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PREFÁCIO<br />
UM GRUPO DIFERENTE<br />
O<br />
Grupo de Forcados Amadores de Moura é um grupo diferente. Existe uma empatia<br />
lógica, mas densa, bonita, palpável, <strong>com</strong> o seu quê de magia, entre o público<br />
que preenche as bancadas da praça de toiros de Moura e o grupo que, naquela<br />
arena doirada <strong>com</strong> sabor a sul, dá tudo o que tem. Esta ligação não acontece por acaso;<br />
durante 40 anos, houve um fio condutor que mais não fez do que emocionar o público<br />
quando o forcado, ele próprio, se emociona <strong>com</strong> a realização da pega.<br />
Portugal nunca soube dar o real valor ao que representa o Forcado e, muito menos, explicar aos<br />
de fora a verdadeira essência do que é ser forcado. Ser forcado é, primeiro e antes de tudo, uma<br />
atitude, uma postura perante a vida. Moura, cidade, Alentejo mais que profundo, puro, concentra<br />
no redondel da sua praça a emoção da entrega de homens que, mais que fazerem grandes pegas,<br />
pretendem «somente» SER FORCADOS.<br />
E é nessa arena, círculo mágico, arquitectura metafísica, templo de Deuses e de sonhos, que as<br />
gentes de Moura reconhecem o seu epicentro, num encontro de forças estranhamente aglutinadoras.<br />
Sim, aí, a harmonia da ética e da estética ilumina a beleza da arte de pegar toiros, que se aglutina num<br />
abraço genuíno, verdadeiro e apaixonado entre o público e o grupo, entre o forcado e o toiro!<br />
Ser forcado no grupo de Moura parece que obriga a ter a simplicidade e discrição dos grandes<br />
nesta tão sublime arte lusitana. Não me é difícil vislumbrar no Grupo de Forcados de Moura essa<br />
verguenza torera que norteia as suas actuações, talvez herdada da longínqua lenda da princesa Salúquia,<br />
que não hesitou na entrega total.<br />
Pôr-se diante de um toiro é <strong>com</strong>o pôr-se diante da vida. Diria mais, é estar diante da vida e da<br />
morte, mas sempre de frente <strong>com</strong>o os valentes do Grupo de Forcados de Moura.<br />
São estes sentimentos tão bem plasmados nos magníficos versos de Maria Teresa de Vasconcellos<br />
e Sá Grave.<br />
Eu tremo, tenho respeito<br />
e vou seguindo teus passos,<br />
levas a capa no peito …<br />
as bandarilhas nos braços!<br />
Que se descrevem neste livro numa prosa sentida e sábia que «obriga» à sua leitura.<br />
Joaquim Grave<br />
Grupo dos Forcados Amadores de Moura 11