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Autor da obra: Rachel de Queiroz<br />
Autor do Estudo: João Batista Gomes<br />
NOTA BIOGRÁFICA<br />
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
O QUINZE<br />
Secretaria de Cultura do Amazonas<br />
Biblioteca Virtual do Amazonas<br />
Descendente de José de Alencar<br />
Rachel de Queiroz é descendente de José de Alencar: uma de suas avós, D. Maria<br />
de Macedo Lima, era prima-irmã do autor de Iracema.<br />
Cearense de Fortaleza<br />
Rachel de Queiroz nasceu em 1910, em Fortaleza, na Rua Senador Pompeu. Mas<br />
sua família é do sertão cearense, de Quixadá, onde o pai da escritora (Daniel) foi juiz<br />
de Direito durante muito tempo.<br />
Vítima da seca de 1915<br />
A família Queiroz foi expulsa da região de Quixadá pela terrível seca de 1915 (a<br />
mesma que lhe inspirou o romance O Quinze). Primeiro a família foi para Fortaleza,<br />
depois para o Rio de Janeiro e, em seguida, para Belém do Pará.<br />
Diploma de normalista<br />
Rachel de Queiroz recebeu, em 1925, no Colégio Imaculada Conceição, o seu<br />
diploma de normalista. Em 1927, a normalista ingressou no jornalismo, como<br />
colaboradora assídua do jornal O Ceará. Daí em diante, soube conciliar a atividade de<br />
jornalista com a produção literária.<br />
O Quinze: primeiro romance<br />
Em 1930 (contava apenas 20 anos), publicou O Quinze. A primeira edição saiu<br />
em Fortaleza, paga pela própria autora, numa modesta tiragem de mil exemplares.<br />
Prêmio Graça Aranha<br />
A repercussão de O Quinze nos círculos literários foi imediata, não apenas em<br />
Fortaleza, mas também do Rio e São Paulo. Em 1931, o livro conquistou o Prêmio<br />
Graça Aranha, o mais importante, na época, concedido pela crítica a uma estréia<br />
literária. Os críticos receberam com entusiasmo o aparecimento de O Quinze.<br />
Segundo romance<br />
Em 1932, a autora publicou João Miguel, seu segundo romance, fixando-se como<br />
escritora de renome na Literatura Brasileira.<br />
Romancista, cronista, contista...<br />
Rachel revelou-se, com o passar dos anos, uma escritora eclética: romancista,<br />
cronista, contista, teatróloga, jornalista e tradutora.<br />
1
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
Prêmio Machado de Assis<br />
Em 1957, recebeu o prêmio-consagração da Academia Brasileira de Letras,<br />
relativo ao conjunto de obras: o Prêmio Machado de Assis.<br />
Morando no Rio e em Quixadá<br />
Desde 1931, Rachel mudou-se para o Rio de Janeiro. Hoje, passa parte do ano<br />
em sua fazenda, no Quixadá, no agreste sertão cearense, que ela tanto exalta, e a outra<br />
parte na cidade maravilhosa.<br />
Cargos públicos<br />
No campo diplomático, participou da vigésima primeira sessão da Assembléia<br />
Geral da ONU (1966) como delegada do Brasil, atuando especialmente na Comissão dos<br />
Direitos do Homem.<br />
Integrou o Conselho Federal de Cultura desde sua criação em 1967 até 1985.<br />
Ganhou o título de Cidadã Carioca, outorgado pela Assembléia Legislativa do<br />
Estado da Guanabara (1970).<br />
Primeira mulher na A.B.L.<br />
Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de<br />
Letras (4 de agosto de 1977). Discursou na sua posse o escritor Adonias Filho.<br />
Sucesso na televisão<br />
Levada ao ar pela TV Globo, a minissérie Memorial de Maria Moura, baseada no<br />
romance de Rachel de Queiroz, fez a audiência explodir. Em média, o ibope bateu a<br />
marca dos 35% no horário das 22h50. Marca igual só foi conseguida em 1986, com a<br />
nostálgica Anos Dourados. A televisão pagou pelos direitos autorais 50.000 dólares, o<br />
valor mais alto já pago a um autor.<br />
Escrever e cozinhar<br />
Em entrevista recente, confessou que gosta mais de cozinhar do que de escrever.<br />
Desde 1992, a escritora está afastada do fogão e das panelas. Motivo: problema nos olhos<br />
(descolamento da retina).<br />
A homenagem de Manuel Bandeira<br />
Manuel Bandeira homenageou Rachel de Queiroz com um poema. Leia-o na<br />
íntegra:<br />
RACHEL DE QUEIROZ<br />
Louvo o Padre, louvo o Filho,<br />
O Espírito Santo louvo,<br />
Louvo Rachel, minha amiga,<br />
nata e flor do nosso povo.<br />
Ninguém tão Brasil quanto ela,<br />
pois que, com ser do Ceará,<br />
tem de todos os Estados,<br />
do Rio Grande ao Pará.<br />
Tão Brasil: quero dizer<br />
Brasil de toda maneira<br />
– brasílica, brasiliense,<br />
2
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
brasiliana, brasileira.<br />
Louvo o Padre, louvo o Filho,<br />
o Espírito Santo louvo.<br />
Louvo Rachel e, louvada<br />
uma vez, louvo-a de novo.<br />
Louvo a sua inteligência,<br />
e louvo o seu coração.<br />
Qual maior? Sinceramente,<br />
meus amigos, não sei não.<br />
Louvo os seus olhos bonitos,<br />
louvo a sua simpatia.<br />
Louvo a sua voz nortista,<br />
louvo o seu amor de tia.<br />
Louvo o Padre, louvo o Filho,<br />
o Espírito Santo louvo.<br />
Louvo Rachel, duas vezes<br />
louvada, e louvo-a de novo.<br />
Louvo o seu romance: O Quinze<br />
E os outros três; louvo As Três<br />
Marias especialmente,<br />
mais minhas que de vocês.<br />
Louvo a cronista gostosa.<br />
Louvo o seu teatro: Lampião<br />
e a nossa Beata Maria.<br />
Mas chega de louvação,<br />
porque, por mais que a louvemos,<br />
Nunca a louvaremos bem.<br />
Em nome do Pai, do Filho e<br />
do Espírito Santo, amém.<br />
Manuel Bandeira in Estrela da vida inteira<br />
CRONOLOGIA<br />
Romances<br />
– O Quinze – 1930<br />
– João Miguel – 1932<br />
– Caminho de Pedras – 1937<br />
– As Três Marias – 1939<br />
– Dora Doralina – 1975<br />
– O Galo de Ouro – 1985<br />
– Memorial de Maria Moura – 1992<br />
Teatro<br />
– Lampião – 1935<br />
– A Beata Maria do Egito – 1958<br />
Crônicas<br />
– A Donzela e a Moura Torta – 1948<br />
– 100 Crônicas Escolhidas – 1958<br />
– O Brasileiro Perplexo – 1964<br />
– O Caçador de Tatu e Outras Crônicas – 1967<br />
– As Menininhas e Outras Crônicas – 1976<br />
3
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
– O Jogador de Sinuca e Mais Historinhas – 1980<br />
Livros Infantis<br />
– O Menino Mágico – 1969<br />
– Cafuti e Pena de Prata – 1986<br />
ESTRUTURA DA OBRA<br />
TÍTULO<br />
O título do livro evoca a terrível seca do Ceará de 1915. A própria família de<br />
Rachel foi obrigada a fugir do Ceará: foi para o Rio de Janeiro, depois para Belém do<br />
Pará.<br />
CAPÍTULOS<br />
O romance O Quinze compõe-se de 26 capítulos, sem títulos, enumerados em<br />
algarismos arábicos.<br />
UM ROMANCE SOCIAL AMARGO<br />
SEM DIVISÃO TRADICIONAL – A classificação de O Quinze é, sem dúvida, de<br />
romance regionalista de temática social. Mas com uma visão que foge ao clichê<br />
tradicional. Não há, na história, a divisão batida de "pessoas boas e pobres" e de "pessoas<br />
más e ricas". A autora registrou no papel a sua emoção, sem condicionar o romance a<br />
uma tese ou à preocupação de procurar inocentes e culpados pela desgraça de cada um ou<br />
mesmo do grupo envolvido na história.<br />
UMA HISTÓRIA DE DESGRAÇAS – A história de O Quinze é recheada de amarguras.<br />
Bastaria a saga da família de Chico Bento para marcar o romance com as cores negras da<br />
desgraça. A morte está por toda parte. Está no calvário da família de retirantes, está em<br />
cada parada da caminhada fatigante, está no Campo de Concentração. Morte de gente e<br />
de bichos.<br />
A FALTA DE COMUNICAÇÃO – A história de amor entre Vicente e Conceição<br />
poderia ser o lado bom e humano da história. Não é. A falta de comunicação entre os<br />
dois, o desnível cultural que os separa constituem ingredientes amargos para um desfecho<br />
infeliz. É como se a seca, responsável por tantos infortúnios, fosse causadora de mais um:<br />
a impossibilidade de ser feliz para quem tem consciência da miséria.<br />
ROMANCE DE PROFUNDIDADE PSICOLÓGICA – A análise exterior dos personagens<br />
existe, mas sem relevo especial dentro do livro. A autora vai soltando uma característica<br />
aqui, outra além, sem interromper a narrativa para minúcias.<br />
O lado introspectivo, psicológico é uma constante em toda a narrativa. Ao mesmo<br />
tempo em que o narrador informa as ações dos personagens, introduz interrogações e<br />
dúvidas que teriam passado por sua cabeça, por seu espírito.<br />
PLANO NARRATIVO<br />
TERCEIRA PESSOA – O Quinze é romance narrado na terceira pessoa, ou seja, o<br />
narrador é a própria autora.<br />
4
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
NARRADOR ONISCIENTE – Estando fora da história, o narrador vai penetrando na<br />
intimidade dos personagens como se fosse Deus. Sabe tudo sobre eles, por dentro e por<br />
fora. Conhece-lhes os desejos e adivinha-lhes o pensamento.<br />
DISCURSO INDIRETO LIVRE – Em vez de apresentar o personagem em sua fala<br />
própria, marcada pelas aspas e pelos travessões (discurso direto), o narrador funde-se ao<br />
personagem, dando a impressão de que os dois falam juntos. Isto faz com que o narrador<br />
penetre na vida do personagem, no seu íntimo, adivinhando-lhe os anseios e dúvidas.<br />
LINGUAGEM<br />
LINGUAGEM REGIONALISTA – Em O Quinze, Rachel usa o que lhe deu fama<br />
imediata: uma linguagem regionalista sem afetação, sem pretensão literária e sem<br />
vínculo obrigatório a um falar específico (modismo comum na tendência regionalista).<br />
LINGUAGEM SIMPLES – O sucesso do livro está atrelado à simplicidade da<br />
linguagem (a mais difícil das virtudes literárias!). Não há exibicionismo da autora no<br />
uso de palavreado erudito. Mesmo quando a dona da palavra é uma professora<br />
(Conceição), o diálogo flui espontâneo, normal, cotidiano.<br />
LINGUAGEM SÓBRIA – A sobriedade da construção, a nitidez das formas, a<br />
emoção sem grandiloqüência, a economia de adjetivos são recursos perceptíveis em<br />
todo o livro.<br />
TEMPO<br />
Tempo histórico – A autora situa a história do romance no Ceará de 1915. O<br />
fato histórico importante da época era a própria seca, obrigando os filhos da terra,<br />
principalmente do sertão, a migrarem para o Amazonas ou para São Paulo, à procura de<br />
vida melhor.<br />
Tempo referencial – Não há avanços nem recuos. A história é contada em linha<br />
reta, valorizando o presente, o cotidiano das pessoas. O passado é evocado raramente,<br />
muito mais por Conceição.<br />
A passagem do tempo dentro do romance é marcada de maneira tradicional,<br />
obedecendo à seqüência de início, meio e fim.<br />
CENÁRIO<br />
O cenário do romance é o Ceará. Especificamente, a região de Quixadá, onde se<br />
situam as fazendas de Dona Inácia (avó de Conceição), do Capitão (pai de Vicente) e<br />
de Dona Maroca (patroa de Chico Bento).<br />
Há também, em menor escala, o cenário urbano, destacando a capital, Fortaleza,<br />
para onde migram os retirantes e onde mora Conceição.<br />
ESTILO DE ÉPOCA<br />
O Quinze é romance modernista. Dentro da estética, filia-se ao regionalismo<br />
iniciado em 1928, com a Bagaceira, de José Américo de Almeida, e do qual fazem<br />
parte Graciliano Ramos (com Vidas Secas) e José Lins do Rego (com Menino de<br />
Engenho, Fogo Morto). O livro pertence à segunda fase modernista (1930 a 1945),<br />
seguindo a linha da literatura introspectiva em que se valorizam os aspectos interiores e<br />
psicológicos dos personagens.<br />
5
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
FIGURAS DE LINGUAGEM<br />
A linguagem comedida e direta da autora não significa que seja vazia de figuras<br />
de linguagem. Mas é verdade que não há os exageros próprios da linguagem romântica.<br />
As metáforas são expressivas, chegando a emocionar, mas são comedidas. A natureza<br />
ganha aqui e ali uma personificação (prosopopéia). As comparações (símiles) existem,<br />
mas com o comedimento da linguagem enxuta e sóbria.<br />
NÚCLEO TEMÁTICO<br />
O Quinze tem como núcleo temático a seca. Por causa dela, nasce a desgraça que<br />
se abateu sobre a família de Chico Bento. Por tabela, o muro que se ergue entre Vicente<br />
e Conceição, separando-os e empurrando-os rumo à infelicidade, também está atrelado<br />
à seca. A impossibilidade de amar vem da consciência que Conceição tem da miséria,<br />
do seu drama interior que não lhe deixa vislumbrar dias melhores numa terra onde<br />
quase tudo cheira a esterilidade.<br />
PERSONAGENS<br />
PERSONAGENS HUMANOS E REAIS – A construção dos personagens obedece ao<br />
princípio da realidade. Não há fantasia nem exagero ao caracterizá-los. São humanos:<br />
frágeis, fortes, às vezes acertam, às vezes erram. Não há a tradicional divisão entre<br />
bons e maus: todos são iguais perante o meio hostil que os cerca.<br />
PERSONAGENS DENSOS, ESFÉRICOS – Esta classificação vale para Conceição,<br />
Vicente e (um pouco menos) para Chico Bento. Não há um drama psicológico a impedir<br />
ou impulsionar a ação dos personagens. Há uma consciência interior, um poder de<br />
reflexão que se caracteriza, no papel, pelo uso do discurso indireto livre.<br />
PERSONAGENS PLANOS, LINEARES, ESTERIOTIPADOS – São os que não variam,<br />
não se alteram, não mudam de comportamento. Também são os personagens sem<br />
relevo íntimo, aqueles a quem o autor dá pouco importância ao perfil psicológico. Com<br />
exceção de Conceição, Vicente e Chico Bento, podemos agrupar os outros nesse plano.<br />
Conceição<br />
UMA PROFESSORA EXIGENTE – Não com os alunos, mas com a própria vida.<br />
Conceição é forte de espírito, culta, humana e com idéias um tanto avançadas sobre a<br />
condição feminina.<br />
PESSIMISTA NO AMOR – O único homem que lhe despertou desejos é o primo Vicente.<br />
Conceição tem uma admiração antiga e especial pelo rapaz, talvez porque ele é real, sem as<br />
falsidades comuns dos moços bem-educados. Ao descobrir que ele não é tão puro, a<br />
admiração esfria, criando uma barreira intransponível para a realização plena do seu amor.<br />
VOCAÇÃO PARA SOLTEIRONA – "Conceição tinha vinte e dois anos e não falava<br />
em casar. As suas poucas tentativas de namoro tinham-se ido embora com os dezoito anos<br />
e o tempo de normalista; dizia alegremente que nascera solteirona".<br />
INSTINTO MATERNO – Conceição sente-se realizada ao criar Duquinha, o afilhado<br />
que lhe doaram Chico Bento e Cordulina. É uma realização íntima, preenchendo o vazio da<br />
decepção amorosa.<br />
Vicente<br />
VAQUEIRO POR VOCAÇÃO – Filho de fazendeiro rico, com condições de mandar<br />
os filhos para a escola, Vicente, desde menino, quis ser vaqueiro. No início, isso causava<br />
6
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
tristeza e desgosto à família, principalmente à mãe, Dona Idalina. Com o tempo, todos<br />
passaram a admirar o rapaz.<br />
FORTE E HUMANO – Vicente é o vaqueiro não-tradicional da região. Cuida<br />
do gado com um desvelo incomum, mas cuida do que é seu, ao contrário dos outros (Chico<br />
Bento é o exemplo) que cuidam de gado alheio. Tem boas condições financeiras, mas é<br />
humano em relação à família e aos empregados.<br />
Vicente tinha dentes brancos com um ponto de ouro.<br />
MOMENTOS DE REFLEXÃO – Na intimidade, quando se põe a pensar na vida e na<br />
felicidade, associa tais coisas à Conceição. Tem uma admiração superior por ela.<br />
Gradualmente, à medida que vai notando a maneira fria com que ela passa a tratá-lo,<br />
Vicente começa a descrer no amor e na possibilidade de casar e ser feliz.<br />
Chico Bento<br />
VAQUEIRO POBRE – Chico Bento é o protótipo do vaqueiro pobre, cuidando do<br />
rebanho dos outros. Ele é o vaqueiro de Dona Maroca, da fazenda das Aroeiras, na região<br />
de Quixadá. Ele e Vicente são compadres e vizinhos.<br />
FAMÍLIA GRANDE – Como é peculiar da pobreza brasileira e nordestina, Chico<br />
Bento tem a mulher (Cordulina) e cinco filhos, todos ainda pequenos. Pedro, o mais velho,<br />
tem doze anos.<br />
UMA CAMINHADA DESASTROSA – Expulso pela seca e pela dona da fazenda, Chico<br />
Bento e família empreendem uma caminhada desastrosa em direção a Fortaleza. Perde dois<br />
filhos no caminho: um morre envenenado (Josias), o outro desaparece (Pedro). Antes de<br />
embarcar para São Paulo, é obrigado a dar o mais novo (Duquinha) para a madrinha,<br />
Conceição.<br />
SÃO PAULO: O SONHO DE SER FELIZ – De Fortaleza, Chico Bento e parte da<br />
família vão, de navio, para São Paulo. É o exílio forçado, é a esperança de vida melhor e,<br />
quem sabe, de riqueza para quem só conheceu miséria no Ceará.<br />
Cordulina<br />
SIMPLICIDADE E SOFRIMENTO – É a esposa de Chico Bento. Personifica a mulher<br />
submissa, analfabeta, sofredora, com o destino atrelado ao destino do marido. É o<br />
exemplo da miséria como conseqüência da falta de instrução.<br />
Josias<br />
Filho de Chico Bento e Cordulina, tem cerca de dez anos de idade. Comeu<br />
mandioca crua e morreu envenenado na estrada.<br />
Pedro<br />
Filho de Chico Bento e Cordulina, é o mais velho, tem doze anos de idade.<br />
Desapareceu quando o grupo ia chegando a Acarape.<br />
Manuel (Duquinha)<br />
É o filho caçula de Chico Bento e Cordulina; tem dois anos anos de idade. Foi<br />
doado à madrinha, Conceição.<br />
Paulo<br />
Irmão mais velho de Vicente, ele é o orgulho dos pais (pelo menos no início).<br />
Estudou, fez-se doutor (promotor) e casou-se na cidade com uma moça branca.<br />
7
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
Depois de casado, passou a dedicar o seu tempo à família, quase não se interessando<br />
mais pelos pais e pelos irmãos. Só então os pais deram valor a Vicente.<br />
Mocinha<br />
Irmã de Cordulina, ficou como empregada doméstica em Castro, na casa de sinhá<br />
Eugênia. Arranjou um filho sem pai e tudo indica que vai viver da prostituição.<br />
Lourdinha<br />
Irmã mais velha de Vicente. Casou-se com Clóvis Garcia em Quixadá. No final,<br />
têm uma filha, símbolo da felicidade que as pessoas simples e descomplicadas<br />
conseguem conquistar.<br />
Alice<br />
Irmã mais nova de Vicente. Mora na fazenda com os pais e os irmãos.<br />
Dona Inácia<br />
Avó de Conceição, espécie de mãe, pois foi quem a criou depois que a mãe<br />
verdadeira morreu. É dona da fazenda Logradouro, na região de Quixadá. Não<br />
aprova as idéias liberais da neta, principalmente no que diz respeito a ficar solteirona.<br />
Dona Idalina<br />
Prima de Dona Inácia. Idalina é a mãe de Vicente, Paulo, Alice e Lourdinha. Vive<br />
com o marido, Major, na fazenda perto de Quixadá.<br />
Major<br />
Fazendeiro rico na região de Quixadá. Entrega a administração da fazenda ao filho<br />
Vicente. Orgulha-se de ter um filho doutor: o Paulo, promotor em uma cidade do<br />
interior do Ceará.<br />
Dona Maroca<br />
Fazendeira, dona da fazenda Aroeiras na região de Quixadá. Na época da seca,<br />
mandou o vaqueiro, Chico Bento, soltar o gado e procurar, por conta própria, meios<br />
para sobreviver.<br />
Mariinha Garcia<br />
Moça bonita, de família rica, moradora de Quixadá. Com auxílio de Lourdinha e<br />
Alice, faz tudo para conquistar Vicente, mas as tentativas resultam inúteis.<br />
Luís Bezerra<br />
Compadre de Chico Bento e Cordulina. Trabalhara também nas Aroeiras sob o<br />
comando de Dona Maroca. Agora, é delegado em Acarape, povoado do interior do<br />
Ceará. Foi ele quem conseguiu passagens de trem para que a família do compadre<br />
chegasse a Fortaleza.<br />
Doninha<br />
Esposa de Luís Bezerra, madrinha do Josias, o filho de Chico Bento que morreu<br />
envenenado na estrada.<br />
Zefinha<br />
Filha do vaqueiro Zé Bernardo. Conceição, acreditando numa conversa que tivera<br />
com Chiquinha Boa, acha que Vicente tem um caso com Zefinha.<br />
8
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
Chiquinha Boa<br />
Trabalhava na fazenda de Vicente. Na época da seca, achando que o governo do<br />
Ceará estava ajudando os pobres que migravam para a capital, deixou a zona rural.<br />
RESUMO<br />
Capítulo 1<br />
Conceição e Mãe Nácia<br />
Dona Inácia, avó de Conceição reza a São José para chover.<br />
O avô de Conceição fora herói do Paraguai.<br />
"Todos os anos, nas férias da escola, Conceição vinha passar uns meses com a avó<br />
(que a criara desde que lhe morrera a mãe), no Logradouro, a velha fazenda da família,<br />
perto do Quixadá".<br />
"Ali tinha a moça o seu quarto, os seus livros, e principalmente, o velho coração<br />
amigo de Mãe Nácia".<br />
"Conceição tinha vinte e dois anos e não falava em casar. As suas poucas tentativas<br />
de namoro tinham-se ido embora com os dezoito anos e o tempo de normalista; dizia<br />
alegremente que nascera solteirona".<br />
A avó achava esquisitas as idéias de Conceição.<br />
Capítulo 2<br />
Vicente: lutar até o fim<br />
Vicente, vaqueiro, distribui rama verde ao gado. Está preocupado com a falta de<br />
chuva. Em pleno março, e nem sinal de chuva. "A rama já não dava nem para um mês".<br />
Dona Maroca das Aroeiras deu ordem para, se não chover até o dia de São José,<br />
abrir as porteiras do curral. E o pessoal dela ganhe o mundo... Não tem mais serviço pra<br />
ninguém.<br />
Vicente acha absurda a atitude de Dona Maroca. Ele jamais faria isso. Não<br />
abandonaria seus homens numa situação dessas. Só lamentava a situação de Chico Bento,<br />
vaqueiro das Aroeiras.<br />
A caminho do Logradouro, Vicente vai observando a paisagem seca da caatinga<br />
morta sob o sol quente. De verde, só os juazeiros com galhos mutilados.<br />
Vicente e Conceição se cumprimentam. Parecem velhos conhecidos. Na verdade,<br />
são primos. Pela conversa, nota-se o interesse de um pelo outro. Vicente combinou vir<br />
buscá-la para passar um domingo inteiro na fazenda.<br />
Vicente tinha um irmão doutor, Paulo, que morava na cidade. A mãe dos dois,<br />
Dona Idalina, no início, envergonhava-se da rudeza de Vicente. Agora, tinha orgulho do<br />
filho vaqueiro. O outro filho, promotor em Cariri, para ela estava perdido.<br />
Capítulo 3<br />
Chico Bento:<br />
ordem para soltar o gado<br />
Chico Bento, o vaqueiro das Aroeiras, solta o gado numa espécie de despedida<br />
dos bichos. Sem condições de alimentá-los, o vaqueiro soltou-os ao léu. A lógica é que<br />
iam andar à toa, sem achar comida, até morrer de fome. Era a ordem mandada por<br />
Dona Maroca. E ele, Chico Bento, podia ir embora. Se quisesse, podia ficar, mas não a<br />
trabalho da fazenda.<br />
9
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
Capítulo 4<br />
Chico Bento:<br />
preparativos para a viagem<br />
Vicente, de volta do Logradouro, assistiu à morte de uma ovelha. Comera salsa,<br />
espécie de erva venenosa. A irmã mais nova, Alice, pediu-lhe que fizesse do couro uma<br />
manta ou um tapete.<br />
Chico Bento foi procurar Vicente. Eram compadres. Queria vender-lhe umas<br />
poucas reses. Terminou fazendo uma troca. Precisava de um burro de carga para a<br />
viagem da retirada. Pegou um burro velho de Vicente mais cinqüenta mil réis em troca<br />
do gado que possuía.<br />
Capítulo 5<br />
Não havia passagens:<br />
caminhada a pé<br />
"Agora, ao Chico Bento, como único recurso, só restava arribar".<br />
"Sem legume, sem serviço, sem meios de nenhuma espécie, não havia de ficar<br />
morrendo de fome, enquanto a seca durasse".<br />
Iria para o Amazonas. A mulher, Cordulina, ouvia os planos do marido e chorava.<br />
De manhã muito cedo, Pedro, o filho mais velho, foi levar o gado que o pai vendeu<br />
ao Vicente.<br />
O menino voltou montado na burra. Era nova e carnuda. Montado nela, Chico<br />
Bento foi a Quixadá. Queria conseguir passagens de trem para a família: ele, a mulher, a<br />
cunhada e cinco filhos. Argumentou em vão: não havia passagens. Só se ele esperasse<br />
mais um mês. Na venda, enquanto bebia cachaça, soube que as passagens eram entregues<br />
a quem pagava mais. Cambada ladrona.<br />
Quando voltou, deu a notícia ruim à mulher: teriam de ir embora por terra, feito<br />
bichos.<br />
Capítulo 6<br />
Dona Inácia e Conceição<br />
deixam o sertão<br />
Em Quixadá, Conceição, auxiliada por Vicente, ia acomodando Dona Inácia no<br />
trem. Iam para Fortaleza. Na despedida, o vaqueiro e a professora trocaram um abraço.<br />
Conceição convidou-o para ir vê-la na cidade.<br />
Capítulo 7<br />
Fugindo da seca a pé<br />
Antes de o sol esquentar, começa a viagem de Chico Bento e família. O mais<br />
novo ia montado no meio da carga. Todos os outros, a pé. Quando a criança começou a<br />
chorar, foi para os braços da mãe, e outro menor ocupou o seu lugar na montaria.<br />
Na primeira noite, dormiram em uma tapera surgida à beira da estrada. O jantar<br />
foi carne de bode seca com farinha. A carne tinha sal em demasia, mas os meninos não<br />
10
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
reclamaram. Logo depois, veio a sede. Chico Bento saiu à procura de água, tarefa<br />
difícil naquela região.<br />
Os três primeiros dias de caminhada tiraram o luxo de Mocinha, irmã de<br />
Cordulina. Ela até levava escanchado no quadril o Duquinha, o caçula.<br />
Chegaram a um juazeiro, única sombra daquele descampado. Uma família tirava o<br />
couro de uma vaca, já meio fedendo. Chico Bento, quando soube que iam comer aquela<br />
carne estragada, dividiu com o grupo o pouco que levava. E a carne de bode acabou.<br />
Cordulina mostrou-se preocupada, mas Chico Bento disse que Deus daria um jeito.<br />
Capítulo 8<br />
Pensando na vida<br />
Vicente, à noite, fitando o céu cheio de estrelas, começou a pensar na vida.<br />
Trabalhava desde os quinze anos. Trabalho duro, de sol a sol. O irmão, que quisera<br />
estudar, sempre mereceu atenções especiais da família. O pai orgulhava-se de ter um<br />
filho doutor.<br />
Pensou em Conceição. Estava certo de que a prima o admirava. Pensou em<br />
abandonar tudo, a fazenda, os pais, a terra e ir viver em um lugar distante, construir<br />
uma vida melhor para si e para Conceição. Mas pensou nos pais, já velhinhos, na<br />
fazenda, nas criações.<br />
Veio tirá-lo da meditação a notícia de que uma vaca estava caída.<br />
Capítulo 9<br />
Sem comida<br />
Acabara toda a comida. Os meninos choravam com fome. Já estavam num povoado<br />
chamado Castro. Chico Bento trocou a rede nova por uma rapadura e um litro de farinha.<br />
Serviu apenas para enganar a fome. Dormiram na entrada do povoado.<br />
No outro dia, Mocinha foi ao povoado atrás de emprego. Sinhá Eugênia precisava<br />
de uma moça para ajudar na cozinha e vender na estação. Mocinha ficou no povoado. Era<br />
a primeira da família que ficava para trás. A despedida foi chorosa.<br />
Capítulo 10<br />
Josias envenenado<br />
Josias, um dos filhos de Chico Bento, roeu um pedaço de mandioca brava<br />
escondido do pai. A família estava arranchada em uma casa de farinha abandonada. O<br />
ventre do menino inchou rapidamente. Ali, no meio do sertão, sem um vivente por perto,<br />
sem um remédio, e um filho envenenado.<br />
No outro dia cedo, Chico Bento saiu pelas redondezas à procura de um remédio.<br />
Voltou trazendo uma negra velha rezadeira. O filho já estava à beira da morte. A velha<br />
reconheceu que aquela alma já pertencia a Nosso Senhor. E assim, sem poder fazer nada,<br />
Cordulina e Chico Bento viram o Josias morrer.<br />
Capítulo 11<br />
Conceição sente-se traída por Vicente<br />
Conceição, em Fortaleza, visita o Campo de Concentração. Fazia isso todas as<br />
semanas, ajudando na distribuição de socorros. Ali, encontrou Chiquinha Boa. Ela lhe<br />
deu notícias de Vicente: estava sozinho na fazenda. A família toda se mudara para<br />
Quixadá por causa da seca. A mulata terminou contando a Conceição que havia uma<br />
moça, a filha do Zé Bernardo, interessada por Vicente. Nasceu o ciúme. Conceição<br />
julgava que Vicente não tinha olhos para outras mulheres. Mãe Nácia tentou dizer à neta<br />
11
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
que essas coisas eram normais, que os homens eram iguais, que não havia razão para<br />
Conceição zangar-se.<br />
Capítulo 12<br />
Josias enterrado na beira da estrada<br />
Josias ficou enterrado na beira da estrada.<br />
Os dias passavam, e a fome, a sede, a miséria maltratavam mais a família de Chico<br />
Bento. Nos povoados, nas vilas, Chico Bento topava qualquer trabalho por uns trocados<br />
para alimentar a família. Cordulina, deixando a vergonha de lado, pedia leite e goma para<br />
alimentar o Duquinha que agora, fraquinho, mal engatinhava.<br />
Chico Bento vendeu a burra: melhor que deixá-la morrer de fome.<br />
A morte da cabra<br />
Tinham saído da Canoa. Eram duas horas da tarde. Cordulina sentou-se numa<br />
pedra. Não podia continuar mais.<br />
Chico Bento e o filho mais velho, Pedro, continuaram a marcha, devagar, trôpegos.<br />
Avistaram, ao longe, o telhado vermelho de uma casa. De repente, entre os galhos secos,<br />
Chico Bento avistou uma cabra amarrada. Num átimo, o vaqueiro matou a cabra e<br />
começou a esfolá-la, ajudado pelo filho. Quando terminou de tirar o couro, apareceu um<br />
homem gritando alto, chamando-o de cachorro, ladrão, desgraçado.<br />
Chico Bento caiu de joelhos e, com as mãos unidas, suplicou um pedaço de carne<br />
para matar a fome da mulher e dos meninos. O homem negou, xingando-o de ladrão e de<br />
cabra sem-vergonha. Suplicou novamente, e o homem atirou-lhe as tripas do animal:<br />
- "Tome! Só se for isto! A um diabo que faz uma desgraça como você fez, dar-se as<br />
tripas é até demais!.."<br />
Cordulina pediu ao filho que fosse pedir um pouquinho de água para limpar as<br />
tripas da criação. Pedro foi e voltou correndo, assustado. O homem estava muito<br />
zangado.<br />
"E num foguinho de garranchos, arranjado por Cordulina, assaram e comeram as<br />
tripas, insossas, sujas, apenas escorridas nas mãos".<br />
Capítulo 13<br />
Mocinha deixa sinhá Eugênia<br />
"Mocinha deixou a velha Eugênia num domingo ao meio dia". Virou ama na casa<br />
de um bodegueiro da praça.<br />
Chico Bento e a família foram chegando a um povoado (Acarape), no final de uma<br />
tarde. O cansaço, a fome, a sede levaram-nos ao desmaio antes da chegada. De pé, só<br />
ficou o filho mais velho, Pedro, que seguiu sozinho na direção do povoado.<br />
Capítulo 14<br />
Vicente visita Conceição<br />
em Fortaleza<br />
Vicente vai a Fortaleza. O pretexto é levar uma encomenda de caroço de algodão<br />
para alimentar o gado. Foi visitar Conceição. Conversa vai, conversa vem, a professora<br />
tocou no nome do Zé Bernardo, aquele da filha interessada por Vicente. Ele, sem<br />
12
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
entender a ironia de Conceição, confirmou. Era boa moça mesmo, cuidava da roupa dele.<br />
Com a presença da avó, a professora não pôde continuar. O assunto desviou-se para<br />
histórias do campo, banalidades que Conceição ia contando, confirmadas pela avó.<br />
Vicente sentiu a frieza na conversa da prima, mas não conseguiu entender por quê.<br />
Quando foi embora, estava decepcionado.<br />
À noite, Conceição ficou relembrando a visita de Vicente. Depois de muito<br />
meditar, concluiu que os dois pertenciam a mundos diferentes.<br />
Capítulo 15<br />
Pedro sumiu<br />
No outro dia, depois do desmaio, Chico Bento procurou o filho Pedro e não<br />
encontrou. Talvez o menino já estivesse no Acarape. No povoado, ninguém sabia do<br />
rapazinho. Chico Bento foi ter com o delegado. Contou-lhe a história do sumiço do filho<br />
mais velho. Os dois, depois de algum tempo, reconheceram-se: eram compadres. Luís<br />
Bezerra e a esposa, Doninha, eram padrinhos do Josias, o que morrera envenenado na<br />
estrada.<br />
Os compadres falaram do passado, do tempo em que Luís também trabalhou nas<br />
Aroeiras para Dona Maroca.<br />
Enquanto Chico Bento e Cordulina comiam, o delegado mandou dois cabras à<br />
procura do menino Pedro.<br />
Os dois homens voltaram ao meio-dia, e nada do Pedro. Cordulina já estava<br />
conformada. Talvez fosse para o bem do menino.<br />
Naquele mesmo dia, à tarde, tomaram um trem para Fortaleza. Luís Bezerra<br />
arranjara as passagens e até roupas para Chico e Cordulina.<br />
Foram direto para o Campo de Concentração fazer parte daquela massa enorme de<br />
retirantes. Chico Bento sentiu-se, de certo modo, consolado. Poderia até morrer ali, mas<br />
não morreria sozinho.<br />
Capítulo 16<br />
Conceição encontra Chico Bento<br />
Conceição, finalmente, encontrou Chico Bento e Cordulina no Campo de<br />
Concentração. Eram compadres, mas ela nunca conhecera o afilhado. Devia ser aquele<br />
magrinho que Cordulina trazia no colo. Diante da magreza e da sujeira da criança,<br />
Conceição evitou segurá-la nos braços. Era o Manuel. Para a família, o Duquinha.<br />
Conceição dispôs-se a ajudá-los. Arranjou um cantinho mais protegido para a<br />
família e foi providenciar a ração diária de comida.<br />
Capítulo 17<br />
Vicente volta da capital<br />
Vicente volta da capital. As irmãs vão esperá-lo na estação, em Quixadá. No outro<br />
dia, já na fazenda, João Marreca disse-lhe que uma das vacas morreu. Vicente já esperava<br />
que isso acontecesse.<br />
Capítulo 18<br />
Chico faz seu relato a Conceição<br />
Chico Bento, na Casa de Conceição e Dona Inácia, vai contando toda a miséria por<br />
que passou na caminhada a pé com a família. A morte do Josias, o sumiço do Pedro, o<br />
caso da cabra... Histórias tristes que arrancam lágrimas de Dona Inácia e de Conceição.<br />
Chico Bento queria um emprego, qualquer trabalho para ajudar a sustentar a<br />
família. Conceição prometeu ajudá-lo.<br />
13
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
Conceição recebeu uma carta de Lourdinha, irmã de Vicente. A moça,<br />
maliciosamente, aludia à tristeza do irmão: "O que você terá feito com ele?..."<br />
Capítulo 19<br />
Trabalho no açude<br />
Conceição, com a ajuda do Bispo, conseguiu um trabalho para Chico Bento no<br />
açude do Tauape.<br />
Quando voltou, à noitinha, com o primeiro dinheiro ganho no açude, Chico Bento<br />
levava pão, rapadura e farinha para a família. Foi uma festa. Cordulina falou do pedido<br />
de Conceição: queria que eles dessem o Duquinha para ela criar. O argumento da mãe era<br />
forte: melhor entregá-lo à madrinha que deixá-lo morrer de fome. O pai consentiu.<br />
No outro dia, Cordulina levou o Duquinha para Conceição. Teve que sair de lá às<br />
escondidas para o filho não perceber. A madrinha, depois de muitas tentativas, conseguiu<br />
agradá-lo com comida.<br />
Com a ausência da mãe, Duquinha, já debilitado, adoeceu gravemente. Foram<br />
quinze dias de sofrimento. Conceição dedicava a ele desvelos de uma verdadeira mãe.<br />
Chico Bento queria ir para o Amazonas. Conceição tentou dissuadi-lo. Sugeriu que<br />
ele fosse para São Paulo. O compadre concordou.<br />
Capítulo 20<br />
Passagens para São Paulo<br />
Conceição, não sem custo, conseguiu as passagens de navio para São Paulo. A<br />
despedida foi triste e chorosa. Chico Bento, Cordulina e os dois filhos restantes deixavam<br />
o Ceará em busca de um destino melhor.<br />
Capítulo 21<br />
Seca desanima Vicente<br />
Lourdinha insistiu e foi para o campo com Vicente. Lá, não agüentando o sol<br />
quente, desmaiou. De volta, procurava mostrar-se alegre, com vergonha da sua fraqueza.<br />
Vicente começava a esmorecer na sua luta diária contra a seca. O gado mais e mais<br />
emagrecia e morria. As ovelhas já estavam quase extintas: restavam dez cabeças.<br />
A angústia de Vicente, nas noites maldormidas, passava por Conceição. Queria<br />
esquecê-la, mas não conseguia. Por que tanta indiferença?<br />
Capítulo 22<br />
Conceição sente-se solitária<br />
Setembro findara. Veio outubro com São Francisco, e a seca continuou. "E<br />
novembro entrou, mais seco e mais miserável, afiando mais fina, talvez por ser o mês de<br />
finados, a imensa foice da morte".<br />
Conceição entrega-se a reflexões sobre a vida, mergulhada em leituras sobre a<br />
condição feminina. Sente o peso da solidão, mas está conformada. A avó insiste na idéia<br />
de casamento.<br />
Capítulo 23<br />
Novembro: seca e morte<br />
Conceição gastava todo o tempo livre ajudando os necessitados no Campo de<br />
Concentração. Gastava quase todo o ordenado em comida e remédio para as criancinhas<br />
necessitadas.<br />
14
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
Certo dia, uma retirante apareceu à porta de Dona Inácia, pedindo esmolas para si e<br />
para uma criancinha doente. Ela as socorreu. Mas a criança, já arquejando, terminou<br />
morrendo, apesar dos desvelos de Dona Inácia e de Conceição. Era mais uma amostra de<br />
miséria que aquele novembro seco dava.<br />
Capítulo 24<br />
Dezembro: chuva e esperança<br />
Caiu a primeira chuva de dezembro.<br />
Em Quixadá, Mariinha Garcia freqüentava mais e mais a casa de Vicente. Alice e<br />
Lourdinha não escondiam a intenção de casar a amiga com o irmão. Outro namoro já<br />
estava armado: o de Lourdinha com o irmão de Mariinha, o Clóvis Garcia, rapaz meio<br />
louro e de bigodes.<br />
Quando, certo dia, Lourdinha abordou Vicente sobre o namoro com Mariinha, ele<br />
negou tudo. Não havia namoro. Ele não queria saber de casar. Estava decepcionado com<br />
as mulheres.<br />
Capítulo 25<br />
Dona Inácia volta para Logradouro<br />
Dona Inácia voltou para a fazenda Logradouro, perto de Quixadá. A despedida de<br />
Conceição foi triste, com direito a choro.<br />
Na viagem, passando por Baturité, uma moça magra, com filho nos braços,<br />
cumprimentou Dona Inácia. Era Mocinha, irmã de Cordulina, da fazenda Aroeiras.<br />
Desfigurada, contou o seu sofrimento à madrinha. Vivia de esmolas na tentativa de<br />
sustentar o filho que ainda não tinha dois meses. Dona Inácia, na despedida, deu algum<br />
dinheiro para a afilhada e insistiu para que ela voltasse para o sertão. Lá, faria tudo para<br />
ajudá-la.<br />
Em Quixadá, foi recebida pela prima, Dona Idalina, mãe de Vicente. Os homens de<br />
Dona Inácia esperavam-na para levá-la à fazenda.<br />
Na chegada, vendo tudo desolado, abandonado, apesar da paisagem verde cobrindo<br />
tudo, Dona Inácia chorou.<br />
Capítulo 26<br />
Conceição: Duquinha como consolo<br />
Três anos depois, Lourdinha já está casada com Clóvis e tem uma filha. Estão<br />
todos em Quixadá: Conceição, Vicente, Dona Inácia, Duquinha...<br />
Vendo Lourdinha feliz ao lado do marido e da filhinha, Conceição inveja-lhe a<br />
felicidade. Conclui que ela nasceu para viver só. Vicente está por perto, indiferente,<br />
conversando com os amigos. A visão é de Conceição, pois o vaqueiro parece que nem a<br />
percebe.<br />
Ela anda em direção à casa de Lourdinha onde dona Inácia está à espera. Vem-lhe<br />
ao encontro Duquinha, pedindo dinheiro para comprar um navio de papel. Ela se sente,<br />
então, mãe. Afinal, criou o Duquinha.<br />
Conceição ouve um tropel na rua. É Vicente que está voltando para a fazenda.<br />
15
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
LITERATURA<br />
TESTES<br />
01. Com base na leitura e análise do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) O uso do discurso direto torna a história mais dramática, dando a impressão<br />
de que os fatos narrados realmente aconteceram.<br />
2. ( ) A linguagem da autora impressiona o leitor pelo excesso de adjetivos que usa<br />
para caracterizar os personagens e o cenário.<br />
3. ( ) O livro é dividido em duas partes, separando o cenário rural do cenário<br />
urbano.<br />
4. ( ) Em meio à tragédia da seca, a autora conta a história de amor entre Vicente,<br />
vaqueiro, e Conceição, professora. O casamento dos dois no final do livro<br />
simboliza que a felicidade existe.<br />
5. ( ) A morte de Chico Bento, no final, completa a tragédia da seca, numa visão<br />
pessimista da autora.<br />
02. Com base na leitura e análise do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) Vicente é um vaqueiro tradicional da região. Cuida do gado com um desvelo<br />
incomum; na época da seca, por falta de recursos, tem que abandonar tudo e<br />
fugir em direção à cidade.<br />
2. ( ) Vicente é vaqueiro e patrão ao mesmo tempo. Na época da seca, pensando<br />
nos lucros, abandona a fazenda e dispensa seus homens.<br />
3. ( ) Vicente tinha dentes brancos com um ponto de ouro.<br />
4. ( ) Na intimidade, quando se põe a pensar na vida e na felicidade, Vicente<br />
associa tais coisas à Conceição.<br />
5. ( ) Conceição passou a se mostrar fria em relação a Vicente quando o flagrou<br />
beijando uma cabocla do interior.<br />
6. ( ) O amor entre Conceição e Vicente nasceu à moda romântica: de um olhar.<br />
03. Para as afirmações seguintes, use o código:<br />
S – para Senhora<br />
Q – para O Quinze<br />
SQ – para os dois romances.<br />
1. ( ) Romance narrado em terceira pessoa, com narrador onisciente.<br />
2. ( ) Romance de transição entre o Romantismo e o Realismo.<br />
3. ( ) Romance modernista, vinculado ao regionalismo voltado para o Nordeste.<br />
4. ( ) Romance em que os heróis são descritos com certo exagero, dando-se relevo<br />
à beleza e às características positivas do ser humano.<br />
5. ( ) A construção dos personagens obedece ao princípio da realidade. Não há<br />
fantasia nem exagero ao caracterizá-los. São humanos: frágeis, fortes, às<br />
vezes acertam, às vezes erram.<br />
6. ( ) A natureza é lugar de refúgio para o corpo e para a alma.<br />
7. ( ) A natureza é hostil, ameaçadora. Em função dela, há morte e tragédia a cada<br />
instante.<br />
16
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
04. Com base na leitura e análise do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) Rachel de Queiroz usa uma linguagem regionalista elaborada, recriada,<br />
dificultando a compreensão do leitor.<br />
2. ( ) A elaboração dos diálogos flui espontânea, normal, cotidiana.<br />
3. ( ) O sucesso do livro está atrelado à simplicidade da linguagem (a mais difícil<br />
das virtudes literárias!). Não há exibicionismo da autora no uso de palavreado<br />
erudito.<br />
4. ( ) A linguagem da autora é sóbria, direta, enxuta, sobressaindo a nitidez das<br />
formas e a emoção sem grandiloqüència.<br />
5. ( ) Recurso comum no livro é a interrupção da narrativa para descrição da<br />
paisagem ou dos personagens.<br />
6. ( ) Os neologismos constantes, frutos da linguagem elaborada, fazem lembrar<br />
Guimarães Rosa.<br />
05. Com base na leitura do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) Chiquinha Boa contou a Conceição que havia uma moça, a filha do Zé<br />
Bernardo, interessada por Vicente. Desta história despretensiosa nasceu o<br />
ciúme que esfriou o interesse da professora pelo vaqueiro.<br />
2. ( ) Uma das passagens mais tristes do livro é a morte de Pedro: morreu<br />
envenenado na estrada, a barriga grande, os pais impotentes para ajudá-lo.<br />
3. ( ) A fome (dele e da família) levou Chico Bento a um desatino: matou o dono<br />
de uma cabra que se negava a dar-lhe um pedaço do animal para amenizar a<br />
fome dos meninos.<br />
4. ( ) Em Fortaleza, Conceição, com a ajuda do Bispo, conseguiu um trabalho para<br />
Chico Bento no açude do Tauape.<br />
5. ( ) Quando o trabalho no açude escasseou, Chico Bento manifestou sua vontade<br />
de ir embora para o Amazonas. Conceição dissuadiu-o. São Paulo era um<br />
destino melhor.<br />
06. Com base na leitura do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) A história de amor entre Vicente e Conceição constitui o lado bom e humano<br />
da história.<br />
2. ( ) Um dos recursos estilísticos usados pela autora é o discurso indireto livre. Em<br />
vez de apresentar o personagem em sua fala própria, o narrador funde-se ao<br />
personagem, dando a impressão de que os dois falam juntos.<br />
3. ( ) Os recuos e avanços no tempo permeiam toda a história, num jogo confuso de<br />
passado e presente.<br />
4. ( ) O único homem que despertou desejos no coração de Conceição foi o primo<br />
Vicente. A admiração por ele é antiga, mas esfria quando ela supõe que o<br />
primo é infiel.<br />
5. ( ) A história do romance começa pelo meio; é um recurso comum na literatura<br />
chamado analepse.<br />
07. Relacione corretamente:<br />
a) Abreu<br />
b) D. Camila<br />
c) D. Maroca<br />
d) Mocinha<br />
e) D. Emília<br />
f) Josias<br />
17
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
1. ( ) Irmã de Cordulina; vítima da seca e da miséria, tornou-se prostituta.<br />
2. ( ) Morreu envenenado: comeu mandioca crua.<br />
3. ( ) Jovem e rico, desencantou-se da vida por causa de Aurélia.<br />
4. ( ) Mãe de Aurélia. Depois da morte de Pedro, viveu na extrema pobreza.<br />
5. ( ) Mãe de Seixas, Mariquinhas e Nicota.<br />
6. ( ) Fazendeira na região de Quixadá, patroa de Chico Bento.<br />
08. Sobre o livro O Quinze, as afirmativas seguintes são verdadeiras ou falsas?<br />
1. ( ) Chico Bento tem a mulher (Cordulina) e cinco filhos, todos ainda pequenos.<br />
Pedro, o mais velho, tinha doze anos.<br />
2. ( ) Lourdinha, a irmã mais velha de Vicente, casou-se com Clóvis Garcia em<br />
Quixadá. A filha dos dois simboliza a felicidade que as pessoas simples e<br />
descomplicadas conseguem conquistar.<br />
3. ( ) Dona Inácia é avó de Conceição, espécie de mãe, pois foi quem a criou<br />
depois que a mãe verdadeira morreu. Não aprova as idéias liberais da neta,<br />
principalmente no que diz respeito a ficar solteirona.<br />
4. ( ) Mariinha Garcia, com auxílio de Lourdinha e Alice, faz tudo para conquistar<br />
Vicente, mas as tentativas resultam inúteis.<br />
5. ( ) Prima de Dona Inácia, Idalina é a mãe de Vicente, Paulo, Alice e Lourdinha.<br />
Vive com o marido, Major, na fazenda, perto de Quixadá.<br />
6. ( ) Vicente sentia-se dividido entre o amor de Conceição e de Mariinha Garcia.<br />
Apesar de amar profundamente a prima, casou-se com Mariinha.<br />
09. Relacione corretamente:<br />
a) Senhora<br />
b) Morte e Vida Severina<br />
c) O Quinze<br />
1. ( ) O narrador interrompe a narrativa para descrever os personagens, apontando<br />
neles pormenores exteriores.<br />
2. ( ) O narrador vai diluindo os caracteres exteriores, escassos na maioria, ao<br />
longo da narrativa.<br />
3. ( ) A técnica do discurso indireto livre funde narrador e personagens, dando a<br />
impressão de cumplicidade narrativa.<br />
4. ( ) A saga do retirante é contada por meio da poesia. Nem por isso, o drama da<br />
seca e da morte conseqüente é amenizado.<br />
5. ( ) A paixão surge de um olhar, selando um amor eterno, indestrutível.<br />
6. ( ) A paixão surge da convivência, da admiração mútua ao longo do tempo.<br />
10. Opte pelo letra em que a relação personagem-característica esteja incorreta:<br />
a) Chico Bento: vaqueiro magro, de aparência fraca, curvado, pai de cinco filhos.<br />
b) Vicente: vaqueiro alto, de composição atlética forte, corado, queimado de sol, com<br />
posses para enfrentar a seca sem dela fugir.<br />
c) Conceição: professora, mora na cidade; somente nas férias escolares, vai para a<br />
fazenda da avó, na região de Quixadá, interior do Ceará.<br />
d) Lourdinha: irmã de Vicente, casa-se com Clóvis Garcia.<br />
e) Duquinha: filho de Chico Bento e Cordulina; morreu envenenado em pleno agreste (comeu um<br />
pedaço de mandioca crua).<br />
11. Opte pelo letra em que a relação personagem-característica esteja incorreta:<br />
a) Cordulina: mulher submissa, mãe de cinco filhos, sofre as conseqüências da seca.<br />
b) Mariinha Garcia: mora na cidade (Quixadá) e alimenta a esperança de se casar com<br />
Vicente.<br />
18
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
c) Mocinha: irmã de Cordulina; para não enfrentar a longa retirada, ficou num<br />
povoado do interior do Ceará; tornou-se prostituta.<br />
d) Pedro: filho mais velho de Chico Bento; num determinado ponto da estrada, perto<br />
de um povoado, sumiu.<br />
e) Luís Bezerra: político que negou as passagens de trem para Chico Bento em<br />
Quixadá.<br />
12. Dadas as seguintes afirmativas:<br />
1. Vicente tem boas condições financeiras, mas é desumano em relação à família e,<br />
principalmente, aos empregados.<br />
2. Expulso pela seca e pela dona da fazenda, Chico Bento e família empreendem uma<br />
caminhada desastrosa em direção a Fortaleza. Perde dois filhos no caminho: um<br />
morre envenenado (Josias), o outro desaparece (Pedro).<br />
3. De Fortaleza, Chico Bento e parte da família vão, de navio, para o Amazonas. É o<br />
exílio forçado, é a esperança de vida melhor e, quem sabe, de riqueza para quem só<br />
conheceu miséria no Ceará.<br />
4. Paulo é o irmão mais velho de Vicente; ele é o orgulho dos pais (pelo menos no<br />
início). Estudou, fez-se doutor (promotor) e casou-se na cidade com uma moça<br />
branca.<br />
São corretas sobre o romance O Quinze, de Rachel de Queiroz:<br />
a) todas.<br />
b) apenas a 2.<br />
c) apenas a 2 e a 4.<br />
d) apenas a 1 e a 4.<br />
e) apenas a 1 e a 2.<br />
13. Opte pela relação incorreta:<br />
a) O Quinze: romance.<br />
b) Memorial de Maria Mouro: romance.<br />
c ) João Miguel: romance.<br />
d) As Três Marias: romance.<br />
e) Lampião: romance.<br />
14. Opte pela relação incorreta:<br />
a) O Quinze: romance regionalista.<br />
b) Memorial de Maria Moura: romance regionalista.<br />
c) O Galo de Ouro: romance regionalista.<br />
d) A Donzela e a Moura Torta: crônicas.<br />
e) A Beata Maria do Egito: teatro.<br />
15. Há uma afirmativa que não procede a respeito de O Quinze, de Rachel de Queiroz.<br />
Identifique-a:<br />
a) Dona Maroca é fazendeira, dona da fazenda Aroeiras, na região de Quixadá. Na<br />
época da seca, mandou o vaqueiro, Chico Bento, soltar o gado e procurar, por conta<br />
própria, meios para sobreviver.<br />
b) Major é fazendeiro rico na região de Quixadá. Entrega a administração da fazenda<br />
ao filho Vicente. Orgulha-se de ter um filho doutor: o Paulo, promotor em uma<br />
cidade do interior do Ceará.<br />
c) Luís Bezerra é compadre de Chico Bento e Cordulina. Trabalhara também nas<br />
Aroeiras. Agora, é delegado em Acarape. Numa prova de insensibilidade, negou<br />
ajuda ao compadre.<br />
19
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
d) Vicente trabalhava desde os quinze anos. Trabalho duro, de sol a sol. O irmão, que<br />
quisera estudar, sempre mereceu atenções especiais da família. O pai orgulhava-se<br />
de ter um filho doutor.<br />
e) Nos povoados, nas vilas, durante a longa caminhada, Chico Bento topava qualquer<br />
trabalho por uns trocados para alimentar a família. Cordulina, deixando a vergonha<br />
de lado, pedia leite e goma para alimentar o Duquinha.<br />
16. Analise o texto a seguir com o intuito de verificar se ele está fiel ao romance O Quinze,<br />
de Rachel de Queiroz.<br />
"Chico Bento caiu de joelhos e, com as mãos unidas, suplicou um pedaço de carne<br />
para matar a fome da mulher e dos meninos. O homem negou, xingando-o de ladrão<br />
e de cabra sem-vergonha. Suplicou novamente, e o homem atirou-lhe as tripas do<br />
animal. Cego de raiva e de necessidade, Chico Bento matou o homem com a mesma<br />
faca com que matara o animal."<br />
a) O texto é inteiramente aplicável à obra em questão.<br />
b) O texto é parcialmente aplicável à obra em questão.<br />
c) Apenas o último parágrafo combina com a obra em questão.<br />
d) O texto é inteiramente aplicável à obra em questão, excetuando-se a passagem em<br />
que o homem atira as tripas do animal a Chico Bento.<br />
e) O texto está completamente fora da obra em questão.<br />
17. Analise o texto a seguir com o intuito de verificar se ele está fiel ao romance O Quinze,<br />
de Rachel de Queiroz.<br />
"Quando chegaram a Fortaleza, Chico Bento e a família foram direto para o Campo<br />
de Concentração fazer parte daquela massa enorme de retirantes. Chico Bento sentiuse,<br />
de certo modo, consolado. Poderia até morrer ali, mas não morreria sozinho."<br />
a) O texto é inteiramente aplicável à obra em questão.<br />
b) O texto é parcialmente aplicável à obra em questão.<br />
c) Apenas o último parágrafo combina com a obra em questão.<br />
d) O texto destoa da obra porque Chico Bento e família, ao chegarem a Fortaleza,<br />
foram para a casa de Conceição.<br />
e) O texto está completamente fora da obra em questão.<br />
18. Analise o texto a seguir com o intuito de verificar se ele está fiel ao romance O Quinze,<br />
de Rachel de Queiroz.<br />
"Conceição finalmente encontrou Chico Bento e Cordulina no Campo de<br />
Concentração. Eram compadres, mas ela nunca conhecera o afilhado. Devia ser<br />
aquele magrinho que Cordulina trazia no colo. Diante da magreza e da sujeira da<br />
criança, Conceição evitou segurá-la nos braços. Era o Manuel. Para a família, o<br />
Duquinha. Conceição dispôs-se a ajudá-los. Arranjou um cantinho mais protegido<br />
para a família e foi providenciar a ração diária de comida."<br />
a) O texto é inteiramente aplicável à obra em questão.<br />
b) O texto é parcialmente aplicável à obra em questão.<br />
c) O texto está completamente fora da obra em questão.<br />
d) O texto destoa da obra quando diz que Conceição nunca conhecera o afilhado.<br />
e) O texto destoa da obra quando diz que Conceição, "diante da magreza e da sujeira<br />
da criança, evitou segurá-la nos braços."<br />
19. Analise o texto a seguir com o intuito de verificar se ele está fiel ao romance O Quinze,<br />
de Rachel de Queiroz.<br />
20
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
"Vicente tinha um irmão doutor, Paulo, que morava na cidade. A mãe dos dois,<br />
Dona Idalina, no início, envergonhava-se da rudeza de Vicente. Agora, tinha orgulho<br />
do filho vaqueiro. O outro filho, promotor em Cariri, para ela estava perdido."<br />
a) O texto é inteiramente aplicável à obra em questão.<br />
b) O texto é parcialmente aplicável à obra em questão.<br />
c) O texto está completamente fora da obra em questão.<br />
d) O texto destoa da obra quando diz que Dona Idalina envergonhava-se da rudeza de<br />
Vicente.<br />
e) O texto destoa da obra quando diz que Dona Idalina é a mãe de Vicente.<br />
20. Opte pela afirmativa correta:<br />
a) Vicente e Conceição são primos. Conheceram-se na fazenda da avó dela, numa festa<br />
junina, na época das férias escolares.<br />
b) Quando partiram para São Paulo, Chico Bento e Cordulina levavam apenas um dos<br />
cinco filhos; os outros morreram durante a fuga da seca.<br />
c) Conceição e Vicente não se casaram, mas ela ficou realizada criando o Duquinha,<br />
fruto do amor dos dois.<br />
d) A diferença cultural entre Vicente e Conceição constitui o principal empecilho para<br />
a união dos dois.<br />
e) O fato de ter ficado grávida sem se casar fez de Conceição uma mulher<br />
discriminada. Por isso, vivia com a avó.<br />
21. A respeito dos personagens de O Quinze, de Rachel de Queiroz, classifique as<br />
afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) Conceição: personagem densa, com psicologia evolutiva, notando que o<br />
casamento com Vicente constitui um erro porque os dois são culturalmente<br />
opostos.<br />
2. ( ) Vicente: representa a aristocracia rural; apesar de rústico, mostra-se elegante,<br />
fazendo elogios de cavalheiro à Conceição.<br />
3. ( ) Chico Bento: sertanejo de psicologia primária, dominado pelo meio hostil; é<br />
submisso, preocupado apenas em matar a fome, sua e da família.<br />
4. ( ) Dona Inácia: recrimina as idéias avançadas de Conceição, mas brandamente,<br />
adotando postura de apoio.<br />
5. ( ) Alice e Lourdinha: irmãs de Vicente, têm psicologia bem primária se<br />
comparadas a Conceição.<br />
6. ( ) Mocinha: por ser pobre e ter que sobreviver sozinha, torna-se prostitua em<br />
Castro, interior do Ceará.<br />
7. ( ) Paulo: irmão de Vicente; apesar de bacharel em Direito, mantém-se simples,<br />
dedicando à família uma atenção especial.<br />
22. A respeito de O Quinze, de Rachel de Queiroz, afirma-se o seguinte:<br />
I – Seguindo uma tendência modernista, a linguagem da autora caracteriza-se pelo<br />
uso de termos populares, visíveis tanto na fala dos personagens quanto no<br />
discurso do narrador.<br />
II – Há visível semelhança entre as características de Conceição e da própria autora<br />
Rachel de Queiroz.<br />
III – Não há, no livro, nenhum lirismo ou emoção; neste aspecto, a aridez da região<br />
retratada parece ter contaminado a linguagem da autora.<br />
IV – O destino de Pedro, um dos filhos de Chico Bento, é trágico: sumiu perto de<br />
Acarape; sabemos, depois, que o quase-adolescente foi assassinado.<br />
21
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
V – Mocinha, ao se desgarrar do grupo fugitivo, é abandonada pelo narrador, nada<br />
mais se sabe sobre ela.<br />
Dentre as afirmativas acima, estão corretas ou podem ser justificadas:<br />
a) Somente I e II.<br />
b) Somente I e III.<br />
c) Somente I, II e III.<br />
d) Somente II e IV.<br />
e) Somente I, II e V.<br />
23. Sobre O Quinze, de Rachel de Queiroz, eleja o texto com informações corretas:<br />
a) Ao chegar a São Paulo, Chico Bento conseguiu um emprego na construção civil. A<br />
vida começou, então, a melhorar.<br />
b) Uma das conseqüências tristes da seca, mostrada pela autora, foi o fato de Mocinha,<br />
irmã de Cordulina, prostituir-se na cidade grande.<br />
c) O livro termina com a reaproximação de Vicente e Conceição, sugerindo a autora<br />
que, no futuro, eles estarão casados.<br />
d) Os filhos de Chico Bento e Cordulino que têm nome na história não seguiram com<br />
os pais para São Paulo.<br />
e) Chiquinha Boa foi a única funcionária que Vicente despediu na época da seca.<br />
24. Classifique as afirmativas seguintes, feitas sobre o romance O Quinze, de Rachel de<br />
Queiroz, de verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) A seca e a miséria dela advinda deixam os personagens insensíveis,<br />
destituídos do sentimento de solidariedade.<br />
2. ( ) O livro não tem a tradicional oposição entre heróis e vilões. A seca vai<br />
determinando a vida e o comportamento das pessoas.<br />
3. ( ) A fome e as necessidades mais elementares da vida vão destruindo a família<br />
de Chico Bento. Josias morre envenenado, Pedro desaparece e Mocinha, sua<br />
cunhada, fica para trás, entregando-se à vida fácil.<br />
4. ( ) No final, Conceição e Vicente conseguem vencer a diferença cultural e selar<br />
um compromisso de vida feliz.<br />
25. Classifique as afirmativas seguintes, feitas sobre personagens de O Quinze, de Rachel<br />
de Queiroz, de verdadeiras ou falsas:<br />
1. ( ) Dona Idalina: mulher do Major, tem participação secundária na história.<br />
2. ( ) Sinhá Eugência: mulher que mora em Castro e em cuja casa ficou Mocinha,<br />
cunhada de Chico Bento.<br />
3. ( ) Paulo: bacharel, irmão de Vicente, orgulhoso, renega sua origem sertaneja.<br />
4. ( ) Lourdes e Alice: filhas de Dona Idalina; aquela casou-se com Clóvis Garcia<br />
em Quixadá.<br />
5. ( ) Jandaia, Mimosa e Rendeira: vacas de estimação da fazenda de Dona<br />
Maroca.<br />
6. ( ) Conceição: normalista que, apesar do esforço, não conseguiu vencer a sua<br />
condição de inferioridade dentro de um mundo machista.<br />
Respostas<br />
01. Com base na leitura e análise do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
22
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
1. (F) Recurso comum em O Quinze é o uso do discurso indireto livre, fundindo<br />
narrador e personagem.<br />
2. (F) A linguagem de Rachel é enxuta, direta, sóbria e simples.<br />
3. (F) Os cenários rural e urbano alternam-se no livro, mas sem divisão oficial em<br />
duas partes.<br />
4. (F) Conceição e Vicente não se casam; não há perspectiva de união matrimonial<br />
entre os dois.<br />
5. (F) Chico Bento, Cordulina e dois filhos foram para São Paulo.<br />
02. Com base na leitura e análise do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. (F) Diferentemente de Chico Bento, que não tem posses, Vicente está preparado<br />
para agüentar a seca sem dela fugir.<br />
2. (F) Vicente é vaqueiro bom, humano, firme. Não despede nenhum empregado na<br />
época da seca.<br />
3. (V)<br />
4. (V)<br />
5. (F) A frieza de Conceição aumentou quando ela supôs que Vicente era infiel. A<br />
suposição nasceu da conversa que ela teve com Chiquinha Boa no Campo de<br />
Concentração.<br />
6. (F) O amor entre Conceição e Vicente nasceu com a convivência.<br />
03. Para as afirmações seguintes, use o código:<br />
S – para Senhora<br />
Q – para O Quinze<br />
SQ – para os dois romances.<br />
1. (SQ) 2. (S) 3. (Q) 4. (S) 5. (Q) 6. (S) 7. (Q)<br />
04. Com base na leitura e análise do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. (F) Linguagem elaborada é sinônimo de linguagem complexa. Rachel de Queiroz<br />
faz uso de uma linguagem simples, despretensiosa.<br />
2. (V)<br />
3. (V) O sucesso do livro está atrelado à simplicidade da linguagem (a mais difícil das<br />
virtudes literárias!). Não há exibicionismo da autora no uso de palavreado<br />
erudito.<br />
4. (V) A linguagem da autora é sóbria, direta, enxuta, sobressaindo a nitidez das<br />
formas e a emoção sem grandiloqüència.<br />
5. (F) Recurso comum no livro é a interrupção da narrativa para descrição da<br />
paisagem ou dos personagens.<br />
6. (F) Os neologismos constantes, frutos da linguagem elaborada, fazem lembrar<br />
Guimarães Rosa.<br />
05. Com base na leitura do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
1. (V)<br />
2. (F) Quem morreu envenenado foi o Josias.<br />
3. (F) Chico Bento matou a cabra e agüentou, sem revidar, a agressão do dono do<br />
animal.<br />
4. (V)<br />
5. (V)<br />
06. Com base na leitura do livro O Quinze, classifique as afirmações seguintes de<br />
verdadeiras ou falsas:<br />
23
<strong>ESTUDO</strong> <strong>LITERÁRIO</strong><br />
1. (F) A história de amor entre Vicente e Conceição não deu certo: os dois terminaram<br />
separados.<br />
2. (V)<br />
3. (F) Não há avanços e recuos no tempo. A história é contada de forma linear.<br />
4. (V)<br />
5. (F)<br />
07. Relacione corretamente:<br />
1. (d) 2. (f) 3. (a) 4. (e) 5. (b) 6. (c)<br />
08. Sobre o livro O Quinze, as afirmativas seguintes são verdadeiras ou falsas?<br />
1. (V) 2. (V) 3. (V) 4. (V) 5. (V) 6. (F)<br />
09. Relacione corretamente:<br />
1. (a) 2. (c) 3. (c) 4. (b) 5. (a) 6. (c)<br />
10. Resposta: letra E.<br />
11. Resposta: letra E.<br />
12. Resposta: letra D.<br />
13. Resposta: letra E. Lampião é uma peça teatral.<br />
14. Resposta: letra C.<br />
15. Resposta: letra C.<br />
16. Resposta: B.<br />
17. Resposta: A.<br />
18. Resposta: A.<br />
19. Resposta: A.<br />
20. Resposta: D.<br />
a) Vicente e Conceição são primos. Não se sabe onde se conheceram nem em que<br />
circunstâncias. É provável que, sendo parentes, conheçam-se desde a infância. O<br />
interesse um pelo outro nasceu na época da adolescência.<br />
b) Quando partiram para São Paulo, Chico Bento e Cordulina levavam apenas dois<br />
filhos, os que não têm nome na história.<br />
c) Duquinha, todos sabemos, é filho de Chico Bento e Cordulina.<br />
21. A respeito dos personagens de O Quinze, de Rachel de Queiroz, classifique as<br />
afirmativas seguintes de verdadeiras ou falsas:<br />
1. (V) 2. (V) 3. (V) 4. (V) 5. (V) 6. (V)<br />
7. (F) Paulo, depois de se tornar bacharel e promotor, mantém-se afastado da família,<br />
numa atitude de orgulho que magoa muito a mãe, Dona Idalina.<br />
22. Resposta: A.<br />
23. Resposta: D.<br />
24. Classifique as afirmativas seguintes, feitas sobre o romance O Quinze, de Rachel de<br />
Queiroz, de verdadeiras ou falsas:<br />
1. (F) 2. (V) 3. (V) 4. (F)<br />
25. Classifique as afirmativas seguintes, feitas sobre personagens de O Quinze, de Rachel<br />
de Queiroz, de verdadeiras ou falsas:<br />
1. (V) 2. (V) 3. (V) 4. (V) 5. (V) 6. (F)<br />
24