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1 Do Pau Brasil ao Avião: O Caso Embraer Resumo Este ... - Anpad

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<strong>Do</strong> <strong>Pau</strong> <strong>Brasil</strong> <strong>ao</strong> <strong>Avião</strong>: O <strong>Caso</strong> <strong>Embraer</strong><br />

Autoria: Sidnei Augusto Mascarenhas, Dimária Silva e Meirelles, Lilian Aparecia Pasquini Miguel, Vivaldo<br />

Vieira de Figueiredo<br />

<strong>Resumo</strong><br />

<strong>Este</strong> caso aborda o desenvolvimento da <strong>Embraer</strong>, as fases desse desenvolvimento, e<br />

sua transformação em empresa de geração de produtos tecnologicamente sofisticados.<br />

Discute, também, sua trajetória de empresa estatal a empresa privada, expondo seus diversos<br />

acordos com empresas internacionais visando a obtenção de recursos, conhecimento e<br />

especialização. Discorre sobre as principais estratégias adotadas <strong>ao</strong> longo de sua história e<br />

complementa com uma discussão sobre a capacitação profissional e tecnológica, como<br />

conteúdo de vantagem competitiva da organização. Finalizando, são apresentados aspectos<br />

mercadológicos contemporâneos da empresa, discutindo seus planos futuros, e comentando o<br />

processo de transmissão de comando pelo qual ela passa no momento, trazendo à tona os<br />

desafios inerentes à situação.<br />

Introdução<br />

A segunda grande guerra trazia consigo um paradoxo: a destruição causava<br />

desenvolvimento. No <strong>Brasil</strong>, muitos setores tiveram seu impulso a partir dela, na busca de um<br />

lugar de destaque frente <strong>ao</strong> mundo. As duas décadas que se seguiram à guerra representaram a<br />

primeira chance que o país via em se internacionalizar e desenvolver tecnologia de ponta.<br />

Seria isso mais uma vertente da teoria schumpeteriana sobre a "destruição criativa"?<br />

Um dos setores cujo desenvolvimento teve seu berço na guerra foi o de transportes<br />

aéreo, dando origem a aparelhos de propulsão a jato ou turbo hélices, que exigiam uma<br />

estrutura bem mais complexa do que a disponível para os velhos DC-3 de origem americana.<br />

Como a iniciativa privada não se interessava em produzir aviões no país, o governo<br />

optou por constituir uma sociedade de economia mista sob controle estatal em 1969. Formouse,<br />

então, a Empresa <strong>Brasil</strong>eira de Aeronáutica – EMBRAER.<br />

A produção comercial do Bandeirante, iniciada em 1972, dava ensejo a uma nova<br />

era. O Ministério da Aeronáutica encomendou 80 aviões com a capacidade de 12 passageiros.<br />

A necessidade da Força Aérea <strong>Brasil</strong>eira de um jato para treinamento avançado, de apoio<br />

tático e de ataque <strong>ao</strong> solo levou a um acordo com a Aermachi italiana construindo-se de 1971<br />

a 1981 um total de 175 aeronaves denominadas Xavante. Eram os primeiros jatos brasileiros<br />

que constituiriam a base tecnológica para os projetos seguintes.<br />

Com a mesma Aermachi e a Aeritalia, seria construído em 1980 o Tucano (EMB312)<br />

um monomotor turbo hélice de treinamento avançado. Ainda na década de 70, a expansão da<br />

fronteira agrícola ampliou a demanda por aviões dedicados a esse tipo de trabalho, levando <strong>ao</strong><br />

desenvolvimento do Ipanema, o primeiro avião agrícola nacional. Em 1973, ocorreu a<br />

primeira crise do petróleo com a conseqüente busca de substituição das importações para um<br />

novo equilíbrio da balança comercial. Um acordo com a Piper permitiu a comercialização da<br />

linha americana de aeronaves leves, integradas nacionalmente, com novas denominações e<br />

características técnicas adaptadas <strong>ao</strong> mercado local. A economia de divisas para o país foi<br />

significativa, cerca US$ 150 milhões/ano de importações substituídas.<br />

O sucesso do Bandeirantes estimulou a empresa <strong>ao</strong> desenvolvimento do Brasília,<br />

uma família de aeronaves bimotor turbo hélice, de 30 lugares e equipamentos digitais.<br />

Pensado para o mercado internacional de aviação regional, o produto projetou a empresa no<br />

mundo e a habilitou <strong>ao</strong> desenvolvimento de aviões de grande porte.<br />

1


Em 1994, a empresa foi privatizada para um consórcio formado por um fundo de<br />

investimentos de Nova York (Wasserstein Perella), um fundo brasileiro (Bozano Simonsen) e<br />

para os fundos de pensão Previ, do Banco do <strong>Brasil</strong> e Sistel da Telebrás. O governo assumiu a<br />

divida de US$ 700 milhões, fez uma injeção de capital na empresa e reteve 6,8% das ações<br />

com direito a voto.<br />

Em 1995, aproveitando um nicho da aviação regional mundial, a empresa lança seu<br />

primeiro jato, para 50 passageiros, que seria denominado mais tarde pela empresa como seu<br />

profit maker. Iniciam-se aqui as chamadas parcerias de risco, com os fornecedores<br />

participando do projeto como investidores.<br />

Em 1999, a empresa iniciou as consultas com prováveis clientes para uma nova linha<br />

de aeronaves com capacidade de 70 a 108 passageiros. Os primeiros vôos aconteceram em<br />

2002. O primeiro cliente: a companhia Suíça Crossair.<br />

Ainda em 1999, Aerospatiale-Matra, Dassault Aviation e Thomson-CSF adquiriram<br />

5,57% da empresa, em ações sem direito a voto, mas com direito a nomear dois dos 11<br />

diretores do board.<br />

Os fornecedores tornaram-se supridores de sistemas e não de componentes isolados,<br />

com a responsabilidade de gerenciar a cadeia de suprimentos. A empresa tornou-se um "nexus<br />

de contatos".<br />

O contexto ambiental<br />

Era um momento de reconstrução. A ciência e a tecnologia haviam sido consideradas<br />

vitais para o desenvolvimento econômico, social e cultural dos países. Nem bem se vencia<br />

uma guerra, já se iniciava outra. Os Estados Unidos, para vencer a guerra contra a União<br />

Soviética, conhecida por muitos anos como Guerra Fria, fazia investimentos estrondosos,<br />

principalmente visando vencer seu oponente na batalha espacial.<br />

Em um cenário de mudanças tecnológicas rápidas, ciclos curtos de desenvolvimento<br />

de produtos, incapacidade das finanças públicas, baseado na tradição e no tipo de indústria<br />

das empresas européias e americanas, o sucesso da <strong>Embraer</strong> comprova a possibilidade de<br />

empresas de países não desenvolvidos adaptarem-se a novas e desafiantes condições, sendo<br />

possível identificar em sua trajetória a inovação em produtos e processos, o desenvolvimento<br />

cooperativo, os acordos tecnológicos e de marketing, e as alianças estratégicas.<br />

Pode-se identificar em linhas gerais quatro fases marcantes na trajetória evolutiva da<br />

<strong>Embraer</strong>, relacionadas sobretudo às inovações lançadas no mercado: fase pré-empresa (Centro<br />

Técnico Aeroespacial – CTA; Instituto Tecnológico da Aeronáutica-ITA); fase Bandeirantes;<br />

fase Brasília; e a era do Jato. Cada uma das quatro fases de desenvolvimento da empresa<br />

identifica um desafio estratégico que levou o país a ter um lugar de destaque em um mundo<br />

tecnologicamente mais desenvolvido e preparado.<br />

A fase da pré-empresa<br />

O mundo estava em reconstrução. Pedia trabalho e esforço. O Plano Marshall não<br />

iria ajudar países como o <strong>Brasil</strong>. Só restava arregaçar as mangas. Um dos setores cujo<br />

desenvolvimento teve seu berço na guerra foi o de transporte aéreo, dando origem a aparelhos<br />

de propulsão a jato ou turbo hélices, que exigiam uma estrutura bem mais complexa do que a<br />

disponível para os velhos DC-3 de origem americana.<br />

Desde a década de 50, desenvolveu-se no <strong>Brasil</strong> o Centro Técnico Aeroespacial –<br />

CTA, que formava pessoal técnico para desenvolvimento local de aeronaves com o<br />

conhecimento recebido de professores dos Estados Unidos, Alemanha e França.<br />

2


A partir de 1962, um grupo de pesquisas composto por técnicos formados pelo ITA,<br />

sob a liderança de Ozires Silva, propôs <strong>ao</strong> Ministério da Aeronáutica o desenvolvimento de<br />

um avião de 20 lugares que atendesse às baixas demandas e operasse nas rigorosas condições<br />

existentes na maioria das cidades brasileiras. A idéia de um avião totalmente projetado no país<br />

não encontrou boa repercussão. Mas a resistência inicial foi vencida pela credibilidade do<br />

projetista francês Max Holste, convencido por Ozires Silva a juntar-se <strong>ao</strong> grupo. Como a<br />

iniciativa privada não se interessasse em produzir o aparelho, o governo optou por constituir<br />

uma sociedade de economia mista sob controle estatal em 1969. Formou-se, então, a Empresa<br />

<strong>Brasil</strong>eira de Aeronáutica – EMBRAER.<br />

Estava claro que a demanda por uma nova solução empurraria a pesquisa na direção<br />

do desenvolvimento de um novo produto. Nasce, então, o Bandeirantes.<br />

A fase Bandeirantes<br />

A produção comercial do Bandeirante iniciou-se em 1972 com o Ministério da<br />

Aeronáutica encomendando 80 aviões com a capacidade de 12 passageiros. A necessidade da<br />

Força Aérea <strong>Brasil</strong>eira de um jato para treinamento avançado, de apoio tático e de ataque <strong>ao</strong><br />

solo levou a um acordo com a Aermachi italiana construindo-se de 1971 a 1981 um total de<br />

175 aeronaves denominadas Xavante. Eram os primeiros jatos brasileiros que constituiriam a<br />

base tecnológica para os projetos seguintes.<br />

A produção do Bandeirantes seguiu o modelo de industrialização com fábrica,<br />

processos e recursos fixos. Havia a necessidade de alguma integração vertical como meio de<br />

evitar a excessiva fragmentação, o que condenara tentativas anteriores de produzir aviões no<br />

<strong>Brasil</strong>, assim como a formação de alianças de longo prazo. O sucesso nessa indústria depende<br />

do projeto, de uma produção estruturada, do preço do avião, do custo operacional e da pósvenda<br />

oferecido pelo fabricante. A empresa apercebeu-se, então, que a penetração do mercado<br />

não seria tarefa fácil. Logo, se não pode enfrentar seus inimigos, junte-se a eles. Era<br />

necessário, então, criar uma aliança estratégica, envolvendo troca de expertise. Bastante<br />

razoável.<br />

Mas se produzisse tudo, ou seja, se verticalizasse seu processo de produção, as<br />

chances de ser competitivo seriam menores. Segmentar a produção de componentes parecia<br />

ser uma estratégia interessante. A compra do fabricante de componentes Avitec e da<br />

fabricante de aviões Neiva ainda nesses primeiros anos pode ser vista por esta perspectiva.<br />

A diversificação com os acordos Piper para produção local de aviões leves, com<br />

ganho de tecnologia de produção seriada, o desenvolvimento da linha agrícola Ipanema,<br />

atendendo à expansão da fronteira agrícola para o oeste do país, e os acordos com a Aermachi<br />

para produção do treinador militar Xavante promoveram o rápido crescimento da empresa.<br />

A fase Brasília<br />

As características marcantes desta fase estão ligadas <strong>ao</strong> lançamento de um novo<br />

produto, com tecnologias inovadoras, à internacionalização e a uma ênfase ainda maior em<br />

contratos de fornecimento. Ao contrário do Bandeirantes, este foi um avião pensado desde o<br />

início para o mercado internacional atendendo às necessidades do mercado escolhido.<br />

Com suas especificidades e o desenvolvimento com base na experiência acumulada<br />

até então pela empresa, o Brasília foi considerado um modelo de produto inovador, o que<br />

pode ser exemplificado pelo fato de que, neste período, um contrato foi assinado com a<br />

United Technology para produção, pela <strong>Embraer</strong>, do trem de pouso de um novo helicóptero<br />

para o mercado civil.<br />

3


A empresa continuou trabalhando em projetos de inovação, tendo um número<br />

expressivo de funcionários dedicados a ela e, infelizmente para a <strong>Embraer</strong> e contrariamente à<br />

visão schumpeteriana, as investidas inovativas traziam em seu bojo um significativo conteúdo<br />

de incerteza.<br />

O mercado brasileiro, pobre ainda em potencial de demanda, fez com que a empresa<br />

tivesse que buscar outros horizontes por meio da internacionalização. Desenvolvendo uma<br />

complexa combinação entre fronteiras locais e não locais, utilizando vantagens estratégicas e<br />

específicas no país para suas operações domésticas e no exterior, e aplicando tecnologias de<br />

comunicação para processamento e distribuição das informações, a empresa assegurou maior<br />

flexibilidade de operações em termos de serviços internacionais de marketing e ligação com<br />

sua rede de fornecimento de recursos, além da necessária liberdade operacional para suporte<br />

<strong>ao</strong> usuário.<br />

É então que a empresa, por meio de alianças em sua rede de fornecimento,<br />

transforma-se em uma eficiente administradora de contratos ou uma empresa "nexus" de<br />

contratos internos e externos, pois passa a ser administradora da estratégia de recursos<br />

essenciais e únicos.<br />

A essa altura, as alianças estratégicas da <strong>Embraer</strong> consistiam-se em ativos de alta<br />

especificidade, gerenciados por ela como integradora de componentes com alto conteúdo<br />

tecnológico, minimizando com isso riscos de desenvolvimento, descontinuidades tecnológicas<br />

que resultassem em obsolescência. Além disso, a empresa passou a focalizar as habilidades<br />

organizacionais de seus fornecedores, assim como sua curva de experiência e cultura.<br />

A era do jato<br />

Os acordos tecnológicos estabelecidos na fase inicial de produção do Bandeirantes<br />

com empresas italianas, para diversificação da linha de produtos envolvendo o segmento de<br />

aviões militares, foram decisivos sob dois aspectos: (1) os conhecimentos adquiridos sobre<br />

motores transformaram-se em uma vantagem no projeto do ERJ 145, tornando-se um<br />

diferencial competitivo de importância para o êxito do avião; (2) o projeto desenvolvido<br />

conjuntamente com a Aermachi e a Aeritália habilitou a empresa na tecnologia de estruturas<br />

para aviões impulsionados por motores a jato.<br />

Em 1999, no Salão Aeronáutico de Paris, a empresa anuncia sua decisão de lançar<br />

uma família de jatos regionais com capacidades variando de 70 até 108 passageiros. Um<br />

amplo programa de consultas <strong>ao</strong>s potenciais clientes foi lançado mundialmente com a<br />

intenção de satisfazer o maior número possível de requisitos do mercado. O esforço resultou<br />

em sucesso: as primeiras entregas ocorreram a partir de 2004.<br />

É nesta fase que a <strong>Embraer</strong> é responsável por inovações importantes no<br />

desenvolvimento do projeto, no processo produtivo e nas relações da empresa com sua rede<br />

estratégica de suprimentos.<br />

Para o do projeto ERJ 170/190 investiu-se em uma sala de realidade virtual onde um<br />

software CATIA (Computer Aided Three-Dimensional Interactive Application) da IBM era<br />

capaz de gerar, em imagens tridimensionais, a visualização do produto, possibilitando um<br />

desenvolvimento rápido, que reduzia seu tempo de 60 para 38 meses. Uma nova área de testes<br />

e manufatura foi construída em Gavião Peixoto, cidade a 280 km a noroeste de São <strong>Pau</strong>lo,<br />

com uma pista de 5 km de comprimento, que permitia testes de aviões militares de alta<br />

velocidade, eliminando a necessidade do uso da base de Moses Lake, nos Estados Unidos.<br />

As aeronaves são montadas em baias, para onde convergem todas as partes e<br />

equipamentos envolvidos, possibilitando uma maior agilidade. O tratamento individualizado<br />

elimina a chance de parada, como na tradicional linha de montagem, por falta de componentes<br />

específicos para uma aeronave.<br />

4


O custo de desenvolvimento de US$ 850 milhões da nova linha de jatos recebeu de<br />

fornecedores estratégicos um aporte superior a 30% deste valor como investimento, tornandoos<br />

parceiros de risco responsáveis pelo desenvolvimento, produção e logística de sistemas<br />

completos e grandes componentes. Esta estratégia não só reduziu os custos e riscos do<br />

projeto, mas também possibilitou uma logística mais simples pela redução do número de<br />

fornecedores, permitindo à empresa explorar suas reais competências, isto é, projeto,<br />

montagem, marketing e serviço final às aeronaves.<br />

Vários fornecedores terminaram por se estabelecer próximos à <strong>Embraer</strong>, tais como a<br />

Kawasaki, a Latecoere, a Parker Hanefin, a Pilkington Aerospace e a Sonaca. Outros mais<br />

estão em vias de fazê-lo.<br />

VIRADA HISTÓRICA<br />

faturamento US$ 260 milhões US$ 3.8 bilhões<br />

carteira de pedidos US$ 170 milhões US$ 14.8 bilhões<br />

número de funcionários 6 mil 20 mil<br />

ANTES DA PRIVATIZAÇÃO HOJE<br />

Fonte: Revista "Época nos Negócios" – Março, 2007, n.1.<br />

Céu de brigadeiro?<br />

Mesmo para uma empresa tão bem sucedida, algumas turbulências ocorreram no<br />

meio da decolagem da empresa. Em 1975, ela participou do desenvolvimento de uma carro de<br />

Fórmula 1. O projeto resultou na escuderia Copersucar. Foi um fiasco.<br />

A empresa investiu, em 1986, a bagatela de US$ 280 milhões no avião CBA 123.<br />

Apesar de ser o mais avançado turbo hélice já construído, foi um mico. Custava US$ 6<br />

milhões, simplesmente o dobro do produto da concorrência. Nenhum foi vendido.<br />

Alguns meses após a privatização, a empresa demitiu 1.800 funcionários – ou seja,<br />

20% de sua força de trabalho.<br />

No entanto, é a mais internacional das empresas brasileiras: 95% de suas receitas<br />

provêem de exportações ou operações no exterior. A <strong>Embraer</strong> abastece 35 forças aéreas<br />

nacionais e gerou, nos últimos dez anos, US$ 10 bilhões para a balança comercial brasileira.<br />

A <strong>Embraer</strong> exportou 72 aparelhos 170/190 em 2006. Cada um custou, em média, 30 milhões<br />

de dólares.<br />

O caso da <strong>Embraer</strong> chama atenção pelo aproveitamento de sua condição de<br />

oportunidade, desde seu início, aliada à habilidade na exploração dos nichos do mercado local<br />

e mundial. Outro ponto de destaque fica por conta da forma de proteção das inovações: a alta<br />

especificidade do produto, as patentes de alguns quesitos tecnológicos no produto e no<br />

processo, a confidencialidade, a inovação contínua, e o controle dos ativos complementares.<br />

Utilizando sabiamente sua curva de experiência, a empresa aplica todo o<br />

conhecimento e a tecnologia empregada nos jatos militares, o que serviu de base de<br />

desenvolvimento de aviões para o mercado civil alguns anos depois. Além disto, o produto<br />

por sua complexidade requer uma ampla base tecnológica, e a empresa, por meio de alianças e<br />

contratos, tem buscado no mercado o acesso às tecnologias de ponta.<br />

Um maior entendimento da evolução tecnológica e de mercado da empresa pode ser<br />

obtido no Quadro 1, onde são colocadas as condicionantes de mercado versus linhas de<br />

produtos implantadas e a indicação da solução estratégica adotada pela empresa.<br />

5


Quadro 1: Condicionantes de mercado versus linhas de produtos<br />

Produtos Necessidade nacional Crise do petróleo<br />

Bandeirantes<br />

Aviões militares<br />

Aviões leves<br />

Aviões agrícolas<br />

(Ipanema)<br />

Brasília<br />

Jato ERJ 145<br />

(1995)<br />

Jatos 170 / 190<br />

(2002)<br />

Fonte: elaborado pelos autores.<br />

Substituição de velhos<br />

modelos americanos<br />

A necessidade de um<br />

treinador avançado para a<br />

Força Aérea (acordos<br />

Aermachi/Aeritália)<br />

A expansão da fronteira<br />

agrícola para o Centro-Oeste<br />

como oportunidade de<br />

negócios<br />

As restrições às<br />

importações originam o<br />

acordo com a Piper<br />

As restrições às<br />

importações<br />

determinam o<br />

desenvolvimento local<br />

Desenvolvimento da<br />

aviação regional<br />

O crescimento do nicho<br />

regional no mundo<br />

A necessidade de jatos<br />

para médias distancias em<br />

uma configuração<br />

intermediária<br />

A empresa conta atualmente com 12 hangares, esparramados por 560 mil metros<br />

quadrados - área equivalente a 70 campos de futebol. No momento, os 20 mil funcionários,<br />

em estado constante de concentração, impecavelmente uniformizados, e fixando manualmente<br />

cada um dos inúmeros parafusos, devem-se perguntar como será daqui por diante. É que a<br />

empresa se prepara para a primeira troca de comando, desde sua privatização, há 12 anos. O<br />

bastão será passado de um executivo enérgico, emocional e carismático para um executivo<br />

conciliador, pragmático e reservado.<br />

A transição acontece no mesmo momento em que a empresa acelera o processo de<br />

desenvolvimento de aviões executivos de menor porte. Mas outras mudanças podem estar a<br />

caminho: a começar pela forma de como tratar o novo presidente. Uma boa indicação de que<br />

os ventos podem soprar a favor, mas em outra direção.<br />

Conclusão<br />

O êxito obtido pela <strong>Embraer</strong> demonstra que empresas originárias de países em<br />

desenvolvimento podem alcançar o mercado mundial gerenciando recursos para atividades de<br />

geração de valores por meio de produtos inovadores, voltados para nichos pouco ou não<br />

explorados, por meio de alianças e decisões estratégicas de marketing.<br />

A rápida adaptação da empresa, principalmente pós-privatização, <strong>ao</strong>s curtos ciclos<br />

para o desenvolvimento de produtos, a capacidade para desenvolvimento de alianças visando<br />

obtenção de novos recursos e agregação de novas competências, e as oportunidades<br />

corretamente aproveitadas tornaram a empresa uma referência mundial no mercado de<br />

aviação, onde pontuavam tradicionalmente empresas de origem americanas ou européias<br />

6


dando à <strong>Embraer</strong>, no caso do Brasília, um terço do mercado mundial dessa classe de aviões,<br />

aproximadamente.<br />

O desempenho financeiro satisfatório e a participação substancial de mercado fazem<br />

da empresa um caso único se comparada à Boeing e à Airbus, e por ser isolada e não parte de<br />

um conglomerado como a canadense Bombardier. Isto demonstra habilidade em extrair o<br />

máximo dos recursos disponíveis.<br />

A trajetória não está livre de novos desafios sendo alguns deles: a dependência de<br />

poucos clientes (Continental Express, American Eagle e Crossair), com altos volumes de<br />

compras, o lançamento dos novos jatos (170/190), competindo no mercado com as faixas<br />

inferiores de aviões da Boeing e da Airbus, a alteração da composição acionária da empresa<br />

com o afastamento completo do governo, a queda da cláusula que não permitia a venda das<br />

ações em poder da Cia. Bozzano, a tecnologia avançada dos novos motores turbo hélice que<br />

pode comprometer o uso de jatos puros para médias distâncias e em cujo projeto a<br />

Bombardier vem trabalhando há algum tempo.<br />

Com o caso <strong>Embraer</strong>, o <strong>Brasil</strong> teve sua primeira chance de inserção no cenário<br />

mundial competitivo dos produtos de alto conteúdo tecnológico. A crise do petróleo pode ser<br />

considerada um dos fatores fomentadores de desenvolvimento da indústria da aviação no país.<br />

Estaria nossa segunda chance relacionada a uma nova crise nessa matriz energética? Será a<br />

necessidade de desenvolvimento de combustíveis alternativos nossa nova chance de inserção<br />

mundial?<br />

Questões para discussão:<br />

1. Qual o papel do governo e do contexto ambiental e econômico (programas de<br />

incentivo, guerras, expansão agrícola, etc.) no desenvolvimento da <strong>Embraer</strong>? Como<br />

você associa a influência destes fatores com a abordagem histórica de análise da<br />

grande empresa americana proposta por Chandler (1990; 1998)?<br />

2. Discuta o caso <strong>Embraer</strong> sob a ótica do processo de "destruição criativa" em que as<br />

inovações geradas protegem a empresa contra a imitação e os lucros advindos da<br />

inovação possibilitam que esta seja contínua.<br />

3. Como você analisaria as alianças estratégicas promovidas pela <strong>Embraer</strong>, do ponto de<br />

vista dos seguintes autores: Malerba e Orsenigo (1993), Reve (1990), Olleros e<br />

Mac<strong>Do</strong>nald (1988); Hagedoorn (1994).<br />

Sugestão: tente associar estes autores <strong>ao</strong>s tipos de acordos realizados - acordos<br />

tecnológicos e aquisição de conhecimento; acordos comerciais e exploração de novos<br />

mercados; acordo com fornecedores e custos de transação.<br />

4. Qual sua visão sobre as estratégias tecnológicas adotadas pela <strong>Embraer</strong> no processo de<br />

inovação e diversificação a partir do conceito de regime tecnológico proposto por<br />

Malerba e Orsenigo (1993)? E sobre o conceito de base tecnológica e de mercado<br />

proposto por Penrose (1959)?<br />

5. Como você analisaria o processo de formação de competências e diversificação da<br />

<strong>Embraer</strong> a partir das abordagens propostas por: <strong>Do</strong>si e Teece (1993); Prahalad e<br />

Hamel (1990); Teece (1988); Teece, Pisano e Shuen (1997).<br />

7


6. Como você conciliaria a terminologia cunhada por Goldstein (2001) da firma como<br />

“nexus de contatos” com o conceito de firma como “nexus de contratos”, no caso<br />

específico da <strong>Embraer</strong>?<br />

Notas de Ensino<br />

1. Objetivos de aprendizagem<br />

<strong>Este</strong> caso é destinado a alunos de cursos de pós-graduação stricto sensu de<br />

administração de empresas.<br />

Considerando o método de caso para ensino apresentado pela Ivey School, este caso<br />

enquadra-se no nível 1 quanto à dimensão analítica, pois apresenta a solução dada <strong>ao</strong><br />

problema, pedindo <strong>ao</strong> leitor que a avalie e sugira alternativas. Quanto à dimensão conceitual,<br />

situa-se no nível 3, por apresentar vários conceitos complexos e simultâneos que exigem<br />

conhecimento prévio e profundo por parte do leitor. Com relação à dimensão da apresentação,<br />

considera-se que este caso pertença <strong>ao</strong> nível 2, pois embora contenha quase toda a informação<br />

relevante e seja organizado à leitura, é relativamente longo, contém um vasto número de<br />

informações pertinentes, e um conteúdo baixo de informações não pertinentes.<br />

Tem por objetivo explorar questões que envolvam as seguintes temáticas e/ou<br />

disciplinas:<br />

a. Modelos de Negócio<br />

b. Ambientes Competitivos<br />

c. Decisão Estratégia<br />

d. Gestão Estratégica de Recursos<br />

e. Inovação<br />

Salienta-se que a decisão de não incluir a teoria no caso relatado, teve como<br />

pressuposto o entendimento de que o aluno <strong>ao</strong> qual se destina tem domínio das teorias e<br />

disciplinas que envolvem a narrativa. Além disso, este formato tende a ser mais desafiador, já<br />

que incita o aluno à reflexão dos aspectos organizacionais que ligam a teoria à prática.<br />

O desafio deste caso reside na identificação por parte do aluno das teorias implícitas<br />

em seu conteúdo, assim como a análise sobre sua aplicação dentro da realidade empresarial,<br />

identificando-as como alternativas reais para o sucesso organizacional.<br />

1.1 Alternativas para análise do caso<br />

É aconselhável que este caso seja objeto de uma leitura individual por parte do aluno<br />

previamente à aula, para melhor absorção de seu conteúdo. Durante a aula em que será<br />

exposto, sugere-se que seja discutido em pequenos grupos de alunos, por um período<br />

compreendido entre 40 a 50 minutos, após o qual o professor deverá iniciar uma discussão em<br />

sessão plenária, por um tempo não superior a uma hora. Em seguida e como finalização, o<br />

professor deverá fazer um fechamento das discussões, enfatizando e esclarecendo os pontos<br />

mais importantes, o que deverá ocorrer no tempo de 20 minutos, aproximadamente.<br />

2. Conceitos teóricos<br />

1. A "destruição criativa", conceituada em 1942, pelo economista Joseph<br />

Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, descreve o<br />

8


processo de transformação industrial que acompanha as inovações radicais. Na<br />

visão de Schumpeter sobre o capitalismo, a entrada inovativa feita pelos<br />

empreendedores foi a força que sustentou o crescimento da economia no longo<br />

prazo, inclusive destruindo o valor das empresas estabelecidas que gozem de<br />

algum poder monopolista.<br />

2. Chandler (1990; 1998) mostra que a formação dos grandes grupos empresariais<br />

americanos está baseada numa série de fatores-chave no processo de constituição e<br />

consolidação destes grupos. Esses fatores, em conjunto com uma série de<br />

estratégias de integração e diversificação, bem como de reestruturações<br />

organizacionais, proporcionaram a exploração de economias de escala e de escopo.<br />

Ao analisar a indústria brasileira, nota-se uma forte associação desses fatores com<br />

a formação dos grandes grupos empresariais brasileiros.<br />

3. Reve (1990) propõe uma reunião de três abordagens: abordagem contratual (firma<br />

como nexus de contratos), a abordagem de core competence, e a abordagem de<br />

posicionamento estratégico, para explicar a variedade de decisões estratégicas de<br />

expansão da empresa (integração vertical upstream e downstream, integração<br />

horizontal e diversificação). Fundamentalmente, o autor explora a natureza dessas<br />

estratégias a partir das características dos contratos (internos e externos à firma) e<br />

da eficiência econômica destas transações. Segundo o autor, o core estratégico da<br />

empresa é representado pelos ativos de alta especificidade e por ativos humanos<br />

específicos, de difícil quantificação. Normalmente a empresa opta por desenvolver<br />

internamente as atividades baseadas nestes ativos de alta especificidade, tendo em<br />

vista que geram vantagens tecnológicas, necessárias à realização dos seus objetivos<br />

estratégicos, além de evitar custos de transação oriundos de possíveis<br />

comportamentos oportunistas dos parceiros. Por sua vez, ativos de média<br />

especificidade, ou ativos complementares, em geral são obtidos através de alianças<br />

estratégicas. Além de reduzir os custos e os esforços na obtenção das competências<br />

necessárias, estas alianças podem proporcionar ganhos de escala e de escopo.<br />

4. Olleros e Mac<strong>Do</strong>nald (1988) defendem o conceito de parceria <strong>ao</strong> dizer que, na<br />

tentativa de penetração de mercado, a dificuldade de a empresa se contrapor às<br />

forças do ambiente competitivo torna preferível caminhar com essas forças a<br />

enfrentá-las. Muitas empresas, para acompanhar esta dinâmica, exploram alianças<br />

estratégicas onde uma ligação formal oferece uma vantagem potencial estratégica<br />

para ambas as empresas considerando-se a maior responsividade às mudanças do<br />

ambiente, os riscos menores em assumir uma nova tecnologia, e a alavancagem de<br />

recursos que podem ser mais bem direcionados. Olleros e Mac<strong>Do</strong>nald (1988)<br />

conceituam as alianças estratégicas como ativos de alta especificidade governados<br />

nos limites da empresa que então se comporta como integradora de componentes<br />

de elevado conteúdo tecnológico estabelecendo, assim, uma minimização dos<br />

riscos de desenvolvimento, evitando as descontinuidades tecnológicas que<br />

resultam em obsolescência, não apenas da planta industrial, mas também dos<br />

equipamentos, fornecedores, das habilidades organizacionais, experiência e<br />

cultura.<br />

5. Goldstein (2001) cunhou a terminologia "nexus de contatos" em lugar da familiar<br />

"nexus de contratos" para incluir as transações de integração de competências que<br />

não são contempladas através dos preços.<br />

9


6. Podemos analisar as estratégias tecnológicas adotadas pela empresa sob o conceito<br />

de regime tecnológico proposto por Malerba e Orsenigo (1993), com origem nos<br />

estudos de Nelson e Winter (1982, apud Malerba; Orsenigo, 1993), como uma<br />

combinação de: condições de oportunidade, condições de apropriabilidade, grau de<br />

cumulatividade do conhecimento tecnológico, e características relevantes da base<br />

de conhecimentos. As condições de apropriabilidade refletem as possibilidades de<br />

proteção das inovações quanto à imitação, e à extração de lucros das atividades<br />

inovativas, e o necessário grau de apropriabilidade. A <strong>Embraer</strong> evidencia esse<br />

círculo virtuoso dentro de seu desenvolvimento de produtos e no lucro gerado pela<br />

exportação desses produtos. Os três níveis de cumulatividade (tecnológico e<br />

individual, organizacional e <strong>ao</strong> nível da firma) propostos por Malerba e Orsenigo<br />

(1993) evidenciam-se na empresa por contínuas inovações no produto e no<br />

processo; pela nova área dedicada <strong>ao</strong>s testes. A base de conhecimento é<br />

considerada em duas dimensões: o grau de conhecimento tácito envolvido e o grau<br />

de complexidade com as inovações, exigindo a integração de diferentes<br />

tecnologias e a contribuição de diferentes competências que podem ser externas à<br />

empresa. A exploração destas dimensões da base de conhecimento fica<br />

evidenciada na <strong>Embraer</strong> pela própria especialização da mão de obra empregada,<br />

com treinamento em parte realizado pela universidade corporativa da empresa.<br />

7. Segundo Pavitt (1984), as atividades inovadoras são específicas em sua natureza e<br />

desenvolvimento cumulativo <strong>ao</strong> longo do tempo. São atividades altamente<br />

diferenciadas, mas as escolhas possíveis de desenvolvimento de novos produtos<br />

estão ligadas às tecnologias acumuladas. O autor alega que a inovação demanda<br />

uma contínua e intensiva colaboração entre profissionais e grupos de trabalhos<br />

especializados, organizados em divisões de produtos e departamentos funcionais,<br />

com algumas empresas inovadoras tendo dez mil ou mais funcionários.<br />

8. Segundo <strong>Do</strong>si e Teece (1993), Prahalad e Hamel (1990), Teece, Pisano e Shuen<br />

(1997), a sustentabilidade da vantagem competitiva de uma empresa depende de<br />

constantes reformulações no seu core competence, ou seja, a empresa deve sempre<br />

explorar suas capacidades dinâmicas.<br />

9. Segundo Penrose (1959), uma empresa diversifica suas atividades produtivas<br />

quando, sem abandonar inteiramente sua antiga linha de produtos, ela inicia a<br />

produção de novos produtos, incluindo produtos intermediários, através do<br />

aproveitamento dos recursos existentes. O recurso quando utilizado para<br />

propósitos diferentes, de forma diferente, e em combinação com diferentes tipos ou<br />

quantidades de outros recursos fornecem um serviço ou uma gama de serviços<br />

diferentes. Neste sentido, a diversificação pode ser feita na atual área de<br />

especialização da empresa ou pode resultar em sua entrada em novas áreas. A área<br />

de especialização é definida a partir da base tecnológica e a base de mercado da<br />

empresa, sendo a primeira relacionada <strong>ao</strong> conjunto de máquinas, processos,<br />

habilidades e matérias-primas, e a segunda relacionada <strong>ao</strong> público-alvo, isto é, <strong>ao</strong><br />

mercado consumidor. Neste sentido, a diversificação pode se dar a partir da<br />

exploração de novas tecnologias, com base no mesmo mercado, e vice-versa, ou<br />

seja, a empresa pode explorar distintos mercados a partir da mesma base<br />

tecnológica. Encontramos no caso da <strong>Embraer</strong>, na diversificação, uma resposta às<br />

oportunidades especificas ou condicionamentos do mercado e uma política geral<br />

10


de crescimento da empresa, que tem origem no pensamento de Penrose (1959). O<br />

desenvolvimento de eficientes técnicas para descentralização administrativa em<br />

tempos recentes e as oportunidades de aquisições e alianças propiciam um rápido<br />

crescimento das empresas com a diversificação, tornando-se uma prática das<br />

firmas sólidas, com um bom potencial gerencial de negócios.<br />

10. Hagedoorn (1994) defende que a internacionalização da empresa pode ser vista, no<br />

geral, como uma busca racional de maior poder de mercado e um crescimento da<br />

concentração industrial, bem como ser entendida em termos de uma reação<br />

corporativa à redução dos custos de transação por meio de um rearranjo das<br />

fronteiras verticais da firma. Para o autor, firmas globais e transnacionais<br />

desenvolvem uma complexa combinação entre fronteiras locais e não locais, com<br />

vantagens estratégicas e vantagens específicas do país para suas operações<br />

domésticas e no exterior, com uma extensiva aplicação de tecnologia de<br />

comunicações e informação.<br />

11. Porter (1998), quando aborda a influência do governo sobre condições de fatores,<br />

destaca que para vantagens competitivas mais sofisticadas e para competir nos<br />

segmentos mais avançados e em novas indústrias são necessários recursos<br />

humanos com conhecimentos e habilidades constantemente aprimorados sendo<br />

educação e treinamento decisivos na vantagem competitiva nacional.<br />

12. Porter (1998) enfatiza que a manutenção da vantagem competitiva a longo prazo é<br />

difícil, a menos que a maior parte dos sustentáculos da inovação existam<br />

internamente.<br />

13. Ayal e Zif (1979) classificam as estratégias de expansão do mercado em quatro<br />

categorias sendo uma delas uma estratégia global clássica de diversificação de país<br />

e concentração em um segmento, como no caso da <strong>Embraer</strong>. Seu apelo está em<br />

atingir maiores volumes a custos menores constituindo-se em uma vantagem<br />

competitiva invencível.<br />

14. Yoshino e Rangan, (1995) pontuam como parcerias estratégicas globais aquelas<br />

empreendidas como ligação entre empresas para consecução de uma meta em<br />

conjunto, apresentando três características: os participantes continuam<br />

independentes mesmo após a formação da aliança; os participantes compartilham<br />

os benefícios da aliança e o controle das tarefas a eles atribuídas; os participantes<br />

contribuem constantemente em áreas estratégicas chaves. Porter (1998) coloca<br />

como de maior êxito as alianças de caráter altamente específico como as<br />

empregadas por empresas lideres mundiais para acesso a um mercado ou domínio<br />

de uma tecnologia.<br />

15. O Plano Marshall, conhecimento como Programa de Recuperação Européia, foi<br />

encetado pelos Estados Unidos para reconstrução dos países aliados da Europa,<br />

após a Segunda Guerra Mundial. Foi um grande fomentador de desenvolvimento<br />

econômico para os países envolvidos, dentre eles Alemanha, França, Reino Unido,<br />

Dinamarca, Bélgica, Grécia, Holanda. O plano recebeu o nome do Secretário de<br />

Estado dos Estados Unidos, George Marshall.<br />

11


Fontes<br />

LUCCHESI, Cláudio. Líder mundial <strong>ao</strong>s 35. ASAS Revista de Cultura e História da<br />

Aviação, São <strong>Pau</strong>lo, ano IV, n.20, p.58-65, 2004.<br />

SEGALLA, Amauri. No coração da <strong>Embraer</strong>. Época em Negócios, São <strong>Pau</strong>lo, ano I, n.1,<br />

p.61-73, 2007<br />

Website da <strong>Embraer</strong>. Disponível em: Acesso em: 18 Jan. 2007.<br />

Referências<br />

Nota 13<br />

AYAL, I. & ZIF, J. Market expansion strategies in multinational marketing. Journal of<br />

Marketing, Spring, 1979 84-94.<br />

Nota 2<br />

CHANDLER, A. Ensaios para uma teoria histórica da grande empresa. Org. Thomas K.<br />

McCraw. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1998.<br />

CHANDLER, A. Scale and Scope: The Dynamics of Industrial Capitalism. Cambridge,<br />

Mass. Harvard University Press, 1990.<br />

Nota 8<br />

DOSI, G.; Teece, D. Organizational Competence and the Boundaries of the Firm, CCC<br />

Working Paper No. 93-11, University of California at Berkeley, CRM, 1993.<br />

Nota 5<br />

GOLDSTEIN, Andrea. From national champion to global player: Explaining the sucess of<br />

<strong>Embraer</strong>. Centre for Brazilian Studies Working Paper CBS-17-2001, University of<br />

Oxford, 2001.<br />

Nota 10<br />

HAGEDOORN, John. Internationalization of companies: the evolution of organizational<br />

complexity, flexibility and networks of innovation. Merit Research Memorandum 008,<br />

1994.<br />

Nota 15<br />

HOGAN, M.J., The Marshall Plan. London: Cambridge University Press, 1987<br />

Nota 6<br />

MALERBA, F.; ORSENIGO, C. Technological regimes and firm behavior. Industrial and<br />

Corporate Change, v.2, n.1, 1993.<br />

Nota 4<br />

OLLEROS, F.; MACDONALD, R.J. Strategic alliances: managing complementarity to<br />

capitalize on emerging technologies. Technovation, v.7, 1988.<br />

Nota7<br />

12


PAVITT, K. Sectoral patterns of technical change: toward a taxonomy and a theory.<br />

Research Policy, v.13, n.6, 1984.<br />

Nota 9<br />

PENROSE, E. The theory of the growth of the firm. Oxford: Basil Blackwell, 1959.<br />

Notas 11 e 12<br />

PORTER, M. A vantagem competitiva das nações. Editora Campus: Rio de Janeiro, 1998<br />

Nota 8<br />

PRAHALAD, C.K., HAMEL, Gary. The core competence of the corporation. Harvard<br />

Business Review, v.68, n.3, May-June 1990.<br />

Nota 3<br />

REVE, T. The Firm as a Nexus of Internal and External Contracts. In AOKI, Masahiko;<br />

GUSTAFSSON, Bo; WILLIAMSON, Oliver (ed) The firm as a Nexus of Treatis. London:<br />

Sage Publications, 1990.<br />

Nota 1<br />

SCHUMPETER, J. A..Capitalismo, socialismo e democracia. Rio de Janeiro: Fundo de<br />

Cultura, 1961<br />

Nota 8<br />

TEECE, D. J. Technological Change and The Nature of the Firm. In: DOSI, G. et al.<br />

Technical Change and Economic Theory. Londres: Pinter Publishers, 1988.<br />

TEECE, David; PISANO, Gary; SHUEN, Amy. Dynamic capabilities and strategic<br />

management. Strategic Management Journal. Vol. 18, Issue 7, p. 509-533, August 1997.<br />

Nota 14<br />

YOSHINO, M.A., RANGAN, U.S., Strategic alliances:na entrepreneurial approach to<br />

globalization. Boston: Harvard Business School Press, 1995<br />

Bibliografia<br />

GOMES, Josir S. O Método do <strong>Caso</strong> de Ensino aplicado à gestão de negócios. São <strong>Pau</strong>lo:<br />

Atlas, 2006.<br />

LEENDERS, M., ERSKINE, J. Case research: the case writing process. London, Ontário:<br />

University of. Western Ontario, 1989.<br />

MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. São<br />

<strong>Pau</strong>lo : Atlas, 2005.<br />

ROESCH, Sylvia M. A. Notas sobre a construção de casos para ensino. In: Enanpad, 30.,<br />

Salvador-BA, set./2006.<br />

13

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