PALÁCIO TIRADENTES FIEL À DEMOCRACIA - Assembléia ...
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A HISTÓRIA<br />
REPUBLICANA TEM SUA<br />
CASA RESTAURADA<br />
CARLOS EDUARDO SARMENTO - HISTORIADOR<br />
INTRODUÇÃO<br />
Em fevereiro de 1995, às vésperas da eleição que marcaria<br />
a renovação radical da composição e das práticas<br />
políticas da Mesa Diretora da Alerj, um grupo de parlamentares<br />
resolveu iniciar seus mandatos em uma<br />
nova legislatura do parlamento estadual, promovendo<br />
a lavagem das escadarias externas do edifício-sede da<br />
Assembleia. Embora inicialmente este ato tenha sido<br />
compreendido como uma manifestação que sintetizava<br />
os anseios em prol da purificação e da moralização das<br />
atividades legislativas, observado a partir da perspectiva<br />
das iniciativas que marcaram os oito anos seguintes,<br />
tal gesto também pode ser entendido como a pavimentação<br />
simbólica das vias de acesso do Palácio<br />
Tiradentes, franqueando-o aos cidadãos fluminenses.<br />
A construção de um novo padrão de atuação do Le -<br />
gislativo estadual poderia redundar em iniciativas<br />
quase inócuas se a este processo não correspondesse<br />
um sério e sistemático trabalho de reinserção do espaço<br />
político e simbólico do Palácio Tiradentes no cotidiano<br />
da população do estado. As reminiscências de<br />
Villas-Bôas Corrêa servem como o mais perfeito parâmetro<br />
para a compreensão do marcante sentido simbólico<br />
que o atual edifício-sede da Alerj representou para<br />
várias gerações - não apenas pelo fato de o plenário da<br />
Casa ser o epicentro da atividade parlamentar brasileira<br />
durante o período do Rio Capital Federal, mas pelo<br />
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próprio Palácio assumir, no imaginário político, o<br />
papel de referencial supremo, de verdadeiro lugar de<br />
memória das representações da nacionalidade.<br />
Percorrer as dependências do Palácio é travar contato<br />
com um discurso simbólico meticulosamente elaborado,<br />
intencionalmente forjado para tornar a suntuosa<br />
construção bem mais que a sede do Poder Legislativo.<br />
O Palácio Tiradentes assume as características de um<br />
verdadeiro monumento a uma forma específica de<br />
compreensão do caráter nacional brasileiro e da dinâmica<br />
de seus poderes constituídos. Projetado no ano de<br />
1922, quando o esgarçamento do pacto oligárquico da<br />
República Velha já se tornava evidente, a nova sede da<br />
Câmara dos Deputados deveria ser portadora de um<br />
discurso claro que procurasse valorizar as funções<br />
legislativas - tão combalidas no jogo político da política<br />
do café com leite - e propagar uma representação da<br />
história pátria que tivesse como protagonista o primado<br />
soberano do chamado “espírito das leis”: uma<br />
versão da história que sintetizasse um sentido para a<br />
trajetória política de um país idealmente construído<br />
sem conflitos ou radicalismos e calcado no respeito à<br />
autoridade estabelecida.<br />
Este padrão de interpretação da história fica evidente<br />
para qualquer um que se disponha a caminhar pelo<br />
INTRODUÇÃO