Kirikou's Grandfather says that the story of Kirikou ... - Atalanta Filmes
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KIRIKOU<br />
França 2005 1,85 Dolby SR 75’<br />
Sinopse<br />
O avô, no trono da sua gruta azul, explica: «A história de <strong>Kirikou</strong> e a feiticeira<br />
é muito breve. Não tivemos tempo de contar todos os feitos de <strong>Kirikou</strong>. Ele<br />
fez verdadeiras boas acções que não devemos esquecer. Vou contar-vos.» E<br />
assim nos diz como o criativo <strong>Kirikou</strong> se tornou jardineiro, detective, oleiro,<br />
comerciante, viajante, médico, e sempre o mais pequeno e mais valente dos<br />
heróis.<br />
Michel Ocelot, sobre «<strong>Kirikou</strong> et les bêtes sauvages »<br />
Não tinha a intenção de fazer um Segundo <strong>Kirikou</strong>. Contudo, o pequeno<br />
<strong>Kirikou</strong> não me ligou nenhuma e impôs-se. É uma estranha experiência, de<br />
uma forma ultrapassada na sua invenção mas de outra forma um recomeço<br />
como se fosse a primeira vez… não é uma sequela da história de <strong>Kirikou</strong> e a<br />
Feiticeira, onde o herói se tornou num homem. O <strong>Kirikou</strong> que ficou na<br />
memória (na do público e na minha), é uma pequena criança, nu, decidido,<br />
activo, astucioso e generoso. Ele age de forma a mostrar bocados da sua vida<br />
que nunca teve tempo para contar. Tive um imenso prazer quando voltei<br />
intensamente a recriar o nosso minúsculo herói, em fazê-lo reagir, correr a<br />
fundo, falar – ele ditou-me os diálogos sem hesitação e tudo que dizia a sua<br />
mãe, o avô e o velho rabugento no seu baobab, a Mulher Forte, autoritária<br />
mas não indiferente. Karaba brilha todos os dias, ela não é ainda a bruxa mas<br />
percebe que uma mulher extraordinária intriga a criança extraordinária de<br />
quem a última palavra, no filme, será para ela. Senti que devia mostrar a vida<br />
na aldeia e continuei no curso dos belos e luxuosos cenários, num espaço à<br />
escala de África e mergulhei todo o filme na música. Trabalhei a fundo com<br />
Manu Dibango, com a vantagem de vivermos no mesmo sítio e de querermos<br />
chegar ao limite e conseguir um espectáculo musical. Youssou N’ Dour está<br />
em todas as canções, antigas e novas, que ele próprio interpreta, o que não<br />
foi possível no primeiro filme. Tive outras vantagens, nomeadamente o<br />
trabalho com a minha co-realizadora Bénédicte Galup, uma colaboradora de<br />
longa data que zelava pela coolheita no terreno.<br />
Bénédicte Galup, realizadora<br />
Co-realizar : elaborar e realizar uma longa-metragem de animação a dois! Isto<br />
faz parte de um desafio para o <strong>Kirikou</strong>. Encontrar um certo equilíbrio entre<br />
um universo pré-estabelecido de <strong>Kirikou</strong> e o seu criador, Michel Ocelot e o<br />
ponto de vista alternativo que eu posso ter como pessoa e que lhe desejo dar<br />
como co-realizadora. O Michel e eu conhecemo-nos há muito tempo. Cada um<br />
de nós tem as nossas aspirações, os nossos desejos. Nem todos se podem<br />
satisfazer mas uma coisa é certa, nós partilhamos o desejo de fazer de novo<br />
um belo filme em torno da fantástica personagem que é <strong>Kirikou</strong>. De um ponto
de vista lógico e logístico, a diferentes fases de criação foram da incumbência<br />
de um ou outro. Ao longo de toda a produção, o Michel e eu trocámos opiniões<br />
e pontos de vista. Entre Angoulême, a área base de <strong>Kirikou</strong> desde 1998, e<br />
Paris, cidade dos seus produtores e do seu criador, nós estivemos<br />
constantemente ligados pela Internet e pelo TGV!. Eu estava então instalada<br />
em Charente durante quase um ano e meio, com a equipa de gráficos,<br />
animadores e decoradores, a trabalhar nas imagens do filme e depois nos<br />
<strong>story</strong>-boards até às imagens finais a cores. No estúdio, criado para a ocasião,<br />
rodeada de colaboradores do meio e de confiança, a quem o filme deve<br />
muito, fui confrontada com uma tarefa difícil mas excitante. Uma parte dos<br />
desenhos da animação foi fabricada no Vietname, a restante na Letónia.<br />
Colaborar com os animadores de outra cultura e para quem a África e o<br />
mundo de <strong>Kirikou</strong> pode parecer muito longínquo, foi igualmente uma<br />
experiência apaixonante.<br />
BIOGRAFIA<br />
Michel Ocelot nasceu na Côte d’ Azur, passou a infância na Guiné, a<br />
adolescência em Anjou e depois em Paris. Após os estudos em arte, Michel<br />
Ocelot consagrou toda a sua carreira ao cinema de animação e às criações<br />
pessoais. Todas as suas obras são baseadas nos seus cenários e grafismos.<br />
Realizou alguns filmes para empresa, algumas séries e curtas-metragens,<br />
obras que deu a conhecer nos circuitos de festivais e da própria pr<strong>of</strong>issão ( foi<br />
durante seis anos presidente da Associação Internacional de <strong>Filmes</strong> de<br />
Animação). Em 1998 atingiu o sucesso com a longa-metragem “<strong>Kirikou</strong> e a<br />
Feiticeira”, um conto africano, que permitiu a exibição nos cinemas (em<br />
Janeiro de 2000) “Prícipes e Princesas”, um filme de uma hora composto por<br />
curtas-metragens realizadas segundo os princípios do teatro de sombras.<br />
Quando “<strong>Kirikou</strong> et les bêtes sauvages” terminou ele dedicou-se a uma longametragem<br />
“Azur et Asmar”, um conto sobre a imigração sob um cenário de<br />
magrebino e andaluz na Idade Média.<br />
Filmografia
Autor-Animador-Desenhador-Realizador<br />
Curtas-metragens<br />
LES 3 INVENTEURS<br />
BAFTA (British Academy <strong>of</strong> film and television award), LONDRES<br />
1º prémio, Festival Internacional de ZAGREB<br />
Nomeado para melhor filme de animação, CESAR, PARIS<br />
Trophée d’Or, Festival Internacional de ODENSE<br />
LES FILLES DE L’EGALITE<br />
Prémio especial do Júri, Festival de ALBI<br />
LA LEGENDE DU PAUVRE BOSSU<br />
CESAR (Académie des Arts et Techniques du Cinéma), PARIS<br />
LES 4 VOEUX<br />
Longas-metragens<br />
KIRIKOU ET LA SORCIERE<br />
Grande prémio do Festival Internacional de Animação, ANNECY França<br />
British Animation Award para melhor longa-metragem‚ LONDRES<br />
Trophée d’Argent, Festival International du Film d’Enfants, Cairo, Egipto<br />
Grande prémio, Festival Internacional, KECSKMET Hungria<br />
Prémio do público, Festival Internacional de Cinema, ZANZIBAR Tanzânia<br />
Prémio longa-metragem, Festival Internacional, ESPINHO Portugal<br />
Prémio longa-metragem, Festival Internacional, SOUSSE, Tunísia<br />
Prémio do júri de crianças e do júri de adultos, Festival Internacional,<br />
CHICAGO, E.U.A.<br />
Prémio para melhor filme para crianças, Festival Internacional, ROUYN-<br />
NORANDA Canadá<br />
Prémio especial do júri, Festival Internacional, MONTREAL Canada<br />
Prémio do júri dos jovens, Festival Internacional, VANCOUVER Canada<br />
Prémio do Festival Internacional de Teatro para crianças, FERMO Itália<br />
Prémio para melhor longa-metragem de animação, Festival internacional,<br />
MONTEVIDEO Uruguai<br />
1º Prémio, Festival Internacional, CARTAGENA, Colômbia<br />
Prémio especial do júri, WorldFest, HOUSTON E.U.A.<br />
PRINCES ET PRINCESSES<br />
Prémio Cinema da Sociedade dos Autores e Compositores PARIS 2000<br />
Prémio do júri de crianças e do júri de adultos, Festival Internacional,<br />
CHICAGO E.U.A.<br />
Prémio especial do júri OCIC, Festival Internacional, MAR DEL PLATA<br />
Argentina<br />
AZUR ET ASMAR
KIRIKOU ET LES BETES SAUVAGES<br />
Bénedicte Galup<br />
Bénedicte Galup nasceu em Gassin em Março de 1964. passou toda a sua<br />
infência junto ao Mediterrêneo: Bastia, Narbonne e depois Montpellier onde<br />
obteve o diploma da Escola de Belas Artes. Depois da escola, trabalhou para a<br />
sociedade de produção de animação La Fabrique à St Laurent le Minier, onde<br />
descobriu a sua paixão pela animação sob a influência de realizadores<br />
talentosos como Michel Ocelot, Jean-François Laguionie Sylvain Chomet e<br />
Federico Vitali.<br />
Neste casulo, do papel recortado ao desenho animado, da película ao sistema<br />
informático, ela experimenta de tudo e faz grandes amizades. Depois,<br />
Bénédicte, permaneceu três anos em Angoulême, a dirigir o estúdio de<br />
criação Armateurs. Foi aqui que voltou a encontrar Michel Ocelot, com quem<br />
já tinha trabalhado há muito tempo e dirigiu o compositing nomeadamente<br />
<strong>Kirikou</strong> e a Feiticeira durante dois anos. De seguida viajou regularmente para<br />
Kiev, Seoul, e outros locais devido a várias produções. Em 2001, a grande<br />
aventura dos Triplettes de Belleville começa e Bénédicte expatria-se para<br />
Montreal onde durante mais de 18 meses ela dirige o compositing 2d do filme<br />
sob o olhar do seu realizador, Sylvain Chomet.<br />
No verão de 2003, de volta a Angoulême, ela passa à co-realização de <strong>Kirikou</strong><br />
, um trabalho de grande fôlego e que terminará em Setembro de 2005.<br />
PARCOURS PROFESSIONNEL<br />
1988-1989<br />
Animadora na série televisiva CINÉ-SI, que será mais tarde PRINCES ET<br />
PRINCESSES, réalisação Michel Ocelot.<br />
1989-1995<br />
Directora do estúdio info-gráfico 2D, em KIRIKOU ET<br />
LA SORCIÈRE, realização Michel Ocelot.<br />
1999-2000<br />
Assistente-realizadora na série televisiva BELPHÉGOR realização<br />
Jean-Christophe Roger.<br />
2001-2002<br />
Directora do estudio info-graphique 2D em Belleville rendez-vous realizado<br />
por Sylvain Chomet.<br />
2003-2005<br />
KIRIKOU ET LES<br />
BÊTES SAUVAGES.
Ficha artística e técnica<br />
Realização<br />
Michel Ocelot e Bénédicte Galup<br />
Direcção de Produção<br />
François Bernard<br />
Montagem imagem<br />
Dominique Lefever<br />
Misturas<br />
Bruno Seznec<br />
VOZES<br />
Intérpretes<br />
Pierre-Nd<strong>of</strong>fé Sarr <strong>Kirikou</strong><br />
Awa Sène Sarr Karaba<br />
Robert Liensol O Avô<br />
Marie-Philomène Nga A Mãe<br />
Emile Abossolo M’Bo O Tio<br />
Pascal N'Zonzi O Velhote<br />
Mar<strong>the</strong> N’Domé A mulher Forte<br />
Emilie Gaydu A Rapariga grande<br />
Gwénaël Sommier O rapaz Grande<br />
Alex Carrete O Rapaz médio<br />
Yanis Durancy O Rapaz pequeno<br />
Jean Bédiebé O Ídolo<br />
Noémie Germain e Ebra Kouahoulé As outras raparigas<br />
Michel Elias Os animais<br />
Yolande Ambiana, Maïk Darah,<br />
Marie-Jeanne Owono<br />
As mulheres da aldeia<br />
Diambu Bwalala,<br />
Nzola Samba,<br />
Christophe Peyroux Ambientes<br />
Criação sonora e Montagem som<br />
David Tripeau<br />
MÚSICA DO FILME<br />
Compositor<br />
Manu Dibango<br />
Voz<br />
Mamani Keïta<br />
CANÇÕES DO FILME<br />
“L’Enfant nu, l’enfant noir”<br />
Autor<br />
Michel Ocelot<br />
Compositor<br />
Brigitte Palabaud
Intérprete<br />
Youssou N’Dour<br />
“Karaba”<br />
Autor<br />
Rokia Traoré<br />
Compositor<br />
Rokia Traoré<br />
Intérprete<br />
Rokia Traoré<br />
“<strong>Kirikou</strong> et les bêtes sauvages”<br />
Autor<br />
Michel Ocelot<br />
Compositores<br />
Youssou N’Dour et Papa Oumar Ngom<br />
Intérpretes<br />
Marie-Jeanne Owonno<br />
Mar<strong>the</strong> N'Dome<br />
Emile Abossolo Mbo<br />
Marie-Philomène Nga<br />
Chorale Georges Seba<br />
Banda sonora do filme distribuida<br />
por Universal Music<br />
CRÍTICAS<br />
Digamos desde já que <strong>Kirikou</strong> tem a ambiguidade, essa imprecisão dos contos,<br />
que permite que cada um se possa identificar. Tem a fragilidade das obras<br />
que podemos ver e revisitar infinitamente(…).<br />
O herói é uma criança, e até a mais pequena, o mais fraco da sua<br />
comunidade. <strong>Kirikou</strong> o africano, até nem saberia sê-lo mais – as suas medidas<br />
desafiam todas as regras da proporção, e é assim que elas tomam sentido.<br />
Vive com a sua mãe.(…)Ninguém lhe presta a mínima importância à sua voz ou<br />
confiança nele (a não ser a mãe de <strong>Kirikou</strong>). Mais os acontecimentos provarão,<br />
claro está,mais tarde ou mais cedo, que ele tinha razão.<br />
A sua inteligência é viva ((…)beneficia de uma lucidez particularmente<br />
precoce).(…)<br />
Sim, “<strong>Kirikou</strong> é pequeno, mas consegue muita coisa”, sim, “<strong>Kirikou</strong> não é<br />
grande, mas é corajoso”, cantam as mulheres e as crianças da aldeia no final<br />
de cada episódio em que se assiste a uma vitória de <strong>Kirikou</strong>.(…)<br />
Mas em <strong>Kirikou</strong>, subsiste uma inquietude, um sentimento um pouco estranho<br />
que se manifesta, completamente apaixonante, e que não diz respeito só aos<br />
espectadores criança: um fascínio sem limites pela bruxa má Karaba, sobre a<br />
sorte da qual o pequeno se interroga – ela é má porque é infeliz? Porquê e<br />
como é que o mal pode ter tantos atractivos? No fim do filme <strong>Kirikou</strong>, para<br />
salvar a sua mãe do envenenamento, decide disfarçar-se de ídolo e ir colher a<br />
flor-antídoto ao território da bruxa. Consegue sem muitas dificuldades mas na
altura de deixar esta zona de grande perigo, aproxima-se da gruta de Karaba,<br />
sob os gritos assustados dos seus amigos siderados. Mais tarde, uma das suas<br />
camaradas pede-lhe a explicação de um gesto tão perigoso quanto inútil, e o<br />
rapazinho pequenino responde-lhe (é a última réplica do filme): “Ela é tão<br />
bonita!”<br />
(…) E o criador de <strong>Kirikou</strong> nem sequer se pergunta se pode existir uma<br />
diferença entre crianças e adultos e também não se sente obrigado a incitar<br />
um adulto a procurar a sua alma de criança para apreciar o filme (como fazia<br />
Cocteau no início de A Bela e o Monstro).<br />
(…) Compreendemos então em que é que <strong>Kirikou</strong> não precisa de fazer<br />
perguntas idiotas, perder o seu tempo com alianças duvidosas, ocasionais<br />
como em Chicken Little(…)<br />
Com certeza, <strong>Kirikou</strong> é também uma aliança, a de vários contos africanos,<br />
forçosamente adaptados, e uma estética muito ocidental (com<br />
nomeadamente uns decores naifs magníficos, mais próximos do Douanier<br />
Rousseau do que da arte africana), mas esta liga é homogénea e brilha com<br />
toda a sua chama.<br />
O filme de Ocelot não é um filme menos impuro do que Chicken Little, é<br />
mesmo o que o torna poético e provoca emoção. E não se trata aqui de<br />
proclamar a vitória do desenho animado biscateiro à francesa sobre o 3D<br />
industrial à americana. Mas apenas para dizer que Chicken parece não ter<br />
alma nenhuma enquanto <strong>Kirikou</strong>, visivelmente, tem uma. E depois sobretudo,<br />
ele é valente.<br />
Jean-Baptiste Morain CAHIERS DU CINÉMA<br />
Há festa na aldeia quando jorra a água graças ao engenho do mais pequeno<br />
mas também do mais espertalhão da tribo; mas as chatices continuam:<br />
saquearam as colheitas. Corridas e perseguições ao luar e amanheceres nem<br />
sempre triunfantes, mas verdadeiros momentos de jubilação graças a <strong>Kirikou</strong><br />
e o seu activismo para todos os azimutes. Sempre valente e manhoso: ora<br />
oleiro, ora jardineiro, ora médico, ora aguadeiro mas nunca bruxo! Não<br />
satisfeito com andar num turbilhão para iluminar os seus pares, ele divertenos<br />
à custa de velhos rabugentos disparatados. Está de volta, então, sucesso<br />
obriga, o filhote todo nu e todo pequeno de Michel Ocelot, plebiscitado tanto<br />
por pais e avós como pelos pequenotes, adoptado e magnificado por famosos<br />
feiticeiros compositores e intérpretes, tais como Manu Dibango, Youssou<br />
N’Dour e Rokia Traoré, a acrescentar a uma colecção de desenhadores e de<br />
decoradores.<br />
Não se trata, a bem dizer, de uma sequela de <strong>Kirikou</strong> et la sorcière mas de<br />
outros grandes feitos do mini-herói ainda em pontas dos pés com as criaturas<br />
da bela Karaba. Neste novo episódio, ele luta com uma hiena enlouquecedora<br />
e um javali fanático. Composto por quatro novos contos ligados entre eles<br />
como outros tantos ramos de uma mesmo arrebatamento para aléns<br />
encantadores, <strong>Kirikou</strong> e os bichos selvagens luxuriante, hilariante e caloroso,<br />
é uma prenda em tempo de geada: o mais saboroso dos safaris.
(…)As nossas referências em termos de fauna e de flora exótica, assim como<br />
em domínio técnico (o emprego da ferramenta numérica ao serviço de uma<br />
estética bidimensional) vão para o nosso amigo franco-africano. Kiricocorikou!<br />
Michel Roudevitch LIBÉRATION<br />
Em 1998, Michel Ocelot, então desconhecido do grande público, surpreendia<br />
toda a gente com <strong>Kirikou</strong> et la sorcière, ao criar, além do apaixonante<br />
pequeno herói que dá nome ao filme, um dos mais belos sucessos jamais<br />
obtidos por um desenho animado francês no cinema. (…) O quadro e as suas<br />
personagens são sensivelmente as mesmas. Uma aldeia indeterminada de<br />
África refém da maldição de uma bruxa com os olhos cor-de-laranja,<br />
ornamentada com ouro e jóias, aos comandos de um exército robotizado de<br />
ídolos. Um bambino alto como três maçãs, pequerrucho cor de ébano nu como<br />
uma minhoca e coberto por um corte à moicano, que se mostra mais sábio,<br />
corajoso e inteligente do que todos os aldeões juntos e salva-lhes a pele a<br />
cada jogada que acontece. Também por lá encontramos este universo entre o<br />
primitivismo e o futurismo, servido por um desenho nítido e simples, que se<br />
destaca numa sinfonia de cores primárias e de canções embaladoras assinadas<br />
por Manu Dibango, Rokia Traoré e Youssou N’Dour.<br />
No plano narrativo, três episódios contados por um velho sábio que não é<br />
outro que o avô de <strong>Kirikou</strong> compõem este filme. Arruinados por uma hiena<br />
negra com olhos de brasa que lhes destruiu a horta, os aldeões fabricam<br />
cerâmicas que vão vender aos arredores, carregando-os sobre um búfalo que<br />
se prova ser outra criação animalar e diabólica da bruxa. <strong>Kirikou</strong> salvará.(…)<br />
Jacques Mandelbaum LE MONDE<br />
<strong>Kirikou</strong> está de volta! O pequeno rapaz que nasceu da barriga de sua mãe a<br />
falar e que se move à velocidade da luz é o centro das quatro novas histórias<br />
na animação “<strong>Kirikou</strong>”. Usando a sua ingenuidade, capacidade de dedução e<br />
coragem, <strong>Kirikou</strong> termina com o mal que ameaça constantemente a sua<br />
pequena aldeia africana. Simples mas atractivo, cheio de perigos e aventuras,<br />
o filme satisfaz o seu público fiel, sete anos depois de “<strong>Kirikou</strong> e a Feiticeira”<br />
se ter tornado num fenómeno. Distribuído em mais de cinquenta países antes<br />
de Cannes 2005, o filme é direccionado para crianças mas não se limita a este<br />
universo. Uma assustadora bruxa, uma medonha hiena e a possibilidade de<br />
morrer à fome ou sucumbir à morte são alguns dos desafios do filme. A<br />
mensagem principal diz-nos para tratarmos bem o próximo e esforçarmo-nos<br />
para pensar bem antes de tomar decisões.<br />
Um velho sábio conta-nos que a primeira história de <strong>Kirikou</strong> foi muito curta.<br />
Faltam outras aventuras que foram muito importantes para a aldeia. São<br />
quatro histórias diferentes, mas encadeadas, e a cada uma delas cabe uma<br />
introdução do velho.
No primeiro episódio, <strong>Kirikou</strong>, dado como morto, desperta nos braços da sua<br />
mãe, para alegria de toda a aldeia. Uma vez que ele descobriu uma fonte de<br />
água que tornou possível um sistema de irrigação, a comunidade construiu<br />
uma horta. Contudo, um dia encontram todo o seu trabalho destruído… será<br />
que foi obra da bruxa? No segundo conto, já toda a gente sabe o que<br />
aconteceu à horta, mas isso gerou um novo problema, uma vez que ficaram<br />
sem alimentos. <strong>Kirikou</strong> descobre então um local com argila que os aldeãos vão<br />
usar para fazer cerâmica e vendê-la na cidade, para comprarem comida. O<br />
problema é que os bens são demasiado pesados para carregar…<br />
Na terceira história, <strong>Kirikou</strong> viaja montado numa girafa enquanto as imagens<br />
vão mostrando a densa selva e o árido deserto. Aqui <strong>Kirikou</strong> tem de lutar<br />
conta os assustadores robots enviados pela bruxa. Na última história todas as<br />
mulheres ficam doentes e o único antídoto conhecido cresce perto do sítio<br />
onde vive a temida feiticeira. A animação, bem como o diálogo e a narração,<br />
é simples e directa. Mensagens como espírito de equipa, orgulho no trabalho<br />
em conjunto com os outros, autoconfiança e a capacidade de resolução dos<br />
problemas, estão impecavelmente integradas nas aventuras.<br />
O músico Manu Dibango, considerado um dos pais da música do mundo, é<br />
responsável pela banda sonora. As músicas são simples e atractivas, plenas de<br />
agradáveis vozes e instrumentos africanos. A animação é bastante criativa e<br />
foi criada por mais de duzentas pessoas em três países.<br />
Lisa Nesselson VARIETY