Universidade Federal Fluminense - LabCEO
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<strong>Universidade</strong> <strong>Federal</strong> <strong>Fluminense</strong><br />
Núcleo de Competitividade, Estratégia e Organização – <strong>LabCEO</strong><br />
Especialização em Engenharia de Campo da Qualidade<br />
O SISTEMA DE GESTÃO INTEGRADO NO CONSÓRCIO GASVAP<br />
Trabalho de conclusão de curso apresentado à<br />
Coordenação da Especialização da <strong>Universidade</strong><br />
<strong>Federal</strong> <strong>Fluminense</strong> como parte dos requisitos<br />
para a obtenção do Título de Especialista em<br />
Qualidade.<br />
POR: ANDRÉIA ANTONUCCI LOPES<br />
ORIENTADOR: RUBEN GUTIERREZ<br />
Rio de Janeiro<br />
04/2009
Resumo<br />
Abstract<br />
Lista de Figuras<br />
Lista de Tabelas<br />
ÍNDICE<br />
1. O PROBLEMA ..................................................................................................7<br />
1.1 Introdução..............................................................................................7<br />
1.2 Formulação da Situação Problema ......................................................10<br />
1.3 Objetivo e delimitação do estudo .........................................................17<br />
1.4 Importância do estudo ..........................................................................18<br />
1.5 Questões de pesquisa .........................................................................20<br />
1.6 Organização do estudo ........................................................................21<br />
1.7 Metodologia do Estudo ........................................................................22<br />
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................23<br />
2.1. Tipos de implantação de SGI ..............................................................23<br />
2.2 Norma referência do Sistema de Gestão Integrado: PAS 99:2006.......26<br />
2.3 E quanto a Responsabilidade Social? ..................................................28<br />
2.4 Requisitos de um Sistema de Gestão ..................................................42<br />
2.5 Vantagens e desvantagens da integração dos sistemas de gestão......51<br />
1
3. ESTUDO DE CASO ...........................................................................................54<br />
4. CONCLUSÃO ....................................................................................................67<br />
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................71<br />
2
Resumo<br />
A evolução verificada nos últimos anos a todos os níveis nas economias<br />
desenvolvidas tem conduzido a uma abordagem de gestão que, partindo de um<br />
conhecimento cada vez mais interessado e rigoroso de cada uma das vertentes de<br />
gestão individualmente consideradas - qualidade, ambiente, responsabilidade<br />
social, segurança e saúde no trabalho - apresenta uma crescente tendência<br />
integradora das mesmas. Esta perspectiva, embora recente, está ganhando a<br />
adesão de cada vez mais organizações. Porém, se comparadas às poucas<br />
desvantagens em relação aos inúmeros benefícios de um Sistema de Gestão<br />
Integrado, é possível afirmar que as companhias estão escolhendo o caminho da<br />
integração muito lentamente. São algumas das vantagens a redução dos custos<br />
com pessoal, material, instalações, treinamento, auditorias, certificações e com a<br />
implementação dos sistemas. Além dessas, outras são as vantagens de um<br />
Sistema de Gestão Integrado, como por exemplo, eliminação de redundâncias,<br />
simplificação da documentação e redução da burocracia (papelada), e a melhoria<br />
na efetividade e na eficiência do negócio. Nesse estudo podemos perceber que no<br />
consórcio GASVAP, a pedido do cliente, o modelo utilizado é o Sistema Integrado<br />
de Gestão de QSMS-RS. Avaliando os resultados, podemos afirmar que sua<br />
implantação foi benéfica para o consórcio. Sendo assim, este um modelo de<br />
sucesso da integração dos sistemas.<br />
Palavras-chaves: Sistema de Gestão, Integração, Qualidade, Segurança,<br />
Meio Ambiente, Saúde e Responsabilidade Social.<br />
3
Abstract<br />
Now a days the development at all levels in developed economies has led to<br />
a management approach that, from a knowledge increasingly concerned and<br />
rigorous of each individual as part of management - quality, environment, social<br />
responsibility, safety and health at work - shows a growing trend of integrating<br />
them. This approach is gaining the support of more organizations. However, if you<br />
compare between the few drawbacks and the so many benefits of an Integrated<br />
Management System, you can say that companies are choosing the path of<br />
integration very slowly. Some of the advantages are: reduction of the costs of<br />
personnel, equipment, training, audits, certification and the implementation of<br />
systems. Besides these, others are the advantages of an integrated management<br />
systems, as elimination of duplication, simplification of documentation and<br />
reduction of bureaucracy (paperwork), and improving the effectiveness and<br />
efficiency of the business. In the consortium called GASVAP, because of a request<br />
of the customer, the model applied is the Integrated Management QSMS-RS.<br />
Evaluating the results, we can say that their deployment was beneficial to the<br />
consortium. So this is a model of successful integration of systems.<br />
Keywords: Management System, Integration, Quality, Safety, Environment,<br />
Health and Social Responsibility.<br />
4
Lista de Figuras<br />
Figura 1- ...........................................................................................................................27<br />
Figura 2 - Modelo de sistema de gestão integrada, considerando os princípios do<br />
desenvolvimento Sustentável ...........................................................................................29<br />
Figura 3 – A Evolução temporal dos sistemas de gestão.................................................35<br />
Figura 4 – Ciclo PDCA......................................................................................................37<br />
Figura 5 – Modelo de Sistema de Gestão Integrado.........................................................50<br />
Figura 6 – Pirâmide da documentação.............................................................................58<br />
Figura 7 – Macroestrutura e Organização do Consórcio GASVAP .................................61<br />
Figura 8 - Utilizando recursos do PMBOK.......................................................................63<br />
5
Lista de Tabelas<br />
Tabela 1 – SGI ..................................................................................................................45<br />
Tabela 2 - Dimensionamento do QSMSRS do Consórcio GASVAP...............................62<br />
6
1. O PROBLEMA<br />
1.1. Introdução<br />
Com a globalização os países têm buscado o fortalecimento de sua<br />
economia. Como conseqüência desse quadro formam-se blocos de interesse<br />
como a UE (Comunidade Européia), o MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) e a<br />
ALCA (Área Livre de Comércio das Américas). Aliado a esse advento da<br />
globalização, o desenvolvimento tecnológico acelerado das duas últimas décadas<br />
tem provocado transformações significativas na maneira de se realizar negócios.<br />
O surgimento de novas tecnologias está mudando a maneira de trabalhar e de<br />
perceber o ambiente. Na medida em que essas novas tecnologias se popularizam,<br />
cresce o acesso às informações, que trazem subsídios para uma tomada de<br />
decisão mais rápida e mais eficaz.<br />
O posicionamento competitivo de uma empresa tem como base<br />
fundamental a avaliação do ambiente de negócios do qual ela participa. Dessa<br />
forma, cabe a ela analisar constantemente as condições do ambiente externo e<br />
interno, rever sua posição no mercado e elaborar estratégias que possam gerar<br />
retorno. Com essa nova realidade, novas fronteiras de investimento estão abertas,<br />
e têm-se novos mercados de consumo, tornando a concorrência cada vez mais<br />
efetiva, exigindo que as empresas se preparem para enfrentar e assumir novos<br />
desafios. Por mais estáveis que determinadas empresas possam parecer, há<br />
sempre a possibilidade de surgirem novos competidores dispostos a realizar<br />
investimentos e entrar no mercado, assim como competidores dispostos a investir<br />
em produtos substitutos para competir pelos clientes.<br />
Por esse motivo, as empresas precisam, cada dia mais, acompanhar essas<br />
transformações, antecipando-se onde possível, no conhecimento das tendências<br />
de comportamento dos concorrentes, dos clientes, dos fornecedores, dos<br />
empregados, da comunidade e dos demais envolvidos no seu ambiente de<br />
negócios, para, com isso, elaborar ou reformular de sua estratégia competitiva. O<br />
7
desenvolvimento tecnológico não propiciou apenas o desenvolvimento do<br />
processo econômico e produtivo mundial, mas permitiu também a criação de<br />
novas ferramentas de negócios para as empresas.<br />
Esse novo cenário, onde uma das principais características e propostas é a<br />
livre concorrência, tem conduzido as empresas a voltar sua atenção para novas<br />
questões: Os aspectos custo e qualidade, aliados a uma maior consciência<br />
ecológica, de segurança e de responsabilidade social, geraram um novo conceito<br />
de qualidade, orientada também para a qualidade de vida.<br />
Assim, devido às demandas externas, as organizações têm atentado de<br />
forma mais concreta para os aspectos que envolvem a satisfação dos clientes, a<br />
qualidade dos produtos materiais ou serviços, a proteção do meio ambiente e os<br />
aspectos sociais, inclusive os que abrangem a saúde e a segurança de seus<br />
trabalhadores e colaboradores. Ou seja, a realidade presente e, com certeza, a<br />
futura, é a de crescente e irreversível conscientização da sociedade, das<br />
necessidades em relação às questões ambientais, de saúde, de segurança do<br />
trabalho e de responsabilidade social empresarial.<br />
Cabe ressaltar que tais demandas alcançam importância estratégica na<br />
organização, pois geram barreiras comerciais “não-tarifárias” junto a determinados<br />
mercados. Estas barreiras produzem dificuldades do produto alcançar tais<br />
mercados em decorrência da não observância, pela empresa fabricante, de<br />
requisitos mínimos quanto às áreas ambientais, de saúde, de segurança do<br />
trabalho e de responsabilidade social.<br />
Nesse contexto, o mercado passou a exigir que os produtos e serviços<br />
tragam consigo o comprometimento das empresas responsáveis em atender aos<br />
padrões das normas internacionais de qualidade, sustentabilidade ambiental e<br />
proteção à integridade física, saúde de seus trabalhadores e de responsabilidade<br />
social. Desta forma, o gerenciamento desses padrões, passou a ser o<br />
gerenciamento da própria viabilidade e sobrevivência do empreendimento.<br />
O acesso à informação e ao conhecimento altera valores e ideologias,<br />
antes pouco explorados. Entre eles está a mudança de paradigmas com relação<br />
8
ao uso de recursos naturais não renováveis, preservação do meio ambiente,<br />
relações de trabalho, saúde e segurança no trabalho, ética empresarial, proteção<br />
aos direitos do consumidor, igualdade de oportunidades, etc. Os novos<br />
paradigmas da sociedade moderna, seja por intermédio de consumidores,<br />
trabalhadores, governo ou da mídia, têm sido transmitidos às empresas, que se<br />
sentem de certa forma pressionadas a incorporar os novos valores e ideologias a<br />
seus procedimentos organizacionais.<br />
Assim, ou por questões tecnológicas, de concorrência, de qualidade, de<br />
custo, de desempenho ou sociais, as empresas precisam enfrentar o atual cenário<br />
munidas de estratégias bem elaboradas, constantemente reavaliadas para que<br />
seu posicionamento na indústria possa lhe trazer competitividade suficiente para<br />
assegurar a continuidade de suas operações, o retorno sobre os investimentos e o<br />
lucro.<br />
Outro fator que influencia incisivamente nesta questão é a atuação dos<br />
órgãos normativos e fiscalizadores, nas esferas municipal, estadual e federal. Para<br />
os aspectos – “proteção ao meio ambiente” e “saúde e segurança do trabalho” –<br />
tais órgãos determinam, sob pena de aplicação de multas e sanções, que as<br />
empresas tenham uma atitude que também contribua para a adequada gestão dos<br />
problemas. As questões relativas à responsabilidade social, meio ambiente, saúde<br />
e segurança do trabalho são encaradas de forma diferente da maioria dos outros<br />
processos relacionados aos negócios da empresa por duas razões: são<br />
associadas a regulamentos legais, podendo resultar em sanções financeiras caso<br />
as normas não sejam cumpridas e, simultaneamente, são consideradas como uma<br />
operação “extra” que não agregam valor ao produto da empresa.<br />
Devemos ressaltar que, além do conjunto de leis e normas que rege tais<br />
assuntos, há também a tendência dos órgãos governamentais de tornar<br />
obrigatória, por meio de diplomas legais, a aplicação de dispositivos, até o<br />
momento considerados como voluntários, como as auditorias, rotulagens e<br />
certificações. Por tudo descrito, uma ferramenta que pode ser útil para o<br />
9
direcionamento e solução de diversos tipos de problemas é a implementação dos<br />
denominados sistemas de gestão.<br />
Os objetivos básicos do sistema de gestão são o de aumentar<br />
constantemente o valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços<br />
oferecidos, o sucesso no segmento de mercado ocupado (através da melhoria<br />
contínua dos resultados operacionais), a satisfação dos funcionários com a<br />
organização e da própria sociedade com a contribuição social da empresa e o<br />
respeito ao meio ambiente.<br />
1.2. Formulação da Situação Problema<br />
A partir, principalmente, do início da década de 80, tem-se aprendido e<br />
praticado modelos de gestão de qualidade, para implementação de políticas e<br />
procedimentos que possam melhor controlar os processos de produção e a<br />
qualidade do produto final, de forma a se obter melhores resultados para a<br />
empresa.<br />
Com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio<br />
Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992, o panorama<br />
mundial começou a se voltar também para o aspecto ambiental. Essa conferência<br />
contribuiu para consolidar o conceito de desenvolvimento sustentável. Os novos<br />
valores e ideologias advindas principalmente da disseminação da informação por<br />
todo o mundo, começavam a formar uma consciência ecológica, frente ao cenário<br />
de poluição e degradação ambiental que marcava a atividade industrial da época.<br />
Alguns desastres ambientais tiveram repercussões mundiais e mostraram o<br />
quanto era limitado o tratamento dado ao assunto meio ambiente.<br />
A partir disso, temas como o aquecimento do planeta, destruição da<br />
camada de ozônio, chuva ácida, acidentes nucleares e depredação dos recursos<br />
naturais não renováveis passaram a ser tratados como estratégicos para o planeta<br />
e, assim, começaram a se tornar parte das políticas das nações por todo o mundo.<br />
10
Com a implementação dessas políticas, que contavam com um respaldo social<br />
cada vez maior, as empresas passaram a considerar em suas estratégicas, a<br />
gestão ambiental, além da já conhecida gestão de qualidade.<br />
Vale lembrar que, em novembro de 2004, foi lançada a ISO 14001:2004,<br />
que substituiu a versão anterior, de 1996, clarificando alguns pontos e conceitos<br />
do texto e alinhando esta norma com a ISO 9001:2000, facilitando, desta forma a<br />
integração dos sistemas de gestão de qualidade e de meio ambiente.<br />
Em seguida outra questão que passou a ser abordada com interesse pelas<br />
organizações foi a questão da segurança e da saúde no trabalho. Vários são os<br />
fatores que contribuem para que as empresas montem sistemas de gestão nessa<br />
área e realizem investimentos que contemplem a preservação, a integridade física<br />
e a saúde dos empregados. Entre eles, pode-se citar: a necessidade de<br />
atendimento da Legislação Trabalhista, a redução dos custos da empresa<br />
causados pelos acidentes do trabalho e a preservação da imagem da empresa. A<br />
questão da segurança e saúde ocupacional está intimamente ligada às condições<br />
de trabalho, à qualidade do trabalho e a condição de vida do empregado. Assim<br />
ela passa a ser gerida, como forma de agregar valor ao produto.<br />
A implantação de um sistema de gestão eficiente que contemple a Saúde e<br />
a Segurança pode não fazer com que a empresa atinja imediatamente bons níveis<br />
quanto aos riscos a que os trabalhadores estarão expostos mas, a longo prazo,<br />
influenciará nessa obtenção. Contudo, a simples adoção desse sistema produz<br />
uma melhor imagem da organização diante das partes interessadas.<br />
E, além do aspecto institucional relativo à imagem da organização, e do<br />
aspecto do risco relativo à gravidade e freqüência dos acidentes, com a<br />
implantação desse sistema de gestão, benefícios podem ser auferidos, do ponto<br />
de vista financeiro, com a redução de passivos trabalhistas decorrentes de<br />
processos oriundos de acidentes e doenças relacionados ao trabalho.<br />
A diretriz atualmente adotada para as questões de Segurança e Saúde do<br />
Trabalho é a OHSAS 18001 – Occupational, Health and Safety Assessment<br />
Series, cujo significado é Especificação para Sistemas de Gestão de Saúde<br />
11
Ocupacional e Segurança. Essa referência foi elaborada com base na norma<br />
inglesa BS 8800:1996 e em outros documentos de diversas entidades nacionais<br />
de normalização e certificadoras. Possui a vantagem de, como no caso da ISO<br />
14001, ser compatível quanto à seqüência de procedimentos, à ISO 9001.<br />
A OHSAS 18001 não é uma norma nacional nem internacional, mas sim<br />
uma especificação que objetiva prover às organizações os elementos de um<br />
Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho eficaz, auxiliando na<br />
integração das metas da segurança ocupacional, de forma integrada com outros<br />
requisitos de gestão.<br />
Observa-se que a ISO 9001 (Qualidade), ISO 14001 (Meio Ambiente) e<br />
OHSAS 18001 (Saúde e Segurança do Trabalho) possuem a mesma base. As três<br />
fundamentam-se no princípio da melhoria contínua e no ciclo PDCA (Plan – Do –<br />
Check – Act).<br />
Mais recentemente a responsabilidade social passou a ser encarada como<br />
um diferencial competitivo para as empresas. O desenvolvimento do conceito de<br />
responsabilidade social acompanhou a própria evolução dos numerosos<br />
programas de responsabilidade social estabelecidos pelas empresas, isto é, a<br />
experiência dos anos passados demonstra que a sensibilidade para os problemas<br />
sociais foi institucionalizada. Essa concepção confirma a tese de que a<br />
responsabilidade social se tem caracterizado por pressões para tornar as<br />
empresas mais solidárias com problemas da sociedade.<br />
Há algum tempo, quando o tema Qualidade era apresentado nos anúncios<br />
como um superlativo de determinados produtos ou marcas, entendíamos como<br />
sendo uma exceção dentre os demais. Longe de ser mais um modismo, mas sim<br />
necessidade, tornou-se tendência e atualmente é obrigação. Hoje, não possuir<br />
Qualidade, tornou-se exceção.<br />
Responsabilidade Social também não se trata de modismo. Assim como a<br />
Gestão da Qualidade era, inicialmente, um diferencial entre as empresas que a<br />
possuíam e agora ela é essencial, assim deve ser com a Gestão da<br />
Responsabilidade Social: hoje é um “diferencial”, brevemente será essencial.<br />
12
Faz algumas décadas, as empresas passaram a entender que o grande<br />
diferencial competitivo eram os seus: talentos humanos e capital intelectual;<br />
denominações dadas às pessoas que contribuem com seus conhecimentos para a<br />
organização onde trabalham.<br />
O que podemos observar é que essas empresas iniciaram, de certa forma,<br />
o processo embrionário de mudança de cultura, valores e ética.<br />
O termo Responsabilidade Social muitas vezes é mal compreendido e<br />
confundido com Ação Social. Ação social ou filantropia é uma atitude que causa<br />
impacto momentâneo, como, por exemplo, a maioria das doações (comida, roupa,<br />
brinquedos). Já a Responsabilidade Social é uma ação bem mais ampla e<br />
abrangente, para o futuro, tal como desenvolvimento de programas, quer sejam<br />
educacionais, em prol da cultura, da saúde da comunidade, ou outras atuações<br />
que possam ter resultados mais duradouros. A ação da Responsabilidade Social<br />
indica uma evolução.<br />
Ação social ou filantropia são ações promovidas por empresas ou pessoas<br />
muito bem intencionadas que buscam aliviar necessidades imediatas e até<br />
sofrimentos de muitas pessoas. Estas ações são muito importantes para quem as<br />
recebe ao darem-lhes um novo alento diminuindo, mesmo que temporariamente, a<br />
fome, o frio e a dor – e são muito bem vistas por todos nós. A ação voltada à<br />
Responsabilidade Social tem outro pano de fundo, bem distinto. A<br />
Responsabilidade Social não se prende ao presente, vai além: transforma para<br />
melhor o futuro de quem a recebe.<br />
Não se trata de hierarquizar importância – tanto a filantropia como as ações<br />
voltadas à Responsabilidade Social são extremamente importantes para os que<br />
delas necessitam: a primeira porque lhes dá a sobrevivência no dia de hoje, e a<br />
segunda porque lhes oferece a oportunidade de evoluírem futuramente<br />
alcançando uma melhor dignidade como seres humanos – mas é necessário<br />
deixar muito claro que empresas voltadas à filantropia não podem, por este<br />
motivo, autodenominarem-se empresas socialmente responsáveis.<br />
13
Para a empresa socialmente responsável as prioridades são tanto para os<br />
funcionários como para fornecedores, clientes e comunidade. E para o<br />
convencimento de que uma empresa é realmente responsável socialmente<br />
existem as certificações NBR 16001 e a SA 8000.<br />
A diferença entre elas é que a SA 8000 é uma certificação de caráter<br />
multinacional lançada em 1997 pela SAI (Social Accountability International) com<br />
conceitos muito fortes de proteção à criança, ao trabalhador em regime semi-<br />
escravo, à saúde, segurança e discriminação. A NBR 16001 é uma norma da<br />
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) lançada em 2004 que, além de<br />
conter esses critérios, é mais sistêmica e bem planejada, que se preocupa mais<br />
com que a empresa crie um sistema de gestão de responsabilidade social eficaz.<br />
E com a finalidade de se criar uma norma com referência mundial como a NBR<br />
16001, em breve será lançada a série ISO 26000, que abrangerá o conceito das<br />
normas SA e NBR de forma aprimorada.<br />
Contudo, é significante perceber que as decisões empresariais têm<br />
conseqüências sociais, estando relacionadas com o sistema social global, elas<br />
não podem ser tomadas com base unicamente em fatores econômicos. A tomada<br />
de decisão deve obrigatoriamente se guiar por ações que também protejam os<br />
interesses da sociedade. Como as empresas, no desempenho de sua missão, se<br />
utilizam de um grande volume de recursos da sociedade, em contrapartida espera-<br />
se que elas utilizem esses recursos em favor dessa sociedade. A longo prazo,<br />
quem não usa o poder de uma maneira que a sociedade considera responsável<br />
tenderá a perder esse poder.<br />
Embora as instituições empresariais não tenham uma responsabilidade<br />
primária na solução de determinados problemas sociais, devem na medida do<br />
possível, prestar assistência à solução. A empresa tem obrigação de reconhecer<br />
os problemas sociais e contribuir ativamente para saná-los. Como qualquer<br />
cidadão, ela se beneficiará de uma sociedade melhor.<br />
É importante destacar que existem também outras diretrizes norteadoras,<br />
apesar de não terem destaque neste estudo, como, por exemplo, a norma ISO<br />
14
27001 que é referência da implantação de processos de gestão de segurança da<br />
informação, e que também segue os padrões da outras normas ISO citadas<br />
anteriormente, e da OSHAS 18001.<br />
Dessa forma, o posicionamento estratégico das empresas, atualmente,<br />
depende de muitas outras variáveis, inexistentes ou consideradas de pouca<br />
importância no passado. O desenvolvimento tecnológico e a difusão da<br />
informação mudaram a maneira de se posicionar para a competição. É preciso<br />
estar munido de um sistema de gestão eficiente, que procure o desenvolvimento<br />
sustentável, que aborde, tanto os fatores tradicionais, como custo, produtividade,<br />
assistência técnica e qualidade, quanto os novos fatores de desempenho<br />
ambiental, de saúde do empregado e de atenção para com a comunidade,<br />
surgidos dos novos valores e ideologias.<br />
Com a necessidade de melhorar o gerenciamento e a fim de adequar as<br />
empresas ao cenário global, onde questões de competitividade, ambientais e<br />
sociais têm afetado significativamente a maneira de agir das empresas, foram<br />
criadas normas e especificações, que devem ser implementadas com fins<br />
específicos de proporcionarem a melhoria da produtividade, bem como a<br />
preservação do meio ambiente, da saúde e segurança do trabalhador na empresa,<br />
e da vida e “rotina” das pessoas do entorno. Dessa forma se faz necessário<br />
buscar uma unificação dos sistemas de gestão a fim de permitir um processo de<br />
tomada de decisões mais claro e eficiente, desenvolvendo, assim, de um sistema<br />
de gestão integrado, transparente e consistente.<br />
Um Sistema de Gestão é conceituado como o conjunto de pessoal,<br />
recursos e procedimentos, dentro de qualquer nível de complexidade, cujos<br />
componentes associados interagem de uma maneira organizada para realizar uma<br />
tarefa específica e atingem ou mantém um dado resultado. Ou seja, o Sistema de<br />
Gestão é o conjunto de normas de procedimentos e de meios humanos e<br />
automáticos que aplicam métodos capazes de permitir a condução da empresa na<br />
rota dos objetivos fixados.<br />
15
O surgimento da preocupação de qual é a melhor forma de gerenciamento<br />
das empresas para se obter uma vantagem competitiva, o aparecimento de<br />
diversos modelos de sistemas de gestão implantados pelas organizações e a<br />
crescente pressão nas empresas para produzir mais com menos recursos, tem<br />
levado várias delas a ver a integração de seus sistemas de gestão como uma<br />
excelente oportunidade para reduzir custos, tempo e papéis desnecessários para<br />
manutenção desses sistemas separados.<br />
E a integração apresenta-se como sendo a combinação de elementos<br />
comuns ou inter-relacionados dos sistemas de gestão, para melhorar a efetividade<br />
do processo de gerenciamento geral. A integração desses sistemas de<br />
gerenciamento proporciona uma visão geral do negócio, que se estruturado de<br />
forma a permitir um bom relacionamento com as partes interessadas, usando suas<br />
percepções como entrada do processo de gestão, pode permitir tomadas de<br />
decisão mais rápidas e mais eficientes. A integração é interessante por apresentar<br />
mais propósitos atendidos com um menor número de elementos.<br />
Atualmente, com a grande variedade de padrões inundando as<br />
organizações, se faz necessário uma unificação dos mesmos de forma viável. As<br />
organizações querem integrar seus padrões porque a qualidade de seus produtos<br />
e serviços pode ser melhorada quando todos os sistemas da organização forem<br />
eficientes e focados no mesmo objetivo. Quando existe uma coleção de sistemas<br />
ou padrões de diferentes áreas, a eficiência é comprometida e problemas<br />
freqüentemente ocorrem. A melhor maneira de eliminar a confusão em potencial é<br />
implantando e mantendo um sistema integrado.<br />
Assim, podemos definir um Sistema Integrado de Gestão como o conjunto<br />
de elementos relacionados entre si (processos, procedimentos e práticas) que<br />
devem ser implementados para assegurar a uma organização o estabelecimento<br />
de políticas, seu desdobramento em objetivos e para permitir que estes objetivos<br />
sejam atingidos de forma mais eficiente do que quando há diversos sistemas<br />
individuais sobrepondo-se.<br />
16
1.3. Objetivo e delimitação do estudo<br />
Este Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de Especialização em<br />
Engenharia da Qualidade de Campo em Construção e Montagem pertencente ao<br />
Plano de Qualificação Profissional (PROMINP-UFF) busca, através de um estudo<br />
de caso, relatar a implementação de um modelo de gestão integrada no<br />
CONSÓRCIO GASVAP (parceria das empresas Construtora Norberto Odebrecht,<br />
Promon e UTC Engenharia) responsável por atividades de suprimentos de<br />
materiais e equipamentos, construção e montagem, pré-comissionamento, apoio<br />
ao comissionamento, pré-operação, partida e operação assistida, das unidades de<br />
hidrodessulfurização de nafta craqueada, subestação e interligações da REVAP<br />
(Refinaria Henrique Laje).<br />
Contratualmente definiu-se que o Sistema de Gestão utilizado para o<br />
consórcio seria o integrado, e este deveria seguir, além dos requisitos legais<br />
federais, estaduais e municipais, as diretrizes contratuais de QSMSRS<br />
especificadas no anexo 2 do contrato assinado com o cliente Petrobrás.<br />
Considerando também que o consórcio é uma parceria de três empresas, todas<br />
com sistemas de gestão independentes, verificou-se a necessidade de uma<br />
integração bi-direcional: entre os Sistemas de Gestão dos setores de Qualidade,<br />
Segurança, Saúde, Meio ambiente e Responsabilidade Social, e entre os<br />
Sistemas de Gestão das empresas.<br />
Logo, com este estudo procuraremos identificar os benefícios e malefícios<br />
da integração dos Sistemas de Qualidade, Segurança e Saúde, Meio Ambiente e<br />
Responsabilidade Social. E, além disso, determinar quais são os maiores<br />
obstáculos para essa integração.<br />
17
1.4. Importância do estudo<br />
Geralmente, as normas ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 e SA 8000<br />
têm sido utilizadas por empresas de grande porte. Isso se deve ao fato de que tais<br />
empresas possuem disponibilidade de recursos financeiros e humanos para<br />
investimentos na implantação de sistemas de gestão “certificáveis” por tais normas<br />
e diretrizes. Contudo, esse não é um “privilégio” de todos os negócios, como as<br />
empresas de pequeno e médio porte (PMEs), cujas características básicas são<br />
marcadas por falta de recursos financeiros e humanos inibindo, a priori, a<br />
implantação de sistemas de gestão conforme as diretrizes seguidas pelo mercado.<br />
É o que argumenta Fresner (2004), quando afirma que muitas das<br />
dificuldades para implementação de ações ambientais em empresas de pequeno e<br />
médio porte se devem à carência de recursos financeiros e disponibilidade de<br />
tempo. Isso acontece por causa da estrutura de pequenas empresas, cujas<br />
atividades principais estão sob a responsabilidade direta do proprietário. Ele ainda<br />
relaciona outras dificuldades para que as PMEs adotem os sistemas de gestão:<br />
carência de recursos humanos (qualificação dos profissionais); falhas de<br />
planejamento (resultados após a certificação não satisfizeram as expectativas<br />
iniciais da empresa); indisponibilidade de tempo para que o(s) responsável(eis)<br />
pelos sistemas de gestão se dediquem à implementação e manutenção do<br />
mesmo.<br />
Há que se considerar, portanto, a necessidade de elaboração de propostas<br />
metodológicas que visem a implementação de sistemas de qualidade, gestão<br />
ambiental, de saúde e segurança do trabalho, e de responsabilidade social, em<br />
empresas de pequeno e médio porte, conferindo-lhes a oportunidade de se<br />
alinharem neste processo.<br />
Em geral, com a crescente pressão nas empresas para se fazer mais com<br />
menos, várias delas estão vendo a integração dos sistemas de gestão como uma<br />
excelente oportunidade para reduzir custos pois percebeu-se que o<br />
desenvolvimento e manutenção de sistemas separados acarretam gastos<br />
desnecessários.<br />
18
Hoje em dia está cada vez mais difícil e dispendioso manter 3 ou 4<br />
sistemas separados (Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde do Trabalho,<br />
e Responsabilidade Social), tanto para uma empresa com poucos funcionários<br />
como para uma grande multinacional. Além disso, está ficando cada vez mais<br />
evidente que não faz muito sentido ter procedimentos similares para os processos<br />
de planejamento, treinamento, controle de documentos e dados, aquisição,<br />
auditorias internas, análise crítica, etc.<br />
Unificar os diversos Sistemas de Gerenciamento é uma forma de facilitar a<br />
operação e reduzir os custos de gestão. Um sistema unificado possibilita reduzir o<br />
número de auditorias, a burocracia e as gerências que passariam de três para<br />
uma única. Independente do tamanho ou tipo de empresa, a unificação permite a<br />
redução dos custos, a melhoria da performance e o aumento da competitividade<br />
da empresa.<br />
Múltiplos sistemas de gestão são ineficientes e difíceis de administrar,<br />
ficando, assim, difícil de obter o efetivo envolvimento das pessoas. Portanto é<br />
muito mais simples obter a cooperação dos funcionários para um único sistema do<br />
que para três sistemas independentes. Esse fato proporciona as organizações a<br />
atingir melhores níveis de desempenho a um custo global muito menor. A empresa<br />
deverá ter uma política clara e sincera de treinamentos, pois é impossível<br />
desenvolver o homem somente com conceitos técnicos, sua evolução deverá ser<br />
integral, ou seja, a empresa deverá estar madura e preparada para esse desafio<br />
com pensamentos alinhados e transparentes com toda a organização.<br />
A integração dos sistemas de gestão pode abranger diversos temas, tais<br />
como: qualidade, meio ambiente, segurança e saúde ocupacional, recursos<br />
humanos, controle financeiro, responsabilidade social, dentre outros. As<br />
integrações mais freqüentes são as dos Sistemas de Segurança e Saúde do<br />
trabalho com o Meio Ambiente, em seguida incorpora nessa integração a<br />
Qualidade e por fim a Responsabilidade Social. Essas são as integrações mais<br />
freqüentes mais não as únicas.<br />
19
O Sistema de Gestão Integrado permite ter um sistema único e<br />
simplificado, focar continuamente na melhoria do desempenho, além de otimizar a<br />
utilização dos recursos disponíveis e unificar documentos para um mesmo<br />
procedimento. E também ajuda a alinhar de forma concisa a qualidade, meio<br />
ambiente, segurança, saúde e responsabilidade social aos objetivos dos negócios<br />
da empresa.<br />
Além disso, o Sistema de Gestão Integrado permite uma padronização<br />
dentro da empresa, possibilitando um repertório comum, em atribuições,<br />
competências e responsabilidades e que um novo valor cultural seja incorporado.<br />
Muitas empresas em todo mundo estão descobrindo que seus sistemas de<br />
qualidade também podem ser mais eficazes utilizando as questões relativas às do<br />
meio ambiente, às de saúde e segurança do trabalho, e às de responsabilidade<br />
social.<br />
Sendo assim, as grandes sobreviventes devem ser, antes de tudo, aquelas<br />
organizações cujos sócios, executivos e gestores reconheceram e<br />
compreenderam as verdadeiras essências das mudanças causadas pelos atuais<br />
desequilíbrios ambientais, sociais e econômicos, e consideraram de forma<br />
equilibrada tais essências como parte de seus princípios, valores, missão,<br />
estratégia, estruturas, e práticas, desempenhando as responsabilidades ambiental<br />
e social, incluindo a ocupacional.<br />
1.5. Questões de pesquisa:<br />
São questões que esclarecem o tema, e elucidam a situação-problema, as<br />
pontuadas a seguir:<br />
Como e por que se deu o início dessa integração?<br />
Foi feita uma integração total dos sistemas de gestão de QSMS-RS?<br />
Quais as dificuldades encontradas?<br />
20
Integrado?<br />
Quais as vantagens na integração dos sistemas?<br />
Qual o "papel" da Responsabilidade Social no Sistema de Gestão<br />
1.6. Organização do estudo<br />
O projeto de pesquisa em questão foi desenvolvido através de um estudo<br />
de caso no consórcio GASVAP situado na Refinaria Henrique Lage em São José<br />
dos Campos, São Paulo. Ele é dividido em quatro capítulos: o problema, a<br />
fundamentação teórica, o estudo de caso e a conclusão.<br />
Pretendendo delimitar o escopo do problema e especificar o objetivo do<br />
presente estudo, o primeiro capítulo traz uma introdução onde se faz uma<br />
exposição do cenário comercial, nacional e internacional, e se pontuam algumas<br />
exigências percebidas nesse cenário. Traz também a formulação da situação<br />
problema, delimita o estudo e pontua as questões de maior relevância para serem<br />
respondidas.<br />
O segundo capítulo é a fundamentação teórica onde se faz um apanhado<br />
do conhecimento atual dentro da área de estudo e já se começa a desenhar um<br />
roteiro-modelo de integração dos sistemas.<br />
As informações relativas ao estudo de caso desenham o terceiro capítulo.<br />
Nesse capítulo são descritas e analisadas as práticas da empresa, e são<br />
respondidas algumas questões fundamentais para se entender o desempenho do<br />
caso em estudo.<br />
E por fim, o estudo é concluído com o quarto capítulo que traz as<br />
considerações finais e faz um fechamento do estudo, mostrando os benefícios e<br />
malefícios da integração dos Sistemas de Gestão, os problemas encontrados<br />
durante a implementação de um Sistema de Gestão Integrado, e fazendo<br />
considerações sobre as tendências e possíveis mudanças futuras.<br />
21
1.7. Metodologia do Estudo<br />
A pesquisa em questão é básica ao reunir informações úteis para melhor<br />
conhecimento do assunto e tem uma metodologia exploratória na medida em que<br />
seus procedimentos técnicos são pesquisa bibliográfica e documental,<br />
levantamento de opiniões pessoais e estudo de caso. Em virtude da natureza das<br />
questões formuladas e do objetivo, esta pesquisa possui também metodologia<br />
explicativa quando se propõe a identificar os fatores que contribuem para a<br />
necessidade do fenômeno “integração de sistemas”. Seus dados foram coletados<br />
em campo, através da documentação do consórcio, entrevista com os envolvidos<br />
(gestores e colaboradores da área, assim como representantes do cliente e<br />
comunidade), e também nas bibliotecas e Internet através de livros, publicações,<br />
estudos anteriores e artigos digitais.<br />
Além de tudo já descrito trata-se também de um estudo qualitativo, pois<br />
pretende descrever o processo de integração dos Sistemas de Gestão, analisar<br />
indutivamente a complexidade dos problemas que se apresentam no decorrer<br />
dessa integração, e compreender os processos dinâmicos vividos pelos diversos<br />
setores que passaram a trabalhar integrados.<br />
22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />
2.1. Tipos de implantação de SGI:<br />
De acordo com as características da empresa que está implementado o<br />
Sistema de Gestão Integrado, diferentes caminhos podem ser percorridos durante<br />
as etapas de implementação. Diversos fatores influenciam na decisão de como a<br />
mesma será conduzida, como a existência ou não de sistemas de gestão já<br />
implantados, a estrutura dos setores, a cultura de gestão em vigor na empresa, e<br />
o planejamento da direção, considerando objetivos, prazos e motivações. Os<br />
recursos financeiros e humanos também têm grande influência neste processo.<br />
Labodová (2003) sugere duas formas de integração verificadas em<br />
empresas européias:<br />
Implementação seqüencial de sistemas individuais – qualidade, meio<br />
ambiente, responsabilidade social e saúde e segurança – são<br />
combinados, formando o Sistema de Gestão Integrado;<br />
Implementação de um novo Sistema de Gestão e Integrado, sendo<br />
que apenas um sistema engloba todas as quatro áreas.<br />
Já Soler (2002) afirma que existem diversas formas de implantação de um<br />
Sistema de Gestão Integrado. Esses formatos dependem de características<br />
próprias da Organização que irá implantá-los. Desta forma, antes da<br />
implementação, deve-se definir a forma de desenvolvimento mais adequada e<br />
eficiente, que atenda às necessidades da Organização:<br />
Sistemas Paralelos:<br />
Os sistemas são separados e, para suas diferentes especificidades (saúde<br />
e segurança do trabalho, qualidade, responsabilidade social e meio ambiente),<br />
apenas os formatos quanto à numeração, terminologia e organização são<br />
semelhantes. Nessa proposta, a organização terá três ou quatro:<br />
23
- Representantes da administração;<br />
- Programas de treinamento;<br />
- Conjuntos de documentos;<br />
- Programas de controle de documentos e dados;<br />
- Instruções de trabalho;<br />
- Sistemas de gestão de registros;<br />
- Sistemas de calibração;<br />
- Programas de auditoria interna;<br />
- Controles de procedimentos para não-conformidades;<br />
- Programas de ações corretiva e preventiva;<br />
- Reuniões para análise crítica pela administração.<br />
Sistemas Fundidos:<br />
Há o compartilhamento de algumas partes dos sistemas de gestão<br />
relacionadas com procedimentos e processos, porém continuam sendo sistemas<br />
separados em várias outras áreas. O grau de integração, em geral, dependerá da<br />
própria organização. Alguns processos podem ser comuns aos sistemas, como:<br />
quatro:<br />
- Sistema de registros de programas de treinamento;<br />
- Programa de controle de documentos e dados;<br />
- Sistemas de calibração;<br />
- Sistema de gestão de registros.<br />
Dentre outros itens, a organização continuará tendo três ou<br />
- Representantes da administração;<br />
- Programas de treinamento;<br />
24
- Conjuntos de documentos;<br />
- Programas de auditoria interna;<br />
- Controles de procedimentos para não-conformidades;<br />
- Programas de ações corretiva e preventiva;<br />
- Reuniões para análise crítica pela administração.<br />
Nesse nível de integração, a organização já se encontra caminhando em<br />
direção a uma proposta mais eficiente e menos redundante. Porém, continua<br />
gastando muita energia com a manutenção dos dois sistemas, tendo que<br />
determinar onde um termina e onde o outro começa. Enquanto, por um lado,<br />
temos a proposta de integração parcial dos sistemas fundidos, por outro, temos a<br />
proposta de integração total – a proposta do SGI.<br />
Sistemas Totalmente Integrados:<br />
Esse caso envolve um sistema de gestão homogêneo, adequado tanto aos<br />
requisitos das normas em questão. Todos os elementos dos sistemas de gestão<br />
são comuns, ou seja, há apenas um:<br />
- Conjunto de documentos;<br />
- Política abrangendo os diferentes requisitos;<br />
- Representante da administração;<br />
- Sistema de gestão de registros e de treinamentos;<br />
- Sistema de controle de documentos e dados;<br />
- Conjunto de instruções de trabalho;<br />
- Sistema de calibração de equipamentos;<br />
- Programa de auditoria interna (incluindo uma única equipe<br />
de auditores qualificados);<br />
- Plano de reação às não-conformidades específicas;<br />
- Programa de ações corretiva e preventiva;<br />
25
- Sistema de gestão de registros;<br />
- Reunião para análise crítica pela administração.<br />
Os elementos relativos aos requisitos de cada uma das normas que não<br />
forem comuns tornam-se procedimentos independentes.<br />
Ainda Segundo Soler o principal argumento que tem compelido as<br />
empresas a integrar os processos de qualidade, meio ambiente e de segurança e<br />
saúde no trabalho é o efeito positivo que esta integração pode ter sobre os<br />
funcionários. A sinergia gerada pelo Sistema de Gestão Integrado tem levado as<br />
organizações a atingir melhores níveis de desempenho, a um custo global muito<br />
menor.<br />
2.2 Norma referência do Sistema de Gestão Integrado: PAS 99:2006.<br />
Apesar de já haver uma diretriz específica para implementação de Sistema<br />
de Gestão Integrado, a norma PAS 99:2006, ainda não há uma certificação do<br />
Sistema Integrado de Gestão. A PAS 99:2006 foi elaborada com o propósito de<br />
auxiliar as organizações a se beneficiarem com a consolidação dos requisitos<br />
comuns das normas / especificações de sistemas de gestão e com a gestão eficaz<br />
desses requisitos, oferecendo assim um modelo integrado de auditorias com uma<br />
estrutura unificada, transparente e consistente.<br />
A PAS 99 fornece um modelo simples para as organizações integrarem em<br />
uma única estrutura todas as normas e especificações de sistemas de gestão que<br />
adotam. Porém, a conformidade com a PAS 99 não garante em si a conformidade<br />
com essas outras normas de sistemas de gestão. Os requisitos específicos de<br />
cada norma ainda terão que ser cobertos e atendidos para que a certificação, caso<br />
desejada, seja obtida.<br />
Cada norma de sistema de gestão possui seus próprios requisitos<br />
específicos, servindo os requisitos principais (política, planejamento,<br />
implementação e operação, avaliação de desempenho, melhoria e análise crítica<br />
26
de direção) como base para a integração. A PAS 99 utiliza a mesma<br />
categorização como estrutura para os requisitos comuns de sistemas de gestão,<br />
representando assim um modelo eficiente de integração.<br />
A Figura abaixo mostra como esses requisitos comuns se mesclam para<br />
delinear a estrutura do sistema de gestão integrado. As organizações que<br />
seguirem estes estágios tornar-se-ão capazes de implementar com êxito a política<br />
e os objetivos da PAS.<br />
Figura 1- (PAS 99:2006)<br />
27
Esta norma ressalta que em todos os sistemas podemos perceber que a<br />
estrutura pode ser organizada nas seguintes categorias:<br />
• Análise crítica inicial;<br />
• Política de gestão;<br />
• Planejamento, implementação e operação;<br />
• Verificação de não conformidades e ações corretivas;<br />
• Análise crítica pela administração;<br />
• Definição de ações para a melhoria<br />
As normas de sistemas de gestão possuem seus próprios requisitos<br />
específicos, porém as seis categorias relacionadas acima estão presentes nelas e<br />
podem ser adotadas como eixo central para a integração das normas.<br />
2.3 E quanto a Responsabilidade Social?<br />
A evolução ao nível da gestão das organizações tem conduzido a uma<br />
nova cultura que abrange não apenas a qualidade dos produtos ou dos serviços<br />
oferecidos, como também aspectos ambientais, de segurança e saúde no trabalho<br />
e ainda sociais e éticos. No momento atual entende-se que a responsabilidade<br />
das organizações não se restringe à criação de riqueza, à proteção do ambiente e<br />
à redução dos riscos associados às suas atividades, mas também à sua<br />
responsabilidade social.<br />
Muito debatida no meio acadêmico e empresarial, a responsabilidade social<br />
vem se tornando, em muitos casos, um referencial de excelência para o mundo<br />
dos negócios, sob a perspectiva de um modelo de desenvolvimento sustentável,<br />
que resulta da harmonia entre as dimensões econômica, social e ambiental.<br />
Esse novo modelo de gestão desencadeou uma série de iniciativas,<br />
discussões e atitudes que deslocaram o foco da exploração para a preservação,<br />
28
impondo aos humanos o desafio de tornar a vida no planeta não apenas viável no<br />
presente, mas também no futuro.<br />
No âmbito corporativo, a responsabilidade social é o conceito que alinha o<br />
comportamento das organizações às perspectivas da sustentabilidade. E a figura<br />
a seguir ilustra as necessidades de um Sistema de Gestão Integrado, e a<br />
correlação entre o desenvolvimento sustentável, as partes interessadas e a<br />
imagem da empresa.<br />
Figura 2 - Modelo de sistema de gestão integrada, considerando os princípios do desenvolvimento<br />
Sustentável (MEDEIROS, 2003)<br />
A responsabilidade social corporativa se desenvolve a cada dia<br />
acompanhando a mudança do pensamento social sobre a manutenção da vida.<br />
Consumidores mais exigentes, empresas comprometidas com valores éticos<br />
universais, como o respeito aos direitos humanos, compõem uma combinação que<br />
vem transformado sociedades e colocado em questão padrões de produção e<br />
consumo que inviabilizam a vida no planeta.<br />
Sempre tem-se uma nova visão do tema como também diferentes formas<br />
de implementá-la e avaliá-la adequadamente. O conceito está em fase de<br />
maturação sendo que a abstração sobre o assunto esta dando lugar à construção<br />
29
de indicadores associados às variáveis relacionadas às respectivas dimensões e<br />
relações da empresa com seus diversos grupos de stakeholders.<br />
A responsabilidade social nasce do poder social. Como as decisões<br />
empresariais têm conseqüências sociais, elas não podem ser tomadas com base<br />
unicamente em fatores econômicos. A tomada de decisão deve obrigatoriamente<br />
se guiar por ações que também protejam os interesses da sociedade. Como as<br />
empresas, no desempenho de sua missão, utilizam de um grande volume de<br />
recursos da sociedade, em contrapartida espera-se que elas utilizem esses<br />
recursos em favor dessa sociedade.<br />
As empresas devem estar abertas em duas direções: para receber os<br />
“imputs” da sociedade e para revelar seus resultados ao público.<br />
Tradicionalmente, a empresa tem-se aparelhado para enviar mensagens, não para<br />
recebê-las. É preciso procurar entender as necessidades e desejos sociais e não<br />
apenas detectar informações de mercado sobre aspectos relacionados meramente<br />
aos tradicionais objetivos econômicos. Os resultados sociais das operações das<br />
empresas devem também ser divulgados da mesma maneira que os dados<br />
econômicos. A proposta é a de elaboração de um balanço social dentro dos<br />
modelos do balanço contábil.<br />
Assim como os benefícios de um produto ou serviço, os custos sociais<br />
devem ser exaustivamente considerados antes de se optar ou não por ele. Se<br />
antes a viabilidade técnica e a lucratividade econômica eram os únicos critérios<br />
adotados na tomada de decisão, hoje é necessário que se inclua nessa<br />
ponderação o efeito social do projeto. Quando o efeito desse poder ter um impacto<br />
muito forte, às partes possivelmente afetadas devem ser envolvidas na tomada de<br />
decisão.<br />
Os custos sociais de cada produto ou serviço devem ser incorporados a<br />
ele, de modo que caiba ao proprietário pagar por ele. A sociedade não deve arcar<br />
com esses custos. O consumidor deve pagar, por exemplo, pelos custos de<br />
prevenção contra a poluição. Essa filosofia de que o usuário deve pagar não é,<br />
contudo, uma regra rígida. Existirão várias exceções, como por exemplo: quando<br />
30
os custos são desconhecidos, quando sua avaliação é impossível etc. Se os<br />
custos adicionais advindos dessa prática desencorajarem o consumo, o resultado<br />
será ainda benéfico, porque custos sociais serão evitados.<br />
Apesar das instituições empresariais não terem uma responsabilidade<br />
primária na solução de determinados problemas sociais, devem, na medida do<br />
possível, prestar assistência à solução. A empresa deve reconhecer os problemas<br />
sociais e contribuir ativamente para saná-los. Como qualquer cidadão, ela se<br />
beneficiará de uma sociedade melhor.<br />
No entanto, o envolvimento social da empresa, seja com os empregados,<br />
com pessoas ligadas tecnicamente ou com a sociedade, se dá através da adoção<br />
de comportamentos socialmente responsáveis que, obviamente geram custo.<br />
Dessa forma, a empresa deve avaliar muito bem o aspecto econômico, legal e<br />
ético, além das expectativas da sociedade no que se refere à responsabilidade<br />
social.<br />
Segundo Gonçalves, toda instituição social, a empresa inclusive, funciona<br />
na sociedade por meio de um contrato social, explícito ou implícito, pelo qual sua<br />
sobrevivência e desenvolvimento repousam sobre prerrogativas como o<br />
cumprimento de certos objetivos socialmente desejáveis pela sociedade em geral<br />
e da distribuição de seus resultados econômicos, políticos e sociais entre os<br />
grupos dos quais eles tiram sua força. Esse autor revela que o lucro de caráter<br />
especulativo e sua propalada maximização, levada a extremos, onde a função<br />
social é obscurecida, ou mesmo suprimida, é uma condição que leva a empresa a<br />
deteriorar-se fatalmente no tempo. Para ele são dois os fatores que<br />
desempenharam importante papel no desenvolvimento das inquietações quanto à<br />
responsabilidade social apontando de um lado a pressão da sociedade sobre suas<br />
decisões atuais e a insegurança quanto ao futuro, caso não respondesse a essa<br />
sociedade. Nesse aspecto o compromisso social implicaria em uma integração<br />
dos objetivos sociais aos processos de desempenho setorial, produzindo enorme<br />
impacto sobre o processo produtivo e sobretudo dependendo do envolvimento de<br />
toda a corporação.<br />
31
Nos dias atuais alguns aspectos dessa responsabilidade social estão<br />
relacionados na norma SA 8000 (Social accountability 8000) em vigor desde 10 de<br />
outubro de 1997. Trata-se de uma norma internacional auditável destinada às<br />
empresas que desejam divulgar à sociedade as suas políticas de<br />
responsabilidade, uma vez que o comportamento ético, apesar de necessário, não<br />
é suficiente por si só, sendo importante o seu reconhecimento pela sociedade.<br />
A SA 8000 pode ser comparada a ISO (Internacional Organization for<br />
Standardization) utilizando-se de um sistema de gestão que inclui definição da<br />
política da empresa, planejamento, elaboração e implementação da<br />
documentação (manual, procedimentos, instruções e registros), verificação de<br />
não-conformidades e implementação de ações corretivas e preventivas, auditorias<br />
internas e a auditoria de certificação. Essa norma representa um grande avanço<br />
da implementação da responsabilidade social principalmente por desenvolver<br />
políticas e procedimentos que assegurem a aplicação dos direitos trabalhistas e<br />
direitos humanos, acatando a legislação nacional sobre o assunto e os princípios<br />
de outros instrumentos internacionais como a Declaração Universal dos Direitos<br />
Humanos, Convenção das Nações Unidas dos Direitos da Criança e da<br />
Organização Internacional do Trabalho – OIT.<br />
A SA 8000 trata dos seguintes elementos sociais e de sistema de gestão:<br />
Trabalho Infantil: A empresa não deve se engajar ou apoiar o uso de<br />
trabalho infantil. Deve estabelecer, documentar, manter, e efetivamente comunicar<br />
a todo o corpo de empregados e outras partes interessadas, políticas e<br />
procedimentos para restauração dos direitos da criança em situação de trabalho<br />
infantil.<br />
Trabalho Forçado: A empresa não deve engajar-se ou, apoiar o uso de<br />
trabalho forçado nem deve requisitar ao corpo de empregados o depósito e<br />
retenção de garantias ou papéis de identificação ao iniciarem o emprego na<br />
empresa.<br />
Saúde e Segurança: A empresa, tendo em mente os princípios básicos da<br />
indústria e qualquer risco inerente ao seu setor industrial, deve providenciar um<br />
32
ambiente de trabalho seguro e saudável e, deve tomar passos adequados para<br />
prevenir acidentes e prejuízos à saúde que tenham iniciado no trabalho ou no<br />
decorrer deste, ou ainda que estejam associados a este, minimizando tanto<br />
quanto possível e razoável, os risco inerentes ao ambiente de trabalho.<br />
Liberdade de Associação e Direito à Negociação Coletiva: A empresa deve<br />
respeitar os direitos de todos os empregados de formar e integrar sindicatos de<br />
categorias de sua escolha, bem como, de negociar coletivamente.<br />
Discriminação: A empresa não deve engajar-se ou apoiar discriminação na<br />
contratação, remuneração, acesso a treinamento, promoção, demissão ou<br />
aposentadoria baseados em raça, casta, nacionalidade, religião, deficiência,<br />
gênero, orientação sexual, filiação sindical ou política.<br />
Práticas Disciplinares: A empresa não deve engajar-se ou apoiar uso de<br />
castigo corporal, mental ou coerção física, bem como, abuso verbal.<br />
Horários de Trabalho: A empresa deve atuar em conformidade com leis<br />
aplicáveis e normas industriais sobre horas de trabalho, em qualquer evento os<br />
empregados não devem, em bases regulares, serem requisitados para trabalhar<br />
mais de 48 horas por semana e devem ter ao menos um dia de folga a cada<br />
período de sete dias.<br />
Remuneração: A empresa deve assegurar que salários pagos por uma<br />
semana normal de trabalho devem atender minimamente aos requisitos legais e<br />
industriais e devem ser sempre suficientes para atender as necessidades básicas<br />
dos empregados e prover uma renda razoável.<br />
Política: A alta administração deve definir a política para a responsabilidade<br />
social e as condições de trabalho para sua garantia. A política deve incluir<br />
compromisso de estar em conformidade com os requisitos da norma SA 8000, e<br />
estar de acordo com a legislação vigente.<br />
Revisões administrativas: A alta administração deve periodicamente revisar<br />
a adequação, a pertinência e a efetividade contínua da política da empresa, como<br />
um compromisso de melhoria contínua.<br />
33
Representantes da empresa: A empresa deve indicar um representante<br />
executivo que, despeito de outras responsabilidades, deve assegurar que os<br />
requisitos desta norma sejam atendidos.<br />
Planejamento e implementação: A empresa deve assegurar que os<br />
requisitos desta norma sejam compreendidos e implementados em todos os níveis<br />
da organização.<br />
Controle de fornecedores: A empresa deve estabelecer e manter<br />
procedimentos apropriados para avaliar e selecionar fornecedores baseados na<br />
habilidade dos mesmos em atender os requisitos dessa norma.<br />
Considerações e ações corretivas: A empresa deve investigar e responder<br />
as considerações dos empregados e outras partes interessadas quanto à<br />
conformidade / não conformidade da política da empresa e aos requisitos dessa<br />
norma.<br />
Comunicação externa: A empresa deve estabelecer e manter<br />
procedimentos para comunicar regularmente a todas as partes interessadas dados<br />
e outras informações que contemplem o desempenho no atendimento aos<br />
requisitos deste documento.<br />
Registros: A empresa deve manter registros apropriados para demonstrar<br />
conformidade com os requisitos desta norma.<br />
Vale lembrar que, no que tange ao desenvolvimento das práticas voltadas à<br />
responsabilidade social corporativa, estas têm sido, significativamente,<br />
influenciadas pela evolução da normalização em sistemas da gestão empresarial,<br />
que por sua vez, vem possibilitado avaliar a conformidade do Sistema da Gestão<br />
da Responsabilidade Social - SGRS.<br />
A certificação, modo pelo qual uma terceira parte, independente, provê<br />
garantia escrita de que um determinado sistema de gestão está em conformidade<br />
com os requisitos, que geralmente são especificados em normas de referência,<br />
justifica a importância da normalização.<br />
34
No Brasil, a certificação de sistemas de gestão normalizados é concedida<br />
por Organismos Certificadores, cuja competência técnica é reconhecida pelo<br />
Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO),<br />
que por sua vez é o gestor do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade –<br />
SBAC.<br />
Vários são os tipos sistemas de gestão organizacionais e muitas são as<br />
normas, nacionais e internacionais, utilizadas como referência em processos de<br />
implementação e de certificação desses sistemas. Entretanto, ao se realizar uma<br />
análise histórica percebe-se, conforme mostra a Figura 4, uma clara tendência na<br />
evolução e disseminação dos sistemas de gestão. Questões como<br />
sustentabilidade e responsabilidade social passam a receber mais atenção,<br />
principalmente de organizações mais competitivas.<br />
Figura 3 – A Evolução temporal dos sistemas de gestão. (SORATTO, Alexandre)<br />
Acompanhando essa tendência, algumas normas conquistaram seu<br />
espaço, especificando diretrizes para a gestão da responsabilidade social nas<br />
organizações.<br />
A norma internacional de responsabilidade social mais conhecida é a SA<br />
8000 já tratada.<br />
A elaboração de normas para a gestão da responsabilidade social é uma<br />
tarefa complexa, pois envolve questões como ética e cultura, o que dificulta a<br />
obtenção do consenso dos requisitos, principalmente, em nível internacional.<br />
35
Essa dificuldade vem sendo encontrada pela International Organization for<br />
Standardization (ISO) na elaboração da norma internacional ISO 26000, que<br />
propõe o estabelecimento de diretrizes para a responsabilidade social nas<br />
organizações dos países membros. Após três anos de estudo, a ISO optou por<br />
elaborar uma espécie de guia de referência para orientar as nações que desejam<br />
elaborar norma de SGRS.<br />
Seguindo essa tendência, em 2004, a Associação Brasileira de Normas<br />
Técnicas – ABNT editou a NBR 16001, primeiro documento normativo a<br />
estabelecer requisitos para Sistema da Gestão da Responsabilidade Social e<br />
principal referência para a certificação desse tipo de sistema de gestão, no âmbito<br />
do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC.<br />
Ante a esses esforços de normalizar o SGRS, em todo o mundo, surge a<br />
ABNT NBR 16001:2004 com o potencial de alavancar a sistematização da gestão<br />
da responsabilidade social nas organizações brasileiras e possibilitar a certificação<br />
no âmbito do SBAC.<br />
A ABNT NBR 16001:2004 agrupa um conjunto de requisitos associados à<br />
ética, cidadania, direitos humanos e desenvolvimento sustentável e foi elaborada<br />
de modo a ser aplicável a todos os tipos e portes de organizações ajustando-se às<br />
diferentes condições geográficas, culturais e sociais do país.<br />
No entanto, a tentativa de tornar a norma abrangente e flexível ao ponto de<br />
moldar-se aos diversos tipos e portes de organizações, acentuou aspectos de<br />
generalidade que associados à subjetividade de seus requisitos e à necessidade<br />
do envolvimento de partes externas à organização, tornaram-na uma norma, cuja<br />
certificação é mais complexa e diferenciada que a dos de mais sistemas de gestão<br />
normalizados, como os da qualidade, ambiental e de saúde e segurança.<br />
Tais características têm favorecido e valorizado o surgimento de pesquisas<br />
que buscam a melhor interpretação de seus requisitos, bem como a identificação<br />
das boas práticas de auditoria da certificação de SGRS.<br />
A ABNT NBR 16001:2004 estabelece uma estrutura de requisitos relativos<br />
ao sistema da gestão da responsabilidade social, fundamentados na promoção da<br />
36
cidadania, no desenvolvimento sustentável (econômico, ambiental e social) e na<br />
transparência das atividades das organizações.<br />
Partindo da abordagem de processos, a norma utiliza a metodologia PDCA<br />
(Plan, Do, Check, Act), conforme mostra a Figura 4, buscando facilidade para seu<br />
entendimento e aplicabilidade.<br />
Figura 4 – Ciclo PDCA. (SORATTO, Alexandre)<br />
Parte do seu conteúdo e a sua estrutura se assemelham à NBR ISO<br />
14001:2004, o que lhe confere a característica de flexibilidade, no que diz respeito<br />
a sua integração aos demais sistemas de gestão, como o da qualidade e o<br />
ambiental.<br />
Um dos maiores diferenciais da ABNT NBR 16001:2004 está no item<br />
planejamento, que contraditoriamente pode ser considerado o ponto mais crítico<br />
da norma. No item 3.3.3, a norma menciona, de modo superficial, os objetivos,<br />
metas e programas que a organização deve contemplar na área de<br />
responsabilidade social, ressaltando que estes devem ser documentados,<br />
implementados e mantidos, tanto na organização, quanto em relação às partes<br />
interessadas.<br />
Os objetivos e metas devem ser quantificados sempre que exeqüível e<br />
compatíveis com a política da responsabilidade social, contemplando ações<br />
vinculadas às seguintes temáticas: a) boas práticas de governança; b) combate a<br />
pirataria, sonegação, fraude e corrupção; c) práticas leais de concorrência; d)<br />
37
direitos da criança e do adolescente, incluindo o combate ao trabalho infantil; e)<br />
direitos do trabalho, incluindo o de livre associação, de negociação, f) a<br />
remuneração justa e benefícios básicos, bem como o combate ao trabalho<br />
forçado; g) a promoção da diversidade e combate à discriminação (por exemplo:<br />
cultural, de gênero, de raça / etnia, idade, pessoa com deficiência); h) promoção<br />
da saúde e segurança; i) promoção de padrões sustentáveis de desenvolvimento,<br />
produção, distribuição e consumo, contemplando fornecedores, prestadores de<br />
serviço, entre outros; j) proteção ao meio ambiente e aos direito das gerações<br />
futuras; e l) ações sociais de interesse público.<br />
Essas temáticas são propostas pela norma sem suficiente<br />
contextualização, dando margem à livre interpretação e à identificação de outros<br />
temas pertinentes, o que, aliás, é textualmente recomendando.<br />
As boas práticas de governança devem permitir que proprietários,<br />
acionistas e cotistas tenham perfeita visibilidade da organização, considerando a<br />
prestação de contas, eqüidade e transparência.<br />
O combate à sonegação, pirataria, fraude e corrupção é uma temática bem<br />
objetiva para as organizações, entretanto é, sem dúvida, a de maior dificuldade<br />
para a constatação dos auditores.<br />
Podemos pressupor que para combater esses crimes é necessário,<br />
primeiramente, que as organizações não os pratique. A auditoria pode verificar o<br />
licenciamento de softwares e outras mídias, a conscientização dos colaboradores,<br />
a ocorrência de denúncias e o histórico de problemas relacionados à sonegação,<br />
fraude e corrupção.<br />
O combate ao trabalho infantil e os direitos da criança e do adolescente,<br />
podem ser demonstrado pela organização também por meio de: incentivo a<br />
adoção da mesma prática pelos fornecedores e outras partes interessadas e<br />
destinação de um percentual do imposto de renda devido aos fundos geridos<br />
pelos conselhos dos direitos da criança e do adolescente.<br />
Os direitos do trabalhador, incluindo o de livre associação, de negociação,<br />
a remuneração justa e benefícios básicos, bem como o combate ao trabalho<br />
38
forçado, estão relacionados ao cumprimento da legislação vigente, à manutenção<br />
dos benefícios garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, ao<br />
estímulo a livre associação, à remuneração justa e à inexistência de trabalho<br />
forçado.<br />
O combate à discriminação se traduz no respeito ao indivíduo e na<br />
valorização da diversidade que está na consideração às diferenças (cultura,<br />
gênero, raça / etnia, idade, necessidades especiais, religião e opção sexual), no<br />
exercício da tolerância e nas relações de parceria, que tenham como base a ética<br />
e a valorização do bem comum.<br />
A promoção da saúde e segurança está vinculada ao cumprimento das<br />
obrigações legais vigentes e à adesão a programas que objetivem melhorar a<br />
saúde dos trabalhares. Neste tema, patamares superiores para a gestão da saúde<br />
e segurança organizacional podem ser alcançados com a certificação pela BS<br />
8800 e OHSAS 18001, por exemplo.<br />
A proteção ao meio ambiente e aos direitos das gerações futuras segue os<br />
postulados da sustentabilidade, exigindo que a organização demonstre seu<br />
comprometimento com o meio ambiente, entre outros, pela adesão a certificações<br />
com base em norma ambiental e promoção campanhas educativas, inclusive<br />
sobre os impactos gerados a partir de suas atividades. A organização pode<br />
desenvolver campanhas periódicas de redução de consumo de energia e de água<br />
e reciclagem de materiais ou desenvolver fóruns e debates internos sobre<br />
preservação ambiental, coleta seletiva e reciclagem de resíduos ou sobre os<br />
impactos ambientais causados por seus produtos ou serviços. As ações podem<br />
contemplar um programa de gerenciamento de resíduos, informações no produto<br />
sobre seu destino final, não utilização de materiais e insumos provenientes de<br />
exploração ilegal, contribuição para a preservação da biodiversidade e<br />
conservação de áreas protegidas e outros. E esse quesito pode ser alcançado<br />
com a certificação pela ISO 14001<br />
E, por fim, as ações sociais de interesse público que podem ser<br />
direcionadas, tanto à comunidade de entorno, quanto a áreas mais abrangentes.<br />
39
Investimentos no desenvolvimento socioeconômico da comunidade, geração de<br />
emprego e renda, construção de áreas comuns (parques, praças, centros<br />
comunitários) e estímulo à prática do serviço voluntário pelos funcionários, estão<br />
entre as ações possíveis.<br />
Devemos considerar que a falta de detalhamento, na norma, das temáticas<br />
acima comentadas, tende não apenas a dificultar o processo de auditoria de<br />
certificação, mas a aumentar a responsabilidade do auditor no julgamento de<br />
requisitos menos qualificáveis, intangíveis e até certo ponto subjetivos.<br />
Essas dificuldades associam-se ao fato da norma ressaltar que duas<br />
organizações que desenvolvam atividades similares, mas que apresentem níveis<br />
diferentes de desempenho de responsabilidade social, podem, ambas, atender<br />
aos seus requisitos. Entende-se que, mesmo que a ABNT NBR 16001 não se<br />
proponha a prescrever critérios de desempenho e que o Regulamento da<br />
Avaliação da Conformidade não faça menção a esses critérios, faz-se necessário<br />
o estabelecimento de diretrizes mais específicas para o atendimento de cada uma<br />
das temáticas comentadas, objetivando orientar as organizações e os auditores e<br />
minimizar conflitos indesejáveis, bem como discrepâncias no processo de<br />
concessão da certificação.<br />
A certificação desse tipo de sistema no SBAC, segue o Regulamento de<br />
Avaliação da Conformidade – RAC, elaborado pelo Inmetro e aprovado em<br />
fevereiro de 2006. Nesse documento estão estabelecidos os critérios do Programa<br />
de Avaliação da Conformidade de SGRS, com base na ABNT NBR 16001.<br />
De acordo com o RAC, o processo de certificação desse tipo de sistema de<br />
gestão deve contemplar, diferentemente da avaliação dos demais tipos de<br />
sistemas de gestão, a auditoria em duas fases:<br />
a) Auditoria fase 1: tem início com a análise crítica, pelo Organismo<br />
Certificador, da solicitação da certificação, compreendendo a análise da<br />
documentação (manual, procedimentos e instruções), a consulta prévia e<br />
divulgação às partes interessadas;<br />
40
) Auditoria fase 2: compreende a auditoria do SGRS nas instalações da<br />
organização com entrevistas com a força de trabalho da mesma para verificar o<br />
atendimento aos requisitos da norma ABNT NBR 16001:2004.<br />
É na fase 2 da auditoria que se encontram as dificuldades potenciais para<br />
os auditores, no que diz respeito ao trabalho de constatação da conformidade do<br />
sistema de gestão<br />
A verdade é que a ABNT NBR 16001 surge no cenário nacional imbuída do<br />
desafio de ser a mais importante ferramenta de auxílio à sistematização da gestão<br />
da responsabilidade social no Brasil, o que torna a iniciativa da sociedade civil<br />
organizada, de elaborá-la, um marco histórico no alinhamento do discurso e<br />
práticas corporativas à tendência mundial do desenvolvimento a partir dos<br />
postulados da ética e da sustentabilidade.<br />
Ao analisar, no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da<br />
Conformidade, as peculiaridades da certificação de sistema da gestão da<br />
responsabilidade social, conforme a ABNT NBR 16001:2004, constatou-se<br />
obstáculos potenciais à auditoria de certificação, considerando a subjetividade de<br />
seus requisitos e a dificuldade de quantificar objetivos, metas e programas, de<br />
acordo com as temáticas propostas.<br />
Há, ainda, que se levar em consideração que os conhecimentos,<br />
habilidades e atitudes dos membros da equipe auditora (auditor-líder, auditores e<br />
especialistas) devem ser complementares de modo a assegurar a consistência,<br />
coerência e boa condução dos trabalhos de avaliação da conformidade. A<br />
competência global da equipe deve ser tal, que permeie, dentre outras áreas, a<br />
sociologia, o direito, a educação e a administração.<br />
A percepção apurada de uma equipe auditora de SGRS pode contribuir<br />
para inibir que organizações descomprometidas se apropriem do discurso da<br />
responsabilidade social de modo a se promoverem em cima de iniciativas muito<br />
limitadas ou pouco transparentes e efetivas para as partes interessadas.<br />
Considerando que a certificação se apresenta como um mecanismo<br />
eficiente e eficaz para que as organizações demonstrem, com transparência, seus<br />
41
compromissos com uma conduta ética e socialmente responsável, entende-se que<br />
essas contribuições podem prover a confiança e credibilidade requeridas ao<br />
processo de certificação de SGRS, no âmbito do SBAC, do contrário, a<br />
subjetividade dos requisitos, aliada à necessidade de um novo perfil de auditor,<br />
insistirão em desafiar a consistência, coerência e confiabilidade do processo de<br />
auditoria de certificação, ameaçando a credibilidade do Programa de Avaliação da<br />
Conformidade de SGRS.<br />
2.4 Requisitos de um Sistema de Gestão<br />
A adoção de um sistema de gestão é uma decisão estratégica da<br />
organização e o estabelecimento de um sistema de gestão é a primeira<br />
preocupação das normas. A organização deve estabelecer, manter, documentar,<br />
implementar e principalmente melhorar continuamente seu sistema de gestão.<br />
Todavia, a ISO 9001 é mais prescritiva nesse aspecto, ela não só determina essas<br />
obrigações, como também determina a abordagem por processos para a<br />
implementação do sistema.<br />
Os passos a seguir, identificados pela ISO 9001, representam uma<br />
varredura sobre todos os itens do escopo de uma certificação:<br />
• Identificar os processos produtivos que fazem parte do escopo de gestão.<br />
• Determinar a seqüência e a interação dos processos.<br />
• Determinar critérios e metodologias para garantir a eficácia no controle<br />
dos processos mapeados.<br />
• Prover recursos e informações para garantir a operação e monitoramento<br />
dos processos.<br />
• Monitorar, medir e analisar criticamente os resultados de cada um dos<br />
processos.<br />
42
• Implementar ações corretivas sobre os processos de maneira a assegurar<br />
o atendimento dos objetivos traçados, tendo como objetivo a melhoria<br />
contínua.<br />
Uma análise mais profunda nos permite concluir que essa é uma descrição<br />
mais detalhada das etapas do ciclo PDCA, assim, se aplica inclusive aos sistemas<br />
integrados de gestão.<br />
O sistema de gestão visa apoiar, o que deve ser feito, por quem, como e<br />
quando, e quais recursos serão necessários. Acima de tudo, deverá haver um<br />
comprometimento de todos os níveis da administração com o desenvolvimento do<br />
sistema. A organização é responsável por assegurar que as operações que<br />
estejam associadas aos aspectos significativos sejam executadas sob condições<br />
especificadas (controle operacional), a fim de atender às políticas e objetivos da<br />
organização, bem como a requisitos legais e a outros requisitos aplicáveis. São<br />
também deveres da organização determinar, fornecer e manter os recursos e a<br />
infra-estrutura necessários para se atingir seus objetivos.<br />
É imprescindível que todas as pessoas que trabalham para a organização<br />
sejam competentes (com base em formação apropriada, treinamento, habilidades<br />
e experiência para as tarefas a elas atribuídas) bem como ter consciência quanto<br />
à pertinência e importância de suas atividades, e de como elas contribuem para a<br />
consecução dos objetivos.<br />
A empresa deve definir os responsáveis pelas atividades que possam<br />
afetar o sistema. Dessa forma, o requisito exige que a direção da empresa deva<br />
designar um representante para gerenciar o Sistema Integrado de Gestão, e<br />
disponibilizar os recursos necessários para o funcionamento do mesmo. Entende-<br />
se que para auxiliar nesse processo deva ser estabelecida uma matriz de<br />
responsabilidades, cuja função é definir os responsáveis da empresa pelos<br />
requisitos de acordo com o setor de abrangência.<br />
No tocante a Segurança do trabalho, a organização deve desenvolver<br />
metodologias de identificação de perigos e avaliação de riscos, bem como<br />
medidas de controle. É importante que os procedimentos criados incluam:<br />
43
Atividades rotineiras ou não;<br />
Atividades de todos envolvidos na organização, seja do efetivo<br />
próprio, terceirizados contratados, ou até mesmo visitantes;<br />
As instalações da organização ou de terceiros a serviço dela.<br />
As informações colhidas com essas avaliações e os resultados devem ser<br />
observados quando da formulação de objetivos.<br />
Ao analisar os requisitos da norma ISO 14001:2004 para aspectos<br />
ambientais, vemos que a idéia é praticamente a mesma da segurança do trabalho,<br />
porém agora voltada para como o processo e o produto afetam o meio ambiente.<br />
de:<br />
Os procedimentos que a organização deve implantar precisam ser capazes<br />
Identificar os aspectos ambientais tanto dos seus processos, quanto<br />
dos produtos ou serviços, que ela possa controlar ou influenciar<br />
tanto para novos projetos ou para os já em andamento;<br />
Identificar os aspectos ambientais que possuam impactos<br />
significativos.<br />
Quando analisados sob a ótica da qualidade, o foco está no pleno<br />
atendimento das necessidades do cliente, logo, a realização do produto, ou seja, o<br />
processo deve ter procedimentos que garantam que os requisitos do cliente<br />
estejam sendo atendidos. Assim sendo, a preocupação inicial da organização<br />
deve estar em compreender bem os requisitos dos clientes, para transportá-los<br />
adequadamente para seus processos, devendo para isso identificar:<br />
Todos os requisitos dos clientes, incluindo os de entrega e pós-<br />
venda e até mesmo aqueles não declarados, mas necessários para<br />
o uso;<br />
Normas sobre o produto ou serviço;<br />
Qualquer outro requisito que a organização julgue importante.<br />
44
No tocante à responsabilidade social a preocupação está voltada para o<br />
ambiente social no qual a empresa está inserida e numa nova postura<br />
calcada em valores éticos que promovam o desenvolvimento sustentado da<br />
sociedade. Sendo assim:<br />
A organização deve garantir que não ocorra, em toda a sua cadeia<br />
de produção, trabalho infantil, trabalho forçado, discriminação,<br />
punição corporal e abuso verbal.<br />
Ainda deve ser respeitado o horário de trabalho, a livre associação,<br />
a saúde e a segurança, e a remuneração deve ser suficiente às<br />
necessidades dos funcionários.<br />
Assim que identifica os requisitos a organização deve analisá-los<br />
criticamente, identificando se é capaz de atendê-los, antes de assumir um<br />
compromisso de prestação do serviço. Abaixo podemos identificar cada sistema e<br />
correlacioná-lo a uma norma, ao seu propósito e ao seu objetivo.<br />
Tabela 1 – SGI (OLIVEIRA; BORGES, 2007)<br />
45
Toda essa troca de informações com o cliente deve estar documentada,<br />
para que em caso de litígio, possa ser utilizada para dirimir dúvidas nos fóruns<br />
pertinentes.<br />
Logo, o sistema de gestão abrange uma determinada documentação que<br />
pode ser resumida em: Política, Manuais, Procedimentos, Instruções e Registros.<br />
Podemos perceber, analisando a tabela 1, que na estrutura da<br />
documentação de um Sistema de Gestão Integrado, o modelo da Qualidade pode<br />
ser mantido apenas agregando ao primeiro os aspectos relacionados aos outros<br />
sistemas. É necessária a elaboração de um documento (manual) descrevendo<br />
como a empresa cumpre os requisitos das normas.<br />
A empresa deve estabelecer a sistemática de controle dos documentos<br />
integrados de gestão, a fim de evitar o uso indevido e não intencional de<br />
documentos obsoletos. Percebe-se que deve existir por parte dos responsáveis de<br />
cada área específica, a atenção às mudanças na legislação a fim de atualizar a<br />
documentação em função destas alterações.<br />
A organização pode decidir ter políticas separadas para cada área, ou uma<br />
política integrada, contanto que ela cubra os requisitos de cada norma<br />
individualmente. A alta administração deve definir a política da organização em<br />
relação ao seu sistema de gestão de forma a assegurar que esta seja apropriada<br />
às atividades, produtos e serviços da organização e que inclua o<br />
comprometimento em atender a todos os requisitos legais e outros pertinentes<br />
subscritos pela empresa. A política deve fornecer uma estrutura para o<br />
estabelecimento e análise crítica dos objetivos, de forma a melhorar<br />
continuamente a eficácia do sistema de gestão.<br />
Uma comunicação eficiente da política estabelece um senso geral de<br />
direção e princípios de ação, fazendo com que todos ligados à organização<br />
trabalhem em seu nome. A importância de uma política integrada bem definida é<br />
que ela deverá orientar todos os demais procedimentos do sistema integrado, daí<br />
a importância da participação da Alta Direção e do seu alinhamento ao<br />
Planejamento Estratégico da Organização.<br />
46
Os Valores da organização no que diz respeito à qualidade, meio ambiente,<br />
à segurança e saúde de seus trabalhadores, e à responsabilidade social vem<br />
exatamente da maneira que cada funcionário entende e aplica a política e de<br />
quanto sentido ela faz para ele.<br />
O estabelecimento de uma boa Política significa também definir um bom<br />
conjunto de indicadores, que demonstrem se os objetivos e metas estão sendo<br />
buscados pela organização e possam medir a eficácia da política.<br />
Depois de definida uma política que declare o que é desejado, o próximo<br />
passo lógico é planejar como ela deverá ser colocada em prática. Os seguintes<br />
temas devem ser observados: identificação e avaliação de aspectos, impactos e<br />
riscos; identificação de requisitos legais e outros requisitos; planejamento de<br />
contingências; objetivos e; identificação da estrutura organizacional, funções,<br />
responsabilidades e autoridades.<br />
Os objetivos do Sistema devem estar alinhando primeiramente ao<br />
planejamento estratégico da organização e às políticas estabelecidas para o<br />
Sistema Integrado. Todavia não se pode deixar de considerar também os<br />
requisitos legais de cada matéria na formulação desses objetivos.<br />
A organização precisa estabelecer, implementar e manter procedimento(s)<br />
documentado(s) para definir os controles necessários para a identificação,<br />
armazenamento, proteção, recuperação, tempo de retenção e descarte dos<br />
registros. Registros devem ser estabelecidos, documentados e mantidos para<br />
fornecer evidências da conformidade com os requisitos e da operação eficaz do<br />
SG.<br />
Deve-se reconhecer que o método de comunicação e a linguagem utilizada<br />
devem ser apropriados às necessidades dos trabalhadores, de tal forma que<br />
possam compreender facilmente a informação que está sendo transmitida a eles.<br />
Vale destacar que periodicamente os auditores internos devem passar por<br />
treinamentos e reuniões com o objetivo de reciclar conceitos e uniformizar<br />
interpretações das normas. É importante que em cada setor seja realizada uma<br />
análise para identificar quais os elementos das normas são aplicáveis, afim de que<br />
47
sejam realizadas verificações nas interfaces entre setores da unidade produtiva e<br />
unidade administrativa.<br />
É interessante observarmos que os processos produtivos de uma<br />
organização são fortemente influenciados pela legislação vigente, essa é uma<br />
preocupação fundamentalmente importante ao se avaliar questões ambientais e<br />
trabalhistas, mas não foge ao escopo de um sistema de qualidade, uma vez que a<br />
cada dia aumenta a presença da regulamentação dos produtos por parte de<br />
órgãos de metrologia.<br />
No Brasil especialmente, o INMETRO tem representado uma grande força<br />
nesse sentido, atuando na identificação de requisitos mínimos para produtos<br />
industrializados, além disso, entidades como as agências reguladoras também<br />
têm imposto requisitos legais para prestadoras de serviço. Este panorama traz<br />
para um sistema de qualidade e de responsabilidade social, a preocupação que já<br />
era natural dos sistemas Ambientais e de Segurança.<br />
Logo, uma organização que queira implementar um Sistema Integrado de<br />
Gestão, deve implementar uma metodologia que seja capaz de:<br />
Identificar os requisitos legais aplicáveis no que diz respeito a Meio<br />
Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional, responsabilidade social<br />
e característica dos produtos (Qualidade);<br />
Relacionar de que forma os requisitos legais têm relação com os<br />
Aspectos e Impactos Ambientais, com os Riscos e Perigos, e com as<br />
características intrínsecas dos produtos e / ou serviços, e as<br />
necessidades sociais da comunidade e de seus trabalhadores.<br />
Após o sistema ter sido implementado e estar em funcionamento, o<br />
próximo requisito é ver como está o seu desempenho. A medição e o<br />
monitoramento são essenciais para que se tenha certeza de que o sistema está<br />
operando conforme planejado, sendo a base para demonstrar a melhoria contínua.<br />
O sistema deve ser implementado de tal forma que o desempenho possa ser<br />
facilmente avaliado.<br />
48
A organização deve realizar avaliações periódicas da conformidade com os<br />
requisitos legais que são pertinentes ao escopo do sistema de gestão e registrar<br />
os resultados.<br />
As auditorias são essenciais para certificar-se de que o sistema está sendo<br />
seguido em todos os aspectos e, em caso negativo, por que não. Elas são um<br />
requisito de todas as normas de sistemas de gestão. Através delas são<br />
identificadas deficiências nas pessoas ou no sistema em si, mas seria mais<br />
adequado considerá-las como geradoras de oportunidades para melhorarias no<br />
sistema. Quando são identificadas, as não-conformidades devem ser corrigidas.<br />
Em uma auditoria integrada as áreas que são comuns precisam ser avaliadas uma<br />
vez. Quanto aos requisitos específicos, estes devem ser devidamente cobertos,<br />
necessitando assim das habilidades dos especialistas.<br />
É necessário que a alta direção analise criticamente o sistema de gestão<br />
da organização em intervalos planejados, para assegurar sua contínua<br />
pertinência, adequação e eficácia. As análises críticas devem incluir a avaliação<br />
de oportunidades para melhoria e a necessidade de mudanças no Sistema de<br />
Gestão, incluindo a política e os objetivos.<br />
Há, ainda, que se garantir que todas as pessoas que executam atividades<br />
relacionadas com qualidade e a segurança no trabalho estejam preparadas para<br />
desempenhá-las. Dessa forma precisam ser levantadas as necessidades de<br />
treinamento e as ações decorrentes para suprir essas necessidades. Geralmente<br />
esse requisito é de responsabilidade do departamento de recursos humanos, cuja<br />
função é prover treinamento e avaliar a eficácia dos mesmos, bem como criar um<br />
quadro de competências identificando a capacidade das pessoas executarem<br />
suas atividades, o que inclui além da educação e treinamento, a experiência e<br />
habilidades específicas.<br />
A empresa deve garantir a preservação e o acesso rápido aos registros,<br />
definindo responsáveis pelo seu armazenamento, tempo de retenção a fim de<br />
comprovar o cumprimento dos requisitos do Sistema Integrado de Gestão.<br />
49
A seguir temos uma outra visualização do Sistema de Gestão Integrado. A<br />
partir desta figura podemos identificar os passos e as ações que devem ser<br />
tomadas na implantação de um Sistema Integrado de Gestão QSMS-RS.<br />
Podemos perceber também os requisitos e a dinâmica que deve ser observada<br />
para uma melhor eficácia desse sistema.<br />
Figura 5 – Modelo de Sistema de Gestão Integrado (RUELA, 2004)<br />
50
2.5 Vantagens e desvantagens da integração dos sistemas de gestão<br />
Na prática é muito mais fácil reunir uma política de integração de sistemas<br />
e procedimentos manuais do que implementar e manter verdadeiramente o<br />
sistema integrado em uma organização. Algumas são as dificuldades encontradas<br />
na implementação de um sistema integrado de gestão como, por exemplo, o medo<br />
de perda do emprego como resultado de amalgamação dos sistemas, o ceticismo<br />
da administração, em parte, devido à informação inadequada e a necessidade de<br />
alteração de um número razoável de documentos e registros.<br />
Há ainda, como obstáculo na implementação de um sistema integrado, a<br />
administração dividida, incompatível, e que rompe sistemas incorrendo em custos<br />
consideráveis, aumentando a probabilidade de enganos e fracassos, duplicando<br />
esforços, criando burocracia desnecessária e, no final das contas, exercendo um<br />
impacto negativo entre os stakeholders, os empregados e os clientes.<br />
Se comparadas às poucas desvantagens em relação aos inúmeros<br />
benefícios de um Sistema de Gestão Integrado, é possível afirmar que as<br />
companhias estão escolhendo o caminho da integração muito lentamente. São<br />
algumas das vantagens a redução dos custos com pessoal, material, instalações,<br />
treinamento, auditorias, certificações e com a implementação dos sistemas. Além<br />
dessas, outras são as vantagens de um Sistema de Gestão Integrado, como por<br />
exemplo, eliminação de redundâncias, simplificação da documentação e redução<br />
da burocracia (papelada), e a melhoria na efetividade e na eficiência do negócio.<br />
Lembremos, também, que a integração dos sistemas pode trazer como<br />
benefícios para a companhia:<br />
Melhoria da gestão dos processos e Análise Crítica Global visando<br />
subsidiar o planejamento estratégico e o crescimento competitivo<br />
sustentável e responsável.<br />
O fortalecimento da imagem no mercado e nas comunidades;<br />
Melhoria da satisfação e da confiança dos acionistas, da força de<br />
trabalho, dos fornecedores e dos clientes;<br />
51
Melhoria do treinamento, conscientização e capacitação da força de<br />
trabalho<br />
Maio conscientização das partes interessadas;<br />
Atuação pró-ativa, evitando-se danos ambientais e acidentes no<br />
trabalho;<br />
Melhoria do clima organizacional;<br />
Melhoria no desempenho organizacional competitivo;<br />
Redução do tempo e de investimentos em auditorias internas e<br />
externas;<br />
Segurança legal contra processos e responsabilidades;<br />
Segurança das informações importantes para o negócio;<br />
Minimização de acidentes e passivos;<br />
Sistematização do atendimento aos requisitos legais e atendimento<br />
ágil a órgãos e fiscalizações;<br />
Identificação de vulnerabilidade nas práticas atuais;<br />
Melhoria dos indicadores da ambiência organizacional;<br />
E minimização de fatores de risco.<br />
Devemos ressaltar que a implementação do Sistema de Gestão Integrado<br />
em uma empresa passa por um processo de melhoria contínua, com uma<br />
correspondência com o aprendizado, adaptação e evolução da organização e das<br />
práticas administrativas da empresa. Sendo assim, os verdadeiros resultados só<br />
poderão ser verificados após a total implantação do sistema, e se deixados para<br />
trás os velhos hábitos e a velha cultura de “segregação para o funcionamento”.<br />
Lembrando sempre que devem ser respeitados os limites e peculiaridades<br />
de cada uma das áreas sob pena de ocorrer descaracterização das<br />
particularidades de cada uma das áreas, prejudicando o desempenho da<br />
organização. Cada organização tem que encontrar um ponto de equilíbrio, peculiar<br />
52
as suas necessidades, atividades e expectativas, que lhe permita continuar com<br />
seus negócios envolvendo o comprometimento da administração dos clientes, dos<br />
fornecedores, dos parceiros, dos trabalhadores e da sociedade, com produtos de<br />
qualidade a custos competitivos, em meio ambiente de trabalho seguro e<br />
saudável, em harmonia com o meio ambiente e com uma atuação socialmente<br />
responsável.<br />
53
3. ESTUDO DE CASO<br />
O Consórcio GASVAP iniciou-se em fevereiro de 2008 com a parceria das<br />
empresas Construtora Norberto Odebrecht, representando 38% do capital, da<br />
Promon Engenharia com 32%, e da UTC Engenharia, com 30 % de Capital para<br />
fornecimento de Materiais e de Equipamentos, Construção e Montagem, pré-<br />
Comissionamento, Apoio ao Comissionamento, Pré-Operação, Partida e<br />
Operação Assistida, das Unidades de Hidrodessulfurização de Nafta Craqueada<br />
(U-264), Reforma Catalítica (U-222), Subestação (SE-2640) e Interligações (Off<br />
Site).<br />
A seguir temos uma sucinta apresentação de cada empresa.<br />
ODEBRECHT<br />
Em 1944, foi fundada em Salvador, na Bahia, a Construtora Norberto<br />
Odebrecht. Com planejamento, disciplina e inovações, a empresa promoveu<br />
grandes transformações nos métodos construtivos tradicionais.<br />
A ODEBRECHT é uma organização brasileira com padrões globais de<br />
qualidade. Presta serviços de Engenharia e Construção na maioria dos países da<br />
América do Sul, da América Central, nos Estados Unidos, na África, em Portugal e<br />
no Oriente Médio.<br />
Atualmente, as empresas de Engenharia e Construção da ODEBRECHT<br />
estão presentes em 18 países da América do Sul, América Central e Caribe,<br />
América do Norte, África, Oriente Médio e Europa. Posicionada entre as 25<br />
maiores construtoras internacionais, cujo critério de classificação leva em conta o<br />
faturamento obtido fora do país de origem da empresa, segundo a publicação<br />
norte-americana ENR – Engineering News-Record, a Odebrecht se destaca como<br />
a maior empresa de Engenharia e Construção da América Latina e a maior<br />
exportadora de serviços brasileira. Além disso, há mais de seis anos está entre as<br />
cinco maiores construtoras mundiais de hidrelétricas.<br />
A Odebrecht é, atualmente, Certificada pelo BVQI em ISO 9001, ISO 14001<br />
e OSHAS 18001.<br />
54
PROMON<br />
A Promon é uma empresa brasileira que, desde 1960, se dedica a projetar,<br />
integrar e implantar soluções de infra-estrutura para setores-chave da economia<br />
no Brasil e no exterior.<br />
O domínio das técnicas de engenharia e gerenciamento, uma equipe<br />
altamente qualificada de profissionais e a capacidade de articular parcerias com<br />
empresas líderes na suas áreas de atuação são a base do sucesso da Promon em<br />
todas as suas realizações.<br />
A PROMON é certificada pelo BVQI nas normas ISO 9001, ISO 14001 e<br />
OSHAS 18001.<br />
UTC ENGENHARIA<br />
Fundada em 1974 a UTC Engenharia S.A. é uma empresa de construção e<br />
montagem industrial que ocupa posição de destaque nos setores petrolífero,<br />
petroquímico, de energia e siderúrgico. O objeto de nossa atividade é implantar<br />
indústrias desde pequenas unidades a grandes complexos integrados, executando:<br />
gerenciamento de projetos; fornecimento e coordenação de engenharia de projeto<br />
básico e de detalhamento; procura de tecnologia; engenharia financeira; compras e<br />
inspeção de equipamentos e materiais; construção e montagem; testes e início de<br />
operação; assistência à operação; manutenção especializada.<br />
A UTC Engenharia tem executado suas atividades para todos os Setores<br />
do mercado nas várias formas contratuais, como EPC, Preço Global, Preço<br />
Unitário, Aliança e outros.<br />
A UTC Engenharia é certificada pelo BVQI nas normas ISO 9001, ISO<br />
14001, OSHAS 18001 e SA 8000.<br />
55
O Anexo 2 do Contrato 0800.0037911.07.2 firmado entre a PETROBRAS e<br />
o Consórcio GASVAP define as diretrizes básicas de QSMSRS (Qualidade,<br />
Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Saúde Ocupacional e Responsabilidade<br />
56
Social), em suplementação aos requisitos legais, normativos e de boas práticas a<br />
serem atendidos pelo consórcio, seus pares e fornecedores, na gestão do contrato<br />
citado celebrado para a Obra da Carteira de Gasolina na Refinaria Henrique Lage<br />
– REVAP. Esse anexo é aplicável, tanto à Contratada como aos seus<br />
relacionamentos empresariais resultantes deste contrato através de contratações<br />
de serviços, parcerias, consórcios, suprimento, ou qualquer tipo de fornecimento<br />
no qual estejam envolvidas organizações externas que venham a trabalhar dentro<br />
dos limites de propriedade da REVAP.<br />
Ou seja, ter um Sistema de Gestão Integrado de QSMSRS foi uma<br />
exigência contratual por parte do cliente (PETROBRAS), o qual descreveu alguns<br />
requisitos para o alcance das suas expectativas no contrato, conforme<br />
observações a seguir, dentre outros.<br />
Segundo o contrato, o consórcio deve apresentar currículo e comprovação<br />
de vínculos empregatícios de todos os empregados habilitados a trabalhar, os<br />
quais devem participar de palestras e treinamentos de QSMSRS, ministrados pela<br />
PETROBRAS ou por entidades por ela credenciadas.<br />
Foi desenvolvido e devidamente detalhado pelo consórcio um Plano de<br />
Gestão Integrado, contendo a estrutura organizacional do Consórcio e seu<br />
respectivo organograma. Este plano foi elaborado unindo a sistemática das três<br />
empresas, além de conter toda a matéria de QSMSRS.<br />
Além do Plano de Gestão Integrado o consórcio deve emitir, em separado,<br />
o Plano da Qualidade, o Plano de Documentos e Arquivamento, o Plano de<br />
Suprimentos, o Plano de Atendimento às Emergências, o Programa de Prevenção<br />
de Riscos Ambientais, um documento de Análise Preliminar de Riscos e o<br />
Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional.<br />
57
Figura 6 – Pirâmide da documentação. (DUARTE, Júlio)<br />
O consórcio deve realizar o levantamento de Aspectos e Impactos, Perigos<br />
e Danos e avaliação de Riscos das atividades rotineiras e não rotineiras a serem<br />
desenvolvidas, de forma a identificar quais os impactos e danos gerados, devendo<br />
ser apresentado à fiscalização da PETROBRAS, em forma de planilha, para<br />
comentários e aceitação. Além disso, deve-se divulgar entre os trabalhadores<br />
esse levantamento.<br />
Os empreendimentos de construção e montagem de obras em Áreas<br />
Petroquímicas podem ser atividades de alto impacto ambiental e de riscos<br />
acentuados aos envolvidos em sua execução. O Sistema de Gestão de Qualidade,<br />
Segurança, Meio Ambiente, Saúde Ocupacional e Responsabilidade Social deve<br />
considerar tais fatores e prever ferramentas gerenciais, operacionais e humanas<br />
para minimizar ou mesmo mitigar esses impactos ambientais e os riscos<br />
pertinentes, de forma a garantir a sustentabilidade do negócio e promover uma<br />
gestão participativa dos Integrantes envolvidos, garantindo uma melhoria da<br />
qualidade de vida dos Integrantes e familiares.<br />
Lembramos que esse consórcio teve início, numa fase anterior do<br />
empreendimento, com a parceria apenas das empresas Norberto Odebrecht e da<br />
UTC Engenharia, atendendo pelo nome de Consórcio PROPENO. Posteriormente,<br />
58
com a redistribuição do capital e a entrada da empresa Promon nessa associação,<br />
o consórcio passou a se chamar GASVAP, porém a estrutura da gestão integrada<br />
de QSMSRS sofreu pouca alteração, já que, à equipe anterior, apenas integraram-<br />
se membros da empresa recém chegada.<br />
E pudemos perceber alguns entraves na implementação do Sistema<br />
Integrado de Gestão, tanto no consórcio PROPENO, quanto no consórcio<br />
GASVAP, devido ao fato de que em nenhuma das empresas envolvidas no<br />
consórcio os sistemas eram integrados.<br />
Apesar de, historicamente, o primeiro a ser integrado ao Sistema de SMS<br />
foi o Sistema da Qualidade, verificou-se, para esse caso, uma grande dificuldade<br />
nessa integração. Os funcionários da Qualidade não têm entendimento das<br />
atividades de SMS e vice-versa, apesar de serem bem preparados na<br />
complexidade de seus próprios Sistemas.<br />
Realmente mudanças ocorrem a todo instante sejam em tarefas simples e<br />
rotineiras ou em bastante complexas. Nos processos de Gestão de Mudanças<br />
podemos identificar três tipos de Mudanças:<br />
Mudanças de Pessoas<br />
Mudança advinda de admissão, transferência, substituição temporária ou<br />
permanente, redução ou aumento de contingente, promoção com mudança de<br />
função ou retorno às atividades após afastamento, que possa caracterizar<br />
alteração no risco, ou no modo de operação, ou na forma de intervenção no<br />
processo, inclusive em emergências.<br />
Mudanças na Tecnologia<br />
Mudança no projeto dos equipamentos, das condições de processo e<br />
procedimentos operacionais, de insumos e rejeitos, ou software.<br />
Mudanças nas Instalações<br />
Mudança ou inclusão de itens nas edificações, equipamentos e<br />
componentes sem a modificação da Tecnologia.<br />
59
Segundo Luiz Eduardo Valente Moreira, Gerente Geral da REVAP: “É<br />
fundamental que se consiga extrair o maior benefício possível de todo tipo de<br />
mudança, seja ela um fator deliberado e, portanto, positivo, seja ela uma<br />
ocorrência indesejada. Agregar valor, minimizando os efeitos colaterais negativos<br />
que toda intervenção provoca, é um grande desafio, que pode ser vencido com<br />
uma boa Gestão de Mudanças. É preciso valorizar qualquer mudança,<br />
responsabilizar-se por ela, gerenciá-la com uma visão prospectiva, com<br />
planejamento. Essa gestão eficiente permite que a responsabilidade e o<br />
compromisso assumidos com as comunidades interna e externa em relação à<br />
determinada alteração sejam mantidos”.<br />
Assim, o Consórcio GASVAP, adotando uma postura de comprometimento<br />
em linha, adotou o sistema de duas Gerências conforme a seguir:<br />
Gerência da Qualidade: Responsável por todas as atividades<br />
relacionadas ao sistema de Garantia da Qualidade e o controle da Qualidade,<br />
extensivo aos fornecedores e parceiros.<br />
Gerência de SMSRS: Responsável por todas as atividades inerentes<br />
a Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Saúde Ocupacional e<br />
Responsabilidade Social. Coordenação dos Treinamentos, bem como<br />
comunicação destes Segmentos.<br />
60
Figura 7 – Macroestrutura e Organização do Consórcio GASVAP (DUARTE, Julio)<br />
Já em relação à Responsabilidade Social, por ser um assunto de maior<br />
interesse de todos e ter um sistema, freqüentemente, de menor complexidade, e<br />
com maior proximidade com as diretrizes de SMS, já teve, facilmente, seu sistema<br />
integrado ao sistema de SMS.<br />
61
Logo, decidiu-se por trabalhar com duas políticas: uma de Qualidade e<br />
outra de SMSRS.<br />
Devemos ressaltar que, além da estrutura prevista pela Norma<br />
Regulamentadora Nº 4 – Serviço Especializado em Engenharia e Medicina do<br />
Trabalho, o Consórcio GASVAP conta com profissionais de Qualidade, Meio<br />
Ambiente e Responsabilidade Social que formam a Equipe de QSMSRS conforme<br />
tabela abaixo.<br />
Tabela 2 - Dimensionamento do QSMSRS do Consórcio GASVAP<br />
PROFISSIONAL<br />
Nº DE INTEGRANTES = 476<br />
PREVISTOS 3000<br />
Técnico de Segurança do Trabalho 7<br />
Engenheiro de Segurança do Trabalho 1<br />
Técnico de Enfermagem do Trabalho 4<br />
Enfermeiro do Trabalho 1<br />
Médico do Trabalho 1<br />
Supervisor de SMS 1<br />
Técnico de Meio Ambiente 4<br />
Supervisor de Meio Ambiente 1<br />
Técnico de Sistema de Gestão<br />
Integrado<br />
Ouvidor 1<br />
Assistente Social 1<br />
Auxiliar Administrativo 3<br />
Trainee de SMS 1<br />
Motorista de Ambulância 2<br />
Gerente da Garantia e do Controle da<br />
Qualidade<br />
Supervisor de Qualidade 1<br />
Técnico de Documentação 1<br />
Técnico de Controle da Qualidade 2<br />
Motorista de Ambulância 2<br />
1<br />
1<br />
62
Para a implantação do Sistema Integrado de Gestão levou-se em<br />
consideração o escopo, o tempo, custos, qualidade, recursos humanos, a<br />
comunicação, os riscos do negócio e a demanda.<br />
Figura 8 - Utilizando recursos do PMBOK (Project Management Body of knowledge)<br />
A implementação se deu por etapas: Primeiro foi feita uma Análise Crítica<br />
da viabilidade de se integrar os Sistemas de QSMSRS em um consórcio. Em<br />
seguida veio o planejamento, ou seja, de antemão determinou-se quais<br />
documentos seriam integrados (como, por exemplo, o Plano Integrado), quais<br />
registros seriam comuns (como por exemplo, os registros de não conformidades),<br />
e quais teriam de ser controlados separadamente.<br />
Observou-se que os relatórios mensais, e as reuniões de Análise Crítica<br />
passaram a ser integradas.<br />
Considerando a dificuldade de, sendo o Consórcio GASVAP uma parceria<br />
de três empresas, todas com sistemas de gestão independentes, e, diante disso, a<br />
necessidade de se Implantar um Sistema de Gestão Integrado de QSMSRS que<br />
refletisse as exigências do cliente detectamos alguns problemas significativos:<br />
Controle ineficaz da emissão de documentos (duplicatas não<br />
autorizadas e documentos obsoletos em uso);<br />
63
outros setores;<br />
Controle ineficaz da distribuição e recebimento dos documentos para<br />
Dificuldade de acesso aos documentos em meio eletrônico e físico;<br />
Ausência de sistemática de controle de documentos, mesmo<br />
existindo o procedimento;<br />
procedimento;<br />
necessário;<br />
Ausência de sistemática de controle de registros, mesmo existindo o<br />
Armazenamento incorreto de registros;<br />
Extravio de registros e conflito de armazenamento<br />
Dificuldade em identificar os registros e em recuperá-los, quando<br />
Não definido tempo de retenção e de descartes dos registros;<br />
Lista Mestra de documentos desatualizada e falta de Plano de<br />
Arquivo para o Empreendimento;<br />
Ausência de responsabilidades sobre o controle de documentos,<br />
dados e registros gerados pelo setor.<br />
O problema culminou em duas não conformidades sistêmicas verificadas<br />
em auditoria realizada pelo cliente, uma em Controle de Documentos e outra em<br />
Controle de Registros, demonstrando a fragilidade do Sistema de Gestão em<br />
QSMSRS.<br />
Uma das soluções encontradas foi criar uma ferramenta que estivesse<br />
disponível para as três empresas, fosse segura e de fácil acesso. Optou-se, então,<br />
pelo MS-ACCESS, tendo em vista já vir agregado a todos os computadores dos<br />
setores de QSMSRS, ferramenta essa denominada SIG, e pela contratação de<br />
profissionais com conhecimento em programação e em gestão.<br />
64
Outra solução encontrada foi a padronização de emissão e controle de<br />
documentos e registros através de intensificação nos treinamentos, e<br />
concentração desse controle através da ferramenta descrita acima.<br />
Além disso, foram tomadas as medidas de revisão dos procedimentos de<br />
controles e de registros, e emissão de Lista Mestra e do Plano de Arquivo do<br />
QSMSRS.<br />
Desta forma constatou-se a necessidade de recursos humanos<br />
especializados, recursos financeiros e recursos tecnológicos para garantir a<br />
eficácia e confiabilidade do Sistema de Gestão Integrado.<br />
Os documentos, dados e registros originados por requisitos legais, outros<br />
requisitos, aspectos e impactos ambientais, riscos e danos, devido a sua<br />
complexidade e importância dentro do SGI receberam atenção especial. Em<br />
conjunto com a ferramenta SIQ é empregado o ProSiG – Programa para Sistema<br />
de Gestão, fornecido pela Alves e Silva Assessoria e Consultoria.<br />
O ProSiG gera as planilhas de Gerenciamento da Conformidade Legal<br />
(GCL), Levantamento e Avaliação de Aspectos e Impactos (LAAI), Avaliação de<br />
Atendimento de Requisitos (AAR) e Plano de Ação (PA) que são documentadas,<br />
arquivadas e armazenadas em conformidade com o Sistema de Gestão Integrado,<br />
e o procedimento de Controle de Documentos, Dados e Registros.<br />
Dentre os resultados obtidos com essas medidas destacam-se:<br />
A confiabilidade nos documentos emitidos e mantidos;<br />
Rastreabilidade dos documentos e registros de QSMSRS;<br />
Estabelecimento de sistemática de controle de documentos, dados e<br />
registros de QSMSRS;<br />
Metodologia integrada para os Sistemas de Gestão de Qualidade,<br />
Segurança do Trabalho, Meio Ambiente, Saúde Ocupacional e<br />
Responsabilidade Social<br />
Definição das Responsabilidades na Gestão;<br />
65
Organização do armazenamento, proteção e manutenção dos<br />
documentos e registros por meio do Plano de Arquivo e da Lista<br />
Mestra de Documentos;<br />
Facilidade de acesso aos documentos, dados e registros para os<br />
Integrantes do QSMSRS.<br />
E, atualmente já se visualiza a informatização, também, dos Atestados de<br />
Saúde Ocupacional, dos Certificados de Calibração, dos Registros de<br />
Treinamento, do Gerenciamento de Resíduos e Efluentes, do Comunicado de<br />
Desvios, da Avaliação de Fornecedores, da Ouvidoria, e da Assistência Social.<br />
66
4. CONCLUSÃO<br />
A evolução verificada nos últimos anos a todos os níveis nas economias<br />
desenvolvidas tem conduzido a uma abordagem de gestão que, partindo de um<br />
conhecimento cada vez mais interessado e rigoroso de cada uma das vertentes de<br />
gestão individualmente consideradas - qualidade, ambiente, responsabilidade<br />
social, segurança e saúde no trabalho - apresenta uma crescente tendência<br />
integradora das mesmas. Esta perspectiva, embora recente, está ganhando a<br />
adesão de cada vez mais organizações. As suas vantagens têm um impacto<br />
substancial no sucesso organizacional, justificando o empenho das pessoas<br />
envolvidas em ultrapassar as dificuldades dessa empreitada. Sendo assim, com<br />
vista à melhoria do desempenho, o desenvolvimento de uma abordagem integrada<br />
destas áreas deve orientar as políticas de qualquer organização.<br />
O desafio é ambicioso, mas, como é hoje largamente defendido, as<br />
exigências colocadas pela competitividade crescente dos mercados devem ser<br />
levadas em consideração nas decisões estratégicas das organizações.<br />
A integração de sistemas de gestão é de grande importância para a<br />
melhoria das empresas, principalmente do ramo de construção e montagem,<br />
porém para o sucesso da implementação dessas ações é necessário inicialmente<br />
ocorrer mudanças culturais, não somente no âmbito dos funcionários, mas<br />
também naquilo que diz respeito à alta gerência. No momento que as empresas<br />
conseguirem derrubar esses paradigmas estruturais, será possível vislumbrar os<br />
resultados dessas ações integradas, possibilitando uma racionalização de<br />
processos, melhoria do ambiente de trabalho, redução de custos e redução de<br />
acidentes e doenças do trabalho. Além de unificar a documentação, a gestão<br />
integrada permite, a conscientização dos funcionários da empresa fazendo com<br />
que todos sejam responsáveis por promover ações relacionadas à melhoria<br />
contínua da organização.<br />
No modelo integrado de gestão, não existem setores únicos ou específicos,<br />
responsáveis pelo controle e monitoramento da qualidade, meio ambiente,<br />
responsabilidade social, segurança e saúde na organização. Nesse sentido o<br />
67
Sistema Integrado de Gestão permite a distribuição das responsabilidades<br />
supracitadas ao longo dos setores constituintes da empresa, permitindo o<br />
conhecimento contínuo dos problemas e deficiências de cada setor. Dessa forma,<br />
por exemplo, podem-se tornar mais visíveis questões de segurança e saúde<br />
relacionadas ao ambiente administrativo, tais como, riscos ergonômicos e<br />
questões relativas ao arranjo físico.<br />
Considerando que o cliente é um dos mais importantes constituintes das<br />
partes interessadas, senão o mais importante, ha que se observar suas<br />
preferências e suas tendências de comportamento. É essencial elaborar uma<br />
lógica para caminhar em sua direção, e uma estratégia para garantir a<br />
continuidade dos negócios. Atualmente não é apenas a relação preço x<br />
desempenho do produto que satisfaz às exigências dos clientes. O consumidor<br />
mais exigente e consciente contesta o impacto ambiental causado pelas<br />
empresas, contesta as relações de trabalho, a discriminação, a ética empresarial,<br />
ao mesmo tempo em que reivindica seus direitos como consumidor. Além dos<br />
consumidores, os grandes clientes, os bancos, as companhias de seguros, o<br />
governo, a mídia, entre outros, também contribuem significativamente na gama de<br />
pressões por produtos e processos mais adequados. A concorrência global passa<br />
a exigir uma série de competências que são essenciais para a competitividade.<br />
Entre elas está a flexibilidade da empresa e sua capacidade de mudança e a<br />
disposição dos seus empregados e gestores em assumir novas metas e encarar<br />
novos desafios.<br />
A integração desses sistemas de gerenciamento proporciona uma visão<br />
geral do negócio, que, se estruturado de forma a permitir um bom relacionamento<br />
com as partes interessadas, usando suas percepções como entrada do processo<br />
de gestão, pode permitir tomadas de decisão mais rápidas e mais eficientes.<br />
Por mais bem elaborado que seja um modelo de gestão, ele ainda está<br />
sujeito à falhas humanas, à falta de disposição para a implantação e ao<br />
aparecimento de novas variáveis não abordadas durante o planejamento.<br />
Entretanto, como o fruto de um sistema de gestão como esse é o aprimoramento<br />
68
contínuo, os insucessos podem se tornar, no ciclo seguinte, novas oportunidades<br />
de melhoria.<br />
As prioridades de cada empresa são muitas vezes distintas. No entanto,<br />
parece ser inevitável que a corrida pela competitividade global passe por uma<br />
análise dos novos paradigmas e pelo aproveitamento das novas oportunidades<br />
advindas deles. Assim, quanto maior for a sensibilidade do sistema de gestão das<br />
organizações às mudanças do mercado alvo, maior será a possibilidade de êxito.<br />
4.1 Respondendo às questões levantadas:<br />
O início da integração dos Sistema de Qualidade, Meio Ambiente,<br />
Saúde, Segurança e Responsabilidade Social do Consórcio GASVAP na<br />
Refinaria Henrique Laje em São José dos Campos se deu desde e devido o<br />
contrato. Contratualmente definiu-se que o Sistema de Gestão utilizado para o<br />
consórcio seria o integrado, e este deveria seguir, além dos requisitos legais<br />
federais, estaduais e municipais, as diretrizes contratuais de QSMSRS<br />
especificadas no anexo 2 do contrato assinado com o cliente Petrobrás. O Anexo<br />
2 do Contrato define as diretrizes básicas de QSMSRS a serem atendidas pelo<br />
consórcio, seus pares e fornecedores.<br />
Definitivamente essa integração não foi total, apesar de aparentar.<br />
Quando se tem mais de um conjunto de documentos, no caso, exemplificado<br />
pela “separação” das Políticas de Qualidade e SMSRS, essa integração não<br />
é total (vide item 2.1).<br />
E pudemos perceber alguns entraves na implementação do Sistema<br />
Integrado de Gestão devido ao fato de que nenhuma das empresas<br />
envolvidas no consórcio tinha os sistemas integrados.<br />
Já no que tange a responsabilidade social corporativa, esta se desenvolve<br />
a cada dia acompanhando a mudança do pensamento social sobre a manutenção<br />
da vida. Consumidores mais exigentes, empresas comprometidas com valores<br />
éticos universais, como o respeito aos direitos humanos, compõem uma<br />
69
combinação que vem transformado sociedades e colocado em questão padrões<br />
de produção e consumo que inviabilizam a vida no planeta.<br />
Toda instituição social funciona na sociedade por meio de um contrato<br />
social pelo qual sua sobrevivência e desenvolvimento repousam sobre<br />
prerrogativas como o cumprimento de certos objetivos socialmente desejáveis<br />
pela sociedade e da distribuição de seus resultados econômicos e políticos entre<br />
os grupos dos quais eles tiram sua força.<br />
Contando que a Responsabilidade Social também foi normatizada<br />
seguindo o padrão dos outros sistemas, esta se integra facilmente. Assim,<br />
afim de uma melhoria continua, seria recomendado a integração de mais<br />
esse sistema no SGI.<br />
E, por fim, em relação às vantagens que a integração dos sistemas<br />
nos apresenta, é importante observar algumas decorrências como: a<br />
redução dos custos com pessoal, material, instalações, treinamento,<br />
auditorias, certificações e com a implementação dos sistemas. Além dessas,<br />
outras são as vantagens de um Sistema de Gestão Integrado, como por<br />
exemplo, eliminação de redundâncias, simplificação da documentação e<br />
redução da burocracia (papelada), e a melhoria na efetividade e na eficiência<br />
do negócio.<br />
70
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />
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