Marinha Mercante Brasileira: Os acertos, erros e ... - Santos Modal
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Manoel F. Felix de Souza<br />
Governo Federal lança Medida Provisória, altera a legislação do FMM e dá sinal positivo ao setor. Mas,<br />
para entender a atual situação da <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong> <strong>Brasileira</strong>, das empresas armadoras e o porque de<br />
uma frota insuficiente é preciso voltar no tempo, relembrar um passado de protecionismo, entender<br />
onde e quando o país assistiu o desencadear de uma decadência e saber quais as perspectivas que<br />
podemos vislumbrar para os próximos anos.<br />
6 :: abril :: S antos <strong>Modal</strong><br />
capa<br />
Por Érica Amores<br />
<strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong> <strong>Brasileira</strong>:<br />
<strong>Os</strong> <strong>acertos</strong>, <strong>erros</strong> e<br />
novas perspectivas
c<br />
lassificado como a oitava economia do<br />
mundo, indicada com um PIB superior<br />
a US$ 787 bilhões, segundo o World<br />
Bank (Banco Mundial), o Brasil é responsável<br />
por uma corrente de comércio<br />
exterior superior a US$ 100 bilhões anuais,<br />
da qual 90% do transporte deste comércio é realizado<br />
por via marítima. Isto porque nossa costa<br />
possui mais de oito mil quilômetros, que se acrescida<br />
à extensão do Rio Amazonas até Manaus,<br />
soma mais de dez mil quilômetros navegáveis,<br />
em condições de segurança, durante todo o ano.<br />
E ainda contamos com a maior parte de nosso<br />
parque industrial bem próximo de nossa faixa<br />
costeira atingindo, somente em casos excepcionais,<br />
distâncias superiores a 500 quilômetros.<br />
Estes fatores, apesar de extremamente positivos<br />
para nossa <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong>, não determinam<br />
o seu sucesso. Se na década de 70 os<br />
navios de bandeira brasileira transportavam 22%<br />
do nosso comércio internacional da época, hoje<br />
responde por menos de 4%, fazendo com que<br />
paguemos ao exterior quase que tudo o que despendemos<br />
para transportá-lo. Hoje o Brasil gasta,<br />
por ano, cerca de US$ 5 bilhões com afretamento<br />
de embarcações. Segundo Ministério dos<br />
Transportes, este já é o segundo item da balança<br />
de serviço brasileira, perdendo apenas para<br />
os gastos com os juros da dívida externa.<br />
Apesar das favoráveis condições geográficas<br />
de nossa economia, grande parte próxima<br />
ao mar ou de alguma forma ligada a ele, respondemos<br />
por menos de 14% da movimentação<br />
das cargas internas do país e por apenas cerca<br />
de 15% das operações de apoio marítimo. De<br />
acordo com dados da UNCTAD - Review of Maritime<br />
Transport, de 2001, somos a 19ª frota mercante<br />
mundial, responsáveis por pouco mais de<br />
1% da tonelagem total de navios no mundo.<br />
É certo que o setor já empregou cerca de<br />
40 mil pessoas, na década de 70. Porém, mesmo<br />
apresentando uma inexpressiva participação<br />
nos dias atuais, ainda gera aproximadamente<br />
dez mil empregos diretos (levando-se em conta<br />
apenas os funcionários de empresas de navegação<br />
brasileiras) e mais três outros indiretos<br />
para cada direto.<br />
Mas é opinião comum a muitos, e das mais<br />
certas, que a falta de competitividade é a principal<br />
causa da redução de nossa frota mercante,<br />
que já contou, em 1986, com quase 10 milhões<br />
de toneladas, distribuídas em 293 navios.<br />
Na tentativa de desburocratizar e incentivar<br />
a indústria naval brasileira, reduzindo gastos com<br />
afretamentos de navios e gerando empregos, o<br />
governo brasileiro anunciou no Diário Oficial da<br />
capa<br />
União, do último dia 26, a Medida Provisória nº<br />
177 que altera a legislação do Fundo da <strong>Marinha</strong><br />
<strong>Mercante</strong> -FMM. A medida ainda vai ser aprovada<br />
em congresso, mas segundo a Assessoria de Imprensa<br />
do Ministério dos Transportes, as mudanças<br />
foram bastante negociadas e há chances consideráveis<br />
de serem aprovadas.<br />
Medida Provisória 177<br />
A medida provisória do governo Lula regula-<br />
menta o sistema eletrônico de arrecadação do<br />
Adicional ao Frete para Renovação da <strong>Marinha</strong><br />
<strong>Mercante</strong> - AFRMM, contribuição cobrada de cada<br />
navio que atraca nos portos brasileiros e principal<br />
fonte de recursos do Fundo. Até então, o <strong>Mercante</strong><br />
era implantado por meio de decretos. A<br />
MP atende ainda novos setores que poderão recorrer<br />
aos financiamentos do FMM, entre eles,<br />
as embarcações pesqueiras e de transporte fluvial<br />
de passageiros. E se antes apenas o BNDES<br />
atuava neste setor, com a medida será possível a<br />
entrada de novos agentes financeiros.<br />
Outra mudança é a instituição do seguro garantia.<br />
Uma forma de assegurar a performance<br />
do estaleiro na hora de executar a obra. O seguro<br />
deverá arcar com cerca de 20% a 30% do valor<br />
total do navio, no caso de descumprimento do<br />
contrato, permitindo, assim, a continuidade das<br />
obras. Antes os riscos ficavam para os financiadores<br />
e armadores, dificultando a obtenção dos<br />
financiamentos. Além de abrir um novo mercado<br />
para as empresas seguradoras, já comum a outros<br />
países, esse item vai contribuir para tornar<br />
mais fácil a contratação de novos projetos por<br />
parte de grandes compradores de navios.<br />
Este ponto da MP ainda precisa ser regulamentado,<br />
mas o Ministério dos Transportes já<br />
começou a trabalhar neste processo.<br />
A MP altera também a distribuição do rateio<br />
da arrecadação do adicional. Agora, as empresas<br />
estatais, maiores contribuintes, passam a participar<br />
da divisão da arrecadação. E, para as empresas<br />
que estiverem investindo na construção<br />
de novas embarcações, por um período de oito<br />
anos, a cada R$ 1 arrecadado com a contribuição,<br />
o FMM depositará R$ 0,75 na conta vinculada<br />
destas empresas. Estes recursos são utilizados<br />
para construir ou realizar reparos nas embarcações.<br />
Este item vale para navios que operam<br />
na cabotagem e graneleiros na navegação<br />
de longo curso. A medida tem por objetivo fomentar<br />
as navegações de cabotagem e longo curso,<br />
além de contribuir para que as empresas invistam<br />
na construção e modernização de suas embarcações.<br />
Se elas não utilizarem os recursos disponibilizados<br />
pelo FMM no período de 36 meses,<br />
o dinheiro é novamente recolhido ao Fundo.<br />
A medida 177 cria ainda o Fundo Setorial de<br />
Pesquisa dos setores de <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong> e<br />
construção naval. Parte da arrecadação do<br />
AFRMM, 3%, será destinada ao financiamento e<br />
apoio às pesquisas desenvolvidas na área de<br />
construção naval. <strong>Os</strong> recursos deste Fundo serão<br />
geridos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia,<br />
nos mesmos moldes de outros fundos já<br />
existentes, como o do petróleo, por exemplo.<br />
Em linhas gerais...<br />
Em 2003 o setor naval recebeu do Ministério<br />
dos Transportes 160% a mais que o volume de<br />
recursos aplicados no setor em 2002. Foram R$<br />
640 milhões em 2003 e R$ 250 milhões em 2002.<br />
Mas estas injeções de investimentos e as medidas<br />
anunciadas da medida provisória são apenas<br />
o início de um longo trabalho de incentivo do<br />
qual a <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong> <strong>Brasileira</strong> necessita.<br />
Segundo Elmar Braun, que durante 26 anos<br />
esteve a frente do Sindicato das Agências Marítimas<br />
do Estado de São Paulo -Sindamar, e carrega<br />
mais de 50 anos de experiência no setor, é preciso<br />
lembrar que para entender muitas questões<br />
ligadas ao transporte marítimo brasileiro e a marinha<br />
mercante é necessário voltar no tempo.<br />
Ele explica que deve-se relembrar que ao término<br />
da 2º Guerra Mundial, em 1945, as frotas de<br />
quase todos os países sofreram perdas durante a<br />
guerra, inclusive a brasileira. A Europa tinha passado<br />
por uma destruição e a <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong><br />
dos países Europeus também. Poucos, como a Suécia,<br />
que permaneceu neutra, tiveram sua <strong>Marinha</strong><br />
preservada. <strong>Os</strong> americanos, que não sofreram<br />
a guerra dentro de seu país, estavam com<br />
uma frota muito boa e uma capacidade desenvolvida<br />
durante este período para construir navios.<br />
"Todos os países desenvolvidos precisavam<br />
se reerguer após término da guerra, reconstruindo<br />
as suas indústrias, reconstruindo seu comércio<br />
exterior e buscando as matérias-primas - como<br />
madeira, o minério, arroz, carnes, couros e o<br />
tabaco (fumo), - trazendo um grande número de<br />
navios para os portos brasileiros", conta.<br />
No final da década de 50, a cabotagem brasileira<br />
fazia a maior parte do transporte interno<br />
nacional e tinha como destaque a Companhia Nacional<br />
de Navegação Costeira. Segundo Braun,<br />
isto porque nesta época, o país possuía poucas<br />
estradas abertas e pavimentadas. "Falta de estradas<br />
exigia a comunicação através de transporte<br />
marítimo, da cabotagem", completa.<br />
Braun relata que, em 1958, no governo do<br />
então presidente Juscelino Kubitscheck, "eles<br />
(o governo) enxergaram, eles sentiram, que o<br />
<strong>Santos</strong> <strong>Modal</strong> :: abril :: 7
Brasil precisa desenvolver uma indústria de construção<br />
naval".<br />
Neste momento foi criado por Kubitscheck<br />
um grupo executivo com o objetivo de fazer<br />
crescer a construção naval mercante no Brasil,<br />
o Geicon (Grupo Executivo da Indústria de Construção<br />
Naval). Dentro do plano de metas do governo<br />
foi criado também outro grupo, o Geia<br />
(Grupo Executivo da Indústria Automobilística).<br />
Para Braun, com o Geicon e a criação do Fundo<br />
de <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong>, iniciou-se uma nova fase.<br />
Com o impulso dado pelo governo, fundaram-se<br />
dois grandes estaleiros e foram feitas a<br />
ampliação e modernização de outros, com um<br />
investimento total de US$ 40 milhões. O primeiro<br />
navio construído dentro desse programa<br />
foi o pequeno cargueiro Ponta d'Areia, de 1.550<br />
t, em 1961. Depois desse modesto começo, o<br />
progresso foi contínuo até 1979, com a construção<br />
de um número cada vez maior de navios,<br />
não só de maior porte, como mais diversificados<br />
e mais sofisticados. E o aumento de tonelagem<br />
unitária dos navios prosseguia: 18.110 t,<br />
em 1966, 25.000 t, em 1968, 53.500 t, em 1971,<br />
131.000 t, em 1975, 277.000 t, em 1978, chegando-se<br />
afinal, em 1986, aos graneleiros Docefjord<br />
e Tijuca, dois gigantes de 305.000 t, com<br />
332 m de comprimento, que foram, na ocasião,<br />
recorde mundial de navios de sua classe.<br />
A política Kubitscheck gerou transformações.<br />
Ao mesmo tempo que incentivava a construção<br />
naval, para que as empresas brasileiras<br />
praticassem o comércio exterior, atraía empresas<br />
estrangeiras para o Brasil. "Com as iniciativas<br />
de Juscelino as empresas estrangeiras, que<br />
vendiam muitos produtos para o Brasil, começaram<br />
a estabelecer uma parte de sua indústria<br />
aqui e o país passou a produzir muito daquilo<br />
que era importado", relata Braun.<br />
Com o trabalho desenvolvido pelo Geia,<br />
criou-se uma necessidade que atentava para um<br />
problema: "A criação da indústria automobilística,<br />
obviamente obrigou o governo a construir<br />
estradas, porque de que adiantaria construir no<br />
Brasil os veículos e não ter estradas. Podemos<br />
dizer que as estradas e o transporte rodoviário<br />
mataram a cabotagem", relata Braun. E completa:<br />
"A cabotagem não cuidou de si mesma,<br />
até pela imensa burocracia que é uma qualidade<br />
nacional". Fatos como o trabalho nos portos,<br />
burocracia, os longos períodos em trânsito, devido<br />
às escalas, e as avarias nas cargas conspiraram<br />
para decadência da cabotagem. A política<br />
rodoviarista prejudicou não só a cabotagem,<br />
mas também o setor ferroviário.<br />
No que diz respeito ao transporte de longo<br />
8 :: abril :: S antos <strong>Modal</strong><br />
capa<br />
curso, segundo Braun, a grande quebra ocorreu<br />
após o fim do protecionismo aos navios de bandeira<br />
brasileira, em 1969, que trazia muitas vantagens<br />
às armadoras nacionais e as manteve por<br />
muitos anos. A antiga Superintendência Nacional<br />
da <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong> - SUNAMAN, então reguladora<br />
do transporte marítimo nacional, através<br />
do decreto N.666 de 1969, instalou diversos<br />
procedimentos beneficiando o país. O decreto<br />
dizia que deveriam predominar no tráfego entre<br />
o Brasil e os demais países os armadores<br />
nacionais do país exportador e importador de<br />
mercadorias, até que seja obtida a igualdade<br />
de participação entre os mesmos armadores<br />
preconizada pela política brasileira de transporte<br />
marítimo internacional. Definia também a<br />
obrigatoriedade, em navios de bandeira brasileira,<br />
respeitado o princípio da reciprocidade,<br />
o transporte de mercadorias importadas por<br />
qualquer órgão da administração pública federal,<br />
estadual e municipal, direta ou indireta,<br />
inclusive, empresas públicas e sociedades de<br />
economia mista, bem como as importadas com<br />
quaisquer favores governamentais e, ainda, as<br />
adquiridas com financiamento, total ou parcial,<br />
de estabelecimento oficial de crédito, assim<br />
também com financiamento externos, concedidos<br />
a órgãos da administração pública federal,<br />
direta ou indireta.<br />
Braun explica que mesmo com todo o protecionismo<br />
às armadoras nacionais, o custo para construção<br />
de navios no Brasil era (e ainda é) alto. Houve<br />
também um certo descuido em não se modernizar<br />
em tempo. Com exceção do Lloyd Brasileiro (fechada<br />
em 1997) e da Aliança (comprada pela Hamburg<br />
Sud), as demais armadoras sentiram mais bruscamente<br />
as transformações do mercado.<br />
Já no fim de seu governo, em 1989, José<br />
Sarney colocou fim ao protecionismo à bandeira<br />
nacional na navegação de longo curso, com<br />
um decreto lei de 20 de fevereiro, onde dispunha<br />
sobre a redistribuição das competências da<br />
já extinta SUNAMAN e como diz Braun, "puxou o<br />
tapete das chamadas conferências de frete,<br />
acabando com as preferências e a proteção das<br />
armadoras nacionais". Com o tráfego aberto,<br />
navios de outras bandeiras poderiam transitar<br />
livremente em águas brasileiras. E para concorrer<br />
com armadores internacionais, de países desenvolvidos,<br />
era preciso competência, qualidade<br />
e tecnologia, entre outros fatores. Mas a<br />
navegação brasileira não estava preparada e o<br />
transporte marítimo tornou-se um campo de<br />
batalha. Até 1990 o Lloyd Brasileiro contava com<br />
20 navios; a Frota Nacional de Petroleiros, da<br />
Petrobrás, com 60; e a Doce Nave (navios da<br />
Vale do Rio Doce), com 15, todas estas estatais.<br />
Hoje a frota brasileira é de apenas 120 embarcações,<br />
de empresas brasileiras de navegação<br />
de longo curso e cabotagem.<br />
Para Braun, "o atual governo precisa estabelecer<br />
normas que acompanhem a sistemática de<br />
outros países e os modelos de leis trabalhistas,<br />
pois o custo da mão-de-obra brasileira é muito<br />
cara; é preciso também um tratamento especial<br />
em termos de preço para combustíveis, já que o<br />
Brasil é um produtor de petróleo; há a necessidade<br />
de critérios especiais na hora da construção<br />
do navio". E acrescenta: "é preciso reviver os<br />
estaleiros, usar a tecnologia e os insumos nacionais,<br />
ativar a reconstrução da frota pesqueira".<br />
O Sindicato Nacional das Empresas de Navegação<br />
Marítima - Syndarma defende um programa<br />
básico para renovação e incorporação da frota<br />
nacional com a construção de 10 navios graneleiros,<br />
6 químicos, 23 de carga geral e 20 embarcações<br />
de apoio marítimo, que implicam em um<br />
investimento de US$ 1.500 bilhões. Mas Elmar<br />
Braun vai mais longe e diz que não vê condições<br />
do Brasil concorrer hoje com os grandes armadores<br />
internacionais. Ele defende a idéia de que<br />
"mesmo que o governo injetasse uma grande quantia<br />
na construção de dezenas de navios para equipar<br />
a <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong>, não haveria como competir".<br />
E aponta como alternativa as grandes exportações<br />
de soja e grãos. Segundo Braun, hoje o<br />
Brasil está importando menos e produzindo mais,<br />
e exportando a preços convidativos. "O que falta<br />
são navios graneleiros. Por que não desenvolver<br />
uma frota nacional de navios graneleiros"? diz. Para<br />
Elmar Braun, o Brasil tem agora a chance de oferecer<br />
custo e frete, e assim ganhar no produto e<br />
também no frete. "Exportamos soja, açúcar, milho<br />
e trazermos de fora produtos ainda importados<br />
como carvão e o trigo".<br />
A falta de navios graneleiros é também destacada<br />
pelo diretor do Departamento do Fundo<br />
de <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong> do Ministério dos Transportes,<br />
Sérgio Bacci: "O Brasil, em função da<br />
sua posição geográfica em relação aos principais<br />
países importadores de produtos primários,<br />
de baixo valor agregado, em cuja composição<br />
do preço final o frete é relevante, está sendo<br />
afetado pelo aumento do frete e conseqüentemente<br />
do valor de aluguel dos navios graneleiros,<br />
em face do pouco investimento da armação<br />
nacional neste tipo de embarcação".<br />
O panorama do setor<br />
O Fundo de <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong>, administra-<br />
do pelo Ministério dos Transportes, arrecada anualmente<br />
cerca de R$ 700 milhões. A principal
fonte de recursos é o Adicional ao Frete para<br />
Renovação da <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong> - AFRMM, contribuição<br />
cobrada de cada navio que atraca nos<br />
portos brasileiros. O Fundo, que possui hoje um<br />
saldo de R$ 1,8 bilhão, serve de apoio financeiro<br />
e fomento à indústria naval brasileira.<br />
Mas não se pode esquecer que existem hoje,<br />
segundo Syndarma, 21 navios com mais de 18<br />
anos operando no setor de granéis sólidos. Na<br />
frota dos navios de produtos químicos a granel,<br />
seis também já passaram da maioridade. Além<br />
disso, transportamos apenas cerca de 2% de nossa<br />
carga internacional, quando que em 1980 chegamos<br />
a levar e a trazer com navios de bandeira<br />
brasileira até 26% deste comércio.<br />
Para o vice-presidente executivo do Syndarma,<br />
Cláudio Roberto F. Décourt, além da necessidade<br />
de se reconstruir a frota brasileira, hoje<br />
a maioria das empresas armadoras instaladas no<br />
Brasil são estrangeiras, pois os navios brasileiros<br />
não conseguem competir. "As empresas estrangeiras<br />
regulam o mercado dos fretes devido<br />
a diferença de custo operacional", diz.<br />
Sérgio Bacci, diretor do Departamento do<br />
FMM, explica que, "cada vez mais, se busca na<br />
navegação, em particular no longo curso, a economia<br />
de escala e a racionalização dos espaços<br />
ofertados, ficando praticamente impossível,<br />
para as já tão enfraquecidas, empresas brasileiras<br />
concorrerem com os mega transportadores<br />
estrangeiros em face da quantidade de espaços<br />
e logística por eles oferecidos, não restando<br />
possibilidade de continuar existindo a não<br />
ser que a empresa brasileira seja, de certa forma,<br />
absorvida pela estrangeira".<br />
Segundo Syndarma, mais de 60% da frota<br />
mercante mundial está classificada nos chamados<br />
registros abertos, mais conhecidos como<br />
bandeiras de conveniência, e gozam de total<br />
isenção fiscal e tributária. O restante da frota,<br />
embora registrado em bandeiras nacionais, recebe<br />
subsídios e incentivos, a maioria deles procurando<br />
tornar as condições particulares de cada<br />
país, similares às oferecidas pelas bandeiras de<br />
conveniência. Na Grécia, responsável pela maior<br />
frota mundial, quase 70% das embarcações<br />
estão registradas fora do país e várias modalidades<br />
de subsídios tornam o navio sob bandeira<br />
grega similar aos registrados fora do país. Navios<br />
como os da Grécia e dos EUA - criadores das<br />
bandeiras de conveniência - servem de parâmetro<br />
de custos para o mercado internacional<br />
e brasileiro de fretes. Competimos com navios<br />
que não pagam encargos sociais a seus tripulantes.<br />
Encargos estes que no Brasil chegam a<br />
ficar 140% acima dos salários pagos. Deve-se<br />
capa<br />
levar em conta, também, que estes navios são<br />
operados por empresas que não pagam nenhum<br />
tipo de imposto ou taxa e tarifas anuais inferiores<br />
a US$ 1.000 por navio. Como resultado o<br />
Brasil atrai poucos investimentos para o setor.<br />
Décourt defende a idéia de que com a renovação<br />
da frota, a expansão da cabotagem e do<br />
longo curso, existe um grande potencial de crescimento<br />
do setor, previstos para os próximos 5 a<br />
7 anos e com um investimento de mais de US$ 1<br />
bilhão. "A cabotagem, que há anos atrás estava<br />
morta, é um sistema seguro de transporte, mas<br />
já está ficando pequena a quantia de navios para<br />
a demanda", completa. O vice-presidente afirma<br />
também que, "a mentalidade burocrática do<br />
BNDES retarda os projetos para linha de financiamento<br />
e desestimula as empresas".<br />
FMM e o BNDES<br />
Em 2004 o setor naval brasileiro terá um<br />
acréscimo de aproximadamente 20% no número<br />
de postos de trabalho, segundo Assessoria de<br />
Imprensa do Ministério dos Transportes. <strong>Os</strong> investimentos<br />
na indústria naval deverão proporcionar<br />
a geração de 13.500 empregos, entre diretos<br />
e indiretos. A previsão é de que o setor<br />
receba, este ano, R$ 1,1 bilhão em recursos. O<br />
dinheiro será aplicado na construção e modernização<br />
de embarcações. Do total, R$ 583 milhões<br />
vão financiar projetos já contratados para<br />
construção de navios, R$ 181 milhões vão para<br />
os que estão em fase de contratação e R$ 366<br />
milhões para os que estão na fase final de análise<br />
para aprovação.<br />
<strong>Os</strong> investimentos do Ministério dos Transportes<br />
no setor naval em 2004 vão financiar a<br />
construção de pelo menos 68 novas embarcações.<br />
Hoje, 59 embarcações estão em construção<br />
com financiamentos do Ministério dos Transportes.<br />
Entre os navios financiados estão barcaças,<br />
graneleiros, rebocadores e embarcações<br />
de apoio a plataformas marítimas.<br />
Na segunda quinzena de março foi entregue<br />
mais um navio financiado pelo FMM. A embarcação,<br />
do tipo gaseiro pressurizado, teve um<br />
custo total de US$ 26,8 milhões. Deste valor,<br />
81% foram financiados pelo Ministério. A embarcação<br />
faz parte de um contrato que previa a<br />
construção de outros dois navios do mesmo tipo.<br />
Com a conclusão deste, fica faltando apenas<br />
mais um, que deverá ser entregue no próximo<br />
mês de agosto. O empreendimento está sendo<br />
responsável pela geração de cerca de seis mil<br />
postos de trabalho, entre diretos e indiretos,<br />
além de evitar gastos de US$ 12 milhões por<br />
ano com afretamentos.<br />
O navio foi construído pelo estaleiro Itajaí<br />
S.A. e destinado ao armador Metalnave S.A. Comércio<br />
e Indústria. A embarcação vai atuar no<br />
transporte de gases liquefeitos de petróleo e de<br />
gases químicos utilizados na indústria petroquímica,<br />
tendo como principais clientes a Petrobrás,<br />
a Copene, Copesul, Petroflex e a Dow Química.<br />
O gaseiro vai operar na costa brasileira, passando<br />
pelos portos de Suape, Salvador, Rio de Janeiro,<br />
<strong>Santos</strong> e Porto Alegre, além de navegar também<br />
por rotas do Mercosul, pelos portos de São<br />
Lourenço, Buenos Aires e Baia Blanca.<br />
Segundo Sérgio Bacci, a arrecadação do<br />
AFRMM atingiu US$ 232 milhões no último ano.<br />
"Durante o ano de 2003 foram assinados ou entraram<br />
em eficácia contratos para a construção<br />
de vinte e duas embarcações, a jumborização<br />
de outras duas e a modernização e ampliação<br />
de um estaleiro, com financiamentos do FMM<br />
que totalizam US$ 272.7 milhões e com crescimento<br />
de 107% em relação ao volume de recursos<br />
contratados em 2002. <strong>Os</strong> contratos referemse<br />
a dois rebocadores, quatro balsas, quatro empurradores<br />
fluviais e 16 embarcações de apoio<br />
marítimo, beneficiando sete empresas de navegação<br />
e dois estaleiros", relata.<br />
No início de março, o BNDES divulgou o financiamento<br />
de US$ 63,9 milhões para a compra<br />
de três navios brasileiros, de apoio à exploração<br />
de petróleo em plataformas marítimas da<br />
Bacia de Campos, que serão construídos em<br />
estaleiros do Rio de Janeiro. A verba foi aprovada<br />
para as empresas Seabulk Offshore do Brasil<br />
Ltda e Skannor Offshore Ltda<br />
As três embarcações irão reforçar a presença<br />
da bandeira brasileira nas operações de<br />
exploração petrolífera no país. Das 145 embarcações<br />
de apoio que atuam hoje em águas nacionais<br />
apenas 48 têm bandeira do Brasil. Há<br />
entre elas 36 navios do tipo AHTS, todas com<br />
bandeiras estrangeiras. Existem 26 embarcações<br />
do tipo PSV operando no Brasil, das quais<br />
só cinco têm bandeira nacional. Todos esses<br />
navios operam mediante contratos de prestação<br />
de serviços à Petrobrás.<br />
Projeto pioneiro<br />
Quem assistiu o naufrágio da indústria naval<br />
brasileira acompanhou, entre outras situações,<br />
falências, vendas e alianças. Presenciou também<br />
o fim do Lloyd Brasileiro, que entre os anos 70 e<br />
80 foi um verdadeiro símbolo do setor e acabou<br />
por fechar suas portas em 97 em volta as suas<br />
dívidas e denúncias de corrupção. Há quem diga,<br />
nas entrelinhas, que a Lloyd funcionava em moldes<br />
não muito comuns como, por exemplo, inici-<br />
<strong>Santos</strong> <strong>Modal</strong> :: abril :: 9
ar seu horário de atendimento após o meio dia,<br />
como se na parte da manhã não houvesse escalas<br />
de navios e trabalho a se fazer.<br />
Mas nem tudo foi perdido. A Companhia de<br />
Navegação Norsul, do Rio de Janeiro, é um exemplo<br />
de empresa que viveu a decadência do setor,<br />
manteve-se de pé e hoje é responsável por um<br />
faturamento de US$ 150 milhões (2002).<br />
Segundo o seu diretor, Luiz Philippe Figueiredo,<br />
o grande diferencial da Norsul foi ter sempre<br />
lidado com a competitividade. Quando acabou<br />
o controle do governo sobre o transporte<br />
marítimo internacional, que decidia rotas, escalas,<br />
fretes e a divisão do tráfego no longo<br />
curso, a empresa não sentiu o impacto, pois já<br />
atuava com a cabotagem, onde não havia protecionismo.<br />
Para o diretor, a grande dificuldade,<br />
da cabotagem, "foi o custo dos portos no<br />
Brasil, entre os anos 70 e 80. A demora e a<br />
burocracia inviabilizavam o uso deste transporte.<br />
Com a privatização dos portos, aumentou<br />
a produtividade".<br />
Até o final da década de 80 a Norsul contava<br />
com apenas quatro navios próprios. Hoje são<br />
dez navios graneleiros, um empurrador oceânico,<br />
três barcaças, todos de bandeira brasileira,<br />
e mais outras seis embarcações afretadas. Segundo<br />
Figueiredo, a empresa acredita no crescimento<br />
e como prova desta confiança está investindo<br />
R$ 100 milhões em novas embarcações.<br />
"Já estão em construção quatro novos empurradores<br />
oceânicos e oito barcaças", diz.<br />
Para o diretor, "o armador brasileiro para<br />
ser competitivo com o internacional precisa ter<br />
navios construídos com o custo igual aos estrangeiros<br />
e ter custos iguais aos estrangeiros de<br />
seguros, peças, mão-de-obra, encargos, e outros<br />
que tornem o custo final realmente competitivo,<br />
pois hoje os nossos preços não estão<br />
nivelados com os grandes armadores".<br />
Controlada pelo grupo Lorentzen, a Norsul<br />
foi fundada em 1963 e transportou, em 2003,<br />
mais de dez milhões de toneladas de cargas, tanto<br />
na costa brasileira como no comércio exterior.<br />
Atuando com granel e neo-granel, é líder no transporte<br />
de granel seco na região da costa leste da<br />
América do Sul e possui graneleiros capazes de<br />
atender quase 100% da movimentação entre os<br />
países sul-americanos, transportando minério de<br />
ferro, bauxita, trigo, milho, soja (grão), açúcar,<br />
sal, alumina e produtos do aço.<br />
Detentora de uma das maiores frotas privadas<br />
brasileiras de embarcações marítimas a Norsul<br />
se destaca, principalmente, pelo seu pioneirismo<br />
no projeto dos navios barcaça. Figueiredo<br />
conta que, o projeto nasceu da necessida-<br />
10 :: abril :: S antos <strong>Modal</strong><br />
capa<br />
de da Aracruz Celulose aumentar sua capacidade<br />
de produção. Embora a empresa tivesse matéria-prima<br />
em abundância em suas novas áreas<br />
florestais (no sul da Bahia), o carregamento<br />
da madeira em caminhões resultaria altos custos,<br />
inviabilizando o transporte. Pois, para transportar<br />
3.4 milhões de metros cúbicos de madeira<br />
por ano, a quantidade necessária para a viabilização<br />
do plano de expansão da fábrica de<br />
celulose, era necessário o embarque de um caminhão<br />
de 26 metros a cada 8 minutos, durante<br />
24 horas por dia, todos os dias por ano. Algo<br />
simplesmente inviável. "Não era só um problema<br />
de custo, mas as estradas seriam destruídas<br />
com o peso da carga".<br />
Após dois anos de estudo a Norsul apresentou<br />
como alternativa o projeto das barcaças.<br />
Construídas com engenharia totalmente<br />
nacional, operam 24 horas por dia, navegam<br />
mais rapidamente que outros navios, consomem<br />
menos combustível e oferecem maior<br />
margem de manobra.<br />
Outro grande contrato da Norsul, em andamento,<br />
é o projeto da Veracel, para o qual estão<br />
sendo construídas três barcaças e um empurrador.<br />
As embarcações ficarão prontas em<br />
2005 e irão transportar fardos de celulose que<br />
serão produzidos na fábrica que a Veracel está<br />
instalando nas divisas dos municípios de Eunápolis<br />
e Belmonte, na Bahia, até a unidade da<br />
Aracruz em Portocel, no Espírito Santo. Assinado<br />
em outubro de 2003, o contato prevê um<br />
investimento de US$ 23 milhões.<br />
Até 2006, a Vegasul vai receber quatro barcaças<br />
e dois empurradores, construídos pela Norsul,<br />
que farão o transporte de bobinas de aço<br />
fabricadas pela Companhia Siderúrgica de Tubarão<br />
para a Vega do Sul. O transporte de bobinas<br />
de aço neste tipo de embarcação também é<br />
inédito no país. Cada embarcação poderá transportar<br />
até 10 mil toneladas por ano, somando<br />
1.1 milhões de toneladas transportadas anuais.<br />
Armadores mundiais<br />
Entre os grandes armadores mundiais, um<br />
deles tem motivos especiais para comemorar o<br />
ano de 2004. Além de ser a número um do mundo,<br />
a Maersk Sealand (AP Moller Maersk A/S),<br />
completa 100 anos, no próximo dia 28 de abril,<br />
e 10 anos no Brasil, no dia 01 de maio. Com<br />
uma frota de 250 navios, entre eles, porta-contêineres,<br />
navios tanque, gaseiros, navios para<br />
transporte de automóveis, para abastecimento<br />
e de perfuração, tem mais do que o dobro de<br />
navios em relação a segunda maior armadora.<br />
Além da Maersk, outras grandes armadoras<br />
estão presentes no Brasil, como a P&O Nedlloyd,<br />
CSAV, Hanjin, Hamburg Süd, entre outras.<br />
A CSAV, por exemplo, foi responsável pela<br />
compra da Libra. O grupo alemão Hamburger<br />
Süd (que apesar de não estar entre os 20 maiores<br />
armadores, é um dos mais tradicionais e está<br />
no país desde o Império), foi responsável pela<br />
compra da Aliança. Já a espanhola Elcano comprou<br />
a Docenave, da Vale do Rio Doce.<br />
Tão comum quanto a compra de empresas<br />
brasileiras por armadores de grande porte é fusão<br />
destas empresas entre si visando a redução<br />
de custos e ampliação do faturamento. Um bom<br />
exemplo foi a fusão da P&O e da Nedlloyd. Após<br />
a união a nova empresa tornou-se a terceira maior<br />
operadora de contêineres do mundo.<br />
A concentração no mercado de transporte<br />
marítimo internacional tem-se acelerado nos últimos<br />
anos e não aparenta estar próximo de seu<br />
término. Novas alianças, fusões e aquisições são<br />
esperadas, sendo que as principais transformações<br />
deverão ocorrer nos países da América Latina,<br />
África e Oceania, onde grandes empresas<br />
que se incorporaram a outras locais passarão a<br />
operar objetivando novas parcerias com outras<br />
grandes potências.<br />
É de extrema importância para os portos<br />
manter o fluxo de grandes armadores. Pois, se<br />
antes a perda de um cliente representava apenas<br />
a falta de alguns pontos percentuais da receita,<br />
hoje significa perder parcelas expressivas<br />
do faturamento. Perder armadoras como a<br />
Maersk ou P&O, ou qualquer outra grande, é<br />
finalizar o contato com grandes alianças empresariais<br />
mundiais. Significa estar dentro ou<br />
fora do mercado mundial, pois quem normalmente<br />
determina o sucesso dos portos são os<br />
grandes armadores e não o potencial locacional<br />
de cada um.<br />
Além disso, para que a <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong><br />
brasileira volte a ter uma participação, no mínimo<br />
expressiva, é preciso pensar a longo prazo,<br />
pois se precisamos ser competitivos para ter<br />
chance no mercado mundial, não podemos ter<br />
a ilusão de que isto aconteça em curto espaço<br />
de tempo. Se aprovada a MP do governo que<br />
prevê mudanças e incrementos para o setor, já<br />
podemos pensar que um pequeno passo será<br />
dado.<br />
É preciso atentar para o fato de que o caminho<br />
do crescimento da <strong>Marinha</strong> <strong>Mercante</strong>,<br />
além de incentivos, precisa de um rumo. É preciso<br />
tomar o caminho onde temos maior chance<br />
de crescimento, como foi lembrado por Elmar<br />
Braun: "O que falta são navios graneleiros.<br />
Por que não desenvolver uma frota nacio-
Divulgação<br />
nal de navios graneleiros"? diz. Este talvez seja<br />
um dos campos mais promissores e que mereça<br />
investimentos.<br />
Ainda se ouve críticas do setor por se empregar<br />
valores do FMM para construção de embarcações<br />
de apoio marítimo para a exploração<br />
de petróleo - off shore. Mas é preciso lembrar<br />
que, a medida que se ativa o setor de off<br />
capa<br />
shore, conseqüentemente, ativamos mão-deobra<br />
nacional, gerando novos postos, reaquecendo<br />
o trabalho nos estaleiros, diminuindo<br />
custos com afretamentos e reavivando a construção<br />
naval brasileira.<br />
A cabotagem, que vem apresentando crescimento,<br />
também já dá sinais da necessidade de<br />
investimentos em novas embarcações para su-<br />
prir sua demanda. Este é também um caminho.<br />
O que não se pode é fechar os olhos e deixar<br />
de fazer uma análise crítica das possibilidades<br />
de crescimento. É preciso focar os investimentos<br />
na direção correta, e pararmos de assistir<br />
nosso país perder bilhões de dólares, acumulados<br />
ano a ano, como uma bola de neve, com custos<br />
que aos poucos podem ser reduzidos. ::<br />
<strong>Santos</strong> <strong>Modal</strong> :: abril :: 11