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Presença - Funag

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Prefácio<br />

Vou quebrar uma promessa: a de não escrever prefácios<br />

enquanto for irmão de presidente da República. Quebro-a por<br />

dois motivos: porque Hugo Gouthier é meu amigo e porque o<br />

seu livro é importante. A primeira razão não valeria se <strong>Presença</strong><br />

não me agradasse; a segunda me salva o amigo, que me escreveu:<br />

“Ficar-lhe-ei grato se fizer o prefácio. Você sabe que não o escolhi<br />

por ser irmão do Presidente da República e sim pelo seu valor<br />

intelectual. A nossa amizade antiga de muitos anos, de Nova York,<br />

Paris e Rio de Janeiro, se vincula a essa escolha e, se aceita por<br />

você, só será para mim motivo de alegria.” O livro é bom, o amigo<br />

é bom, a vaidade é boa. Escrevo o prefácio.<br />

Escrevo-o também porque já lá se vão uns vinte anos ou<br />

mais, afirmei que dá azar ser inimigo de Hugo Gouthier. Ele nada<br />

faz contra os inimigos, se os tem, essa pérola de homem. Nasceu<br />

com o dom cristão de amar o próximo, qualidade utilíssima na<br />

diplomacia, embora poucos saibam exercê-la além da<br />

obsequiosidade. Lembro-me de Assis Chateaubriand, paralítico e<br />

torto como uma árvore moribunda, a dizer-lhe, em Paris, através<br />

da enfermeira intérprete, no avião que o levava a Moscou numa<br />

derradeira esperança de cura: “As revoluções escolhem como vítimas<br />

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