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Horizonte de Eventos - IFT - Unesp

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CARROSSEL IRRESISTÍVEL<br />

Re<strong>de</strong>moinho Relativístico<br />

EM UM BURACO NEGRO <strong>de</strong> Kerr, que possui rotação, o horizonte<br />

<strong>de</strong> eventos está ro<strong>de</strong>ado por uma região chamada <strong>de</strong><br />

ergosfera, on<strong>de</strong> tudo, até mesmo a luz, é obrigado a girar no<br />

mesmo sentido do buraco negro.<br />

Ergosfera<br />

que cai para <strong>de</strong>ntro do horizonte <strong>de</strong> um buraco negro, segundo<br />

a teoria clássica, ficará permanentemente inacessível<br />

para um observador no meio externo.<br />

Ao contrário do horizonte <strong>de</strong> eventos, cuja existência esperamos<br />

comprovar diretamente, não sabemos como testar<br />

a região interna dos buracos negros, a não ser teoricamente.<br />

Nesse sentido, uma gran<strong>de</strong> contribuição foi dada em 1965<br />

pelo matemático britânico Roger Penrose, quando verificou<br />

que a singularida<strong>de</strong> existente na solução <strong>de</strong> Oppenheimer e<br />

Sny<strong>de</strong>r reflete uma proprieda<strong>de</strong> genérica dos buracos negros.<br />

Ele mostrou que buracos negros originados classicamente<br />

por colapso estelar sempre possuem uma singularida<strong>de</strong> em<br />

seu interior. Tudo aquilo que penetra no horizonte <strong>de</strong> eventos<br />

é, então, continuamente comprimido ao longo <strong>de</strong> sua trajetória<br />

rumo à <strong>de</strong>struição, acabando como parte indistinguível<br />

da própria singularida<strong>de</strong>.<br />

Já o colapso estelar em si <strong>de</strong>ve ser tipicamente oscilatório,<br />

como sugerem os trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos na década <strong>de</strong><br />

1960 pelos soviéticos Vladimir Belinsky, Isaac Khalatnikov<br />

54 SCIENTIFIC AMERICAN BRASIL<br />

O limite limite limite estático estático é<br />

a fronteira externa<br />

da ergosfera.<br />

Se um corpo, raio <strong>de</strong> luz<br />

ou outro sinal clássico<br />

tiver o azar <strong>de</strong><br />

ultrapassar a ergosfera e<br />

chegar ao horizonte horizonte horizonte <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong><br />

eventos eventos eventos, eventos eventos será engolido<br />

pelo buraco negro<br />

e Evgeny Lifshitz. Assim, a estrela seria compactada, não <strong>de</strong><br />

uma forma homogênea, mas distendida em uma direção e<br />

contraída nas outras duas <strong>de</strong> maneira caótica e alternada até<br />

finalmente seu volume ser reduzido a zero.<br />

Os métodos usados por Penrose, no entanto, pouco po<strong>de</strong>m<br />

dizer sobre as singularida<strong>de</strong>s além do fato <strong>de</strong> serem verda<strong>de</strong>iros<br />

abismos, on<strong>de</strong> até mesmo o espaço e o tempo <strong>de</strong>ixam<br />

<strong>de</strong> existir. Ainda temos muito a avançar na compreensão<br />

<strong>de</strong>ssas regiões extremas. Há fortes indícios <strong>de</strong> que apenas uma<br />

teoria <strong>de</strong> gravitação quântica, que consiga combinar a relativida<strong>de</strong><br />

geral com a mecânica quântica, possibilitará o entendimento<br />

<strong>de</strong>ssas estruturas.<br />

Até o início dos anos 1970, acreditava-se que pelo menos<br />

as proprieda<strong>de</strong>s macroscópicas dos buracos negros não<br />

seriam influenciadas <strong>de</strong> maneira relevante por efeitos quânticos.<br />

Por exemplo, não havia por que acreditar que efeitos quânticos<br />

pu<strong>de</strong>ssem <strong>de</strong>safiar o resultado seminal, <strong>de</strong>scoberto pelo<br />

físico britânico Stephen Hawking em 1971, que estabelecia<br />

que a área do horizonte <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong> um buraco negro nunca<br />

po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>crescer por meio <strong>de</strong> nenhum processo físico.<br />

Mas, em 1974, o próprio Hawking fez uma <strong>de</strong>scoberta<br />

surpreen<strong>de</strong>nte. Ao reestudar a formação <strong>de</strong> buracos negros<br />

por colapso estelar, levando em conta princípios da mecâ-<br />

Para que um buraco negro do tamanho do Sol<br />

evaporasse completamente, seria preciso mais tempo<br />

que a ida<strong>de</strong> do Universo<br />

nica quântica, ele concluiu que observadores distantes veriam<br />

um fluxo <strong>de</strong> partículas elementares provenientes do<br />

buraco negro, com temperatura bem <strong>de</strong>finida. Para a materialização<br />

<strong>de</strong>ssas partículas, a energia seria extraída do<br />

próprio buraco negro, que, como conseqüência, evaporaria.<br />

Afinal, buracos negros não seriam tão in<strong>de</strong>strutíveis<br />

como se acreditava a princípio.<br />

Buracos negros típicos emitiriam um fluxo <strong>de</strong> partículas<br />

com temperatura muito baixa para que pu<strong>de</strong>ssem ser observadas<br />

com a tecnologia atual. A título <strong>de</strong> ilustração, um buraco<br />

negro com massa equivalente à do nosso Sol teria uma<br />

temperatura da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 60 bilionésimos acima do zero absoluto.<br />

Para que ele evaporasse completamente à custa <strong>de</strong>sse<br />

efeito, necessitaria <strong>de</strong> muito mais tempo do que a própria<br />

ida<strong>de</strong> do Universo. Buracos negros pequenos, por outro lado,<br />

precisariam <strong>de</strong> muito menos tempo para evaporar completamente,<br />

mas ainda não está claro se o Universo já possuiu, ao<br />

longo <strong>de</strong> sua vida, algum mecanismo eficiente <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> miniburacos negros.<br />

OUTUBRO 2004

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