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Presença - Funag

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<strong>Presença</strong><br />

Voltamos triunfantes para a Chefatura de Polícia, onde<br />

boas notícias nos aguardavam. O próprio Cristiano Machado se<br />

encarregava de anunciá-las. A operação era um sucesso. Todas as<br />

repartições públicas federais, todos os quartéis do Exército iam<br />

caindo nas mãos dos revoltosos, sem tiros e sem sangue, só o Doze<br />

– 12º Regimento de Infantaria – resistia.<br />

Hoje é o moderno bairro de Cidade Jardim. Naquele<br />

tempo, era árido descampado com as precárias construções do<br />

regimento do meio. O regimento que não se rendia. Às cinco e<br />

meia, seu comandante, Coronel José Joaquim de Andrade, legalista<br />

ferrenho, fora preso em sua residência na Rua da Bahia. A mesma<br />

rua onde eu morava, no Grande Hotel. A mesma rua onde eu<br />

trabalhava, na Chefatura de Polícia.<br />

O regimento está cercado, o comandante, preso.<br />

Permitem-lhe que fale pelo telefone, ordenando a seus oficiais que<br />

não resistam. Encarrego-me de fazer a ligação. Os troncos estão<br />

ocupados e custo a conseguir linha. A campainha toca, uma voz<br />

atende:<br />

– Alô. Aqui é do Doze.<br />

Passo em silêncio o fone ao Coronel Andrade. Ele o segura<br />

e berra:<br />

– Pelo amor de Deus! Resistam!<br />

Resistiram quatro dias e renderam-se na manhã do quinto,<br />

quando ninguém esperava mais.<br />

O quartel tinha todas as condições de resistir. Além de<br />

estar cheio de trincheiras e caminhos subterrâneos, dispunha de<br />

farta munição. Com a água que lhe vinha da cidade cortada, cercado<br />

por todos os lados pela força pública, pela polícia e pelos civis, o<br />

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