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casa, mas que não fi z nem agüentava mais<br />
dizer que não fi z. Aprontei uma zona federal<br />
lá, chutei mesas e derrubei cadeiras, cuspi<br />
no bebedouro, quebrei xícaras de café, eles<br />
viram com quem estavam li<strong>da</strong>ndo.<br />
Fui posto para fora do cemitério de papel<br />
escrito a pontapés e no dia seguinte estava<br />
de volta à escola, sem trabalho nenhum realizado.<br />
Eu olhava para a cara <strong>da</strong> professora<br />
com vergonha, ela me olhava com cara de<br />
quem olha para um canalha que mata o cachorro<br />
de estimação do irmão mais velho.<br />
Disse à professora, de quem eu até gostava,<br />
umas coisas de que até hoje me arrependo,<br />
coisas que não se deve dizer nem aos maiores<br />
inimigos, e nunca mais voltei à escola.<br />
Eu me arrependo disso também. Afi nal, eu<br />
que fi quei sem escola, sem estudo, sem saber<br />
coisa nenhuma. Aprendi apenas a escrever<br />
o próprio nome, com uma letra que<br />
mais parece um amontoado de garranchos<br />
que só eu mesmo consigo decifrar.<br />
Esse crime não cometido me perseguiu<br />
a vi<strong>da</strong> inteira, como um castigo, onde quer<br />
que eu colocasse os pés. Meus amigos de<br />
infância fi caram sabendo <strong>da</strong> história, <strong>da</strong><br />
dolorosa calúnia, volta e meia tinha um<br />
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