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Plano diretor e a participação da sociedade de Lavras - Unifenas

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PLANO DIRETOR E A PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE DE LAVRAS<br />

MAIA, Moisés Habib Bechelane, Graduando em Administração pela<br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>.<br />

SEDIYAMA, Aline Fumie, Graduan<strong>da</strong> em Administração pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>.<br />

MARTINHAGO, Dariana Zanella, Aluna especial do programa <strong>de</strong> pósgraduação<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>.<br />

ROLIM, Rafael Campos, Graduando em Administração pela Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>.<br />

CARVALHO, Nádia, Aluna especial do programa <strong>de</strong> pós-graduação <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>.<br />

RESUMO<br />

A preocupação com o bem-estar <strong>da</strong> população começou a ganhar maior<br />

significância na cartilha dos governantes e a implantação <strong>de</strong> um <strong>Plano</strong><br />

Diretor tornou-se obrigatória em to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s brasileiras com população<br />

acima <strong>de</strong> 20 mil habitantes. O maior intuito <strong>de</strong> um <strong>Plano</strong> Diretor é traçar as<br />

diretrizes básicas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, levando em<br />

consi<strong>de</strong>ração os interesses <strong>de</strong> todos os seguimentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um dos<br />

maiores obstáculos para a perfeita implementação do <strong>Plano</strong> Diretor em um<br />

município é a falta <strong>de</strong> uniformi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tal. Ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> possui um problema<br />

relevante, que po<strong>de</strong> não possuir importância para outra e, portanto, não há<br />

como “copiar” um <strong>Plano</strong> Diretor. O presente estudo foi realizado na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Lavras</strong> – MG, que possui população aproxima<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90 mil habitantes.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter iniciado há 6 anos atrás, somente agora o <strong>Plano</strong> Diretor <strong>de</strong><br />

<strong>Lavras</strong> começa a se <strong>de</strong>senvolver como em outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Para melhor<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>da</strong>s características do <strong>Plano</strong> Diretor do município, realizou-se<br />

uma pesquisa <strong>de</strong>scritiva com abor<strong>da</strong>gem qualitativa. Ao final do estudo,<br />

conclui-se que na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Lavras</strong> não houve uma <strong>participação</strong> efetiva <strong>de</strong><br />

to<strong>da</strong>s as cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em conseqüência <strong>de</strong>ste fato a elaboração<br />

foge <strong>de</strong> um princípio primordial do <strong>Plano</strong> Diretor: <strong>participação</strong> efetiva <strong>de</strong><br />

todos os segmentos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Palavras – Chaves: <strong>Plano</strong> Diretor; Desenvolvimento; Participação.


1. INTRODUÇÃO<br />

Os principais agentes que conhecem com mais profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> as<br />

carências e problemas <strong>de</strong> um município ou região são exatamente aqueles<br />

que vivem diariamente no local. É difícil mensurar, olhando <strong>de</strong> fora, quais as<br />

principais priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um município como um todo. Ca<strong>da</strong> região possui<br />

suas características e particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s. Assim, é fun<strong>da</strong>mental que as<br />

pessoas que vivenciam os problemas <strong>de</strong> diversas regiões participem<br />

ativamente <strong>de</strong> um levantamento dos mesmos, sejam eles relacionados a<br />

saneamento, infra-estrutura ou transportes, <strong>de</strong>ntre outros.<br />

É nesse sentido que atua o i<strong>de</strong>al do <strong>Plano</strong> Diretor. Uma forma <strong>de</strong><br />

planejamento que consiste na idéia <strong>de</strong> um plano elaborado pela câmara<br />

municipal em parceria com associações e moradores <strong>de</strong> várias regiões <strong>de</strong><br />

uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Com a união <strong>de</strong> todos esses agentes, espera-se que os<br />

problemas sejam levantados <strong>de</strong> maneira mais precisa e classificados mais<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente. Além disso, o <strong>Plano</strong> Diretor, além <strong>de</strong> planejado, <strong>de</strong>ve ser<br />

acompanhado <strong>de</strong> perto pelas associações e pessoas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, a fim <strong>de</strong> que<br />

seja executado <strong>da</strong> melhor maneira possível.<br />

Na teoria o <strong>Plano</strong> Diretor é uma lei municipal, obrigatória, em todos os<br />

municípios que possuem população maior que 20 mil habitantes. Não há um<br />

mo<strong>de</strong>lo a ser seguido, tendo em vista que to<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> possui uma<br />

particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, um quesito que necessita <strong>de</strong> mais atenção.<br />

É relevante observar que as metas propostas <strong>de</strong>vem ser claras,<br />

objetivas e <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s para que não se tornem apenas uma referência. O ato<br />

precisa ser consumado e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utili<strong>da</strong><strong>de</strong> prática. Quanto mais claras<br />

forem as propostas, maiores as chances <strong>de</strong> serem executa<strong>da</strong>s.<br />

Segundo Leite (1991) não se po<strong>de</strong> assegurar que o <strong>Plano</strong> Diretor só<br />

<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a zona urbana, a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, já que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>quela maioria, ou seja, a zona rural. Assim, o município po<strong>de</strong> e<br />

<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar todo o seu território para promover o seu <strong>de</strong>senvolvimento<br />

urbano. O que o município não po<strong>de</strong> é promover uma política agrária e<br />

instituir um zoneamento rural.<br />

Desse forma, po<strong>de</strong>mos resumir o <strong>Plano</strong> Diretor como um bom<br />

instrumento, que direciona o <strong>de</strong>senvolvimento e a expansão <strong>de</strong> uma ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Através <strong>de</strong>le, busca-se o compartilhamento dos interesses coletivos em prol<br />

<strong>de</strong> um bem comum.<br />

A justificativa para o presente estudo se encontra na medi<strong>da</strong> em que o<br />

<strong>Plano</strong> Diretor se constitui em uma <strong>da</strong>s principais formas <strong>de</strong> planejamento<br />

municipal. A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> escolhi<strong>da</strong> para o do estudo foi <strong>Lavras</strong> – MG, com<br />

população aproxima<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90 mil habitantes. Para o melhor<br />

compreendimento do plano buscou-se verificar a <strong>da</strong> relação existente entre


ele e a população lavrense em sua criação e <strong>de</strong>senvolvimento no <strong>de</strong>correr<br />

dos últimos anos.<br />

2. OBJETIVO GERAL<br />

Avaliar o <strong>Plano</strong> Diretor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong> – MG no tocante à<br />

<strong>participação</strong> <strong>da</strong> população na elaboração <strong>da</strong>s políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento na expansão urbana do município.<br />

2.1. Objetivos Específicos<br />

3. METODOLOGIA<br />

• Conceituar <strong>Plano</strong> Diretor,<br />

• Avaliar as diretrizes <strong>de</strong> um <strong>Plano</strong> Diretor<br />

• Conhecer a <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> criação do <strong>Plano</strong> Diretor na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Lavras</strong>.<br />

• Relacionar o conceito <strong>de</strong> <strong>Plano</strong> Diretor com o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do mesmo na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>.<br />

A ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong> começou a <strong>de</strong>senvolver seu <strong>Plano</strong> Diretor no ano<br />

2002. O Prof, André Luiz Zambaldi foi um dos colaboradores para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse importante mecanismo, exigido em to<strong>da</strong>s as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

que possuem população acima <strong>de</strong> 20 mil habitantes. Pela dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

informações, buscou-se a realização <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong>scritiva, com um<br />

dos i<strong>de</strong>alizadores do projeto na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

3.1. Tipo De Pesquisa<br />

Para i<strong>de</strong>ntificar as características do <strong>Plano</strong> Diretor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>-<br />

MG no tocante à <strong>participação</strong> <strong>da</strong> população nas políticas <strong>de</strong> elaboração e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do mesmo, realizou-se uma pesquisa <strong>de</strong>scritiva com<br />

abor<strong>da</strong>gem qualitativa.<br />

Gil (1999) argumenta que a pesquisa <strong>de</strong>scritiva tem como objetivo<br />

primordial a <strong>de</strong>scrição <strong>da</strong>s características <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> população ou<br />

fenômeno ou, então o estabelecimento <strong>de</strong> relações entre variáveis. Na<br />

mesma perspectiva, Malhotra (2001) afirma que a pesquisa <strong>de</strong>scritiva é um<br />

tipo <strong>de</strong> pesquisa que tem como principal objetivo a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> algo,<br />

normalmente características do objeto <strong>de</strong> estudo ou relacionamentos entre<br />

os fenômenos.


3.2. Técnicas De Coleta De Dados<br />

Para a coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos foi realiza<strong>da</strong> uma entrevista com o Prof. André<br />

Luiz Zambal<strong>de</strong>, no dia 15 <strong>de</strong> janeiro com 8 perguntas elabora<strong>da</strong>s pelos<br />

autores, a fim <strong>de</strong> avaliar <strong>de</strong> maneira concisa como se <strong>de</strong>senvolveu e como<br />

se <strong>de</strong>senvolve o <strong>Plano</strong> Diretor <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong>-MG. Não se utilizou o questionário<br />

estruturado por se tratar <strong>de</strong> apenas uma pessoa abor<strong>da</strong><strong>da</strong>, assim buscou-se<br />

<strong>da</strong>r maior liber<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> respostas ao entrevistado.<br />

4. REFERENCIAL TEÓRICO<br />

O <strong>Plano</strong> Diretor é uma lei municipal e que, portanto necessita passar<br />

pelo processo legislativo. A questão <strong>da</strong> competência para elaborar o projeto<br />

<strong>de</strong> lei já foi abor<strong>da</strong><strong>da</strong> anteriormente, cabendo fazer algumas consi<strong>de</strong>rações<br />

sobre o rito procedimental para sua aprovação.<br />

Segundo a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, a política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong><br />

expansão urbana, <strong>da</strong> qual o plano <strong>diretor</strong> é o instrumento Básico, <strong>de</strong>ve<br />

expressar as exigências fun<strong>da</strong>mentais <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> (art. 182).<br />

Quando se refere ao <strong>de</strong>senvolvimento urbano, a constituição inclui a<br />

habitação, o saneamento básico e os transportes urbanos (art.21, XX), e a<br />

or<strong>de</strong>nação po<strong>de</strong> ser vista no artigo 30, inciso VIII, que refere o planejamento<br />

e controle do uso, do parcelamento e <strong>da</strong> ocupação do solo urbano.<br />

Conforme Grazia (1990), o planejamento urbano no Brasil se<br />

caracterizou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua gênese, no começo do século, pela forte presença<br />

do Estado intervencionista, sobretudo a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 60. Naquele<br />

momento, a forte influência dos preceitos mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> planejamento<br />

instigavam o planejador à idéia <strong>da</strong> “criação” do espaço urbano, a partir <strong>de</strong><br />

normas racionalizadoras e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s projetos nacionais <strong>de</strong> estímulo ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico, através dos quais acreditava-se ser possível<br />

interferir e modificar as bases dos processos sociais.<br />

PERES (2006) coloca que a <strong>participação</strong>, para ser efetiva <strong>de</strong>ve ser<br />

compreen<strong>de</strong>r uma prática <strong>de</strong> geração e intercâmbio do conhecimento, que<br />

em um tecido social complexo, supõe contradições e conflitos, inclusive <strong>de</strong><br />

tempo e ritmo <strong>de</strong> ações, pois emanam e são exercita<strong>da</strong>s a partir <strong>de</strong> mundos<br />

e vivências <strong>de</strong> natureza diversa.<br />

Silva (1995), aponta quatro fases evolutivas do <strong>Plano</strong> Diretor. A<br />

primeira, preocupa<strong>da</strong> com o que chama <strong>de</strong> ”<strong>de</strong>senho <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>”, associa<strong>da</strong> à<br />

idéia <strong>de</strong> estética urbana. A segun<strong>da</strong>, relaciona<strong>da</strong> à distribuição <strong>da</strong>s<br />

edificações sob a ótica econômica e arquitetônica. Num terceiro momento<br />

adota-se a idéia <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento integrado, aplicando-se o<br />

conceito <strong>de</strong> planejamento, que integre vários setores <strong>da</strong> municipali<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Uma Quarta etapa surge após a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 refletindo a


idéia menciona<strong>da</strong> acima, constante do § 1º do art. 182 <strong>da</strong> Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, volta<strong>da</strong> para a or<strong>de</strong>nação do pleno <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong>s<br />

funções sociais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> e garantia do bem-estar <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> local.<br />

O <strong>Plano</strong> Diretor é, portanto, uma diretriz do Po<strong>de</strong>r Público e <strong>da</strong> própria<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Neste sentido afirma Alaor Caffé Alves, citado por MUKAI (2002):<br />

Justamente por estar formalizado como mo<strong>de</strong>lo e como pauta, serve<br />

perfeitamente como conduta e, portanto, como direito e base <strong>de</strong> um juízo<br />

sobre seu cumprimento. O plano é uma pauta <strong>de</strong> conduta que cria diretrizes<br />

e <strong>de</strong>veres para o Governo e que dá lugar a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s políticas e<br />

jurídicas.<br />

Soares (1995), apresenta como conseqüências dos problemas urbanos:<br />

• área urbana central congestiona<strong>da</strong>, tanto <strong>de</strong>mograficamente em termos <strong>de</strong><br />

concentração <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> econômicas, com problemas <strong>de</strong> trânsito e<br />

transportes, poluição sonora, expansão <strong>de</strong> um comércio ambulante pelas<br />

calça<strong>da</strong>s <strong>de</strong> suas principais aveni<strong>da</strong>s;<br />

• existências <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s conjuntos habitacionais nas periferias topográficas<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, construídos fora <strong>da</strong> malha urbana edifica<strong>da</strong>;<br />

• inúmeros vazios urbanos circun<strong>da</strong>dos por bairros <strong>de</strong> alta <strong>de</strong>nsi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

habitacional/populacional;<br />

• uma expansão horizontal muito acelera<strong>da</strong> e induzi<strong>da</strong> pela especulação<br />

imobiliária, em que os incorporadores atuando sem o controle do Po<strong>de</strong>r<br />

Público, impõem a incorporação <strong>de</strong> novas áreas à ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, em <strong>de</strong>trimento <strong>da</strong><br />

ocupação dos vazios já existentes.<br />

Devido a to<strong>da</strong>s essas dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e visando o planejamento or<strong>de</strong>nado<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, tornou-se necessária a elaboração <strong>de</strong> um <strong>Plano</strong> Diretor, com<br />

diretrizes que norteassem o <strong>de</strong>senvolvimento urbano.<br />

Segundo Andra<strong>de</strong> e Teixeira (2004), é obrigatória a <strong>participação</strong><br />

popular, cabendo aos gestores a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pela convocação e<br />

estímulo do ci<strong>da</strong>dão, orientando-lhe inclusive. Recomen<strong>da</strong>-se um ato<br />

normativo que regulamente o funcionamento <strong>da</strong>s audiências públicas. Nos<br />

municípios, torna-se ain<strong>da</strong> mais fácil realizar audiências públicas, tendo em<br />

vista a proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> do gestor com o ci<strong>da</strong>dão.<br />

Conforme Gondim, (1990), “o <strong>de</strong>bate sobre a <strong>participação</strong> popular na<br />

Administração Pública brasileira acompanhou o processo <strong>de</strong> abertura do<br />

sistema político, iniciando em fins <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70”, no século XX.<br />

Gondim afirma, ain<strong>da</strong>, que a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, na reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, apenas<br />

consagrou uma tendência que vinha se <strong>de</strong>lineando, sobretudo ao longo dos<br />

últimos <strong>de</strong>z anos, quando a expressão <strong>participação</strong> comunitária tornou-se<br />

quase que um lugar comum nos planos e programas governamentais<br />

brasileiros.<br />

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES


A referência para o nosso trabalho baseou-se unicamente na<br />

entrevista com o professor André Zambal<strong>de</strong>. O motivo para tal foi porque a<br />

maioria <strong>da</strong>s pessoas que nós perguntamos não sabiam ao certo o que é o<br />

<strong>Plano</strong> Diretor e nem como ele foi feito na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong> – MG.<br />

O professor Zambal<strong>de</strong> nos recebeu em sua sala no dia 15 <strong>de</strong> janeiro<br />

<strong>de</strong> 2008. A entrevista levantou pontos relevantes que nos aju<strong>da</strong>ram a<br />

enten<strong>de</strong>r melhor como foi realizado todo o processo <strong>de</strong> planejamento e<br />

implementação e acima <strong>de</strong> tudo a <strong>participação</strong> <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> na criação do<br />

<strong>Plano</strong> Diretor <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

As seguintes perguntas feitas pelo grupo e respectivas repostas do<br />

professor po<strong>de</strong>m ser analisa<strong>da</strong>s a seguir:<br />

1- O que é o <strong>Plano</strong> Diretor pra você?<br />

O <strong>Plano</strong> Diretor na<strong>da</strong> mais é do que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão do município<br />

para o futuro. É através <strong>de</strong>le que se traçam as diretrizes para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

2- Quando surgiu a idéia <strong>de</strong> criá-lo em <strong>Lavras</strong>?<br />

Como sabemos to<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que possui população maior que 20 mil<br />

pessoas são obriga<strong>da</strong>s a fazer um planejamento, um <strong>Plano</strong> Diretor.<br />

Em <strong>Lavras</strong> a idéia inicial <strong>de</strong> criar um foi na administração <strong>de</strong> 2002.<br />

Nessa época foi elabora<strong>da</strong> a primeira proposta. Porém, somente<br />

agora que efetivamente está sendo feito um <strong>Plano</strong> Diretor <strong>de</strong>ntro dos<br />

mol<strong>de</strong>s que se vê nas outras ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

3- Quais eram os resultados esperados?<br />

Na elaboração do <strong>Plano</strong> Diretor era espera<strong>da</strong> a <strong>participação</strong> <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> para que, enfim, conseguíssemos traçar <strong>da</strong><br />

melhor maneira possível os melhores mecanismos para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Se tudo tivesse funcionado como o<br />

planejado seria perfeito, mas a <strong>participação</strong> <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> foi mínima.<br />

4- Quais foram as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s encontra<strong>da</strong>s?<br />

A maior dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> encontra<strong>da</strong> foi <strong>de</strong>spertar a consciência <strong>da</strong><br />

população <strong>da</strong> importância <strong>de</strong>sse trabalho. O brasileiro não quer<br />

participar. Quer tudo pronto. Raras foram as pessoas <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que contribuíram para esse importante projeto. O pior <strong>de</strong> tudo é que<br />

to<strong>da</strong>s essas pessoas que não participam cobram resultados <strong>de</strong> uma<br />

coisa que <strong>da</strong>va pra elas terem aju<strong>da</strong>do.<br />

5- Quem se envolveu efetivamente na elaboração do plano <strong>diretor</strong>?<br />

Como já disse anteriormente foram poucas cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

que aju<strong>da</strong>ram na elaboração. Poucas participaram efetivamente e


concisamente no planejamento. Posso <strong>de</strong>stacar como órgãos<br />

importantes para o melhor <strong>de</strong>senvolvimento do plano a Administração<br />

Municipal, o CREA, a Câmara dos Dirigentes lojistas <strong>de</strong> <strong>Lavras</strong> e a<br />

ACIL. A população quase não participou. Apenas algumas pessoas<br />

isola<strong>da</strong>s na socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar como nula a opinião <strong>da</strong><br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong> nesse projeto.<br />

6- Qual ci<strong>da</strong><strong>de</strong> foi segui<strong>da</strong> como exemplo? Por quê?<br />

Não teve nenhuma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que foi segui<strong>da</strong> como exemplo. Tínhamos<br />

um bom exemplo aqui, outro ali, mas nenhuma ci<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo. O<br />

<strong>Plano</strong> Diretor é muito específico <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ca<strong>da</strong> município<br />

possui suas próprias características e <strong>de</strong>ficiências que precisam ser<br />

sana<strong>da</strong>s. Para tentar um melhor aproveitamento do planejamento e <strong>da</strong><br />

execução do plano <strong>diretor</strong> foi contrata<strong>da</strong> uma consultoria <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção<br />

João Pinheiro. Essa consultoria serviria para direcionar o caminho a<br />

ser seguido. Porém a consultoria foi péssima. Não ajudou em quase<br />

na<strong>da</strong>.<br />

7- Você acha que a sucessão dos governantes influencia na execução<br />

dos trabalhos?<br />

Não. Na elaboração do próximo <strong>Plano</strong> Diretor talvez sim. Mas no que<br />

está em an<strong>da</strong>mento acredito que não. De cinco em cinco anos,<br />

aproxima<strong>da</strong>mente, o plano <strong>diretor</strong> po<strong>de</strong> ser revisto. Quando surgir a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer o próximo, a administração municipal <strong>da</strong> época<br />

po<strong>de</strong> ser altamente influente nas principais <strong>de</strong>cisões que serão<br />

toma<strong>da</strong>s. Porém, ressalto que seria primordial que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

quem estiver governando o município, o plano tivesse uma<br />

continui<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

8- Qual a maior contribuição que o <strong>Plano</strong> Diretor tem para o município?<br />

A maior contribuição do plano <strong>diretor</strong> para a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> é a<br />

contribuição para o <strong>de</strong>senvolvimento futuro <strong>da</strong> mesma. Com o <strong>Plano</strong><br />

Diretor, o planejamento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> fica mais elaborado e ruas, pontes e<br />

loteamentos, por exemplo, são feitos <strong>de</strong> modo que contribuam para a<br />

melhor alocação <strong>de</strong> recursos do município. É uma pena a população<br />

não participar mais ativamente <strong>de</strong>sse projeto, que no final, todos saem<br />

ganhando.<br />

6. CONCLUSÃO<br />

O <strong>Plano</strong> Diretor realizado na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Lavras</strong> não obteve uma<br />

<strong>participação</strong> efetiva <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Em conseqüência<br />

<strong>de</strong>ste fato a elaboração foge <strong>de</strong> um princípio primordial do <strong>Plano</strong> Diretor:


<strong>participação</strong> efetiva <strong>de</strong> todos os grupos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. A partir <strong>de</strong>ste fato, há<br />

a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tal não aten<strong>de</strong>r to<strong>da</strong>s as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>da</strong> população, e<br />

grupos dominantes po<strong>de</strong>riam priorizar interesses próprios.<br />

O <strong>Plano</strong> Diretor prioriza o planejamento no longo prazo, norteando a<br />

administração a respeito do que <strong>de</strong>ve ser feito para o alcance dos objetivos.<br />

Foi realizado em <strong>Lavras</strong> o <strong>Plano</strong> Diretor no ano <strong>de</strong> 2002, e ele é encarado<br />

como uma “fórmula mágica” para as soluções dos problemas, e em muitas<br />

ocasiões, problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m estrutural são omitidos ou relevados. A<br />

conseqüência principal <strong>de</strong>ste fato é a não obtenção dos resultados<br />

esperados. Diante <strong>de</strong>sta situação se faz necessária a <strong>participação</strong> <strong>de</strong> todos<br />

os setores <strong>da</strong> população, para a obtenção <strong>de</strong> diferentes visões que uni<strong>da</strong>s<br />

formam uma visão <strong>de</strong> totali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> situação. A <strong>participação</strong> diminui a<br />

probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> omissão <strong>de</strong> problemas e melhorias importantes para a<br />

população.<br />

A execução do plano apresentou um viés: sua elaboração ocorreu em<br />

2002 e somente agora ele está sendo efetivamente executado. A situação<br />

diagnostica<strong>da</strong> no passado po<strong>de</strong> ter sido modifica<strong>da</strong> com o tempo, e as ações<br />

anteriormente traça<strong>da</strong>s po<strong>de</strong>m não surtir o resultado esperado. Seria<br />

fun<strong>da</strong>mental para o êxito do projeto a atualização do plano, ação esta que<br />

está <strong>de</strong> acordo com o regulamento, pois o plano <strong>diretor</strong> po<strong>de</strong> ser ajustado<br />

após cinco anos caso necessário.<br />

Para a maximização dos objetivos traçados o grupo sugere que o<br />

<strong>Plano</strong> Diretor seja revisto para que se avalie a atual situação, e se modifique<br />

algo necessário para que os resultados sejam alcançados. A <strong>participação</strong><br />

popular <strong>de</strong>ve ser efetiva, po<strong>de</strong>ria ser utiliza<strong>da</strong> as associações populares, e<br />

seus respectivos lí<strong>de</strong>res. Com esta ação to<strong>da</strong>s as cama<strong>da</strong>s <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

teriam voz na elaboração do <strong>Plano</strong> Diretor e conseqüentemente o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> alcançaria a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> forma mais igualitária.<br />

7. BIBLIOGRAFIA<br />

ANDRADE, Nilton <strong>de</strong> Aquino. Contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> pública na gestão municipal.<br />

São Paulo: Atlas, 2002;<br />

Brasil. República Fe<strong>de</strong>rativa. Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1988.<br />

GIL, A. C. Métodos e técnicas <strong>de</strong> pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas,<br />

1999. 206 p;<br />

GRAZIA, G.(org.). <strong>Plano</strong> Diretor - Instrumento <strong>de</strong> reforma urbana. RJ:<br />

Fase, 1990;


Leitte, Lesley Gasparini. <strong>Plano</strong> <strong>diretor</strong>: obrigatório por força <strong>da</strong> Lei Orgânica<br />

Municipal, In Revista do direito público, São Paulo, 1991, ano 24, n.97.<br />

MALHOTRA, N.K. Pesquisa <strong>de</strong> marketing: uma orientação aplica<strong>da</strong>. Porto<br />

Alegre: Bookman, 2001;<br />

MUKAI, Toshio. Direito urbano-ambiental brasileiro. São Paulo: Dialética,<br />

2002;<br />

PERES, Lino Fernan<strong>de</strong>s Bragança. Oficinas Comunitárias <strong>de</strong><br />

Planejamento: uma alternativa ao <strong>Plano</strong> Diretor para Ingleses Sul e<br />

Santinho. In: Seminário Planejamento Urbano no Brasil e na Europa: um<br />

diálogo ain<strong>da</strong> possível? Florianópolis, 2006;<br />

SILVA, José Afonso <strong>da</strong>. Direito urbanístico brasileiro. São Paulo:<br />

Malheiros, 1995;<br />

SOARES, Beatriz Ribeiro. Uberlândia: <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Jardim ao Portal do<br />

Cerrado – imagens e representações no Triângulo Mineiro. São Paulo.<br />

FFLCH/USP, 1995 (tese <strong>de</strong> doutorado).

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