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Amor em Perspectiva Cultural - Luís de Camões - Unifap

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Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Amapá<br />

Pró-Reitoria <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Graduação<br />

Curso <strong>de</strong> Licenciatura Plena <strong>em</strong> Pedagogia<br />

Disciplina: Filosofia da Cultura<br />

Educador: João Nascimento Borges Filho<br />

<strong>Amor</strong> <strong>em</strong> <strong>Perspectiva</strong> <strong>Cultural</strong> - <strong>Luís</strong> <strong>de</strong> <strong>Camões</strong><br />

1. “<strong>Amor</strong> é fogo que ar<strong>de</strong> s<strong>em</strong> se ver;<br />

É ferida que dói e não se sente;<br />

É um contentamento <strong>de</strong>scontente;<br />

É dor que <strong>de</strong>satina s<strong>em</strong> doer.<br />

É um não querer mais que b<strong>em</strong> querer;<br />

É um andar solitário entre a gente;<br />

É nunca contentar-se <strong>de</strong> contente;<br />

É um cuidar que se ganha <strong>em</strong> se per<strong>de</strong>r.<br />

É querer estar preso por vonta<strong>de</strong><br />

É servir a qu<strong>em</strong> vence o vencedor,<br />

É ter com qu<strong>em</strong> nos mata lealda<strong>de</strong>.<br />

Mas como causar po<strong>de</strong> seu favor<br />

Nos corações humanos amiza<strong>de</strong>;<br />

Se tão contrário a si é o mesmo amor?”<br />

(<strong>Luís</strong> <strong>de</strong> <strong>Camões</strong>)<br />

2. “Eu cantarei <strong>de</strong> amor tão doc<strong>em</strong>ente,<br />

Por uns termos <strong>em</strong> si tão concertados,<br />

Que dois mil aci<strong>de</strong>ntes namorados<br />

Faça sentir ao peito que não sente.<br />

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Farei que amor a todos avivente,<br />

Pintando mil segredos <strong>de</strong>licados,<br />

Brandas iras, suspiros magoados,<br />

T<strong>em</strong>erosa ousadia e pena ausente.<br />

Também, Senhora, do <strong>de</strong>sprezo honesto<br />

De vossa vista branda e rigorosa,<br />

Contentar-me-ei dizendo a menor parte.<br />

Porém, para cantar <strong>de</strong> vosso gesto<br />

A composição alta e milagrosa<br />

Aqui falta saber, engenho e arte.”<br />

(<strong>Luís</strong> <strong>de</strong> <strong>Camões</strong>)<br />

3. <strong>Amor</strong>, que o gesto humano na alma escreve<br />

“<strong>Amor</strong>, que o gesto humano na alma escreve,<br />

Vivas faíscas me mostrou um dia,<br />

Don<strong>de</strong> um puro cristal se <strong>de</strong>rretia<br />

Por entre vivas rosas e alva neve.<br />

A vista, que <strong>em</strong> si mesma não se atreve,<br />

Por se certificar do que ali via,<br />

Foi convertida <strong>em</strong> fonte, que fazia<br />

A dor ao sofrimento doce e leve.<br />

Jura amor que brandura <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong><br />

Causa o primeiro efeito; o pensamento<br />

Endoi<strong>de</strong>ce, se cuida que é verda<strong>de</strong>.<br />

Olhai como amor gera, num momento<br />

De lágrimas <strong>de</strong> honesta pieda<strong>de</strong>,<br />

Lágrimas <strong>de</strong> imortal contentamento.”<br />

(<strong>Luís</strong> <strong>de</strong> <strong>Camões</strong>)<br />

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