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98 Revista Me n 2<br />
Revista Me n 2 99<br />
ARTIGO EDITORIAL<br />
POR CARLOS LOPES<br />
Não raras vezes sou confrontado com autores<br />
que, 15 dias após o envio da sua obra para<br />
análise, nos contactam no sentido de obterem<br />
uma resposta, pelo facto de terem de decidir<br />
entre propostas que entretanto já lhes foram<br />
apresentadas por outras editoras e que exigem a<br />
resposta do autor num determinado prazo, sob<br />
pena de caducidade das <strong>me</strong>smas. A todos eles dou<br />
a <strong>me</strong>sma resposta: aguardo pelo parecer do Dep.<br />
Editorial.<br />
Uma editora tem uma função bem definida.<br />
Ou pelo <strong>me</strong>nos, assim deveria ser. Essa função<br />
passa por analisar novas obras que lhe chegam e,<br />
segundo critérios de qualidade pré-estabelecidos<br />
e sem preconceitos, exercer uma escolha<br />
criteriosa do que deve ser publicado. Mais do que<br />
a vertente económica ou do lucro puro, é função<br />
de uma editora criar oportunidades aos novos<br />
valores, dando-lhes visibilidade e realização<br />
corpórea, naquele que é (ainda) o objecto por<br />
excelência de um bom escritor: o livro.<br />
Este é um processo moroso, que envolve diversos<br />
níveis de responsabilidade e de profissionais.<br />
Desde a leitura na íntegra de todos as obras que<br />
nos chegam, o reflectir sobre elas, o avaliar o seu<br />
potencial — que poderá ter tudo para ser uma<br />
grande obra, mas faltar-lhe “algo” — apurar esse<br />
“algo” e transmiti-lo ao autor, para que ele — caso<br />
assim o deseje, pois temos sempre presente o<br />
nosso lema: “A obra pertence ao autor” — consiga<br />
fazer a sua obra “crescer” e levá-la a, mais do<br />
que ser “apenas” uma boa obra, tornar-se numa<br />
“grande” obra.<br />
Após este trabalho de cooperação entre editora<br />
e autor, surge a tarefa imprescindível do revisor,<br />
esse “tira nódoas” da literatura que faz com que<br />
um texto com algumas manchas apareça aos<br />
olhos do leitor limpo e imaculado.<br />
Apenas quando terminada esta tarefa, é possível<br />
que a obra (ainda em ficheiro electrónico) seja<br />
entregue ao designer, para que este possa dar-lhe<br />
um “rosto” e um corpo personalizados. Mas tal<br />
como um designer de moda não desenha carros,<br />
assim é importante que este seja um designer<br />
com formação e experiência na vertente do livro,<br />
com o saber de como um livro deve ser planeado,