Revista - Memorial da América Latina
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Acima, Conjunto Pedregulho,<br />
em São Cristóvão, Rio<br />
de Janeiro, obra de Afonso<br />
Reidy; esboço de um projeto<br />
de Corbusier para Buenos<br />
Aires.<br />
conferências, a difusão de suas obras e<br />
o recebimento de jovens arquitetos em<br />
seu escritório parisiense, como o próprio<br />
Ferrari Hardoy e Juan Kurchan,<br />
também argentino, e os colombianos<br />
Germán Samper e Rogelio Salmona.<br />
A partir dos anos 40, uma nova<br />
geração de arquitetos encarrega-se <strong>da</strong><br />
difusão <strong>da</strong> arquitetura e do urbanismo<br />
funcionalistas por meio de uma série de<br />
projetos referenciais em seus países: Carlos<br />
Raul Villanueva, na Venezuela; Carlos<br />
Martinez, na Colômbia; Emilio Duhart<br />
e Sergio Larrain, no Chile; Amâncio<br />
Williams e Ferrari Hardoy, na Argentina.<br />
Porém, ain<strong>da</strong> segundo Hardoy, o<br />
real impacto <strong>da</strong>s ideias de Le Corbusier<br />
aconteceu por intermédio <strong>da</strong> formação<br />
profi ssional, à medi<strong>da</strong> que seus antigos<br />
discípulos passam a ocupar cargos docentes<br />
nas universi<strong>da</strong>des de seus países.<br />
A força de criações latino-americanas<br />
no campo <strong>da</strong> arquitetura e do<br />
urbanismo modernos, principalmente<br />
no Brasil – onde se destacam o Ministério<br />
<strong>da</strong> Educação e Saúde (1937-43), de<br />
Lúcio Costa e equipe, ou o conjunto <strong>da</strong><br />
Pampulha, de Oscar Niemeyer (1942-<br />
43) – mas também na Venezuela e no<br />
México (mas não só), que souberam valer-se<br />
de conjunturas especiais para sua<br />
emergência, logo recebeu ampla difusão<br />
internacional. Entre os anos 40 e 50 elas<br />
ganharam o mundo por meio de poderosos<br />
instrumentos: exposições em instituições<br />
prestigiosas (como o MoMA,<br />
de Nova York), livros e incontáveis artigos<br />
nas maiores revistas <strong>da</strong> Europa e<br />
dos Estados Unidos.<br />
Contrariamente à interpretação<br />
de que os países latino-americanos, em<br />
termos culturais, sempre receberam<br />
mais do que “ofertaram” aos países<br />
centrais (e ao mundo, de uma maneira<br />
geral) lembremos que eles representaram<br />
um importante território de experimentação<br />
para novas ideias e propostas<br />
no campo do urbanismo. Em 1929, o<br />
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Corbusier que retorna à Europa, após<br />
o seu séjour sul-americano, não é exatamente<br />
o mesmo que aqui chegara poucos<br />
meses antes. Anos depois, a experiência<br />
latino-americana do escritório<br />
Town Planning Associates, sediado em<br />
Nova York e liderado por José Luis<br />
Sert e Paul Lester Wiener, representará<br />
a oportuni<strong>da</strong>de de transformar a noção<br />
de “ci<strong>da</strong>de funcional”, ao testar novos<br />
conceitos (como o de centro cívico e o<br />
de “tapete urbano”) e ao buscar alternativas<br />
tipológicas e construtivas para<br />
a solução do problema habitacional.<br />
No entanto, nas trocas profi ssionais<br />
que aju<strong>da</strong>ram a mol<strong>da</strong>r a experiência<br />
urbanística no Continente,<br />
nem tudo se reduz aos contatos com<br />
a Europa e com os Estados Unidos.<br />
Como lembrou Arturo Almandoz,<br />
dentre os elementos que contribuíram<br />
para a formação do meio profi ssional<br />
latino-americano, destacam-se o surgimento<br />
de revistas especializa<strong>da</strong>s –<br />
numa relativa sincronia entre diversos<br />
países – e a realização de eventos que<br />
congregavam especialistas locais em<br />
torno de pautas de interesse comum.<br />
O acelerado crescimento urbano<br />
pelo qual passavam as ci<strong>da</strong>des sulamericanas<br />
e o consequente boom <strong>da</strong><br />
construção civil e <strong>da</strong>s obras públicas<br />
explicam (pelo menos em seu início) o<br />
fl orescimento dessas iniciativas, que, de<br />
uma maneira geral, acontecem em todo<br />
o continente desde os anos 1920.<br />
Nos anos 40 ganham destaque<br />
em suas páginas as questões liga<strong>da</strong>s<br />
à ci<strong>da</strong>de, ao urbanismo e à gestão urbana.<br />
De uma maneira geral, em to<strong>da</strong>s<br />
as revistas <strong>da</strong> época ganham espaço as<br />
experiências urbanísticas no próprio<br />
Continente, capitanea<strong>da</strong>s por arquitetos<br />
e urbanistas locais, como as ci<strong>da</strong>des<br />
universitárias de Bogotá, Rio, Caracas,<br />
Panamá, Tucumán e México; planos de<br />
expansão urbana, como o <strong>da</strong> Pampulha,<br />
em Belo Horizonte; ou conjuntos habi-<br />
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