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grãos e óleos vegetais: matérias primas - Esalq

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GRÃOS E ÓLEOS VEGETAIS: MATÉRIAS PRIMAS<br />

Prof. Marisa A. B. Regitano-d'Arce<br />

Os <strong>óleos</strong> ou gorduras <strong>vegetais</strong> são substâncias graxas, untuosas ao tato,<br />

de natureza triglicerídica ou não, presentes em organelas celulares de frutos ou<br />

<strong>grãos</strong> oleaginosos, que são chamados de corpos lipídicos ou esferossomos. Quer<br />

em escala comercial, quer em escala artesanal, esses vacúolos de óleo devem ser<br />

rompidos para a sua liberação. Normalmente o óleo é extraído dos frutos como<br />

dendê e oliva (azeitona) por prensagem mecânica a frio ou a quente, dependendo<br />

das características do AZEITE que se procure produzir ou da qualidade inicial da<br />

matéria prima. Quando obtido por prensagem a frio, não se refina, pois em<br />

detrimento do rendimento do processo de extração, o azeite será bastante<br />

apreciado pelo seu aroma e gosto do fruto original. Alguns <strong>grãos</strong> com teor de óleo<br />

superior a 30%, como amendoim e algodão, também podem e já foram prensados<br />

em escala comercial para produção de óleo. Com a evolução dos processos,<br />

porém, a extração por solvente hexano, volátil e derivado do petróleo, muito mais<br />

eficiente no esgotamento do óleo, adicionou-se ao processo antigo ou substituiuo,<br />

produzindo farelos, isto é, farinhas desengorduradas, com menos de 1% de<br />

óleo, que se conservam por mais tempo que as tortas, geradas pela prensagem.<br />

Quando um óleo apresentar-se pastoso ou sólido à temperatura ambiente,<br />

o termo gordura será mais apropriado. Sua composição poderá ser<br />

eminentemente triglicerídica como a de um óleo, porém, tanto a concentração<br />

como a posição de ácidos graxos saturados nos gliceróis, pode afetar o seu ponto<br />

de fusão, determinando a sua aparência. Hoje em dia, as indústrias produzem as<br />

gorduras hidrogenadas a partir do óleo de soja para os mais diferentes fins<br />

alimentícios. Com a hidrogenação, os ácidos graxos insaturados reagem com gás<br />

hidrogênio que se liga às duplas ligações e reduz-lhes o grau de insaturação. À<br />

medida que os ácidos graxos vão sendo hidrogenados, o ponto de fusão do óleo<br />

aumenta. Essas gorduras encontram uso em processos como fritura, pois são<br />

mais resistentes ao ranço e podem ser utilizadas por mais tempo, produzindo<br />

alimentos fritos sadios; em massas alimentícias (pães, biscoitos e bolos), pois<br />

incorporam ar e agem sobre o glúten, tornando-as mais macias; também em<br />

sorvetes, dando-lhes leveza, e em chocolates, como substitutos da manteiga de<br />

cacau, etc.<br />

Existem dois ácidos graxos que são essenciais ao nosso metabolismo que<br />

são o ácido linoléico e linolênico. Estes são normalmente fornecidos pelos <strong>óleos</strong><br />

Texto compilado pela Profª. Marisa Regitano d'Arce para as disciplinas LAN2444 Tecnologia de<br />

Produtoa Agropecuários II e LAN 1060 Introdução à Tecnologia de Alimentos<br />

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<strong>vegetais</strong> de consumo normal. Em dietas de restrição de ingestão calórica, o<br />

consumo de <strong>grãos</strong>, legumes e alimentos processados provê-os em níveis<br />

suficientes ao nosso organismo.<br />

No mercado industrial de produtos das oleaginosas observa-se que o<br />

preço do óleo de soja já chegou a ser aproximadamente duas vezes o do farelo,<br />

porém a soja é a oleaginosa que mais rende farelo, mais de três vezes o peso de<br />

óleo. E ainda o farelo de soja chega a custar até duas vezes os farelos de girassol,<br />

canola e palmiste.<br />

Além do uso alimentício, os <strong>óleos</strong> <strong>vegetais</strong> encontram usos nas indústrias<br />

farmacêuticas, químicas, cosméticas, como tal ou como matéria-prima para<br />

obtenção de compostos químicos de interesse. Este último campo é o vastíssimo<br />

campo da Oleoquímica (ver quadro a seguir). Além disso, desde 1932, já se sabe<br />

que o óleo vegetal pode ser utilizado em motores como combustível. O seu uso<br />

energético foi proposto por Rudolph Diesel, em um Motor Elko, na Alemanha,<br />

utilizando óleo de amendoim "in natura". No início da década de 1980, com a<br />

alta dos preços do petróleo, começou-se a discutir a viabilidade de encontrar-se<br />

um substituto renovável para o Diesel. O dendezeiro foi a cultura cogitada para<br />

fornecer a matéria-prima devido ao alto rendimento em óleo por área de plantio,<br />

conforme pode ser comprovado pelos dados que se seguem. Hoje em dia o<br />

programa está sendo reeditado, porém todas as oleaginosas estão sendo<br />

consideradas fontes em potencial.<br />

Rendimento anual em óleo bruto de algumas culturas oleaginosas<br />

Cultura kg/ha<br />

Palma 4000-5000<br />

Palmiste 400-500<br />

Coco 710<br />

Soja 389<br />

Amendoim 875<br />

Composição de algumas oleaginosas:<br />

Componente<br />

( % )<br />

Soja<br />

Canola<br />

Algodão<br />

com pluma<br />

Girassol<br />

Proteína 40,3 25,6 24,8 20,8 28,5<br />

Lipídeos 21,0 42,0 19,6 54,8 47,5<br />

Fibra 5,5 7,3 - 14,7 2,8<br />

Açúcares<br />

Amendoim<br />

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Estaquiose 3,8 2,5 0,4 0,1 0,8<br />

Rafinose 1,1 0,3 7,2 3,1 0,5<br />

Sacarose 5,0 7,4 1,6 6,5 7,5<br />

Aminoácidos<br />

g/16gN<br />

Lisina 6,4 6,2 3,5 3,8 3,6<br />

Metionina 1,1 2,0 1,5 1,9 1,0<br />

Cistina 1,4 0,9 2,0 1,8 2,6<br />

Fonte: Salunkhe et al. 1992.<br />

Composição centesimal dos farelos de algumas oleaginosas (%)<br />

Proteína Óleo Carboidrato Fibras Cinza<br />

Soja 52,4 1,2 33,8 5,9 6,6<br />

Amendoim 51,8 1,2 27,7 14,3 4,9<br />

Girassol 50,3 3,1 26,7 11,6 8,3<br />

Algodão 46 2,3 34,9 12,5 6,8<br />

Canola 44 1,1 36,8 7,8<br />

Composição em aminoácidos de alguns farelos (g/16g N)<br />

Padrão<br />

FAO<br />

Girassol Soja Amendoim Canola<br />

Isoleucina 6,3 4,3 4,5 3,4 4,0<br />

Leucina 8,8 6,4 7,8 6,4 6,8<br />

Lisina 7,0 3,6* 6,4 3,5* 5,7<br />

Metionina 3,4 1,9 1,3* 1,1* 2,1<br />

Fenilalanina 5,7 4,4 4,9 5,0 4,0<br />

Treonina 5,1 3,7 3,8 2,6 4,4<br />

Triptofano 1,7 1,4 1,3 1,0 -<br />

Valina 6,8 5,1 5,0 4,2 5,2<br />

Colesterol<br />

O colesterol é um esterol produzido apenas por organismos animais, ou<br />

seja, é um zoosterol. Tem origem endógena e exógena, provido pela dieta. As<br />

plantas produzem fitoesteróis, cujos compostos servem também para<br />

identificação e classificação botânica, porém não são reconhecidos como<br />

elementos participantes do equilíbrio colesterol endógeno/exógeno nos<br />

organismos animais. Isto quer dizer que as plantas não produzem colesterol, os<br />

<strong>óleos</strong> <strong>vegetais</strong> não apresentam colesterol em sua composição. O problema com a<br />

ingestão de <strong>óleos</strong> <strong>vegetais</strong> está centrado na quantidade que o indivíduo ingere,<br />

pois os lipídeos fornecem o dobro das calorias/g que proteínas e carboidratos e<br />

este excedente é que poderá ter algum efeito sobre a instalação/aparecimentos<br />

das doenças das coronárias.<br />

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Um adulto necessita de 1200mg de colesterol por dia, normalmente,<br />

800mg sintetizados pelo fígado e intestino e 400 mg provenientes da dieta. No<br />

organismo, o colesterol é sintetizado a partir de 3 moléculas de acetil-CoA -<br />

produto da oxidação dos ácidos graxos. A concentração máxima tolerada ou<br />

permitida de colesterol sérico em um adulto é de 220mg/100ml plasma<br />

O colesterol é essencial para algumas funções fisiológicas. É precursor na<br />

síntese de ácidos biliares (cólico, glicocólico, taurocólico), de hormônios e de<br />

vitamina D.<br />

No intestino, os lipídeos da dieta, e dentre eles, o colesterol, encontram-se<br />

na forma de quilomicro, forma solúvel através das membranas, o que garante<br />

que ele chegue ao fígado e seja carregado por uma lipoproteína de muito baixa<br />

densidade, a VLDL até o tecido adiposo. Uma lipoproteína de baixa densidade,<br />

LDL, se encarregará de levá-lo para os tecidos periféricos que controlam a<br />

síntese de colesterol no organismo. Não havendo necessidade de síntese<br />

endógena, o excedente restará na corrente sangüínea, ligado à LDL e poderá<br />

oxidar-se e provocar a aterogênese. Na presença de uma lipoproteína de alta<br />

densidade, a HDL, o excedente será conduzido da corrente sangüínea para o<br />

fígado, onde será excretado.<br />

A dieta pode afetar o equilíbrio das LDL e HDL. Dietas com ingestão de<br />

<strong>óleos</strong> e gorduras ricas nos ácidos graxos saturados láurico (C12), mirístico (C14)<br />

e palmítico (C16), como leites, derivados e gorduras animais podem gerar altos<br />

níveis de LDL e de colesterol sérico.<br />

Ao contrário, dietas em que há ingestão de <strong>óleos</strong> <strong>vegetais</strong> ricos em ácidos<br />

graxos poliinsaturados, observa-se um efeito hipocolesterolêmico, com aumento<br />

dos níveis de HDL e redução dos de colesterol sérico, LDL e VLDL.<br />

Oleaginosas de importância econômica<br />

SOJA (Glycine max)<br />

Originou-se no leste Asiático. Há relatos de seu cultivo durante a dinastia<br />

Shang (1500-1207 a.C) no nordeste da China. Foi levada à Europa no séc. XV<br />

como curiosidade de Jardim Botânico. No Brasil, primeira referência data de<br />

1882, D'Utra (Jornal da Agricultura). Na década de 1960, foi introduzida no Rio<br />

Grande do Sul, em sucessão ao trigo. Os principais produtores mundiais são os<br />

EUA, China, Brasil e Argentina.<br />

O grão apresenta 9% de cascas, 90% de cotilédone e 2% de hipocótilo,<br />

cuja composição pode ser encontrada no quadro a seguir:<br />

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Composição Proteína Óleo Cinza Carboidrato<br />

Semente 40,3 21 4,9 33,9<br />

Cotilédone 42,8 22,8 5,0 29,4<br />

Casca 8,8 1,0 4,3 85,9<br />

Hipocótilo 40,8 11,4 4,4 43,4<br />

O grão possui muito pouco amido e muitos açúcares: 5% de sacarose,<br />

1,1% de rafinose e 3,8% de estaquiose, além de 4% de celulose e 15% de<br />

hemicelulose. A rafinose e a estaquiose são reconhecidos fatores de flatulência,<br />

responsáveis em grande parte pela intolerância à soja exibida por certos<br />

indivíduos. Estes são galactosídeos de sacarose contendo uma e duas moléculas<br />

de galactose, respectivamente. Como o sistema digestivo humano não contém a<br />

enzima ∝-galactosidase, esses compostos não são digeridos e podem sofrer<br />

fermentação microbiana anaeróbica, que resulta em produção de gás, ou seja,<br />

flatulência (Augustin & Klein, in Mathews, 1989 p.189)<br />

A soja ainda apresenta alguns compostos antinutricionais, característicos<br />

das leguminosas, tais como inibidores de proteases (tripsina e quimotripsina),<br />

fitohemaglutininas (lectinas), ácido fítico (hexafosfato éster de inositol ou um<br />

ciclitol) que quando hidrolisado pela ∝-galactosidase produz galactose e pode<br />

provocar flatulência (Augustin & Klein, in Mathews, 1989), saponinas,<br />

compostos fenólicos, fator bociogênico, isoflavonóides (fator estrogênico) e<br />

antivitaminas.<br />

GIRASSOL (Helianthus annuus)<br />

Originou na América Centro Setentrional, onde era cultivado pelos índios.<br />

Foi levado para a Europa, pelos colonizadores espanhóis, e utilizado como planta<br />

ornamental até 1716. No Séc. XIX, a Rússia e os países Balcãs produziram as<br />

variedades mais oleíferas.<br />

Apresenta como composição média do grão 2,9 a 6,2% de umidade, 21,4 a<br />

28,2% de proteína bruta (N x 5,7%), 38 a 60,5% de lipídeos, 2,3 a 3,0% de fibras,<br />

2,7 a 3,9% de cinza e 12,4 a 28,9 de carboidratos (Canella et al., 1976)<br />

Casca Amêndoa<br />

Lipídeos % 1 - 5* 45 - 65<br />

Proteína % 2 - 6 20 - 30<br />

Carboidrato % 85 - 95 10 - 25<br />

Minerais % 2 - 4 3 - 5<br />

* dos quais 3% são ceras. Fonte: Galoppini & Fiorentini, 1981<br />

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O óleo é bastante recomendado para frituras por apresentar alto ponto de<br />

fumaça, isto é, resistir a altas temperaturas sem esfumaçar.<br />

A sua composição em ácidos graxos é afetada pela temperatura média<br />

durante o cultivo, isto é, quanto mais baixa a temperatura durante a época de<br />

maturação do grão no campo, maior será o teor de ácidos graxos poliinsaturados<br />

no óleo.<br />

As cascas devem ser retiradas antes do processamento, por conterem<br />

ceras que são arrastadas para o óleo durante a extração e solidificam, podendo<br />

formar depósitos à baixa temperatura.<br />

As amêndoas contém um ácido fenólico, ácido clorogênico, que se<br />

concentra no farelo. Quando da produção de isolados protéicos, o ácido escurece<br />

em meios alcalinos, tornando a proteína separada cor marrom esverdeada ou<br />

acinzentada, além de reagir com alguns aminoácidos, reduzindo a sua<br />

biodisponibilidade.<br />

AMENDOIM (Arachis hypogaea)<br />

No começo dos anos 50 estabeleceu-se no Brasil como cultura comercial,<br />

tanto por ser uma cultura altamente oleífera, como por produzir um óleo de<br />

aroma suave e atraente para a culinária. Contudo, ao final da década de 60, a<br />

torta de amendoim apresentou aflatoxina, decorrente do desenvolvimento de<br />

fungos Aspergillus flavus, presentes por contaminação ou facilidade de<br />

desenvolvimento durante a colheita. Este incidente fez cair o interesse na<br />

cultura, como oleaginosa, visto que para a indústria, o preço da torta ou farelo é<br />

tão ou até mais importante que o preço do óleo.<br />

Hoje seu maior consumo está restrito a confeitos e salgadinhos para<br />

aperitivos (pralinés, paçocas, pés de moleque, amendoim torrado, amendoim<br />

japonês) e em recheios de bombons de chocolates. O grão apresenta 24% cascas<br />

e 76% amêndoa. A amêndoa apresenta em média 46% de óleo, 30% de proteína<br />

bruta, 3% de fibras, 2% de cinza, 13% de carboidratos e 6% umidade.<br />

O óleo contém ácidos graxos de cadeia longa: araquídico (C20), behênico<br />

(C22) e lignocérico (C24) (7%). É mais resistente às altas temperaturas<br />

empregadas no processamento de alimentos do que o de soja e de girassol.<br />

CANOLA (Brassica napus, Brassica campestris)<br />

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É uma oleaginosa de clima frio, com plantio em maio e colheita em<br />

agosto/setembro. É originária da Índia ou China, durante a Era Cristã.<br />

A colza, planta mãe da canola apresenta em sua composição ácido<br />

erúcico, que provoca cardiopatias e glucosinolatos, compostos tóxicos que<br />

contém enxofre, podem provocar até a morte de animais e humanos. Em 1960<br />

teve início um programa de melhoramento genético, para tentar reduzir a<br />

concentração desses compostos e aumentar o uso dessa crucífera.<br />

Em 1974 a Universidade de Manitoba produziu uma variedade com<br />

menos de 2% ácido erúcico e menos de 30µmoles de glucosinolatos, que foi<br />

denominada de CANBRA (Canadian Brassica). A CANOLA (CANadian Oil Low<br />

Acid) só foi obtida em 1987. Hoje em dia a canola ocupa 80% do mercado de<br />

<strong>óleos</strong> para saladas no Canadá e supre 25% do mercado mundial.<br />

O grão apresenta em média 40-45% de óleo, 20-25% de proteína e 25% de<br />

carboidratos. O óleo é compostos predominantemente por ácido oléico (C18:1),<br />

com teor de 58%, comparável ao azeite de oliva e 10% de ácido linolênico<br />

(C18:3), comparável ao encontrado no óleo de soja. O seu teor de ácidos graxos<br />

poliinsaturados é maior do que o dos <strong>óleos</strong> de amendoim e dendê e menor do<br />

que o dos <strong>óleos</strong> de soja, girassol, milho e algodão. Apresenta apenas 22% de<br />

ácido linoléico (C18:2).<br />

No farelo, o alto teor de fibras (o grão tem 11% de cascas), pode concorrer<br />

para reduzir a digestibilidade, apesar do seu alto teor de proteína (36-37%).<br />

Também os fenóis presentes em concentração até 30 vezes maior que na soja<br />

afetam a utilização dos farelos de canola, pois alteram cor, sabor ( através da<br />

adstringência), complexam aminoácidos essenciais, reduzem biodisponibilidade<br />

de minerais, causando danos ao fígado (hemorragia), diarréia e constipação em<br />

ruminantes.<br />

Óleo de colza, aplicado como lubrificante de molde em fundição de aço,<br />

como aditivo, aumenta a oleosidade de <strong>óleos</strong> minerais e melhora o desempenho<br />

sob alta velocidade e pressão. Pode ser vulcanizado como goma elástica e<br />

utilizado em borracha sintética (soja, colza, mamona)<br />

Um derivado do ácido erúcico, a Erucamida, é aditivo para filme de<br />

polietileno e polipropileno extrusados.<br />

DENDÊ (Elaeis guineensis)<br />

Trazida por escravos africanos ao Brasil no Séc. XVII.<br />

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Hoje existem 45 mil ha plantados, dos quais 32 no norte do Pará.<br />

Produção brasileira, 70 mil toneladas/ano, 1% da produção mundial. Na<br />

Amazônia existem 7 indústrias processadoras.<br />

É uma cultura perene, produz do 3°. ano ao 25°.<br />

Fruto produz óleo da polpa ou mesocarpo (óleo de palma) e o óleo da<br />

amêndoa (óleo de palmiste), láurico.<br />

Os cachos rendem 22% de óleo de palma e 2% de óleo de palmiste.<br />

O óleo de palma contém 40% de estearina e 60% de oleína.<br />

A oleína é usada em frituras e resiste a altas temperaturas.<br />

A estearina encontra uso como gordura industrial para biscoitos, sorvetes<br />

e margarinas. Substitui o sebo em sabões e sabonetes (menor preço e maior<br />

uniformidade).<br />

Outros produtos: ácidos graxos e glicerinas emulsificantes e umectantes,<br />

lubrificantes, cosméticos, explosivos.<br />

O óleo de palmiste encontra uso na indústria saboeira, oleoquímica, e<br />

produz CBS (Cocoa Butter Substitute), substitui o óleo de mamona como<br />

lubrificante para a metalurgia e aviação, por ser mais denso e mais saturado.<br />

O óleo de palma tem boa estabilidade, não incandesce a 400ºC, pode ser<br />

usado na laminação de chapas de aço (folha de Flandres), na fabricação de<br />

placas chumbadas por imersão quente e na proteção oxidante de chapas<br />

estanhadas. Indústria siderúrgica e de lubrificantes consomem 5 mil<br />

toneladas/ano.<br />

ALGODÃO (Gossipium hirsutum)<br />

Desde 3000 a.C. é utilizado com fonte de fibra. O óleo é subproduto. É a<br />

segunda oleaginosa processada no Brasil.<br />

Composição do caroço em base seca:<br />

12,71% línters (12,13% fibra, 0,11% óleo, 0,47% proteína)<br />

31,76% cascas (0,27% óleo, 1,19% proteína, 30,3% carbohidratos)<br />

55,53% caroço (19,23% óleo, 14,78% proteína, 14,78% carbohidratos)<br />

Semente 15-24% óleo, caroço, 30-38% óleo.<br />

Composição do caroço:<br />

31,5% óleo<br />

7,3% umidade<br />

16,4% carboidratos solúveis<br />

7,3% cinza<br />

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5,1% fibra<br />

32,3% proteína<br />

Rendimento do esmagamento:<br />

8,51% línters<br />

25,15% cascas<br />

16,14% óleo<br />

46% farelo<br />

4,21% perdas<br />

Composição do óleo<br />

18:1 > 22%<br />

18:2 > 52%<br />

18:3 < 1%<br />

16:0 - 24%<br />

18:0 - 2%<br />

Gossipol - terpenóide biologicamente ativo presente nas glândulas do<br />

caroço de algodão. Com o processamento estas se rompem e se misturam às<br />

proteínas e óleo. No óleo é perdido no refino. No farelo é necessário um<br />

tratamento termo-químico. Não é recomendado para animais de reprodução<br />

(touro) e monogástricos. Gado de corte aceita bem, gado de leite, com restrições.<br />

MAMONA (Ricinus comunis)<br />

Encontrado em tumbas egípcias de 4000 anos. No Egito era usado em<br />

lamparinas.<br />

Nos Estados Unidos - produção comercial desde 1860, óleo para fins<br />

medicinais e lubrificantes.<br />

Pertence à família das Euphorbiaceae - nativa da África Oriental.<br />

Outros nomes: óleo de rícino, óleo de palma cristi, óleo tangantangan e<br />

neolóide.<br />

50% de óleo em base seca e 25% de casca.<br />

A semente, folhas e galhos são venenosos.<br />

Ricina - proteína letal, termolábil.<br />

Ricinina - poucos problemas, alcalóide venenoso.<br />

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CB-1A - alérgeno potente (polissacarídeo protéico), varia de 6-9% no grão<br />

e de 1-4% no farelo não tratado.<br />

Farelo - adubo ou ingrediente da ração para gado (35% proteína). É mais<br />

barato que soja.<br />

Destoxificação com agentes químicos alcalinos e alta temperatura.<br />

1a. e 2a. Guerras Mundiais reafirmaram o valor estratégico do óleo - seus<br />

derivados são ingredientes-chave para produção de fluidos hidráulicos, graxas e<br />

lubrificantes de equipamentos militares.<br />

Pontos que favorecem o uso em motores de alta velocidade:<br />

• ponto de congelamento baixo<br />

• alta adesividade<br />

• resistência a altas temperaturas<br />

• manutenção<br />

especialmente baixa.<br />

da viscosidade em larga faixa de temperatura,<br />

Vários são os produtos industriais importantes derivados do óleo, como:<br />

Nylon 11 - obtido a partir do metil ricinoleato (Rilsan®), óleo hidrogenado ou<br />

cera para borrachas e plásticos; substitui a cera de carnaúba; óleo desidratado,<br />

substitui óleo de tungue; óleo sulfonado, produz um óleo TURKEY RED para<br />

estamparia de tecidos; ácido sebácico, nylon-610 e lubrificantes de motores de<br />

jato; óleo etoxilado, para <strong>óleos</strong> de corte, fluidos hidráulicos; poliuretanos, em<br />

materias de telecomunicação; óleo oxidado ou soprado, plastificante; ácidos<br />

graxos, em lubrificantes industriais.<br />

Uso direto do óleo<br />

Excelentes propriedades emolientes e não comedogênico. Usado em<br />

sabonetes transparentes neutros, batons, cremes suaves para pele.<br />

Lubrificante de motores de dois tempos e agentes desmoldantes de formas<br />

de alumínio a alta temperatura.<br />

Composição do óleo em ácidos:<br />

• Ricinoléico 89,5%<br />

• Linoléico 4,2%<br />

• Oléico 3,0%<br />

• Palmítico 1,0%<br />

• Esteárico 1,0%<br />

• Dihidroxiesteárico 0,7%<br />

• Eicosanóico 0,3%<br />

• Linolênico 0,3%<br />

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Texto compilado pela Profª. Marisa Regitano d'Arce para as disciplinas LAN2444 Tecnologia de<br />

Produtoa Agropecuários II e LAN 1060 Introdução à Tecnologia de Alimentos<br />

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