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D FATO quatro.cdr - Associação do Ministério Público de Pernambuco

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Entrevista / José Carlos <strong>de</strong> Escobar<br />

violência no Brasil com a serieda<strong>de</strong> e a<br />

profundida<strong>de</strong> que ela está precisan<strong>do</strong><br />

ser vista. Eu participei da discussão <strong>do</strong><br />

Pacto pela Vida, que foi muito ampla,<br />

mas o que vem sen<strong>do</strong> efetivamente<br />

aplica<strong>do</strong> e o que está em andamento é<br />

muito pouco. Se formos ver os<br />

investimentos em <strong>de</strong>legacias, nos<br />

profissionais <strong>de</strong> segurança, nos<br />

programas preventivos para jovens,<br />

assim como no governo passa<strong>do</strong>, o<br />

atual faz um investimento <strong>de</strong> mídia. O<br />

governo Eduar<strong>do</strong> Campos comemorou<br />

a redução da criminalida<strong>de</strong> em 2%<br />

após um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> lançamento <strong>do</strong><br />

Pacto, o que é imoral, pois com o alto<br />

índice <strong>de</strong> criminalida<strong>de</strong> registra<strong>do</strong> no<br />

Esta<strong>do</strong> esse percentual é irrisório. O<br />

governo <strong>de</strong>veria pedir <strong>de</strong>sculpas às<br />

pessoas e não comemorar.<br />

Dfato - Como o Promotor <strong>de</strong> Justiça<br />

po<strong>de</strong> estar melhor prepara<strong>do</strong><br />

psicologicamente para o exercício <strong>de</strong><br />

sua ativida<strong>de</strong> profissional?<br />

Escobar - Uma série <strong>de</strong> profissões<br />

exige estabilida<strong>de</strong> emocional, a<br />

exemplo <strong>do</strong>s médicos. Mesmo sem<br />

conhecer <strong>de</strong> perto o trabalho <strong>do</strong><br />

Promotor <strong>de</strong> Justiça acho que para<br />

qualquer profissional exercer bem sua<br />

profissão é fundamental i<strong>de</strong>ntificar<br />

qual o seu limite. Não só o seu limite<br />

pessoal, mas também o técnico. É<br />

preciso i<strong>de</strong>ntificar como o Promotor<br />

po<strong>de</strong> atuar <strong>de</strong>ntro da técnica e da ética<br />

e até on<strong>de</strong> ele po<strong>de</strong> atuar<br />

individualmente e também<br />

coletivamente. Certo <strong>de</strong>sses limites, o<br />

profissional vai se situar <strong>de</strong> uma forma<br />

menos angustiante. A outra coisa é<br />

você ter instrumentos, formas <strong>de</strong><br />

trabalhar e que possa compartilhar<br />

coletivamente essas dificulda<strong>de</strong>s. Se o<br />

profissional discute as angústias, a<br />

solução chega mais tranquilamente. É<br />

preciso buscar caminhos <strong>de</strong> discussão<br />

coletiva sobre a sua ativida<strong>de</strong> técnica.<br />

Em medicina existe o grupo operativo<br />

que é um instrumento ótimo para se<br />

dividir ansieda<strong>de</strong>s e problemas.<br />

Esse trabalho não seria uma terapia <strong>de</strong><br />

grupo, nem auto-ajuda. Você po<strong>de</strong> ter<br />

um coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r treina<strong>do</strong>, mas o<br />

importante é que seja uma dinâmica <strong>de</strong><br />

grupo on<strong>de</strong> as pessoas sejam<br />

06<br />

estimuladas a falar da sua ativida<strong>de</strong><br />

profissional e da angústia <strong>de</strong>rivada<br />

<strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>. Cabe ao coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r<br />

guiar o grupo para que essas questões<br />

não se <strong>de</strong>sviem muito para o campo<br />

pessoal, mas que a discussão possa<br />

ficar <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s problemas gera<strong>do</strong>s<br />

pelo exercício técnico.<br />

Dfato - Vários fatores têm<br />

contribuí<strong>do</strong> para o aumento na<br />

<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> processos a serem<br />

julga<strong>do</strong>s pelo Judiciário, que tratam<br />

<strong>do</strong>s mais diversos assuntos.O senhor<br />

acredita que alguns <strong>de</strong>stes conflitos<br />

po<strong>de</strong>riam ser dirimi<strong>do</strong>s com o auxílio<br />

<strong>de</strong> um profissional da sua área?<br />

Escobar - Eu acho que não<br />

necessariamente da área, porque muitas<br />

vezes o trabalho <strong>do</strong> terapeuta não é<br />

conciliar, às vezes é até provocar crise.<br />

Eu acho que esse trabalho po<strong>de</strong> ser<br />

feito por alguém que tenha treinamento<br />

e preparo para isso. Po<strong>de</strong> ser uma<br />

assistente social, uma pessoa da área <strong>de</strong><br />

humanas, mas necessariamente que<br />

tenha um treinamento para trabalhar<br />

em grupo. Eu penso que é muito mais<br />

uma questão <strong>de</strong> talento pessoal <strong>do</strong> que<br />

<strong>de</strong> formação técnica. A sensibilida<strong>de</strong> e<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conciliação muitas<br />

vezes vem <strong>de</strong> um talento <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />

pela própria personalida<strong>de</strong> da pessoa.<br />

Tem pessoas que tem uma formação

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