Os abusos da penhora on-line Por Marcos Paulo Passoni Fonte ...
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<str<strong>on</strong>g>Os</str<strong>on</strong>g> <str<strong>on</strong>g>abusos</str<strong>on</strong>g> <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong><br />
<strong>Por</strong> <strong>Marcos</strong> <strong>Paulo</strong> Pass<strong>on</strong>i<br />
F<strong>on</strong>te: Valor Ec<strong>on</strong>ômico<br />
06.06.12<br />
Déca<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>s atrás, a busca pela efetivi<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> prestação jurisdici<strong>on</strong>al passou a admitir a<br />
intitula<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong>. No desabrochar do século XXI o instrumento foi arrastado à<br />
banalização e tornou-se protag<strong>on</strong>ista de torrenciais ilegali<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>des e instabili<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de<br />
ec<strong>on</strong>ômica, sob violação <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> segurança jurídica. O sistema jurídico exige que o pedido<br />
de <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong> e a decisão judicial de deferimento sejam fun<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>mentados,<br />
respectivamente, nos artigos 282 e 283 do Código de Processo Civil e, sobretudo, no<br />
artigo 93, IX, <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> C<strong>on</strong>stituição Federal.<br />
To<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>via, como não há um critério explícito de requisitos objetivos a serem preenchidos<br />
por aquele que pleiteia especificamente a <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong>, não raro, são formulados<br />
pedidos sem qualquer fun<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>mentação ou sob base pífia, ou ain<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> o pedido de <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> é<br />
desprovido de qualquer documento particular ou público (como c<strong>on</strong>trato ou estatuto<br />
social expedidos pela Junta Comercial), que possam comprovar de plano o alegado<br />
direito de exercer a <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> sobre patrimônio alheio, não participante do processo.<br />
Não há qualquer dúvi<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> quanto à obrigação do devedor adimplir os seus débitos, por<br />
força <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong>. Entretanto, esse instrumento vem sendo malsucedido,<br />
sobretudo quando afeta terceiros não participantes do processo. A facili<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de de seu<br />
manuseio culmina em frequentes desvios, sob lesão <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> própria razão de ser do instituto.<br />
Há casos em que ela é c<strong>on</strong>cedi<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> sem a necessária fun<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>mentação legal, e amiúde sem a<br />
efetiva intervenção do juiz, vez que o poder é delegado ilegalmente a um funci<strong>on</strong>ário do<br />
cartório.<br />
O que haveria de ser rápido, impõe brutal atraso ao processo, a provocar prejuízo ao<br />
credor (que não vê o seu direito efetivado) e causa <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>no irreversível ao suposto devedor<br />
(que se desvencilha <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> ilegal <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g>, sob alto custo de tempo e dinheiro), cenário que<br />
pulveriza o descrédito ao Judiciário.<br />
O sistema jurídico exige que o pedido de <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong> e a decisão judicial sejam<br />
fun<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>mentados. To<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>via, como não há um critério explícito de requisitos objetivos a<br />
serem preenchidos, não raro, são formulados pedidos sem qualquer fun<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>mentação ou<br />
sob base pífia, ou ain<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> desprovidos de qualquer documento particular ou público<br />
(como c<strong>on</strong>trato ou estatuto social), que possam comprovar o alegado direito de exercer a<br />
<str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> sobre patrimônio alheio, não participante do processo. Sim, quando a <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> é<br />
dispara<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> c<strong>on</strong>tra o devedor as chances de erro são diminuí<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>s c<strong>on</strong>sideravelmente.<br />
A facili<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de de seu manuseio culmina em frequentes desvios<br />
C<strong>on</strong>tudo, quando a <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong> recai sobre terceiro estranho à lide como os<br />
homônimos, os ex-sócios ou ex-diretores <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> empresa executa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>, a situação é dramática.<br />
O homônimo terá de c<strong>on</strong>tratar advogado, seu patrimônio restará indisp<strong>on</strong>ível por l<strong>on</strong>go<br />
período. Empresas com nomes semelhantes à executa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> devem comprovar a<br />
similari<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> razão social e, não raro, com ilegal inversão do ônus <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> prova, são<br />
obriga<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>s a comprovar que não fazem parte do grupo ec<strong>on</strong>ômico executado.
Situação ain<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> mais abusiva é a posição ocupa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> por ex-sócios e ex-diretores de<br />
empresas executa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>s ao sofrerem os efeitos <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong> <strong>line</strong>. <strong>Por</strong> absoluta falta de<br />
legislação específica que imp<strong>on</strong>ha critérios objetivos na formulação de pedido, os<br />
sujeitos têm suas c<strong>on</strong>tas bancárias, assaca<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>s ilegalmente, máxime na área trabalhista. O<br />
primeiro impacto provocado é o afastamento de competentes administradores,<br />
advogados etc. dos quadros diretivos <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>s empresas.<br />
Note-se, a lei não exige dos juízes decisão liminar na defesa dos terceiros que muitas<br />
vezes aguar<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>m anos e anos a fio para obter a liberação dos seus recursos bloqueados.<br />
<strong>Por</strong> isso, faz-se necessário prever, por texto legal, a c<strong>on</strong>denação de sucumbência àquele<br />
que pede <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong> e sai perdedor (seara trabalhista).<br />
Antes do pedido de redireci<strong>on</strong>amento <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> execução para os terceiros à lide, faz-se<br />
necessário o preenchimento de requisitos objetivos: (i) o pedido de desc<strong>on</strong>sideração e a<br />
decisão deferitória devem ser fun<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>mentados (art. 93, IX, <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> CF); (ii) o pedido deve<br />
dem<strong>on</strong>strar (e não só alegar) que houve o abuso <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> pers<strong>on</strong>ali<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de jurídica <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> empresa<br />
executa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> pelos sócios e deve comprovar o desvio de finali<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de, ou a c<strong>on</strong>fusão<br />
patrim<strong>on</strong>ial entre a empresa executa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> e os seus sócios (art. 50 do CC); (iii) o pedido<br />
deve dem<strong>on</strong>strar que os bens <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> empresa executa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> já foram executados (art. 596, do<br />
CPC); (iv) o pedido deve comprovar que o terceiro é sócio atual <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> empresa executa<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>,<br />
ou sua retira<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> a menos de dois anos (art. 1.032 do CC).<br />
O projeto do novo Código de Processo Civil traz avanços ao garantir o c<strong>on</strong>traditório<br />
prévio à desc<strong>on</strong>sideração <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> pessoa jurídica. A efetivi<str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g>de <str<strong>on</strong>g>da</str<strong>on</strong>g> rapidez jurisdici<strong>on</strong>al é<br />
imprescindível no Estado de Direito. A <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong>-<strong>line</strong> é eficiente, sobretudo ao atingir<br />
o patrimônio do próprio devedor recalcitrante. <strong>Por</strong>ém, a realização de <str<strong>on</strong>g>penhora</str<strong>on</strong>g> <strong>on</strong> <strong>line</strong><br />
de forma afoita, sem o respeito às balizas legais já existentes e sem qualquer critério<br />
objetivo é manifestamente ilegal e prejudicial ao tecido social. O problema está no<br />
excesso do uso sem critérios.<br />
<strong>Marcos</strong> <strong>Paulo</strong> Pass<strong>on</strong>i é advogado do escritório Suchodolski Associados, em São <strong>Paulo</strong>