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contos - Ministério da Educação

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16<br />

O padre se roía em remorsos:<br />

“E se o pobre não tiver culpa de na<strong>da</strong>?”,<br />

perguntou à delega<strong>da</strong>.<br />

“Como? Judiava dela. Arrastava a mulher<br />

pelos cabelos, ela tinha cabelos lindos<br />

e longos, submetia a instintos animais, dizem<br />

até que um dia marcou a bun<strong>da</strong> <strong>da</strong> infeliz<br />

com o instrumento de ferrar o gado.”<br />

O pároco pigarreou, envergonhado.<br />

Bombeiro e policial voltaram do tanque,<br />

trazendo uma cabaça em forma de cuia.<br />

“Só achamos isto.”<br />

“Pois é com isto que encho a lata d´água,<br />

o cocho dos porcos, o vasilhame <strong>da</strong>s galinhas.<br />

Antes quem fazia tudo era ela”, e caiu<br />

mais uma vez em pranto.<br />

As ordens se atropelavam, quase sempre<br />

aos gritos:<br />

“Verifi quem o chiqueiro! Cavem a terra<br />

no curral! Sacu<strong>da</strong>m os galhos <strong>da</strong>s árvores!”<br />

Gente <strong>da</strong> lei sabe que não existe limite<br />

para as astúcias assassinas. Ananias apenas<br />

repetia não saber de na<strong>da</strong>, enquanto<br />

implorava baixinho: “volta, Almerin<strong>da</strong>, me<br />

tira desse pesadelo”.

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