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D FATO quatro.cdr - Associação do Ministério Público de Pernambuco

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os trabalha<strong>do</strong>res brasileiros<br />

ditadura e pelas eleições gerais,<br />

associan<strong>do</strong> <strong>de</strong>mocracia política à<br />

econômica.<br />

Mesmo não ten<strong>do</strong> as mãos<br />

calejadas pela dureza da ativida<strong>de</strong>, o<br />

Conselheiro <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas<br />

aposenta<strong>do</strong>, Romeu da Fonte, teve a<br />

maior parte da sua vida profissional<br />

<strong>de</strong>dicada à <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

rurais em <strong>Pernambuco</strong>. Ele traz na<br />

bagagem a larga experiência <strong>de</strong> ter<br />

atuan<strong>do</strong> como advoga<strong>do</strong> da Fe<strong>de</strong>ração<br />

<strong>do</strong>s Trabalha<strong>do</strong>res na Agricultura<br />

Fetape durante 31 anos (1966 a 1997),<br />

função que só <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> assumir<br />

quan<strong>do</strong> ocupou uma vaga <strong>de</strong><br />

Conselheiro <strong>do</strong> Tribunal <strong>de</strong> Contas, por<br />

haver incompatibilida<strong>de</strong> constitucional<br />

com a sua condição <strong>de</strong> advoga<strong>do</strong><br />

militante. Dedica<strong>do</strong> à causa e<br />

afirman<strong>do</strong> que advogar para os rurais<br />

foi uma lição <strong>de</strong> vida, Romeu da Fonte<br />

explica que a organização <strong>do</strong> segmento<br />

se <strong>de</strong>u muito posteriormente ao <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res urbanos, graças inclusive,<br />

a fatores culturais. Mas o ápice veio no<br />

ano <strong>de</strong> 1962, quan<strong>do</strong> comunistas e<br />

setores da igreja dividiam a hegemonia<br />

<strong>de</strong>ssa organização. Romeu da Fonte<br />

citou o advoga<strong>do</strong> e político Francisco<br />

Julião, lí<strong>de</strong>r das Ligas Camponesas,<br />

organizações cujo objetivo era lutar<br />

pela distribuição <strong>de</strong> terras e os direitos<br />

para os camponeses, como uma das<br />

figuras chave na organização <strong>do</strong>s rurais<br />

“pois sua forma <strong>de</strong> atuar foi na época<br />

uma profecia <strong>do</strong> que viria mais à frente<br />

com os sem-terra, pois ele evitava<br />

entrar no arcabouço das limitações<br />

regulamentares e legais, buscan<strong>do</strong> a<br />

garantia <strong>de</strong> direitos através <strong>de</strong> outros<br />

instrumentos”.<br />

O advoga<strong>do</strong> cita o primeiro<br />

governo <strong>do</strong> ex-governa<strong>do</strong>r Miguel<br />

Arraes como um importante momento<br />

para a organização sindical e trabalhista<br />

da classe quan<strong>do</strong> foi assina<strong>do</strong> o Acor<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> Campo, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o direito ao<br />

salário mínimo aos rurais.<br />

Bem estar social<br />

O professor Michel Zaidan<br />

reforça que a organização sindical é<br />

<strong>de</strong> suma importância para os<br />

trabalha<strong>do</strong>res, pois sem ela jamais se<br />

teria chega<strong>do</strong> ao esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> bem estar<br />

social no mun<strong>do</strong> e no Brasil, que é<br />

produto tanto <strong>de</strong>ssa organização,<br />

como da consciência <strong>do</strong>s<br />

profissionais <strong>de</strong> uma maneira geral.<br />

“Não se concebe uma socieda<strong>de</strong> com<br />

bem estar social aon<strong>de</strong> não há<br />

organização. Senão vai se cair na<br />

idéia <strong>de</strong> que o Esta<strong>do</strong> conce<strong>de</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> isso só acontece quan<strong>do</strong> ele é<br />

pressiona<strong>do</strong> por uma organização <strong>de</strong><br />

classe po<strong>de</strong>rosa, com alto nível <strong>de</strong><br />

consciência e que propõe políticas<br />

específicas para que o Esta<strong>do</strong> possa<br />

implementá-las”, explicou.<br />

Para Michel Zaidan a história da<br />

organização sindical no Brasil teve<br />

três momentos que merecem<br />

<strong>de</strong>staque. O primeiro, a partir <strong>de</strong><br />

1880, durante a primeira república,<br />

quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>u o processo <strong>de</strong><br />

industrialização <strong>do</strong> país, quan<strong>do</strong><br />

Matéria principal<br />

chegaram ao Brasil os imigrantes, que<br />

não tinham cidadania brasileira e nem<br />

interesse em participar da vida política<br />

<strong>do</strong> país, mas tinham uma autonomia<br />

sindical enorme. “Foi um momento <strong>de</strong><br />

muita greve, muita pressão e muita<br />

organização sindical”, lembrou.<br />

O segun<strong>do</strong> seria a partir <strong>de</strong> 1920,<br />

com o início <strong>do</strong> sindicalismo<br />

burocrático <strong>de</strong> massas, que<br />

correspon<strong>de</strong> ao perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

Novo <strong>de</strong> Getúlio Vargas, momento em<br />

que os sindicatos per<strong>de</strong>m a autonomia<br />

e se transformam em meras correias <strong>de</strong><br />

transmissão <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. “Os sindicatos<br />

<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ter uma característica<br />

combativa e passam a ser órgãos <strong>de</strong><br />

assistência social e <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong><br />

interesses técnicos profissionais, mas<br />

sem nenhuma política. É a época <strong>do</strong><br />

sindicalismo pelego”, <strong>de</strong>stacou.<br />

O momento atual é aponta<strong>do</strong> pelo<br />

professor como outra fase a ser<br />

observada, quan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

trabalho começa a per<strong>de</strong>r importância,<br />

com a substituição da mão-<strong>de</strong>-obra<br />

pelas tecnologias da informação,<br />

trabalho à distância e trabalho virtual.<br />

Paulo Rubem ressalta o papel <strong>do</strong> movimento sindical no combate à ditadura e pela re<strong>de</strong>mocratização<br />

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