calçados. Era o bastante. Ele anotou no<br />

seu bloco: “O homem é um ser muito elevado, bom e paciente, merecedor do<br />

amor de Deus”. E decidiu conversar com o demônio:<br />

— Por que fazes isto com o homem? Por que o maltratas e o matas se<br />

ele te dá tudo?<br />

O demônio desfez o mal-entendido:<br />

— Eu sou o homem. Ele é o boi.<br />

O anjo ficou perplexo e enviou o mais rápido possível seu relatório a<br />

Deus.<br />

Emmanuel apareceu, leu a parábola e mandou Chico rasgar o texto em<br />

pedacinhos. Os espíritas poderiam ser influenciados por aquela história. Muitos<br />

deles, inclusive Rômulo Joviano e Chico Xavier, funcionários da Fazenda<br />

Modelo, trabalhavam com a carne e ganhavam a vida assim. O artigo poderia<br />

provocar problemas sociais mais graves do que os gerados pela alimentação<br />

carnívora.<br />

Chico acatou. E seguiu também ordens atribuídas a Emmanuel ao<br />

preparar a sexta edição de O PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, em setembro de 1955,<br />

ano da morte de Manoel Quintão. A nova versão da coletânea de poemas chegou<br />

às livrarias com um adendo na capa: “Revista e ampliada pelos autores<br />

espirituais”. Emmanuel fez o papel de censor. E foi implacável. Ele queria versos<br />

espiritualmente corretos, fiéis à cartilha evangélica, de acordo com os<br />

ensinamentos de Jesus e de Kardec. A poesia perdeu espaço para a doutrina.<br />

O poema “A Guerra ”, de Augusto dos Anjos, por exemplo, desapareceu.<br />

Quem abre hoje o Parnaso já não encontrará estes versos, formulados em meio<br />

às bombas da Segunda Guerra Mundial:<br />

A torva geração do ódio e da Guerra<br />

Embora a paz suavíssima a conclame<br />

Faz dos homens do mundo amargo e infame<br />

Assanhados carnívoros da Terra.<br />

O texto era pessimista demais.<br />

Guerra Junqueiro também sofreu cortes. Seu poema “Contra a Besta<br />

Apocalíptica” sumiu. Pecou por excesso de anticlericalismo, considerado uma<br />

virtude nos tempos do indignado Manoel Quintão, responsável pela primeira<br />

edição da colet}nea. Os versos n~o passaram pelo crivo “emmanuelino”: N~o<br />

contente com o dogma inquisitorial que o seu concílio impôs a todas as<br />

criaturas a Igreja ainda requer benesses, sinecuras amealhando assim o ouro<br />

universal.<br />

Para arrematar, Junqueiro chamava o padre de “mercador do altar”.

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