CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ESTRATÉGIA E ... - Anpad
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ESTRATÉGIA E ... - Anpad
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ESTRATÉGIA E ... - Anpad
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>CONSTRUÇÃO</strong> <strong>DO</strong> <strong>CONHECIMENTO</strong> <strong>EM</strong> <strong>ESTRATÉGIA</strong> E <strong>EM</strong><br />
COMPETITIVIDADE: UMA SÍNTESE<br />
Mauro Calixta Tavares – FCHPL<br />
Luís Alexandre Simpson do Amaral – Fundação Dom Cabral<br />
Carlos Alberto Gonçalves – CEPEAD/UFMG<br />
Resumo<br />
Estratégia e competição estão genericamente vinculadas aos mesmos propósitos: ambas<br />
referem-se a manutenção ou conquista de posições e à sobrevivência. Diferem-se, contudo,<br />
em sua natureza: enquanto a competição pode estar afeita a todos os seres vivos, a estratégia<br />
decorre do uso da inteligência e de recursos. O início da sistematização do significado e<br />
abrangência da estratégia, data de aproximadamente 2.500 anos. Nessa época, o termo surgiu<br />
na Grécia e o primeiro livro para aborda-la, na China. A partir daí, seu escopo e significado<br />
foram se ampliando, até chegar às empresas no início da década de 60. A competição foi vista<br />
inicialmente, como um princípio natural ligado à sobrevivência dos seres vivos, a partir de<br />
uma seleção entre os que ficam e os que perecem. As metáforas e analogias, permitidas pela<br />
estratégia na guerra e a competição na luta pela sobrevivência biológica, serviram para ajudar<br />
na compreensão e aplicação dessas questões no âmbito empresarial.<br />
O presente artigo aborda em primeiro lugar a evolução dos significados da estratégia e da<br />
competição até chegar às empresas. Trata, em segundo lugar, da aplicação dessas abordagens<br />
na perspectiva histórica empresarial. Em terceiro lugar, aborda os conceitos usuais mais<br />
adotados por autores que se dedicam a esses temas. As considerações finais encerram o<br />
presente artigo.<br />
Estratégia e competitividade: dos primórdios à empresa<br />
Possivelmente o registro mais remoto da palavra estrategos 1 , aparece na Grécia, datando-se<br />
do século IV a.C. sua origem militar. Nessa época, cada tribo ateniense recebeu um<br />
comandante, o estratego, que eram oficiais generais, encarregados de conduzi-las. Foi<br />
também por volta de 500 a.C. que Sun Tzu escreveu, na China, o famoso livro Ping Fa - a<br />
Arte da Guerra. Esse livro é considerado o mais antigo tratado a respeito da guerra e também<br />
um precursor remoto das idéias de Clausewitz (1780-1831).<br />
Clausewitz, um general prussiano, ampliou a abrangência da estratégia, limitada até aquele<br />
momento ao teatro das concepções e do planejamento militar na condução das forças, antes e<br />
depois da batalha. Em sua obra póstuma - Da Guerra - publicada em 1832, reconheceu a<br />
vinculação da guerra à política, ao afirmar que “a guerra é a continuação de política por outros<br />
meios.” O seu conceito de estratégia, contudo, se limitava ao campo militar. Começa daí, a<br />
evolução semântica do termo. Além dos estrategistas militares surgiram os primeiros<br />
estadistas estrategistas, correspondendo à dimensão política abrangida pela estratégia.<br />
A Primeira Grande Guerra Mundial tratou-se de ampliar ainda mais e consolidar o domínio da<br />
estratégia, à medida que se ampliava a compreensão dos fenômenos envolvidos em um<br />
conflito. Dessa forma, a estratégia passou a abranger também as ações de caráter político,<br />
econômico, tecnológico e social.<br />
Na década de 60 chega ao campo da administração. Nesse campo, a popularização de seu uso<br />
se deu a partir da obra Strategy and Structure de Alfred Chandler, publicada em 1962. Muitas<br />
das afirmações desse autor permanecem válidas até hoje. Entre essas, a que sustenta que as
decisões estratégicas estão preocupadas com a saúde, de longo prazo, das empresas. O uso de<br />
metáforas como “saúde” e de analogias permitidas pela estratégia começaram a pertencer ao<br />
contexto empresarial. O uso desses dois recursos, indica que não há necessidade de se prender<br />
aos domínios da administração para tentar esmiuçar a importância da estratégia e prever os<br />
desafios em se estabelecer o seu alcance e significados. A única certeza que se tem, é que sua<br />
aplicação se dá no terreno da incerteza e é conseqüência da competitividade.<br />
A competição foi vista inicialmente como um princípio natural ligado à sobrevivência.<br />
Malthus, no apagar das luzes do século XVIII, percebeu que os organismos vivos produziam<br />
um número maior do que os meios para sua sobrevivência. Esse trabalho levou Darwin a<br />
compreender que devia haver uma seleção para resolver quais deveriam sobreviver e quais<br />
deveriam perecer. Para ele, os que possuíam maior capacidade de adaptação sobreviveriam e<br />
os que não se adaptassem pereceriam. Suas constatações foram registradas em seu tão<br />
discutido livro, A Origem das Espécies, publicado, pela primeira vez, em 1859. A obra de<br />
Darwin, na verdade, ampliaria as idéias do filósofo evolucionista Herbert Spencer que dizia,<br />
ainda no século XIX, que a natureza garante a sobrevivência do mais apto.<br />
Henderson (1998) adotou o princípio de Gause da Exclusão Competitiva para explicar um dos<br />
condicionantes dessa sobrevivência. Segundo esse princípio, duas espécies que conseguem<br />
seu sustento de maneira idêntica, não podem coexistir 2 . Em 1776, Adam Smith, com a<br />
publicação de seu livro A Riqueza das Nações, já constatara que cada homem confronta-se<br />
com um grupo de indivíduos motivados da mesma maneira que estão empenhados exatamente<br />
em conseguir a mesma coisa. O interesse próprio individual, em um ambiente de indivíduos<br />
similarmente motivados, pode resultar em competição.<br />
As constatações de Malthus, Darwin, Spencer, Adam Smith e Henderson, vêm sendo<br />
confirmadas no campo empresarial. Um estudo realizado pela Shell sobre a longevidade das<br />
empresas listadas entre as 500 maiores da Revista Fortune ou equivalente, revelou que a<br />
expectativa de vida de uma grande corporação, situa-se entre 40 e 50 anos. Um terço das<br />
empresas listadas nessa publicação em 1970, já havia desaparecido em 1983, por aquisição,<br />
fusão ou desmembramento (GEUS, 1997). De fato, pouquíssimas empresas, dado o grande<br />
número das que surgem no Brasil, permanecem no mercado por um período acima de 5 anos.<br />
Segundo dados do IBGE, divulgados em 2002, apenas 65% das micro e pequenas empresas<br />
ultrapassam seu primeiro ano de vida. Daí uma das atualidades da afirmação de Chandler,<br />
quando constatou que as decisões estratégicas, têm relação com a saúde de longo prazo das<br />
empresas.<br />
Essas constatações permitem ainda outra inferência no que diferencia a luta pela<br />
sobrevivência entre os homens e outras entidades vivas: o uso da imaginação, do raciocínio e<br />
dos recursos. Seria, contudo, ingênuo afirmar que as empresas que não permanecem no<br />
mercado, não possuem uma estratégia. O próprio Henderson (1998) atenua essas<br />
constatações, reconhecendo que as empresas podem utilizar os fatores competitivos de forma<br />
diferente, tornando viável, assim, as possibilidades de coexistência competitiva. É evidente<br />
que, as que ficam são as que utilizam a estratégia com mais sabedoria que seus concorrentes.<br />
A competição, conforme relatado, existiu muito antes da estratégia. Começou com a própria<br />
vida e, tanto as competições biológicas como empresariais, seguem o mesmo modelo de<br />
mudanças evolutivas graduais. Esse princípio de adaptação gradual, desenvolvido na biologia,<br />
recebeu o referendo de outro economista: Vilfredo Pareto. Em sua obra Cours d’Économie<br />
Politique, de 1897, Pareto considera que um sistema social poderia adaptar-se a uma mudança<br />
2
incremental, restaurando seu estado natural de equilíbrio. Para que pudesse adaptar-se, não<br />
poderia haver grandes mudanças nas variáveis, em decorrência da sua interdependência na<br />
formação do sistema. Conforme observa Heilbroner (1992), é justamente pelo fato de o<br />
homem depender de seu semelhante, que o problema da sobrevivência se torna<br />
extraordinariamente complicado. Essa afirmativa é válida também, como metáfora, para o<br />
ambiente empresarial, já que a vida de uma empresa é marcada por sua interdependência com<br />
outras formas organizacionais. Em outras palavras as empresas precisam, para estar<br />
competitivamente no mercado, considerar sua interdependência com as variáveis que<br />
compõem o seu sistema e com outras formas de organização.<br />
Estratégia e competitividade no contexto das empresas<br />
A adoção do conceito de estratégia para organizações é posterior ao entendimento de<br />
competitividade. Um dos primeiros indícios da adoção do planejamento da estratégia veio à<br />
tona a partir da obra The Theory of the Growth of the Firm, de Edith Penrose, editado em<br />
1959. Para essa autora, o crescimento organizacional, qualquer que seja sua dimensão, precisa<br />
estar apoiado na mudança adequada da estrutura corporativa. Talcott Parsons, segundo Gabor<br />
(2001), também percebeu que a estrutura das instituições reflete seu propósito.<br />
Chandler (1962) retomou essas contribuições, demonstrando, a partir de um exaustivo estudo<br />
abrangendo a Du Pont, General Motors, Standard Oil Company (New Jersey) e Sears,<br />
Roebuck and Company, como diferentes tipos de estratégias influenciam as estruturas. O<br />
significado competitivo da abordagem de Chandler, veio através da obra de Sloan (1963).<br />
Para Sloan,<br />
A competição assume varias formas: General Motors, por exemplo, tem concorrido com outras<br />
empresas como um tipo de organização (descentralizada) e em sua maneira de longo prazo de<br />
fazer negócio (aprimorando os produtos), tanto quanto nas atividades usuais no dia-a-dia de<br />
negócios. (p.xxii).<br />
A referência, para essas observações, era Henry Ford que, segundo Sloan, acreditava mais em<br />
uma organização centralizada e em um modelo estático de automóvel. Contudo, para chegar a<br />
esse nível de compreensão, a estratégia, no contexto da administração, percorreu um longo<br />
caminho.<br />
O panorama industrial vivenciado por Adam Smith, no século XVIII, pode ser um ponto de<br />
partida para esse percurso. Nesse ambiente, que ficou conhecido como mundo da competição<br />
atomista, não se vislumbrava empresas de grande porte capazes de alterar por si o ambiente<br />
competitivo. Segundo Heilbroner (1992, p. 58) “nenhum agente do mecanismo produtivo,<br />
quer do lado do trabalho ou de capital, era poderoso o bastante para interferir ou resistir às<br />
pressões da competição.” Era a “mão invisível” do mercado que impulsionava a economia.<br />
Os estudos pioneiros em administração, no princípio do século XX, alicerçavam-se na<br />
mudança do processo de fabricação, iniciado com a Revolução Industrial, ocorrida no Século<br />
XVIII e que gradualmente foram dando origem à grande empresa. A aspiração por métodos<br />
eficientes de trabalho se orientava pela busca de padrões estabelecidos de performance,<br />
voltados para o aumento da produtividade, formando as bases daquela que foi chamada<br />
administração científica. Essa foi, possivelmente, a primeira preocupação estratégica da<br />
empresa moderna.<br />
O primeiro passo para a construção desse tipo de empresa foi o esforço para a decomposição<br />
das atividades mais complexas de manufatura em uma seqüência mais simples de tarefas 3 .<br />
3
Nesse ambiente, as propostas de Taylor de redesenho do processo, e posteriormente de Ford,<br />
com a linha de montagem se destacaram. Aumento da produtividade, do final do século XVIII<br />
até o início do século XX, correspondia a uma melhoria e padronização das atividades<br />
necessárias ao processo produtivo e sua aplicação a um leque de oportunidades. O aumento do<br />
porte das empresas, por sua vez, permitiu o seu fracionamento em áreas funcionais e o<br />
estabelecimento dos primeiros contornos da gestão, organizado na seqüência: prever, planejar,<br />
comandar, coordenar e controlar, conforme propostos por Henri Fayol, em sua obra<br />
Administration Industrielle et Générale, publicada em 1916.<br />
Os trabalhos de Taylor, Fayol e Ford podem ser considerados arquétipos desse modelo<br />
industrial, preocupado apenas com a dimensão tecnológica e funcional da empresa. No futuro,<br />
contribuiriam para materializar a metáfora da empresa como máquina. Contribuiriam também<br />
para que as abordagens de escala e o escopo 4 pudessem, de maneira antes inimaginável,<br />
orientar o posicionamento competitivo das empresas.<br />
Mesmo com seus aspectos negativos, a adoção dessas práticas traria contribuições futuras. Os<br />
trabalhadores mal remunerados, sem apoio para acidentes de trabalho e após demissão,<br />
impulsionaram a necessidade de se compreender melhor a natureza humana. Decorre dessa<br />
época, o aumento da institucionalização de mecanismos que pudesse contrapor a essas<br />
ocorrências, tais como o enfoque humanista da administração, o fortalecimento de sindicados<br />
e de partidos socialistas.<br />
Ainda na ebulição dessas insatisfações, as empresas buscavam avidamente profissionais com<br />
habilidades manuais, menos educados ou mesmo analfabetos e os treinava precária e<br />
profundamente para desempenhar apenas uma tarefa, organizada de maneira relativamente<br />
simples. A ascensão da gestão científica acentuava também o declínio da atividade artesanal 5 .<br />
Foi assim que a fragmentação do trabalho ganhou corpo e floresceu, evoluindo para uma<br />
separação nítida entre os que pensam, concebem e planejam e os que executam. Não havia<br />
necessidade de compreensão do significado da estratégia pelos empregados. A gestão estava<br />
preocupada com processos internos, focando nesses a atividade de planejamento (GABOR,<br />
2001).<br />
O cenário industrial desenhado a partir do início do Século XX, criou condições para que<br />
Mary Parker Follet, ainda na segunda década do século XX, desenvolvesse um esforço<br />
pioneiro para trazer a contribuição dos funcionários à gestão. Defendeu abordagens<br />
participativas, servindo de contraponto principalmente às contribuições de Taylor e de Ford.<br />
Essa autora reconhecia a contribuição da diversidade de idéias e via como um problema<br />
fundamental dos sindicatos e associações empresariais, a sua insistência em traçar uma linha<br />
absolutamente definida entre gerência e trabalhadores. A integração de ambos os pontos de<br />
vista, corresponderia à resposta adequada ao conflito.<br />
Follet nunca utilizou a expressão “aprendizado organizacional”. É, contudo, considerada por<br />
Gabor (2001) como pioneira desse tipo de enfoque. Iniciava-se, já naquela época, o embrião<br />
para as empresas baseadas no conhecimento. Correspondia a gradual mudança na<br />
compreensão e expectativas de papéis, com a disseminação e o compartilhamento do<br />
conhecimento por toda organização. A consideração de outros grupos de interesse teve início<br />
a partir de sua contribuição: a emergência de áreas como a regulação de usinas fornecedoras<br />
de energia nuclear, policiamento comunitário e aquisição de armamentos, convergindo para o<br />
que é hoje chamado de responsabilidade social ou mais amplamente sustentabilidade das<br />
empresas.<br />
4
As contribuições anteriores foram enriquecidas por outros estudiosos da administração. Entre<br />
esses, McGregor foi, possivelmente, o primeiro “a destacar a importância estratégica das<br />
políticas de pessoal, incluindo o papel da cultura, dos sistemas e do treinamento.” (GABOR,<br />
2001, p. 190). Barnard, em As funções do Executivo, publicado em 1938, trouxe, na opinião<br />
de Henderson (1984), a maior contribuição para a compreensão da complexidade da<br />
administração das grandes corporações. Reconheceu que o desafio maior da gestão era<br />
equilibrar as dimensões tecnológicas e humanas da organização. Entendendo-as como um<br />
processo dinâmico, alertou aos executivos para prestar atenção aos “fatores estratégicos” que<br />
dependessem de “ações pessoais ou organizacionais”. A tensão existente entre os objetivos<br />
organizacionais que ele denominou de “efetividade” e a necessidade dos indivíduos que ele<br />
chamou de “eficiência”, deveria ser resolvida pela liderança da organização, a partir do<br />
reconhecimento das aspirações individuais, tornando-as complementares aos objetivos<br />
organizacionais. (GABOR, 2001).<br />
As mudanças no ambiente de negócios, iniciadas na Revolução Industrial, culminaram por<br />
marcar, na década de 1920, a criação e consolidação de oligopólios principalmente nos<br />
Estados Unidos. O seu principal foco nessa época não era a competição, uma vez que, como<br />
oligopólios, as empresas procuravam de uma maneira ou de outra se acomodar enquanto<br />
competidores em potencial. Assim, excetuando-se, as eventuais estratégias, como as<br />
desenvolvidas pela GM, Ford e AT&T, esse tipo de preocupação ainda não predominava no<br />
cenário de atuação das empresas. Eram, contudo, suficientes para permitir a constatação de<br />
que as empresas, por si, começavam a provocar impactos no ambiente. Em The Visible Hand,<br />
Chandler (1978) constatou que a “mão invisível” do mercado começava ser substituída pela<br />
“mão visível” da gestão.<br />
As estruturas multidivisionais, que começaram a ser desenvolvidas pela GM e que ficaram<br />
conhecidas como forma de “M” (o “M” representando multidivisional), atendiam ao<br />
crescimento e diversificação do mercado consumidor. A estrutura centralizada, à semelhança<br />
da adotada pela Ford na década de 20 do século passado, ficou conhecida como organização<br />
em forma de “U” (o “U” representa unitário), atendiam a produção em alta escala. Essas<br />
mudanças vieram consolidar a dissociação que já se constatara entre estratégia e sua<br />
implementação. A nova estrutura colocava as decisões estratégicas mais amplas, tais como<br />
alocação dos recursos existentes ou novos nas mãos de uma equipe de generalista no topo. O<br />
executivo principal era assim, considerado como líder organizacional, líder pessoal e arquiteto<br />
do propósito ou da estratégia organizacional, segundo Andrews (1987).<br />
A ameaça de estatização de empresas nos Estados Unidos teve uma de suas manifestações<br />
mais presentes no início do século XX. O alvo era a American Telephone & Telegraph –<br />
AT&T. Nessa época, Theodore Vail, então seu presidente, se lançou em uma campanha<br />
maciça de aquisições de inúmeras companhias telefônicas independentes no exterior,<br />
consolidando-as sob o guarda-chuva da AT&T. Era a maneira que via de impedir a sua<br />
estatização. Para apoiar sua estratégia, a empresa promoveu a organização de um Sistema de<br />
Informações, contratando Chester Barnard para gerí-lo como recurso para apoiar as decisões<br />
do topo. A coleta de informações, segundo Gabor (2001, p. 92), se deu de forma ampla e<br />
“levantava dados de tudo, desde o custo e da qualidade dos serviços da AT&T a comparações<br />
entre o desempenho da empresa e de suas rivais – tanto as americanas quanto os sistemas<br />
controlados pelo governo da Europa.”<br />
O final da década de 1940 e o início dos anos 1950, seriam marcados ainda pelo uso da<br />
estatística e depois dos controles financeiros na administração. A contribuição mais<br />
5
significativa nesse sentido veio de Robert McNamara e seus assistentes. Esse profissional,<br />
inicialmente a partir de trabalhos estatísticos introduzidos na Força Aérea do Exército<br />
Americano, durante a Segunda Grande Guerra Mundial e posteriormente na Ford, conseguiu<br />
difundir controles que viriam permanecer e, alguns casos, prevalecer sobre outros recursos na<br />
administração até os dias de hoje.<br />
Um grande exercício de aplicação de parte das teorias e práticas até então desenvolvidas,<br />
contudo, ocorreria a partir da década de 1950. Deming partiu para o Japão e conseguiu<br />
demonstrar, na prática, como essas contribuições poderiam funcionar. Sua atuação<br />
correspondia a uma síntese de seu perfil de tecnólogo (uso de técnicas estatísticas para<br />
melhorar processos e enfoque sistêmico) e humanístico (uso da intuição e visão da gestão<br />
colaborativa e democrática) para contribuir para a recuperação das empresas japonesas no<br />
pós-Guerra. De acordo com Gabor (2001), o seu trabalho culminou por contribuir para uma<br />
das abordagens recentes da administração - a da organização que aprende - retomando uma<br />
das propostas pioneiras de Mary Parker Follet.<br />
Deming, diferentemente de McNamara que adotou o controle estatístico baseado em medidas<br />
de desempenho interno, os orientou para medidas externas centradas na satisfação do cliente.<br />
Esse novo enfoque, permitiu o desenvolvimento de produtos e serviços por um custo que<br />
representasse real valor. Pode-se dizer ainda que essa contribuição representa um dos<br />
primeiros indícios práticos da chamada orientação para o mercado, proposta originariamente<br />
por Drucker (1974).<br />
Os trabalhos de Deming trouxeram à tona outros elementos que seriam integrados à<br />
organização, entre esses, a abordagem de sua cultura. A transposição de sua experiência no<br />
Japão para os Estados Unidos não encontrou a mesma receptividade. Conforme justifica<br />
Gabor (2001, p. 243), “a cultura japonesa era intrinsecamente mais receptiva às práticas de<br />
gestão colaborativa.” Talvez não seja por outra razão que duas das principais indústrias<br />
automobilísticas mundiais, baseadas nos Estados Unidos, escolheram o Brasil para praticar os<br />
princípios preconizados por esse Profissional.<br />
O complexo industrial da GM, inaugurado em julho de 2000, em Gravataí, no Rio Grande do<br />
Sul e o da Ford, inaugurado em 2002, em Camaçari, na Bahia são exemplos da adoção da<br />
contribuição de Deming pela indústria automobilística instalada no Brasil. Ambos reúnem os<br />
fornecedores ao redor da montadora, revolucionando o conceito de produção seriada. Essa<br />
nova concepção, chamada de condomínio industrial, é formada, tanto no caso da GM como da<br />
Ford, por 16 sistemistas (como são chamados os fornecedores dessa unidade que, inclusive,<br />
participaram da elaboração do projeto), instalados ao longo das ruas do condomínio,<br />
“conforme a ordem logisticamente estudada de entrega das peças à montadora...”<br />
(CAPORAL, 2000: C-8).<br />
Esse conceito de produção seriada foi inspirado nos princípios adotados pelas indústrias naval<br />
e aeronáutica. Na verdade, o site consiste em uma série de corredores a céu aberto,<br />
considerando que cada sistemista terá sua célula de produção dentro do projeto. Para que o<br />
processo just in time funcione, é preciso que os mesmos afinem entre si, o tempo e quantidade<br />
de produção para suprir a linha de montagem. Esse tipo de arranjo exigiu um complexo<br />
estudo de logística de distribuição, em que participaram as empresas e os sistemistas. (PAZ,<br />
2000)<br />
6
A partir da adoção dessas práticas, constata-se uma mudança de postura de confronto para<br />
uma postura de parceria com fornecedores, com a redução do seu número e a adoção da<br />
engenharia simultânea 6 . Os benefícios dos projetos vão além da competitividade da empresa:<br />
no plano econômico, em termos do acréscimo à economia dos estados, como um todo e ao<br />
acréscimo da renda per capita à população; no plano social, pelo seu impacto na geração de<br />
empregos; e, no plano da economia municipal em termos da ampliação da arrecadação de<br />
impostos 7 . Mesmo nos Estados Unidos, o legado de Deming tem encontrado alguma adoção<br />
por sua indústria. Os fornecedores da Ford foram reduzidos de cerca de 900 dos anos 1970<br />
para apenas 200 em fins de 1980. (GABOR, 2001).<br />
Uma das principais interpretações e síntese de como os atores na cultura ocidental se<br />
comportam face aos que interferem positiva ou negativamente na competitividade das<br />
empresas foi desenvolvida por Porter (1979). Sua abordagem procura demonstrar como as<br />
forças competitivas moldam a estratégia 8 . Parte do reconhecimento de que qualquer atividade<br />
empresarial deriva das ações das forças competitivas que vigoram para cada setor. Essa<br />
análise engloba cinco forças: nível de rivalidade; ameaça de novos entrantes; ameaça de<br />
substitutos; poder de compra do comprador; e, poder de negociação do fornecedor. Essas<br />
cinco forças competitivas, segundo o autor, são determinantes da rentabilidade da empresa.<br />
A análise de Porter, contudo, está mais preocupada com uma relação de poder e conflito do<br />
que com a dinâmica, que pode envolver a cooperação e integração e que podem ocorrer entre<br />
os componentes dessas cinco forças. Essa contribuição, também reconhece o deslocamento da<br />
mão invisível que regulava a concorrência perfeita de Adam Smith, para a mão visível das<br />
cinco forças, já que essas podem influenciar o ambiente competitivo.<br />
A segunda contribuição de Porter (1986), decorre da primeira e corresponde à sua proposta de<br />
estratégias competitivas genéricas. Pode-se considerar que, além das contribuições de Adam<br />
Smith e Fayol relacionadas à produtividade, Porter tenha se servido, entre outras, das<br />
experiências práticas de gestão da GM e da Ford para desenvolver seus conceitos de<br />
estratégias baseadas em custo, diferenciação, enfoque e meio termo.<br />
A terceira contribuição desse mesmo autor, corresponde ao que poderia se chamar de<br />
adequação interna à competitividade, batizada como cadeia de valor. Segundo Porter (1989, p.<br />
31), cadeia de valor “desagrega uma empresa nas suas atividades de relevância estratégica<br />
para que se possa compreender o comportamento dos custos e as fontes existentes e potenciais<br />
de diferenciação.” Seu propósito é tornar o produto ou serviço competitivo. Porter (1989)<br />
agrupou essas atividades em duas categorias: primárias e de suporte. As primeiras incluem a<br />
logística interna como o manuseio de materiais e operações e externas tais como distribuição,<br />
marketing e serviços. As atividades de suporte incluem contabilidade, recursos humanos,<br />
administração, compra e desenvolvimento tecnológico. A cadeia de valor não é uma coleção<br />
de atividades independentes, mas um sistema de atividades interdependentes.<br />
A par das contribuições veladas ou explícitas para a compreensão e aplicação da estratégia, o<br />
final da década de 1960 e o início da década de 1970 serviram como cenário para o<br />
surgimento de consultorias nesse campo e para o desenvolvimento de técnicas analíticas para<br />
facilitar a sua compreensão. O Boston Consulting Group – BCG - cuidou de popularizar<br />
algumas dessas propostas. Uma delas, que procura questionar a suposição de concorrência<br />
perfeita, é o conceito de “curva de experiência”. Este conceito, inspirado na curva de<br />
aprendizagem desenvolvido pela indústria aeronáutica militar dos Estados Unidos na década<br />
de 1920, estabelecia um padrão de comportamento de custos. Postulava que esses decresciam<br />
7
de 20% a 30% em produtos e serviços complexos, toda vez que a experiência total acumulada<br />
dobrasse. A outra ferramenta desenvolvida pelo próprio BCG, foi a matriz de crescimento e<br />
participação de mercado, representando a primeira técnica de análise do portfólio de produtos,<br />
segundo sua participação e crescimento do mercado.<br />
Essas ferramentas inspiraram o surgimento de outras como, a matriz de planejamento de<br />
negócios estratégicos da GE, desenvolvida pela McKinsey e o PIMS. A matriz permitia o<br />
posicionamento das unidades de negócio, segundo sua participação no mercado e atratividade<br />
do setor. O PIMS - o Impacto das Estratégias de Mercado sobre o Lucro - demonstrava, a<br />
partir de uma ampla pesquisa realizada por Buzzell & Gale (1987) com 2.700 negócios, a<br />
correlação entre participação de mercados e lucratividade. Ambas estimularam a busca<br />
incessante pela liderança de mercado.<br />
Ainda na década de 1970, o conceito de SWOT – pontos fortes (Strenghts), pontos fracos<br />
(Weaknesses), Oportunidades (Opportunities), ameaças (Threats), relacionando as ameaças e<br />
oportunidades ambientais com as forças e fraquezas da organização começou a se popularizar,<br />
a partir de uma conferência sobre política de negócios, realizada em Harvard.<br />
Ansoff (1977) cuidou de tornar mais claro as possibilidades de crescimento empresarial,<br />
sintetizando-as naquela que ficou conhecida como matriz produto/mercado. Sua contribuição<br />
previa as alternativas e possibilidades de crescimento, seguindo-se a combinação de produtos<br />
atuais e novos relacionados a mercados, também, atuais e novos. A popularização do<br />
conceito de sinergia 9 foi, também, uma de suas contribuições significativas.<br />
Conforme o próprio Henderson (1984), fundador do BCG, observou, a simplicidade dessas<br />
técnicas não revelava a complexidade das interações que demandavam ou, quando aplicável,<br />
o longo alcance das suas implicações.<br />
Essas constatações tornam visíveis as seguidas metamorfoses da estratégia. Entre as mais<br />
recentes duas se evidenciam: o aumento de sua complexidade e a ampliação de seu espectro,<br />
para além do domínio da empresa. O trabalho físico ou braçal vem gradualmente perdendo<br />
espaço e importância, a partir da ascensão do trabalho mental, isto é, baseado no<br />
conhecimento. Este além de mais complexo e dinâmico, encontra-se disperso no mundo.<br />
Mesmo empresas baseadas na segunda onda têm substituído parte de seus empregados por<br />
robôs e automatizado suas linhas de produção. Os empregados, a partir desse novo patamar de<br />
competitividade, precisam estar engajados na inovação para criar valor para os clientes.<br />
Uma outra mudança tem a ver com construção das redes de relacionamentos e alianças<br />
estratégicas (clientes, empregados, intermediários, fornecedores entre outros). Ambas<br />
viabilizadas principalmente pela infra-estrutura impulsionadas pelas inovações nas<br />
tecnologias da informação, desenvolvidas por empresas como a IBM e a Microsoft.<br />
Assim, entre outras conseqüências dessas ocorrências, o conceito de cluster voltou a vigorar,<br />
além do conceito competências essenciais e o da organização que aprende.<br />
Porter (1998b) reconhece que o conceito de cluster, que representa uma nova forma de pensar<br />
sobre a economia nacional, estadual e das cidades não é recente. Marshall, no final do século<br />
XIX, abordou a questão sobre localidades industriais especializadas em seu livro Princípios<br />
de economia. Outros autores, entre esses, Weber (1929) e Lörsch (1954) apud Porter (1998a)<br />
também trataram do tema. A produção de literatura a respeito, a partir da década de 70,<br />
8
tornou-se muito profusa. Cluster pode ser definido como “...concentrações geográficas de<br />
empresas interconectadas, fornecedores especializados, provedores de serviços, firmas em<br />
indústrias relacionadas e instituições associadas.” (PORTER, 1998a, p. 197). Este escopo<br />
geográfico pode abranger desde uma simples cidade ou estado, país ou mesmo uma rede de<br />
países vizinhos.<br />
Ao descrever essa teoria, Porter (1998a) reconhece que a compreensão dos clusters, não pode<br />
estar dissociada de uma ampla compreensão da teoria da competição e a influência da<br />
localização na economia global. O autor justifica que muito da vantagem competitiva repousa<br />
fora de uma determinada empresa ou mesmo fora de sua indústria. Para Porter (1998a, p. 204)<br />
a abordagem de cluster raramente se adequa aos sistemas de classificação de padrões<br />
industriais. A justificativa é que “...clusters se alinham melhor com a natureza da competição<br />
e com as fontes de vantagens competitivas”. Essa abordagem, ainda segundo o autor, não<br />
pode ser adequadamente aplicada às economias em desenvolvimento e não é igualmente<br />
importante em todos os campos, embora pareça ocorrer em todas as economias. A abordagem<br />
de cluster permite ainda, segundo Porter (1998a), captar importantes elos,<br />
complementaridades, difusão de tecnologia, habilidades, informação, marketing e<br />
necessidades dos consumidores que se entrecruzam nas empresas e na indústria. Esses elos,<br />
considerados como determinantes da vantagem competitiva nacional, incluem a estratégia,<br />
estrutura e rivalidade das empresas, as condições da demanda, os setores industriais<br />
relacionados e de apoio e as condições de fatores.<br />
Essa abordagem coloca também em questão a estratégia de diversificação. Ao invés de adotála,<br />
as empresas podem buscar a formação de alianças estratégicas. Essas podem ser utilizadas<br />
para aquisição de recursos ou reduzir escopo. Permite que a empresa concentre em suas<br />
competências essenciais, conforme proposto por Hamel e Prahalad (1998) ou, conforme<br />
proposto originariamente por Selznick (1957) 10 , em suas competências distintivas. As alianças<br />
auxiliam no posicionamento competitivo da empresa pelo estabelecimento de relacionamento<br />
contínuo em contraposição às transações isoladas. Não contribuem, contudo, diretamente para<br />
gerar competências essenciais, exceto naquelas habilidades focadas em estabelecimento de<br />
parcerias.<br />
Para Hamel & Prahalad (1998, p. 298), “As competências essenciais são o aprendizado<br />
coletivo na organização, especialmente como coordenar as diversas habilidades de produção e<br />
integrar as múltiplas correntes tecnológicas”. Implica, assim, na necessidade de comunicação,<br />
envolvimento e profundo comprometimento em trabalhar as fronteiras da organização. Como<br />
são baseadas em conhecimento, as competências essenciais não diminuem com o uso. Ao<br />
contrário, aumentam à medida que são aplicadas e compartilhadas. Estava assim preparado o<br />
campo para a organização que aprende.<br />
A proposta da organização que aprende, pode ser considerada parte de um continuum<br />
alcançado pela evolução do pensamento administrativo já que possui raízes técnicas e<br />
humanistas. Senge (1996) descreve a aprendizagem organizacional calcada em cinco<br />
“disciplinas” 11 , que se assemelham em grande parte com as propostas desenvolvidas ou<br />
abordadas, principalmente por Deming.<br />
A evolução da teoria e das práticas organizacionais permite que se visualize a manifestação da<br />
estratégia em várias oportunidades de suas práticas. O conceito de estratégia, de certa<br />
maneira, reflete como os seus significados vêm sendo captado ao longo dessa evolução.<br />
9
O conceito de estratégia e competitividade<br />
Pode-se, a partir desse rol, trazer alguns conceitos que podem contribuir para o entendimento<br />
do que é estratégia, no contexto organizacional. Pretende-se, no primeiro momento, abordar<br />
os elementos mais comuns considerados pelos autores levantados. A seguir pretende<br />
apresentar a contribuição dos próprios autores para o seu entendimento conceitual.<br />
Os elementos mais comuns adotados por autores consultados que conceituaram estratégia e<br />
detalhados no Quadro 1, são: objetivos, propósitos e metas; planos/padrão; cursos de ação;<br />
políticas; vantagem competitiva; públicos relevantes; e, alocação de recursos. A par da adoção<br />
dessas expressões, as várias definições de estratégia foram desenvolvidas ao longo do tempo<br />
numa tentativa de abranger o seu uso nas empresas. Conforme se observa no Quadro 1, não<br />
apresentam diferenças significativas entre si.<br />
Quadro 1 - Definições de Estratégias, Segundo os Autores Consultados<br />
Autor e data Fonte Definição<br />
Alfred<br />
Chandler<br />
(1962)<br />
H. Igor<br />
Ansoff<br />
(1977)<br />
Kenneth<br />
Andrews<br />
(1987)<br />
James Brian<br />
Quinn<br />
(1980)<br />
Bruce<br />
Henderson<br />
(1989)<br />
Strategy and<br />
Structure<br />
Estratégia<br />
Empresarial<br />
The Concept of<br />
Corporate<br />
Strategy<br />
Strategy for<br />
change<br />
As origens da<br />
estratégia<br />
A determinação dos objetivos de longo prazo de uma empresa, e a adoção<br />
de cursos de ação e a alocação de recursos necessários para a consecução<br />
desses objetivos<br />
A estratégia e os objetivos descrevem, conjuntamente, o conceito do<br />
campo de atuação da empresa. Eles especificam o volume, a área e as<br />
direções do crescimento, os principais pontos fortes e a meta de<br />
rentabilidade.<br />
Estratégia é o padrão de decisões em uma empresa que determina e revela<br />
seus objetivos, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos<br />
para o atingimento dessas metas e refina o alcance do negócio a perseguir,<br />
o tipo de organização econômica e humana que a empresa é ou pretende<br />
ser e a natureza da contribuição econômica e não econômica que ela<br />
pretende para seus públicos relevantes, empregados, clientes e<br />
comunidade.<br />
Uma estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas,<br />
políticas e seqüência de ações de uma organização em uma coesiva<br />
totalidade. Uma estratégia bem formulada ajuda coordenar e alocar os<br />
recursos organizacionais para uma postura única e viável baseada em suas<br />
relativas competências internas e imperfeições, mudanças antecipadas no<br />
ambiente e movimentos contingentes por oponentes inteligentes.<br />
Estratégia é a busca deliberada de um plano de ação para desenvolver e<br />
ajustar a vantagem competitiva da empresa.<br />
São esses conceitos que têm dominado a literatura, incluindo-se os livros textos sobre<br />
administração 12 , que aborda a estratégia e a competitividade. Conforme considerado por esses<br />
autores, estratégia envolverá sempre a elaboração de plano de ação para o estabelecimento de<br />
rumos da organização e a alocação de recursos necessários para alcançar esses objetivos.<br />
O termo competitividade vem ganhando popularidade na administração, tanto de maneira<br />
isolada como em conjunção com a estratégia, correspondendo, no último caso, à estratégia<br />
competitiva. Porter, por exemplo, não define estratégia isoladamente. Para ele, estratégia<br />
competitiva diz respeito à criação de vantagem competitiva em cada um dos ramos de<br />
negócios em que o grupo compete. (PORTER, 1998b). Já o vínculo da vantagem competitiva<br />
é com o valor. Nas palavras do autor, “a vantagem competitiva surge fundamentalmente do<br />
valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de<br />
fabricação pela empresa.” (PORTER, 1989, p. 2)<br />
10
Haguenauer, Ferraz e Kupfer (1996, p. 196) definem a competitividade envolvendo ambos<br />
estratégia e competitividade. Para os autores, competitividade representa “a capacidade da<br />
empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou<br />
conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado.” Nesse sentido, a<br />
estratégia está vinculada à longevidade das empresas.<br />
Mesmo sendo amplo o conjunto de aspectos possíveis de competição em cada mercado, ou<br />
mais precisamente segmentos de mercado, predominam alguns aspectos como fatores críticos<br />
de sucesso competitivo. As empresas ao atuar em um dado mercado, estruturam e modificam<br />
suas estratégias competitivas com base em avaliações ambientais e colocação em relevo das<br />
suas competências essenciais indispensáveis para o sucesso competitivo. Os padrões de<br />
concorrência indicam as bases estruturais que condicionam a tomada de decisão relativa às<br />
estratégias competitivas de cada empresa. Dessa forma, para Haguenauer, Ferraz e Kupfer<br />
(1996), a competitividade é decorrência da adequação dessas estratégias individuais ao padrão<br />
de concorrência vigente em um mercado específico.<br />
É possível perceber que existe uma dinâmica envolvendo o desempenho competitivo da<br />
empresa, em sua interação com o ambiente. A competitividade depende da criação e<br />
renovação das vantagens competitivas por parte da empresa em acordo com os padrões de<br />
concorrência vigentes, inerentes a cada setor econômico.<br />
Os significados da estratégia e da competitividade trazem também uma nova perspectiva para<br />
sua compreensão e aplicação. A estratégia e a competição correspondem quase sempre,<br />
quando consideradas isoladamente, à evolução. A estratégia competitiva pode incluir a<br />
revolução em seu pensamento e práticas.<br />
Considerações finais<br />
Este artigo foi escrito com o objetivo de provocar algumas reflexões a respeito da construção<br />
do conhecimento em estratégia e em competitividade, desde sua origem até chegar às<br />
empresas. A revisão da literatura evidenciou, entre outras dimensões, que o principal foco de<br />
uma estratégia competitiva é a diferenciação que agregue valor para o mercado.<br />
A partir do corte temporal estabelecido, ficou claro que o principal foco empresa industrial no<br />
princípio do século XX era a produtividade. Correspondeu, na época, ao fracionamento,<br />
quantificação e análise das atividades físicas e produtivas. Foi a maneira que esse tipo de<br />
empresa encontrou para se diferenciar da atividade artesanal.<br />
O fracionamento das atividades organizacionais, materializado através da estrutura funcional,<br />
também promoveu a diferenciação da empresa que a adotou da empresa sem uma estrutura<br />
formal. O conhecimento ainda que rudimentar, nessa época, entre os atores organizacionais<br />
passou a ser privilegiado. Pouco acumulado e difuso, permitia uma separação entre os que o<br />
detinham e os que executavam. Essa ênfase, que inicialmente se recaiu sobre as técnicas,<br />
negligenciando os aspectos humanísticos da empresa, mostrou a necessidade de integra-los ao<br />
ambiente de trabalho. A acumulação e difusão do conhecimento e a necessidade de seu<br />
compartilhamento, formariam o alicerce para novas estruturas organizacionais e para o<br />
advento da organização que aprende.<br />
O maior porte da empresa e a adoção da estrutura funcional, não impediam a centralização do<br />
processo decisório. Esse tipo de estilo de gestão, apoiado por processos produtivos e<br />
11
estruturas funcionais pouco flexíveis, mostrou-se impraticável para a busca da diversificação<br />
de produtos e de negócios e para a resposta oportuna aos movimentos de mercado. A estrutura<br />
multidivisional correspondeu a uma das respostas para a necessidade de adequação à<br />
diversificação e também para a necessidade de diferenciação das empresas centralizadas e<br />
enfocadas na produção em alta escala. Os processos de fabricação flexíveis que viriam a ser<br />
adotados, a rapidez no processo decisório e a busca contínua da inovação, também se<br />
tornaram ingredientes da competitividade, a partir da diferenciação que estabeleciam com as<br />
situações anteriores.<br />
Atualmente a sociedade da informação está abrindo espaço maior para as empresas mais ágeis<br />
em perceber como o conhecimento pode ser transformado em valor para o mercado. É dele<br />
que a sobrevivência e a competitividade, que se dão em um ambiente de incerteza, dependem.<br />
Todas essas considerações permitem concluir anda que as empresas mais longevas são as que<br />
não se mantiveram ortodoxas apenas a uma escola de pensamento. Ao contrário, foram ao<br />
longo do tempo incorporando e assimilando as contribuições, à medida que essas foram<br />
surgindo.<br />
É bom alertar para o fato de que até hoje, a estratégia não tem modelos e nem fórmulas que<br />
garantam o sucesso e, menos ainda, continuamente. Apenas princípios e teorias que procuram<br />
nortear e orientar a sua busca. O que existe de fato é que cada empresa é única, precisando<br />
identificar com clareza as suas competências essenciais e explora-las de forma a conquistar e<br />
manter vantagens competitivas..<br />
Esta síntese também evidenciou o caráter multidisciplinar da estratégia e da competitividade.<br />
Os administradores precisam contar com a presença e colaboração de historiadores, de<br />
economistas, sociológicos e de biólogos. Este último se justifica pelos possíveis paralelos<br />
permitidos entre sua manifestação na comunidade biológica e na comunidade empresarial. A<br />
estrutura dessas comunidades é determinada, em grande parte, pela competição por recursos.<br />
Contudo, ainda hoje, o caráter econômico predomina sobre os demais.<br />
Mais do que apontar limitações do presente estudo, pretende-se indicar algumas direções para<br />
sua continuidade, no sentido de torna-lo mais profundo, consistente e abrangente. A primeira<br />
dessas direções, refere-se a sua extensão a outros setores, que não apenas o industrial. Esse<br />
setor, talvez por atingir um porte e complexidade maior do outros, tem sido até hoje o<br />
principal foco da análise de historiadores e pesquisadores que abordaram a questão da<br />
estratégia. A abordagem de sua prática, tendo-se as empresas brasileiras como referência,<br />
seria também por demais interessante. A literatura sobre o tema tem privilegiado<br />
desproporcionalmente as empresas dos Estados Unidos para o registro de suas práticas.<br />
Possivelmente muitas das considerações aqui descritas, não se aplicam à empresa pública,<br />
tendo-se em vista suas peculiaridades. Fica aí também a oportunidade para novas pesquisas.<br />
Notas<br />
1 O termo estratégia é derivado do grego stratós, ‘exército’, e do radical do verbo grego ágein ‘conduzir’. Esta<br />
palavra foi originalmente empregada por Guibert, em 1779, em sua obra Défense du systéme de la guerre<br />
moderne para exprimir concepções dos grandes chefes militares na conduta da guerra (Estratégia+2).<br />
2 O professor G. F. Gause, da Universidade de Moscou, conhecido como pai da biologia matemática publicou, em<br />
1934, os resultados de um conjunto de experiências nas quais colocava colônias de protozoários do mesmo<br />
gênero em um frasco com uma quantidade adequada de nutrientes. Quando os animais eram de espécies<br />
12
diferentes conseguem sobreviver e continuar juntos em conjuntos. Quando eram da mesma espécie não<br />
conseguiam.<br />
3 Na realidade, Samuel Defoe apud Heilbroner (1992) descreveu o interior de uma fábrica inaugurada em 1742<br />
como tendo “26.586 rodas e 97.746 movimentos, que produzem cerca de 6.741 metros de fio de seda cada vez<br />
que a roda d’água completa uma volta, o que acontece três vezes em um minuto.” (p. 45). Em sua obra publicada<br />
em 1776, Adam Smith comenta detalhadamente a produtividade que decorria da especialização do trabalho. Já<br />
os parâmetros de desempenho desenvolvidos por Taylor por volta de 1914, com a publicação de sua obra,<br />
tiveram como foco inicialmente as atividades físicas como a capacidade de carregamento braçal de ferro-gusa,<br />
para determinar a quantidade de trabalho que cada braçal poderia realizar a cada dia. Posteriormente incluiu o<br />
estudo do tempo, dissecação de cada tarefa em partes componentes, codificação de cada processo, entre outros.<br />
Taylor percebeu ainda que, para atingir alta produtividade, precisava de ferramentas padronizadas e técnicas de<br />
produção, bem como o estabelecimento de controles de desempenho do trabalho (GABOR, 2001). Ford<br />
calculou, na década de 20, as 7.882 operações em que decompunha a montagem do Ford modelo T. Quantificou<br />
e qualificou as pessoas necessárias: 949 tarefas exigem pessoas robustas e 3.338 homens com força física<br />
normal. Incluía ainda mulheres ou crianças grandes, deficientes sem uma perna, sem um braço, e amputadas de<br />
dois braços (LALANE, 1998)<br />
4 A Ford, a partir da escala de produção em série do modelo T e a GM através da diversificação de suas linhas<br />
automobilísticas, podem ser dois dos primeiros exemplos dessa ocorrência.<br />
5 No antigo Egito, segundo Adam Smith apud (Heilbroner, 1992), “por um princípio religioso, todo homem era<br />
levado a desempenhar a mesma ocupação do pai, e cometeria o mais terrível sacrilégio se mudasse para outra”.<br />
Tal constatação assegurava a continuidade de atividade artesanal através da tradição. A sistematização e<br />
acumulação do conhecimento explícito tiraram do artesão o domínio de sua habilidade, democratizando o seu<br />
acesso através do treinamento. Por outro lado, na época, não poderia ser um substituto para a auto-estima e o<br />
senso de tradição, proporcionado pela natureza do trabalho artesanal.<br />
6 Segundo Gabor (2001) havia uma guerra entre departamentos das empresas automobilísticas americanas, onde<br />
os engenheiros trabalhavam no projeto de componentes em estúdios de design de alta segurança em que os<br />
próprios colegas tinham dificuldade em entrar, como era o caso da Ford. Os fornecedores eram tratados como<br />
commodities e eram descartados, tão logo cessasse sua utilidade. A Ford vivia em permanente desconfiança em<br />
seus fornecedores, receiosa de que algum projeto ou informações pudesse ser levado a concorrentes. Era<br />
impensável a possibilidade de se recorrer à experiência dos fornecedores para participar dos projetos. A adoção<br />
da chamada engenharia simultânea permitiu a participação dos fornecedores na concepção de componentes<br />
específicos para os veículos.<br />
7 Como resultado de todas essas inovações a fábrica de Gravataí (RS) tornou-se o principal laboratório das<br />
inovações tecnológicas testadas pela GM. Os produtos saídos dessa fábrica são orientados pela estratégia<br />
mundial da montadora. Um dos seus objetivos é reduzir ao máximo o tempo entre concepção e fabricação de<br />
veículos. Esse tipo de desafio, lançado em 1997, foi impulsionado graças à integração on line dos cinco centros<br />
de desenvolvimento de produto da GM, localizados nos EUA (dois), Alemanha, Austrália e Brasil. Em termos de<br />
inovação interna, o lançamento do Celta não seguiu a ordem até então predominante: desenho, engenharia e<br />
manufatura supervisionados pela área de finanças. Ao contrário proporcionou a interação de todas elas e mais, a<br />
integração dos sistemistas às fases de criação do automóvel (RIBAS, 2001). O tempo consumido entre o esboço<br />
e o lançamento de um carro novo era de quatro a cinco anos. Esse prazo caiu para 18 meses, mas a meta é<br />
diminuir para apenas um ano.<br />
8 Adam Smith já havia demonstrado através das leis da oferta e da procura como essas ocorrências poderiam se<br />
dar. Para ele, quanto mais um produto surgir no mercado, mais os preços baixarão. Se os lucros em uma<br />
modalidade de negócios forem excessivamente elevados, virão outros comerciantes para essa modalidade de<br />
negócio, correspondendo assim aos novos entrantes. Certamente como não havia grandes empresas em sua<br />
época, ele ilustrou essas possibilidades com os recursos que dispunha.<br />
9 Na realidade esse conceito originou-se na psicologia da gestalt, que se baseia, em grande parte na percepção de<br />
conjuntos ou de formas e figuras. Nesse sentido, postulava Wetheimer, um dos fundadores dessa psicologia, o<br />
conjunto é sempre maior do que a soma de suas partes (ref. 18 da p.185) Em 1941Ruth Benedict desenvolvera<br />
esse conceito. Maslow definiu sinergia como a cultura do todos por um que conduzia a resolução da dicotomia<br />
entre o egoísmo e o altruísmo. (GABOR, 2001).<br />
13
10 Esse termo ou ainda capacidades organizacionais possui significados equivalentes,correspondendo aquilo que<br />
uma organização faz particularmente bem em relação aos seus competidores.<br />
11 As disciplinas apresentadas por Senge (1996) são: maestria pessoal, construção de uma visão compartilhada,<br />
modelos mentais, aprendizado em equipe e pensamento sistêmico.<br />
12 Veja por exemplo, Dubrin, Andrew J. Princípios de Administração, editado pela LTC, 1998, p. 66 e<br />
Schermerhorn, Jr., John R. Administração, editado pela mesma editora, 5 a Edição, 1999, p. 108.<br />
Referências bibliográficas:<br />
ANDREWS, Kenneth R. The concept of corporate strategy. New York: Richard D. Irwin,<br />
Inc., 1987,132p<br />
ANSOFF H. Igor. Estratégia empresarial. São Paulo: Editora McGraw-hill do Brasil Ltda.,<br />
1977, 203p.<br />
BACAL, Cláudio. O setor de ponta é concentrado e fatura mais. Gazeta Mercantil. São Paulo:<br />
Editora Jornalística Gazeta Mercantil, 5 de fevereiro de 2001(b), p.A-4.<br />
BUZZELL, Robert D. & GALE, Bradley T. The pins principle. New York: Free Press, 1987.<br />
CAPORAL, Ângela. A GM inova no processo de fabricação. Gazeta Mercantil. São Paulo:<br />
Editora Jornalística Gazeta Mercantil, 18 de julho de 2000, p. C-8.<br />
CHANDLER, Jr., A. D. Strategy and Structure. Chapter in the History of the American<br />
Industrial Enterprise. Massachusetts, Massachusetts Institute of Technology, 1962,<br />
twelfth printing, June, 1982, 463p<br />
CLAUSEWITZ, C. V. Da Guerra. Lisboa: Publicações Europa-América, sd, 324p<br />
DRUCKER, Peter F. Management – tasks, responsabilities, pratices. New York: Harper &<br />
Row, Publishers, 1974.<br />
GEUS, Arie de. The living company - habits for survival in a turbulent business environment.<br />
Boston: Harvard Business School Press, 1997. 215p<br />
HAGUENAUER, L., FERRAZ, J. C., KUPFER, D. S. Competição e internacionalização na<br />
indústria brasileira. In: BAUMANN, R. (Org.). O Brasil e a Economia Global. Rio de<br />
Janeiro: Campus, 1996, cap. 10, p. 195-217.<br />
HEILBRONER, Robert. A história do pensamento econômico. São Paulo: Nova Cultural<br />
1996. 319p<br />
HENDERSON, B. D. As origens da estratégia. In: MONTGOMERY, C. & PORTER, M.<br />
(Org.). Estratégia - a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus,<br />
1998, cap. 1, p. 3-9.<br />
HENDERSON, B. D. The logic of business strategy. Cambridge, Massachusetts: Ballinger<br />
Publishing Company, 1984, p. 114.<br />
14
LALANE, Bernard. 100 anos de gestão. Executive digest. Linda-a-Velha, ano 4, no. 48, p. 31-<br />
57, Outubro, 1998<br />
MALTHUS, Thomas Robert. Princípios de economia política e considerações sobre sua<br />
prática. São Paulo: Nova Cultural, 1996, 382p<br />
OHMAE, Kenichi. O poder sem fronteiras da mão invisível. Exame: Abril, 24 de maio de<br />
1995, p. 74-78.<br />
PAZ, Vitor. Os fornecedores são células de produção. Gazeta Mercantil. São Paulo: Editora<br />
Jornalística Gazeta Mercantil, 18 de julho de 2000, p. C-8<br />
PORTER, M. E. A vantagem competitiva das nações. Rio de Janeiro: Campus, 1993.<br />
PORTER, M.E. Como as forças competitivas moldam a estratégia. In MONTGOMERY, C. &<br />
PORTER, M. (Org.). Estratégia - a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro:<br />
Editora Campus, 1998a, cap. 1, p. 11-27.<br />
PORTER, M. E. Da vantagem competitiva à estratégia corporativa. In MONTGOMERY, C.<br />
& PORTER, M. (Org.). Estratégia - a busca da vantagem competitiva. Rio de Janeiro:<br />
Editora Campus, 1998b, cap. 1, p. 237-270.<br />
PORTER, M. E. Estratégia competitiva – técnicas para análise de indústrias e da<br />
concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 1986, 362p.<br />
PORTER, M. E . On competition. Boston: Harvard Business School Publishing, 1998.<br />
PORTER, M. E. Vantagem competitiva – criando e sustentando um desempenho superior.<br />
Rio de Janeiro: Editora Campus, 1989, 512p.<br />
PRAHALAD, C. K. & HAMEL, Gary. A competência essencial da corporação. In<br />
MONTGOMERY, C. & PORTER, M. (Org.). Estratégia - a busca da vantagem<br />
competitiva. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1998, cap. 1, p. 293-316.<br />
QUINN, James Brian. Strategies for change. In MINTZBERG, Henry & QUINN, James<br />
Brian. The strategy process – concepts, contexts, cases. Englewood Cliffs:Prentice Hall,<br />
1991, p.4-19.<br />
RIBAS, Silvio. Brasil testa o novo jeito de produzir da GM. Gazeta Mercantil. São Paulo:<br />
Editora Jornalística Gazeta Mercantil, 27 de março de 2001, p. C-1.<br />
SELZNICK, P. Leadership in administration: asociological interpretation. New York:<br />
Harper & Row, 1957.<br />
SENGE, Peter. A organização que aprende. Rio de Janeiro: Qualimark, 1996.<br />
SLOAN, Alfred. My years with General Motors. New York: Doubleday, 1963.<br />
15