reformador maio 2006 - A.qxp - Federação Espírita Brasileira
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eformador <strong>maio</strong> <strong>2006</strong> - B.<strong>qxp</strong> 12/5/<strong>2006</strong> 11:41 Page 24<br />
A fé pode desenvolver-se de forma<br />
desequilibrada, sem lógica, em<br />
que o indivíduo tudo acata. Dessa<br />
forma, em tudo crê sem refletir sobre<br />
o que é certo ou errado, incapaz<br />
de examinar ou avaliar de forma<br />
racional o que lhe é proposto. Eis<br />
a fé cega, seguramente prejudicial,<br />
pois induz à aceitação tanto do<br />
falso quanto do verdadeiro.<br />
Somente a fé raciocinada ilumina<br />
e liberta. Fundamentada nos<br />
fatos e na lógica, resiste à análise e<br />
à reflexão, pois está assentada sobre<br />
as bases da verdade.<br />
Cultivar a fé cega é dar vazão<br />
ao orgulho, enquanto<br />
que a fé raciocinada faz da<br />
humildade a sua fonte de<br />
bênçãos.<br />
A Humanidade está carente<br />
de fé. E quando se<br />
vê em meio ao mar de inseguranças,<br />
açoitada pelo<br />
vento das aflições, sente-se<br />
amedrontada pela dor. Quando<br />
se tem fé, não se teme a dor.<br />
É aceita com resignação. A dor,<br />
instrumento de disciplina e de educação,<br />
é a mestra que aciona o<br />
alarme, tanto do corpo quanto da<br />
alma: é o aviso de que alguma coisa<br />
não vai bem. A dor é o teste que<br />
verifica a solidez dos sentimentos.<br />
É o fiel da balança que revela<br />
qual o sentimento predominante:<br />
fé ou medo? Quem tem fé não deixa<br />
o medo tomar conta. Todo o<br />
Evangelho de Jesus exalta o poder<br />
da fé nos diferentes momentos da<br />
vida humana.<br />
A fé é uma centelha que nasce<br />
com o ser; é dádiva divina: cabe<br />
ao homem ativá-la e ampliá-la<br />
24 182 Reformador • Maio <strong>2006</strong><br />
através do estudo e da vivência do<br />
Evangelho.<br />
Pedro soube ampliar sua fé. Ao<br />
sentir-se sobre as águas, assolado<br />
pelas ondas e pelo vento forte, teve<br />
medo, mas acreditou em Jesus<br />
e atendeu o seu chamado. Novamente<br />
teve medo, sentiu-se afundar,<br />
mas clamou ao Amigo, que<br />
lhe estendeu a mão. Às vésperas<br />
da crucificação negou Jesus por<br />
três vezes. Por três vezes sentiu a<br />
garra do medo ante a fragilidade<br />
de sua fé. No entanto, ao longo do<br />
tempo, conquistou uma fé tão fervorosa<br />
que lhe deu forças para<br />
vencer todos os dolorosos testemunhos,<br />
e foi capaz de cumprir arduamente<br />
a tarefa de divulgação<br />
do Evangelho. Aprisionado e também<br />
condenado à cruz do martírio,<br />
tornou-se tão confiante que<br />
pediu humildemente para ser crucificado<br />
de cabeça para baixo, por<br />
não se sentir digno de ser crucificado<br />
da mesma forma que Jesus.<br />
Fé é conquista, aquisição da alma<br />
que deseja crescer.<br />
Para o incrédulo a dor é mais<br />
intensa, o sofrimento infindo; as<br />
doenças mais aflitivas, a morte<br />
aterroriza e a separação dos entes<br />
queridos é afastamento eterno. O<br />
medo se impõe como companhia<br />
constante e indesejável.<br />
Como se libertar do medo?<br />
Pode-se dizer que o medo é o<br />
substituto da fé. Onde há fé o medo<br />
não se apresenta. É impostor<br />
moral a derramar sobre a alma<br />
sensação de insegurança, de inquietação,<br />
de apreensão, de pavor<br />
ante um perigo real ou<br />
imaginário. Torna-se avassalador,<br />
tanto mais contundente<br />
quanto menos<br />
sólida for a fé. O medo<br />
enfraquece não só o físico,<br />
mas também o Espírito,<br />
tornando-os susceptíveis<br />
às doenças e influências<br />
inferiores.<br />
André Luiz (Nosso Lar,<br />
cap. 42) faz referência ao aspecto<br />
destrutivo desse sentimento desagregador:<br />
Há “[...] elevada porcentagem<br />
de existências humanas<br />
estranguladas simplesmente<br />
pelas vibrações destrutivas do terror,<br />
que é tão contagioso como<br />
qualquer moléstia de perigosa propagação.<br />
Classificamos o medo como<br />
dos piores inimigos da criatura,<br />
por alojar-se na cidadela da<br />
alma, atacando as forças mais<br />
profundas”.<br />
O medo desequilibra as energias<br />
espirituais e em conseqüência desarticula<br />
o metabolismo do corpo<br />
físico, que apresenta reações diver-