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Beatas, místicas e visionárias: Um estudo dos relatos ... - anpuh

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<strong>Beatas</strong>, <strong>místicas</strong> e <strong>visionárias</strong>: <strong>Um</strong> <strong>estudo</strong> <strong>dos</strong> <strong>relatos</strong> místicos das religiosas leigas do<br />

Cariri cearense (1891-1895)<br />

Edianne <strong>dos</strong> Santos Nobre<br />

RESUMO: Na pesquisa de doutorado que desenvolvo no Programa de Pós-Graduação em<br />

História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro, proponho analisar a composição<br />

<strong>dos</strong> <strong>relatos</strong> de milagres de um grupo de beatas do sul do Ceará. Esses <strong>relatos</strong> estão em um<br />

processo episcopal instaurado pela Diocese cearense em 1891 para investigar a veracidade de<br />

uma série de “fenômenos extraordinários” – sangramento de crucifixos, estigmas, visões,<br />

profecias, viagens ao além – que essas mulheres diziam manifestar. Interessa então, investigar<br />

quais os elementos que informaram a elaboração <strong>dos</strong> <strong>relatos</strong> femininos – literatura, tradição<br />

oral etc. – tendo em vista que eles aconteceram em um momento no qual a Igreja estava em<br />

conflito com os poderes civis e combatia práticas laicas de experimentação religiosa. Neste<br />

trabalho apresentarei as principais premissas teóricas e hipóteses que fundamentam a<br />

pesquisa.<br />

PALAVRAS-CHAVE: <strong>relatos</strong> femininos, religiosidade, século XIX.<br />

______________________________<br />

A história oficial da cidade de Juazeiro se inicia com o relato de um milagre. 1 Na manhã de seis<br />

de março de 1889 quando o padre Cícero Romão Batista (1844-1934) ministrou a comunhão a uma<br />

beata, Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo (1962-1914), a hóstia consagrada verteu sangue. 2<br />

O fenômeno provocou naquela época inúmeras discussões entre padres, bispos, médicos e jornalistas<br />

que se preocupavam com sua origem. Embuste, atuação divina ou obra do Diabo? O sangramento da<br />

hóstia, que logo passaria a ser considerado como um milagre pela população local foi objeto de uma<br />

investigação empreendida pela Diocese cearense através de um processo episcopal (dividido em dois<br />

inquéritos) executado entre 1891 e 1893.<br />

Entre outras peças, esse processo contém os depoimentos de Maria de Araújo e de outras oito<br />

beatas que narram a experimentação de êxtases, visões, sonhos, revelações proféticas e viagens feitas a<br />

espaços do além – Céu, Inferno e Purgatório. Eram elas: Ângela Merícia do Nascimento (28 anos, assina<br />

o nome), Antonia Maria da Conceição (30 anos, analfabeta), Anna Leopoldina Aguiar de Melo (19 anos,<br />

assina o nome), Jahel Wanderley Cabral (31 anos, alfabetizada), Maria das Dores da Conceição de Jesus<br />

1 A partir de sua emancipação política em 1911, o povoado passou a se chamar oficialmente Juazeiro do Norte.<br />

Está localizado no sul do Ceará, na região conhecida como Vale do Cariri e encontra-se a 580 km da capital,<br />

Fortaleza. Juazeiro, Joaseiro, Joazeiro são as várias grafias do nome do povoado entre o final do século XIX e as<br />

primeiras décadas do século XX. Usaremos sempre a grafia Juazeiro, ressaltando que as citações retiradas das<br />

fontes documentais também tiveram sua grafia atualizada. Entretanto, os títulos de livros ou teses nos quais os<br />

autores optaram por utilizar a grafia “Joaseiro” foram respeita<strong>dos</strong>.<br />

2 Cf. “Cópia autêntica do processo instruído sobre os fatos do Juazeiro”. Departamento Histórico Diocesano<br />

Padre Gomes, Crato-CE. Doravante citaremos como “Cópia autêntica...”.


(15 anos, analfabeta), Maria Joanna de Jesus (33 anos, analfabeta), Maria Leopoldina Ferreira da Soledade<br />

(29 anos, alfabetizada) e Rachel Sisnando de Lima (40 anos, assina o nome). 3<br />

São os <strong>relatos</strong> das experiências <strong>místicas</strong> que essas mulheres afirmaram ter que nos interessam,<br />

visto que eles aparecem em um momento no qual a Igreja tentava justamente sufocar esse tipo de<br />

manifestação religiosa, considerada exacerbada e supersticiosa. Antecipadamente, ressaltamos que essa<br />

proposta implica trazer as mulheres para o primeiro plano de análise, embora isso não signifique que<br />

desconsideraremos a relação dessas mulheres com os outros personagens dessa história.<br />

O século XIX foi marcado pela tentativa da Igreja de consolidar um modelo de catolicismo que<br />

ficou conhecido como romanizado ou ultramontano. <strong>Um</strong>a doutrina que confrontasse as principais<br />

ameaças representadas pelas teorias racionalistas que ganharam força com as revoluções liberais do<br />

século anterior. O catolicismo romanizado estruturou-se em torno de princípios, tais como “a rejeição à<br />

ciência, à filosofia e às artes modernas, a condenação do capitalismo e da ordem burguesa, a aversão aos<br />

princípios liberais e democráticos, e, sobretudo ao fantasma destruidor do socialismo” (GAETA, 1997:<br />

183-202). Além disso, há a condenação de atividades como a procissão, as novenas e as romarias, sendo<br />

estimulada, por outro lado, a peregrinação controlada aos centros de devoção europeus (PAZ, 2005:<br />

56).<br />

Nesse momento, a Igreja possui uma “acentuada autoconsciência” de sua santidade, colocada<br />

sempre em oposição a um “mundo mau”, representado então pelos “inimigos da fé”. Segundo Hugo<br />

Fragoso é esse confronto entre a “maldade do mundo” e a “santidade da Igreja” que é transposta de uma<br />

“ordem ideal” para o “domínio do real” (in BEOZZO, 2008: 144). O projeto ultramontano vem, então,<br />

com a função de remodelar o clero com ênfase na autoridade institucional e hierárquica da Igreja,<br />

controlar a doutrina e principalmente as manifestações fervorosas do laicato. Mas, essas investidas de<br />

controle por parte do clero, não eram novas. André Vauchez (2005), ao estudar as relações entre clérigos<br />

e leigos, demonstra que desde os primeiros séculos da cristandade as disputas e conflitos eram frequentes<br />

no seio da Igreja, no entanto, a ideia até então era que “to<strong>dos</strong> os batiza<strong>dos</strong> são a Igreja […] sem, portanto<br />

que se estabelecesse entre eles uma separação ou um lugar de subordinação”. 4<br />

Antonio Rubial García (2006) segue a mesma linha de pensamento de Vauchez e nota que<br />

ainda no século XII apareceram os primeiros modelos de santidade que inspiraram os leigos à prática de<br />

uma vida mais pie<strong>dos</strong>a, como São Francisco de Assis (1181/1182-1226) e São Bernardo de Claraval<br />

(1090-1153). García afirma ainda que naquele momento a criação de confrarias, ordens terciárias,<br />

3 Esses da<strong>dos</strong> foram informa<strong>dos</strong> no inquérito de 1891.<br />

4 Tradução minha: “tous les baptisés sont l’Eglise […] sans pour autant que s’établisse entre eux une separatión<br />

ou un lien de subordination” (VAUCHEZ, 2005: 56).<br />

2


eatérios, hospitais e outras instituições para os pobres tiveram um papel fundamental no processo de<br />

controle <strong>dos</strong> leigos (2006: 11). No campo feminino, o movimento beguinal que floresceu nos Países<br />

Baixos e no norte da França e Alemanha a partir do século XIII, ganhou destaque justamente por ser um<br />

movimento urbano de mulheres que decidiam viver uma vida de piedade sem fazer votos solenes com a<br />

Igreja. Mas, à medida que o movimento foi crescendo, também foi chamando a atenção da Igreja que<br />

procurou incorporá-las às ordens religiosas já estabelecidas. 5<br />

Ainda nos séculos XV e XVI as experiências <strong>místicas</strong> de mulheres como Catarina de Siena<br />

(1347-1380) e Teresa de Jesus (1515-1582) inspiraram gerações de beatas e religiosas leigas que<br />

buscavam transcender em sua relação com o divino. Entretanto, também nesse período, a Inquisição<br />

(criada ao longo do século XIII) se tornará mais rígida e passará a combater com mais rigor esse tipo de<br />

experiência transcendente. A partir desse momento, essas experiências ficaram mais restritas aos<br />

conventos e monastérios. O maior controle era efetivamente sobre as mulheres e homens leigos. São<br />

esses, inclusive, que figuram na maioria <strong>dos</strong> <strong>estudo</strong>s nos quais os processos inquisitoriais são as<br />

principais fontes (Cf. TAVARES, 1996; BETHENCOURT, 2000).<br />

No Ceará do século XIX, a criação do bispado em 1860, e a nomeação de D. Luís Antônio <strong>dos</strong><br />

Santos (1817-1891) para ocupar o cargo de bispo foi, segundo o jornal O Cearense, providencial no<br />

sentido de impor ordem ao desregramento moral e social que atingia os leigos e a própria Igreja<br />

brasileira “que atualmente, se vê ameaçada senão de um cisma ao menos de graves e desagradáveis<br />

complicações com o Governo” (PINHEIRO, 1950). O primeiro bispo cearense empreendeu uma severa<br />

perseguição às comunidades leigas e aos seus dirigentes ou pais espirituais. Neste sentido, destaca-se a<br />

oposição que a Diocese fez à atividade missionária do padre José Antônio de Maria Ibiapina (1806-<br />

1883).<br />

Entre 1860 e 1876, Ibiapina percorreu os esta<strong>dos</strong> do Ceará, Paraíba, Piauí, Pernambuco e Rio<br />

Grande do Norte, construindo poços e açudes para o abastecimento de água nas regiões mais carentes e<br />

mais atingidas pelas secas constantes. Ibiapina organizou ainda a construção de igrejas, cemitérios e<br />

Casas de Caridade nos lugares onde as ações governamentais falhavam. É sabido que, a despeito de sua<br />

formação oratoriana, sua pregação era marcada pelas mesmas características da pregação penitencial da<br />

5 Os grupos de beguinas (beghards, derivado de to beg, mendigar, implorar etc.) eram compostos por mulheres<br />

da cidade, frequentemente abastadas. Havia também um ramo masculino no grupo, os beguinos. A pressão<br />

institucional teve como primeiro efeito a formação de casas de beguinas durante o século XIV e a submissão<br />

dessas mulheres à hierarquia eclesiástica. O movimento foi extinto devido às ações implementadas pela Contra-<br />

Reforma. (Cf. RICHARDS, 1993:72-74). Segundo Adelina Sarrión, as beguinas “se dedicaban a la oración, al<br />

trabajo manual, imprescindible para mantenerse, y a las obras de caridad; solían vivir en comunidad y respetaban<br />

el celibato” (2003: 40).<br />

3


época, mas ele também estimulava o “combate à miséria e aos peca<strong>dos</strong> [através] do redirecionamento<br />

das energias do povo para o trabalho em prol de melhorias para a coletividade” (PAZ, 2005: 46).<br />

No entanto, a fama do padre Ibiapina ia além <strong>dos</strong> trabalhos sociais. Em 13 de dezembro de<br />

1868, o jornal A voz da religião no Cariri (1868-1870), editado pelo jornalista José Joaquim Telles de<br />

Marrocos (1842-1910), noticiou pela primeira vez a ocorrência de milagres em uma fonte de água<br />

mineral existente no lugar chamado Caldas, na cidade de Barbalha. Continuamente em todas as edições<br />

do jornal ̶ que era semanal ̶ até novembro de 1869, há espaço para a divulgação de milagres realiza<strong>dos</strong><br />

pelas águas curativas do Caldas que haviam sido abençoadas por Ibiapina. 6<br />

Em 19 de julho de 1869 o bispo Dom Luís envia um ofício ao pároco do Crato, o padre<br />

Manuel Joaquim Aires do Nascimento (? -1883), desautorizando as missões no Bispado, pois, “alguns<br />

resulta<strong>dos</strong> tem aparecido não pouco inconvenientes, com detrimento da disciplina eclesiástica e daquela<br />

paz e harmonia que deve reinar entre o próprio Pastor e o rebanho”. 7 Lembremos que nesse momento o<br />

jornal A voz da Religião divulgava os fenômenos de curas e milagres das águas do Caldas. A ordem<br />

dirigida ao pároco do Crato, embora não citasse o nome de Ibiapina referia-se claramente a ele e aos<br />

fenômenos que estavam em pauta naquele momento. A partir daí se iniciou uma tentativa de controle<br />

por parte do diocesano sobre as ações de Ibiapina.<br />

Três anos depois, em 1872, o padre Ibiapina foi expulso do Ceará e proibido de voltar a<br />

missionar na região do Cariri, sendo obrigado ainda a entregar a direção das Casas de Caridade à<br />

Diocese. O jornal parou de ser editado e não houve mais menções à fonte miraculosa do Caldas. A<br />

expulsão do padre Ibiapina do Ceará marca também o fim de sua trajetória como missionário. Após sua<br />

partida, ele se fixa na Casa de Caridade Santa Fé (Arara, PB) onde faleceu em 19 de fevereiro de 1883.<br />

Dentre as obras sociais do padre Ibiapina, destacamos a construção das Casas de Caridade que<br />

passaram a congregar mulheres que se dispunham a uma vida religiosa, mas não tinham meios de entrar<br />

nas ordens religiosas eclesiásticas. 8 Essas Casas eram em sua constituição beatérios que imitavam o<br />

modelo europeu <strong>dos</strong> recolhimentos femininos de mulheres leigas, muito comuns na Europa e que<br />

6 Jornal A voz da Religião no Cariri, Domingo, 14.03.1869, nº 14, Ano I.<br />

7 Ofício do bispo D. Luís Antônio <strong>dos</strong> Santos datado de 19.07.1869 registrado no Livro de Tombo da Matriz do Crato, p. 51 apud<br />

PINHEIRO, 1950:160.<br />

8 O padre Ibiapina ergueu ao todo no Ceará “vinte Casas de Caridade, dez igrejas, dez açudes, nove cemitérios,<br />

quatro hospitais, quatro capelas, uma casa paroquial, uma cacimba pública e um gabinete de leitura” (PAZ,<br />

2005: 47, Nt. 33). Na região do Cariri foram construídas quatro Casas de Caridade nas cidades de Missão Velha,<br />

Barbalha, Milagres e Crato entre os anos de 1864 a 1869. A Casa de Caridade do Crato foi erguida em 07 de<br />

março de 1869.<br />

4


migraram para o Brasil colonial. 9 As Casas de Caridade representavam a ratificação de um modelo ideal<br />

feminino no qual a obediência, submissão, abnegação aos bens materiais e a humildade, eram as<br />

virtudes necessárias à mulher que se dedicava ao trabalho religioso. Ao justificar a criação das Casas, o<br />

padre Ibiapina mesclava em suas pregações uma espécie de visão mística com uma percepção social<br />

muito forte:<br />

[…] tinha visto milhares de infelizes órfãs, arrastando os andrajos da miséria, a tiritar de frio e<br />

fome, que embrutecidas pela falta de alimento espiritual, aviltadas, esquecidas no meio da<br />

sociedade, acabam por se lançarem na mais negra e vergonhosa prostituição, em prejuízo da<br />

Moral, da Religião e do Estado. […] (IBIAPINA in HOONAERT (org.), 2006: 14-15).<br />

Embora essas Casas de Caridade não tivessem aprovação canônica, as mulheres que nelas<br />

entravam respondiam a um <strong>dos</strong> modelos de virtude valoriza<strong>dos</strong> pela Igreja. A vida de piedade das beatas<br />

das Casas de Caridade era embasada principalmente na identificação com o sofrimento e morte de Jesus<br />

Cristo (A Paixão) para salvar os pecadores. Essa relação era representada através de práticas como<br />

meditações, cantorias, ladainhas, festas votivas e romarias. Práticas essas consideradas supersticiosas e<br />

passíveis de fanatismo na concepção da Igreja romanizadora que lutava por purificar a religião praticada<br />

pelo povo.<br />

Em 1888, o sucessor de D. Luís, o bispo Dom Joaquim José Vieira (1836-1917), promoveu o<br />

primeiro Sínodo Diocesano cearense (também, o primeiro brasileiro) que incorporava as decisões do<br />

Concílio Vaticano I (1869-1870) e dava forma à romanização do clero. Esse Sínodo diocesano<br />

expressava as principais preocupações da Igreja Católica e, em particular, da Diocese cearense, no<br />

sentido de conter algumas “manifestações exacerbadas” da religião, expressas principalmente na forma<br />

como os ritos eram conduzi<strong>dos</strong> pelo laicato em geral. 10<br />

Também neste sentido, a fundação do Apostolado da Oração em 1888, no povoado de Juazeiro,<br />

sob a direção espiritual do padre Cícero Romão Batista, se apresentou como uma estratégia de congregar<br />

as mulheres leigas religiosas fazendo com que elas seguissem uma rotina aprovada de acordo com os<br />

moldes reformistas. À semelhança do padre Ibiapina, o padre Cícero (que havia voltado para a região no<br />

fim de 1871, depois de sua ordenação como sacerdote) passou a recrutar as moças solteiras do povoado<br />

9 Apesar de não pertencerem a nenhuma ordem oficial, as beatas das Casas de Caridade do Cariri faziam votos de obediência,<br />

pobreza e castidade e vestiam hábitos religiosos como os das freiras. Além disso, a Casa recebia órfãos abandona<strong>dos</strong>, crianças<br />

enjeitadas (deixadas na roda <strong>dos</strong> enjeita<strong>dos</strong>) e “pensionistas” (mulheres abandonadas pelos mari<strong>dos</strong> ou pelos parentes próximos). A<br />

organização da casa era feita mediante a disposição das habilidades de cada mulher. A Superiora geral cuidava da administração das<br />

tarefas e do dinheiro da Casa sendo subordinada ao Sacerdote que apadrinhava a Casa. Outras funções que as mulheres podiam<br />

exercer eram de mestras (professoras), enfermeiras e zeladoras: porteira, roupeira (lavava roupa), cozinheira. Cada Casa contava<br />

ainda com um beato que arrecadava esmolas e outros bens para a Casa, embora este não pudesse entrar na Casa. Cf. IBIAPINA,<br />

José Antônio Maria. Regulamento interno para as Casas de Caridade do Crato de 09.04.1872. Arquivo da Cúria Diocesana<br />

DHDPG.<br />

10 1 Constituições Sinodais de 1888. Arquivo da Cúria Diocesana – DHDPG.<br />

5


que quisessem seguir vida religiosa, mas desta vez elas estariam organizadas dentro de uma associação<br />

aprovada pela Igreja (DELLA CAVA, 1976: 43).<br />

A organização das mulheres em associações femininas controladas pela Igreja foi fundamental<br />

para que se destituísse do laicato qualquer tipo de poder no campo religioso. A ação religiosa foi<br />

centrada nos sacramentos e os leigos foram organiza<strong>dos</strong> em Associações de piedade dirigidas por<br />

sacerdotes. No final do século XIX, as beatas representavam a maior evidência de participação social<br />

feminina não só no Cariri cearense, bem como em outros lugares do Brasil, pois circulavam com certa<br />

facilidade entre os âmbitos público e privado, ora na atuação cotidiana em Associações de piedade, ora<br />

na administração das Casas de Caridade (Cf. ALGRANTI, 1993; PAZ, 1998).<br />

No caso do Cariri, a atuação das religiosas leigas foi essencial nas transformações que ocorreram<br />

no povoado a partir de 1889, quando a hóstia consagrada sangrou pela primeira vez na boca da beata<br />

Maria de Araújo. Muitos peregrinos passaram a visitar o povoado para prestar culto ao Sangue Precioso<br />

que jorrava da hóstia e começaram a fixar residência ali, daí o aumento da população, o<br />

desenvolvimento do comércio e a criação de ruas e escolas para atender às demandas da população<br />

adventícia. O imenso fluxo de romeiros chamou a atenção da Diocese que acabou por instaurar em 1891<br />

um processo episcopal (1891-1893) a fim de investigar se o sangramento nas hóstias oferecidas à Maria<br />

de Araújo era realmente um fenômeno divino.<br />

Nesse processo, encontramos, no entanto, não só a narrativa sobre a hóstia sangrenta, mas<br />

também <strong>relatos</strong> de outros fenômenos que ocorriam com Maria de Araújo e com outras oito beatas desde<br />

antes de 1889. No rol desses fenômenos extraordinários temos <strong>relatos</strong> de sangramentos de crucifixos de<br />

metal maciço, êxtases, viagens espirituais ao Céu, Inferno e Purgatório, visões de santos, de Cristo e da<br />

Virgem Maria e revelações proféticas. Além disso, os <strong>relatos</strong> místicos das beatas proclamavam que<br />

Juazeiro era o lugar escolhido por Cristo para sua Segunda Redenção. Outros <strong>relatos</strong> versavam sobre o<br />

destino final <strong>dos</strong> homens, as “revoluções” da Igreja contra a instituição do casamento civil e mesmo<br />

sobre Dom Pedro II. Importante ressaltar, que nos <strong>relatos</strong> é possível saber que o sangramento da hóstia<br />

na comunhão de Maria de Araújo aconteceu mais de cem vezes, inclusive com outros padres. Além<br />

disso, outras beatas também afirmaram que a hóstia se transformara em carne e sangue durante suas<br />

comunhões. Não foi, portanto, um fenômeno isolado.<br />

Em nove de setembro de 1891, uma primeira comissão de investigação <strong>dos</strong> fenômenos,<br />

composta pelos padres Clicério da Costa Lobo (1839-1916) e Francisco Ferreira Antero (1855-1929)<br />

dava início à execução do primeiro inquérito. O resultado desse primeiro inquérito surpreendeu a<br />

Diocese cearense, pois os padres da comissão atestavam a inexistência de qualquer farsa nos fenômenos<br />

sobrenaturais ali manifesta<strong>dos</strong> e afirmavam que as beatas eram “almas levadas à vida unitiva” incapazes<br />

6


de cometer embustes. 11 O bispo Dom Joaquim imediatamente recusou o primeiro inquérito afirmando<br />

que as beatas e especificamente, Maria de Araújo, haviam armado truques tão perfeitos que ludibriaram<br />

vários sacerdotes, inclusive os padres da Comissão que ele próprio escolhera e instituíra! Sua principal<br />

queixa, no entanto, referia-se à desobediência do padre Cícero Romão e <strong>dos</strong> padres da comissão que<br />

estavam absolutamente convenci<strong>dos</strong> da veracidade <strong>dos</strong> fenômenos narra<strong>dos</strong> pelas beatas no inquérito<br />

episcopal. Mas o que diziam esses <strong>relatos</strong>?<br />

Em primeiro lugar, queremos deixar claro que o que chamamos de <strong>relatos</strong> místicos não foram<br />

escritos pelas próprias beatas, mas são, antes, os depoimentos obti<strong>dos</strong> em um processo eclesiástico,<br />

frutos de um inquérito. Os <strong>relatos</strong> foram colhi<strong>dos</strong> para responder às questões colocadas pelos padres da<br />

comissão episcopal sobre a ocorrência do sangramento da hóstia. Obedecem, pois, a uma lógica de<br />

produção. Em primeiro lugar, temos a ocorrência <strong>dos</strong> fenômenos ditos miraculosos através das beatas<br />

que passaram a ser consideradas como instrumentos divinos. Em segundo lugar, temos a elaboração<br />

narrativa acerca desses fenômenos nos inquéritos realiza<strong>dos</strong> pelos padres da comissão episcopal.<br />

Vemos aí a necessidade de separar uma primeira escritura (depoimento falado), que veio do que<br />

foi falado pelas beatas de uma segunda escritura (depoimento transcrito): a <strong>dos</strong> sacerdotes que<br />

transcreveram essas falas para a forma escrita. Essas inquietações surgem justamente a partir de uma<br />

constatação prévia: a de que os <strong>relatos</strong> compõem imagens próximas aos <strong>relatos</strong> de uma experiência<br />

mística religiosa, mas também agem no sentido de ratificar certos dogmas da Igreja. O paradoxo se<br />

encontra justamente no reconhecimento de que essas práticas e <strong>relatos</strong> ganham visibilidade em um<br />

momento no qual a Igreja tentava justamente sufocar ditas práticas supersticiosas.<br />

Inicialmente, a produção <strong>dos</strong> <strong>relatos</strong> tinha como objetivo responder as questões que a comissão<br />

episcopal colocava sobre a veracidade <strong>dos</strong> milagres. Mas, depois de um algum tempo, as próprias<br />

mulheres voltavam à comissão – sem terem sido convocadas – se dispondo a dar novos testemunhos.<br />

<strong>Um</strong>a delas, a beata Jahel Cabral se compromete a dar um “memorial” da sua vida desde que começara a<br />

ter visões e revelações divinas. 12 Neste sentido, consideramos ainda que a elaboração desses <strong>relatos</strong><br />

místicos, repletos de visões e de experiências sobrenaturais, teve como objetivo dar credibilidade ao<br />

fenômeno do sangramento da hóstia ocorrido com Maria de Araújo e aos outros fenômenos<br />

experimenta<strong>dos</strong> pelas beatas: as comunhões miraculosas e o aparecimento de estigmas.<br />

Concorre para isso uma lógica própria da vivência religiosa que admite a existência de<br />

fenômenos sobrenaturais de ordem divina, isto é, de milagres, profecias e visões. Neste sentido, tanto as<br />

11 1 Relatório do Delegado Episcopal padre Clicério C. Lobo em 22.12.1891 in “Cópia autêntica...”, p.64.<br />

12 1 Depoimento da beata Jahel Wanderley Cabral em 15.09.1891 In “Cópia autêntica...”, p.22.<br />

7


práticas (a manifestação <strong>dos</strong> fenômenos) quanto os <strong>relatos</strong> (a elaboração narrativa dessas práticas) estão<br />

conecta<strong>dos</strong> ao momento histórico em que surgem. É relevante, portanto, que em um de seus <strong>relatos</strong>,<br />

Maria de Araújo faça menção à queda do imperador relacionando-a com um momento de crise e<br />

revolução:<br />

[...] dois ou três meses antes da queda da Monarquia, ela vira duas vezes o Anjo Custódio do<br />

Império, no Frontispício da Igreja de Nossa Senhora das Dores do Juazeiro e na Capela do SS.<br />

da mesma Igreja, com vestes encarnadas e com uma espada desembainhada, tinta de sangue, e<br />

que lhe foi significado como um sinal da revolução no Brasil [...] que ela predissera, ouvira em<br />

espírito a expulsão do Imperador D. Pedro II [...]. 13<br />

Esse relato de visão alude claramente ao momento político que se estava vivendo no Brasil, as<br />

disputas entre o Clero e o Estado, os ataques das filosofias liberais e das “falsas luzes” 14 contra a Igreja,<br />

a relação Monarquia-Igreja, enfim, o relato traduz um momento no qual se travava uma verdadeira<br />

guerra entre as instâncias civis e eclesiásticas. O próprio padre Francisco Ferreira Antero, que esteve na<br />

primeira comissão de inquérito, em carta ao monsenhor Salucci (comissário do Santo Ofício em Roma)<br />

relacionava o milagre eucarístico ocorrido com Maria de Araújo ao combate contra o materialismo e o<br />

positivismo:<br />

Ah! Se V. Excia. tivesse conhecimento do estado do nosso infeliz Brasil enquanto a religião; […] como<br />

fazem progresso agora o positivismo e o materialismo procurando destruir os dogmas, mistérios e tudo<br />

o que há de mais santo em nossa religião; exclamaria como eu e muitos outros maravilha<strong>dos</strong> pelas<br />

vitórias que vai tendo nossa santa religião [...] originadas por este milagre da transformação de hóstias<br />

consagradas em carne e sangue no povoado de Juazeiro. 15<br />

A presença do anjo Custódio tornava-se providencial e, portanto bem justificada no relato de<br />

Maria de Araújo, uma vez que em “tempos calamitosos” era comum que to<strong>dos</strong> os olhos se voltassem<br />

para o Céu, em busca da ajuda divina que aparece aqui em forma de anjo guerreiro. 16 A imagem<br />

construída na narrativa de Maria de Araújo alude ao contexto religioso e principalmente ao contexto<br />

político. Mas, em que medida, é possível pensar a atuação dessas mulheres em um contexto político? Ou<br />

13 1 Depoimento do monsenhor Francisco R. Monteiro em 24.09.1891 In “Cópia autêntica...”, p. 43. Grifo nosso.<br />

14 1 Constituições Sinodais de 1888, p. XII, DHDPG.<br />

15 1 Carta de padre Francisco F. Antero ao monsenhor Salucci de 05.08.1892 apud DELLA CAVA, 1976: 68.<br />

Grifo nosso.<br />

16<br />

1 Visões com anjos guerreiros também não eram incomuns. Laura de Mello e Souza nota que desde o século<br />

XVII, as beatas incluíam em suas visões elementos que denotavam a preocupação com a ordem política “e o<br />

desejo de interferir por meio da religião”. A beata Luzia de Jesus, por exemplo, penitenciada pela mesa do Santo<br />

Ofício de Lisboa em 1647 tinha visões com o “Anjo da Guarda” do reino. Cf. ANTT, Inquisição de Lisboa,<br />

proc. Nº 4564 apud SOUZA, 1993: 118.<br />

8


ainda, em que medida, essas práticas e <strong>relatos</strong> ainda estariam liga<strong>dos</strong> a um imaginário que associa o<br />

Monarca à Igreja ou ao próprio Deus?<br />

Essas visões femininas (só compreensíveis dentro de uma linguagem católica penitencial)<br />

viriam a reafirmar o valor das instituições que estavam em crise naquele momento, em face do confronto<br />

com as novas instituições do final do século XIX. Em primeiro lugar, nota-se claramente uma<br />

reafirmação da autoridade monárquica, presente nas visões que relatavam a queda do Imperador e a<br />

laicização do casamento, resultado imediato da separação entre a Igreja e o Estado. É notável, por<br />

exemplo, a presença da crítica ao casamento civil nos <strong>relatos</strong> das beatas relacionada diretamente a<br />

perseguição à Igreja brasileira:<br />

[...] Muitas vezes já na missa, já na Comunhão, já em diversos arrebatamentos de seu espírito a Deus,<br />

lhe tem sido revelado que grande perseguição está iminente e já em começo a Igreja Brasileira,<br />

havendo de ser persegui<strong>dos</strong> e encarcera<strong>dos</strong> e talvez mesmo mortos muitos padres por causa do<br />

Casamento Civil; que muitos povos se levantariam, uns a favor outros contra a Igreja, mas que afinal<br />

se daria o triunfo da Igreja. 17<br />

No entanto, caberia perguntar de que Igreja nos fala Maria de Araújo? Não acreditamos que<br />

essas mulheres pretendessem uma luta contra a ortodoxia; ao contrário, elas parecem mais empreender<br />

uma luta ao lado da ortodoxia, contra os inimigos da Igreja Católica. As narrativas femininas são, no<br />

entanto, inovadoras, pois ao contrário da Igreja, elas não se valiam da velha filosofia cristã, mas<br />

propunham, “inspiradas por Cristo”, um novo “mistério” e até mesmo a fundação de uma nova ordem<br />

que cuidasse do culto ao Sangue Precioso. Segundo Maria de Araújo, “muitas vezes Nosso Senhor lhe<br />

revelou ser de sua divina vontade a fundação aqui de uma ordem que se encarregasse do culto perpétuo<br />

da S. S. Trindade”. 18<br />

No relato podemos observar a utilização de elementos da ortodoxia católica, como o culto ao<br />

dogma da Trindade, mas também a referência aos padres Franciscanos, uma ordem mendicante, em<br />

oposição à ordem <strong>dos</strong> padres lazaristas franceses (romanizadores), que naquele momento dirigia a<br />

Diocese cearense. Destaca-se ainda o fato de que São Francisco, o fundador da ordem, foi um grande<br />

místico, e alguns <strong>dos</strong> principais fenômenos que ele experimentou foram igualmente exterioriza<strong>dos</strong> pelas<br />

beatas.<br />

Após condenar o primeiro inquérito e suspender os padres da comissão, o bispo diocesano<br />

institui um segundo inquérito em abril de 1892, cujo responsável foi o padre Antonio Alexandrino de<br />

Alencar (1843-1903). Esse segundo inquérito, antes mesmo de ser executado, já possuía um modelo<br />

17 1 Auto de perguntas à Maria de Araújo em 11.09.1891 In “Cópia autêntica”, p. 14.<br />

18 1 Aditamento ao auto de perguntas feitas à Maria de Araújo em 11.09.1891 In “Cópia autêntica”, p. 16.<br />

9


narrativo pronto: deveria ser a narração de um embuste. O padre deveria recolher provas de que as<br />

mulheres forjavam os sangramentos e fantasiavam a respeito das visões e profecias que diziam ter. 19<br />

Pressionado por um grupo de sacerdotes, jornalistas e pessoas influentes econômica e<br />

politicamente da região, que acreditava nos milagres, Dom Joaquim resolveu, em 1893, encarregar à<br />

Santa Sé um parecer final sobre os eventos. Em 1894, a Santa Sé condenou como “vãos e<br />

supersticiosos” os fenômenos de Juazeiro e condenou as beatas à reclusão, proibindo as peregrinações e<br />

ordenando que quaisquer escritos ou livros que falassem sobre os fenômenos ou sobre as beatas fossem<br />

queima<strong>dos</strong>. 20<br />

Assim, não eram só os <strong>relatos</strong> místicos dessas mulheres que estavam em jogo. A própria Igreja<br />

se dividiu na análise <strong>dos</strong> fenômenos e havia pelo menos três teorias que qualificavam os <strong>relatos</strong>. Em<br />

primeiro lugar, para o padre Cícero e para a grande maioria <strong>dos</strong> padres da região do Cariri, os <strong>relatos</strong><br />

descreviam fenômenos divinos experimenta<strong>dos</strong> pelas beatas. <strong>Um</strong>a segunda opinião defendida pela<br />

Diocese cearense, afirmava que os <strong>relatos</strong> haviam sido forja<strong>dos</strong> e eram invenções das beatas. E, por fim,<br />

em uma terceira teoria, sustentada principalmente pela Diocese pernambucana, os <strong>relatos</strong> eram<br />

inspira<strong>dos</strong> pelo Diabo.<br />

Nesse trabalho pretendemos problematizar e analisar a elaboração <strong>dos</strong> <strong>relatos</strong> místicos<br />

descritos por essas beatas. Qual o contexto histórico da produção desses <strong>relatos</strong>? Quais foram os<br />

elementos modeladores desses <strong>relatos</strong>? Quais chaves, horizontes culturais organizaram essas narrativas?<br />

A importância desta pesquisa se justifica não só por analisar um conjunto de <strong>relatos</strong> místicos que sempre<br />

esteve disponível aos pesquisadores da história do Juazeiro, mas que foram pouco valoriza<strong>dos</strong> em prol<br />

da elaboração de uma história oficial que se centraliza na figura do padre Cícero Romão. A história da<br />

construção dessas narrativas, a forma como foram coletadas e elaboradas, dando margem a<br />

interpretações tão distintas como as mencionadas acima, informam sobre a riqueza do tempo e das<br />

elaborações produzidas pelas beatas e justificam a análise proposta neste projeto.<br />

19 1 Em carta ao padre Alexandrino, Dom Joaquim enumera uma série de “instruções que devem ser observadas fielmente” na<br />

busca das retratações. Assim, o modelo narrativo deveria seguir a estratégia: tentativa de convencimento seguido de ameaça:<br />

“manda-lhe dizer o Senhor Bispo que si as Senhoras confessarem tudo a mim e ao Rvdo. Capelão e a Senhora Superiora<br />

ficarão privadas e continuarão a residir nesta Casa [de Caridade], ficando tudo em reserva; si, porém, negassem-se [sic] a<br />

confessar suas faltas, serão expulsas [...]” In Carta de D. Joaquim José Vieira ao padre Antonio Alexandrino de<br />

Alencar, de 20.08.1894. Arquivo do Centro de Psicologia da Religião – CPR, Juazeiro do Norte, CE.<br />

Identificada sob inscrição CPR/CRA: 04.01.<br />

20<br />

2 Carta Pastoral de D. Joaquim Vieira, datada de 26.12.1898, assinado pelo Frei Jerônimo Maria, Arcebispo de<br />

Petra. A Pastoral ordenava, por exemplo, que era necessário “exortar o povo e esclarecê-lo sobre a verdadeira<br />

doutrina [...] no sentido interpretado no Juazeiro, onde se abusa <strong>dos</strong> mais santos princípios de nossa santa<br />

Religião [...]” (MACEDO, 1969: 148).<br />

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALGRANTI, Leila Mezan. Honradas e devotas: mulheres da colônia. Rio de Janeiro: José Olympio;<br />

Brasília: EdUnb, 1993.<br />

BEOZZO, José Oscar. [et al.] História da Igreja no Brasil: Ensaio de interpretação a partir do povo.<br />

Segunda Época – Século XIX. 4ª. Edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.<br />

BETHENCOURT, Francisco. O imaginário da magia: feiticeiras, adivinhos curandeiros em Portugal<br />

no século XVI. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.<br />

DELLA CAVA, Ralph. Milagre em Joaseiro. São Paulo: Paz e Terra, 1976.<br />

GAETA, Maria Aparecida Junqueira. “A cultura clerical e a folia popular: <strong>estudo</strong> sobre o catolicismo<br />

brasileiro nos finais do século XIX e inicio do século XX”. Revista Brasileira de História. São Paulo,<br />

v.17, n.34, 1997, pp.183-202.<br />

HOORNAERT, Eduardo. (org.) Crônicas das Casas de Caridade fundadas pelo Padre Ibiapina.<br />

Fortaleza-Ce: Museu do Ceará/Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, 2006.<br />

PAZ, Renata Marinho. Para onde sopra o vento: a Igreja Católica e as romarias de Juazeiro do Norte.<br />

Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2005. Tese de doutoramento. Cedida pela autora.<br />

PINHEIRO, Irineu. Efemérides do Cariri. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1963.<br />

TAVARES, Pedro Vilas Boas. “Caminhos e invenções de santidade feminina em Portugal nos séculos<br />

XVII e XVIII”. Lisboa: Via spiritus, 3 (1996), pp. 163-215.<br />

VAUCHEZ, André. Les laïcs au Moyen-Âge entre ecclésiologie et histoire, Études 2005/1, Toe 402, pp.<br />

55-67.<br />

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