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UNICAMP 2 - CPV

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Língua portuguesa<br />

<strong>CPV</strong> unicamp2011<br />

<strong>UNICAMP</strong> 2a <strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina<br />

fase – 16/Janeiro/2011<br />

01. A comunidade do Orkut “Eu tenho medo do Mesmo” foi criada em função do aviso bastante conhecido dos usuários de<br />

elevadores: “Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar”.<br />

a) Explique o que torna possível o jogo de palavras “Mesmo, o maníaco dos elevadores” usado pelos membros dessa<br />

comunidade.<br />

b) Reescreva o aviso de forma que essa leitura não seja mais possível.<br />

Resolução:<br />

a) Na placa do elevador, o pronome mesmo aparece como um substantivo, exercendo a função sintática de sujeito do verbo<br />

“encontrar”, permitindo o entendimento de que o “mesmo” seria um ser parado em um determinado andar. A partir desta<br />

leitura, a comunidade criou a frase “Mesmo, o maníaco dos elevadores”, já que não se deve entrar no elevador caso o “mesmo”<br />

esteja lá.<br />

Vale lembrar que o uso do pronome “mesmo” como substituto de um pronome pessoal não é aceito pela gramática normativa.<br />

b) Antes de entrar no elevador, verifique se ele se encontra parado neste andar.<br />

1


2<br />

<strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011 <strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina<br />

02. Quando vitaminas atrapalham<br />

Consumir suplementos de vitaminas depois de praticar<br />

exercícios físicos pode reduzir a sensibilidade à insulina, o<br />

hormônio que conduz a glicose às células de todo o corpo.<br />

Temporariamente, um pouco de estresse oxidativo – processo<br />

combatido por algumas vitaminas e que danifica as células<br />

– ajuda a evitar o diabetes tipo 2, causado pela resistência<br />

à insulina, concluíram pesquisadores das universidades de<br />

Jena, na Alemanha, e Harvard, nos Estados Unidos. Desse<br />

estudo, publicado em maio na PNAS, participaram 40 pessoas,<br />

metade delas com treinamento físico prévio, metade sem. Os<br />

dois grupos foram divididos em subgrupos que tomaram ou<br />

não uma combinação de vitaminas C e E. Todos os subgrupos<br />

praticaram exercícios durante quatro semanas e passaram por<br />

exames de avaliação de sensibilidade da glicose à insulina<br />

antes e após esse período. Apenas exercícios físicos, sem<br />

doses adicionais de vitaminas, promovem a longevidade e<br />

reduzem o diabetes tipo 2. Ao contrário do que se pensava,<br />

os resultados negam que o estresse oxidativo seja um efeito<br />

colateral indesejado da atividade física vigorosa: ele é na<br />

verdade parte do mecanismo pelo qual quem se exercita é<br />

mais saudável. A conclusão é clara: nada de antioxidantes<br />

depois de correr.<br />

<strong>CPV</strong> unicamp2011<br />

Adaptado de “Quando vitaminas atrapalham”. Revista Pesquisa<br />

FAPESP 160, p.40, junho de 2009.<br />

a) Por se tratar de um texto de divulgação científica,<br />

apresenta recursos linguísticos próprios a esse gênero.<br />

Quais são eles? Transcreva dois trechos em que esses<br />

recursos estão presentes.<br />

b) O experimento em questão concluiu que as vitaminas<br />

atrapalham. Explique como os pesquisadores<br />

chegaram a essa conclusão.<br />

Resolução:<br />

a) Vários trechos podem ser utilizados para exemplificar<br />

a linguagem do texto científico. Dentre eles, podemos<br />

destacar:<br />

“Consumir suplementos de vitaminas depois de<br />

praticar exercícios físicos pode reduzir a sensibilidade<br />

à insulina...” – Uso da terceira pessoa, evidenciando a<br />

impessoalidade, a objetividade, do texto.<br />

“... um pouco do estresse oxidativo - processo combatido<br />

por algumas vitaminas e que danifica as células...” –<br />

Definições de termos específicos da linguagem científica.<br />

“Concluíram pesquisadores das universidades de Jena,<br />

na Alemanha, e Harvard, nos Estados Unidos.” – Uso<br />

do argumento de autoridade.<br />

b) Os antioxidantes impedem o estresse oxidativo. Os<br />

pesquisadores dividiram os voluntários em dois grupos.<br />

Todos eles fizeram exercícios físicos, porém apenas<br />

alguns tomaram complementos vitamínicos. O grupo<br />

que não tomou os complementos apresentou aumento da<br />

longevidade e redução do diabetes tipo 2, devido à ação<br />

do “estresse oxidativo”, evitado pelos complementos.<br />

03. Os dicionários de meu pai<br />

Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escritório e me<br />

entregou um livro de capa preta que eu nunca havia visto. Era o<br />

dicionário analógico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo.<br />

Ficava quase escondido, perto dos cinco grandes volumes do<br />

dicionário Caldas Aulete, entre outros livros de consulta que<br />

papai mantinha ao alcance da mão numa estante giratória. Isso<br />

pode te servir, foi mais ou menos o que ele então me disse, no<br />

seu falar meio grunhido. E por um bom tempo aquele livro me<br />

ajudou no acabamento de romances e letras de canções, sem<br />

falar das horas que eu o folheava à toa. Palavra puxa palavra<br />

e escarafunchar o dicionário analógico foi virando para mim<br />

um passatempo (desenfado, espairecimento, entretém, solaz,<br />

recreio, filistria). O resultado é que o livro, herdado já em estado<br />

precário, começou a se esfarelar nos meus dedos. Encostei-o na<br />

estante das relíquias ao descobrir, num sebo atrás da Sala Cecília<br />

Meireles, o mesmo dicionário em encadernação de percalina. Com<br />

esse livro escrevi novas canções e romances, decifrei enigmas,<br />

fechei muitas palavras cruzadas. E ao vê-lo dar sinais de fadiga,<br />

saí de sebo em sebo pelo Rio de Janeiro para me garantir um<br />

dicionário analógico de reserva. Encontrei dois, mas não me<br />

dei por satisfeito, fiquei viciado no negócio. Dei de vasculhar<br />

livrarias país afora, só em São Paulo adquiri meia dúzia de<br />

exemplares, e ainda rematei o último à venda na Amazon.com<br />

antes que algum aventureiro o fizesse. Eu já imaginava deter o<br />

monopólio (açambarcamento, exclusividade, hegemonia, senhorio,<br />

império) de dicionários analógicos da língua portuguesa, não<br />

fosse pelo senhor João Ubaldo Ribeiro, que ao que me consta<br />

também tem um, quiçá carcomido pelas traças (brocas, carunchos,<br />

busanos, cupins, térmitas, cáries, lagartas-rosadas, gafanhotos,<br />

bichos-carpinteiros). Hoje sou surpreendido pelo anúncio dessa<br />

nova edição do dicionário analógico de Francisco Ferreira dos<br />

Santos Azevedo. Sinto como se invadissem minha propriedade,<br />

revirassem meus baús, espalhassem aos ventos meu tesouro.<br />

Trata-se para mim de uma terrível (funesta, nefasta, macabra,<br />

atroz, abominável, dilacerante, miseranda) notícia.<br />

Adaptado de Francisco Buarque de Hollanda, em Francisco F. dos S.<br />

Azevedo, Dicionário Analógico da Língua Portuguesa: ideias afins/thesaurus.<br />

2ª edição atualizada e revista, Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.<br />

a) A partir do texto de Chico Buarque que introduz o<br />

dicionário analógico recentemente reeditado, proponha<br />

uma definição para esse tipo de dicionário.<br />

b) Mostre a partir de que pistas do texto sua definição foi<br />

elaborada.<br />

Resolução:<br />

a) O dicionário analógico não tem por finalidade definir o<br />

conceito de determinada palavra, mas sim apresentar ao<br />

pesquisador, por meio de analogias, palavras pertencentes<br />

ao mesmo campo semântico do verbete procurado.<br />

b) Ao afirmar que “palavra puxa palavra”, Chico Buarque dá a<br />

primeira pista da função de um dicionário analógico. A partir<br />

daí, apresentando analogias para as palavras “passatempo”,<br />

“monopólio”, “traças” e “terrível”, o autor deixa claro ao<br />

leitor o modo de organização deste tipo de dicionário.


04.<br />

<strong>CPV</strong> unicamp2011<br />

<strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina <strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011<br />

a) Nessa tira de Laerte a graça é produzida por um deslizamento de sentido. Qual é ele?<br />

b) Descreva esse deslizamento quadro a quadro, mostrando a relação das imagens com o que é dito.<br />

Resolução:<br />

a) A graça da tira foi gerada a partir da ambiguidade causada pela palavra “afinar”, que pode significar tanto “apurar” (sentido<br />

utilizado pelo afinador), quanto “tornar fino” (sentido utilizado pelo personagem contratante).<br />

b) Quadro 1: O afinador se apresenta ao personagem contratante empunhando o diapasão, objeto utilizado em seu trabalho de<br />

afinação das notas do piano. O personagem contratante parece esperar a visita do afinador – o que pode ser visto em sua alegria<br />

ao vê-lo, na interjeição e na permissão de entrada em :“Ah, entra!”.<br />

Quadro 2: Os dois personagens vão até o local onde está o piano. É neste momento que o afinador fica sabendo qual o intuito<br />

do personagem contratante: reduzir o tamanho do piano.<br />

Quadro 3: O piano quebrado na cabeça do contratante demonstra a irritação do afinador ao saber que o contratante não<br />

pretendia apurar as notas do instrumento, mas sim ocupar menos espaço na sala. Com a fala “cara grosso”, fica claro ao leitor<br />

o desentendimento entre os personagens.<br />

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<strong>CPV</strong> unicamp2011<br />

<strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina <strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011<br />

05. Gramática<br />

O substantivo<br />

É o substituto<br />

do conteúdo<br />

O adjetivo<br />

É a nossa impressão<br />

sobre quase tudo<br />

O diminutivo<br />

É o que aperta o mundo<br />

E deixa miúdo<br />

O imperativo<br />

É o que aperta os outros<br />

e deixa mudo<br />

Um homem de letras<br />

Dizendo ideias<br />

Sempre se inflama<br />

Um homem de ideias<br />

Nem usa letras<br />

Faz ideograma<br />

Se altera as letras<br />

E esconde o nome<br />

Faz anagrama<br />

Mas se mostro o nome<br />

Com poucas letras<br />

É um telegrama<br />

Nosso verbo ser<br />

É uma identidade<br />

Mas sem projeto<br />

E se temos verbo<br />

Com objeto<br />

É bem mais direto<br />

No entanto falta<br />

Ter um sujeito<br />

Pra ter afeto<br />

Mas se é um sujeito<br />

Que se sujeita<br />

Ainda é objeto<br />

Todo barbarismo<br />

É o português<br />

Que se repeliu<br />

O neologismo<br />

É uma palavra<br />

Que não se ouviu<br />

Composição de Sandra Peres e Luiz Tatit (Palavra Cantada)<br />

Já o idiotismo<br />

É tudo que a língua<br />

Não traduziu<br />

Mas tem idiotismo<br />

Também na fala<br />

De um imbecil<br />

a) Nessa letra de música são atribuídos sentidos às<br />

classificações gramaticais. Escolha duas delas e explique<br />

o sentido explorado, justificando sua pertinência ou não.<br />

b) Nas duas últimas estrofes, há um deslocamento no uso<br />

de 'idiotismo'. Explique-o.<br />

Resolução:<br />

a) Em “substantivo é o substituto do conteúdo”, temos uma<br />

definição bastante pertinente, se considerarmos o fato<br />

de que o substantivo é a classe morfológica responsável<br />

pela representação do significado das coisas, dos seres,<br />

dos sentimentos. Há definição conveniente também em “o<br />

adjetivo é a nossa impressão sobre quase tudo”, em que<br />

se cria o sentido de que a palavra adjetiva tem a função<br />

de mostrar a visão subjetiva do indivíduo. Na definição,<br />

“o diminutivo é o que aperta o mundo e deixa miúdo”,<br />

afirma-se, corretamente, que a função do sufixo seria a de<br />

representar a redução das "coisas do mundo”, mostrandoas<br />

pequenas.<br />

OBS: O aluno poderia ter escolhido e analisado outras<br />

definições apresentadas na canção.<br />

b) O termo idiotismo pode ser entendido de duas maneiras:<br />

Linguisticamente, na penúltima estrofe, considera-se<br />

idiotismo ou idiomatismo como palavras ou expressões<br />

utilizadas por um determinado grupo sem possibilidade<br />

de tradução de sentido literal (ex.: tá ligado?). Na última<br />

estrofe, considera-se, em outro sentido, o idiotismo como<br />

a incapacidade mental de um indivíduo (“imbecil”) que<br />

apenas diz coisas inconsistentes.<br />

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<strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011 <strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina<br />

06. Entre Luz e Fusco<br />

Entre luz e fusco, tudo há de ser breve como esse instante.<br />

Nem durou muito a nossa despedida, foi o mais que pôde, em<br />

casa dela, na sala de visitas, antes do acender das velas; aí<br />

é que nos despedimos de uma vez. Juramos novamente que<br />

havíamos de<br />

casar um com o outro, e não foi só o aperto de mão que selou<br />

o contrato, como no quintal, foi a conjunção das nossas<br />

bocas amorosas... talvez risque isso na impressão, se até lá<br />

não pensar de outra maneira; se pensar, fica. E desde já fica,<br />

porque, em verdade, é a nossa defesa. O que o mandamento<br />

divino quer é que não juremos em vão pelo santo nome de<br />

Deus. Eu não ia mentir ao seminário, uma vez que levava um<br />

contrato feito no próprio cartório do céu. Quanto ao selo,<br />

Deus, como fez as mãos<br />

limpas, assim fez os lábios limpos, e a malícia está antes na<br />

tua cabeça perversa que na daquele casal de adolescentes...<br />

oh! minha doce companheira da meninice, eu era puro, e<br />

puro fiquei, e puro entrei na aula de S. José, a buscar de<br />

aparência a investidura sacerdotal, e antes dela a vocação.<br />

Mas a vocação eras tu, a investidura eras tu.<br />

<strong>CPV</strong> unicamp2011<br />

Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia:<br />

Ateliê Editorial, 2008, p. 195-196.<br />

a) Em que medida a imagem presente no título desse<br />

capítulo de Dom Casmurro define a natureza da<br />

narrativa do romance?<br />

b) No emprego da segunda pessoa, não há coincidência<br />

do interlocutor. Indique duas marcas linguísticas que<br />

evidenciam essa não coincidência, explicitando qual<br />

é o interlocutor em cada caso.<br />

Resolução:<br />

a) O título remete à narrativa fragmentada, digressiva; ao<br />

estilo dúbio, que conduz à grande qualidade do romance<br />

Dom Casmurro; a ambiguidade, a dúvida que persiste<br />

em torno do adultério de Capitu. O jogo da aparência e<br />

da essência fica também evidente na referência ao título,<br />

como na passagem “Eu não ia mentir ao seminário, uma<br />

vez que levava um contrato feito no próprio cartório do<br />

céu”, uma vez que não havia sinceridade em Bentinho com<br />

relação a suas promessas a Deus.<br />

b) Em “a malícia está antes na tua cabeça perversa que na<br />

daquele casal de adolescentes”, o emprego da segunda<br />

pessoa refere-se ao leitor. Em outro momento, a referência<br />

é feita a Capitu, que é o interlocutor da passagem “Mas a<br />

vocação eras tu, a investidura eras tu.”<br />

07. Poética I<br />

De manhã, escureço<br />

De dia, tardo<br />

De tarde anoiteço<br />

De noite ardo<br />

A oeste a morte<br />

Contra quem vivo<br />

Do sul cativo<br />

O este é meu norte.<br />

Outros que contem<br />

Passo por passo<br />

Eu morro ontem<br />

Nasço amanhã<br />

Tudo onde há espaço.<br />

-- Meu tempo é quando.<br />

Nova York, 1950<br />

Vinicius de Moraes, Antologia Poética. São Paulo:<br />

Companhia das Letras, 2009, p.272.<br />

a) A poesia é um lugar privilegiado para constatarmos<br />

que a língua é muito mais produtiva do que preveem as<br />

normas gramaticais. Isso é particularmente visível no<br />

modo como o poema explora os marcadores temporais<br />

e espaciais. Comente dois exemplos presentes no<br />

poema que confirmem essa afirmação.<br />

b) As duas últimas estrofes apresentam uma oposição<br />

entre o eu lírico e os outros. Explique o sentido dessa<br />

oposição.<br />

Resolução:<br />

a) A subversão dos marcadores temporais e espaciais é uma<br />

das características de “Poética”. De maneira paradoxal<br />

e antitética, o poeta rompe com o elemento temporal,<br />

por exemplo, nos versos “De manhã, escureço” e “De<br />

tarde anoiteço". A desordem espacial é sugerida no verso<br />

“O este é meu norte”, no qual fica evidente a ruptura da<br />

lógica de espaço.<br />

b) O poeta apresenta uma postura de contestação ao recusar<br />

o caminho das outras pessoas (“Outros que contem /<br />

Passo por passo”) e subverter a ordem natural da vida<br />

(“Eu morro ontem / Nasço amanhã”).


<strong>CPV</strong> unicamp2011<br />

<strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina <strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011<br />

08. Leia os seguintes trechos de O Cortiço e Vidas Secas:<br />

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um<br />

só ruído compacto que enchia todo o cortiço. (...). Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas<br />

rasteiras que mergulhavam os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação<br />

de respirar sobre a terra.<br />

Aluísio Azevedo, O Cortiço. Ficção completa.<br />

Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra<br />

no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à<br />

camarinha escura, pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera. (...)<br />

— Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.<br />

Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não<br />

era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba<br />

e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos<br />

brancos e julgava-se cabra. Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente.<br />

Corrigiu-a, murmurando:<br />

— Você é um bicho, Fabiano.<br />

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.<br />

Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando seu cigarro de palha.<br />

— Um bicho, Fabiano. (...)<br />

Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes,<br />

estava plantado.<br />

Graciliano Ramos, Vidas Secas.<br />

a) Ambos os trechos são narrados em terceira pessoa. Apesar disso, há uma diferença de pontos de vista na aproximação<br />

das personagens com o mundo animal e vegetal. Que diferença é essa?<br />

b) Explique como essa diferença se associa à visão de mundo expressa em cada romance.<br />

Resolução:<br />

a) O Cortiço e Vidas Secas utilizam o processo de zoomorfização, ou seja, de aproximação direta do homem com o mundo<br />

animal. Entretanto, a passagem do romance O Cortiço sugere uma visão positiva de aproximação e integração com o mundo<br />

animal e vegetal (“o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra”), enquanto em Vidas Secas há<br />

um ponto de vista ora negativo (“pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera”), ora positivo (“- Você<br />

é um bicho, Fabiano.<br />

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.”).<br />

b) O Cortiço apresenta uma visão de mundo marcada pelos processos cientificistas que dominaram a segunda metade do séc.<br />

XIX e o estilo naturalista, destacando-se, no caso, o determinismo de meio e de raça. Nesse caso, a integração do homem<br />

(personagem) com o meio (cortiço) seria apenas uma consequência.<br />

Vidas Secas utiliza uma visão de mundo influenciada pelo Naturalismo, mas descartando o cientificismo exacerbado e<br />

concentrando sua visão na análise do psicológico em relação ao meio. O processo de autoanálise de Fabiano é uma consequência<br />

dessa visão do regionalismo nordestino de 30.<br />

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<strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011 <strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina<br />

09. Leia a passagem seguinte, de Capitães da areia:<br />

Pedro Bala olhou mais uma vez os homens que nas docas carregavam fardos para o navio holandês. Nas largas costas negras e<br />

mestiças brilhavam gotas de suor. Os pescoços musculosos iam curvados sob os fardos. E os guindastes rodavam ruidosamente.<br />

Um dia iria fazer uma greve como seu pai... Lutar pelo direito... Um dia um homem assim como João de Adão poderia contar a<br />

outros meninos na porta das docas a sua história, como contavam a de seu pai. Seus olhos tinham um intenso brilho na noite<br />

recém-chegada.<br />

Jorge Amado, Capitães da areia. São Paulo:<br />

a) Que consequências a descoberta de sua verdadeira origem tem para a personagem de Pedro Bala?<br />

b) Em que medida o trecho acima pode definir o contexto literário em que foi escrito o romance de Jorge Amado?<br />

Resolução:<br />

a) A descoberta da verdadeira origem conduz Pedro Bala a um destino semelhante ao do pai: liderar greves e protestar contra as<br />

atitudes de descaso dos governantes e patrões em relação aos trabalhadores. Depois que João de Adão conta a Pedro Bala que<br />

o pai do rapaz dirigiu a greve dos estivadores e foi morto pelos órgãos de repressão, o líder dos capitães da areia encontrou<br />

um motivo para a própria existência.<br />

b) A passagem transcrita ajuda na contextualização do romance à medida que indica o período dominado pela geração de 30,<br />

que compreende o período entre 1930 e 1945. A obra faz parte do chamado romance regionalista do nordeste, que denuncia o<br />

descaso dos governantes para com esta região.<br />

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<strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina <strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011<br />

10. Leia os seguintes trechos de Memórias de um Sargento de Milícias e Vidas Secas, que descrevem o estado de ânimo das<br />

personagens ao final de uma festa:<br />

Acabado o fogo, tudo se pôs em andamento, levantaram-se as esteiras, espalhou-se o povo. D. Maria e sua gente puseram-se<br />

também em marcha para casa, guardando a mesma disposição com que tinham vindo. Desta vez porém Luisinha e Leonardo,<br />

não é dizer que vieram de braço, como este último tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso,<br />

vieram de mãos dadas muito familiar e ingenuamente. Este ingenuamente não sabemos se se poderá com razão aplicar ao<br />

Leonardo. Conversaram por todo o caminho como se fossem dois conhecidos muito antigos, dois irmãos de infância, e tão<br />

distraídos iam que passaram à porta da casa sem parar, e já estavam muito adiante quando os sios de D. Maria os fizeram<br />

voltar. A despedida foi alegre para todos e tristíssima para os dois.<br />

Manuel Antonio de Almeida, Memória de um Sargento de Milícias. São Paulo: Ática, 2004, Capítulo XX - “O fogo no Campo”, p. 71.<br />

Baleia cochilava, de quando em quando balançava a cabeça e franzia o focinho. A cidade se enchera de suores que a desconcertavam.<br />

Sinha Vitória enxergava, através das barracas, a cama de seu Tomás da bolandeira, uma cama de verdade.<br />

Fabiano roncava de papo para cima, as abas do chapéu cobrindo-lhe os olhos, o quengo sobre as botinas de vaqueta.<br />

Sonhava, agoniado, e Baleia percebia nele um cheiro que o tornava irreconhecível. Fabiano se agitava, soprando. Muitos<br />

soldados amarelos tinham aparecido, pisavam-lhe os pés com enormes reiúnas e ameaçavam-no com facões terríveis.<br />

Graciliano Ramos, Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 82-83.<br />

a) Explique as diferenças do estado de ânimo das personagens ao final dos dois episódios.<br />

b) A partir dessa diferença, explique o significado que as duas festas têm em cada um dos romances.<br />

Resolução:<br />

a) Depois da festa, Leonardo e Luisinha, protagonistas de Memórias de um Sargento de Milícias, envolvem-se afetivamente e<br />

voltam de mãos dadas e felizes para casa. Entretanto, o momento da despedida representa o afastamento do jovem casal, o que<br />

gera certa tristeza.<br />

O final da festa em Vidas Secas representa uma novidade para a família de Fabiano. Este fica agitado e violento durante o<br />

sono, e sonha com os momentos ruins que passou durante sua prisão pelo soldado amarelo. Sinha Vitória procura fugir da<br />

realidade e sonha com a fixação geográfica da família, sonho este representado pela cama de madeira e couro de Seu Tomás da<br />

Bolandeira. Esse sonho representa representa que a família continuaria na fazenda e que a seca não chegaria tão cedo. Para a<br />

cachorra Baleia, o fim da festa representou a novidade através do olfato. Os novos cheiros desconcertavam o animal, que não<br />

entendia o cheiro de bebida alcoólica em Fabiano, chegando a estranhar o dono.<br />

b) Em Memórias de uma Sargento de Milícias, a festa representa o encontro, a aproximação entre Leonardo e Luisinha, assim<br />

como a intenção do autor de mostrar os costumes da sociedade carioca no começo do séc. XIX. Em Vidas Secas, a festa<br />

representa uma ruptura da vida corriqueira e cotidiana da família, que não se sente confortável diante do desconhecido, assim<br />

como parece prenunciar o final de um período bom e estável para Fabiano e família e sugerir que momentos piores estariam<br />

por vir.<br />

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<strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011 <strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina<br />

11. Os trechos abaixo, do Auto da Barca do Inferno e das<br />

Memórias de um Sargento de Milícias, tratam, de maneira<br />

cômica, dos “pecados” de duas personagens que, cada<br />

uma a seu modo, representam uma autoridade.<br />

Leia-os com atenção e responda às questões propostas<br />

em seguida.<br />

Frade<br />

Ah, Corpo de Deus consagrado!<br />

Pela fé de Jesus Cristo,<br />

qu’eu não posso entender isto!<br />

Eu hei-de ser condenado?<br />

Um padre tão namorado<br />

e tanto dado à virtude!<br />

Assi Deus me dê saúde<br />

que eu estou maravilhado!<br />

Diabo<br />

Não façamos mais detença.<br />

Embarcai e partiremos:<br />

tomareis um par de remos.<br />

Frade<br />

Não ficou isso n’avença!<br />

Diabo<br />

Pois dada está já a sentença!<br />

Frade<br />

Par Deus! Essa seri’ela!<br />

Não vai em tal caravela<br />

minha senhora Florença.<br />

Como? Por ser namorado<br />

e folgar com ua mulher<br />

se há um frade de se perder,<br />

com tanto salmo rezado?<br />

Diabo<br />

Ora estás bem aviado!<br />

Frade<br />

Mas estás bem corregido!<br />

Diabo<br />

Devoto padre marido,<br />

haveis de ser cá pingado...<br />

<strong>CPV</strong> unicamp2011<br />

Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno. São<br />

Paulo: Ática, 2006, p. 35-36.<br />

Os leitores estão já curiosos por saber quem é ela, e<br />

têm razão; vamos já satisfazê-los. O major era pecador<br />

antigo, e no seu tempo fora daqueles de quem se diz<br />

que não deram o seu quinhão ao vigário: restava-lhe<br />

ainda hoje alguma coisa que às vezes lhe recordava o<br />

passado: essa alguma coisa era a Maria-Regalada que<br />

morava na Prainha. Maria-Regalada fora no seu tempo<br />

uma mocetona de truz, como vulgarmente se diz: era<br />

de um gênio sobremaneira folgazão, vivia em contínua<br />

alegria, ria-se de tudo, e de cada vez que se ria faziao<br />

por muito tempo e com muito gosto: daí é que vinha o<br />

apelido – regalada – que haviam juntado ao seu nome.<br />

Manuel Antonio de Almeida, Memória de um Sargento de Milícias.<br />

São Paulo: Ática, 2004, Capítulo XLV - “Empenhos”, p. 142.<br />

a) O que há de comum na caracterização da conduta do<br />

Frade, na peça, e do major Vidigal, no romance?<br />

b) Que diferença entre as obras faz com que essas<br />

personagens tenham destinos distintos?<br />

Resolução:<br />

a) Assim como o Frade de Auto da Barca do Inferno,<br />

o Major Vidigal também tivera uma amante, no caso<br />

Maria-Regalada. Em ambos, esse tipo de conduta depõe<br />

contra a função ou cargo que as personagens ocupavam.<br />

O Frade rompe com seu voto de celibato e castidade ao<br />

manter-se ligado a uma amante. A postura séria de chefe<br />

de polícia do Major Vidigal também não combina com sua<br />

conduta aventureira de manter uma relação amorosa sem<br />

vínculos religiosos ou jurídicos com Maria-Regalada.<br />

b) A peça teatral de Gil Vicente traduz os princípios<br />

religiosos e morais que vinculavam o autor à<br />

contrarreforma católica. O moralismo vicentino não<br />

perdoaria o vício de um membro do clero que mantinha<br />

amante, era licencioso e bonachão. Seu destino só<br />

poderia, portanto, ser a barca do diabo.<br />

No caso, em Memórias de um Sargento de Milícias, não<br />

há intenção moralista por parte do autor, mas apenas<br />

intento irônico e/ou humorístico ao reduzir a postura<br />

sisuda e rígida do Major Vidigal ao ridículo de também<br />

portar-se de maneira intransigente com relação aos<br />

princípios morais que defendia. Ao contrário do Frade,<br />

o Major Vidigal mantém seu cargo e volta a ter como<br />

amante Maria-Regalada.


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<strong>CPV</strong> seu pé direito também na medicina <strong>UNICAMP</strong> – 16/01/2011 10<br />

12. Pensando nos pares amorosos, já se afirmou que<br />

“há n’O cortiço um pouco de Iracema coada pelo<br />

Naturalismo.”<br />

Antonio Candido, De cortiço em cortiço, em O discurso e a<br />

cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993, p.142.<br />

Partindo desse comentário, leia o trecho abaixo e<br />

responda às questões.<br />

O chorado arrastava-os a todos, despoticamente,<br />

desesperando aos que não sabiam dançar. Mas, ninguém<br />

como a Rita; só ela, só aquele demônio, tinha o mágico<br />

segredo daqueles movimentos de cobra amaldiçoada;<br />

aqueles requebros que não podiam ser sem o cheiro<br />

que a mulata soltava de si e sem aquela voz doce,<br />

quebrada, harmoniosa, arrogante, meiga e suplicante.<br />

(...) Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese<br />

das impressões que ele recebeu chegando aqui: ela era<br />

a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das<br />

sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das<br />

baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a<br />

palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma<br />

outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o<br />

sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que<br />

abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra<br />

verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida,<br />

que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo<br />

dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as<br />

fibras embambecidas pela saudade da terra, picandolhe<br />

as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma<br />

centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela<br />

música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela<br />

nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita<br />

Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência<br />

afrodisíaca. Isto era o que Jerônimo sentia, mas o que<br />

o tonto não podia conceber. De todas as impressões<br />

daquele resto de domingo só lhe ficou no espírito o<br />

entorpecimento de uma desconhecida embriaguez, não<br />

de vinho, mas de mel chuchurreado no cálice de flores<br />

americanas, dessas muito alvas, cheirosas e úmidas,<br />

que ele na fazenda via debruçadas confidencialmente<br />

sobre os limosos pântanos sombrios, onde as oiticicas<br />

trescalam um aroma que entristece de saudade. (...) E<br />

ela só foi ter com ele, levando-lhe a chávena fumegante<br />

da perfumosa bebida que tinha sido a mensageira<br />

dos seus amores; assentou-se ao rebordo da cama e,<br />

segurando com uma das mãos o pires, e com a outra<br />

a xícara, ajudava-o a beber, gole por gole, enquanto<br />

seus olhos o acarinhavam, cintilantes de impaciência<br />

no antegozo daquele primeiro enlace.<br />

Depois, atirou fora a saia e, só de camisa, lançou-se<br />

contra o seu amado, num frenesi de desejo doido.<br />

Aluísio Azevedo, O Cortiço. Ficção Completa. Rio de<br />

Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 498 e 581.<br />

a) Na descrição acima, identifique dois aspectos que permitem<br />

aproximar Rita Baiana de Iracema, mostrando os limites dessa<br />

semelhança.<br />

b) Identifique uma semelhança e uma diferença entre Jerônimo<br />

e Martim.<br />

Resolução:<br />

a) Em ambas as personagens, a descrição é feita a partir de elementos<br />

da natureza brasileira. Entretanto, Iracema é uma personagem<br />

idealizada a partir de uma visão de natureza brasileira que traduz<br />

aspectos positivos da nova terra numa visão pós-independência e<br />

marcada pela direta influência do Romantismo. Ao contrário, Rita<br />

Baiana é apresentada a partir de uma visão mais realista, ou seja,<br />

de acordo com os princípios estéticos e ideológicos do Naturalismo,<br />

do qual Aluísio Azevedo é o principal representante no Brasil. Em<br />

lugar da idealização, Rita é desidealizada e apresentada a partir de<br />

elementos naturais brasileiros negativos: “Naquela mulata estava<br />

o grande mistério [...] era o veneno e era o açúcar gostoso; era<br />

o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre<br />

feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira,<br />

a lagarta viscosa, a muriçoca doida”.<br />

b) Jerônimo e Martim são portugueses, e ambos procuraram<br />

inicialmente manter-se presos aos padrões e valores morais<br />

que receberam de sua terra. Jerônimo procurou, assim como<br />

Martim, resistir aos encantos femininos que o atraíam. Ambos<br />

eram comprometidos: Martim era noivo em Portugal, e Jerônimo,<br />

casado com Piedade. Jerônimo rompe com todos os valores e<br />

hábitos lusitanos que estavam arraigados à sua personalidade para<br />

tornar-se amante de Rita Baiana. Entrega-se ao vício e esquece os<br />

princípios nos quais acreditava. Martim, ao contrário, depois de<br />

amar Iracema, continua fiel aos seus valores de soldado lusitano<br />

e à sua luta contra os holandeses, deixando a amada para seguir<br />

com Poti na expulsão dos inimigos.<br />

CoMentÁrIo Do CpV<br />

Literatura<br />

A prova da segunda fase da Unicamp apresentou sete questões de<br />

literatura, sendo que cinco versaram sobre literatura comparada<br />

entre duas obras da lista obrigatória, e apenas duas trataram sobre<br />

obras específicas, no caso, Dom Casmurro e Capitães da areia.<br />

O grau de dificuldade da prova foi médio. Entretanto, algumas<br />

questões não foram claramente formuladas, o que pode ter gerado<br />

dificuldade para o candidato. A objetividade na formulação de<br />

questões sobre obras literárias é o mínimo que se espera de uma<br />

boa prova, já que o tempo é curto e o número de obras de leitura<br />

obrigatória elevado. As questões comparativas nem sempre levaram<br />

em conta essa objetividade pretendida.<br />

Língua portuguesa<br />

A prova de língua portuguesa foi bem elaborada, com enunciados<br />

claros e precisos; porém, foi bem trabalhosa, exigindo do candidato<br />

agilidade e concisão na elaboração das respostas.<br />

A coletânea foi bem escolhida, variada e bem explorada. Foram<br />

escolhidos alguns textos de fontes próximas ao cotidiano do candidato<br />

(Orkut, charge, letra de canção) e alguns de fontes mais específicas<br />

(como o dicionário de analogias e a revista FAPESP), o que exigiu<br />

a aplicação da linguagem nas mais diversas situações.

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