Porto - Destak

4ª Feira · 20 de março de 2013
CARGO: ator IDADE: 64 anos NACIONALIDADE: Reino Unido PRINCIPAIS FILMES: A Amante do Tenente
Francês (1981), A Mi são (1986), Irmãos Inseparáveis (1988), Reveses da Fortuna (1990), M. Butterfly (1993),
ACasadosEspíritos(1993), OReiLeão(1994), Die Hard: A Vingança (1995), Lolita (1997), OHomemdaMáscara
de Fe ro (1998), O Mercador de Veneza (2005) PAIXÃO: Começou no teatro e volta aos palcos de dois
em dois anos DESEJO PROFISSIONAL: «Que o teatro continue vivo, ficaria devastado se deixasse de existir»
umfilmegentil»
Este elenco está cheio de atores europeus
muito experientes, como foi
trabalhar com eles?
Maravilhoso. O Bruno Ganz [celebrizado
no papel de Hitler em AQueda],
admirava-o há tanto tempo e foi extraordinário,
a Martina Gedeck também
já a admirava. O Christopher Lee
já o conhecia, mas nunca tínhamos
trabalhado. Asua calma imensa e experiênciasão
incríveis. E, claro, o vosso
Nicolau Breyner, que se revelou
muito divertido e maravilhoso. É um
ator completo, já fez de tudo. Chega
láesimplesmentecumpre,faz.Édo
melhorqueexistenomundo.
JOÃO FERRÃO
‘Uma das maravilhas
de se ser famoso
équeomundo
é a nossa aldeia
E voltar a trabalhar com Bille August,
ele mudou com o passar dos anos?
Nada,sótemémaisfilhos(risos).Parece
que não envelhece, é incrível.
Ainda tem aquela certeza interior
assim que começaafilmar, sabe o que
quer, é muito conciso e encorajador,
é tudo o que queremos de um realizador.
E é muito simpático.
Começou nos anos 70, ganhou um BAF-
TAnos80, um Óscarnos90enuncaparou
de fazer teatro e cinema. Continua
atero mesmo processo paraos papéis?
Continua a ser o mesmo. Continuo
a procurar histórias que me cativem
e quero que sejam contadas. Personagens
que me fascinem, realizadores
que admiro, outros atores que respeito.
Às vezes são grandes filmes,
outras vezes pequenos.
Quando estava a começar quais eram
as referências, quem admirava mais?
O primeiro ator que me impressionou
foi o Peter O’Toole. Viu-o em
Lawrence daArábiaepensei“adorava
poder fazer aquilo, é tão incrível
oqueelefaz”.Nãosabianadasobre
cinema para estar muito interessado
nosrealizadores.Masnuncapensei
que seriaum ator de cinema, sempre
pensei que ia ser apenas ator de
teatro, por isso só me eduquei sobre
cinema quando comecei a fazer filmes
e ainda não sou grande perito.
Houvealgumapersonagem queotivesse
marcado? De quais é que as pessoas
mais lhe falam na rua?
Pessoalmente, a maioria das personagens
dão-me algo, porque exploro
um lado diferente de mim próprio
para as interpretar. Por isso, à medida
que vou interpretando mais vou
explorando melhor este “fazer de conta”
e as minhas diversas facetas. As
personagens que têm um efeito noutras
pessoas diferem. Há quem me
diga “o Lolita foi a melhor coisa que
já fizeste”, outros “adorei o Irmãos
Inseparáveis” ou “estiveste fantástico
no Die Hard”. Há personagens
diferentes para públicos diferentes.
Durante a passagem por Portugal,
era muito reconhecido na rua?
Sim, as pessoas vão-me reconhecendo
e são muito simpáticas. Uma das
maravilhas de se ser famoso é que o
mundo é a nossa aldeia, as pessoas
conhecem-nos onde quer que vamos
e até agoratêm sido muito generosas
comigo e vão dando feedback.
Quais são os seus próximos projetos?
Temos uma nova temporada dos
Bórgiaquevaiestrearembreveevou
filmar mais outra no final do ano.
Também devo fazer um western em
breve. De qualquer forma, quero parar
um pouco e ler guiões. Quero que
o futuro me reserve uma surpresa.
TODA A INFORMAÇÃO EM
www.destak.pt
«Quero fazer um
filme com Irons»
·05
Nicolau Breyner tem um pequeno
papel no filme de Bille August, como
rececionista de uma pensão da Baixa
lisboeta onde a personagem de
Jeremy Irons fica instalada enquanto
procura respostas sobre o homem
português que escreveu o misterioso
livro que descobriu em Berna, na
Suíça. Ao Destak, o ator português
não poderia falar melhor de Jeremy
Irons, ao ponto de a entrevista ter
mesmo sido interrompida pelo animado
ator britânico. «Já o admirava
antes e ele confirmou o que achava,
mostrou que é um ator brilhante»,
disse Breyner, admitindo mesmo que
está em conversações com Jeremy
Irons para fazer um filme com ele.
O português vê em Comboio Noturno
para Lisboa uma oportunidade «para
o cinema português abrir portas,
temos um país incrível para filmar e
bons técnicos e atores». Até porque
«no filme, Lisboa é uma das personagens.
É crucial e pode ser um chamariz
para a cidade.» Com projetos de
novelas e filmes, aos 72 anos Nicolau
Breyner garante: «a idade não me
impede de continuar».
‘A idade [72 anos]
não me impede de
continuar a trabalhar
e a apreciar tudo
aquilo que faço
NICOLAU BREYNER
JOÃO FERRÃO