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Sertão, praia serra e - Pague Menos Serviços

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através de um mapa inserido num<br />

trabalho seu intitulado "Divisão<br />

dialectológica do território<br />

brasileiro", publicado na Revista<br />

Brasileira de Geografia (v. 17, n. 2,<br />

p. 213-219, abr./jun., 1955). Segundo<br />

este mapa, o "falar nordestino"<br />

compreende os Estados do<br />

Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande<br />

do Norte, Paraíba, Pernambuco,<br />

Sergipe e Alagoas. Desses oito<br />

Estados, somente o da Paraíba e o do<br />

Ceará têm "atlas linguísticos"<br />

publicados. Assim sendo, não há<br />

como identificar diferenças nem<br />

singularidades de Estado para<br />

Estado, uma vez que as demais<br />

unidades da Federação<br />

compreendidas na rubrica do "falar<br />

nordestino" ainda não dispõem das<br />

pretendidas e necessárias evidências<br />

expostas cartograficamente.<br />

Quais foram os principais desafios<br />

encontrados na produção do Atlas?<br />

Tivemos de arrostar desafios não<br />

apenas de natureza científica, mas<br />

também de ordem prática. Entre os<br />

de natureza científica, ressaltamos o<br />

da tentativa de inovação da<br />

Geografia Linguística mediante a<br />

conciliação dos métodos desta<br />

disciplina com os da<br />

Sociolinguística; entre os de ordem<br />

prática, assinalamos a luta e as<br />

ações desenvolvidas dentro e fora da<br />

Universidade em prol da obtenção<br />

de recursos seja para a execução da<br />

pesquisa e produção do Atlas, seja<br />

para a publicação do produto final.<br />

O meio encontrado para a inovação<br />

da Geografia Linguística se deu por<br />

acaso, quando o INEP nos negou a<br />

concessão de recursos sob o<br />

argumento plausível de que o<br />

Projeto-ALECE compreendia apenas<br />

objetivos linguísticos. Entendemos,<br />

então, ser necessário estipular<br />

também objetivos educacionais.<br />

Uma vez enunciados os objetivos dos<br />

dois tipos, obtivemos junto à FINEP<br />

os desejados recursos. Com o<br />

pensamento voltado, sobretudo, para<br />

a exequibilidade e execução dos<br />

objetivos educacionais, houvemos<br />

por bem representar cartográfica e<br />

lexicograficamente, em separado, as<br />

respostas dos entrevistados<br />

escolarizados e não-escolarizados.<br />

“Há que identificar, entre os<br />

traços linguísticos alocados<br />

em diferentes níveis da<br />

gramática, aquele ou<br />

aqueles que,<br />

comprovadamente, só<br />

ocorrem no ‘falar<br />

cearense’”<br />

Como está estruturada a obra? Por<br />

região, por assunto?<br />

O ALECE é, obviamente, obra<br />

que só diz respeito aos diversos<br />

recantos e rincões do Estado do<br />

Ceará. Estrutura-se por assuntos<br />

distribuídos em dois volumes: o<br />

primeiro, a um tempo explicativo,<br />

informativo e teórico, trata dos<br />

"antecedentes e orientação teórica<br />

do Projeto-ALECE"; dos "atlas<br />

regionais brasileiros"; da<br />

"bibliografia dialetal cearense"; dos<br />

"objetivos" e da "metodologia" do<br />

Projeto, e do "aporte descritivo de<br />

localidades e informantes"; o<br />

segundo volume compreende a<br />

representação das respostas dos<br />

dois tipos de entrevistados através<br />

de 240 cartogramas e de um<br />

"glossário" de 89 páginas.<br />

O falar cearense tem alguma<br />

peculiaridade?<br />

O "falar cearense", a exemplo de<br />

todo e qualquer falar, há de ter<br />

alguma peculiaridade. A pergunta<br />

nos faz lembrar, no entanto, esta<br />

indagação feita noutra entrevista:<br />

"Existe um jeito cearense de falar?"<br />

Como ambas comportam respostas<br />

constituídas pelos mesmos tipos de<br />

argumentos, repeti-los-emos aqui<br />

sob a forma de síntese: há que<br />

identificar, entre os traços<br />

linguísticos alocados em diferentes<br />

níveis da gramática, aquele ou<br />

aqueles que, comprovadamente, só<br />

ocorrem no "falar cearense"; a<br />

certeza e comprovação da<br />

existência de um ou mais traços<br />

exclusivamente no falar cearense"<br />

dependerão do estudo e comparação<br />

de todos os traços lingüísticos<br />

alocados nas gramáticas dos<br />

demais falares brasileiros. Neste<br />

particular, serão os "atlas<br />

linguísticos" as fontes de consulta<br />

que proverão as evidências e<br />

contraevidências necessárias.<br />

ALCIDES FREIRE<br />

ENTREVISTA<br />

Julho a Setembro de 2010 15

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