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ARTIGO ORIGINAL Excesso de peso e insatisfação com a imagem ...

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<strong>ARTIGO</strong> <strong>ORIGINAL</strong><br />

<strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal em mulheres.<br />

Kalina Veruska da Silva Bezerra Masset 1 , Marisete Peralta Safons 2<br />

1. BACOR - Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />

2. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Física da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília – UnB<br />

Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1):38-48, 2008<br />

Resumo<br />

A padronização coletiva do corpo esguio é instituída pelos valores sócio-culturais<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua a<strong>de</strong>quação <strong>com</strong> as capacida<strong>de</strong>s orgânicas individuais. As pessoas que<br />

fogem a este mo<strong>de</strong>lo tornam-se fonte <strong>de</strong> discriminação levando a <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> sua<br />

<strong>imagem</strong> corporal e consequentemente submete-se a sua própria rejeição. O presente estudo<br />

piloto teve <strong>com</strong>o objetivo verificar a relação entre excesso <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> corporal <strong>de</strong><br />

cinco mulheres <strong>com</strong> sobre<strong>peso</strong>, <strong>de</strong>stacando os valores <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> beleza mais acentuados<br />

na <strong>insatisfação</strong> corporal e os fatores mais relevantes que intervém nas relações sociais. Foram<br />

utilizados <strong>com</strong>o instrumento <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados a escala <strong>de</strong> silhuetas <strong>de</strong> Stunkard e método <strong>de</strong><br />

história <strong>de</strong> vida solicitando um relato escrito (e oral) <strong>com</strong> <strong>de</strong>scrições acerca do tema. Os<br />

resultados da escala <strong>de</strong> Stunkard não foram conclusivos por falta <strong>de</strong> objetivida<strong>de</strong> nas respostas<br />

indicadas. Os relatos <strong>de</strong> vida apontaram uma acentuada <strong>insatisfação</strong> quanto a <strong>de</strong>scrição<br />

corporal atual e a repercussão nefasta no estado emocional e nas trajetórias sociais.<br />

Constatou-se ainda que apesar dos efeitos negativos provocarem um gran<strong>de</strong> interesse em<br />

modificar os hábitos cotidianos, eles permanecem impotentes diante da persistência em<br />

modificar o estilo <strong>de</strong> vida.<br />

Palavras chave: Imagem corporal, sobre<strong>peso</strong>, relatos <strong>de</strong> vida.<br />

Abstract<br />

The collective <strong>de</strong>finition of the slim body as a standard is established by social and cultural<br />

values, regardless of its a<strong>de</strong>quacy to individual organic capacities. Those who don't fit in these<br />

mo<strong>de</strong>ls are target of discrimination which leads to dissatisfaction with their body image and as<br />

a consequence to their being subjects to their own self-rejection. The present pilot study<br />

aimed to assess how related excessive weight and body self dissatisfaction are in five<br />

overweight women, highlighting those values of beauty standards which are more strongly<br />

expressed in body dissatisfaction and the most relevant factors acting on social relations. Data<br />

collection methods inclu<strong>de</strong>d Stunkard's figure rating scale and written and oral life history<br />

reports about the theme. Life history reports have <strong>de</strong>picted a great <strong>de</strong>gree of dissatisfaction<br />

regarding recent body <strong>de</strong>scriptions and an extremely negative repercussion on emotional<br />

states and social trajectories. It has been observed that <strong>de</strong>spite these negative effects have<br />

been causing a great interest of women in changing their daily habits, they are still powerless<br />

when facing the persistence in changing lifestyle<br />

Key words: body image, overweight, life histories.<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 38


Introdução<br />

As pesquisas sobre <strong>imagem</strong><br />

corporal foram <strong>de</strong>senvolvidas inicialmente<br />

nas áreas da neurofisiologia evoluindo para<br />

os âmbitos da psicologia e sociologia em<br />

virtu<strong>de</strong> da interação <strong>de</strong> uma multiplicida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> parâmetros em seu processo <strong>de</strong><br />

construção, dando origem a inúmeras<br />

abordagens metodológicas e conceituais. O<br />

tema ultrapassou as limitações da esfera<br />

dos estudos iniciais transpondo-o para os<br />

setores da fenomenologia, psicanálise e<br />

filosofia tendo, portanto diferentes<br />

interpretações 1 .<br />

Apesar dos diversos significados e<br />

focos da <strong>imagem</strong> corporal e as divergências<br />

ou controvérsias conceituais estudadas no<br />

contexto científico, ela representa todas as<br />

formas pelas quais o ser humano<br />

experiencia e conceitua seu próprio corpo,<br />

situando-o no contexto existencial<br />

individual na relação <strong>com</strong> outras imagens<br />

corporais. Ela se <strong>com</strong>põe em conexão <strong>com</strong><br />

uma organização cerebral integrada,<br />

influenciada por fatores sociais, culturais e<br />

psicodinâmicos. Tais fatores são interrelacionados<br />

<strong>com</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

percepção e da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> corporal<br />

elaborada ao longo da vida, por meio <strong>de</strong><br />

experiências associadas às sensações<br />

internas e externas ao universo do corpo 2 .<br />

A <strong>imagem</strong> corporal não se restringe a uma<br />

construção cognitiva, mas também<br />

abrange “uma reflexão dos <strong>de</strong>sejos,<br />

atitu<strong>de</strong>s emocionais e interação <strong>com</strong> os<br />

outros” 3 . Dentro da evolução histórica nas<br />

tentativas <strong>de</strong> se <strong>de</strong>finir <strong>imagem</strong> corporal,<br />

po<strong>de</strong>-se dizer que esta é consi<strong>de</strong>rada<br />

atualmente <strong>com</strong>o um conceito<br />

multidimensional, <strong>com</strong>plementando as<br />

junções <strong>de</strong> várias investigações.<br />

Componentes dos conceitos Esquema<br />

Corporal e Imagem Corporal<br />

O interesse principal dos estudos<br />

da <strong>imagem</strong> corporal foi fundamentado<br />

inicialmente em aprofundar as questões<br />

sobre sensações provocadas pela posição<br />

do corpo, seu mo<strong>de</strong>lo postural e sua<br />

localização em relação ao espaço.<br />

Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1): 38-48, 2008<br />

Portanto a Neurologia e a Fisiologia se<br />

apropriaram dos avanços nos estudos<br />

dando ênfase aos mecanismos cerebrais<br />

relacionados à <strong>imagem</strong> tridimensional que<br />

todos têm <strong>de</strong> si. Isto favoreceu o<br />

aparecimento do termo "Esquema<br />

Corporal" usado por Henry Head para<br />

<strong>de</strong>signar a organização neurológica na qual<br />

“cada indivíduo constrói um mo<strong>de</strong>lo ou<br />

figura <strong>de</strong> si mesmo que constitui um<br />

padrão contra os julgamentos da postura e<br />

dos movimentos corporais” 4 . Schil<strong>de</strong>r em<br />

1935 vem enriquecer tais trabalhos<br />

iniciando a reflexão sobre a influência dos<br />

eventos diários na construção da <strong>imagem</strong><br />

corporal sem restringi-la a fatores<br />

patológicos. Ele aborda os aspectos<br />

psicológicos e sociológicos inerentes às<br />

relações humanas valorizando<br />

consequentemente a influência da<br />

varieda<strong>de</strong> das experiências e situações.<br />

Para Schil<strong>de</strong>r "a <strong>imagem</strong> subjetiva do<br />

próprio corpo formada na nossa mente,<br />

enquanto objeto único não é apenas<br />

perceptiva, é construída <strong>de</strong> forma dinâmica<br />

a partir das interações sociais e segundo os<br />

padrões <strong>de</strong> uma cultura" 5 . Esta abordagem<br />

valoriza aspectos envolvidos na<br />

personalida<strong>de</strong> sejam eles conscientes ou<br />

inconscientes 5,6 .<br />

A partir <strong>de</strong>sta nova abordagem, os<br />

termos Esquema Corporal e Imagem<br />

Corporal passam então a coexistir, sendo o<br />

primeiro utilizado predominantemente na<br />

neurologia e o segundo na psicologia.<br />

Porém na última década Cash 7 e<br />

Rosen 8 estudaram fatores implicados na<br />

<strong>imagem</strong> corporal através da avaliação da<br />

história do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

neurofiosiológico <strong>com</strong>plementada pela<br />

avaliação da história pessoal (atitu<strong>de</strong><br />

corporal e constituição do autoconceito).<br />

Apesar dos dois termos terem<br />

algumas peculiarida<strong>de</strong>s distintas, eles se<br />

correlacionam pelo ajuste contínuo entre a<br />

dimensão simbólica e imaginária da<br />

<strong>imagem</strong> corporal e o caráter neurológico e<br />

sensorial do esquema corporal. Isto é<br />

<strong>de</strong>monstrado por Fisher em 1986, por<br />

meio da interferência dos fatores<br />

emocionais no <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

or<strong>de</strong>nação dos <strong>com</strong>ponentes neurais do<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 39


esquema corporal 9 . Para a elaboração do<br />

conceito <strong>de</strong> <strong>imagem</strong> corporal, Sla<strong>de</strong><br />

consi<strong>de</strong>ra os parâmetros associados às<br />

normas sociais e culturais, a história<br />

sensorial para experiência corporal, o<br />

histórico das alterações <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e a atitu<strong>de</strong><br />

individual em relação ao corpo, além das<br />

variáveis cognitivas, afetivas e biológicas.<br />

Po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r que o caráter separatista<br />

dos dois conceitos po<strong>de</strong> implicar na<br />

fragmentação da integração entre os<br />

mesmos, negando a influência <strong>de</strong> um sobre<br />

o outro.<br />

Construção e reconstrução da Imagem<br />

Corporal<br />

O indivíduo se constrói e se<br />

reconstrói em seu diálogo <strong>com</strong> o mundo,<br />

em seu movimento <strong>de</strong> fazer-se e refazer-se<br />

constantemente em meio às múltiplas<br />

sensações táteis, <strong>de</strong> motilida<strong>de</strong>, visuais e<br />

sinestésicas, justificado pela característica<br />

<strong>de</strong> labilida<strong>de</strong> que a <strong>imagem</strong> corporal<br />

possui 10 .<br />

Portanto, para se remeter aos<br />

conhecimentos sobre a <strong>imagem</strong> corporal<br />

tal <strong>com</strong>o será tratada no presente estudo,<br />

é necessário percorrer <strong>de</strong> forma sinuosa e<br />

<strong>com</strong>plexa as conexões entre as múltiplas<br />

dimensões segmentadas na concepção da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> do corpo e <strong>de</strong> seu progressivo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, movido pelas<br />

sensações 2 . Apesar <strong>de</strong> tais sensações<br />

serem <strong>de</strong>senvolvidas pelos sentidos, a<br />

percepção que tem um papel inexorável <strong>de</strong><br />

captura dos significados, não vai limitar-se<br />

em traduzir sensibilida<strong>de</strong> ou imaginação no<br />

contexto das figurações ou representações<br />

do corpo. A percepção vai extrapolar o<br />

entendimento <strong>de</strong> sua etimologia e valorizar<br />

o caráter dinâmico representativo e<br />

simbólico do homem, assim <strong>com</strong>o seus<br />

processos inconscientes, memória,<br />

sensibilida<strong>de</strong> e emoções 9 . É através da<br />

percepção <strong>de</strong> <strong>com</strong>o o corpo se apresenta<br />

para si próprio e se conceitua, e <strong>de</strong> <strong>com</strong>o o<br />

mesmo experiencia sua existência na<br />

relação <strong>com</strong> os outros corpos, que <strong>imagem</strong><br />

corporal se alicerça mentalmente. Nesta<br />

perspectiva o corpo já não po<strong>de</strong> ser mais<br />

consi<strong>de</strong>rado isoladamente <strong>com</strong>o uma<br />

entida<strong>de</strong> estática, mas <strong>de</strong>vendo ser<br />

abordado no seu contexto próprio. A<br />

<strong>imagem</strong> do corpo é a síntese viva das<br />

experiências dos seres humanos e é<br />

indissociável <strong>de</strong> suas emoções 2 . Além<br />

disso, a existência do caráter pessoal<br />

fortalece a formulação da <strong>imagem</strong> corporal<br />

sendo "específica a cada um", por ser<br />

intimamente "ligada ao sujeito e a sua<br />

história" 11 .<br />

Por esta razão, é sensato ressaltar<br />

o movimento <strong>de</strong> sucessiva reconstrução ao<br />

qual a <strong>imagem</strong> corporal é submetida,<br />

alterando-se constantemente e<br />

conservando-se íntegra somente o<br />

suficiente para transformar-se novamente<br />

em seu diálogo <strong>com</strong> o mundo 12 . Em outras<br />

palavras, a construção <strong>de</strong> algo só é possível<br />

quando a <strong>de</strong>struição se renova, sendo<br />

característica geral das pulsões e <strong>de</strong> suas<br />

forças construtivas. Schil<strong>de</strong>r novamente vai<br />

conduzir a noção <strong>de</strong> recriar-se e<br />

ressignificar-se <strong>com</strong>o busca <strong>de</strong><br />

reconstrução <strong>com</strong>o expõe: "[...] a<br />

<strong>de</strong>struição é uma fase parcial da<br />

construção, que é o projeto e a<br />

característica geral da vida. Destruímos<br />

para reconstruir" 10 .<br />

Esses aspectos preservam<br />

fortemente o caráter qualitativo do<br />

contexto da <strong>imagem</strong> corporal. Portanto, é<br />

impossível atingir um entendimento sobre<br />

esta à partir <strong>de</strong> dados puramente<br />

quantitativos pois sua essência se<br />

caracteriza singular e indivisível 2 .<br />

Socieda<strong>de</strong> e estigmas do corpo<br />

Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1): 38-48, 2008<br />

Des<strong>de</strong> o século passado ocorre nas<br />

socieda<strong>de</strong>s oci<strong>de</strong>ntais um aumento<br />

consi<strong>de</strong>rável no número <strong>de</strong> pessoas acima<br />

do <strong>peso</strong> corporal para os parâmetros <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong>. Revela-se, portanto, a estatística<br />

dos riscos somáticos associados a esta<br />

nova epi<strong>de</strong>mia colocando a questão em<br />

primeira linha <strong>de</strong> preocupação das<br />

instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 13 . Estes números,<br />

justificados pelas probabilida<strong>de</strong>s, são<br />

então, virtuais enquanto o corpo do<br />

“sobre<strong>peso</strong>”, ou este cuja mensuração<br />

entra nas categorias extremas, permanece<br />

bem real e concreto e se expõe<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 40


imediatamente ao julgamento <strong>de</strong> olhares.<br />

É neste corpo que se prova as sensações e<br />

as emoções que pontuam cada uma <strong>de</strong><br />

suas trocas <strong>com</strong> seus interlocutores e <strong>com</strong><br />

o ambiente 14 . Este corpo se confronta aos<br />

valores culturais intrínsecos e aos padrões<br />

<strong>de</strong> beleza instituídos pela socieda<strong>de</strong><br />

contemporânea. Ainda que se resguar<strong>de</strong> a<br />

existência <strong>de</strong> extratos sociais que não<br />

cultuam o corpo magro <strong>com</strong>o padrão <strong>de</strong><br />

beleza, a concepção <strong>de</strong>sta norma corporal<br />

e a valorização excessiva do corpo<br />

"mo<strong>de</strong>lo" permanecem no discurso<br />

hegemônico. Os valores relacionados<br />

essencialmente ao <strong>peso</strong> e forma corporal<br />

são gradativamente incorporados ao longo<br />

da vida em ações cotidianas, cultuando a<br />

padronização coletiva do corpo i<strong>de</strong>al,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> sua conformida<strong>de</strong> <strong>com</strong> as<br />

capacida<strong>de</strong>s orgânicas individuais. Eles são<br />

providos pela fantasia do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

perfeição (associado geralmente ao<br />

sucesso), são cotidianamente sustentados<br />

pela mídia <strong>com</strong>o apresentam os estudos <strong>de</strong><br />

Ferris em 2003 15 . A idéia <strong>de</strong> fracasso é<br />

frequentemente atribuída aos corpos que<br />

transgri<strong>de</strong>m a aparência imposta pelas<br />

medidas dos critérios corporais atraentes e<br />

torna-se fonte <strong>de</strong> preconceito e <strong>de</strong><br />

rejeição.<br />

Neste sentido, pessoas que fogem<br />

a norma do “i<strong>de</strong>al” enfrentam a<br />

"<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>" <strong>com</strong> luci<strong>de</strong>z ressoando<br />

dolorosamente em sua vivência individual<br />

e emocional <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando ansieda<strong>de</strong>,<br />

angústias e frustrações 16 . Isto ocorre<br />

porque o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> corpo i<strong>de</strong>al difere<br />

frequentemente da potencialida<strong>de</strong><br />

corporal real e consequentemente esta<br />

realida<strong>de</strong> gera <strong>de</strong>sconforto e provoca<br />

sofrimento, induzindo a exclusão social ou<br />

<strong>de</strong>pressão na maioria dos casos.<br />

Sutilmente a originalida<strong>de</strong> e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

corporal são <strong>de</strong>sconectadas minimizando o<br />

movimento individualizado, reconhecido<br />

<strong>com</strong>o essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento e a<br />

transformação humana 2 .<br />

O <strong>de</strong>sejo pelo emagrecimento é<br />

mais acentuado em função da ida<strong>de</strong> e do<br />

gênero, <strong>com</strong>o <strong>com</strong>prova o estudo <strong>de</strong> Frost,<br />

on<strong>de</strong> mulheres mais jovens <strong>de</strong>monstram<br />

maiores problemas por não satisfazerem<br />

aos i<strong>de</strong>ais estéticos 17 .<br />

Em outros artigos <strong>com</strong> utilização <strong>de</strong><br />

teste <strong>de</strong> múltipla escolha, mães <strong>de</strong> crianças<br />

obesas são classificadas <strong>com</strong>o<br />

preguiçosas 18,19 . Segundo Adams 20 , o<br />

mundo social discrimina cotidianamente<br />

indivíduos não atraentes (para os padrões<br />

<strong>de</strong> cada socieda<strong>de</strong>) enquanto os atraentes<br />

parecem beneficiar-se <strong>de</strong> bons tratos.<br />

Gran<strong>de</strong> parte dos estudos atuais<br />

sobre a <strong>imagem</strong> corporal se concentram<br />

principalmente no interesse em investigar<br />

os distúrbios da <strong>imagem</strong> corporal ou autopercepção<br />

<strong>de</strong>sta utilizando <strong>com</strong> frequência<br />

o <strong>de</strong>senho da figura humana 21,22 ,<br />

questionários 23-25 , pesquisas valendo-se <strong>de</strong><br />

escalas 26-28 ou testes 29 . Poucos<br />

pesquisadores utilizam entrevistas 30 ou o<br />

método biográfico nos estudos da <strong>imagem</strong><br />

do corpo dialogando <strong>com</strong> outras áreas<br />

<strong>com</strong>o a psicologia e a sociologia numa<br />

abordagem qualitativa 31 . Além <strong>de</strong>ssas<br />

limitações metodológicas, esses<br />

instrumentos <strong>de</strong> investigação são<br />

habitualmente empregados<br />

separadamente em suas categorias <strong>de</strong><br />

avaliação subjetiva (sentimentos e as<br />

atitu<strong>de</strong>s em relação ao corpo) e avaliação<br />

perceptual (percepção do tamanho e da<br />

forma corporal).<br />

Neste sentido, este estudo teve<br />

<strong>com</strong>o objetivo verificar a relação entre<br />

excesso <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> corporal <strong>de</strong><br />

mulheres, bem <strong>com</strong>o <strong>de</strong>stacar os valores<br />

<strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> beleza mais acentuados na<br />

<strong>insatisfação</strong> corporal, apontando os fatores<br />

mais relevantes que intervém nas relações<br />

sociais.<br />

Material e Métodos<br />

Participantes<br />

Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1): 38-48, 2008<br />

Inicialmente concordaram em<br />

participar do estudo nove mulheres<br />

resi<strong>de</strong>ntes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Natal-RN, exatletas,<br />

se<strong>de</strong>ntárias há mais <strong>de</strong> dois anos,<br />

apresentando sobre<strong>peso</strong>, sem presença <strong>de</strong><br />

transtornos alimentares, pacientes<br />

reinci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> orientação nutricional <strong>de</strong><br />

diferentes clínicas da cida<strong>de</strong>. Foram<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 41


excluídas da amostra as mulheres que<br />

tinham sido submetidas à cirurgia <strong>de</strong><br />

restrição gástrica ou estética, e <strong>com</strong> uso<br />

frequente <strong>de</strong> medicação para fins <strong>de</strong><br />

emagrecimento. Assim, o grupo ficou<br />

reduzido a cinco participantes.<br />

Tabela 1. Caracterização das Mulheres Participantes Quanto à Ida<strong>de</strong>, Escolarida<strong>de</strong>, Peso real e<br />

Peso <strong>de</strong>sejado e Índice <strong>de</strong> Massa Corporal (IMC) e % <strong>de</strong> Gordura coporal.<br />

Ida<strong>de</strong><br />

(anos)<br />

Escolarida<strong>de</strong><br />

(concluído)<br />

Peso (kg)<br />

Real<br />

Peso (Kg)<br />

Meta<br />

IMC<br />

pessoal<br />

P1 39 3º grau 72 62 29,47<br />

P2 37 3° grau 79 65 28,35<br />

P3 36 2° grau 97 77 29,93<br />

P4 37 3° grau 80 65 29,41<br />

P5 37 3º grau 71 62 27,73<br />

Instrumentos e procedimentos<br />

Para avaliação da <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong><br />

a <strong>imagem</strong> corporal foram utilizados os<br />

seguintes métodos:<br />

Medida do IMC<br />

O índice <strong>de</strong> massa corporal (IMC)<br />

foi calculado a partir das medidas <strong>de</strong> massa<br />

e estatura medidos nos consultórios<br />

frequentados pelas participantes da<br />

amostra por meio da fórmula: Massa<br />

corporal (Kg)/ Estatura² (m)<br />

Escala <strong>de</strong> silhuetas proposta por Stunkard<br />

et al. 32 .<br />

O procedimento consiste em pedir<br />

a participante para indicar em um conjunto<br />

<strong>de</strong> figuras femininas <strong>de</strong> corpulência<br />

crescente numeradas <strong>de</strong> 1 a 9, a forma que<br />

represente sua <strong>imagem</strong> corporal atual<br />

segundo sua percepção (Figura 1). Em<br />

seguida a participante <strong>de</strong>ve apontar na<br />

mesma escala outra figura que<br />

corresponda a <strong>imagem</strong> corporal i<strong>de</strong>alizada.<br />

Para este efeito foram feitas as seguintes<br />

perguntas:<br />

- Qual é a silhueta que melhor representa a<br />

sua aparência física atualmente?<br />

- Qual é a silhueta que você gostaria <strong>de</strong><br />

ter?<br />

O avaliador isentou-se <strong>de</strong> opinião<br />

na escolha das silhuetas. Para codificar a<br />

<strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal, o<br />

método propõe que seja efetuada a<br />

diferença entre a silhueta atual (SA) e<br />

silhueta i<strong>de</strong>al (SI), apontadas pelo<br />

indivíduo.<br />

Figura 1. Conjunto <strong>de</strong> silhuetas femininas propostas por STUNKARD 32<br />

Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1): 38-48, 2008<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 42


Relatos (Histórias <strong>de</strong> Vida).<br />

Para <strong>de</strong>stacar a <strong>insatisfação</strong> da<br />

<strong>imagem</strong> corporal, a abordagem qualitativa<br />

foi fundamentada no método da história<br />

<strong>de</strong> vida da narradora, contada através <strong>de</strong><br />

relatos escritos <strong>com</strong> <strong>com</strong>plementação oral,<br />

que <strong>de</strong>screvem o processo <strong>de</strong> formação da<br />

<strong>imagem</strong> corporal no <strong>de</strong>correr da vida<br />

dando ênfase em <strong>de</strong>terminados momentos<br />

e em interesses específicos.<br />

As histórias <strong>de</strong> vida abrangem um<br />

conjunto <strong>de</strong> práticas associadas à pesquisa<br />

e a construção do sentido a partir <strong>de</strong> fatos<br />

temporais pessoais e/ou coletivos. Este<br />

método tem o objetivo <strong>de</strong> procurar no<br />

indivíduo os elementos ou fatores <strong>de</strong> sua<br />

vida correspon<strong>de</strong>ntes ao assunto<br />

pesquisado, assim <strong>com</strong>o as aptidões para<br />

tirar do seu ambiente as ferramentas<br />

necessárias para o exercício do<br />

pensamento 33 .<br />

O termo "história <strong>de</strong> vida" tem, no<br />

entanto o inconveniente <strong>de</strong> não ser<br />

distinguido entre a história vivida pela<br />

pessoa e o relato contado por ela sobre o<br />

que viveu. O relato <strong>de</strong> vida resulta uma<br />

forma particular <strong>de</strong> entrevista, a<br />

"entrevista narrativa" durante a qual o<br />

"pesquisador" pe<strong>de</strong> a pessoa <strong>de</strong>nominada<br />

"sujeito" <strong>de</strong> contar-lhe tudo ou uma parte<br />

<strong>de</strong> sua experiência vivida.<br />

O presente estudo não tem a<br />

intenção <strong>de</strong> captar o interior dos esquemas<br />

<strong>de</strong> representação, mas se interessa pelos<br />

fenômenos i<strong>de</strong>ológicos e culturais numa<br />

idéia <strong>de</strong> duração e paralelamente um<br />

fragmento particular da realida<strong>de</strong> sóciohistórica.<br />

Preten<strong>de</strong>-se <strong>com</strong> este método<br />

<strong>com</strong>preen<strong>de</strong>r <strong>com</strong>o este contexto funciona<br />

e <strong>com</strong>o se transforma, enfatizando as<br />

configurações dos fatos sociais, os<br />

mecanismos, os processos, as lógicas <strong>de</strong><br />

ação que os caracterizam. Este<br />

procedimento foi escolhido por ter a<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> favorecer a articulação<br />

entre fenômenos intra-psíquicos e sóciopsíquicos<br />

envolvidos na (re)construção da<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> convidar o sujeito da<br />

narração a se situar diante <strong>de</strong> sua<br />

existência 34 .<br />

Para esta pesquisa foi solicitado<br />

um relato escrito norteado por um tema<br />

principal: aspectos relacionados à<br />

<strong>insatisfação</strong> corporal.<br />

No momento da entrega do relato,<br />

a participante teve a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler e<br />

<strong>com</strong>entar sobre seus escritos<br />

<strong>com</strong>plementando suas narrações<br />

oralmente, sendo tais consi<strong>de</strong>rações<br />

igualmente anexadas aos relatos escritos.<br />

Os relatos foram avaliados e interpretados<br />

<strong>com</strong> adaptação da metodologia da análise<br />

do conteúdo, <strong>com</strong> formação <strong>de</strong> categorias<br />

representativas reveladas nos relatos,<br />

propondo um ensaio <strong>de</strong> codificação. Neste<br />

processo os dados brutos se transformam<br />

e se agregam em unida<strong>de</strong>s que permitem<br />

uma exposição exata das características<br />

relevantes do conteúdo. Esta técnica se<br />

propõe a analisar, interpretar e classificar o<br />

manifesto da <strong>com</strong>unicação, sendo um<br />

procedimento básico da investigação<br />

qualitativa 35 .<br />

Resultados<br />

Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1): 38-48, 2008<br />

Escala <strong>de</strong> Silhuetas<br />

As figuras 2 a 6 mostram os pontos<br />

em que as pacientes assinalaram na escala<br />

<strong>de</strong> silhuetas <strong>de</strong> Stunkard, e a tabela 2<br />

mostra a relação entre o IMC e os valores<br />

assinalados na escala.<br />

Figura 2. Indicação das silhuetas pela<br />

paciente 1 (P1).<br />

Figura 3. Indicação das silhuetas pela<br />

paciente 2 (P2).<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 43


Figura 4. Indicação das silhuetas pela<br />

paciente 3 (P3).<br />

Figura 5. Indicação das silhuetas pela<br />

paciente 4 (P4).<br />

Figura 6. Indicação das silhuetas pela<br />

paciente 5 (P5).<br />

Tabela 2. Condição <strong>de</strong> <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a<br />

<strong>imagem</strong> corporal segundo a percepção<br />

pessoal por meio da Silhueta Atual e I<strong>de</strong>al<br />

relacionado ao IMC.<br />

P SA SI INSATISFAÇÃO IMC<br />

P1 5-6 3-4 2-1 ou 3-2 29,47<br />

P2 5 3-4 2-1 28,35<br />

P3 5-6 3 2-3 29,93<br />

P4 6 3-4 3-2 29,41<br />

P5 6-7 3 3-4 27,73<br />

Legenda: P: Participante; SA: Silhueta Atual;<br />

SI: Silhueta I<strong>de</strong>al<br />

Discussão<br />

A escala <strong>de</strong> silhuetas <strong>de</strong> Stunkard<br />

utilizada para verificar a <strong>insatisfação</strong><br />

corporal, apresentou resultados<br />

inexpressivos quanto sua exatidão. Todas<br />

as participantes ofereceram pelo menos<br />

Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1): 38-48, 2008<br />

uma das respostas inseridas entre duas<br />

numerações correspon<strong>de</strong>ntes a silhueta<br />

atual (SA) ou a silhueta i<strong>de</strong>al (SI). Das<br />

quatro participantes excluídas, uma <strong>de</strong>las<br />

também apresentou dado semelhante,<br />

apesar <strong>de</strong> não ter sido consi<strong>de</strong>rado neste<br />

estudo. Portanto não foi possível traçar um<br />

perfil do grupo por meio <strong>de</strong>sse método,<br />

nem <strong>de</strong> estabelecer um dado conciso<br />

quanto diferenças entre as silhuetas, visto<br />

a falta <strong>de</strong> precisão nas respostas (tabela 2 e<br />

figuras 2 a 6). Outros estudos prece<strong>de</strong>ntes<br />

já citaram algumas limitações quanto a<br />

bidimensionalida<strong>de</strong> do método e sua<br />

limitação visual em relação a distribuição<br />

<strong>de</strong> gordura e os aspectos antropométricos,<br />

informações bastante relevantes da<br />

construção da <strong>imagem</strong> corporal 27,36 . Porém<br />

a nosso conhecimento nenhum <strong>de</strong>les<br />

apresentou o tipo <strong>de</strong> restrição apresentado<br />

no presente estudo.<br />

Apesar <strong>de</strong>sta limitação<br />

metodológica, po<strong>de</strong>-se <strong>com</strong>provar a<br />

<strong>insatisfação</strong> da <strong>imagem</strong> corporal<br />

relacionada ao excesso <strong>de</strong> <strong>peso</strong> por meio<br />

das narrações contidas nos relatos. Na<br />

categorização da “Descrição corporal<br />

atual”, percebe-se que as subcategorias da<br />

forma e tamanho corporais têm<br />

indicadores citados pelo menos duas vezes<br />

por todas as participantes, sobretudo a<br />

subcategoria <strong>com</strong> indicadores <strong>de</strong><br />

<strong>insatisfação</strong> em partes específicas do corpo<br />

(região da face, braços, coxas e quadris). A<br />

participante cinco (P5) <strong>de</strong>monstra menos<br />

<strong>insatisfação</strong> ao <strong>de</strong>screver-se, e isto se <strong>de</strong>ve<br />

provavelmente por seu IMC ser menor que<br />

das <strong>de</strong>mais participantes. Porém ela<br />

expressa o mesmo nível <strong>de</strong> exigência que<br />

seus pares quando discorre sobre a<br />

categoria dos padrões <strong>de</strong> beleza quanto à<br />

forma, volume e partes específicas do<br />

corpo. Ainda nesta categoria po<strong>de</strong>-se<br />

encontrar os mesmos traços físicos dos<br />

padrões <strong>de</strong> beleza referidos em estudos<br />

anteriores na literatura 37-42 , <strong>de</strong>screvendo o<br />

tipo físico i<strong>de</strong>al associado aos baixos <strong>peso</strong> e<br />

percentual <strong>de</strong> gordura corporal.<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 44


Arq Sanny Pesq Saú<strong>de</strong> 1(1): 38-48, 2008<br />

Relatos escritos (<strong>com</strong> <strong>com</strong>plementação oral)<br />

Tabela 3. Resumo dos relatos escritos e orais sobre a percepção da <strong>insatisfação</strong> da <strong>imagem</strong> corporal<br />

Categoria Subcategoria Indicadores<br />

Participantes<br />

P1 P2 P3 P4 P5<br />

Fr<br />

Forma Estou redonda, uma bola, inflada X X X X 4<br />

Estou me sentindo disforme pelo <strong>peso</strong> X X X X X 5<br />

adquirido,<br />

reconhecer<br />

<strong>de</strong>formada sem me<br />

Tamanho Não tenho mais roupa confortável, só<br />

uso saias agora, não cabe mais nada,<br />

X X 2<br />

Descrição<br />

corporal<br />

atual<br />

Partes<br />

corpo<br />

do<br />

me achando enorme<br />

Vergonha das roupas largas<br />

Impressão que meus braços estão<br />

<strong>de</strong>smanchando; não dou tchau<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X X X<br />

X<br />

X<br />

3<br />

5<br />

Minhas coxas in<strong>com</strong>odam quando<br />

ando<br />

X X X X 4<br />

Algumas ca<strong>de</strong>iras me apertam X X X 3<br />

Meu queixo e meu pescoço estão um<br />

só, estou <strong>com</strong> o rosto emendando<br />

<strong>com</strong> o pescoço<br />

X X X X 4<br />

Forma Fazer músculos X X X X X 5<br />

Padrões <strong>de</strong><br />

beleza<br />

Tamanho<br />

Partes do<br />

Ser <strong>com</strong>o era antes, ser magra, pelo<br />

menos per<strong>de</strong>r 10 kg<br />

Diminuir a “barriga”<br />

Coxa bem torneada<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

5<br />

5<br />

5<br />

corpo Braço mais musculoso X X X X X 5<br />

Diminuir a celulite no corpo X X X X X 5<br />

Como a mesma coisa e às vezes mais X X X X X 5<br />

Hábitos<br />

Não me olho mais no espelho<br />

Não subo mais na balança<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X X<br />

4<br />

5<br />

Tenho muita vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar X X X X X 5<br />

Reações<br />

Muito insatisfeita, irritada, quadro <strong>de</strong> X X X X 4<br />

Estado<br />

emocional<br />

<strong>de</strong>pressão<br />

Ansiosa, angustiada, <strong>de</strong>sanimada<br />

Não posso duvidar <strong>de</strong> mim, me<br />

pergunto se vou conseguir sair disso<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

5<br />

Reclamações <strong>com</strong> o que <strong>com</strong>o X X X 3<br />

Pressão da família pra que eu X X X X X 5<br />

Família<br />

emagreça logo<br />

Ninguém acredita em mim X X 2<br />

Discussões por causa do sobre<strong>peso</strong> X X X X 4<br />

Relações<br />

sociais<br />

Trabalho<br />

Ele tem pena <strong>de</strong> mim<br />

Fazem piadas<br />

Fazem piadas<br />

X X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

X<br />

1<br />

5<br />

3<br />

Não tenho vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> casa X X X X 4<br />

Só saio para <strong>com</strong>er X 1<br />

Lazer<br />

Evito o olhar das pessoas X X X 3<br />

Vergonha <strong>de</strong> fazer ativida<strong>de</strong> física, é<br />

feio um gordo fazendo exercício<br />

X X X X X 5<br />

Somatória das respostas por participantes<br />

Legenda: FR = frequência <strong>de</strong> respostas<br />

23 27 30 30 17<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 45


Muitas pessoas iniciam programas<br />

<strong>de</strong> exercício físico quando se encontram<br />

insatisfeitas <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal 43,44 .<br />

No entanto no presente estudo, percebese<br />

na categoria “Reações” que apesar <strong>de</strong><br />

acentuada a <strong>insatisfação</strong> corporal e<br />

relevante interesse em modificar os<br />

hábitos <strong>de</strong> vida, o impacto permanece<br />

impotente diante <strong>de</strong> uma espontânea<br />

mudança <strong>de</strong> vida. Po<strong>de</strong>-se antecipar que<br />

para o grupo estudado, o fato <strong>de</strong> ser<br />

consciente do <strong>com</strong>prometimento da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida ainda no ponto <strong>de</strong> vista<br />

emocional, não provoca alteração no<br />

cotidiano e inversamente, agrava o quadro<br />

<strong>de</strong> angústia e ansieda<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>-se suspeitar<br />

que a interferência da insegurança gerada<br />

em presença do histórico <strong>de</strong> tentativas e<br />

<strong>de</strong>sistências tão característico <strong>de</strong> pessoas<br />

<strong>com</strong> intenção <strong>de</strong> se reconstruir, está<br />

implicada neste processo, mas<br />

provavelmente exista alguma correlação<br />

<strong>com</strong> a nítida rejeição e negação da própria<br />

<strong>imagem</strong> constatadas na mesma categoria.<br />

Muito embora o estudo não tenha<br />

proprieda<strong>de</strong>s suficientes para <strong>com</strong>provar<br />

estas possibilida<strong>de</strong>s, sabe-se que a ruptura<br />

afetiva <strong>com</strong> o próprio corpo gera uma<br />

<strong>de</strong>svinculação <strong>com</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

corporal, que consequentemente<br />

<strong>com</strong>promete o <strong>de</strong>senvolvimento humano e<br />

afeta o estado emocional (2). Este também<br />

é <strong>com</strong>prometido em virtu<strong>de</strong> dos conflitos<br />

nas relações sociais, <strong>com</strong>o se po<strong>de</strong><br />

observar na cobrança da própria família<br />

pela aparência física <strong>de</strong>ntro dos padrões <strong>de</strong><br />

beleza vigentes, do emagrecimento rápido<br />

e efetivo, no <strong>de</strong>sdém dos <strong>com</strong>panheiros <strong>de</strong><br />

trabalho e na auto-exclusão social<br />

(restrição do lazer e a fonte <strong>de</strong> prazer). Por<br />

outro lado, o ensaio da utilização da<br />

metodologia dos relatos <strong>de</strong> vida em<br />

integração <strong>com</strong> a análise do discurso<br />

procurou aten<strong>de</strong>r as características<br />

relacionadas a <strong>imagem</strong> corporal. Em meio<br />

às múltiplas abordagens na qual ela é<br />

inserida, a conduta <strong>de</strong>scritiva favorece uma<br />

abrangência mais integrada <strong>de</strong> seus<br />

<strong>com</strong>ponentes visuais e táteis, seus<br />

elementos afetivos e emocionais bem<br />

<strong>com</strong>o seus aspectos sócio-culturais e<br />

cognitivos. Além disso, o processo<br />

autobiográfico beneficia o movimento<br />

semântico <strong>de</strong> se reinventar pela sua<br />

própria escrita. Ele promove a tomada <strong>de</strong><br />

consciência permitindo ao indivíduo situarse<br />

em seu contexto <strong>com</strong> maior liberda<strong>de</strong>,<br />

responsabilida<strong>de</strong> e autonomia 45 . É uma<br />

tentativa <strong>de</strong> reconciliar-se <strong>com</strong> sua<br />

i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> através dos vínculos <strong>de</strong> sua<br />

existência em um processo realizado pelo<br />

sujeito para dar sentido à vida. Cabe então<br />

consi<strong>de</strong>rar nesta busca metodológica<br />

conotações <strong>de</strong> evolução, mudança,<br />

linearida<strong>de</strong> e ruptura, que caracterizam a<br />

<strong>imagem</strong> corporal para facilitar a<br />

preparação dos projetos pessoais <strong>de</strong><br />

indivíduos em busca <strong>de</strong> uma orientação 46 .<br />

Conclusão<br />

Apesar do método da escala <strong>de</strong><br />

silhuetas não ter sido conclusivo quanto a<br />

<strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal, o<br />

método autobiográfico po<strong>de</strong> <strong>com</strong>provar a<br />

relação do excesso <strong>de</strong> <strong>peso</strong> <strong>com</strong> a<br />

<strong>insatisfação</strong> corporal, assim <strong>com</strong>o os<br />

valores relevantes nos padrões <strong>de</strong> beleza e<br />

seu efeito nas relações sociais. Os<br />

resultados <strong>de</strong>ste ensaio são no entanto<br />

restritos consi<strong>de</strong>rando o pequeno número<br />

<strong>de</strong> participantes e a uniformida<strong>de</strong> das<br />

características corporais das mesmas. Por<br />

esta razão não foi consi<strong>de</strong>rado nenhum<br />

tratamento estatístico em relação a<br />

somatória das respostas nos relatos.<br />

Outros estudos mais aprofundados e <strong>com</strong><br />

um maior número <strong>de</strong> partcipantes é<br />

sugerido para que a metodologia<br />

qualitativa possa tomar mais consistência<br />

no universo científico da <strong>imagem</strong> corporal.<br />

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__________________________________<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência:<br />

Kalina Veruska da Silva Bezerra Masset<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />

Norte, Centro <strong>de</strong> Ciências da Saú<strong>de</strong>,<br />

Departamento <strong>de</strong> Educação Física.<br />

CAMPUS UNIVERSITÁRIO LAGOA NOVA<br />

Cep. 59080-970 - Natal, RN - Brasil<br />

Masset e Safons, <strong>Excesso</strong> <strong>de</strong> <strong>peso</strong> e <strong>insatisfação</strong> <strong>com</strong> a <strong>imagem</strong> corporal. 48

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