Porto - Destak

04 ·
JEREMY IRONS
EM ENTREVISTA
«Éumaviagemsuave,
Um ‘Sir’ Irons generoso e simpático recebeu-nos ontem
na estação do Rossio para falar do seu novo filme rodado
em Portugal, ‘Comboio Noturno para Lisboa’, do que não
mudou na sua carreira e da Lisboa «romântica».
SHFP
Um comboio para
um mundo luso
O dinamarquês Bille August volta a
colocar Portugal no mapa dos filmes
internacionais, exatamente 20 anos
depois do filme A Casa dos Espíritos,
rodado no Alentejo. E Jeremy Irons
volta a ser protagonista, desta vez
numa adaptação do best-seller mundial
Comboio Noturno Para Lisboa,
de Pascal Mercier. Acompanhamos
um professor suíço (Irons). Depois
de ter salvo uma mulher do suícidio,
descobre no casaco da mulher
um bilhete de comboio para Lisboa
e um livro autobiográfico de um português,
numa época turbulenta em
Portugal, antes do 25 de abril.
Apaixonado pelo relato, segue para
Lisboa onde vai tentar perceber
como acabou a sua história. Não
faltam atores talentosos (a maioria
faz de portugueses), com destaque
para Mélanie Laurent, Jack Huston,
Christopher Lee, Bruno Ganz, Charlotte
Rampling, Nicolau Breyner e
Beatriz Batarda. JT
JOÃO TOMÉ
jtome@destak.pt
Como veio parar a este filme?
Já conhece há vários anos Bille
August, o convite veio dele?
Sim, de formaindiretafoi ele. Eu gostomuitodelecomorealizadorecomo
homem, admiro muito o trabalho
dele. Tem um toque muito delicado
como cineasta. Não tinha lido ainda
o livro, portanto aproveitei o convite
parao ler e adorei, é muito rico. E percebi
também que ia ser difícil transformá-lo
em filme, mas se alguém o
conseguiria, seria o Bille. Além disso,
gostei bastante do elenco que ele estava
a reunir, com pessoas com tanto
talento e com quem nunca tinha
trabalho e era ótimo poder voltar
a Lisboa. Houve várias coisas que
me fizeram querer entrar no filme.
Como foi entrar nesta personagem,
um suíço que entra em Lisboa em busca
de uma história que o apaixonou?
É sempre interessante interpretar
uma personagem que entra num
novo mundo. É o que eu faço como
ator, entro num novo mundo quando
retrato uma outra pessoa e aqui está
um homem a fazer exatamente isso.
Ele não interpreta alguém novo, mas
aprende sobre um modo de vida e de
sacrifício que muitas destas pessoas
viveram num período confuso, do 25
de abril. É uma viagem suave, é um
filme gentil, mas achei que seria
fascinante vê-lo a explorar uma vida
eummundoquenãoeraseu.
Passou por Portugal pela última vez
em 1993, com ACasadosEspíritos.Encontra
muitas diferenças no país?
Vi partes diferentes de Portugal nestesdoisfilmes.GravámosACasados
Espíritos no Alentejo e vivi lá durante
algum tempo, naquela imensidão
de tranquilidade. Ainda viemos a Lis-
boa, mas estive alojado naparte mais
recente da cidade. Só desta vez descobri
o Rossio e os bairros históricos.
Foi uma experiência muito diferente,
por isso é difícil de comparar. Mas
acho Lisboa uma cidade muito romântica,
tal como qualquer outra cidade
que perdeu o seu apogeu e que
játeve um grande império, umagrande
nação de mercadores. É um pouco
como Londres, mas Londres tornou-se
num centro financeiro, por
isso há muito mais ritmo frenético
evitalidadeemLondres,dequenão
sinto falta nenhuma quando venho
cá. Prefiro a Lisboa mais tranquila.
4ª Feira · 20 de março de 2013
‘Sempre pensei que
ia ser apenas um
ator de teatro, por
isso só me eduquei
sobre cinema
quando comecei a
fazer filmes