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Novembro / Dezembro 2011

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A IMPORTÂNCIA DE UMA VISÃO<br />

ESTRATÉGICA NAS ORGANIZAÇÕES<br />

João M. S. Carvalho - Associado nº 17453<br />

Uma organização, em qualquer sector de actividade, existe por vontade do(s) fundador(es) que, tolerando os riscos no<br />

momento histórico do seu empreendimento, consegue(m) congregar os recursos humanos, materiais e financeiros,<br />

necessários para que se cumpram vários desideratos, desejados e consciencializados, ou não. Defendo que o nosso avanço<br />

civilizacional não deverá enveredar por um caminho de impessoalização, em que o Homem serve a organização, quando<br />

deveria ser ao contrário. Na relação biunívoca entre o ser humano e as entidades colectivas organizacionais, deverá ser o<br />

primeiro o principal beneficiado, sem que isso implique a destruição de um projecto sustentável, que tem o seu percurso<br />

com mais ou menos dificuldades. Haja uma necessidade humana por satisfazer, e temos a possibilidade de, numa organização,<br />

fazer algo que a possa suprir. Idealmente, todos os públicos interessados, trabalhadores, clientes e/ou utentes, famílias,<br />

gestores, empresários, voluntários, tutelas públicas e privadas, fornecedores, concorrentes/cooperantes, etc., deverão sentir<br />

que são satisfeitos no seu interesse particular, como forma de assegurar a sustentabilidade da organização no curto, médio<br />

e longo prazos. Esta sustentabilidade é e deve ser mais do que as finanças. Há que ter um percurso económico-financeiro<br />

viável, mas sem perder de vista os grandes desafios que estão na alma humana, que levaram o seu engenho a fazer mais<br />

do que seria expectável em cada geração. Os valores humanos, sociais, ecológicos e de continuidade geracional deverão<br />

estar sempre presentes.<br />

Assim, há que ter uma visão para a organização, isto é, ter a noção do que queremos vir a ser no médio prazo, daqui a 3<br />

a 5 anos. A reflexão estratégica, em que todos são envolvidos, com especial atenção ao(s) fundador(es), permite que se<br />

determinem os valores que deveremos defender e patrocinar, assim como estabelecer a missão da organização. Só com<br />

estas ideias bem claras é que será possível determinar metas e objectivos, que sejam galvanizadores de todos os públicos<br />

internos e associados de uma organização. Haverá melhor motivação do que saber que, na medida do seu contributo<br />

laboral, cada um está a “construir catedrais”?<br />

É preciso despertar para as utopias! Têm sido estas a levar a gesta humana para as grandes realizações. Será utopia acabar<br />

com a pobreza, com a “tristeza” e a solidão da velhice, com as crianças sem oportunidade de serem Homens e Mulheres?<br />

Que não seja por não tentarmos. Quantos, na sua vida confortável, não se sentem melhor sabendo que contribuem para<br />

a felicidade de mais uns quantos concidadãos?<br />

O tempo está maduro. Quase tudo já foi escrito. Urge a acção responsável de quem pode ou tem a possibilidade de fazer.<br />

Os discursos de quem detém o poder, a todos os níveis, são sempre “correctos” e alinhados com as mais modernas<br />

teorias das organizações. A responsabilidade social nunca esteve tanto na boca de quem manda. No entanto, continua-se a<br />

falar demais e a fazer de menos.<br />

É neste contexto que se increve o valor supremo da solidariedade. Ser solidário é, curiosamente, velar por nós próprios.<br />

Quem “ajuda” o outro, está a ajudar-se a si mesmo. Não é só a satisfação psicológica ou espiritual, é mais do que isso. Se<br />

eu proporcionar a sustentabilidade de alguém, então estou a promover a minha própria sustentabilidade. Como aumentar<br />

a procura do que eu produzo, se eu despedir ou racionar os rendimentos de quem trabalha? Na economia tudo funciona<br />

como num sistema de vasos comunicantes. Tudo tem consequências em tudo e, por isso, é tão difícil governar e acertar com<br />

as melhores políticas. Como um cozinheiro, o segredo está no uso parcimonioso, mas eficaz, de todas as medidas disponíveis,<br />

esperando que a aparente aleatoriedade dos fluxos económico-financeiros mundais fique a nosso favor. Mas não será<br />

possível fazer melhor do que “jogar” permanentemente?<br />

São nos pequenos passos que as grandes distâncias acabam sendo vencidas. Cada um de nós é muito importante para o<br />

todo. Saibamos ter voz e dar voz a quem possa mudar o paradigma dominante da rentabilidade dos mercados financeiros.<br />

Saibamos acabar com a esquizofrenia de muitos que, durante o dia, exploram os trabalhadores e maximizam o lucro sem<br />

pensar nas consequências, para, de noite, aparecerem na organização de caridade, ajudando aqueles que de dia eles<br />

contribuiram para empobrecer.<br />

Termino com uma nota sobre as avaliações de desempenhos e resultados nas organizações. Se queremos atingir as nossas<br />

metas e objectivos, deveremos comprometer quem do seu atingimento vai ser o principal protagonista. A avaliação de<br />

pessoas é um meio para melhorar o desempenho, para a vontade de adquirir novos conhecimentos e experiências, que<br />

contribuam para o aperfeiçoamento das competências. Não julguem sem dar as ferramentas, a formação e todo o apoio a<br />

quem desempenha. Só assim um sistema de avaliação é produtivo, motivador e bem aceite por todos.<br />

A vida tem-me ensinado, cada vez mais, a ser humilde, pois sabemos tão pouco e, todos juntos, poderemos sempre fazer<br />

algo melhor. Continuo a ser optimista, apesar de tudo, pois acredito que o ser humano não deixará de procurar a “luz”, para<br />

seu bem e o bem de todos.<br />

Bem hajam!<br />

JANELA ABERTA<br />

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