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D FATO quatro.cdr - Associação do Ministério Público de Pernambuco

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Revista da <strong>Associação</strong> <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> - AMPPE - n° 4 - setembro / 2009<br />

Associa<strong>do</strong>s conquistam nova<br />

se<strong>de</strong> social em Al<strong>de</strong>ia<br />

Organizações <strong>de</strong> classe<br />

Peças chave na conquista <strong>de</strong> direitos<br />

pelos trabalha<strong>do</strong>res brasileiros<br />

Turismo<br />

Conheça as belezas que<br />

São Benedito <strong>do</strong> Sul e<br />

Quipapá têm a oferecer e<br />

inclua esses roteiros nas<br />

suas próximas férias<br />

Entrevista<br />

Psiquiatra<br />

José Carlos <strong>de</strong> Escobar<br />

Atuação<br />

Persistência e integração<br />

reduzem ação <strong>do</strong> crime<br />

organiza<strong>do</strong> em Jaboatão<br />

Falan<strong>do</strong> em Português<br />

Confira a nova coluna da<br />

jornalista e professora Dad<br />

Squarisi<br />

Artigos<br />

Leia os artigos <strong>de</strong>sta edição


expediente<br />

Revista da <strong>Associação</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> -<br />

AMPPE<br />

nº 04 - setembro/2009<br />

En<strong>de</strong>reço: Rua Benfica, 810 - Madalena<br />

Recife PE - CEP 50 720 - 001<br />

Fone/fax (81) 3227 0300 / 3228 7491<br />

Site: www.amppe.com.br;<br />

E- mail: amppe@amppe.com.br<br />

Diretoria:<br />

Geral<strong>do</strong> Margela Correia<br />

Presi<strong>de</strong>nte<br />

Paulo Roberto Lapenda Figueiroa<br />

1º Vice-Presi<strong>de</strong>nte<br />

José Edival<strong>do</strong> da Silva<br />

2º Vice-Presi<strong>de</strong>nte<br />

Darwin José Henrique da Silva Junior<br />

1º Secretário<br />

Maria Berna<strong>de</strong>te Gonçalves Aragão<br />

2ª Secretária<br />

Sinei<strong>de</strong> Maria <strong>de</strong> Barros Silva Canuto<br />

1ª Tesoureira<br />

Francisco Ortêncio <strong>de</strong> Carvalho<br />

2º Tesoureiro<br />

Conselho Consultivo e Fiscal<br />

Arabela Maria Matos Porto<br />

José Roberto da Silva<br />

Paulo César <strong>do</strong> Nascimento<br />

Romil<strong>do</strong> Ramos da Silva<br />

Tilemon Gonçalves <strong>do</strong>s Santos<br />

Assessores da Presidência<br />

José Tavares<br />

José Vladimir da Silva Acioli<br />

Muryllo José Salga<strong>do</strong> da Silva<br />

Departamentos<br />

Aposenta<strong>do</strong>s:<br />

Suel<strong>do</strong> Vasconcelos Cavalcanti Melo<br />

Beneficência:<br />

Israel Cabral Cavalcanti<br />

Cultural:<br />

José Lira Gue<strong>de</strong>s<br />

Maria Helena da Fonte Carvalho<br />

Valter Rodrigues da Rosa Borges<br />

Comunicação:<br />

José Vladimir da Silva Acioli<br />

Norma da Mota Sales Lima<br />

Sonia Car<strong>do</strong>so da Silva Santos<br />

Esportivo:<br />

Maviael <strong>de</strong> Souza Silva<br />

Institucional:<br />

Maristela <strong>de</strong> Oliveira Simonin<br />

Solon Ivo da Silva Filho<br />

Jurídico:<br />

Letícia Gue<strong>de</strong>s Coelho<br />

Patrimonial:<br />

Petrúcio José Luna <strong>de</strong> Aquino<br />

Social:<br />

Norma da Mota Sales Lima (interina)<br />

Suplentes<br />

Bettina Estanislau Gue<strong>de</strong>s<br />

Eduar<strong>do</strong> Henrique Tavares <strong>de</strong> Souza<br />

Henrique Ramos Rodrigues<br />

Márcia Cor<strong>de</strong>iro Guimarães Lima<br />

Ricar<strong>do</strong> Lapenda Figueiroa<br />

Stanley <strong>de</strong> Araújo Corrêa<br />

Antônio Victor <strong>de</strong> Araújo Filho<br />

Jornalista responsável: Simonne Lins<br />

(Reg. Prof. 1704 DRT/ PE) ; Estagiária:<br />

Mirella Izídio; Textos: Simonne Lins,<br />

e Mirella Izídio; Diagramação e ilustração:<br />

Amauri Cunha (Reg. Prof. 2177 DRT/PE);<br />

Fotos:<br />

Ival<strong>do</strong> Bezerra, arquivo AMPPE e<br />

arquivo MPPE; Impressão: MXM Gráfica;<br />

Tiragem: 700 exemplares; Distribuição gratuita.<br />

Os artigos assina<strong>do</strong>s não refletem<br />

necessariamente<br />

a opinião da diretoria da AMPPE.<br />

Revista da <strong>Associação</strong> <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> - AMPPE - n° 4 - setembro / 2009<br />

Índice<br />

Editorial 4<br />

Entrevista<br />

Psiquiatra José Carlos <strong>de</strong> Escobar fala a Dfato como grupos <strong>de</strong> discussão po<strong>de</strong>m livrar<br />

Promotores e Procura<strong>do</strong>res <strong>do</strong> estresse 5 a 7<br />

Atuação<br />

Persistência e integração reduzem ação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> extermínio em Jaboatão 10 a 12<br />

Matéria<br />

Associa<strong>do</strong>s aprovam compra <strong>de</strong> nova se<strong>de</strong> social em Al<strong>de</strong>ia 16 e 17<br />

Matéria<br />

Parceria entre Peritos e MP - Garantia <strong>de</strong> um resulta<strong>do</strong> positivo<br />

nos processos <strong>de</strong> apuração criminal18<br />

e 19<br />

Turismo<br />

Lazer associa<strong>do</strong> à tranquilida<strong>de</strong> e às belezas naturais <strong>do</strong> campo 21 a 24<br />

Matéria principal<br />

Organizações <strong>de</strong> classe - Peças chave na conquista<br />

<strong>de</strong> direitos pelos trabalha<strong>do</strong>res brasileiros 26 a 28<br />

Falan<strong>do</strong> em Português<br />

A Reforma Ortográfica mu<strong>do</strong>u a cara das palavras 29<br />

Cultura<br />

Mistura <strong>de</strong> ritmos embala Balé Popular <strong>do</strong> Recife 30 e 31<br />

O que os Promotores e Procura<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Justiça indicam para você 32 e 33<br />

Contraponto<br />

Opiniões distintas sobre a mudança <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo Penal 34 e 35<br />

Saú<strong>de</strong><br />

Gripe Influenza - Verda<strong>de</strong>s e cuida<strong>do</strong>s necessários 38<br />

Artigos<br />

Uma verda<strong>de</strong> inconveniente - O crime como uma opção antiética no Brasil<br />

Patricia Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Melo 8 e 9<br />

Efetiva e gratuita contribuição à causa da infância e da juventu<strong>de</strong><br />

Francisco Cruz Rosa 13<br />

Pe<strong>do</strong>filia é um tipo penal?<br />

Janei<strong>de</strong> Oliveira <strong>de</strong> Lima<br />

Delane <strong>de</strong> Barros <strong>de</strong> Arruda 14 e 15<br />

Como e quan<strong>do</strong> a criança e o a<strong>do</strong>lescente têm direitos?<br />

Maxwell An<strong>de</strong>rson Lucena Vignoli 20<br />

Como sanear o Recife o mais rapidamente possível?<br />

Geral<strong>do</strong> Margela Correia 25<br />

A pessoa jurídica como autora <strong>de</strong> crimes<br />

Miguel Sales 36<br />

e 37


Editorial<br />

Participação da classe é premissa<br />

para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> prerrogativas<br />

Nós, seres humanos, somos<br />

naturalmente gregários,<br />

procuran<strong>do</strong> sempre apoio uns nos<br />

outros, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios das<br />

nossas origens, sempre em busca<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e proteção contra as<br />

forças externas <strong>de</strong>strui<strong>do</strong>ras e<br />

inimigas.<br />

Também nos reunimos nos<br />

momentos <strong>de</strong> alegria e celebração,<br />

quan<strong>do</strong> nos extasiamos em danças<br />

e folgue<strong>do</strong>s que constituem<br />

momentos <strong>de</strong> intensa felicida<strong>de</strong>.<br />

Desenvolvemos, <strong>de</strong>sta sorte,<br />

o sentimento <strong>de</strong> pertinência,<br />

inicialmente ao nosso grupo<br />

parental e, com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das estruturas<br />

mais complexas da socieda<strong>de</strong>,<br />

também às corporações que<br />

criamos, ou que herdamos <strong>do</strong>s<br />

“pais da pátria”.<br />

Estrutura complexa, por<br />

exemplo, é sindicato <strong>de</strong> categoria<br />

profissional ou entida<strong>de</strong> associativa<br />

<strong>de</strong> classe que seus integrantes<br />

criam, ten<strong>do</strong> em vista a proteção<br />

<strong>de</strong> recíprocos interesses e direitos<br />

nas ativida<strong>de</strong>s laborais e o<br />

aperfeiçoamento ético e técnico<br />

<strong>do</strong>s integrantes da classe que se<br />

consi<strong>de</strong>re.<br />

Também po<strong>de</strong> provi<strong>de</strong>nciar<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer que contribuem<br />

para <strong>de</strong>sanuviar mentes e<br />

corações da dureza cotidiana das<br />

ativida<strong>de</strong>s e promover cultura para<br />

além <strong>do</strong>s conhecimentos técnicos.<br />

Colabore com Dfato matérias produzidas, traz o<br />

Em breve a diretoria da AMPPE,<br />

através <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />

comunicação, dará início a<br />

discussão da pauta da próxima<br />

edição da Revista, a Dfato 5.<br />

Esta publicação, além das<br />

04<br />

Tais estruturas complexas,<br />

porém, para realizar suas<br />

ativida<strong>de</strong>s, especialmente<br />

aquelas que significam <strong>de</strong>fesa<br />

das prerrogativas <strong>de</strong> seus<br />

associa<strong>do</strong>s, necessitam <strong>de</strong><br />

recursos e da participação <strong>de</strong><br />

seus membros para execução<br />

das tarefas necessárias ao<br />

cumprimento <strong>de</strong> suas finalida<strong>de</strong>s.<br />

Na verda<strong>de</strong>, elas exigem uma<br />

boa <strong>do</strong>se <strong>de</strong> generosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

...o associa<strong>do</strong> que não enxerga<br />

o valor <strong>do</strong> trabalho associativo,<br />

chega-se ao quadro representa<strong>do</strong><br />

na atual conjuntura <strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong><br />

classe em que o peso <strong>do</strong>s<br />

trabalhos recai sobre os ombros <strong>de</strong><br />

uns poucos abnega<strong>do</strong>s...<br />

voluntaria<strong>do</strong> <strong>de</strong> seus membros<br />

para o cumprimento <strong>de</strong> sua<br />

missão e das metas que são<br />

postas, avançarem e obterem o<br />

aperfeiçoamento da instituição<br />

originária <strong>de</strong> seus quadros, bem<br />

como <strong>de</strong> si próprios.<br />

Quan<strong>do</strong>, ao revés, não há<br />

exercício <strong>de</strong> voluntaria<strong>do</strong> ou este<br />

é diminuto e quan<strong>do</strong> a<br />

contribuição associativa<br />

pecuniária é entendida como um<br />

estorvo para o associa<strong>do</strong> que não<br />

enxerga o valor <strong>do</strong> trabalho<br />

associativo, chega-se ao quadro<br />

representa<strong>do</strong> na atual conjuntura<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um somatório <strong>de</strong><br />

idéias e contribuições <strong>de</strong><br />

membros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong>, que só qualificam a<br />

Revista. Escreva um Artigo,<br />

<strong>do</strong>s órgãos <strong>de</strong> classe em que o<br />

peso <strong>do</strong>s trabalhos recai sobre os<br />

ombros <strong>de</strong> uns poucos abnega<strong>do</strong>s<br />

ou, a minoria participante toma<br />

medidas que consultam seus<br />

próprios interesses, <strong>de</strong>scuran<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s interesses grupais,<br />

locupletan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s valores da<br />

entida<strong>de</strong>, nada <strong>de</strong>volven<strong>do</strong> em<br />

benefício <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s.<br />

Outra praga ocorrente em muitas<br />

<strong>de</strong>ssas entida<strong>de</strong>s é a ausência <strong>de</strong><br />

compreensão por parte <strong>de</strong> alguns<br />

<strong>de</strong> que os bens e serviços <strong>de</strong>la<br />

pertencem à coletivida<strong>de</strong> e não a<br />

individualida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> estar<br />

sempre disponíveis para to<strong>do</strong>s e<br />

não apropria<strong>do</strong>s por uns poucos,<br />

egoisticamente.<br />

Pois bem, nossa AMPPE -<br />

<strong>Associação</strong> <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> (na verda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

membros <strong>do</strong> MPPE) necessita da<br />

participação solidária <strong>de</strong> seus<br />

componentes, <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s sem<br />

exceção, para atingir suas<br />

finalida<strong>de</strong>s, entre as quais<br />

sobreleva a da <strong>de</strong>fesa permanente<br />

das prerrogativas <strong>de</strong> seus<br />

integrantes, a cada dia sob novo e<br />

cerra<strong>do</strong> ataque por parte daqueles<br />

a quem a Constituição pôs sob seu<br />

controle.<br />

Participação, ainda que difícil, é<br />

a palavra que temos <strong>de</strong> tornar<br />

efetivamente real para enfrentar <strong>de</strong><br />

forma competente to<strong>do</strong>s os<br />

percalços.<br />

um Causo, ou dê sugestões <strong>de</strong><br />

pauta para a próxima edição<br />

da Dfato através <strong>do</strong> e-mail<br />

dpcomunicacao@amppe.com.<br />

br. Contamos com a sua<br />

colaboração!


Entrevista / José Carlos <strong>de</strong> Escobar<br />

Grupos <strong>de</strong> discussão po<strong>de</strong>m livrar<br />

Promotores <strong>do</strong> estresse<br />

Omédico José Carlos Soares <strong>de</strong> Escobar foi um <strong>do</strong>s palestrantes a repassar sua experiência aos<br />

membros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> durante o VIII Congresso Estadual <strong>do</strong> MP, nos últimos dias 12, 13 e 14<br />

<strong>de</strong> agosto, em Gravatá. Psiquiatra, Psicanalista, Pesquisa<strong>do</strong>r e Consultor na área <strong>de</strong> Prevenção e<br />

Redução <strong>de</strong> Danos <strong>do</strong> Consumo Prejudicial <strong>de</strong> Álcool e outras Drogas, Escobar, entre outras coisas, é<br />

membro funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Instituto Antonio Carlos Escobar - IACE, on<strong>de</strong> acompanha as ações <strong>de</strong> combate à<br />

violência no Esta<strong>do</strong>; foi funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Centro Eulâmpio Cor<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> Recuperação Humana, atuan<strong>do</strong> na<br />

prevenção, tratamento e pesquisas na área <strong>de</strong> álcool e outras drogas e é diretor clínico <strong>do</strong> Instituto RAID -<br />

organização não governamental que <strong>de</strong>senvolve projetos <strong>de</strong> prevenção, redução <strong>de</strong> danos e tratamento sobre<br />

o consumo prejudicial <strong>de</strong> drogas. José Carlos <strong>de</strong> Escobar falou à revista Dfato e expôs sua opinião sobre as<br />

ações <strong>de</strong> combate à violência no país e em <strong>Pernambuco</strong>; como o Promotor <strong>de</strong> Justiça po<strong>de</strong> ser melhor<br />

prepara<strong>do</strong> psicologicamente para o exercício <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>; os <strong>de</strong>safios da classe e <strong>de</strong> que forma a<br />

AMPPE po<strong>de</strong> contribuir para um maior equilíbrio emocional <strong>do</strong>s seus membros. Confira a entrevista:<br />

DFato - Como o senhor avalia as ações<br />

<strong>de</strong> combate à violência no país. O<br />

trabalho que vem sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

está no caminho certo?<br />

Escobar - Eu acho que as medidas<br />

a<strong>do</strong>tadas no país, especialmente em<br />

<strong>Pernambuco</strong>, ainda são muito<br />

burocráticas e exercidas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

padrão que não aprofunda as<br />

dificulda<strong>de</strong>s que estamos viven<strong>do</strong>.<br />

Compram-se carros, mais<br />

armamento, investe-se em<br />

equipamentos, mas não se investe no<br />

la<strong>do</strong> humano, que sempre fica a<br />

<strong>de</strong>sejar. As fundações <strong>de</strong><br />

internamento da criança e <strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>lescente continuam no aban<strong>do</strong>no;<br />

os profissionais da área <strong>de</strong> segurança<br />

continuam sem treinamento e<br />

condições <strong>de</strong> trabalho e o que vemos é<br />

um sistema prisional absolutamente<br />

aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, que não recupera e não<br />

ressocializa. Enfim, são medidas que<br />

não avançam qualitativamente e que<br />

muitas vezes se restringem ao<br />

investimento em mídia. Falta tratar a<br />

05


Entrevista / José Carlos <strong>de</strong> Escobar<br />

violência no Brasil com a serieda<strong>de</strong> e a<br />

profundida<strong>de</strong> que ela está precisan<strong>do</strong><br />

ser vista. Eu participei da discussão <strong>do</strong><br />

Pacto pela Vida, que foi muito ampla,<br />

mas o que vem sen<strong>do</strong> efetivamente<br />

aplica<strong>do</strong> e o que está em andamento é<br />

muito pouco. Se formos ver os<br />

investimentos em <strong>de</strong>legacias, nos<br />

profissionais <strong>de</strong> segurança, nos<br />

programas preventivos para jovens,<br />

assim como no governo passa<strong>do</strong>, o<br />

atual faz um investimento <strong>de</strong> mídia. O<br />

governo Eduar<strong>do</strong> Campos comemorou<br />

a redução da criminalida<strong>de</strong> em 2%<br />

após um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> lançamento <strong>do</strong><br />

Pacto, o que é imoral, pois com o alto<br />

índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> registra<strong>do</strong> no<br />

Esta<strong>do</strong> esse percentual é irrisório. O<br />

governo <strong>de</strong>veria pedir <strong>de</strong>sculpas às<br />

pessoas e não comemorar.<br />

Dfato - Como o Promotor <strong>de</strong> Justiça<br />

po<strong>de</strong> estar melhor prepara<strong>do</strong><br />

psicologicamente para o exercício <strong>de</strong><br />

sua ativida<strong>de</strong> profissional?<br />

Escobar - Uma série <strong>de</strong> profissões<br />

exige estabilida<strong>de</strong> emocional, a<br />

exemplo <strong>do</strong>s médicos. Mesmo sem<br />

conhecer <strong>de</strong> perto o trabalho <strong>do</strong><br />

Promotor <strong>de</strong> Justiça acho que para<br />

qualquer profissional exercer bem sua<br />

profissão é fundamental i<strong>de</strong>ntificar<br />

qual o seu limite. Não só o seu limite<br />

pessoal, mas também o técnico. É<br />

preciso i<strong>de</strong>ntificar como o Promotor<br />

po<strong>de</strong> atuar <strong>de</strong>ntro da técnica e da ética<br />

e até on<strong>de</strong> ele po<strong>de</strong> atuar<br />

individualmente e também<br />

coletivamente. Certo <strong>de</strong>sses limites, o<br />

profissional vai se situar <strong>de</strong> uma forma<br />

menos angustiante. A outra coisa é<br />

você ter instrumentos, formas <strong>de</strong><br />

trabalhar e que possa compartilhar<br />

coletivamente essas dificulda<strong>de</strong>s. Se o<br />

profissional discute as angústias, a<br />

solução chega mais tranquilamente. É<br />

preciso buscar caminhos <strong>de</strong> discussão<br />

coletiva sobre a sua ativida<strong>de</strong> técnica.<br />

Em medicina existe o grupo operativo<br />

que é um instrumento ótimo para se<br />

dividir ansieda<strong>de</strong>s e problemas.<br />

Esse trabalho não seria uma terapia <strong>de</strong><br />

grupo, nem auto-ajuda. Você po<strong>de</strong> ter<br />

um coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r treina<strong>do</strong>, mas o<br />

importante é que seja uma dinâmica <strong>de</strong><br />

grupo on<strong>de</strong> as pessoas sejam<br />

06<br />

estimuladas a falar da sua ativida<strong>de</strong><br />

profissional e da angústia <strong>de</strong>rivada<br />

<strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>. Cabe ao coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<br />

guiar o grupo para que essas questões<br />

não se <strong>de</strong>sviem muito para o campo<br />

pessoal, mas que a discussão possa<br />

ficar <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s problemas gera<strong>do</strong>s<br />

pelo exercício técnico.<br />

Dfato - Vários fatores têm<br />

contribuí<strong>do</strong> para o aumento na<br />

<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> processos a serem<br />

julga<strong>do</strong>s pelo Judiciário, que tratam<br />

<strong>do</strong>s mais diversos assuntos.O senhor<br />

acredita que alguns <strong>de</strong>stes conflitos<br />

po<strong>de</strong>riam ser dirimi<strong>do</strong>s com o auxílio<br />

<strong>de</strong> um profissional da sua área?<br />

Escobar - Eu acho que não<br />

necessariamente da área, porque muitas<br />

vezes o trabalho <strong>do</strong> terapeuta não é<br />

conciliar, às vezes é até provocar crise.<br />

Eu acho que esse trabalho po<strong>de</strong> ser<br />

feito por alguém que tenha treinamento<br />

e preparo para isso. Po<strong>de</strong> ser uma<br />

assistente social, uma pessoa da área <strong>de</strong><br />

humanas, mas necessariamente que<br />

tenha um treinamento para trabalhar<br />

em grupo. Eu penso que é muito mais<br />

uma questão <strong>de</strong> talento pessoal <strong>do</strong> que<br />

<strong>de</strong> formação técnica. A sensibilida<strong>de</strong> e<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliação muitas<br />

vezes vem <strong>de</strong> um talento <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

pela própria personalida<strong>de</strong> da pessoa.<br />

Tem pessoas que tem uma formação


individual mais adaptada a essa tarefa<br />

<strong>do</strong> que um técnico. Eu tenho uma certa<br />

resistência da gente circunscrever<br />

algumas áreas <strong>de</strong> relacionamento ao<br />

técnico. Acho que é muito mais pelo<br />

bom senso e pela sensibilida<strong>de</strong> pessoal.<br />

No caso <strong>do</strong>s conflitos judiciais,<br />

acredito que para dirimir conflitos<br />

menores é importante haver uma<br />

autorida<strong>de</strong> constituída, reconhecida,<br />

que possa fazer a conciliação. Agora,<br />

esta autorida<strong>de</strong> tem que ter bom senso<br />

e sensibilida<strong>de</strong> social. Uma pessoa<br />

madura, estruturada, que conheça<br />

gente, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser um religioso, um<br />

técnico, entre outros.<br />

isso à <strong>de</strong>fesa da socieda<strong>de</strong>. Ele vai<br />

mais além e vai exigir <strong>do</strong> Promotor<br />

mais <strong>do</strong> que uma postura técnica. Ele<br />

vai exigir uma postura humana e<br />

ética, no seu exercício <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensor da<br />

Lei. O Promotor tem em alguns<br />

momentos que promover a crise em<br />

<strong>de</strong>fesa da socieda<strong>de</strong> e não tentar<br />

acomodá-la. Um exemplo prático é<br />

que muitas vezes você tem uma<br />

instituição criada que foi toda<br />

constituída para abrigar cem pessoas<br />

a<strong>de</strong>quadamente, como exige o padrão<br />

<strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong>ntro da Lei. Se<br />

alguém colocar uma pessoa a mais<br />

nesse local está rompen<strong>do</strong> com isso e<br />

essa crise não po<strong>de</strong> ser acomodada,<br />

pois quem coloca cento e um, coloca<br />

muito mais... Então, essa exigência<br />

da responsabilização <strong>de</strong> um gestor<br />

Entrevista / José Carlos <strong>de</strong> Escobar<br />

outros da lista também não possam<br />

cumprir bem esse papel, ou talvez<br />

escolha aquele que ele enten<strong>de</strong> que não<br />

criará problema para ele. Qual o<br />

critério da escolha? O Promotor muitas<br />

vezes vai atuar contra o Esta<strong>do</strong> e como<br />

ele po<strong>de</strong> ser escolhi<strong>do</strong> por alguém <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>? Isso é uma distorção que a<br />

Constituição traz. Não estou critican<strong>do</strong><br />

o atual Procura<strong>do</strong>r, que po<strong>de</strong> ser uma<br />

pessoa idônea e isenta. O que estou<br />

discutin<strong>do</strong> é que essa forma <strong>de</strong> escolha<br />

é perversa, porque fundamentalmente<br />

para isso o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> precisa<br />

<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência. É uma distorção que<br />

alguém <strong>de</strong> outro po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>termine quem<br />

vai comandar o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>.<br />

Dfato - Procura<strong>do</strong>res e Promotores <strong>de</strong><br />

Justiça <strong>de</strong>senvolvem estresse em razão<br />

DFato - De que forma a <strong>Associação</strong><br />

<strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, às vezes resultan<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, entida<strong>de</strong> que<br />

em problemas físicos e<br />

congrega Promotores e<br />

psicológicos. Como<br />

Procura<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Justiça,<br />

enfrentar com equilíbrio<br />

po<strong>de</strong> contribuir para uma<br />

estas questões?<br />

melhor preparação<br />

psicológica <strong>de</strong> seus<br />

Escobar - Com o ...Eu acho que talvez a expectativa da<br />

associa<strong>do</strong>s para o exercício<br />

reconhecimento da socieda<strong>de</strong> seja <strong>de</strong> que o Promotor venha a ser<br />

<strong>de</strong> sua função?<br />

própria limitação e das o seu <strong>de</strong>fensor e não só da Lei. Essa é uma<br />

dificulda<strong>de</strong>s. Quem coisa muito subjetiva <strong>de</strong> cada um. Muitas vezes Escobar - Eu acho que<br />

trabalha com saú<strong>de</strong> às a <strong>de</strong>fesa da socieda<strong>de</strong> exige que se crie uma <strong>de</strong>ntro da questão da saú<strong>de</strong><br />

vezes se <strong>de</strong>para com a<br />

crise...<br />

mental <strong>do</strong> Promotor, a<br />

situação <strong>de</strong> qual o<br />

<strong>Associação</strong> po<strong>de</strong> ser um<br />

paciente que manda para<br />

agente <strong>de</strong> promoção para o<br />

a UTI, quan<strong>do</strong> existem<br />

encontro <strong>de</strong>sses grupos, até<br />

três pessoas e apenas<br />

mesmo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar qual<br />

uma vaga. Você vai ter<br />

que ter alguns critérios e o restante público cria uma crise institucional,<br />

seria o melhor grupo e<br />

você vai ter que enfrentar. A angústia é mas é importante que isso aconteça, ofertar isso. Para tal é só i<strong>de</strong>ntificar<br />

inerente à profissão. O Promotor que para que as pessoas não se<br />

profissionais que possam exercer essa<br />

manda alguém para a ca<strong>de</strong>ia vai acomo<strong>de</strong>m a um aspecto perverso das função e promover isso junto aos<br />

acompanhar a <strong>do</strong>r da família, mas tem instituições. Dentro da sua postura associa<strong>do</strong>s. Um Promotor aposenta<strong>do</strong>,<br />

que cumprir seu papel. Por isso a técnica o Promotor po<strong>de</strong> acomodar pela experiência acumulada <strong>do</strong>s anos e<br />

importância <strong>do</strong>s grupos, local em que isso, mas não seria uma atitu<strong>de</strong> ética. pelas dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas po<strong>de</strong><br />

você vai dividir isso coletivamente. Eu acho que talvez a expectativa da cumprir esse papel. Com um<br />

socieda<strong>de</strong> seja <strong>de</strong> que o Promotor treinamento específico essa pessoa<br />

DFato - O papel constitucional <strong>do</strong> venha a ser o seu <strong>de</strong>fensor e não só po<strong>de</strong> cumprir esse papel <strong>de</strong><br />

Promotor <strong>de</strong> Justiça é a <strong>de</strong>fesa da da Lei. Essa é uma coisa muito concilia<strong>do</strong>r, <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r, e<br />

socieda<strong>de</strong>. Na sua avaliação<br />

subjetiva <strong>de</strong> cada um. Muitas vezes a trabalhar com o grupo para reduzir<br />

profissional, quais são as perspectivas <strong>de</strong>fesa da socieda<strong>de</strong> exige que se crie essas angústias. Acho que a<br />

<strong>de</strong> atuação e os <strong>de</strong>safios a serem uma crise. A gente não po<strong>de</strong> se <strong>Associação</strong> po<strong>de</strong>ria encabeçar esse<br />

supera<strong>do</strong>s pela classe?<br />

acomodar para não criar atrito e trabalho, contan<strong>do</strong> também com<br />

problema institucional. Eu acho uma profissionais <strong>de</strong> fora, inclusive<br />

Escobar - A ação <strong>do</strong> Promotor <strong>de</strong> aberração, por exemplo, que o técnicos da área <strong>de</strong> psicologia e<br />

Justiça tem <strong>do</strong>is aspectos: o ético e governa<strong>do</strong>r escolha o Procura<strong>do</strong>r psiquiatria. A execução da<br />

técnico. O técnico se restringe ao Geral <strong>de</strong> Justiça. Ele vai escolher coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>sse trabalho é que<br />

aprofundamento <strong>do</strong> conhecimento da aquele que no seu enten<strong>de</strong>r melhor necessariamente <strong>de</strong>veria ser <strong>de</strong> uma<br />

Lei e da sua <strong>de</strong>fesa e o ético une tu<strong>do</strong> <strong>de</strong>fenda a socieda<strong>de</strong>, como se os pessoa advinda <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>.<br />

07


Artigo<br />

Uma verda<strong>de</strong> inconveniente<br />

O crime como uma opção<br />

antiética no Brasil<br />

* Patricia Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Melo<br />

Em plena juventu<strong>de</strong> da Constituição<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, qual o olhar que os<br />

indivíduos lançam sobre a socieda<strong>de</strong><br />

brasileira <strong>do</strong> século XXI? A verda<strong>de</strong><br />

inconveniente que queremos contar é<br />

uma reflexão para os promotores <strong>de</strong><br />

Justiça corajosos <strong>do</strong> Brasil. Enquanto<br />

nas socieda<strong>de</strong>s antigas a unida<strong>de</strong> básica<br />

era a família, na socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna o<br />

indivíduo centraliza o olhar <strong>do</strong>s<br />

governantes. É para ele que se dirigem<br />

as políticas públicas, ele é o “pivô” das<br />

ações governamentais.<br />

No Brasil, porém, ser indivíduo<br />

parece negativo, a palavra<br />

carrega um senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> estar à<br />

margem. Há uma <strong>de</strong>sconfiança<br />

no Esta<strong>do</strong> e no governo, e uma<br />

confiança na família e nos<br />

parentes. O indivíduo, isola<strong>do</strong>,<br />

<strong>de</strong>stituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma boa re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

relações sociais (o chama<strong>do</strong><br />

know-who,<br />

que po<strong>de</strong>mos<br />

traduzir como quem você<br />

conhece?), é marginal porque<br />

não dispõe <strong>de</strong> relacionamento<br />

com políticos, empresários ou<br />

servi<strong>do</strong>res da lei para facilitar o<br />

“trânsito” social. Assim, ser<br />

brasileiro parece difícil, porque<br />

a Constituição Fe<strong>de</strong>ral não se traduz<br />

igualmente para os <strong>de</strong>stituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> boas<br />

relações.<br />

Falarmos <strong>de</strong> paz e segurança pública<br />

no contexto atual <strong>do</strong> Brasil remete-nos<br />

ao crime <strong>de</strong> rua que nos assusta no<br />

cotidiano. Ao pensarmos no crime, o<br />

senso comum nos força a associá-lo ao<br />

pobre. Este me<strong>do</strong> coletivo <strong>de</strong>corre da<br />

condição <strong>de</strong> ”ninguém” <strong>de</strong>terminada ao<br />

pobre, <strong>de</strong>pois da construção imaginária<br />

que o jogou à marginalida<strong>de</strong>.<br />

Destituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma boa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações,<br />

o pobre é associa<strong>do</strong> ao crime e recebe<br />

esta i<strong>de</strong>ntificação sem que haja<br />

correlação efetiva que a justifique, ele é<br />

o bo<strong>de</strong> expiatório escolhi<strong>do</strong> por aqueles<br />

08<br />

que são “alguém” políticos e<br />

encarrega<strong>do</strong>s das instituições<br />

responsáveis pela or<strong>de</strong>m pública<br />

para pagar por toda sorte <strong>de</strong> crime no<br />

Brasil.<br />

Precisamos refletir: quem tem<br />

po<strong>de</strong>r para <strong>de</strong>finir o que é o agir<br />

<strong>de</strong>linquente e quem é criminoso?<br />

Quan<strong>do</strong> a lei associa significa<strong>do</strong>s<br />

negocia<strong>do</strong>s no Congresso Nacional e<br />

hierarquiza o agir criminoso está, em<br />

tese, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a um clamor social, a<br />

uma disputa <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que é pior<br />

em termos <strong>de</strong> ação humana.<br />

...Destituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma boa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações, o<br />

pobre é associa<strong>do</strong> ao crime e recebe esta<br />

i<strong>de</strong>ntificação sem que haja correlação efetiva que<br />

a justifique, ele é o bo<strong>de</strong> expiatório escolhi<strong>do</strong> por<br />

aqueles que são “alguém”...<br />

Significa<strong>do</strong>s são negocia<strong>do</strong>s e<br />

hierarquiza<strong>do</strong>s sobre as ações. Estes<br />

agentes autoriza<strong>do</strong>s protegem, <strong>de</strong><br />

alguma forma, o po<strong>de</strong>r e a posição <strong>de</strong><br />

alguns grupos na estrutura social.<br />

Ainda que na socieda<strong>de</strong><br />

contemporânea <strong>de</strong>svios <strong>de</strong> recursos<br />

públicos, sonegação fiscal, frau<strong>de</strong>s e<br />

ações violentas sejam estabelecidas<br />

como crimes, na lógica <strong>de</strong> valor <strong>do</strong><br />

senti<strong>do</strong>, os chama<strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> rua<br />

são mais sérios <strong>do</strong> que os crimes <strong>de</strong><br />

colarinho branco.<br />

Não por acaso, a lei foi aos poucos<br />

<strong>de</strong>scriminalizan<strong>do</strong> e medicalizan<strong>do</strong> o<br />

consumi<strong>do</strong>r <strong>de</strong> drogas normalmente<br />

<strong>de</strong> classes média e alta e<br />

criminalizan<strong>do</strong> o traficante em geral,<br />

<strong>de</strong> classe pobre. Esta competição <strong>de</strong><br />

significação <strong>do</strong> que vem a ser pior fica<br />

clara no caso das drogas com a divisão<br />

<strong>de</strong> senti<strong>do</strong> entre consumo e tráfico após<br />

os anos 60: os consumi<strong>do</strong>res eram<br />

rotula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fracos e tristes,<br />

corrompi<strong>do</strong>s pelos traficantes e<br />

passíveis <strong>de</strong> tratamento. Os traficantes<br />

eram tipos maus que mereciam<br />

punição. Isso foi a pedra fundamental<br />

para anos <strong>de</strong><br />

permissivida<strong>de</strong>, que<br />

fomentou a consequente (e<br />

talvez fracassada) guerra<br />

contra as drogas nos anos<br />

posteriores.<br />

Fala-se que o problema<br />

no Brasil é <strong>de</strong> educação,<br />

mas não é apenas. Na<br />

verda<strong>de</strong>, é <strong>de</strong> ética. Isso<br />

porque ricos e pobres que<br />

têm ética são honestos.<br />

Esta regra não vale para os<br />

<strong>do</strong>utores que sonegam<br />

impostos no Brasil e<br />

aproveitam as<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> know-who para se<br />

proteger da lei. Vejamos o exemplo da<br />

última semana <strong>de</strong> maio <strong>de</strong>ste ano:<br />

cerca <strong>de</strong> 70 jovens entre 20 e 30 anos<br />

foram presos por crimes <strong>de</strong> roubo<br />

cibernético (acesso a contas correntes e<br />

<strong>de</strong>svio <strong>do</strong> dinheiro). A <strong>de</strong>claração <strong>do</strong><br />

policial fe<strong>de</strong>ral foi a<strong>de</strong>quada: to<strong>do</strong>s<br />

jovens, inteligentes e com formação,<br />

“estão no crime por escolha”. É isso:<br />

pensar no crime como uma opção ética<br />

em verda<strong>de</strong>, antiética.<br />

Explicações simplistas que associam<br />

o crime à pobreza esquecem <strong>de</strong><br />

explicar o crime <strong>de</strong> políticos,<br />

empresários e <strong>de</strong> juízes e advoga<strong>do</strong>s<br />

envolvi<strong>do</strong>s com a criminalida<strong>de</strong>,


inclusive com o uso da violência. O<br />

crime, como um <strong>de</strong>svio <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um<br />

contexto social em que as regras em<br />

vigor são conhecidas pela coletivida<strong>de</strong>,<br />

está associa<strong>do</strong> à ética. O problema<br />

brasileiro é <strong>de</strong> crise ética. Logo, falta<br />

segurança pública porque falta ética aos<br />

indivíduos. E isso é mais complexo <strong>do</strong><br />

que esten<strong>de</strong>r à coletivida<strong>de</strong> a educação<br />

formal (ressalte-se que não <strong>de</strong>vemos<br />

nunca ser contra políticas públicas <strong>de</strong><br />

acesso à educação, habitação e saú<strong>de</strong>!<br />

Mas não po<strong>de</strong>mos apostar todas as<br />

fichas <strong>de</strong> que isso é suficiente para<br />

trazer paz ao Brasil).<br />

A lógica <strong>do</strong> lucro <strong>de</strong>senfrea<strong>do</strong> e <strong>do</strong><br />

pagamento <strong>de</strong> salários irrisórios, da<br />

sonegação <strong>de</strong> impostos, <strong>do</strong> <strong>de</strong>svio <strong>de</strong><br />

verbas públicas, da locupletação <strong>do</strong><br />

lugar político que se ocupa, <strong>do</strong> uso <strong>de</strong><br />

passagens aéreas para interesse<br />

particular, <strong>de</strong> telefones institucionais<br />

para problemas pessoais e <strong>de</strong> cartões<br />

corporativos para consumo próprio não<br />

está acessível aos criminosos <strong>de</strong> classe<br />

social pobre. Esses usam as armas,<br />

evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> a diferença <strong>de</strong> como se<br />

rouba a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong> lugar social que se<br />

ocupa.<br />

Há forte apelo político na associação<br />

entre crime e pobreza, mas os mo<strong>de</strong>los<br />

econométricos que testaram esta<br />

relação indicam que a correlação entre<br />

<strong>de</strong>semprego, pobreza, níveis salariais e<br />

ciclos econômicos é baixa, não<br />

possuin<strong>do</strong> impacto significativo sobre a<br />

criminalida<strong>de</strong>. Por exemplo, na crise<br />

econômica entre 1980 e 1983, a<br />

criminalida<strong>de</strong> no Rio <strong>de</strong> Janeiro e em<br />

São Paulo caiu. Em senti<strong>do</strong> inverso,<br />

quan<strong>do</strong> houve melhoria da oferta <strong>de</strong><br />

emprego, entre 1981 e 1985, houve<br />

aumento da criminalida<strong>de</strong> nas duas<br />

cida<strong>de</strong>s.<br />

O vínculo entre pobreza e<br />

criminalida<strong>de</strong> é perverso e espúrio<br />

porque tipifica um conjunto <strong>de</strong><br />

indivíduos pobres como potenciais<br />

invasores, <strong>de</strong>strui<strong>do</strong>res, saquea<strong>do</strong>res.<br />

O crime como estratégia <strong>de</strong><br />

sobrevivência não sobrevive como<br />

explicação porque nas comunida<strong>de</strong>s<br />

pobres vivem inúmeros indivíduos<br />

que não cometem crimes (são nossas<br />

babás, empregadas <strong>do</strong>mésticas,<br />

motoristas, vigilantes). É verda<strong>de</strong> que<br />

existe uma espécie <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong><br />

praticada por pobres, e que recebe<br />

maior visibilida<strong>de</strong> e reação moral: o<br />

crime <strong>de</strong> rua. Como já dissemos, o<br />

contexto social <strong>de</strong>sse criminoso lhe<br />

dá acesso a meios materiais, as<br />

armas para a sua prática.<br />

Em parte, o crime <strong>de</strong> rua po<strong>de</strong> ser<br />

associa<strong>do</strong> à intenção <strong>de</strong> obter ganhos<br />

financeiros, no caso <strong>de</strong> indivíduos<br />

das classes pobres: assaltos,<br />

sequestros, cárceres priva<strong>do</strong>s. Mas,<br />

como vimos, não explica os crimes<br />

pratica<strong>do</strong>s por membros da elite<br />

econômica e política, que dispõem<br />

<strong>do</strong>s meios legítimos para satisfazer<br />

êxitos pecuniários e ainda assim<br />

cometem crimes cujo objetivo não é<br />

monetário: estupros, violência<br />

<strong>do</strong>méstica, incestos. Estas ações<br />

apresentam um outro tipo <strong>de</strong><br />

vantagem <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m psicológica e<br />

social: é a expressão da virilida<strong>de</strong>, <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r e da aventura, é prova <strong>de</strong><br />

coragem e expressão da <strong>de</strong>fesa da<br />

honra, a lógica <strong>de</strong> tirar vantagem<br />

sempre.<br />

A incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r as<br />

razões <strong>de</strong> atos criminosos <strong>de</strong><br />

violência <strong>de</strong>smedida nos faz associálos<br />

a ritos satânicos, monstros e<br />

<strong>do</strong>enças mentais. No meio disso, há<br />

um Esta<strong>do</strong> que reproduz a falta <strong>de</strong><br />

ética, insuficiente, aparta<strong>do</strong>, para dar<br />

segurança aos indivíduos e conter a<br />

violência privada <strong>do</strong>s proprietários<br />

2. Po<strong>de</strong>mos pensar em outras perspectivas: é o “<strong>de</strong> quem você é filho?”, “qual é mesmo o seu sobrenome?”, “você é parente <strong>de</strong><br />

quem?”.<br />

3. COELHO, Edmun<strong>do</strong> Campos. A Oficina <strong>do</strong> Diabo e outros estu<strong>do</strong>s sobre criminalida<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Record, 2005.<br />

4. ZALUAR, Alba. Dilemas da segurança pública no Brasil. In: ZALUAR, Alba, MISSE, Michel, BOURGOIS, Josephine, TEIXEIRA,<br />

Paulo Augusto Souza, BROWNE, Terry Crawford, PETERS, Rebecca, NARVAEZ, Leonel & BINGEMER, Maria Clara Lucchetti.<br />

Desarmamento, segurança pública e cultura <strong>de</strong> paz. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fundação Konrad A<strong>de</strong>nauer, Ca<strong>de</strong>rnos A<strong>de</strong>nauer VI, n. 3, out.<br />

2005, pp. 11-23.<br />

Artigo<br />

<strong>de</strong> terra aos grupos priva<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

segurança. Como afirma Alba Zaluar,<br />

“o me<strong>do</strong> é, digamos, estrutural, está na<br />

condição <strong>de</strong> sujeito <strong>de</strong>ste Esta<strong>do</strong>”<br />

(ZALUAR, 2005, p. 14).<br />

Um processo <strong>de</strong> socialização<br />

imperfeita e a <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m familiar<br />

(como uma formação em que os pais<br />

ensinam a tirar vantagem em tu<strong>do</strong>,<br />

como vencer acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, sem o<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, carida<strong>de</strong> e<br />

respeito ao outro) contribuem para o<br />

aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s meios legítimos <strong>de</strong><br />

alcance aos objetivos culturais, como<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> lares <strong>de</strong>sfeitos, problema,<br />

herança genética, <strong>de</strong>sorganização<br />

social. Se isso ajuda a compreen<strong>de</strong>r as<br />

diferenças entre as taxas <strong>de</strong> crimes e os<br />

tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio pratica<strong>do</strong>s por<br />

indivíduos <strong>de</strong> estratos sociais<br />

diferentes, não dá conta <strong>de</strong> explicar os<br />

casos <strong>de</strong> criminosos que têm famílias<br />

estruturadas e tiveram acesso à<br />

educação formal.<br />

Este é um nó que precisamos<br />

<strong>de</strong>satar para acabar com o discurso<br />

fácil <strong>de</strong> que há sempre uma relação<br />

causal entre <strong>de</strong>sestruturação familiar,<br />

pobreza e crime. Eis o cenário <strong>de</strong><br />

agora e <strong>do</strong> futuro no Brasil. Os<br />

promotores <strong>de</strong> Justiça comprometi<strong>do</strong>s<br />

com a ética precisam olhar <strong>de</strong> frente<br />

para isso, porque as verda<strong>de</strong>s<br />

inconvenientes normalmente são<br />

embebidas <strong>de</strong> um senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> loucura<br />

<strong>do</strong>s que se arvoram a contá-las.<br />

Assumo a minha parcela <strong>de</strong><br />

insanida<strong>de</strong>.<br />

* Pesquisa<strong>do</strong>ra da Fundação Joaquim<br />

Nabuco, mestre em Comunicação e<br />

<strong>do</strong>utoranda pelo Programa <strong>de</strong> Pósgraduação<br />

em Sociologia da Universida<strong>de</strong><br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, on<strong>de</strong> está<br />

<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> a pesquisa <strong>de</strong> tese Entre<br />

atos e fatos: o discurso midiático sobre o<br />

crime violento e o trauma cultural <strong>do</strong> me<strong>do</strong><br />

no Brasil.<br />

09 07


Matéria<br />

Atuação<br />

Persistência e integração reduzem ação <strong>de</strong> g<br />

Aatuação da Promotora <strong>de</strong> Justiça Natália Maria Campelo,<br />

que é titular da 5ª Promotoria <strong>de</strong> Justiça Criminal <strong>de</strong><br />

Jaboatão <strong>do</strong>s Guararapes, po<strong>de</strong>ria ser restrita a oferecer<br />

<strong>de</strong>núncias sobre crimes <strong>do</strong>losos contra a vida no município, sem<br />

buscar alguma relação entre eles, ou aprofundar as investigações.<br />

Mas ela optou por não se limitar a isso! A percepção <strong>de</strong> que vários<br />

<strong>do</strong>s crimes que aconteciam em Jaboatão tinham características<br />

<strong>de</strong> execução, levou a Promotora a dar início a um trabalho árduo<br />

<strong>de</strong> combate ao crime organiza<strong>do</strong> no município.<br />

Fatos como inexistência <strong>de</strong><br />

testemunhas, a reincidência da<br />

prática <strong>de</strong> assassinatos por parte das<br />

mesmas pessoas e a constatação da<br />

presença <strong>do</strong> me<strong>do</strong> nas comunida<strong>de</strong>s,<br />

com a ausência total <strong>de</strong><br />

informações, foram características<br />

que reforçaram o perfil <strong>do</strong>s crimes.<br />

Em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento surgiu<br />

a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer um trabalho<br />

com grupos <strong>de</strong> extermínio, fato que,<br />

segun<strong>do</strong> ela, não teria se<br />

concretiza<strong>do</strong> se não fosse o<br />

entrosamento e parceria<br />

formalizadas com a polícia civil,<br />

através <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong><br />

Homicídios e Proteção à Pessoa –<br />

DHPP.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, as iniciativas<br />

a<strong>do</strong>tadas também resultaram em<br />

alterações no cotidiano da<br />

Promotora que passou a contar com<br />

a companhia constante <strong>de</strong> um<br />

Ação conjunta <strong>do</strong> MP e SDS surtiram efeitos concretos<br />

10<br />

policial militar, dada a gravida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>s fatos apura<strong>do</strong>s.<br />

Apesar das evidências<br />

constatadas pela Promotora<br />

Natália Campelo, que na ocasião<br />

atuava em parceria com o<br />

Promotor <strong>de</strong> Justiça Marcos<br />

Carvalho, segun<strong>do</strong> ela, era<br />

necessário reunir informações<br />

para a realização <strong>de</strong> um trabalho<br />

mais consistente. A Operação<br />

Pieda<strong>de</strong> Vida, realizada no mês <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2007, uma ação rápida<br />

que resultou em 19 pessoas<br />

<strong>de</strong>nunciadas, representou o<br />

“pontapé inicial” para uma<br />

sucessão <strong>de</strong> iniciativas que<br />

contribuíram para o resgate da<br />

confiança da população <strong>de</strong><br />

Jaboatão. “A impunida<strong>de</strong> é<br />

resulta<strong>do</strong> da falta <strong>de</strong> colaboração<br />

da comunida<strong>de</strong>, mas isso não era<br />

feito porque as pessoas não<br />

se sentiam seguras. A partir<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s,<br />

passamos a receber<br />

contribuições”, atestou.<br />

Mas a primeira gran<strong>de</strong><br />

operação <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ada em<br />

Jaboatão aconteceu em<br />

novembro <strong>de</strong> 2007, quan<strong>do</strong><br />

foi realizada a maior ação <strong>de</strong><br />

combate ao crime<br />

organiza<strong>do</strong> no município: a<br />

Características <strong>do</strong>s crimes levaram a Promotora Natália Cam<br />

Operação Canaã, que na sua etapa<br />

inicial resultou na prisão <strong>de</strong> 30<br />

pessoas. Outra fase importante veio<br />

em janeiro/2008, quan<strong>do</strong> o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> ofereceu a<br />

<strong>de</strong>núncia, já apontan<strong>do</strong> que havia<br />

<strong>do</strong>is grupos distintos atuan<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

da Canaã, portanto, que se <strong>de</strong>veria<br />

trabalhar com processos separa<strong>do</strong>s.<br />

Foram 56 <strong>de</strong>nuncia<strong>do</strong>s no primeiro<br />

e mais 7 pessoas em outro processo,<br />

compon<strong>do</strong> o grupo li<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> por um<br />

policial militar, conheci<strong>do</strong> por<br />

solda<strong>do</strong> Eduar<strong>do</strong>. Estes indivíduos<br />

até então transitavam livremente


e grupos <strong>de</strong> extermínio em Jaboatão<br />

ália Campelo a i<strong>de</strong>ntificar a ação <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> extermínio em Jaboatão<br />

pelas ruas <strong>de</strong> Jaboatão, dan<strong>do</strong><br />

seguimento a sua trajetória <strong>de</strong><br />

crimes. Matavam<br />

indiscriminadamente por disputa <strong>de</strong><br />

territórios, faziam segurança<br />

privada, assaltos e outros crimes<br />

como receptação, <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> cargas e<br />

roubos. “A prisão <strong>do</strong> solda<strong>do</strong><br />

Eduar<strong>do</strong>, que era uma figura<br />

conhecida na cida<strong>de</strong>, impactou as<br />

pessoas e isso gerou uma redução<br />

<strong>do</strong>s crimes em Jaboatão nos cinco<br />

meses que se suce<strong>de</strong>ram ao fato”,<br />

explicou a Promotora.<br />

Trabalho conjunto<br />

O sucesso <strong>do</strong> trabalho<br />

realiza<strong>do</strong> em Jaboatão é para a<br />

Promotora um resulta<strong>do</strong> da<br />

<strong>de</strong>dicação e intercâmbio <strong>de</strong><br />

esforços <strong>do</strong>s entes envolvi<strong>do</strong>s no<br />

senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> combater a<br />

criminalida<strong>de</strong>. “Infelizmente<br />

existiam pessoas que praticavam<br />

crimes em Jaboatão há muitos<br />

anos. O trabalho realiza<strong>do</strong> pelo<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, em parceria<br />

com o DHPP transcorreu <strong>de</strong> forma<br />

natural e ágil, isso porque os<br />

Matéria<br />

órgãos estavam imbuí<strong>do</strong>s da<br />

intenção <strong>de</strong> resolver o problema”,<br />

esclareceu.<br />

A redução <strong>do</strong>s índices <strong>de</strong><br />

criminalida<strong>de</strong> no município,<br />

responsável por 12% <strong>do</strong>s crimes<br />

pratica<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, ficou evi<strong>de</strong>nte nos<br />

meses <strong>de</strong> novembro/2007 a<br />

março/2008, sen<strong>do</strong> inclusive objeto<br />

<strong>de</strong> comentários positivos por parte<br />

da população local.<br />

A partir <strong>do</strong> sucesso da Operação<br />

Canaã, novas <strong>de</strong>mandas foram<br />

surgin<strong>do</strong> no município. Um pedi<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> proteção <strong>de</strong> um cidadão, que foi<br />

assassina<strong>do</strong> posteriormente,<br />

motivou uma nova investigação: a<br />

Operação Guararapes. Dentro <strong>de</strong>ssa<br />

ação <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> e da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Defesa Social foram<br />

i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s mais três grupos <strong>de</strong><br />

extermínio, que se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>braram nas<br />

Operações Guararapes A, que<br />

resultou no indiciamento <strong>de</strong> 10<br />

pessoas; Guararapes B, com o<br />

indiciamento <strong>de</strong> 27 pessoas e a<br />

Guararapes C, com 17 indicia<strong>do</strong>s.<br />

O andamento das investigações<br />

<strong>de</strong>ssa Operação também é<br />

comemora<strong>do</strong> pela Promotora,<br />

informan<strong>do</strong> que <strong>do</strong>s três grupos da<br />

Guararapes, um já se encontra na<br />

fase <strong>de</strong> alegações finais e nos<br />

<strong>de</strong>mais já se encerraram as oitivas<br />

das testemunhas. “Muitas pessoas<br />

acharam que o processo não iria<br />

andar, mas nós tivemos um<br />

resulta<strong>do</strong> inicial muito bom, o que<br />

vem contribuin<strong>do</strong>, inclusive, para o<br />

resgate da credibilida<strong>de</strong> das<br />

instituições”, comemorou.<br />

Uma das mais recentes ações<br />

contra o crime organiza<strong>do</strong> realizada<br />

no município foi a Operação<br />

11


Matéria<br />

Pescaria, no bairro <strong>do</strong> Cura<strong>do</strong> IV,<br />

que aconteceu no mês <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

2008, sen<strong>do</strong> mais uma vez exitosa,<br />

resultan<strong>do</strong> no indiciamento <strong>de</strong> nove<br />

pessoas.<br />

Mesmo externan<strong>do</strong> que muito<br />

ainda precisa ser feito em Jaboatão,<br />

a Promotora Natália Campelo se diz<br />

satisfeita com o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trabalho realiza<strong>do</strong> até o momento,<br />

Os crimes pratica<strong>do</strong>s em Jaboatão<br />

<strong>do</strong>s Guararapes vão muito além <strong>do</strong>s<br />

caracteriza<strong>do</strong>s como crimes <strong>do</strong>losos<br />

contra a vida. Outra questão que<br />

atormenta a população e assoberba <strong>de</strong><br />

trabalho as três varas criminais <strong>do</strong><br />

município são <strong>de</strong>litos presentes no<br />

cotidiano das pessoas como o sequestro<br />

e o tráfico <strong>de</strong> drogas.<br />

Atuan<strong>do</strong> em Jaboatão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> abril/1999,<br />

a Promotora <strong>de</strong> Justiça Érika Loaysa<br />

Elias <strong>de</strong> Farias diz que ao chegar ao<br />

município havia um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

seqüestros em Jaboatão, índices que<br />

foram reduzi<strong>do</strong>s pela ação constante <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> no combate a essa<br />

prática. Mas apesar da redução <strong>de</strong>ssa<br />

modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crime, nos últimos <strong>do</strong>is<br />

anos houve uma mudança <strong>de</strong> perfil<br />

<strong>de</strong>sses <strong>de</strong>litos, passan<strong>do</strong> o tráfico <strong>de</strong><br />

drogas a figurar como o principal crime<br />

cometi<strong>do</strong> no município. “No início o<br />

seqüestro era a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />

Jaboatão, até que conseguimos reduzir<br />

esses índices. Hoje, nossa gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>manda está relacionada ao tráfico,<br />

que é mais lucrativo e rentável para<br />

quem o pratica”, informou a<br />

Promotora.<br />

Dedicada e apaixonada pelo que faz a<br />

Promotora Érika Loaysa acumula<br />

atualmente a 1ª e 2ª Varas, no último<br />

mês <strong>de</strong> julho foi responsável pela 3ª<br />

Vara e ainda junta às suas ativida<strong>de</strong>s a<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acumular a 147ª<br />

zona eleitoral. Para dar conta <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> processos sob sua<br />

responsabilida<strong>de</strong>, a Promotora afirma<br />

que é preciso abrir mão da vida pessoal,<br />

12<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong> que atualmente<br />

existem mais <strong>de</strong> 450 réus presos<br />

na Comarca <strong>de</strong> Jaboatão. Mas<br />

para que essa ação tenha<br />

continuida<strong>de</strong> a Promotora lembra<br />

que é imprescindível a<br />

colaboração da população. “O<br />

número <strong>de</strong> presos pelas operações<br />

é relativamente alto, mas ainda<br />

precisamos fazer muito. Só<br />

através <strong>de</strong> um esforço integra<strong>do</strong><br />

Érica Loaysa aponta o tráfico <strong>de</strong> drogas como<br />

principal crime pratica<strong>do</strong> atualmente em Jaboatão<br />

po<strong>de</strong>remos ir além. As penas para<br />

as pessoas têm que ser compatíveis<br />

com o crime pratica<strong>do</strong>, mas o que<br />

inibe a criminalida<strong>de</strong> é a certeza da<br />

punição”, disse. Além <strong>do</strong> repasse <strong>de</strong><br />

informações pela população, a<br />

Promotora <strong>de</strong>stacou que a solução<br />

<strong>do</strong> problema não está apenas com<br />

repressão qualificada. “É preciso<br />

presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e agilida<strong>de</strong> das<br />

instituições”, concluiu.<br />

Trabalho <strong>do</strong> MP reduz número <strong>de</strong> sequestros<br />

inclusive <strong>de</strong>stinan<strong>do</strong> parte <strong>do</strong>s finais<br />

<strong>de</strong> semana ao trabalho. “Com esse<br />

acúmulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mandas acabamos<br />

pagan<strong>do</strong> com a saú<strong>de</strong>. Em<br />

janeiro/2008 também acumulei três<br />

Promotorias e no final <strong>do</strong> mês estava<br />

com cinco problemas relaciona<strong>do</strong>s ao<br />

estresse”, lembrou.<br />

A Promotora informou que já<br />

solicitou à Procura<strong>do</strong>ria-Geral <strong>de</strong><br />

Justiça a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> um Promotor<br />

para a 1ª Vara, o que irá possibilitar<br />

que ela se <strong>de</strong>dique integralmente<br />

aos quase 1.200 processos que<br />

tramitam na 2ª Vara, da qual é<br />

titular. Sem ver seu pleito<br />

atendi<strong>do</strong>, Érica Loaysa diz que só<br />

contou com ajuda externa no<br />

perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 2002/2003, quan<strong>do</strong><br />

Promotores que atuavam no<br />

Núcleo Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Repressão à<br />

Criminalida<strong>de</strong> Organizada –<br />

NIRCO, realizaram um trabalho<br />

no município <strong>de</strong> combate à<br />

pirataria. “Apesar da presença <strong>do</strong><br />

NIRCO o trabalho foi<br />

direciona<strong>do</strong>, não se configuran<strong>do</strong><br />

em ajuda às <strong>de</strong>mandas <strong>do</strong> dia-adia<br />

da Promotoria”, esclareceu.<br />

Ressaltan<strong>do</strong> que é uma pessoa <strong>de</strong><br />

perfil centraliza<strong>do</strong>r Érica Loaysa<br />

admite que tem dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

trabalhar em grupo e que mesmo<br />

se colocan<strong>do</strong> à disposição da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Defesa Social, as<br />

<strong>de</strong>mandas são sempre resolvidas<br />

com cada um atuan<strong>do</strong><br />

isoladamente. “Nunca tive<br />

dificulda<strong>de</strong>s com a SDS para a<br />

realização <strong>do</strong> meu trabalho, mas prefiro<br />

atuar só, pois eu mesma imponho meu<br />

ritmo”, frisou.<br />

O perfil exigente e extremamente<br />

responsável da Promotora é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

por ela não uma característica própria,<br />

mas apenas um reconhecimento da sua<br />

responsabilida<strong>de</strong> perante a socieda<strong>de</strong>.<br />

“Eu fiz um juramento, sou paga para<br />

isso e levo muito a sério meu trabalho. É<br />

um compromisso pessoal que assumi<br />

com a socieda<strong>de</strong> e sempre cumpro as<br />

promessas que faço”, enfatizou.


Efetiva e gratuita contribuição à<br />

causa da infância e da juventu<strong>de</strong><br />

* Francisco Cruz Rosa<br />

Não são raras as vezes em que<br />

tomamos conhecimento <strong>de</strong> situações <strong>de</strong><br />

risco com as quais convivem in<strong>de</strong>finidamente<br />

crianças e a<strong>do</strong>lescentes<br />

carentes. Esta dura realida<strong>de</strong> provoca<br />

fortes emoções e nos faz momentaneamente<br />

solidários com os responsáveis<br />

ou voluntários em minorar-lhes o<br />

sofrimento. Nestas frequentes oportunida<strong>de</strong>s<br />

mostramos a nossa indignação<br />

e planejamos contribuir com os nossos<br />

esforços pessoais, “em breve”.<br />

Com o passar <strong>do</strong> tempo, se nada<br />

fazemos <strong>de</strong> concreto, procuramos<br />

ao menos aplacar o “drama <strong>de</strong><br />

consciência” tentan<strong>do</strong> nos isentar<br />

da responsabilida<strong>de</strong>. Afinal somos<br />

muito ocupa<strong>do</strong>s, já fazemos a<br />

nossa parte quan<strong>do</strong> intervimos<br />

nos processos em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s<br />

pequenos, já ajudamos as crianças<br />

<strong>de</strong> um abrigo com brinque<strong>do</strong>s e<br />

roupas usadas nos fins <strong>de</strong> ano, já<br />

pagamos pesa<strong>do</strong>s impostos ... .<br />

O nosso conhecimento nos leva<br />

a ligar os fatos ao Estatuto da<br />

Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente, que<br />

dispõe sobre a proteção integral e, para<br />

garantir a priorida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s direitos<br />

referentes à vida, à saú<strong>de</strong>, alimentação,<br />

à educação, ao esporte, ao lazer, à<br />

profissionalização, à cultura, à dignida<strong>de</strong>,<br />

ao respeito, à liberda<strong>de</strong> e à convivência<br />

familiar e comunitária, estabelece,<br />

entre outras, a preferência na<br />

formulação das políticas sociais<br />

públicas e a <strong>de</strong>stinação privilegiada <strong>de</strong><br />

recursos públicos nas áreas relacionadas<br />

com a proteção à infância e à<br />

juventu<strong>de</strong>. To<strong>do</strong>s nós temos conhecimento<br />

<strong>de</strong> tal priorida<strong>de</strong>,<br />

dita pleonasticamente<br />

absoluta.<br />

Sabemos, entretanto,<br />

que só há efetiva política pública<br />

quan<strong>do</strong> ela é gestada no órgão <strong>de</strong>liberativo<br />

e controla<strong>do</strong>r, o conselho <strong>de</strong><br />

direitos da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente.<br />

Cientes disso, nós que fazemos o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

lutamos anos a fio com o objetivo <strong>de</strong><br />

<strong>do</strong>tar TODOS os municípios <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> <strong>de</strong> tais órgãos.<br />

Incluímos nessa obstinação os<br />

Conselhos Tutelares, participan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

longo processo para que, além <strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s os municípios, o Distrito<br />

Estadual <strong>de</strong> Fernan<strong>do</strong> <strong>de</strong> Noronha<br />

também fosse contempla<strong>do</strong>. A<br />

batalha foi longa e tivemos como<br />

...A condição que possibilita a <strong>de</strong>dução é<br />

a <strong>do</strong>ação ser feita diretamente a um<br />

conselho <strong>de</strong> direitos da criança e <strong>do</strong><br />

a<strong>do</strong>lescente. Dessa forma, a <strong>do</strong>ação será<br />

semelhante a um “empréstimo” a ser<br />

<strong>de</strong>volvi<strong>do</strong> ou compensa<strong>do</strong>...<br />

alia<strong>do</strong>s o Conselho Estadual <strong>de</strong><br />

Defesa <strong>do</strong>s Direitos da Criança e <strong>do</strong><br />

A<strong>do</strong>lescente, a <strong>Associação</strong><br />

Municipalista <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e a<br />

Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

entre vários outros. Embora<br />

<strong>Pernambuco</strong> tenha si<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s<br />

primeiros Esta<strong>do</strong>s a cumprir a etapa<br />

<strong>do</strong> planejamento nacional <strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os conselhos <strong>de</strong> direitos e<br />

tutelares, ainda é constatada certa<br />

apatia nos seus integrantes.<br />

Afinal, qual a razão <strong>de</strong> participar<br />

as entida<strong>de</strong>s não-governamentais da<br />

articulação <strong>de</strong> ações em parida<strong>de</strong><br />

com o eixo governamental se para<br />

tanto não são <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s recursos que<br />

tornam efetivas as políticas sociais<br />

* 23º Promotor <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Defesa da<br />

Cidadania da Capital, com atuação na<br />

Promotoria <strong>de</strong> Justiça da Infância e da<br />

Juventu<strong>de</strong> – Atos Infracionais<br />

Artigo<br />

públicas? Em outras palavras, <strong>de</strong> que<br />

adianta indignar-se, querer mudar,<br />

<strong>de</strong>bater e planejar, se não há ou não<br />

são suficientes os recursos?<br />

Ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos que <strong>de</strong>vem ser<br />

previstos no orçamento público para<br />

repasses obrigatórios pelo Po<strong>de</strong>r<br />

Executivo aos fun<strong>do</strong>s especiais da<br />

infância e da a<strong>do</strong>lescência (FIA), prevê<br />

a Lei nº 8.069/90 a <strong>de</strong>dutibilida<strong>de</strong> das<br />

<strong>do</strong>ações na <strong>de</strong>claração <strong>do</strong> Imposto<br />

sobre a Renda <strong>do</strong> ano subseqüente. Até<br />

6 (seis) por cento <strong>do</strong> imposto <strong>de</strong> renda<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> aos<br />

fun<strong>do</strong>s especiais da infância e da<br />

a<strong>do</strong>lescência, garantida a <strong>de</strong>dução.<br />

Isto significa R$ 600,00 (seiscentos<br />

reais) para cada R$10.000,00<br />

(<strong>de</strong>z mil reais). Faz a diferença!<br />

A condição que possibilita a<br />

<strong>de</strong>dução é a <strong>do</strong>ação ser feita<br />

diretamente a um conselho <strong>de</strong><br />

direitos da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente.<br />

Dessa forma, a <strong>do</strong>ação será<br />

semelhante a um “empréstimo” a<br />

ser <strong>de</strong>volvi<strong>do</strong> ou compensa<strong>do</strong> (se<br />

houver imposto a pagar). Basta<br />

entrar em contato com o<br />

CAOP/Infância e Juventu<strong>de</strong> para<br />

informação ou com qualquer <strong>do</strong>s<br />

conselhos <strong>de</strong> direitos municipais,<br />

estaduais ou nacional e efetuar o<br />

<strong>de</strong>pósito até o dia 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro para<br />

que a <strong>de</strong>dução seja possível no ano<br />

seguinte.<br />

Uni<strong>do</strong>s, nós, Promotores e<br />

Procura<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> po<strong>de</strong>mos contribuir com<br />

mais <strong>de</strong> R$ 1.000.000,00 (um milhão<br />

<strong>de</strong> reais) por ano em <strong>do</strong>ações totalmente<br />

<strong>de</strong>dutíveis. Pensemos nisso!<br />

13


Artigo<br />

Pe<strong>do</strong>filia é um tipo penal?<br />

*Janei<strong>de</strong> Oliveira <strong>de</strong> Lima<br />

Delane Barros <strong>de</strong> Arruda<br />

Elisabeth Roudinesco afirma que a perversão é um<br />

fenômeno sexual, político, social, psíquico, trans-histórico,<br />

estrutural, presente em todas as socieda<strong>de</strong>s humanas. No<br />

que se refere à perversão como <strong>de</strong>nominação, estrutura e<br />

vocábulo, não foi estudada senão pelos psicanalistas.<br />

On<strong>de</strong> começa a perversão e quem<br />

são os perversos? Para Freud, a<br />

perversão está presente, <strong>de</strong>certo em<br />

diversos graus, em todas as formas da<br />

sexualida<strong>de</strong> humana. A vitimização <strong>de</strong><br />

crianças e a<strong>do</strong>lescentes nos crimes<br />

sexuais tem induzi<strong>do</strong> as pessoas a um<br />

equívoco recorrente. Fala-se<br />

habitualmente a palavra pe<strong>do</strong>filia<br />

como se fosse uma prática criminal<br />

específica, isto é, supõe-se que a<br />

legislação penal brasileira <strong>de</strong>fine<br />

pe<strong>do</strong>filia como um crime propriamente<br />

dito. Crimes <strong>de</strong> natureza sexual contra<br />

criança e a<strong>do</strong>lescente são <strong>de</strong>litos<br />

previstos tanto no Código Penal como<br />

em outras leis penais esparsas. Por<br />

exemplo, o artigo 213 <strong>do</strong> Código Penal<br />

<strong>de</strong>fine o estupro como um crime contra<br />

14<br />

a liberda<strong>de</strong> sexual e tanto uma<br />

mulher <strong>de</strong> 18 anos ou mais, quanto<br />

uma criança ou a<strong>do</strong>lescente po<strong>de</strong>m<br />

ser vítimas <strong>do</strong> crime <strong>de</strong> estupro. A<br />

diferença é que em se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

mulher menor <strong>de</strong> 14 anos surge o<br />

tema da violência presumida,<br />

significa dizer que,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> emprego <strong>de</strong><br />

violência concreta, por ser irrelevante<br />

o consentimento <strong>de</strong> alguém menor <strong>de</strong><br />

14 anos, consi<strong>de</strong>ra-se crime <strong>de</strong><br />

estupro a conduta <strong>de</strong> manter<br />

conjunção carnal com uma menina <strong>de</strong><br />

até 13 anos. O mesmo ocorre com o<br />

crime <strong>de</strong> atenta<strong>do</strong> violento ao pu<strong>do</strong>r,<br />

previsto no artigo 214 <strong>do</strong> Código<br />

Penal, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m figurar como<br />

sujeitos passivos homens ou<br />

mulheres, adultos ou menores. Um<br />

...A pe<strong>do</strong>filia é um conceito<br />

liga<strong>do</strong> às ciências que tratam da<br />

estrutura psíquica e não uma<br />

categoria integrante da<br />

taxativida<strong>de</strong> da lei penal...<br />

exemplo <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> cunho sexual<br />

<strong>de</strong>scrito em lei extravagante penal se<br />

acha no artigo 240 <strong>do</strong> Estatuto da<br />

Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente que proíbe<br />

expressamente a utilização <strong>de</strong> criança<br />

ou a<strong>do</strong>lescente em cena pornográfica.<br />

A Lei 10.764/03 tratou <strong>do</strong> crime <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>de</strong> pornografia infantil pela<br />

internet e alterou o artigo 241 <strong>do</strong><br />

Estatuto para atingir a pornografia<br />

infantil divulgada por internautas.<br />

Agora, revogada pela Lei<br />

11.839/2008, que também alterou os<br />

artigos 240 e 241 <strong>do</strong> Estatuto da<br />

Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente, aumentan<strong>do</strong><br />

as penas. A lei 11.839/08 trata da<br />

aquisição e posse <strong>de</strong> material<br />

pornográfico envolven<strong>do</strong> infantes e<br />

jovens, via internet. Enfim, o artigo<br />

241 <strong>do</strong> Estatuto sofreu mudanças, com<br />

aumento <strong>de</strong> penas. As penas que eram<br />

<strong>de</strong> 01 a 04 anos passaram a ser <strong>de</strong> 04 a<br />

08 anos. Enfatiza-se que não existe<br />

nenhum crime <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> pe<strong>do</strong>filia. A<br />

pe<strong>do</strong>filia é um conceito liga<strong>do</strong> às<br />

ciências que tratam da estrutura<br />

psíquica e não uma categoria integrante<br />

da taxativida<strong>de</strong> da lei penal. Assim, a<br />

psiquiatria apresenta a pe<strong>do</strong>filia como<br />

uma atração intensa <strong>de</strong> um adulto por<br />

crianças, às vezes <strong>do</strong> mesmo sexo <strong>do</strong><br />

porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> transtorno. O pedófilo<br />

mostra-se incapaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<br />

relações afetivas. Pelo contrário,<br />

engendra laços assimétricos. É<br />

egocêntrico, não <strong>de</strong>senvolve remorso<br />

ou arrependimento. O objetivo <strong>do</strong>s<br />

contatos com a vítima é satisfazer o<br />

próprio <strong>de</strong>sejo, apenas. Para Miguel<br />

Chalub, psiquiatra forense e professor<br />

<strong>de</strong> Psiquiatria da UFRJ, a pe<strong>do</strong>filia é:<br />

atração que uma pessoa sente por<br />

crianças impúberes, isto é, que não<br />

atingiram a puberda<strong>de</strong>. Se uma pessoa<br />

sente atração por uma criança que<br />

ainda não atingiu os caracteres sexuais


secundários, que não apresenta aptidão<br />

para a vida sexual, nós <strong>de</strong>nominamos,<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>finições médicas, <strong>de</strong><br />

pe<strong>do</strong>filia. Pe<strong>do</strong>filia é um distúrbio, um<br />

transtorno <strong>de</strong> comportamento,<br />

classifica<strong>do</strong> como <strong>do</strong>ença pela OMS,<br />

espécie <strong>do</strong> gênero parafilia. Quanto ao<br />

tráfico <strong>de</strong> material fotográfico,<br />

inclusive pela internet, envolven<strong>do</strong><br />

criança ou a<strong>do</strong>lescente, há <strong>de</strong> se<br />

indagar se tais “negociantes” teriam<br />

realmente qualquer traço pedófilo. Pelo<br />

que se vê é o interesse financeiro que<br />

anima o comércio <strong>de</strong> tal material e não<br />

algum transtorno <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>.<br />

Não se po<strong>de</strong>, a princípio, classificar o<br />

divulga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> tal material pornográfico<br />

como porta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> alguma parafilia, no<br />

caso a pe<strong>do</strong>filia. O <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> proteção<br />

familiar e social é imposto pelo<br />

Estatuto da Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente.<br />

O artigo 13 <strong>de</strong>sta lei diz que “Os casos<br />

<strong>de</strong> suspeita ou confirmação <strong>de</strong> maustratos<br />

contra criança ou a<strong>do</strong>lescente<br />

serão obrigatoriamente comunica<strong>do</strong>s<br />

ao Conselho Tutelar da respectiva<br />

localida<strong>de</strong>, sem prejuízo <strong>de</strong> outras<br />

providências legais”. Os educa<strong>do</strong>res e<br />

os profissionais da área da saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>vem intervir diante da suspeita <strong>de</strong><br />

uma agressão. O agressor é,<br />

comumente, alguém liga<strong>do</strong> à criança,<br />

<strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> confiança. A vítima<br />

acredita no ofensor e ele impõe o mais<br />

absoluto silêncio, incute na mente da<br />

criança ou a<strong>do</strong>lescente uma culpa,<br />

...O agressor é, comumente,<br />

alguém liga<strong>do</strong> à criança, <strong>de</strong>tentor<br />

<strong>de</strong> confiança. A vítima acredita no<br />

ofensor e ele impõe o mais<br />

absoluto silêncio, incute na mente<br />

da criança ou a<strong>do</strong>lescente uma<br />

culpa, infundin<strong>do</strong>-lhe terror...<br />

infundin<strong>do</strong>-lhe terror, enfim, produz<br />

na criança ou a<strong>do</strong>lescente um trauma<br />

impeditivo <strong>de</strong> reação. A mídia<br />

<strong>de</strong>staca vários abusos sexuais<br />

pratica<strong>do</strong>s por médicos, professores,<br />

autorida<strong>de</strong>s eclesiásticas e outras<br />

figuras tidas como proeminentes num<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> nicho social.<br />

Abusa<strong>do</strong>res que gozam <strong>de</strong> boa<br />

situação financeira e social<br />

rotineiramente escapam. E, quan<strong>do</strong><br />

são colhi<strong>do</strong>s em flagrante, em muitos<br />

casos, conseguem a absolvição.<br />

Assim, família e socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem se<br />

comprometer com a situação,<br />

investin<strong>do</strong> em informação, educação<br />

<strong>do</strong>s pais e <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o grupo familiar.<br />

Os pais e os educa<strong>do</strong>res <strong>de</strong>vem<br />

conversar com as crianças<br />

Artigo<br />

esclarecen<strong>do</strong> que o corpo <strong>de</strong>les não é<br />

para ser manipula<strong>do</strong> por outras<br />

pessoas, conscientizan<strong>do</strong> os pequenos<br />

quanto à nocivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s abusos. Outra<br />

medida preventiva é se permitir o<br />

acesso <strong>de</strong> equipes <strong>de</strong> instrutores e<br />

profissionais liga<strong>do</strong>s à saú<strong>de</strong> nos<br />

núcleos familiares mais humil<strong>de</strong>s, num<br />

trabalho <strong>de</strong> campo <strong>de</strong> assistência<br />

concreta, psicológica e material. Como<br />

diz o Dr. David Zimermam, médico<br />

psicanalista da Socieda<strong>de</strong> Psicanalítica<br />

<strong>de</strong> Porto Alegre: “Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

causa perdida ou os responsáveis pelo<br />

problema da violência é que estão<br />

perdi<strong>do</strong>s na causa?”.<br />

* Procura<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Justiça e Promotora<br />

<strong>de</strong> Justiça, respectivamente<br />

No próximo mês <strong>de</strong> outubro<br />

tem a Festa das Crianças<br />

da AMPPE<br />

Aguar<strong>de</strong> maiores informações!<br />

.<br />

15


Matéria<br />

Associa<strong>do</strong>s conquistam nova sed<br />

Promotores e Procura<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Justiça associa<strong>do</strong>s à<br />

AMPPE po<strong>de</strong>rão contar em breve com mais um espaço <strong>de</strong><br />

lazer. A diretoria da <strong>Associação</strong>, seguin<strong>do</strong> o que ficou<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> na Assembléia <strong>do</strong> último dia 31 <strong>de</strong> agosto, realizou<br />

a compra <strong>de</strong> uma se<strong>de</strong> social em Al<strong>de</strong>ia localizada no quilometro<br />

6,0 e com uma área <strong>de</strong> 1,6 hectares.<br />

A aquisição <strong>de</strong> uma nova se<strong>de</strong> social já havia si<strong>do</strong> aprovada em<br />

Assembléia Geral Extraordinária realizada no dia 13 <strong>de</strong> fevereiro<br />

<strong>de</strong> 2006, quan<strong>do</strong> também se <strong>de</strong>liberou pela venda <strong>do</strong> Clube <strong>de</strong><br />

Barra <strong>de</strong> Jangada, espaço que já não atendia às necessida<strong>de</strong>s<br />

da classe. A nova se<strong>de</strong> social da AMPPE é um local arboriza<strong>do</strong>,<br />

dispõe <strong>de</strong> piscina, área para campo <strong>de</strong> futebol, casa principal,<br />

churrasqueira e muitos outros atrativos. A diretoria já está<br />

elaboran<strong>do</strong> o Regulamento com todas as normas <strong>de</strong> utilização,<br />

para que em breve to<strong>do</strong>s possam dispor <strong>do</strong> espaço. Abaixo,<br />

algumas fotos, para que to<strong>do</strong>s os associa<strong>do</strong>s possam conferir as<br />

belezas <strong>do</strong> local:<br />

16<br />

A nova se<strong>de</strong> social da AMPPE,<br />

além <strong>de</strong> em ótimo esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

conservação, possui uma<br />

vegetação diversificada<br />

proporcionan<strong>do</strong> ar puro e<br />

tranquilida<strong>de</strong> aos visitantes<br />

Situada no km 5,5, a se<strong>de</strong> social tem uma ótima loc<br />

A se<strong>de</strong> social da AMPPE dispõe <strong>de</strong> área para fute bol,


e<strong>de</strong> social em Al<strong>de</strong>ia<br />

ma localização e acesso fácil<br />

fute bol, além <strong>de</strong> árvores e sombra para a criançada<br />

Um espaço com<br />

churrasqueira, casa <strong>de</strong><br />

apoio e piscina fazem<br />

parte da nova se<strong>de</strong> social<br />

da AMPPE, compon<strong>do</strong><br />

uma área aprazível e<br />

cercada por muito ver<strong>de</strong><br />

Matéria<br />

17


Matéria<br />

Parceria entre Peritos e MP<br />

Garantia <strong>de</strong> um resulta<strong>do</strong> positivo<br />

nos processos <strong>de</strong> apuração criminal<br />

Otrabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por peritos fe<strong>de</strong>rais e estaduais é essencial para o exercício da função<br />

<strong>de</strong> Promotores e Procura<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Justiça. Eles são peça indispensável na engrenagem que<br />

move os processos <strong>de</strong> apuração criminal, direcionan<strong>do</strong> investigações para assegurar a<br />

certeza <strong>do</strong>s fatos ocorri<strong>do</strong>s e materiais envolvi<strong>do</strong>s. Longe da mística <strong>do</strong>s filmes, que se norteiam pela<br />

intuição e uma boa <strong>do</strong>se <strong>de</strong> sorte, os peritos precisam reunir uma alta qualificação e os <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s<br />

equipamentos <strong>de</strong> trabalho para exercerem bem sua profissão.<br />

As perícias são acionadas pelas<br />

autorida<strong>de</strong>s policiais, pelo <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong> e também pelo Judiciário. As<br />

instituições estão atreladas às suas<br />

esferas <strong>de</strong> maneira que há uma relação<br />

naturalmente mais ativa entre o MP<br />

Fe<strong>de</strong>ral e peritos da Polícia Fe<strong>de</strong>ral<br />

(PF) e os MPs estaduais e os peritos da<br />

Polícia Civil. No entanto, essas<br />

relações não estão engessadas. Assis<br />

Clemente é perito da polícia fe<strong>de</strong>ral,<br />

com formação em Engenharia Química<br />

e garante que nos últimos anos tem<br />

havi<strong>do</strong> estreitamento das relações entre<br />

os peritos da sua Instituição e o<br />

18<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> Estadual: “Diante<br />

da gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certos casos, o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, através da Polícia<br />

Civil, po<strong>de</strong> nos acionar sim”. Em<br />

geral crimes políticos, <strong>de</strong>svio <strong>de</strong><br />

verbas e crimes ambientais são as<br />

<strong>de</strong>mandas que os peritos fe<strong>de</strong>rais<br />

recebem da esfera estadual. “Às<br />

vezes uma investigação começa no<br />

plano municipal ou estadual e toma<br />

uma dimensão maior”, explica Assis.<br />

Com os peritos estaduais a<br />

relação com o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> (MPPE) se tornou mais<br />

consistente e dinâmica após agosto<br />

<strong>de</strong> 2008, momento em que a<br />

<strong>Associação</strong> <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> (AMPPE) sediou o<br />

Encontro <strong>de</strong> membros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong> e Peritos Criminais <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>. Quem assegura essa<br />

melhora nas relações é Atanásia da<br />

Costa Pra<strong>do</strong>, Secretária Geral da<br />

<strong>Associação</strong> <strong>de</strong> Polícia Científica <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong> (Apocpe). “As entida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> classe propiciaram essa<br />

aproximação entre os membros <strong>do</strong>s<br />

órgãos, pois nessas palestras pu<strong>de</strong>mos<br />

expor nossas dificulda<strong>de</strong>s no trabalho<br />

para que o <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> tomasse<br />

...Acreditamos que<br />

quan<strong>do</strong> capacitamos um<br />

profissional <strong>de</strong>vemos<br />

fazer <strong>de</strong>le um<br />

multiplica<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

conhecimentos,<br />

transforman<strong>do</strong>-o em um<br />

perito capacita<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

outros colegas. O que<br />

estamos notan<strong>do</strong> é que<br />

esse investimento está<br />

sen<strong>do</strong> cada vez mais<br />

individualiza<strong>do</strong>...


...Há 10 anos se iniciou o<br />

processo <strong>de</strong> inovação da<br />

perícia fe<strong>de</strong>ral com a<br />

construção <strong>de</strong> um novo<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong><br />

Criminalística, mas não se<br />

limitou a ser um<br />

empreendimento material,<br />

foi muito mais que isso, foi<br />

uma verda<strong>de</strong>ira<br />

revolução...<br />

conhecimento da situação da perícia<br />

no esta<strong>do</strong>. Antes disso, cada um fazia<br />

seu trabalho <strong>de</strong> maneira mais isolada”.<br />

A perita assegura que o ato foi <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> importância não só para as<br />

partes envolvidas, mas para toda a<br />

socieda<strong>de</strong>, pois a interação <strong>do</strong>s<br />

responsáveis por investigações <strong>do</strong>s<br />

crimes ocorri<strong>do</strong>s no esta<strong>do</strong> só faz<br />

melhorar esse trabalho e fortalecer as<br />

instituições, sobretu<strong>do</strong> nos crimes<br />

contra a vida, que possui números tão<br />

alarmantes em <strong>Pernambuco</strong>. A perícia<br />

local possui entre suas maiores<br />

<strong>de</strong>mandas, além <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />

atenta<strong>do</strong>, os crimes contra o<br />

patrimônio público.<br />

Nos encontros ocorri<strong>do</strong>s em<br />

2008, os membros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong> pu<strong>de</strong>ram ouvir as queixas <strong>de</strong><br />

peritos em relação às dificulda<strong>de</strong>s em<br />

suas condições <strong>de</strong> trabalho. Atanásia<br />

Pra<strong>do</strong> enumera problemas estruturais<br />

da perícia estadual na qual não são<br />

atendidas necessida<strong>de</strong>s básicas, como<br />

material para perícia técnica, artigos<br />

<strong>de</strong> segurança como coletes e armas e<br />

principalmente um melhor preparo e<br />

treinamento <strong>do</strong>s seus membros.<br />

“Acreditamos que quan<strong>do</strong><br />

capacitamos um profissional<br />

<strong>de</strong>vemos fazer <strong>de</strong>le um multiplica<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> conhecimentos, transforman<strong>do</strong>-o<br />

em um perito capacita<strong>do</strong>r <strong>de</strong> outros<br />

colegas. O que estamos notan<strong>do</strong> é<br />

que esse investimento está sen<strong>do</strong><br />

cada vez mais individualiza<strong>do</strong>,<br />

com a concentração <strong>de</strong> técnicas que<br />

outros <strong>de</strong>veriam apren<strong>de</strong>r”, avalia<br />

Atanásia.<br />

A realida<strong>de</strong> estadual retratada<br />

pela Secretária Geral da Apocpe é<br />

oposta à apresentada por Assis<br />

Clemente com relação à polícia<br />

fe<strong>de</strong>ral. “ Há 10 anos se iniciou o<br />

processo <strong>de</strong> inovação da perícia<br />

Matéria<br />

fe<strong>de</strong>ral com a construção <strong>de</strong> um<br />

novo Instituto Nacional <strong>de</strong><br />

Criminalística, mas não se limitou a<br />

ser um empreendimento material,<br />

foi muito mais que isso, foi uma<br />

verda<strong>de</strong>ira revolução com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas áreas e,<br />

conseqüentemente, a mo<strong>de</strong>rnização<br />

e capacitação <strong>de</strong> pessoal”. Essa<br />

mo<strong>de</strong>rnização, segun<strong>do</strong> o perito, é<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma parceria firmada<br />

com o governo francês objetivan<strong>do</strong><br />

acabar com o tráfico <strong>de</strong> drogas, que<br />

tem o Brasil com uma <strong>de</strong> suas rotas.<br />

A iniciativa contribuiu para elevar a<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço presta<strong>do</strong> pela<br />

instituição, colocan<strong>do</strong> atualmente a<br />

perícia fe<strong>de</strong>ral brasileira como<br />

referência mundial.<br />

19


Artigo<br />

Como e quan<strong>do</strong> a criança<br />

e o a<strong>do</strong>lescente têm direitos?<br />

Maxwell An<strong>de</strong>rson Lucena Vignoli<br />

A Política <strong>de</strong> atendimento <strong>do</strong>s<br />

direitos da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente farse-á<br />

através <strong>de</strong> um conjunto articula<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> ações governamentais e não<br />

governamentais, da União, <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Distrito Fe<strong>de</strong>ral e <strong>do</strong>s<br />

Municípios. Apesar da aparência <strong>de</strong><br />

discurso <strong>de</strong> candidato a cargos<br />

políticos, este texto faz parte da Lei<br />

8060/90, <strong>de</strong>nominada Estatuto da<br />

Criança e <strong>do</strong> A<strong>do</strong>lescente.<br />

Implementar direitos sociais e<br />

culturais como educação, saú<strong>de</strong>, lazer,<br />

etc. exige ações governamentais<br />

positivas num sistema interliga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

Po<strong>de</strong>res Executivos e, em se tratan<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> Democrático <strong>de</strong> Direito,<br />

prévia disposição legal. Na prática,<br />

para a concretização <strong>do</strong> direito à<br />

educação <strong>de</strong> uma criança, por exemplo,<br />

escolas são construídas, professores<br />

são prepara<strong>do</strong>s, currículos são<br />

i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong>s e aulas são ministradas,<br />

tu<strong>do</strong> isso com previsões orçamentárias<br />

<strong>de</strong>scritas minuciosamente em lei.<br />

Esta categoria <strong>de</strong> direitos a<br />

prestações ou direitos <strong>de</strong> quota-parte<br />

que representam exigência <strong>de</strong><br />

comportamento estadual positivo<br />

surgiu, <strong>de</strong> forma mais sistemática, no<br />

final <strong>do</strong> século XIX e início <strong>do</strong> XX.<br />

São direitos realiza<strong>do</strong>s através <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>. Orienta-se essa concepção para<br />

uma or<strong>de</strong>m mais solidária e justa. Essa<br />

nova diretiva reconhece a função social<br />

<strong>do</strong>s direitos na medida em que eles<br />

passam <strong>de</strong> uma concepção<br />

individualista para a concordância e<br />

coerência <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m maior e<br />

menos alienada e exclu<strong>de</strong>nte. Como<br />

também, o critério para realização <strong>de</strong><br />

direitos coletivos torna-se obrigatório,<br />

para garantia da dignida<strong>de</strong> da pessoa<br />

humana, disposições anunciadas na<br />

Declaração Universal <strong>do</strong>s Direitos <strong>do</strong><br />

Homem, assinada em 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1948.<br />

20<br />

...Articular é unir com<br />

flexibilida<strong>de</strong>, é misturar a dureza<br />

<strong>do</strong> osso com o espaço líqui<strong>do</strong><br />

entre as vértebras, portanto, é<br />

trazer idéias formais para<br />

diálogos em grupo, sempre com<br />

respeito ao conteú<strong>do</strong><br />

apresenta<strong>do</strong> pela outra parte...<br />

É simples dispor na lei que<br />

criança e a<strong>do</strong>lescente, como seres<br />

humanos em <strong>de</strong>senvolvimento, têm<br />

direito, o menos fácil é tirá-lo da letra<br />

preta em contraste com o papel<br />

branco. Para que isso ocorra, ou os<br />

entes governamentais cumprem o<br />

papel para o qual foram eleitos ou<br />

são obriga<strong>do</strong>s a cumprir através <strong>de</strong><br />

esferas <strong>de</strong> controles informais e<br />

formais. O <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> faz<br />

parte <strong>de</strong>ste último, como <strong>de</strong>fensor<br />

<strong>do</strong>s direitos coletivos (artigo 129, III<br />

da Constituição Fe<strong>de</strong>ral Brasileira).<br />

Seus órgãos precisam conhecer a<br />

necessida<strong>de</strong> da população, planejar<br />

estratégias e exigir ações positivas<br />

<strong>do</strong>s governantes os quais não po<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> realizar sob a justificativa<br />

pífia <strong>de</strong> princípios como o da<br />

discricionarieda<strong>de</strong>, mesmo porque, a<br />

política <strong>de</strong> atendimento da infância<br />

<strong>de</strong>ve espelhar as necessida<strong>de</strong>s da<br />

população infanto-juvenil, prevalece,<br />

assim, o princípio da obrigatorieda<strong>de</strong>.<br />

Foi com este entendimento que, em<br />

08 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008, posicionou-se o<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral ao obrigar o<br />

Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Tocantins a construir centros<br />

<strong>de</strong> educação para internação e semiliberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> a<strong>do</strong>lescentes em conflito<br />

com a lei.<br />

A dignida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> crianças,<br />

i<strong>do</strong>sos, mulheres, negros, porta<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s especiais, homoafetivos<br />

ou qualquer grupo social que não se<br />

a<strong>de</strong>que perfeitamente numa socieda<strong>de</strong><br />

jovem/adulta, masculina, branca,<br />

convencional e heteroafetiva como a<br />

<strong>do</strong> nor<strong>de</strong>ste brasileiro, só será<br />

alcançada com efetivação <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> ações governamentais e<br />

não governamentais articuladas.<br />

Articular é unir com flexibilida<strong>de</strong>, é<br />

misturar a dureza <strong>do</strong> osso com o<br />

espaço líqui<strong>do</strong> entre as vértebras,<br />

portanto, é trazer idéias formais para<br />

diálogos em grupo, sempre com<br />

respeito ao conteú<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> pela<br />

outra parte, afinal ela também se liga a<br />

outros ossos. É um amálgama <strong>de</strong><br />

idéias, sentimentos e vonta<strong>de</strong>s expostos<br />

num espaço físico, que po<strong>de</strong>m ser os<br />

conselhos <strong>de</strong> participação pública,<br />

congressos, conferências, seminários,<br />

grupos <strong>de</strong> trabalho e estu<strong>do</strong>, reuniões<br />

públicas ou privadas, mas em to<strong>do</strong>s<br />

eles <strong>de</strong>ve prevalecer um único<br />

propósito que é a garantia da<br />

dignida<strong>de</strong> da pessoa humana.<br />

Destes espaços <strong>de</strong> encontro, <strong>do</strong>s<br />

momentos <strong>de</strong> conversa, da exposição<br />

das necessida<strong>de</strong>s e das transcrições das<br />

idéias, os atentos Membros <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> recebem o material<br />

mais rico para promoção <strong>do</strong>s direitos<br />

da criança e <strong>do</strong> a<strong>do</strong>lescente.<br />

1º Promotor <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Defesa da<br />

Cidadania <strong>de</strong> Jaboatão <strong>do</strong>s Guararapes


Turismo rural<br />

Lazer associa<strong>do</strong> à tranquilida<strong>de</strong><br />

e às belezas naturais <strong>do</strong> campo<br />

Buscar o campo como alternativa <strong>de</strong> lazer po<strong>de</strong> ser uma<br />

ótima opção não só para os dias frios <strong>do</strong> inverno, mas<br />

também para aproveitar o calor <strong>do</strong> verão. Uma das<br />

principais características <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> turística é o<br />

aconchego, que não se limita aos atrativos naturais que o local<br />

oferece, mas também à recepção, sempre feita <strong>de</strong> maneira<br />

familiar pelos proprietários, que normalmente resi<strong>de</strong>m no local.<br />

O turismo rural é en<strong>de</strong>reço certo<br />

para quem gosta <strong>de</strong> uma boa comida<br />

caseira e <strong>de</strong> aproveitar as belezas que a<br />

natureza oferece. Uma ótima opção<br />

para quem busca entretenimento <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>sse perfil é a Fazenda Hotel Betânia,<br />

localizada no município <strong>de</strong> São<br />

Benedito <strong>do</strong> Sul, a 172 km <strong>do</strong> Recife.<br />

O local tem como público cativo<br />

famílias e grupos da terceira ida<strong>de</strong>, que<br />

têm à disposição durante o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

estadia, além <strong>de</strong> uma alimentação<br />

caseira e saudável, espaços distintos <strong>de</strong><br />

lazer para aten<strong>de</strong>r to<strong>do</strong>s os gostos e<br />

faixas etárias, como quadras <strong>de</strong> vôlei e<br />

futebol; sala <strong>de</strong> leitura; salão <strong>de</strong><br />

jogos; brinque<strong>do</strong>s infantis; área <strong>de</strong><br />

banho, com bicas, toboágua e<br />

caiaques; cavalos, charretes e ainda a<br />

prática da pescaria <strong>de</strong> lazer. Na área<br />

<strong>de</strong> banho, os hóspe<strong>de</strong>s têm ainda à<br />

disposição um barzinho, on<strong>de</strong> a<br />

pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong> cliente é servi<strong>do</strong> churrasco,<br />

cerveja gelada, drinks feitos com<br />

diversas frutas e muito mais...<br />

Além <strong>de</strong>ssas opções locais, os<br />

hóspe<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ainda conhecer as<br />

belezas disponíveis no município <strong>de</strong><br />

São Benedito <strong>do</strong> Sul, como 20<br />

cachoeiras espalhadas em reservas da<br />

Turismo<br />

Mata Atlântica, se configuran<strong>do</strong> em<br />

um gran<strong>de</strong> parque aquático natural e<br />

guias para a realização <strong>de</strong><br />

caminhadas, trilhas, visitas a locais<br />

turísticos, como o engenho Laje<br />

Bonita, a casa <strong>de</strong> farinha e o engenho<br />

Mijada da Velha, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> a água<br />

natural brota <strong>de</strong> uma rocha.<br />

Estrutura aconchegante<br />

Funcionan<strong>do</strong> como espaço<br />

turístico <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, a Fazenda<br />

Betânia dispõe <strong>de</strong> 14 apartamentos,<br />

to<strong>do</strong>s equipa<strong>do</strong>s com móveis rústicos,<br />

compon<strong>do</strong> o ambiente campestre e<br />

dispõem <strong>de</strong> ar condiciona<strong>do</strong>,<br />

frigobar,TV e chuveiro elétrico.<br />

Complementan<strong>do</strong> o charme das<br />

acomodações, que são simples, mas<br />

belas e aconchegantes, as frutas<br />

servidas à mesa na Fazenda dão nome<br />

aos apartamentos, sen<strong>do</strong> 2 para seis<br />

21


Turismo<br />

pessoas ( <strong>do</strong>is quartos); 3 para cinco<br />

pessoas (<strong>do</strong>is quartos) e 9 apartamentos<br />

para três ou <strong>quatro</strong> pessoas.<br />

Mas para quem além da tranqüilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> campo, também gosta <strong>de</strong> dançar e <strong>de</strong><br />

uma boa música, a proprietária da<br />

Fazenda Betânia, Roberta Queiroga,<br />

garante que aos sába<strong>do</strong>s à noite o<br />

silêncio <strong>do</strong> local é quebra<strong>do</strong> pelos<br />

acor<strong>de</strong>s da sanfona, <strong>do</strong> triângulo e da<br />

zabumba, amigos inseparáveis <strong>do</strong>s<br />

grupos <strong>de</strong> pé <strong>de</strong> serra. “A maioria das<br />

pessoas chegam à Fazenda em busca <strong>de</strong><br />

repouso e sossego, além <strong>do</strong> contato<br />

com o ver<strong>de</strong> e <strong>de</strong> uma boa alimentação.<br />

Nós oferecemos tu<strong>do</strong> isso, mas aos<br />

sába<strong>do</strong>s animamos a Fazenda e<br />

proporcionamos aos nossos hóspe<strong>de</strong>s<br />

um bom forró”, informou.<br />

Dentro da gastronomia praticada na<br />

Fazenda não faltam os sucos naturais,<br />

<strong>do</strong>ces caseiros, pães e bolos feitos no<br />

local, leite <strong>de</strong> vaca recém or<strong>de</strong>nhada, e<br />

no almoço, a tradicional buchada,<br />

galinha <strong>de</strong> cabi<strong>de</strong>la, farofa <strong>de</strong> cuscuz,<br />

pernil <strong>de</strong> carneiro ao molho <strong>de</strong><br />

maracujá e muito mais....<br />

Beleza à parte<br />

As vinte cachoeiras espalhadas pelo<br />

município <strong>de</strong> São Benedito <strong>do</strong> Sul<br />

22<br />

contribuem para a beleza <strong>do</strong> local. A<br />

maior da cida<strong>de</strong>, a cachoeira <strong>de</strong> Peri<br />

peri é um espetáculo à parte com seus<br />

cerca <strong>de</strong> 25 metros <strong>de</strong> altura, muito<br />

utilizada para a prática <strong>do</strong> rapel.<br />

Além <strong>de</strong>la, o circuito <strong>de</strong><br />

cachoeiras conta ainda com a<br />

Cachoeira da Laje, o Poço <strong>do</strong><br />

Solda<strong>do</strong>, o Poço <strong>do</strong> Caboclo<br />

e Aritana. Algumas das<br />

cachoeiras da região não são<br />

facilmente acessíveis,<br />

portanto não fazem parte <strong>do</strong><br />

roteiro oficial <strong>de</strong> visitação.<br />

Dia <strong>de</strong> campo<br />

Dentro das opções oferecidas na<br />

Fazenda Betânia, os visitantes<br />

po<strong>de</strong>m optar por se hospedar no<br />

local, incluin<strong>do</strong> toda a estrutura <strong>de</strong><br />

lazer e o pacote completo com as<br />

três refeições, ou pelo Dia <strong>de</strong><br />

Campo, uma alternativa que inclui o<br />

almoço e a utilização da estrutura <strong>de</strong><br />

lazer da Fazenda.<br />

Para a primeira opção, a proprietária<br />

informa que o custo atual é <strong>de</strong> R$<br />

130,00 por pessoa (diária), sen<strong>do</strong><br />

50% <strong>de</strong>sse valor para as crianças <strong>de</strong><br />

6 aos 12 anos. Para quem optar pelo<br />

Dia <strong>de</strong> Campo, o valor pago é <strong>de</strong> R$<br />

35,00 por pessoa.<br />

Fazenda Betânia<br />

BR 101 Sul / PE 125<br />

Contato: Roberta Queiroga e Fábio<br />

Dantas<br />

Telefones: (81) 3684 1126 / (81) 3684<br />

1679 / (81) 9978 0520<br />

site: www.fazendabetania.com.br


Engenho Laje Bonita<br />

O Engenho Laje Bonita, localiza<strong>do</strong><br />

na zona rural <strong>de</strong> Quipapá, é uma opção<br />

<strong>de</strong> lazer à parte para quem se i<strong>de</strong>ntifica<br />

com a beleza e tranqüilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> campo.<br />

O local é banha<strong>do</strong> pelo riacho Duas<br />

Barras, cujo leito é forma<strong>do</strong> por uma<br />

única laje que mostra sua gran<strong>de</strong>za em<br />

vários lugares no curso <strong>de</strong> suas águas,<br />

o que originou o seu nome.<br />

Integrante da rota turística Águas<br />

da Mata Sul, assim como a Fazenda<br />

Betânia, o Engenho tem como um <strong>do</strong>s<br />

seus fortes atrativos as marcas da<br />

história <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. Ao chegar ao<br />

local, os visitantes têm à sua disposição<br />

a exibição <strong>de</strong> um ví<strong>de</strong>o sobre a história<br />

da cana-<strong>de</strong>-açúcar no Esta<strong>do</strong> e<br />

acompanham o processo <strong>de</strong> moagem<br />

da cana, que ainda acontece <strong>de</strong> forma<br />

artesanal. A roda d'água inglesa é o<br />

principal atrativo, pois move a moenda,<br />

preservada até hoje nos mesmos<br />

mol<strong>de</strong>s <strong>do</strong> século XIX. As moagens <strong>do</strong><br />

Engenho Laje Bonita acontecem o ano<br />

inteiro, em média duas vezes por<br />

semana.<br />

No local, também <strong>de</strong> forma<br />

artesanal, são produzi<strong>do</strong>s produtos que<br />

têm a cana-<strong>de</strong>-açúcar como matéria<br />

prima principal, como o mel <strong>de</strong><br />

engenho, a rapadura e a cachaça,<br />

utiliza<strong>do</strong>s na produção <strong>de</strong> bolos, <strong>do</strong>ces<br />

e pães, que enchem os olhos e o<br />

apetite <strong>do</strong>s visitantes.<br />

Proprietária <strong>do</strong> local, Melânia<br />

Vieira conta orgulhosa que a primeira<br />

moagem à roda d´água <strong>do</strong> Engenho<br />

aconteceu no dia 21 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

1890, pelos antepassa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> seu<br />

mari<strong>do</strong>, Paulo Fernan<strong>do</strong> Vieira, que<br />

em 1990 assumiu a administração e a<br />

produção <strong>do</strong> Engenho e hoje é<br />

her<strong>de</strong>iro da proprieda<strong>de</strong>, manten<strong>do</strong> a<br />

tradição secular <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação à<br />

produção <strong>de</strong> rapadura com o<br />

incremento <strong>de</strong> novos produtos. “O<br />

meu mari<strong>do</strong> compõe a quinta geração<br />

<strong>de</strong> uma família que conserva os<br />

meios <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> Brasil<br />

Colônia”, enfatizou.<br />

O Engenho possui ainda uma<br />

Reserva Particular <strong>do</strong> Patrimônio<br />

Natural - RPPN, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

catalogadas na área pela<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

57 espécies <strong>de</strong> pássaros e 30 árvores<br />

diferentes.<br />

Alternativas <strong>de</strong> visitação<br />

Reforçan<strong>do</strong> a marca <strong>do</strong> turismo<br />

rural, Melânia Vieira diz que recebe<br />

os visitantes pessoalmente e que as<br />

pessoas que chegam ao local não são<br />

Turismo<br />

Cultura<br />

Beleza, clima saudável e um pouco<br />

da história <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

oriundas apenas <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e <strong>do</strong><br />

Brasil, mas também <strong>de</strong> outros paises.<br />

Ao chegar, as pessoas têm à<br />

disposição uma área <strong>de</strong> lazer com<br />

açu<strong>de</strong>, caiaques, petisqueira e um<br />

parque aquático que inclui piscinas<br />

naturais e um banho <strong>de</strong> bica.<br />

O espaço dispõe <strong>de</strong> três formatos<br />

<strong>de</strong> visitação. O primeiro, chama<strong>do</strong> Dia<br />

<strong>de</strong> Campo, acontece todas as semanas<br />

<strong>de</strong> segunda a sába<strong>do</strong>, inician<strong>do</strong> às 9h e<br />

se esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> até às 16:30h. Po<strong>de</strong> ser<br />

usufruí<strong>do</strong> exclusivamente na área <strong>do</strong><br />

Engenho on<strong>de</strong> está instala<strong>do</strong> o Parque<br />

Aquático Rural Águas <strong>de</strong> Laje Bonita<br />

incluin<strong>do</strong>, a critério <strong>do</strong> grupo, uma<br />

visita ao prédio <strong>do</strong> Engenho Bangüê,<br />

local on<strong>de</strong> está instalada a roda<br />

d`Água, em dias em que a moagem não<br />

acontece. Outra opção é visitar o<br />

Engenho em dias <strong>de</strong> moagem,<br />

inician<strong>do</strong> o passeio pela visitação ao<br />

local. Para grupos acima <strong>de</strong> 20 pessoas<br />

é servida uma mesa <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustação,<br />

on<strong>de</strong> estão à disposição <strong>de</strong>lícias<br />

preparadas com o que é produzi<strong>do</strong> no<br />

Engenho, como o mel <strong>de</strong> engenho,<br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar, rapaduras, queijos,<br />

fubá <strong>de</strong> milho torra<strong>do</strong> com mel <strong>de</strong><br />

engenho, cachaça, sucos <strong>de</strong> fruta,<br />

bolos, pães, etc.<br />

O Dia <strong>de</strong> Campo <strong>de</strong>ve ser<br />

23


Turismo<br />

previamente agenda<strong>do</strong> e o tarifário<br />

pratica<strong>do</strong> vai variar <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os<br />

itens incluí<strong>do</strong>s no pacote pelo grupo,<br />

que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o café da manhã, aos<br />

lanches (manhã e da tar<strong>de</strong>), almoço e a<br />

ceia.<br />

Como segunda alternativa, os<br />

visitantes po<strong>de</strong>rão optar pela visitação<br />

ao local, que tem uma duração média<br />

<strong>de</strong> duas horas. Dentro <strong>de</strong>ssa opção, que<br />

também <strong>de</strong>verá ser agendada, os<br />

proprietários recebem apenas <strong>do</strong>is<br />

grupos por dia, um pela manhã e um à<br />

tar<strong>de</strong>. Para a visitação à moagem <strong>do</strong><br />

Engenho, on<strong>de</strong> também está incluída a<br />

mesa <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustação para grupos acima<br />

<strong>de</strong> 20 pessoas, o custo é <strong>de</strong> R$ 15,00<br />

para os adultos e R$ 10,00 para<br />

crianças <strong>de</strong> 8 a 12 anos. Crianças até 7<br />

anos não pagam.<br />

A terceira e última opção é usufruir<br />

<strong>do</strong> Parque Aquático Rural e das belezas<br />

que o local oferece. Aos <strong>do</strong>mingos o<br />

espaço está aberto ao público, que<br />

po<strong>de</strong>rá tomar banho <strong>de</strong> bica e <strong>de</strong><br />

piscina natural, mergulhar no açu<strong>de</strong>,<br />

passear <strong>de</strong> barco, escorregar no<br />

esquibunda, acampar, caminhar pelas<br />

trilhas, enfim, se <strong>de</strong>liciar com as frutas<br />

da estação e com o clima <strong>do</strong> local. O<br />

custo <strong>de</strong>sta opção é <strong>de</strong> R$ 10,00 para os<br />

adultos e R$ 4,00 para crianças a partir<br />

<strong>de</strong> 4 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Sempre com a<br />

preocupação <strong>de</strong> manter preservadas as<br />

belezas naturais <strong>do</strong> Engenho, a<br />

proprietária informa apenas que para a<br />

opção <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong> Parque<br />

Aquático, os visitantes terão que<br />

respeitar algumas regras básicas, que<br />

24<br />

po<strong>de</strong>rão ser conferidas no site <strong>do</strong><br />

Engenho.<br />

Sem dispor <strong>de</strong> acomodações para<br />

hospedagem no local, Melânia Vieira<br />

diz que esta será a próxima meta a ser<br />

atingida no Engenho, mas que ainda<br />

não existe previsão para que essa<br />

idéia saia <strong>do</strong> papel. “Estamos com o<br />

projeto pronto, pois é nossa intenção<br />

oferecer esse serviço, já que hoje<br />

recebemos muitos visitantes que vêm<br />

<strong>de</strong> fora, temos uma parceria com a<br />

Fazenda Betânia e recebemos muitos<br />

<strong>do</strong>s seus hóspe<strong>de</strong>s para visitação”,<br />

explicou.<br />

Projetos maiores<br />

Mas além <strong>de</strong> cuidar <strong>do</strong><br />

funcionamento <strong>do</strong> Engenho Laje<br />

Bonita, Melânia tem participa<strong>do</strong><br />

ativamente <strong>de</strong> iniciativas que visam<br />

consolidar a região como opção<br />

turística em <strong>Pernambuco</strong>. Presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>do</strong> Fórum Regional <strong>de</strong> Turismo Águas<br />

da Mata Sul Forte, Melânia diz que<br />

além <strong>de</strong> São Benedito <strong>do</strong> Sul e<br />

Quipapá, Palmares é o terceiro<br />

município que compõe essa rota<br />

lançada pelo governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em<br />

junho <strong>de</strong> 2008, durante o 3º Salão <strong>de</strong><br />

Turismo <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. “Estamos<br />

trabalhan<strong>do</strong> para transformar esses três<br />

municípios em <strong>de</strong>stinos turísticos<br />

consolida<strong>do</strong>s e para isso estamos nos<br />

organiza<strong>do</strong> através <strong>do</strong> Forte e com o<br />

apoio da Empetur, que já vem<br />

realizan<strong>do</strong> oficinas para que possamos<br />

criar um Centro <strong>de</strong> Atendimento ao<br />

Turismo e oferecer um serviço <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> às pessoas que optarem pela<br />

rota Águas da Mata Sul”, finalizou.<br />

Engenho Laje Bonita<br />

Contato: Melânia e Paulo Vieira<br />

(81) 3361 1124 / (81) 3685 1154<br />

Site: www.lajebonita.com.br


Como sanear o Recife o mais<br />

rapidamente possível?<br />

* Geral<strong>do</strong> Margela Correia<br />

A pergunta é o reconhecimento <strong>de</strong> que a cida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Recife é uma cida<strong>de</strong><br />

sem saneamento.<br />

Diz-se que existe um “sistema <strong>de</strong><br />

saneamento” correspon<strong>de</strong>nte a 30% <strong>de</strong><br />

cobertura da cida<strong>de</strong>, mas a realida<strong>de</strong><br />

mostra que esse sistema é apenas forma<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> galerias coletoras, sem que,<br />

efetivamente, funcione qualquer ETE<br />

(Estação <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong> Esgoto). A<br />

constatação é <strong>de</strong> toda a população <strong>do</strong><br />

Recife em qualquer enquete que se faça e<br />

em to<strong>do</strong>s os bairros, com mínima exceção.<br />

Responsabiliza-se por isso a falta <strong>de</strong><br />

consciência das administrações da cida<strong>de</strong> e<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para esta necessida<strong>de</strong> que,<br />

escondida nos subterrâneos e afloran<strong>do</strong><br />

freqüentemente por toda parte, não produz<br />

votos.<br />

Sanear é obrigação imposta no<br />

or<strong>de</strong>namento jurídico nacional, mas para se<br />

tornar eficaz exige gerenciamento, que na<br />

cida<strong>de</strong> é tarefa <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r executivo<br />

municipal, cuja primeira obrigação é o<br />

conhecimento da legislação estabelecida a<br />

partir da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, para cada<br />

necessida<strong>de</strong> da população administrada.<br />

A falta <strong>de</strong>sse conhecimento é<br />

freqüente, razão das interferências <strong>de</strong><br />

outras entida<strong>de</strong>s e po<strong>de</strong>res para tentar<br />

corrigir as <strong>de</strong>ficiências <strong>do</strong> gerenciamento.<br />

A interferência também se dá quan<strong>do</strong>,<br />

conhecen<strong>do</strong> a legislação, o gerente não a<br />

realiza ou procura formas <strong>de</strong> burla às suas<br />

<strong>de</strong>terminações.<br />

Sabe-se ser obrigação <strong>do</strong> Município<br />

realizar o saneamento <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />

diretrizes da União (cf. art 21, inc. XX da<br />

CF) e o estabeleci<strong>do</strong> em seu artigo 30,<br />

inciso V , verbis: “Compete aos<br />

Municípios: V - organizar e prestar,<br />

diretamente ou sob regime <strong>de</strong> concessão ou<br />

permissão, os serviços públicos <strong>de</strong><br />

interesse local, incluí<strong>do</strong> o <strong>de</strong> transporte<br />

coletivo, que tem caráter essencial”.<br />

Po<strong>de</strong> o Município realizar por si o<br />

serviço, ou por meio <strong>de</strong> concessão permitir<br />

que outrem o faça, mas a responsabilida<strong>de</strong><br />

pela tarefa mantém-se na esfera <strong>do</strong><br />

Município, competin<strong>do</strong>-lhe retomá-la <strong>do</strong><br />

concessionário, sempre que enten<strong>de</strong>r não<br />

atendi<strong>do</strong>s os interesses locais ou <strong>do</strong><br />

contrato <strong>de</strong> concessão.<br />

O diagnóstico da situação <strong>do</strong><br />

Município é condição inafastável e que<br />

<strong>de</strong>ve ser realiza<strong>do</strong> para a construção <strong>de</strong><br />

seu Plano Diretor, instrumento <strong>de</strong><br />

execução da política urbana <strong>de</strong>termina<strong>do</strong><br />

pela Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 10. 257/2001,<br />

estabelecen<strong>do</strong> as diretrizes para um<br />

correto or<strong>de</strong>namento urbano, o que inclui<br />

um eficiente sistema <strong>de</strong> saneamento<br />

básico.<br />

O Plano Diretor é essencial para o<br />

conhecimento e a or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> seus<br />

recursos, suas potencialida<strong>de</strong>s, a<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> seus mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gerência, a<br />

<strong>de</strong>fesa e restauração <strong>de</strong> seus recursos<br />

ambientais agredi<strong>do</strong>s por danos e tipos<br />

<strong>de</strong> poluição, inclusive, aquela produzida<br />

em face da inexistência ou <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong><br />

serviço <strong>de</strong> saneamento básico,<br />

responsável pela inassimilável carga <strong>de</strong><br />

efluentes lança<strong>do</strong>s nos cursos d'água com<br />

as mais graves conseqüências para a<br />

saú<strong>de</strong> humana, a vida da fauna e da flora<br />

e a inutilização <strong>de</strong>sses recursos para a<br />

população. Este é o instrumento a se<br />

construir com urgência. A Lei em pauta<br />

impõe a participação da comunida<strong>de</strong>, não<br />

apenas por intermédio <strong>de</strong> representantes,<br />

mas na forma direta que <strong>de</strong>ve ser<br />

privilegiada pelo gerente administra<strong>do</strong>r.<br />

É necessário investir em Ciência e<br />

Tecnologia nesta área <strong>de</strong> saneamento,<br />

qualifican<strong>do</strong> técnicos capazes <strong>de</strong><br />

encontrar soluções mais simples e<br />

a<strong>de</strong>quadas para o tratamento e <strong>de</strong>stino<br />

final <strong>do</strong>s resíduos que geramos.<br />

Precisamos <strong>de</strong> bons engenheiros<br />

sanitaristas com visão ambiental.<br />

O planejamento participativo<br />

pressupõe o controle participativo. A<br />

socieda<strong>de</strong> dispõe <strong>de</strong> instrumentos que<br />

po<strong>de</strong>m aten<strong>de</strong>r a esse controle,tais como<br />

as associações e organizações não<br />

governamentais e os próprios órgãos<br />

estatais.<br />

O controle <strong>de</strong>ve ser azeita<strong>do</strong><br />

pelo gerente - administra<strong>do</strong>r <strong>de</strong> forma a<br />

dar respostas rápidas às necessida<strong>de</strong>s,<br />

<strong>de</strong>ntre as priorizadas para a ação estatal,<br />

sen<strong>do</strong> uma <strong>de</strong>las a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sanear<br />

que exige, além <strong>do</strong> controle social, uma<br />

perfeita integração <strong>do</strong>s diversos órgãos<br />

da administração sob pena da realização<br />

<strong>de</strong> ações paralelas por <strong>de</strong>partamentos<br />

Artigo<br />

Cultura<br />

estanques, sem visão <strong>de</strong> conjunto.<br />

Integração interna seguida da construção<br />

<strong>de</strong> parcerias externas a fim <strong>de</strong> minimizar e<br />

concentrar esforços, além <strong>de</strong> alcançar<br />

resulta<strong>do</strong>s com maior presteza.<br />

O serviço <strong>de</strong> saneamento não é<br />

gratuito e está correlaciona<strong>do</strong> ao serviço <strong>de</strong><br />

água (cf. § 3º <strong>do</strong> art. 149 da Constituição<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>). Ao uso da água<br />

<strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r o tratamento da que foi<br />

servida, usada e misturada a <strong>de</strong>tritos <strong>de</strong><br />

toda or<strong>de</strong>m. O presta<strong>do</strong>r <strong>de</strong> serviço é<br />

autoriza<strong>do</strong> a cobrar por ele e não por um<br />

serviço que não realiza e, se o fizer,<br />

caracteriza enriquecimento ilícito, pois sem<br />

causa, o que é verda<strong>de</strong>iro para o Po<strong>de</strong>r<br />

<strong>Público</strong> se é ele que presta diretamente o<br />

serviço, quanto para o concessionário.<br />

Prestan<strong>do</strong> o Po<strong>de</strong>r <strong>Público</strong> diretamente<br />

o serviço, os recursos <strong>de</strong>vem ser rubrica<strong>do</strong>s<br />

no orçamento e realiza<strong>do</strong>s na <strong>de</strong>pendência<br />

da arrecadação; po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve buscá-los em<br />

fontes extraorçamentárias, como verbas<br />

alocadas no orçamento da União e/ou <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> para este setor, celebran<strong>do</strong><br />

convênios, geralmente com contrapartidas<br />

irrisórias.<br />

O Po<strong>de</strong>r <strong>Público</strong> <strong>de</strong>ve também induzir<br />

e obrigar as empresas a processar e tratar<br />

seus próprios resíduos, se perigosos ou<br />

específicos e é o responsável pelo serviço,<br />

ao menos no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> fiscalizar sua<br />

realização e impor metas ao presta<strong>do</strong>r, uma<br />

<strong>de</strong>las sen<strong>do</strong> a da sua universalização. O<br />

presta<strong>do</strong>r é que <strong>de</strong>ve ter seu próprio capital<br />

para investir, louvan<strong>do</strong>-se na cobrança <strong>do</strong><br />

serviço efetivamente presta<strong>do</strong>,<br />

respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, inclusive criminalmente,<br />

pelas <strong>de</strong>ficiências e ina<strong>de</strong>quações aos<br />

ditames legais.<br />

Já é tempo <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r que não<br />

po<strong>de</strong>mos mais aceitar a discricionarieda<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> administra<strong>do</strong>r em postergar<br />

in<strong>de</strong>finidamente a efetivação <strong>de</strong>sse<br />

direito/interesse essencial da socieda<strong>de</strong>,<br />

para a realização <strong>do</strong> qual contribui na<br />

forma <strong>de</strong> impostos e na forma <strong>de</strong><br />

pagamento por sua utilização.<br />

* Promotor <strong>de</strong> Justiça <strong>de</strong> Meio Ambiente da<br />

Capital e Presi<strong>de</strong>nte da <strong>Associação</strong> <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> - AMPPE<br />

25


Matéria principal<br />

Organizações <strong>de</strong> classe<br />

Peças chave na conquista <strong>de</strong> direitos pelos<br />

Aorganização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res brasileiros em associações<br />

e sindicatos vem sen<strong>do</strong> ao longo da história <strong>do</strong> país, a mola<br />

propulsora para a conquista <strong>de</strong> direitos que certamente,<br />

sem uma ação coletiva e articulada, não teriam atingi<strong>do</strong> tais<br />

propósitos.<br />

Oriun<strong>do</strong> da ida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, o<br />

conceito <strong>de</strong> associação surgiu com a<br />

necessida<strong>de</strong> da representação <strong>de</strong><br />

interesses, que no geral são<br />

corporativos e aten<strong>de</strong>m a uma<br />

<strong>de</strong>terminada categoria profissional. A<br />

organização <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em<br />

sindicatos no Brasil alcançou seu ápice<br />

por volta <strong>do</strong>s anos 70, em plena<br />

ditadura militar, com as greves <strong>do</strong> ABC<br />

paulista, movimento que contribuiu<br />

fortemente para a re<strong>de</strong>mocratização <strong>do</strong><br />

país e <strong>de</strong> on<strong>de</strong> emergiram diversas<br />

li<strong>de</strong>ranças sindicais. A partir daí o<br />

sindicalismo ganhou força no país,<br />

ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> fundada em 1983 a Central<br />

Única <strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res CUT, que<br />

aglutinou diversos segmentos <strong>de</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res em torno <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras<br />

comuns.<br />

O cientista político e professor da<br />

Romeu da Fonte se <strong>de</strong>dicou à <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s rurais<br />

26<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

<strong>Pernambuco</strong>, Michel Zaidan Filho<br />

explica que constituição das<br />

associações correspon<strong>de</strong> a um<br />

processo chama<strong>do</strong> socialização da<br />

política, se configuran<strong>do</strong> em um<br />

momento em que as pessoas <strong>de</strong>ixam<br />

<strong>de</strong> lutar individualmente, para tratar<br />

<strong>de</strong> interesses comuns <strong>de</strong> forma<br />

coletiva, passan<strong>do</strong> a ser sujeitos<br />

representa<strong>do</strong>s por uma entida<strong>de</strong>.<br />

No Brasil esse processo se<br />

iniciou a partir <strong>do</strong> século 20, quan<strong>do</strong><br />

se <strong>de</strong>u a socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho, com<br />

um grupo <strong>de</strong> serviços consolida<strong>do</strong>,<br />

momento em que os profissionais<br />

liberais passam a ter um papel<br />

primordial, a exemplo <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res<br />

<strong>do</strong> direito, como membros <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, advoga<strong>do</strong>s e<br />

gestores públicos. “Os sindicatos <strong>de</strong><br />

trabalha<strong>do</strong>res estão se abrin<strong>do</strong> para<br />

outras questões em discussão na<br />

socieda<strong>de</strong>, como i<strong>do</strong>sos e<br />

aposenta<strong>do</strong>s. Já as associações <strong>de</strong><br />

profissionais liberais são mais<br />

amplas, pois discutem questões<br />

relativas ao esta<strong>do</strong>, ao or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico, às políticas públicas, à<br />

questão da justiça propriamente dita.<br />

Normalmente elas são mais ricas <strong>do</strong><br />

ponto <strong>de</strong> vista da representativida<strong>de</strong>”,<br />

disse Michel Zaidan.<br />

O professor enfatizou o papel <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> para a<br />

<strong>de</strong>mocracia, apesar da fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

sistema judicial brasileiro. “A ação da<br />

associação po<strong>de</strong> ser oportuna no<br />

esclarecimento à socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> papel<br />

<strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, das suas<br />

funções e atribuições para que <strong>de</strong> fato<br />

seus integrantes sintam-se<br />

representa<strong>do</strong>s pela entida<strong>de</strong> que tem<br />

que cumprir a política da categoria”,<br />

Michel Zaidan <strong>de</strong>staca importância das<br />

associações para a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

lembrou. Michel Zaidan alertou para o<br />

fato <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>sempenho político <strong>de</strong><br />

uma associação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua base,<br />

pois “se ela é anêmica, apática, não<br />

representa o papel que <strong>de</strong>ve<br />

representar, a diretoria da entida<strong>de</strong><br />

ten<strong>de</strong> a usurpar o seu papel na<br />

<strong>de</strong>finição da política a ser a<strong>do</strong>tada pela<br />

entida<strong>de</strong>”.<br />

Experiência acumulada<br />

Deputa<strong>do</strong> fe<strong>de</strong>ral pelo PDT, o<br />

professor Paulo Rubem Santiago<br />

conheceu <strong>de</strong> perto a luta sindical em<br />

<strong>Pernambuco</strong>. Oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong> movimento<br />

estudantil, Paulo Rubem iniciou sua<br />

militância sindical em 1979, na antiga<br />

Apenope, hoje Sindicato <strong>do</strong>s<br />

Trabalha<strong>do</strong>res em Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>. Para o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>, os<br />

órgãos <strong>de</strong> classe contribuíram<br />

fortemente para a <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s salários e<br />

das condições <strong>de</strong> trabalho e<br />

representaram um diferencial<br />

importante para o país ao lutar contra a


os trabalha<strong>do</strong>res brasileiros<br />

ditadura e pelas eleições gerais,<br />

associan<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocracia política à<br />

econômica.<br />

Mesmo não ten<strong>do</strong> as mãos<br />

calejadas pela dureza da ativida<strong>de</strong>, o<br />

Conselheiro <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas<br />

aposenta<strong>do</strong>, Romeu da Fonte, teve a<br />

maior parte da sua vida profissional<br />

<strong>de</strong>dicada à <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

rurais em <strong>Pernambuco</strong>. Ele traz na<br />

bagagem a larga experiência <strong>de</strong> ter<br />

atuan<strong>do</strong> como advoga<strong>do</strong> da Fe<strong>de</strong>ração<br />

<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res na Agricultura<br />

Fetape durante 31 anos (1966 a 1997),<br />

função que só <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> assumir<br />

quan<strong>do</strong> ocupou uma vaga <strong>de</strong><br />

Conselheiro <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas, por<br />

haver incompatibilida<strong>de</strong> constitucional<br />

com a sua condição <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong><br />

militante. Dedica<strong>do</strong> à causa e<br />

afirman<strong>do</strong> que advogar para os rurais<br />

foi uma lição <strong>de</strong> vida, Romeu da Fonte<br />

explica que a organização <strong>do</strong> segmento<br />

se <strong>de</strong>u muito posteriormente ao <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res urbanos, graças inclusive,<br />

a fatores culturais. Mas o ápice veio no<br />

ano <strong>de</strong> 1962, quan<strong>do</strong> comunistas e<br />

setores da igreja dividiam a hegemonia<br />

<strong>de</strong>ssa organização. Romeu da Fonte<br />

citou o advoga<strong>do</strong> e político Francisco<br />

Julião, lí<strong>de</strong>r das Ligas Camponesas,<br />

organizações cujo objetivo era lutar<br />

pela distribuição <strong>de</strong> terras e os direitos<br />

para os camponeses, como uma das<br />

figuras chave na organização <strong>do</strong>s rurais<br />

“pois sua forma <strong>de</strong> atuar foi na época<br />

uma profecia <strong>do</strong> que viria mais à frente<br />

com os sem-terra, pois ele evitava<br />

entrar no arcabouço das limitações<br />

regulamentares e legais, buscan<strong>do</strong> a<br />

garantia <strong>de</strong> direitos através <strong>de</strong> outros<br />

instrumentos”.<br />

O advoga<strong>do</strong> cita o primeiro<br />

governo <strong>do</strong> ex-governa<strong>do</strong>r Miguel<br />

Arraes como um importante momento<br />

para a organização sindical e trabalhista<br />

da classe quan<strong>do</strong> foi assina<strong>do</strong> o Acor<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Campo, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o direito ao<br />

salário mínimo aos rurais.<br />

Bem estar social<br />

O professor Michel Zaidan<br />

reforça que a organização sindical é<br />

<strong>de</strong> suma importância para os<br />

trabalha<strong>do</strong>res, pois sem ela jamais se<br />

teria chega<strong>do</strong> ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bem estar<br />

social no mun<strong>do</strong> e no Brasil, que é<br />

produto tanto <strong>de</strong>ssa organização,<br />

como da consciência <strong>do</strong>s<br />

profissionais <strong>de</strong> uma maneira geral.<br />

“Não se concebe uma socieda<strong>de</strong> com<br />

bem estar social aon<strong>de</strong> não há<br />

organização. Senão vai se cair na<br />

idéia <strong>de</strong> que o Esta<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> isso só acontece quan<strong>do</strong> ele é<br />

pressiona<strong>do</strong> por uma organização <strong>de</strong><br />

classe po<strong>de</strong>rosa, com alto nível <strong>de</strong><br />

consciência e que propõe políticas<br />

específicas para que o Esta<strong>do</strong> possa<br />

implementá-las”, explicou.<br />

Para Michel Zaidan a história da<br />

organização sindical no Brasil teve<br />

três momentos que merecem<br />

<strong>de</strong>staque. O primeiro, a partir <strong>de</strong><br />

1880, durante a primeira república,<br />

quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>u o processo <strong>de</strong><br />

industrialização <strong>do</strong> país, quan<strong>do</strong><br />

Matéria principal<br />

chegaram ao Brasil os imigrantes, que<br />

não tinham cidadania brasileira e nem<br />

interesse em participar da vida política<br />

<strong>do</strong> país, mas tinham uma autonomia<br />

sindical enorme. “Foi um momento <strong>de</strong><br />

muita greve, muita pressão e muita<br />

organização sindical”, lembrou.<br />

O segun<strong>do</strong> seria a partir <strong>de</strong> 1920,<br />

com o início <strong>do</strong> sindicalismo<br />

burocrático <strong>de</strong> massas, que<br />

correspon<strong>de</strong> ao perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Novo <strong>de</strong> Getúlio Vargas, momento em<br />

que os sindicatos per<strong>de</strong>m a autonomia<br />

e se transformam em meras correias <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. “Os sindicatos<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter uma característica<br />

combativa e passam a ser órgãos <strong>de</strong><br />

assistência social e <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong><br />

interesses técnicos profissionais, mas<br />

sem nenhuma política. É a época <strong>do</strong><br />

sindicalismo pelego”, <strong>de</strong>stacou.<br />

O momento atual é aponta<strong>do</strong> pelo<br />

professor como outra fase a ser<br />

observada, quan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trabalho começa a per<strong>de</strong>r importância,<br />

com a substituição da mão-<strong>de</strong>-obra<br />

pelas tecnologias da informação,<br />

trabalho à distância e trabalho virtual.<br />

Paulo Rubem ressalta o papel <strong>do</strong> movimento sindical no combate à ditadura e pela re<strong>de</strong>mocratização<br />

27


Matéria principal<br />

“Nesse momento o movimento sindical<br />

está na retranca, passan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o<br />

que foi já conquista<strong>do</strong>”, registrou.<br />

O professor Michel Zaidan<br />

<strong>de</strong>monstrou preocupação com a<br />

organização <strong>do</strong>s sindicatos pós governo<br />

Lula, quan<strong>do</strong> muitos dirigentes<br />

assumiram cargos no governo, o que<br />

para ele representou uma<br />

“<strong>de</strong>capitação”, <strong>do</strong> movimento sindical.<br />

“Além <strong>do</strong> <strong>de</strong>sfalque sofri<strong>do</strong> pelo<br />

movimento com a ascensão <strong>de</strong> Lula à<br />

Ombudsman da socieda<strong>de</strong><br />

O Promotor <strong>de</strong> Justiça <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro Eduar<strong>do</strong> Gussem acumula<br />

experiências que mesclam a<br />

institucionalida<strong>de</strong> com o trabalho<br />

classsista, o que o cre<strong>de</strong>nciam a avaliar<br />

com maestria a organização sindical<br />

<strong>do</strong>s membros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>.<br />

Ten<strong>do</strong> ingressa<strong>do</strong> no <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong> em 1993, o Promotor já<br />

disputou o cargo <strong>de</strong> Procura<strong>do</strong>r Geral<br />

Eduar<strong>do</strong> Gussem diz que a Conamp e o CNPG <strong>de</strong>vem atuar <strong>de</strong><br />

forma harmônica, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> rivalida<strong>de</strong>s internas<br />

28<br />

presidência, Michel Zaidan alertou<br />

para o fato da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os<br />

trabalha<strong>do</strong>res atuem com<br />

in<strong>de</strong>pendência. “Nenhuma entida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> classe <strong>de</strong>ve ser atrelada a um<br />

governo. Po<strong>de</strong> ser o melhor governo,<br />

mas a autonomia <strong>do</strong> movimento tem<br />

que ser resguardada para preservar os<br />

espaços <strong>de</strong> luta <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res”,<br />

finalizou.<br />

Para o <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> Paulo Rubem<br />

Santiago o sindicalismo hoje<br />

<strong>de</strong> Justiça (não sen<strong>do</strong> o mais<br />

vota<strong>do</strong> por uma diferença <strong>de</strong><br />

apenas <strong>quatro</strong> votos) e foi<br />

Secretário Geral <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong><br />

<strong>Público</strong> <strong>de</strong> 2005 a 2007, ano em<br />

que se afastou se suas funções<br />

institucionais para disputar a<br />

presidência da <strong>Associação</strong> <strong>do</strong>s<br />

Membros <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>do</strong><br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro AMPERJ. “Naquele<br />

momento sentíamos a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

participar mais<br />

ativamente das<br />

políticas públicas <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, nos<br />

aproximan<strong>do</strong> mais <strong>de</strong><br />

outros segmentos da<br />

socieda<strong>de</strong>”, explicou.<br />

Para o Promotor<br />

os órgãos <strong>de</strong> classe<br />

cumprem um papel<br />

fundamental como<br />

nortea<strong>do</strong>res das<br />

políticas institucionais,<br />

mas <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que é<br />

preciso mais<br />

integração, um maior<br />

intercâmbio e troca <strong>de</strong><br />

conhecimento entre as<br />

associações. Para ele, a<br />

<strong>Associação</strong> Nacional<br />

<strong>do</strong>s Membros <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong><br />

Conamp, que reúne<br />

entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o<br />

país e o Conselho<br />

Nacional <strong>de</strong><br />

Procura<strong>do</strong>res Gerais<br />

Matéria<br />

acomo<strong>do</strong>u-se às opções escolhidas pelo<br />

governo atual, ren<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se ao<br />

pragmatismo e às alianças capazes <strong>de</strong><br />

permitir governabilida<strong>de</strong> ao atual<br />

mandato <strong>do</strong> executivo fe<strong>de</strong>ral. “Tenho<br />

dúvidas se <strong>do</strong> atual mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

sindicalismo reinante sairá uma nova<br />

força capaz <strong>de</strong> reafirmar a radicalida<strong>de</strong><br />

da <strong>de</strong>mocracia e a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> socialista”, alertou o<br />

<strong>de</strong>puta<strong>do</strong>.<br />

CNPG precisam atuar <strong>de</strong> forma<br />

harmônica. “Rivalida<strong>de</strong>s internas<br />

geram perda <strong>de</strong> força e credibilida<strong>de</strong>.<br />

Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>sperdiçar energia”,<br />

frisou. Outro organismo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância, na avaliação <strong>de</strong> Eduar<strong>do</strong><br />

Gussem, é o Conselho Nacional <strong>do</strong><br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> CNMP, alertan<strong>do</strong><br />

para o fato que após a sua criação a<br />

presença permanente <strong>de</strong> Presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

associações e Procura<strong>do</strong>res Gerais em<br />

Brasília é quase imperiosa. “Penso que<br />

a Conamp e o CNPG têm que agir <strong>de</strong><br />

forma proativa na elaboração das<br />

resoluções <strong>do</strong> CNMP, buscan<strong>do</strong> uma<br />

maior participação, para que elas sejam<br />

menos específicas, já que a diversida<strong>de</strong><br />

entre os Esta<strong>do</strong>s é muito gran<strong>de</strong>”,<br />

observou.<br />

A organização sindical não só no<br />

âmbito <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, mas<br />

também <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais trabalha<strong>do</strong>res<br />

brasileiros é vista pelo Promotor como<br />

<strong>de</strong>terminante para a garantia <strong>de</strong><br />

instituições fortes, dan<strong>do</strong> como<br />

exemplo as conquistas obtidas através<br />

da Constituição <strong>de</strong> 88, “quan<strong>do</strong> o<br />

<strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong>u uma gran<strong>de</strong><br />

virada, assumin<strong>do</strong> o papel <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>iro ombudsman da socieda<strong>de</strong>,<br />

função que se choca com muitos<br />

interesses relevantes”. “Uma <strong>de</strong> minhas<br />

preocupações é a falta <strong>de</strong><br />

representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossa classe na<br />

política partidária, o que tem si<strong>do</strong> um<br />

gran<strong>de</strong> golpe na manutenção das<br />

nossas prerrogativas. Nossa<br />

representação no Congresso Nacional é<br />

ínfima, o que me preocupa muito”,<br />

finalizou.


A reforma ortográfica mu<strong>do</strong>u a cara <strong>de</strong> palavras<br />

* Dad Squarisi<br />

Quem fica para<strong>do</strong> é poste? É. Como<br />

não é poste, a língua se move. No século<br />

passa<strong>do</strong>, teve várias reformas ortográficas.<br />

Graças a elas, pharmacia <strong>de</strong>ixou o ph pra<br />

lá, govêrno per<strong>de</strong>u o chapéu e cafèzinho<br />

aban<strong>do</strong>nou o grampinho. No primeiro dia<br />

<strong>de</strong> 2009, novas alterações entraram em<br />

vigor. Palavras ganharam cara diferente.<br />

Até 31.12.2012, conviverão as duas<br />

grafias. Em concursos, vestibulares,<br />

correspondências, po<strong>de</strong>-se jogar na equipe<br />

<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> ou na <strong>do</strong> presente. Po<strong>de</strong>-se, até,<br />

misturar as duas. Em 2013, só a novida<strong>de</strong><br />

terá vez. As alterações são poucas —<br />

atingiram só 0,5% <strong>do</strong> português<br />

tupiniquim. A seguir, você tem um resumo<br />

das mudanças. Guar<strong>de</strong>-o para consulta.<br />

O que muda? Alfabeto: entram k, w e y.<br />

O trema <strong>de</strong>saparece, mas a pronúncia se<br />

mantém. Freqüente, tranqüilo, lingüeta,<br />

lingüiça passam a se grafar frequente,<br />

tranquilo, lingueta, linguiça.<br />

O chapéu <strong>do</strong> ditongo ôo se <strong>de</strong>spe<strong>de</strong>. Vôo,<br />

abençôo, perdôo viram voo, abençoo,<br />

per<strong>do</strong>o.<br />

O circunflexo <strong>do</strong> hiato êem diz a<strong>de</strong>us.<br />

Vêem, crêem, dêem, lêem ganham a forma<br />

veem, creem, <strong>de</strong>em, leem.<br />

O agu<strong>do</strong> <strong>do</strong> u tônico <strong>do</strong>s verbos apaziguar,<br />

averiguar, arguir & cia. some. Apazigúe,<br />

averigúe e argúe ganham a forma apazigue,<br />

averigue, arguem.<br />

O ieu antecedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ditongo per<strong>de</strong>m o<br />

grampo. Feiúra, baiúca, Sauípe viram<br />

feiura, baiuca, Sauipe.<br />

Os ditongos abertos éi e ói se <strong>de</strong>spe<strong>de</strong>m <strong>do</strong><br />

acento nas paroxítonas. Idéia, jóia, jibóia<br />

exibem a forma i<strong>de</strong>ia, joia, jiboia.<br />

(O grampinho permanece nas oxítonas e<br />

monossílaba<strong>do</strong>s tônicos: papéis, herói,<br />

dói.)<br />

Os acentos diferenciais das paroxítonas se<br />

vão. Pêlo, pélo, pára, pólo, pêra se<br />

transformam em pelo, para, polo, pera.<br />

(Mantém-se o chapéu <strong>de</strong> pô<strong>de</strong>,<br />

passa<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

verbo po<strong>de</strong>r, e <strong>do</strong> verbo pôr).<br />

Hífen<br />

Exigem o hífen sempre<br />

1. Os prefixos segui<strong>do</strong>s <strong>de</strong> h:<br />

anti-higênico,<br />

super-homem, micro-história, extrahumano,<br />

proto-história, sobre-humano,<br />

ultra-heróico.<br />

A reforma é ortográfica refere-se só à<br />

grafia das palavras. Pronúncia,<br />

concordância, regência, crase continuam<br />

como dantes no quartel <strong>de</strong> Abrantes.<br />

Dica 2<br />

A mudança nos acentos só atingiu as<br />

paroxítonas. Proparoxítonas, oxítonas e<br />

monossílabos tônicos não foram nem<br />

arranha<strong>do</strong>s. Mantêm-se como sempre<br />

foram.<br />

Dica 3<br />

No caso <strong>do</strong>s hifens, imperam três regras<br />

<strong>de</strong> ouro. Uma: prefixo segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> h (antihistórico).<br />

Duas: os iguais se rejeitam<br />

(micro-ondas). Três: os diferentes se<br />

atraem (autoescola, infraestrutura,<br />

plurianual, semiopaco).<br />

Dica 4<br />

Nos prefixos termina<strong>do</strong>s em vogal que se<br />

juntam a palavras começadas por r ou s,<br />

duplicam-se o r e o s pra manter a<br />

Falan<strong>do</strong> em português<br />

Exceção: subumano, coer<strong>de</strong>iro, inábil, pronúncia: antirrábico, antirrugas,<br />

reaver<br />

antissocial, biorritmo, contrassenso,<br />

2. Além, aquém, ex, pós, pré, pró, recém,<br />

infrassom, microssistema, minissaia,<br />

sem, vice: além-mar, aquém-muros, ex-<br />

multissecular, neossocialismo,<br />

presi<strong>de</strong>nte, pós-graduação, pré-primário,<br />

semirrobusto, ultrarrigoroso, ultrassom.<br />

pró-reitor, recém-chega<strong>do</strong>, sem-terra,<br />

vice-presi<strong>de</strong>nte.<br />

Dica 5<br />

3. Os prefixos termina<strong>do</strong>s pela mesma O co- e o re- sofrem <strong>de</strong> alergia ao hífen.<br />

letra com que se inicia a palavra Com eles é tu<strong>do</strong> cola<strong>do</strong>: coautor, corréu,<br />

seguinte: anti-inflamatório, auto- corresponsável, reeleição.<br />

observação, contra-ataque, micro-ondas,<br />

semi-internato, hiper-rico, inter-racial, Dica 6<br />

sub-bloco, super-resistente, super- Em vez <strong>de</strong> 23 letras, nosso abecedário passa<br />

romântico.<br />

a ter 26. A alteração não muda em nada<br />

Exceção 1: co- se junta ao segun<strong>do</strong> nossa vida <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os dias. Na verda<strong>de</strong>,<br />

elemento mesmo quan<strong>do</strong> ele acaba com torna <strong>de</strong> direito o que é <strong>de</strong> fato. O k já<br />

o: coor<strong>de</strong>nar, coobrigação.<br />

figurava em abreviaturas (kg, km),<br />

fórmulas etc. e tal. O y frequenta certidões<br />

Exceção 2: Sub usa mais um hífen — <strong>de</strong> Yaras e companhias. O w, além <strong>de</strong><br />

com palavra iniciada por r: sub-região,<br />

aparecer em abreviaturas e nomes próprios<br />

sub-raça.<br />

como Wilson e Walter, dá nome a avenidas<br />

4. Os sufixos <strong>de</strong> origem tupi-guarani açu, que cortam Brasília <strong>de</strong> norte a sul.<br />

guaçu e mirim: amoré-guaçu, anajá- Dica 7<br />

mirim, capim-açu.<br />

O trema morreu no português. Mas se<br />

5. A junção <strong>de</strong> duas palavras mesmo mantém em palavras estrangeiras ou <strong>de</strong>las<br />

quan<strong>do</strong> cada uma mantém a<br />

<strong>de</strong>rivadas (Müller, mülleriano). A razão:<br />

individualida<strong>de</strong>: Ponte Rio-Niterói,<br />

nós po<strong>de</strong>mos alterar a nossa língua. Não<br />

trecho Brasília-SãoPaulo, Liberda<strong>de</strong>temos<br />

po<strong>de</strong>r pra mudar a <strong>do</strong>s outros.<br />

Igualda<strong>de</strong>-Fraternida<strong>de</strong>.<br />

Dica 8<br />

6. As expressões latinas aportuguesadas: A reforma só muda a grafia <strong>de</strong> palavras.<br />

in octavo, mas in-oitavo, via crucis, mas<br />

Pronúncia, concordâncias, regências não<br />

via-crúcis.<br />

foram sequer arranhadas.<br />

Dica 1<br />

* Dad Squarise é escritora e professora<br />

<strong>de</strong> Português. É autora <strong>de</strong> vários livros,<br />

Editora <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Opinião <strong>do</strong> Correio<br />

Brasiliense, on<strong>de</strong> escreve a coluna Dicas<br />

<strong>de</strong> Português, veiculada também no<br />

Diário <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

dad.squarisi@gmail.com.br<br />

(Blog da Dad www.correiobraziliense.com.br) .<br />

29


Cultura<br />

Dança brasílica<br />

Mistura <strong>de</strong> ritmos embala Balé Popular <strong>do</strong> Recife<br />

Fundada em 1976, a companhia<br />

teve sua origem baseada no Balé<br />

Armorial <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste - i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> pelo<br />

então Secretário <strong>de</strong> Cultura à época, o<br />

escritor Ariano Suassuna -, que apesar<br />

<strong>de</strong> uma vida curta, inspirou a família a<br />

dar início a um projeto que já acumula<br />

33 anos <strong>de</strong> passos e compassos.<br />

As coreografias já apresentadas no<br />

Brasil e em diversos países <strong>do</strong> exterior<br />

pelo Balé Popular <strong>do</strong> Recife são<br />

montadas a partir da Dança Brasílica,<br />

meto<strong>do</strong>logia criada por André<br />

Madureira e que nada mais é <strong>do</strong> que<br />

uma miscigenação cultural, on<strong>de</strong> o<br />

30<br />

Uma celebração <strong>de</strong> amor e alegria. É com<br />

essa frase que o diretor geral <strong>do</strong> Balé<br />

Popular <strong>do</strong> Recife, André Madureira,<br />

traduz o que representa para a sua<br />

família, “alguns abnega<strong>do</strong>s” e bailarinos<br />

ver o grupo entrar em cena.<br />

Nor<strong>de</strong>ste: um <strong>do</strong>s espetáculos apresenta<strong>do</strong>s pela companhia nos 33 anos <strong>de</strong> história<br />

grupo pratica vários ritmos ao mesmo<br />

tempo, manten<strong>do</strong> características <strong>do</strong><br />

popular, mas com um viés mais<br />

turístico. “A miscigenação <strong>de</strong> raças<br />

no Brasil contribuiu culturalmente e<br />

artisticamente para um manancial <strong>de</strong><br />

passos, ritmos, trajes, gestual,<br />

mímica, instrumentação e <strong>de</strong> uma<br />

cultura total para uma nova raça que<br />

está nascen<strong>do</strong> no Brasil, a mestiça”,<br />

explicou André.<br />

O resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>sse trabalho, que<br />

é conduzi<strong>do</strong> por um grupo <strong>de</strong> cinco<br />

pessoas, as professoras Mabel e<br />

Suzana Magdala; Ângela Madureira<br />

Construir uma<br />

se<strong>de</strong> própria<br />

para o balé é<br />

um sonho<br />

persegui<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

forma<br />

incansável por<br />

André<br />

Madureira<br />

(diretora administrativa); Angélica<br />

Madureira (diretora artística) e Andréia<br />

Madureira (produtora) ganha reforço<br />

pela paixão <strong>de</strong> seus bailarinos, que se<br />

distribuem nas três companhias<br />

montadas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> balé e que abrange<br />

várias faixas etárias. São elas: o Balé<br />

Popular, formada por adultos que já<br />

passaram por outras etapas<br />

anteriormente; o Forrobodó, forma<strong>do</strong><br />

por a<strong>do</strong>lescentes acima <strong>do</strong>s 18 anos; o<br />

Brasil Brinque<strong>do</strong>, com formação <strong>de</strong><br />

crianças <strong>do</strong>s 8 aos 12 anos e <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s<br />

próximos dias a companhia contará<br />

ainda com outra: o balé Brasílica, uma<br />

nova ramificação formada por<br />

a<strong>do</strong>lescentes <strong>do</strong>s 13 aos 17 anos. Além<br />

disso, o balé mantêm uma escolinha,<br />

que trabalha a dança popular <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>do</strong>s seus mais diversos ritmos com<br />

crianças a partir <strong>do</strong>s 4 anos.<br />

Para André Madureira, além da<br />

paixão pela dança e pela cultura<br />

popular, a sobrevivência <strong>do</strong> Balé<br />

Popular <strong>do</strong> Recife <strong>de</strong>ve-se também à<br />

<strong>de</strong>dicação <strong>do</strong>s pais que levam as<br />

crianças <strong>do</strong> Brasil Brinque<strong>do</strong> às aulas e<br />

ensaios. “São vários abnega<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa<br />

causa. Não é fácil abrir mão <strong>de</strong> finais<br />

<strong>de</strong> semana. É preciso ter muito amor<br />

pela criança e pelo cultural”, frisou<br />

André.


Novas dificulda<strong>de</strong>s<br />

Conviven<strong>do</strong> com diversas<br />

dificulda<strong>de</strong>s financeiras o balé sofreu<br />

um gran<strong>de</strong> impacto no dia 1º <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong>ste ano, quan<strong>do</strong> o fogo<br />

tomou conta <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> que abrigava<br />

as aulas e ensaios da companhia,<br />

situa<strong>do</strong> na Rua <strong>do</strong> Sossego, centro <strong>do</strong><br />

Recife, e transformou em cinzas a<br />

maioria <strong>do</strong> figurino <strong>do</strong> balé, tornan<strong>do</strong><br />

as apresentações inviáveis.<br />

O incêndio veio aumentar ainda<br />

mais as dificulda<strong>de</strong>s que já se<br />

acumulavam em débitos com o aluguel<br />

da se<strong>de</strong> e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção<br />

<strong>do</strong> casario. “Precisamos soerguer a se<strong>de</strong><br />

alugada, cuja reforma está orçada em<br />

cerca <strong>de</strong> 40 mil reais. Com esse<br />

aci<strong>de</strong>nte, vimos <strong>de</strong>smoronar toda a<br />

nossa estrutura, que já era bastante<br />

precária', disse Ângela Fischer, que<br />

além <strong>de</strong> diretora administrativa <strong>do</strong> balé<br />

é também ex-bailarina e esposa <strong>de</strong><br />

André Madureira.<br />

Para dar continuida<strong>de</strong> ao trabalho,<br />

a família Madureira vem contan<strong>do</strong> com<br />

pouca ajuda, mas que tem si<strong>do</strong><br />

significativa. Hoje as aulas <strong>do</strong> Balé<br />

Popular são ministradas às quartasfeiras<br />

e sába<strong>do</strong>s em uma sala na Casa<br />

da Cultura (centro <strong>do</strong> Recife), cedida<br />

pela Fundação <strong>do</strong> Patrimônio Histórico<br />

e Artístico <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> Fundarpe,<br />

que também garantiu algumas<br />

apresentações <strong>do</strong> balé e a realização <strong>de</strong><br />

oficinas pelo grupo em algumas<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Recife. Além disso,<br />

Ângela Fischer vem buscan<strong>do</strong> junto à<br />

Prefeitura <strong>do</strong> Recife a garantia <strong>de</strong><br />

algumas apresentações, para assim<br />

garantir algum recurso. “Temos<br />

conta<strong>do</strong> com apoios importantes, mas<br />

as dificulda<strong>de</strong>s são muitas. Estamos<br />

O Balé Popular acumula em suas andanças<br />

várias apresentações no Brasil e no mun<strong>do</strong><br />

Crianças iniciam carreira no Brasil Brinque<strong>do</strong>, companhia mirim <strong>do</strong> Balé Popular <strong>do</strong> Recife<br />

lutan<strong>do</strong> para sensibilizar os governos<br />

<strong>de</strong> que o prejuízo não é só nosso, mas<br />

principalmente da cultura<br />

pernambucana. Passamos três meses<br />

na França quan<strong>do</strong> foram feitas 37<br />

apresentações. Nesse momento<br />

estávamos levan<strong>do</strong> o nome <strong>do</strong> Recife,<br />

<strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong> e <strong>do</strong> Brasil”,<br />

<strong>de</strong>stacou a diretora.<br />

A realida<strong>de</strong> atual <strong>do</strong> Balé<br />

Popular <strong>do</strong> Recife é <strong>de</strong> uma estrutura<br />

precária para a realização <strong>do</strong>s<br />

ensaios, que vêm acontecen<strong>do</strong> em<br />

uma sala cedida pelo Colégio<br />

Nóbrega, já <strong>de</strong>sativa<strong>do</strong> e <strong>de</strong> um parco<br />

figurino espalha<strong>do</strong> em vários locais.<br />

“Chegamos a ter o maior acervo<br />

particular <strong>do</strong> Brasil, com duas mil<br />

peças <strong>de</strong> roupa. Não estamos<br />

totalmente <strong>de</strong>sampara<strong>do</strong>s, mas<br />

precisamos garantir a sobrevivência<br />

<strong>do</strong> elenco, <strong>do</strong> espetáculo e construir a<br />

se<strong>de</strong>”, disse André Madureira.<br />

No compasso <strong>de</strong> um sonho<br />

To<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

pelos vários “brincantes”, que com o<br />

sorriso nos olhos ocupam ruas e<br />

palcos para levar o nome <strong>do</strong> Balé<br />

Popular <strong>do</strong> Recife, é embala<strong>do</strong> pelo<br />

sonho <strong>de</strong> ver construída uma se<strong>de</strong><br />

própria para a companhia. A <strong>do</strong>ação<br />

Cultura<br />

<strong>de</strong> um terreno para a construção <strong>de</strong>sse<br />

espaço é uma meta perseguida <strong>de</strong><br />

forma incansável por André Madureira,<br />

que sonha com uma estrutura que<br />

comporte salas <strong>de</strong> aula, teatrinho para<br />

apresentações, local para acomodar os<br />

figurinos <strong>do</strong>s vários espetáculos e loja<br />

para a comercialização <strong>de</strong> produtos.<br />

To<strong>do</strong> o projeto já está monta<strong>do</strong> nas<br />

mentes <strong>de</strong> André Madureira e Ângela<br />

Fischer, que afirmam preten<strong>de</strong>r<br />

também <strong>de</strong>senvolver um trabalho<br />

social no local, trabalhan<strong>do</strong> os ciclos<br />

<strong>de</strong> dança <strong>do</strong> ano com crianças e adultos<br />

que não têm condições <strong>de</strong> pagar. “Se já<br />

fazemos tanto, mesmo com as<br />

dificulda<strong>de</strong>s que enfrentamos, imagine<br />

o que po<strong>de</strong>remos fazer ten<strong>do</strong> nossa<br />

se<strong>de</strong>. Com apoio vamos po<strong>de</strong>r<br />

valorizar muito mais a nossa cultura”,<br />

lembrou Ângela.<br />

Sonha<strong>do</strong>res, mas convictos <strong>de</strong> que<br />

estão no caminho certo, André e<br />

Ângela lembram ainda com carinho,<br />

que o espaço <strong>de</strong>verá abrigar oficinas <strong>de</strong><br />

danças, artesanato, figurino, artes<br />

plásticas, áudio, ví<strong>de</strong>o e uma<br />

biblioteca. “Preten<strong>de</strong>mos socializar<br />

esse espaço com outros grupos da<br />

cida<strong>de</strong>. A pauta <strong>do</strong>s teatros vive cheia e<br />

o custo das apresentações é muito alto,<br />

po<strong>de</strong>remos proporcionar a outros<br />

artistas uma alternativa para mostrar<br />

seu trabalho”, finalizou André.<br />

31


Cultura<br />

O que Promotores e Procura<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> Justiça indicam para você<br />

32<br />

Ortencio Carvalho - Teoria Geral <strong>do</strong><br />

Direito Penal (Volume I) - Reno<br />

Feitosa Gondim<br />

Esse livro <strong>de</strong> Teoria Geral <strong>do</strong> Direito<br />

Penal representa o início da<br />

sistematização teórica que tem a<br />

Parte Geral <strong>do</strong> Código Penal como<br />

seu núcleo normativo. A partir da<br />

meto<strong>do</strong>logia qualitativa, bem como da articulação<br />

<strong>do</strong> sistema principiológico penal-constitucional, esta<br />

teoria geral se edifica com base na emergência <strong>do</strong><br />

paradigma epistemológico da pós-mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>,<br />

buscan<strong>do</strong> a superação <strong>do</strong> positivismo nos mais<br />

diversos níveis da elaboração teórica, e abrin<strong>do</strong> um<br />

horizonte interdisciplinar para a exploração <strong>de</strong><br />

novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formação<br />

<strong>do</strong> discurso científico jurídico-penal.<br />

(EDITORA JURUÁ, 2008, 354 pg.)<br />

Geral<strong>do</strong> M. Correia - Sobre a<br />

Democracia - Robert A. Dahl<br />

Para quem se interessa por conhecer<br />

sempre mais sobre temas que dizem<br />

respeito ao trabalho que <strong>de</strong>senvolvemos<br />

no <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong>, penso que seria<br />

interessante ler “Sobre a Democracia”. O<br />

livro é <strong>de</strong> fácil leitura não <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> se<br />

aprofundar sobre a temática <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que se po<strong>de</strong> ganhar<br />

em conhecimento e melhor embasamento para nossas<br />

práticas na ação com a socieda<strong>de</strong>.<br />

(EDITORA UNB, 2001, 230 pg.)<br />

Hugo Cavalcanti Melo - Quan<strong>do</strong><br />

Nietzsche chorou - Irvin D. Yalom<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma interessante obra <strong>de</strong><br />

ficção, que envolve personagens reais<br />

como Friedrich Nietzsche e Sigmund<br />

Freud e imaginários como o psicanalista<br />

Josef Breuer, na qual, como seria lícito<br />

esperar, estão expostas iluminadas<br />

visões filosóficas, farta discussão sobre a psicanálise e,<br />

neste campo, a “terapia através da conversa”, então<br />

méto<strong>do</strong> novo <strong>de</strong> tratamento psiquiátrico. Para mim o livro<br />

apresenta uma trama inteligente, culta e interessante que,<br />

sobre ser bem urdida, está muito bem escrita.<br />

(EDITORA EDIOURO RJ, ano da obra: 1992, ano edição: 2005,<br />

412 pg.)<br />

Gilson Barbosa - O Carteiro e o<br />

Poeta - Antonio Skármeta<br />

Gostei muito <strong>do</strong> livro. A obra conta a<br />

história <strong>de</strong> um pesca<strong>do</strong>r que aban<strong>do</strong>na<br />

seu trabalho para ser o carteiro <strong>de</strong><br />

Pablo Neruda. O enre<strong>do</strong> também faz<br />

um retrato da década <strong>de</strong> 1970 no Chile,<br />

perío<strong>do</strong> conturba<strong>do</strong> da história chilena,<br />

enquanto recria a vida <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> poeta Neruda. (EDITORA<br />

RECORD, 1997, )<br />

José Roberto da Silva - A Incrível e<br />

Fascinante História <strong>do</strong> Capitão<br />

Mouro - Georges Bour<strong>do</strong>ukan<br />

Livro para se ler num só fôlego, que nos<br />

leva a um passeio por<br />

<strong>Pernambuco</strong>/Alagoas <strong>do</strong> século XVII. A<br />

Incrível e Fascinante História <strong>do</strong> Capitão<br />

Mouro apresenta um retrato da<br />

socieda<strong>de</strong> escravocrata, romancean<strong>do</strong> a hipotética (talvez<br />

nem tanto) ajuda dada pelo muçulmano Saifudin na<br />

fortificação <strong>do</strong> Quilombo <strong>do</strong>s Palmares, já sob o coman<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> Zumbi. Com esse pano <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>, o autor aborda, num<br />

sobrevoo, temas como a intolerância (religiosa, sexual,<br />

social, racial) e oferece um ângulo novo para a<br />

reconstituição/interpretação <strong>do</strong>s fatos <strong>de</strong> nossa História.<br />

(EDITORA SOL E CHUVA, 1997, 213 pg.)<br />

Maviael Souza - A Pedra <strong>do</strong> Reino -<br />

Ariano Suassuna<br />

O livro alia fantasia a fatos históricos,<br />

<strong>de</strong>screve a população da época, conta<br />

casos como da Princesa da Paraíba, que<br />

foi um massacre <strong>de</strong> fato. Além <strong>de</strong><br />

mostrar o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida sertanejo e uma<br />

apelação ao Tribunal <strong>de</strong> Justiça bastante<br />

curiosa com uma peça jurídica muito interessante.<br />

(EDITORA: JOSE OLYMPIO, 1971, 646 pg.)<br />

Patrícia Lapenda - Comer, rezar,<br />

amar - Elisabeth Gilbert<br />

O livro que estou len<strong>do</strong> e recomen<strong>do</strong>. A<br />

obra tem o formato <strong>de</strong> diário e retrata a<br />

trajetória <strong>de</strong> altos e baixos nos<br />

relacionamentos, a partir <strong>de</strong> um<br />

casamento fracassa<strong>do</strong>. A autorapersonagem<br />

põe em prática planos,<br />

<strong>de</strong>ntre eles o <strong>de</strong> imersão espiritual, encontrar <strong>de</strong>us. Po<strong>de</strong>se<br />

extrair muitos pensamentos e mensagens reflexivas e<br />

ainda é diverti<strong>do</strong>. (EDITORA OBJETIVA, 2008, 344 pg.)


Itamar Dias Noronha - Histórias<br />

Que Meu Pai Contava - Lívia<br />

Valença<br />

Recomen<strong>do</strong> a leitura <strong>do</strong> livro "Histórias<br />

Que Meu Pai Contava". Na primeira<br />

parte, há coletânea <strong>de</strong> casos reais<br />

narra<strong>do</strong>s com bom humor pelo sau<strong>do</strong>so<br />

médico e <strong>de</strong>puta<strong>do</strong> estadual Lívio<br />

Valença ( irmão <strong>do</strong> nosso colega Rubem Valença,<br />

Procura<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Justiça aposenta<strong>do</strong>) referentes a fatos<br />

ocorri<strong>do</strong>s nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong> São Bento <strong>do</strong> Una e<br />

Pesqueira, on<strong>de</strong> ele viveu durante mais <strong>de</strong> <strong>quatro</strong><br />

décadas. Na segunda parte, estão histórias que escritores<br />

e jornalistas publicaram sobre Lívio, seguin<strong>do</strong>-se crônicas,<br />

cartas e contos <strong>de</strong> sua autoria nas quais sobressai o estilo<br />

claro, em português impecável, e o amor à terra natal bem<br />

como às pessoas, na gran<strong>de</strong> maioria simples, com as<br />

quais conviveu no exercício, principalmente, da Medicina e<br />

alguns <strong>do</strong>s mais corajosos discursos proferi<strong>do</strong>s na<br />

Assembléia Legislativa <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong>, como opositor da<br />

ditadura instalada em nosso país a partir <strong>de</strong> 1964.<br />

(EDITORA CEPE, 2006)<br />

Heloísa Pollyanna Brito <strong>de</strong> Freitas<br />

Para quem aprecia filmes <strong>de</strong> drama,<br />

minha dica são aqueles dirigi<strong>do</strong>s por Clint<br />

Eastwood, diretor que normalmente<br />

aborda temas interessantes e fortes.<br />

Destaco os seguintes: Menina <strong>de</strong> ouro,<br />

que narra a estória <strong>de</strong> Frankie (Clint<br />

Eastwood), treina<strong>do</strong>r <strong>de</strong> boxe veterano,<br />

cuja vida é transformada após o<br />

aparecimento <strong>de</strong> Maggie (Hilary Swank), jovem<br />

<strong>de</strong>terminada, que vence a sua resistência em treinar<br />

mulheres; Sobre meninos e lobos. Drama policial acerca<br />

<strong>do</strong> assassinato <strong>de</strong> uma jovem, cujas investigações<br />

provocam o reencontro <strong>de</strong> três antigos amigos, os quais<br />

têm que encarar fatos passa<strong>do</strong>s; Gran Torino. Walt<br />

(Eastwood) é um veterano <strong>de</strong> guerra “ranzinza”. Certo dia,<br />

ao impedir o roubo <strong>de</strong> seu veículo Gran Torino, por um<br />

vizinho a<strong>do</strong>lescente, que era pressiona<strong>do</strong> por uma gangue<br />

<strong>do</strong> bairro, passa a ser visto como espécie <strong>de</strong> herói na<br />

comunida<strong>de</strong>. O filme, vale a pena ser visto, pois, leva-nos<br />

a refletir sobre questões como violência, preconceito e<br />

amiza<strong>de</strong>.<br />

Menina <strong>de</strong> Ouro: CLINT EASTWOOD, 2004, 137 min.<br />

Warner Bros. / Europa Filmes; Sobre meninos e lobos:<br />

CLINT EASTWOOD, 2003, 137 min. Warner Bro; Gran<br />

Torino: CLINT EASTWOOD, 2008, 116 min. Warner Bros.<br />

Jecqueline Aymar Elihimas - O<br />

Filho da Noiva<br />

Cultura<br />

Sérgio Souto - Crônica <strong>de</strong> uma tragédia<br />

inesquecível: Autos <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />

Dilerman<strong>do</strong> <strong>de</strong> Assis, que matou<br />

Eucli<strong>de</strong>s da Cunha<br />

O livro é um relato jurídico e histórico<br />

sobre a morte <strong>do</strong> escritor Eucli<strong>de</strong>s da<br />

Cunha, pois traz as peças <strong>do</strong> processo e<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> testemunhas, três<br />

<strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> Ana Emília, as teses <strong>de</strong><br />

acusação e da <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> crime que chocou o Brasil no<br />

ano <strong>de</strong> 1909.<br />

O livro faz o leitor mergulhar neste episódio marcante da<br />

história que ficou conheci<strong>do</strong> como “A tragédia da Pieda<strong>de</strong>”<br />

e nos faz ainda conhecer a trajetória profissional <strong>de</strong><br />

Eucli<strong>de</strong>s da Cunha.<br />

(EDITORAS ALABATRAZ, LOQÜI E TERCEIRO NOME, 2007,<br />

229 pg.)<br />

O filme argentino mostra, por mais<br />

impossível que possa parecer, o<br />

Alzeheimer (da noiva) com uma<br />

leveza maravilhosa. Ajuda a pensar<br />

sobre o que realmente importa nesta<br />

nossa veloz passagem sobre a terra, inclusive<br />

quan<strong>do</strong> mostra a rotina estressada <strong>do</strong> personagem<br />

central (o filho), o efeito <strong>de</strong>la no seu corpo e vida<br />

familiar. E tu<strong>do</strong> é passa<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma tão poética com<br />

um final meio "feliz para sempre" que quase não dá<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar, mas sim <strong>de</strong> sorrir e começar a ver<br />

a vida <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> muito mais positivo.<br />

(JUAN JOSÉ CAMPANELLA, 2001, 124 min. Sony<br />

Pictures Classics)<br />

33


Contraponto<br />

Os direitos e garantias individuais<br />

correspon<strong>de</strong>m, na concepção mo<strong>de</strong>rna,<br />

ao elenco <strong>de</strong> princípios, traduzi<strong>do</strong>s<br />

genericamente no chama<strong>do</strong> Direitos<br />

Humanos, cujos prece<strong>de</strong>ntes se<br />

encontram em textos internacionais<br />

como a Convenção Americana sobre<br />

Direitos Humanos, conhecida como<br />

Pacto <strong>de</strong> São José da Costa Rica e<br />

internamente assegura<strong>do</strong>s no texto<br />

constitucional.<br />

O Tribunal <strong>do</strong> Júri - sen<strong>do</strong> no<br />

sistema judiciário brasileiro uma das<br />

instituições mais antigas, introduzi<strong>do</strong><br />

em 1824 - por sua natureza é a<br />

instituição mais <strong>de</strong>mocrática <strong>do</strong> Po<strong>de</strong>r<br />

Judiciário, constitucionalmente<br />

garantida, consequentemente <strong>de</strong>ve ter<br />

maior vínculo com o Princípio da<br />

Humanida<strong>de</strong> por ser princípio<br />

internacional e a melhor forma <strong>de</strong><br />

garantir um justo julgamento como<br />

resposta à socieda<strong>de</strong>.<br />

Nessa linha seguiu bem o<br />

legisla<strong>do</strong>r com a última reforma <strong>do</strong><br />

Código <strong>de</strong> Processo Penal, com as Leis<br />

nº 11.689 e 11.690, <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong><br />

2008, quan<strong>do</strong> implementou<br />

significativas mudanças no Tribunal <strong>do</strong><br />

Júri e sobre a produção e apreciação<br />

das provas.<br />

Indiscutivelmente a reforma<br />

apresenta garantias ao réu, bem como à<br />

socieda<strong>de</strong>, no que diz respeito a uma<br />

justa resposta para o fato <strong>de</strong>lituoso,<br />

objetivan<strong>do</strong> a não ocorrência <strong>de</strong><br />

prescrição e impunida<strong>de</strong>, como passo a<br />

indicar adiante.<br />

A exclusão <strong>do</strong> recurso conheci<strong>do</strong><br />

como protesto por novo júri, com o<br />

qual a <strong>de</strong>fesa valia-se <strong>de</strong> um novo<br />

julgamento com fundamento apenas no<br />

quantum da pena aplicada.<br />

34<br />

Artigo<br />

Alterações no Júri<br />

Opiniões distintas sobre a mudança d<br />

* Antonio Augusto <strong>de</strong> Arroxelas Mace<strong>do</strong> Filho.<br />

Foi aboli<strong>do</strong> o sistema <strong>de</strong><br />

questionamento longo, sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tada<br />

uma formulação mais simples e com<br />

um quesito obrigatório se o acusa<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>ve ser absolvi<strong>do</strong> – “O jura<strong>do</strong><br />

absolve o acusa<strong>do</strong>?”. No antigo<br />

...O acusa<strong>do</strong> solto<br />

que não for<br />

encontra<strong>do</strong> será<br />

intima<strong>do</strong> por edital da<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> pronúncia;<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> haver o<br />

julgamento sem a<br />

presença <strong>do</strong> réu<br />

regularmente<br />

intima<strong>do</strong>, o que<br />

garante seu direito ao<br />

silêncio e evita o<br />

adiamento <strong>do</strong><br />

julgamento...<br />

sistema, quan<strong>do</strong> o conselho <strong>de</strong><br />

sentença queria absolver o acusa<strong>do</strong> por<br />

algum entendimento <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

subjetiva, contrariamente à prova <strong>do</strong>s<br />

autos, respondia <strong>de</strong> forma errada ao<br />

quesito da autoria ou “sim” a tese <strong>de</strong><br />

legitima <strong>de</strong>fesa real, putativa ou<br />

mesmo da honra.<br />

No atual, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o Conselho<br />

<strong>de</strong> Sentença que o acusa<strong>do</strong> foi autor <strong>de</strong><br />

um crime, mesmo não haven<strong>do</strong><br />

qualquer exclusão legal, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> seu subjetivo entendimento<br />

absolver, o que representa a garantia da<br />

soberania <strong>do</strong> júri e conseqüentemente a<br />

<strong>de</strong>mocracia.<br />

O procedimento <strong>de</strong> instrução<br />

preliminar <strong>de</strong>verá ser concluí<strong>do</strong> no<br />

prazo máximo <strong>de</strong> 90 dias.<br />

O acusa<strong>do</strong> solto que não for<br />

encontra<strong>do</strong> será intima<strong>do</strong> por edital da<br />

<strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> pronúncia; po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> haver o<br />

julgamento sem a presença <strong>do</strong> réu<br />

regularmente intima<strong>do</strong>, o que garante<br />

seu direito ao silêncio e evita o<br />

adiamento <strong>do</strong> julgamento. Logo,<br />

passamos a ter julgamento mais<br />

próximo <strong>do</strong> fato, contribuin<strong>do</strong> para a<br />

restauração <strong>do</strong> equilibrio social.<br />

Além <strong>de</strong> outros pontos benéficos<br />

que surgiram com a reforma como:<br />

<strong>de</strong>bates finais orais na fase preliminar;<br />

julgamento pelo Conselho <strong>de</strong> Sentença<br />

sem necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> libelo acusatório,<br />

servin<strong>do</strong> como base para acusação em<br />

plenário a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> pronúncia e fim<br />

da leitura in<strong>de</strong>vida <strong>de</strong> peças<br />

processuais.<br />

Promotor <strong>de</strong> Justiça com atuação no<br />

Tribunal <strong>do</strong> Júri da Comarca <strong>de</strong> Paulista-<br />

PE e 3ª Vara <strong>do</strong> Tribunal <strong>do</strong> Júri da Capital.


Artigo Contraponto<br />

Artigo<br />

Artigo<br />

ça <strong>do</strong> Código <strong>de</strong> Processo penal<br />

Procedimento <strong>do</strong> Júri: mudança<br />

substancial ou meramente formal?<br />

No senti<strong>do</strong> formal mudança está<br />

associada à idéia <strong>de</strong> transformação, <strong>de</strong><br />

introdução <strong>de</strong> novas formas, <strong>de</strong> novos<br />

ritos, <strong>do</strong> modus como se faz e opera<br />

alguma coisa, todavia num plano mais<br />

substancial, mudança se traduz pela<br />

alteração <strong>do</strong>s paradigmas essenciais,<br />

das bases estruturantes <strong>de</strong> algo ou <strong>de</strong><br />

alguma coisa e neste senti<strong>do</strong> a mudança<br />

modifica a própria cultura, revoluciona,<br />

recria e re<strong>de</strong>fine o mo<strong>do</strong> como as coisas<br />

e as pessoas estão e são.<br />

Com o advento da lei 11.689 <strong>de</strong><br />

agosto <strong>de</strong> 2008, que versa sobre<br />

alterações no procedimento <strong>do</strong>s crimes<br />

<strong>do</strong>losos tenta<strong>do</strong>s e consuma<strong>do</strong>s contra a<br />

vida da competência <strong>do</strong> Tribunal <strong>do</strong><br />

Júri – um <strong>do</strong>s instrumentos legais<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a combater a criminalida<strong>de</strong><br />

que ofen<strong>de</strong> sobremo<strong>do</strong> a vida, como o<br />

bem jurídico essencial à coexistência da<br />

socieda<strong>de</strong>, - <strong>de</strong> logo se associou à dita<br />

lei a idéia <strong>de</strong> mudança e a sensação <strong>de</strong><br />

que a partir <strong>de</strong> agora o Esta<strong>do</strong> teria um<br />

instrumento capaz <strong>de</strong> interferir e<br />

combater a criminalida<strong>de</strong>, e<br />

principalmente <strong>de</strong> realização efetiva da<br />

justiça criminal no pais que entre outros<br />

tipos penais, registra alta cifras <strong>de</strong><br />

homicídio.<br />

Sem dúvida que formalmente houve<br />

mudanças!!! O formalismo e para quem<br />

acredita que a verda<strong>de</strong>ira justiça só será<br />

feita por intermédio <strong>de</strong>le não po<strong>de</strong><br />

reclamar a ausências <strong>de</strong>las, até porque,<br />

a peça inicial <strong>de</strong>fensiva chama-se agora<br />

resposta e não mais <strong>de</strong>fesa prévia como<br />

era antes, <strong>de</strong>u-se lugar a audiência<br />

única <strong>de</strong> instrução probatória, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

o juiz in<strong>de</strong>ferir as provas irrelevantes,<br />

impertinentes e protelatórias,<br />

* José Edival<strong>do</strong> da Silva<br />

extinguiram-se o libelo e o protesto<br />

por novo júri, passou-se a ter 25<br />

jura<strong>do</strong>s e não mais 21 como antes, a<br />

ida<strong>de</strong> para ser jura<strong>do</strong> passou <strong>de</strong> 21<br />

anos para 18 anos, os apartes foram<br />

regulamenta<strong>do</strong>s, o pedi<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>saforamento passou-se a ter<br />

preferência para ser aprecia<strong>do</strong>,<br />

ve<strong>do</strong>u-se a leitura <strong>de</strong> <strong>do</strong>cumentos em<br />

plenário, simplificou-se a quesitação,<br />

proibiu-se o uso <strong>de</strong> algema no<br />

plenário, não se po<strong>de</strong> valer <strong>do</strong><br />

silêncio <strong>do</strong> réu ou da <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

pronúncia como argumento <strong>de</strong><br />

...na segunda instância<br />

criminal, o processo penal<br />

continua emperra<strong>do</strong> e o prazo <strong>de</strong><br />

sua tramitação é<br />

irremediavelmente fora <strong>de</strong><br />

contexto, sem olvidar a premente<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentamento<br />

sério e sistemático da<br />

criminalida<strong>de</strong>...<br />

autorida<strong>de</strong> para convencer os<br />

jura<strong>do</strong>s, o juiz não faz mais<br />

oralmente o relatório na hora <strong>do</strong><br />

julgamento, o tempo <strong>de</strong> sustentação<br />

oral é <strong>de</strong> uma hora e meia, em alguns<br />

casos o julgamento po<strong>de</strong> se dar<br />

mesmo ausente o réu.<br />

Mas criação legislativa<br />

substancial não houve, pois o<br />

inquérito policial, instrumento<br />

persecutório inicial e<br />

indiscutivelmente <strong>de</strong>satualiza<strong>do</strong><br />

continua incólume, bem como a<br />

superestrutura <strong>do</strong> judiciário criminal,<br />

ou seja, na segunda instância criminal,<br />

o processo penal continua emperra<strong>do</strong> e<br />

o prazo <strong>de</strong> sua tramitação é<br />

irremediavelmente fora <strong>de</strong> contexto,<br />

sem olvidar a premente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

enfrentamento sério e sistemático da<br />

criminalida<strong>de</strong>, que se ressente <strong>de</strong><br />

instrumento hábil e capaz.<br />

No entanto para quem acredita nas<br />

mesmas, faremos as seguintes<br />

indagações: estas e outras meras<br />

formalida<strong>de</strong>s trazidas pela nova lei <strong>do</strong><br />

júri vão transformar e reverter os<br />

números estratosféricos <strong>de</strong> homicídio<br />

ocorri<strong>do</strong>s Brasil a fora? Elas vão<br />

aplacar a criminalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

monta que acomete gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s<br />

jovens brasileiros? Vão transformar a<br />

cultura beligerante e da vingança<br />

privada em cultura <strong>de</strong> respeito e <strong>de</strong><br />

solidarieda<strong>de</strong> entre os cidadãos com os<br />

quais trabalhamos? As mudanças<br />

legislativas modificaram ou pelo<br />

menos otimizaram a persecução penal<br />

pré-processual, ou seja, alteraram o<br />

modus faciendi <strong>do</strong> inquérito policial?<br />

Elas alteraram o sistema recursal e<br />

forma <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

direito na segunda instância da justiça<br />

criminal?<br />

Relen<strong>do</strong> e refletin<strong>do</strong> a lei<br />

11.689/2008, não <strong>de</strong>sconhecemos que<br />

se tenha havi<strong>do</strong> ganhos formais que<br />

fortaleceram o sistema processual<br />

acusatório e as garantias <strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>,<br />

mas substancialmente eles são<br />

insuficientes para garantir a<br />

efetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> processo penal<br />

brasileiro mormente para libertar o<br />

povo brasileiro da criminalida<strong>de</strong> a que<br />

está submetida.<br />

Promotor da 46º Promotoria <strong>de</strong> Justiça<br />

Criminal, com atuação no 4º Tribunal <strong>do</strong><br />

Júri.<br />

35


Artigo<br />

A pessoa jurídica como<br />

autora <strong>de</strong> crimes<br />

* Miguel Sales<br />

Em <strong>do</strong>is momentos, a<br />

Constituição <strong>de</strong> 1988, rompen<strong>do</strong><br />

com a tradição da <strong>do</strong>utrina<br />

penal, consi<strong>de</strong>ra a pessoa<br />

jurídica, sem distinguir se<br />

pública ou privada, como ente<br />

capaz <strong>de</strong> cometer crime.<br />

A primeira previsão está situada no<br />

capítulo que trata <strong>do</strong>s princípios gerais<br />

da ativida<strong>de</strong> econômica; a segunda, no<br />

que disciplina o meio ambiente. Quer<br />

dizer, no concernente às relações<br />

econômicas ou<br />

<strong>de</strong> natureza<br />

ambiental a Lei<br />

Maior enten<strong>de</strong>u<br />

que po<strong>de</strong> haver<br />

conduta da<br />

pessoa jurídica a<br />

se tipificar como<br />

crime.<br />

Na primeira<br />

situação, diz a<br />

Constituição: “A<br />

lei, sem prejuízo<br />

da<br />

responsabilida<strong>de</strong><br />

individual <strong>do</strong>s<br />

dirigentes da<br />

pessoa jurídica,<br />

estabelecerá a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta,<br />

sujeitan<strong>do</strong>-a às punições compatíveis<br />

com a sua natureza nos atos pratica<strong>do</strong>s<br />

contra a or<strong>de</strong>m econômica e financeira<br />

e contra a economia popular.” (art. 173,<br />

§ 5º). Por sua vez, na outra hipótese,<br />

preceitua: “as condutas e ativida<strong>de</strong>s<br />

consi<strong>de</strong>radas lesivas ao meio ambiente<br />

sujeitarão os infratores, pessoas físicas<br />

ou jurídicas, a sanções penais e<br />

administrativas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />

obrigação <strong>de</strong> reparar os danos<br />

36<br />

causa<strong>do</strong>s.” (art. 225, § 3º).<br />

Historicamente, o princípio<br />

Societas <strong>de</strong>linquire non potest,<br />

que<br />

ainda é a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> no or<strong>de</strong>namento<br />

jurídico da maioria das nações, foi<br />

quebra<strong>do</strong> após o fim da II Guerra<br />

Mundial, quan<strong>do</strong> o Tribunal Militar<br />

<strong>de</strong> Nuremberg admitiu a<br />

responsabilida<strong>de</strong> criminal <strong>de</strong><br />

corporações ou agrupamentos<br />

nazistas, como, por exemplo, a<br />

Gestapo, ao con<strong>de</strong>ná-la pelos<br />

...Em resumo, a legislação brasileira e <strong>de</strong> alguns países<br />

europeus, para certas situações, vêm incorporan<strong>do</strong> ao direito<br />

penal, em contraponto à velha teoria da culpabilida<strong>de</strong><br />

pessoal, a responsabilida<strong>de</strong> penal da pessoa jurídica, mesmo<br />

que agregada ao po<strong>de</strong>r público...<br />

<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s crimes <strong>de</strong> guerra contra<br />

a humanida<strong>de</strong>.<br />

O Brasil, ao la<strong>do</strong> da França,<br />

Portugal e Espanha, foram pioneiros<br />

em admitir a responsabilida<strong>de</strong> penal<br />

da pessoa jurídica. Pelo Código Penal<br />

Francês <strong>de</strong> 1994, que substituiu o<br />

ultrapassa<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1810, à exceção <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong>, o ente jurídico respon<strong>de</strong><br />

penalmente por vários tipos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>litos. Os Códigos Penais <strong>de</strong><br />

Portugal, reforma<strong>do</strong> em 1995, e o da<br />

Espanha, revisto em 1996, embora<br />

prevejam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cometimentos <strong>de</strong> crimes pela pessoa<br />

jurídica <strong>de</strong> direito priva<strong>do</strong>, não<br />

apresentam em seus textos disposições<br />

objetivas a respeito <strong>do</strong>s tipos penais a<br />

ela atribuí<strong>do</strong>s.<br />

Mesmo antes da Constituição <strong>de</strong><br />

1988, na legislação brasileira, mas não<br />

no Código Penal, há, em diversas<br />

passagens, a<br />

referência ao<br />

cometimento <strong>de</strong><br />

crime pela pessoa<br />

jurídica,<br />

notadamente se<br />

essa for <strong>de</strong> direito<br />

priva<strong>do</strong>. A<br />

propósito, leia-se o<br />

conti<strong>do</strong> no art. 1º<br />

da Lei 7.492/86, o<br />

art. 14 c/c o<br />

parágrafo único <strong>do</strong><br />

art. 18 da Lei<br />

6.938/81, to<strong>do</strong>s<br />

recepciona<strong>do</strong>s pela<br />

nova Carta Magna,<br />

e após a edição<br />

<strong>de</strong>sta, têm-se,<br />

agora, as disposições contidas nos arts.<br />

1º, 2º e 4º da Lei 8.137/90, no art. 15<br />

da Lei 8.884/94 e, <strong>de</strong> forma mais clara<br />

e ampla, o que estabelece o art. 3º da<br />

9.605/98 - a Lei <strong>de</strong> Crimes Ambientais<br />

-, ao prescrever que "As pessoas<br />

jurídicas serão responsabilizadas<br />

administrativa, civil e penalmente,<br />

conforme o disposto nesta Lei, nos<br />

casos em que a infração seja cometida<br />

por <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> seu representante legal<br />

ou contratual, ou <strong>de</strong> seu órgão


colegia<strong>do</strong>, no interesse ou benefício <strong>de</strong><br />

sua entida<strong>de</strong>." Diz ainda, no parágrafo<br />

único <strong>de</strong>ste artigo que "A<br />

responsabilida<strong>de</strong> das pessoas jurídicas<br />

não exclui a das pessoas físicas,<br />

autoras, co-autoras ou partícipes <strong>do</strong><br />

mesmo fato." E in<strong>do</strong> além, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> a<br />

teoria contemporânea da<br />

<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ração da pessoa jurídica,<br />

preceitua em seu art. 4º, que essa<br />

personalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>sprezada,<br />

caso ela seja obstáculo ao<br />

ressarcimento <strong>de</strong> prejuízos causa<strong>do</strong>s à<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> meio-ambiente.<br />

Diz a Lei 8.884, <strong>de</strong> 11.06.94, ao<br />

dispor sobre a prevenção e a repressão<br />

às infrações contra a or<strong>de</strong>m econômica,<br />

em seu art. 15, que ela se aplica às<br />

pessoas físicas ou jurídicas <strong>de</strong> direito<br />

público ou priva<strong>do</strong>, bem como a<br />

quaisquer associações <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s ou<br />

pessoas, constituídas <strong>de</strong> fato ou <strong>de</strong><br />

direito, ainda que temporariamente,<br />

com ou sem personalida<strong>de</strong> jurídica,<br />

mesmo que exerçam ativida<strong>de</strong> sob<br />

regime <strong>de</strong> monopólio legal.<br />

Em resumo, a legislação brasileira<br />

e <strong>de</strong> alguns países europeus, para certas<br />

situações, vêm incorporan<strong>do</strong> ao direito<br />

penal, em contraponto à velha teoria da<br />

culpabilida<strong>de</strong> pessoal, a<br />

responsabilida<strong>de</strong> penal da pessoa<br />

jurídica, mesmo que agregada ao po<strong>de</strong>r<br />

público, mormente nos casos relativos<br />

aos <strong>de</strong>litos contra o meio-ambiente, às<br />

relações <strong>de</strong> consumo, à or<strong>de</strong>m<br />

financeira e tributária, objetivan<strong>do</strong><br />

coibir a impunida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua complexida<strong>de</strong><br />

organizacional.<br />

A lei é filha <strong>do</strong> tempo e o seu fim<br />

é o Bem Comum. E no sentir <strong>de</strong><br />

Isi<strong>do</strong>ro, em suas Etimologias, "Não é<br />

em vista <strong>de</strong> um interesse priva<strong>do</strong>,<br />

mas da comum utilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s<br />

cidadãos que uma lei <strong>de</strong>ve ser<br />

escrita". Hoje, num mun<strong>do</strong><br />

globaliza<strong>do</strong>, criva<strong>do</strong> pelo<br />

materialismo consumista, pela força<br />

econômica e financeira <strong>de</strong> grupos<br />

econômicos, as pessoas humanas vão,<br />

infelizmente, se tornan<strong>do</strong><br />

inferiorizadas em relação às pessoas<br />

jurídicas, notadamente as <strong>de</strong> cunho<br />

...An<strong>do</strong>u bem o legisla<strong>do</strong>r pátrio em atribuir responsabilida<strong>de</strong> penal à<br />

pessoa jurídica, seja privada ou vinculada ao po<strong>de</strong>r público, caso esta<br />

venha praticar condutas lesivas a direitos <strong>de</strong> interesse maior da socieda<strong>de</strong>,<br />

on<strong>de</strong> não basta tão-somente a responsabilização civil. Não se po<strong>de</strong><br />

esquecer que, por vezes, muitos indivíduos, sob o manto <strong>de</strong> uma<br />

pretendida impunida<strong>de</strong> e com suporte em teorias carcomidas pelo tempo,<br />

aglomeram-se para cometer crimes...<br />

multinacional, que, por vezes,<br />

ensejam <strong>de</strong>litos complexos,<br />

acoberta<strong>do</strong>s na frau<strong>de</strong> e na ânsia <strong>do</strong><br />

lucro <strong>de</strong>smedi<strong>do</strong>, sem falar nos<br />

crimes cometi<strong>do</strong>s contra a Natureza,<br />

em <strong>de</strong>trimento <strong>do</strong>s direitos<br />

elementares <strong>do</strong>s cidadãos e <strong>do</strong>s<br />

interesses mais legítimos da<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

É claro que não se vai colocar<br />

num presídio uma pessoa jurídica, até<br />

mesmo porque segun<strong>do</strong> Savigny, esta<br />

não passa <strong>de</strong> uma ficção criada pelo<br />

sistema legal. Contu<strong>do</strong>, não resta<br />

dúvida que ela é um pólo em torno <strong>do</strong><br />

qual se estabelece, hoje, a maioria<br />

das relações jurídicas. Porém, como<br />

se sabe, ao la<strong>do</strong> da velha pena da<br />

Artigo<br />

restrição da liberda<strong>de</strong>, o Direito Penal<br />

mo<strong>de</strong>rno criou outras formas <strong>de</strong><br />

penalização, como, à guisa <strong>de</strong><br />

exemplificação, a multa, a dissolução,<br />

a interdição, a suspensão da ativida<strong>de</strong>,<br />

o confisco, a perda <strong>de</strong> benefícios<br />

fiscais, entre outros, plenamente em<br />

condições reais <strong>de</strong> serem aplicadas à<br />

pessoa jurídica.<br />

An<strong>do</strong>u bem o legisla<strong>do</strong>r pátrio em<br />

atribuir responsabilida<strong>de</strong> penal à<br />

pessoa jurídica, seja privada ou<br />

vinculada ao po<strong>de</strong>r público, caso esta<br />

venha praticar condutas lesivas a<br />

direitos <strong>de</strong> interesse maior da<br />

socieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> não basta tão-somente<br />

a responsabilização civil. Não se po<strong>de</strong><br />

esquecer que, por vezes, muitos<br />

indivíduos, sob o manto <strong>de</strong> uma<br />

pretendida impunida<strong>de</strong> e com suporte<br />

em teorias carcomidas pelo tempo,<br />

aglomeram-se para cometer crimes,<br />

notadamente os que dizem respeito às<br />

relações <strong>de</strong> consumo ou que atentam<br />

contra a or<strong>de</strong>m econômica, financeira<br />

ou tributária. Já os <strong>de</strong>litos <strong>de</strong> natureza<br />

ambiental são mais pratica<strong>do</strong>s em<br />

razão da própria ativida<strong>de</strong> da entida<strong>de</strong><br />

empresarial, que cada vez mais carece<br />

<strong>de</strong> maior reprimenda, a fim <strong>de</strong> que<br />

to<strong>do</strong>s possam viver com sadia<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, conforme preceitua<br />

o art. 225 da Constituição da<br />

República.<br />

Promotor <strong>de</strong> justiça aposenta<strong>do</strong><br />

37


Saú<strong>de</strong><br />

Gripe influenza<br />

Verda<strong>de</strong>s e cuida<strong>do</strong>s necessários<br />

A gripe influenza, popularmente<br />

conhecida como “gripe suína”, tem<br />

tira<strong>do</strong> o sono <strong>de</strong> muitas pessoas e<br />

altera<strong>do</strong> hábitos antes comuns, como o<br />

contato físico entre amigos, o aperto <strong>de</strong><br />

mãos nas cerimônias religiosas e as<br />

freqüentes visitas aos shoppings<br />

centers.<br />

No começo era uma realida<strong>de</strong><br />

distante, fora <strong>do</strong> Brasil e restrita a<br />

alguns países. Pouco tempo <strong>de</strong>pois<br />

havia casos em algumas regiões<br />

brasileiras, outros tantos suspeitos e<br />

mortes. Em <strong>Pernambuco</strong>, os casos<br />

confirma<strong>do</strong>s já apontam para uma<br />

mudança na forma <strong>de</strong> contágio,<br />

indican<strong>do</strong> que o vírus vem circulan<strong>do</strong><br />

livremente, não se limitan<strong>do</strong> mais às<br />

pessoas que mantiveram contato direto<br />

com <strong>do</strong>entes ou advindas <strong>de</strong> outras<br />

regiões, on<strong>de</strong> a <strong>do</strong>ença se proliferou no<br />

início. Apesar <strong>do</strong> bombar<strong>de</strong>io <strong>de</strong><br />

informações recebidas to<strong>do</strong>s os dias,<br />

Dicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong><br />

38<br />

Reprodução<br />

muitas pessoas não conseguem<br />

dimensionar a gravida<strong>de</strong> da Gripe A<br />

(H1N1). Afinal, o que é a nova gripe?<br />

A “gripe suína” é uma <strong>do</strong>ença<br />

respiratória aguda, causada pelo vírus<br />

influenza A (H1N1). Este novo<br />

Nesta edição, a DFato preparou uma seção <strong>de</strong> dicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> especial para<br />

que você saiba como se proteger e tirar suas dúvidas sobre a Gripe A (H1N1).<br />

Seguir rigorosamente as recomendações das autorida<strong>de</strong>s sanitárias locais<br />

em relação ao uso <strong>de</strong> máscaras cirúrgicas <strong>de</strong>scartáveis;<br />

Ao tossir ou espirrar cobrir o nariz e a boca com um lenço, preferencialmente<br />

<strong>de</strong>scartável;<br />

Evitar locais com aglomerações <strong>de</strong> pessoas e ambientes fecha<strong>do</strong>s. Deve-se<br />

manter os ambientes <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> pessoas ventila<strong>do</strong>s. É importante que o<br />

espaço <strong>do</strong>méstico seja areja<strong>do</strong> e receba luz solar, pois estas medidas ajudam<br />

a eliminar os possíveis agentes das infecções respiratórias;<br />

Evitar o contato direto com pessoas <strong>do</strong>entes;<br />

Não compartilhar alimentos, copos, toalhas e objetos <strong>de</strong> uso pessoal;<br />

Evitar tocar olhos, nariz e boca, sobretu<strong>do</strong> após contato com superfícies;<br />

Lavar as mãos frequentemente com água e sabão, especialmente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

tossir ou espirrar, usar o banheiro, antes <strong>de</strong> comer, antes <strong>de</strong> tocar os olhos,<br />

boca e nariz;<br />

Não usar medicamentos sem prescrição médica;<br />

Orientar para que o <strong>do</strong>ente evite sair <strong>de</strong> casa enquanto estiver em perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> transmissão da <strong>do</strong>ença, correspon<strong>de</strong>nte a cerca <strong>de</strong> 5 dias após o início<br />

<strong>do</strong>s sintomas;<br />

Restrição <strong>do</strong> ambiente <strong>de</strong> trabalho para evitar disseminação;<br />

Manter hábitos saudáveis, alimentação balanceada, ingestão <strong>de</strong> líqui<strong>do</strong>s e<br />

ativida<strong>de</strong>s físicas.<br />

subtipo da influenza, assim como a<br />

gripe comum, é transmiti<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoa<br />

a pessoa principalmente por meio <strong>de</strong><br />

tosse ou espirro e <strong>de</strong> contato com<br />

secreções respiratórias <strong>de</strong> pessoas<br />

infectadas. A nova gripe na verda<strong>de</strong> é<br />

bem parecida com a sazonal, com<br />

mesmos índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>.<br />

Os principais sintomas são: febre<br />

alta, maior que 38º, e tosse po<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

estar também acompanhadas <strong>de</strong><br />

obstrução nasal, <strong>do</strong>r <strong>de</strong> cabeça, <strong>do</strong>res<br />

musculares e nas articulações,<br />

dificulda<strong>de</strong> respiratória intensa e<br />

fraqueza. Esses sinais po<strong>de</strong>m se<br />

manifestar no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 3 a 7 dias<br />

após o contato com o vírus e a<br />

transmissão ocorre, principalmente, em<br />

locais fecha<strong>do</strong>s.<br />

O <strong>Ministério</strong> da Saú<strong>de</strong> a<strong>do</strong>tou um<br />

protocolo para tratamento com<br />

utilização <strong>de</strong> um medicamento<br />

antiviral (fosfato <strong>de</strong> oseltamivir),<br />

usa<strong>do</strong> apenas em pacientes que<br />

cumpram a indicação <strong>de</strong>scrita no<br />

protocolo. O remédio é indica<strong>do</strong> para<br />

ser toma<strong>do</strong> até 48 horas a partir <strong>do</strong><br />

início <strong>do</strong>s sintomas. O alerta <strong>de</strong> que<br />

ninguém <strong>de</strong>ve usar medicamentos sem<br />

indicação <strong>de</strong> um profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve ser respeita<strong>do</strong> sempre. A<br />

automedicação po<strong>de</strong> mascarar<br />

sintomas, retardar o diagnóstico e até<br />

causar resistência ao vírus.<br />

A vacina contra a <strong>do</strong>ença já foi<br />

<strong>de</strong>senvolvida e ainda este ano<br />

começará a campanha no Hemisfério<br />

Norte. No Brasil, possivelmente a<br />

vacinação será feita em 2010.<br />

Serviço<br />

Mais informações po<strong>de</strong>m ser obtidas<br />

pelo Disque Saú<strong>de</strong> (0800-61-1997) e<br />

pelo Portal <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> da Saú<strong>de</strong><br />

(www.sau<strong>de</strong>.gov.br).


Artigo


<strong>Associação</strong> <strong>do</strong> <strong>Ministério</strong> <strong>Público</strong> <strong>de</strong> <strong>Pernambuco</strong><br />

Fundada em 17 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1946

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