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<strong>Análise</strong> <strong>Qualitativa</strong> <strong>Por</strong> <strong>Meio</strong> <strong>da</strong> <strong>Lógica</strong> <strong>Paraconsistente</strong>:<br />

Método de Interpretação e Síntese de Informação obti<strong>da</strong> <strong>Por</strong> Escalas Likert<br />

Autoria: Ci<strong>da</strong> Sanches, Manuel Meireles, José Osvaldo De Sordi<br />

O presente artigo propõe um método qualitativo para interpretação e síntese de informação<br />

obti<strong>da</strong> por escala Likert. O estudo aplica o processo de análise e interpretação pela lógica<br />

paraconsistente, utilizando como critérios as opiniões coleta<strong>da</strong>s por meio de pesquisas com<br />

tal escala. O artigo inicia-se com conceitos relacionados a escalas do tipo Likert e faz uma<br />

breve introdução à lógica paraconsistente. A seguir é proposto o método qualitativo para<br />

interpretação e síntese de informação obti<strong>da</strong> por meio de escalas Likert, isto é, escalas<br />

destina<strong>da</strong>s a quantificar opiniões e atitudes que se fun<strong>da</strong>mentam em cinco etapas: Etapa 1:<br />

coleta de <strong>da</strong>dos por meio de escala Likert tal como é feito usualmente. Ca<strong>da</strong> fator pesquisado<br />

envolve um determinado número de proposições. Os respondentes fazem o papel de sensores,<br />

juízes ou peritos. Etapa 2: processo de transdução que é a conversão dos <strong>da</strong>dos obtidos em<br />

relação aos fatores em correspondentes graus de crença e descrença. É uma etapa simples em<br />

que consiste basicamente determinar a proporção de respostas discor<strong>da</strong>ntes e concor<strong>da</strong>ntes em<br />

relação à quanti<strong>da</strong>de de respostas totais. Etapa 3: conversão de crença e descrença em grau de<br />

certeza e grau de contradição utilizando rede lógica OR e AND apropria<strong>da</strong>. Os valores obtidos<br />

na etapa 2 são submetidos a uma rede lógica com conectivos OR e AND. A conversão é<br />

simples bastando seguir as entra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s dos conectivos: nos conectivos de tipo OR a<br />

saí<strong>da</strong> é o maior valor <strong>da</strong>s duas entra<strong>da</strong>s e nos conectivos do tipo AND a saí<strong>da</strong> é o menor valor<br />

<strong>da</strong>s duas entra<strong>da</strong>s. Ao término desta etapa se tem o grau de certeza (G1) e o grau de<br />

contradição (G2). Etapa 4: interpretação do resultado no Quadrado Unitário do Plano<br />

Cartesiano (QUPC). Com os valores (G1, G2) é possível posicionar o par sobre o QUPC e ter<br />

uma noção de como o par se situa em relação aos dois eixos: o vertical (falsi<strong>da</strong>de-ver<strong>da</strong>de) e o<br />

horizontal (indeterminação-inconsistência). Etapa 5: processo de normalização. Como os<br />

eixos do grau de certeza e de contradição vão de [-1;1] é possível submeter o resultado obtido<br />

a uma normalização para que o resultado final se expresse no intervalo de [0 ; 1]. Este<br />

processo é extremamente simples e consiste basicamente em adicionar 1 aos valores de<br />

certeza ou de contradição e dividir por 2. Tem-se, então, os valores normalizados dos graus de<br />

certeza e de contradição. Com vistas a uniformizar a linguagem é proposta uma convenção<br />

para descrever a interpretação e síntese do resultado obtido. O resultado do exemplo abor<strong>da</strong>do<br />

ao longo deste artigo foi assim descrito: “Pode-se afirmar que os respondentes, no que<br />

concerne aos três fatores considerados (foco, flexibili<strong>da</strong>de, positivi<strong>da</strong>de) referentes à<br />

resiliência dos gestores, com <strong>da</strong>dos que podem ser considerados consistentes, possuem uma<br />

aderência modera<strong>da</strong>”<br />

Palavras-chave: Métodos e técnicas de pesquisa científica; Metodologia para análise de <strong>da</strong>dos;<br />

Escala Likert; <strong>Lógica</strong> paraconsistente<br />

1


1 - Introdução<br />

O objetivo <strong>da</strong> pesquisa descrita neste artigo é propor um método qualitativo para<br />

interpretação e síntese de informação obti<strong>da</strong> por meio de escalas Likert, isto é, escalas<br />

destina<strong>da</strong>s a quantificar opiniões e atitudes. Uma opinião representa uma posição mental<br />

consciente, manifesta, sobre algo ou alguém (Ander-Egg, 1978:142). Segundo Bardin (2009,<br />

p.201) uma atitude é uma pré-disposição, relativamente estável e organiza<strong>da</strong>, para reagir na<br />

forma de opiniões (nível verbal), ou de actos (nível comportamental), em presença de objectos<br />

(pessoas, ideias, acontecimentos, coisas, etc.) de maneira determina<strong>da</strong>. Corretamente falando,<br />

nós temos opiniões sobre as coisas, os seres, os fenomenos, e manifestamo-las por juízos de<br />

valor. Uma atitude é essencialmente uma disposição mental em face de uma ação potencial<br />

(Mann: 1970).<br />

Tanto as atitudes quanto as opiniões carecem de ação, e isto dificulta a sua métrica:<br />

atribuição de números a parâmetros descritores de objetos, ou acontecimentos ou situações, de<br />

acordo com certa regra (Kaplan,1975:182). Likert (1976) afirma que o instrumento de medi<strong>da</strong><br />

proposto por ele pretende “verificar o nível de concordância do sujeito com uma série de<br />

afirmações que expressem algo favorável ou desfavorável em relação a um objeto<br />

psicológico”<br />

Um sério problema decorrente <strong>da</strong> aplicação <strong>da</strong>s escalas tipo LIkert é a forma de analisar os<br />

<strong>da</strong>dos. São inúmeros os autores que estão de acordo que os <strong>da</strong>dos provenientes de escalas tipo<br />

Likert são apenas ordinais: Hartley et al.(1984); Lee Rasmussen (1989); e Schriesheim y<br />

Castro, 1996, etc. As variáveis ordinais admitem apenas testes não paramétricos e as seguintes<br />

medi<strong>da</strong>s estatísticas: (i) para medir centrali<strong>da</strong>de: mediana; (ii) para medir dispersão: percentil,<br />

quartil; (iii) para medir associação ou correlação: correlação por postos, rs de Spearman, τ<br />

(tau) de Ken<strong>da</strong>ll; (iv) para medir significância: teste de Mann-Whitney; e (v) para medir<br />

aderência: Qui-quadrado, teste G.<br />

Ockert (2005) defende que os <strong>da</strong>dos oriundos <strong>da</strong>s escalas tipo Likert permitem apenas a<br />

relação de equivalência (=) e a relação de comparação (> ou


3) + (d x 2) + (e x 1) / n . Onde: a, b, c, d, e representam o número de respostas<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong> grau. Onde: n representa o número total de respostas.<br />

Como a média não é o parâmetro estatístico adequado, a fórmula não é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Observa-se, desta forma, que a necessi<strong>da</strong>de de analisar os <strong>da</strong>dos provenientes de escalas tipo<br />

Likert tem levado os pesquisadores a violarem os princípios estatísticos que vincula o tipo de<br />

teste à natureza <strong>da</strong>s variáveis.<br />

Osinski e Bruno (1998) dizem sobre as escalas Likert:<br />

Si ciertamente estos conjuntos no se ajustan a una medi<strong>da</strong> de intervalos, como<br />

tradicionalmente se asume, parece absolutamente necesario desarrollar nuevos<br />

conjuntos de cuantificadores que si alcancen dicho nivel de medi<strong>da</strong><br />

A análise dos <strong>da</strong>dos coletados por meio de escalas Likert, <strong>da</strong><strong>da</strong> a sua natureza, pode ser feita<br />

por meio de testes não-paramétricos. Neste trabalho se faz a proposta que a análise de <strong>da</strong>dos<br />

decorrentes de pesquisas com escalas Likert seja feita por meio <strong>da</strong> lógica paraconsistente. Da<br />

Costa et al. (1999, p.37) afirmam que<br />

A lógica paraconsistente pode ser aplica<strong>da</strong> para modelar conhecimentos por meio<br />

de procura de evidências, de tal forma que os resultados obtidos são aproximados<br />

do raciocínio humano. [...] A lógica paraconsistente pode modelar o<br />

comportamento humano e assim ser aplica<strong>da</strong> em sistemas de controle, porque se<br />

apresenta mais completa e mais adequa<strong>da</strong> para tratar situações reais, com<br />

possibili<strong>da</strong>des de, além de tratar inconsistências, também contemplar a indefinição.<br />

Este tipo de análise confere ao trabalho robustez demonstrativa. Moles (1981, p.38) afirma<br />

que o valor de uma demonstração é o <strong>da</strong> convicção realiza<strong>da</strong> no espírito do receptor e ela<br />

depende, portanto de: (1) <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de dos elementos de evidência empregados; e (2) <strong>da</strong><br />

solidez <strong>da</strong> construção feita. Tal demonstração, entretanto, difere <strong>da</strong> persuasão ou<br />

convencimento. O trabalho <strong>da</strong> ciência, dizem Goode e Hatt (1977, p.25), não é persuadir ou<br />

convencer, mas demonstrar que, <strong>da</strong><strong>da</strong>s certas condições, seguem-se inevitavelmente<br />

determinados acontecimentos. E concluem:<br />

A persuasão ou conversão podem ser sistemáticas; podem até usar resultados<br />

científicos; mas elas diferem fun<strong>da</strong>mentalmente <strong>da</strong> simples demonstração. Sua<br />

função é a de convencer que alguma coisa é certa, boa, apropria<strong>da</strong>, ou de alguma<br />

outra maneira desejável. A demonstração visa a somente afirmar que uma<br />

determina<strong>da</strong> relação existe independentemente <strong>da</strong> sua bon<strong>da</strong>de, exatidão ou beleza.<br />

É pertinente complementar o objetivo específico deste trabalho que fica assim definido:<br />

propor um método qualitativo de interpretação e síntese de informação obti<strong>da</strong> por meio de<br />

escalas Likert utilizando a lógica paraconsistente. Dado este objetivo, dois constructos<br />

revelam-se importantes: escala de opiniões e atitudes e lógica paraconsistente. São abor<strong>da</strong>dos<br />

a seguir.<br />

1.1-Escalas<br />

Uma escala é um instrumento científico de observação e mensuração de fenômenos sociais.<br />

Ander-Egg (1978, p.141) afirma que a escala foi idealiza<strong>da</strong> com a finali<strong>da</strong>de de medir a<br />

intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s atitudes e opiniões na forma mais objetiva possível. Escalas com vistas a<br />

medir opiniões e atitudes são geralmente conhecidos como questionários de opiniões e<br />

atitudes –QOA.<br />

As escalas de opiniões e atitudes são usa<strong>da</strong>s para aferir diversos aspectos de sujeitos e muito<br />

aplicados pelas organizações para conhecer aspetos relacionados a pessoas tanto internas<br />

quanto externas. Há inúmeros tipos de escalas, inúmeras técnicas que transformam uma série<br />

3


de fatos qualitativos em fatos quantitativos ou variáveis, às quais se pode aplicar processos de<br />

mensuração e de análise estatística. Em Marconi e Lakatos (1986, p.88) pode-se encontrar<br />

algumas. Ander-Egg (1978:142) indica seis tipos de escalas: (i) de ordenação (de pontos, de<br />

classificação direta; de comparações binárias); (ii) de intensi<strong>da</strong>de; (iii) de distância social (de<br />

Bogardus; de Dood; de Crespi); (iv) de Thurstone; (v) de Guttman e (vi) de Likert.<br />

Selltiz, et al. (1987, p.49) argumentam que é necessário distinguir claramente escalas e<br />

dimensões, uma vez que os termos são utilizados com frequência considerável na pesquisa<br />

<strong>da</strong>s ciências sociais:<br />

Ao falar de escalas estamos nos referindo às técnicas emprega<strong>da</strong>s na combinação<br />

de uma ou mais mensurações com o objetivo de estabelecer um único escore para<br />

ca<strong>da</strong> indivíduo. A dimensão dos <strong>da</strong>dos é a inferência, a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong>s<br />

escalas, de que uma característica subjacente existe, e que descreve os casos a nível<br />

conceitual. Uma escala somatória, consiste em uma série de itens, aos quais são<br />

solicita<strong>da</strong>s respostas.<br />

As escalas de Likert, ou escalas soma<strong>da</strong>s, também denomina<strong>da</strong>s “escalas de categoria<br />

específica” (KRECH e GRUTCHFIELD, 1948) requerem que os entrevistados indiquem seu<br />

grau de concordância ou discordância com declarações relativas à opinião ou atitude que está<br />

sendo medi<strong>da</strong>. Atribui-se valores numéricos e/ou sinais às respostas para refletir a força e a<br />

direção <strong>da</strong> reação do entrevistado à declaração. As declarações de concordância devem<br />

receber valores positivos ou altos enquanto as declarações <strong>da</strong>s quais discor<strong>da</strong>m devem receber<br />

valores negativos ou baixos (BAKER, 1995).<br />

Spector (1995, p1) afirma que a escala de Likert como qualquer outra escala possui quatro<br />

características que uma escala deve possuir: (i) uma escala contém muitos itens; (ii) ca<strong>da</strong> item<br />

mede algo que tem um espectro contínuo; (iii) não há uma resposta “certa” para o item; e (iv)<br />

ca<strong>da</strong> item na escala é uma proposição e o respondente é solicitado a <strong>da</strong>r um valor a ca<strong>da</strong><br />

proposição.<br />

As principais vantagens <strong>da</strong>s Escalas Likert em relação às outras, segundo Mattar (2001) são a<br />

simplici<strong>da</strong>de de construção; o uso de afirmações que não estão explicitamente liga<strong>da</strong>s à<br />

atitude estu<strong>da</strong><strong>da</strong>, permitindo a inclusão de qualquer item que se verifique, empiricamente, ser<br />

coerente com o resultado final; e ain<strong>da</strong>, a amplitude de respostas permiti<strong>da</strong>s apresenta<br />

informação mais precisa <strong>da</strong> opinião do respondente em relação a ca<strong>da</strong> afirmação. Como<br />

desvantagem, por ser uma escala essencialmente ordinal, não permite dizer quanto um<br />

respondente é mais favorável a outro, nem mede o quanto de mu<strong>da</strong>nça ocorre na atitude após<br />

expor os respondentes a determinados eventos.<br />

Diferenciais semânticos<br />

As Escalas destina<strong>da</strong>s a medir opiniões e atitudes fazem uso de diferenciais semânticos que<br />

são apresentados variando qualitativamente em grau, desde o mais baixo nível ao mais<br />

elevado. A conceito de “diferencial semântico” indica que as expressões utiliza<strong>da</strong>s variam de<br />

sentido gra<strong>da</strong>tivamente num contínuum. Os sujeitos pesquisados são instados a escolher entre<br />

diversas opções, marcando aquela que mais se aproxima <strong>da</strong> sua atitude ou opinião. Não há um<br />

padrão para a descrição do diferencial semântico, mas os modelos abaixo são muito usados:<br />

1-desaprovo totalmente; 2-desaprovo em parte; 3-neutro; 4-concordo em parte; 5concordo<br />

totalmente;<br />

1-significativamente menos importante; 2-menos importante; 3-igualmente<br />

importante; 4-mais importante; 5-significativamente mais importante.<br />

4


Uma escala pode conter diferentes diferenciais semânticos, mas deve ficar claro para o<br />

respondente a mu<strong>da</strong>nça de diferencial. Para maiores estudos sobre o grau diferencial<br />

semântico, recomen<strong>da</strong>-se Boyd e Westfall (1978) e Pereira(1986).<br />

A não inclusão <strong>da</strong> categoria central nos diferenciais semânticos pode conduzir a uma<br />

tendência e forçar os respondentes a marcarem a direção que eles estão “inclinados”. Há<br />

escalas de Likert variando de quatro a onze categorias, mas as escalas de quatro e cinco<br />

categorias são, realmente, as mais populares (JOHNSON, 2002). Um outro problema que se<br />

tem com a categoria do meio é que o respondente tende a selecionar essa resposta quando não<br />

sabe ou não tem experiência (AKINS, 2002).<br />

<strong>Análise</strong> de <strong>da</strong>dos coletados<br />

Uma escala tipo Likert não tem “questões”; tem “proposições” isto é, afirmativas às quais o<br />

respondente dá seu grau de concordância dependendo do diferencial semântico utilizado. A<br />

um conjunto coerente de proposições que abor<strong>da</strong>m um tópico ou assunto <strong>da</strong>mos o nome de<br />

fator. A análise dos <strong>da</strong>dos coletados por meio dessas escalas é feita por proposição e por fator.<br />

A tabela 1 mostra um fator (quali<strong>da</strong>de do atendimento de um restaurante) composto de oito<br />

proposições. O diferencial semântico utilizado é do tipo “discordo totalmente” (DT),<br />

“discordo” (D), “indiferente” (I), “concordo” (C) e “concordo totalmente”.<br />

Tabela 1: <strong>Análise</strong> de um fator em escala Likert<br />

Diferencial Semântico<br />

Proposições QT<br />

DT D I C CT<br />

A quali<strong>da</strong>de dos pratos é boa 0 2 21 65 10 98 C 12,5 85,5 87,2<br />

A varie<strong>da</strong>de dos pratos é grande 7 45 33 10 3 98 D 68,5 29,5 30,1<br />

A TV no ambiente é agradável 58 11 20 6 3 98 DT 79,0 19,0 19,4<br />

O ambiente é higiénico/limpo 0 3 60 20 15 98 I 33,0 65,0 66,3<br />

Posso pagar de diversas formas 0 1 43 45 9 98 C 22,5 75,5 77,0<br />

O atendimento é pronto 11 18 35 29 5 98 I 46,5 51,5 52,6<br />

Os atendentes são simpáticos 1 6 33 32 26 98 C 23,5 74,5 76,0<br />

Os manobristas são confiáveis 32 23 11 19 13 98 D 60,5 37,5 38,3<br />

346 438<br />

Cf Df<br />

Mediana<br />

Observa<strong>da</strong><br />

Discor<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong><br />

proposição (Dp)<br />

Concor<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong><br />

proposição (Cp)<br />

784 0,4413 0,5587<br />

μ2 μ1<br />

Grau de<br />

Concordância <strong>da</strong><br />

proposição (GCp)<br />

Legen<strong>da</strong>: Proposições: lista de oito proposições para avaliar quali<strong>da</strong>de de atendimento de um restaurante.<br />

Colunas DT, D, I, C, T: quanti<strong>da</strong>de de respondentes que optaram pelas colunas do diferencial semântico. QT=<br />

quanti<strong>da</strong>de total de respondentes; Mediana= coluna dentro do referencial semântico na qual se encontra o<br />

respondente 49 (=98/2); Dp=Discor<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> proposição: quanti<strong>da</strong>de de respondentes discor<strong>da</strong>ntes=<br />

(D+DT+0.5*I); Cp=Concor<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> proposição: quanti<strong>da</strong>de de respondentes concor<strong>da</strong>ntes= (C+CT+0.5*I);<br />

GCp=Grau de concordância <strong>da</strong> proposição calculado de acordo com a equação (3); Df=Discor<strong>da</strong>ntes do Fator;<br />

Cf=Concor<strong>da</strong>ntes do Fator; μ1= crença de que as proposições como um todo sejam ver<strong>da</strong>deiras (438/784); 2=<br />

descrença de que as proposições como um todo sejam ver<strong>da</strong>deiras (346/784). Valores ilustrativos. Fonte:<br />

Autores.<br />

No exemplo mostrado na tabela 1, o questionário obteve respostas de 98 respondentes e foram<br />

anota<strong>da</strong>s as quanti<strong>da</strong>des de respondentes a ca<strong>da</strong> diferencial semântico. Para se obter o<br />

“sentido geral” <strong>da</strong>s respostas usa-se a posição mediana. No exemplo, busca-se a opinião do<br />

respondente 98/2=49 a partir <strong>da</strong> coluna <strong>da</strong> esquer<strong>da</strong>. Na primeira linha temos os valores<br />

5


0+2+21+65+10. O respondente 49 encontra-se na coluna C, pelo que a mediana <strong>da</strong> primeira<br />

proposição é C, de “concordo”.<br />

Para se calcular os discor<strong>da</strong>ntes de ca<strong>da</strong> proposição utiliza-se a proposta de Macnaughton<br />

(1996): somam-se os valores <strong>da</strong>s colunas DT e D e adiciona-se 50% do valor de “indiferente”.<br />

De forma semelhante se calcula os concor<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> proposição: C+CT+0.5 I. Ou seja: as<br />

quanti<strong>da</strong>des de respondentes discor<strong>da</strong>ntes e concor<strong>da</strong>ntes de ca<strong>da</strong> proposição são calcula<strong>da</strong>s<br />

de acordo com as equações (1).<br />

D I<br />

C C CT I<br />

p DT D <br />

2<br />

p <br />

(1)<br />

2<br />

Pode-se dizer, desta forma, que dos 98 respondentes 12,5 responderam discor<strong>da</strong>ntemente à<br />

proposição 1 e 85,5 responderam concor<strong>da</strong>ntemente.<br />

Procedimento semelhante é feito para se calcular a quanti<strong>da</strong>de de respondentes discor<strong>da</strong>ntes e<br />

concor<strong>da</strong>ntes do fator, isto é, de to<strong>da</strong>s as proposições. Para calcular tais quanti<strong>da</strong>des se aplica<br />

as equações (2).<br />

<br />

<br />

I<br />

DT D <br />

C C CT <br />

I<br />

D f <br />

f<br />

(2)<br />

2<br />

2<br />

Além <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de respostas discor<strong>da</strong>ntes e concor<strong>da</strong>ntes, para ca<strong>da</strong> proposição é possível<br />

estabelecer um indicador de “grau de concordância”. O grau de concordância de ca<strong>da</strong><br />

proposição (GCp) é determinado pelo oscilador estocástico de Wilder Jr. (1981), também<br />

conhecido como indicador de força relativa:<br />

GC<br />

p<br />

<br />

<br />

100 <br />

100 C <br />

p<br />

1<br />

<br />

<br />

Dp<br />

<br />

Para evitar erro de divisão por zero, aos valores Cp e Dp se acrescenta 0,000001. Os valores<br />

do grau de concordância (seja <strong>da</strong> proposição seja do fator) ficam no intervalo [0;100] e é<br />

conveniente haver um acordo quanto ao que é um valor fraco ou forte. Davis (1976, p.70)<br />

propõe uma interpretação que pode ser a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> para os propósitos de concordância e que<br />

pode ser vista no quadro 1. Considerando o exemplo <strong>da</strong>do na tabela 1, se afirmaria que existe<br />

“uma concordância substancial” para a proposição 1 (a quali<strong>da</strong>de dos pratos é boa); já a<br />

proposição 3, com 19,4 mostra que há uma discordância substancial quanto “a TV no<br />

ambiente é agradável”.<br />

Quadro 1: Interpretação de valores<br />

(3)<br />

Valor de GC Frase adequa<strong>da</strong><br />

90 ou mais Uma concordância muito forte<br />

80 a + 89,99 Uma concordância substancial<br />

70 a + 79,99 Uma concordância modera<strong>da</strong><br />

60 a + 69,99 Uma concordância baixa<br />

50 a + 59,99 Uma concordância desprezível<br />

40 a + 49,99 Uma discordância desprezível<br />

30 a + 39,99 Uma discordância baixa<br />

20 a + 29,99 Uma discordância modera<strong>da</strong><br />

10 a + 19.99 Uma discordância substancial<br />

9,99 ou menos Uma discordância muito forte<br />

Fonte: Davis (1976, p.70), a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong><br />

6


Com procedimento semelhante se calcula o grau de concordância do fator (GCf) e se faz a<br />

interpretação <strong>da</strong> mesma forma (quadro 2). A fórmula a aplicar é a (3). Para evitar erro de<br />

divisão por zero, aos valores CF e DF se acrescenta 0,000001.<br />

1.2-<strong>Lógica</strong> <strong>Paraconsistente</strong><br />

GC<br />

F<br />

<br />

<br />

100<br />

100 <br />

CF<br />

<br />

1<br />

<br />

DF<br />

<br />

A lógica paraconsistente (LP) difere <strong>da</strong> lógica clássica. Esta trabalha com um eixo na<br />

dimensão falso-ver<strong>da</strong>deiro; aquela acrescenta um outro eixo na dimensão <strong>da</strong> contradição.<br />

Foge ao escopo do presente trabalho uma descrição histórica ou uma apresentação conceitual<br />

<strong>da</strong> lógica paraconsistente. A <strong>Lógica</strong> <strong>Paraconsistente</strong> está associa<strong>da</strong> a sentenças A , tais que A<br />

e ~A são ver<strong>da</strong>deiras, cujo exemplo clássico é o paradoxo de Liar:<br />

Considere-se a sentença: “Esta sentença não é ver<strong>da</strong>deira”. Temos duas opções: ou<br />

a sentença é ver<strong>da</strong>deira ou não é ver<strong>da</strong>deira. Se ela é ver<strong>da</strong>deira, então o resultado<br />

<strong>da</strong> sentença não é ver<strong>da</strong>deiro; se a sentença não é ver<strong>da</strong>deira, então o resultado <strong>da</strong><br />

sentença é ver<strong>da</strong>deiro.<br />

A LP apresenta, desta forma, uma completude maior do que a lógica formal que “estu<strong>da</strong> pura<br />

e simplesmente o mecanismo do raciocínio” (Maritain; 1983, p.27).<br />

Em Da Costa (1999) tem se que na LP “as anotações são representativas de graus de crença e<br />

descrença atribuídos à proposição, <strong>da</strong>ndo-lhe conotações de valoração”.<br />

O método consiste em estabelecer as proposições e parametrizá-las de forma a<br />

poder “isolar os fatores de maior influência nas decisões e, por meio de<br />

especialistas, obter anotações para esses fatores, atribuindo-lhes um grau de crença<br />

(µ1) e um grau de descrença (µ2)”, é importante observar que esses valores são<br />

independentes e podem variar de 0 a 1. (CARVALHO, 2002).<br />

Exemplos de aplicação <strong>da</strong> LP podem ser encontrados em: Abe (1992), Prado (1996), Da<br />

Costa et al. (1999) e Carvalho (2002). De acordo com Da Costa (1999:19) as lógicas anota<strong>da</strong>s<br />

constituem uma classe de lógicas paraconsistentes e acham-se relaciona<strong>da</strong>s a certo reticulado<br />

completo denominado QUPC- Quadrado Unitário do Plano Cartesiano mostrado na figura 1.<br />

Plano cartesiano<br />

O plano cartesiano divide-se em quatro partes: duas na vertical e duas na horizontal. Na<br />

vertical a parte superior indica inconsistência decorrente de informação conflituosa e a parte<br />

inferior indeterminação por falta de informação. Neste caso, a faixa central é a ideal<br />

denotando informação não-inconsistente e não-conflitante. Nas horizontal o plano cartesiano<br />

divide-se à esquer<strong>da</strong> e à direita de um eixo central: a esquer<strong>da</strong> denota a ocorrência de<br />

falsi<strong>da</strong>de e a direita a ocorrência de ver<strong>da</strong>de.<br />

A interpretação <strong>da</strong> informação no plano cartesiano depende do resultado de duas entra<strong>da</strong>s<br />

(G1, G2). Estas duas entra<strong>da</strong>s exprimem o Grau de Certeza (G1) que se posiciona<br />

horizontalmente (no eixo falsi<strong>da</strong>de-ver<strong>da</strong>de) e o Grau de Contradição (G2) que se posiciona<br />

verticalmente (no eixo indeterminação-inconsistência).<br />

Para se chegar aos graus de Certeza e de Contradição (G1, G2) parte-se de graus de crença 1 e<br />

de descrença 2. Nas aplicações práticas <strong>da</strong> LP, os graus de crença 1 e de descrença 2 de<br />

acordo com Da Costa (1999) são obtidos por processos com conotações valorativas que<br />

7<br />

(3)


utilizam sensores, juízes ou peritos.<br />

Figura 1: QUPC- Quadrado Unitário do Plano Cartesiano<br />

G2<br />

INCONSISTÊNCIA<br />

Informações conflituosas<br />

1<br />

O<br />

(G1; G2)<br />

O<br />

IR<br />

L<br />

S<br />

E<br />

‐1 1<br />

D<br />

A<br />

FA<br />

D<br />

E<br />

R<br />

V<br />

‐1<br />

INDETERMINAÇÃO<br />

Informações insuficientes<br />

Fonte: Carvalho (2002), a<strong>da</strong>ptado.<br />

O método de interpretação do resultado implica em aplicar as “técnicas de maximização (OR)<br />

e de minimização (AND) <strong>da</strong> LP, e chegar a um valor final, que, analisado à luz do quadrado<br />

8<br />

G1<br />

G1=1R - 2R<br />

G2=1R + 2R -1<br />

Basicamente uma aplicação prática de LP consiste nas seguintes etapas:<br />

o Etapa 1: coleta de <strong>da</strong>dos por meio sensores, juízes ou peritos;<br />

o Etapa 2: processo de transdução: conversão dos <strong>da</strong>dos em correspondentes<br />

graus de crença 1 e descrença 2;<br />

o Etapa 3: conversão de crença 1 e descrença 2 em o grau de certeza (G1=<br />

1R - 2R ) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1) utilizando rede lógica<br />

OR e AND apropria<strong>da</strong><br />

o Etapa 4: interpretação do resultado no QUPC- Quadrado Unitário do Plano<br />

Cartesiano.<br />

A etapa 1 consiste em obter as informações sobre um objeto ou evento considerando<br />

múltiplos aspectos (fatores) utilizando sensores, juízes ou peritos e a etapa 2 converte essas<br />

informações sobre os múltiplos aspectos em graus de crença 1 e descrença 2 .<br />

Na etapa 3, por meio de uma rede lógica apropria<strong>da</strong> (figuras 2 e 3), consoante o número de<br />

fatores, os graus de crença 1 e descrença 2 a respeito de ca<strong>da</strong> fator se obtém o grau de<br />

certeza e o grau de contradição (G1, G2) em relação ao objeto como um todo. Este par de<br />

valores (G1, G2) é introduzido no QUPC- Quadrado Unitário do Plano Cartesiano (figura 1)<br />

para ser interpretado<br />

Redes lógicas<br />

As redes lógicas são utiliza<strong>da</strong>s na etapa 3 e fazem a conversão de crença 1 e descrença 2 em<br />

um certo grau de certeza (G1= 1R - 2R ) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1). Deve ser<br />

utiliza<strong>da</strong> a rede lógica OR e AND apropria<strong>da</strong> à quanti<strong>da</strong>de de fatores. Redes lógicas com seus<br />

conectivos OR e AND podem ser vistas em Da Costa et al. (1999). As figuras 2A e 2B<br />

ilustram a aplicação dos conectivos OR e AND no caso de dois e quatro fatores; a figura 3<br />

ilustra os casos de cinco e seis fatores. Para o caso de três fatores, ver figura 4.


unitário do plano cartesiano real (QUPC), figura 1, com um determinado grau de exigência,<br />

constitui um valioso subsídio para a decisão final” (CARVALHO, 2002).<br />

Figura 2: Redes lógicas para a conversão de crença 1 e descrença 2 em um certo grau de<br />

certeza (G1= 1R - 2R ) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1) com conectivos OR e AND<br />

para 2 e 4 fatores.<br />

(A) (B)<br />

Fonte: Da Costa et al. (1999, p172), a<strong>da</strong>ptado.<br />

Figura 3: Redes lógicas para a conversão de crença 1 e descrença 2 em um certo grau de<br />

certeza (G1= 1R - 2R ) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1) com conectivos OR e AND<br />

para 5 e 6 fatores.<br />

(A) (B)<br />

Fonte: Da Costa et al. (1999, p.158 e 179), a<strong>da</strong>ptado.<br />

9


2-Modelo proposto<br />

O modelo aqui proposto para interpretação e síntese de informação obti<strong>da</strong> por escala Likert<br />

basicamente aplica o processo de análise e interpretação pela lógica paraconsistente, tendo<br />

como “juízes” as opiniões coleta<strong>da</strong>s por meio de pesquisas com tal escala.<br />

Fazendo um paralelo com as etapas acima defini<strong>da</strong>s, o modelo proposto consiste nas quatro<br />

etapas descritas acima com algumas características específicas acresci<strong>da</strong> de uma etapa final:<br />

o Etapa 1: coleta de <strong>da</strong>dos por meio de escalas Likert. Os respondentes fazem o papel<br />

de sensores, juízes ou peritos.<br />

o Etapa 2: processo de transdução: conversão dos <strong>da</strong>dos obtidos em relação aos<br />

fatores em correspondentes graus de crença 1 e descrença 2. Ver Tabela 1<br />

exemplo de cálculo de 1 e 2 em relação a um fator.<br />

o Etapa 3: conversão de crença 1 e descrença 2 em o grau de certeza (G1= 1R -<br />

2R) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1) utilizando rede lógica OR e AND<br />

apropria<strong>da</strong><br />

o Etapa 4: interpretação do resultado no QUPC- Quadrado Unitário do Plano<br />

Cartesiano.<br />

o Etapa 5: processo de normalização. Como o eixo do grau de certeza vai de [-1;1] é<br />

possível submeter o resultado obtido a uma normalização para que o resultado final<br />

se expresse no intervalo de [0 ; 1].<br />

Observa-se que a metodologia proposta não é quantitativa, o que é uma prática defendi<strong>da</strong> por<br />

muitos autores. Zaltman (1995), por exemplo, argumenta que diversos aperfeiçoamentos nas<br />

técnicas tradicionais quantitativas e qualitativas ampliaram a habili<strong>da</strong>de dos pesquisadores<br />

para coletar <strong>da</strong>dos válidos, atuais e confiáveis. Quanto às normas convencionais de ciência,<br />

diz Zaltman, é de que elas fazem com que a preocupação com a vali<strong>da</strong>de e com a<br />

confiabili<strong>da</strong>de seja, desproporcionalmente, mais importante do que determinar se o assunto a<br />

ser pesquisado será interessante para a ampliação do conhecimento do campo específico. Tais<br />

normas encorajam o pesquisador, prematuramente, a desconsiderar, ou rejeitar, como<br />

irrelevante, algo que poderia ter relevância para a ciência. Para evitar que isso ocorra, Zaltman<br />

sugere que o pesquisador, inicialmente, questione se a idéia pode ser importante, e se pode ser<br />

ver<strong>da</strong>deira, não importando se é pouco provável que venha a ser ver<strong>da</strong>deira. Se a resposta for<br />

positiva, ele poderá preocupar-se com a vali<strong>da</strong>de, já que, uma vez estabeleci<strong>da</strong> a importância,<br />

muito mais facilmente se determina a vali<strong>da</strong>de.<br />

Transdução<br />

A Etapa 2 refere-se a um processo de transdução. Um transdutor é qualquer dispositivo capaz<br />

de transformar um tipo de sinal em outro tipo com o objetivo de transformar um tipo de<br />

informação em outro tipo (SIMONDON, 1964, p. 5). No presente caso o processo de<br />

transdução consiste em, a partir <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s pelos respondentes sobre um determinado<br />

fator, atribuir um grau de crença (µ1) e um grau de descrença (µ2). Estes graus de crença e<br />

descrença na<strong>da</strong> mais são do que as proporções de respostas concor<strong>da</strong>ntes e discor<strong>da</strong>ntes ao<br />

fator como ilustrou a tabela 1. As fórmulas de transdução são as seguintes:<br />

I<br />

I<br />

C C CT<br />

D DT D <br />

<br />

<br />

f<br />

f<br />

<br />

2<br />

<br />

2<br />

1<br />

<br />

(4)<br />

2<br />

n f<br />

n f<br />

n f<br />

n f<br />

onde Df e Cf são respectivamente as quanti<strong>da</strong>des de respostas discor<strong>da</strong>ntes e concor<strong>da</strong>ntes<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s ao fator e nf é a quanti<strong>da</strong>de de respostas totais.<br />

10


Normalização e interpretação do resultado<br />

Buscando uniformizar a linguagem de forma a possibilitar ulteriores comparações, o modelo<br />

proposto possui a etapa 5 na qual é feita a normalização do resultado para que o resultado<br />

final se expresse no intervalo de [0; 1].<br />

Sendo grau de certeza <strong>da</strong>do por G1= 1R - 2R, o grau de certeza normalizado G1n é<br />

<strong>da</strong>do pela fórmula:<br />

G1<br />

( 1)<br />

G1<br />

1<br />

G1 <br />

(5)<br />

n<br />

1<br />

( 1)<br />

2<br />

Sendo grau de contradição <strong>da</strong>do por G2 = 1R+2R -1 o grau de contradição<br />

normalizado G2n é <strong>da</strong>do por<br />

G2<br />

( 1)<br />

G2<br />

1<br />

G2 <br />

(6)<br />

n<br />

1<br />

( 1)<br />

2<br />

Já que os valores grau de certeza normalizado G1n e grau de contradição normalizado G2n<br />

podem cair em qualquer lugar entre 0 e 1, é recomendável haver um acordo quanto ao que é<br />

um valor fraco e forte. Davis (1976, p.70) propõe uma interpretação que é aqui utiliza<strong>da</strong>,<br />

como mostra o quadro 2, para expressar interpretação e síntese <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s.<br />

Quadro 2 – Convenção para descrever a interpretação e síntese de informação obti<strong>da</strong> por<br />

escala Likert no que concerne ao grau de certeza normalizado G1n e ao grau de contradição<br />

normalizado G2n .<br />

Grau de certeza normalizado G1n<br />

Expressa o quanto os sujeitos aderem às proposições<br />

do fator (eixo horizontal no QUPC)<br />

Valor<br />

Observado Interpretação recomen<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

Grau de contradição normalizado G2n<br />

Expressa a quali<strong>da</strong>de dos <strong>da</strong>dos utilizados (eixo<br />

vertical no QUPC)<br />

Valor<br />

Observado Interpretação recomen<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

0,900 ou mais Aderência ampla 0,900 ou mais Dados muito contraditórios<br />

0,700 a 0,899 Aderência substancial 0,700 a 0,899 Dados conflitantes<br />

0,300 a 0,699 Aderência modera<strong>da</strong> 0,300 a 0,699 Dados consistentes<br />

0,100 a 0,299 Aderência baixa 0,100 a 0,299 Dados incompletos<br />

0 a 0,099 Aderência desprezível 0 a 0,099 Dados que são ignorados<br />

Fonte: Davis (1976, p.70), a<strong>da</strong>ptado.<br />

2.1 Exemplo<br />

Um pequeno exemplo pode ilustrar bem o método de interpretação e síntese de informação<br />

obti<strong>da</strong> por escalas Likert, aqui proposto. O que se segue é o extrato muito simplificado de<br />

uma pesquisa com base numa escala Likert extraí<strong>da</strong> de Santos (2011), que investigou o grau<br />

de associação entre a resiliência do gestor e o sucesso do seu empreendimento. Embora a<br />

pesquisa se tenha ocupado de cinco fatores (foco, flexibili<strong>da</strong>de, organização, positivi<strong>da</strong>de e<br />

pró-ação), neste exemplo, levou-se em conta apenas três, como mostra a tabela 2. A pesquisa<br />

original continha 37 proposições, algumas com sentido invertido, isto é, formula<strong>da</strong>s de forma<br />

a que o valor mais desejado se situasse na coluna “DT”. A questão inverti<strong>da</strong>, cuja resposta<br />

mais valora<strong>da</strong> é 1 é tabula<strong>da</strong> normalmente e, a seguir é feita a conversão utilizando-se a<br />

função y=6-x, onde y é o novo valor e x o originalmente respondido. <strong>Por</strong> exemplo, se um<br />

respondente apontou a coluna 4 (C) a conversão geraria a coluna 2 (D): y=6-4=2.<br />

Segue-se uma descrição, a título ilustrativo, considerando as cinco etapas propostas.<br />

11


Tabela 2: Tabulação dos <strong>da</strong>dos referentes aos fatores de resiliência de gestores.<br />

Foco (FC)<br />

Proposições<br />

Diferencial Semântico<br />

DT D I C CT<br />

Discor<strong>da</strong>ntes<br />

<strong>da</strong><br />

proposição<br />

Concor<strong>da</strong>nte<br />

s <strong>da</strong><br />

proposição<br />

Grau de<br />

Concordânci<br />

a <strong>da</strong><br />

proposição<br />

Consigo alcançar meus objetivos em situaçoes de mu<strong>da</strong>nças. 0 2 18 30 10 60 C 11.0 49.0 81.7<br />

Tenho habili<strong>da</strong>de de equilibrar minhas perspectivas. 3 21 23 10 3 60 I 35.5 24.5 40.8<br />

Tenho uma visao clara do que quero realizar. 27 11 11 6 5 60 D 43.5 16.5 27.5<br />

Acredito que a preparaçao me permite influenciar o futuro. 25 3 10 10 12 60 I 33.0 27.0 45.0<br />

123 117<br />

Cf Df<br />

240 0.5125 0.4875<br />

μ2 μ1<br />

Flexibili<strong>da</strong>de (FX)<br />

Tenho agili<strong>da</strong>de entusiasmo ao enfrentar adversi<strong>da</strong>des. 5 18 15 10 12 60 C 30.5 29.5 49.2<br />

Permaneço relativamente calmo em ambientes imprevisíveis. 21 10 7 11 11 60 D 34.5 25.5 42.5<br />

(-) Me sinto vítima <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças * 3 6 20 18 13 60 C 19.0 41.0 68.3<br />

(-)Me surpreendo com mu<strong>da</strong>nças inevitáveis * 11 3 8 13 25 60 C 18.0 42.0 70.0<br />

102 138<br />

Cf Df<br />

240 0.4250 0.5750<br />

μ2 μ1<br />

Positivi<strong>da</strong>de (OS)<br />

Acredito que os próximos anos trarão mais deman<strong>da</strong>s para mu<strong>da</strong>nç 7 8 6 11 28 60 C 18.0 42.0 70.0<br />

(-) Vejo a crise <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça como ameaçadora *. 4 7 3 19 27 60 C 12.5 47.5 79.2<br />

(-) Acredito que se algo pode <strong>da</strong>r errado, vai <strong>da</strong>r errado*. 5 7 8 23 17 60 C 16.0 44.0 73.3<br />

Acredito que a vi<strong>da</strong> geralmente é recompensadora. 21 4 13 12 10 60 I 31.5 28.5 47.5<br />

Acredito que por trás <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças existem surpresas. 15 13 6 14 12 60 I 31.0 29.0 48.3<br />

109 191<br />

Cf Df<br />

QT<br />

Mediana<br />

Observa<strong>da</strong><br />

300 0.3633 0.6367<br />

μ2 μ1<br />

Legen<strong>da</strong>: Extrato <strong>da</strong> tabulação <strong>da</strong>s respostas <strong>da</strong><strong>da</strong>s por 103 respondentes sobre os fatores que consideravam mais<br />

impactantes no processo de aprendizagem organizacional referentes ao Ciclo de Aquisição do Conhecimento. A<br />

primeira coluna indica o número <strong>da</strong> proposição e o sinal dela: se negativo a resposta CT é converti<strong>da</strong> em DT e<br />

assim sucessivamente. Colunas a a e: diferencial semântico adotado: DT=discordo totalmente; D=Discordo;<br />

I=Indiferente; C=Concordo e CT=Concordo totalmente. Mediana: coluna que contém a mediana.Dp: respostas<br />

discor<strong>da</strong>ntes com a proposição; Cp: respostas concor<strong>da</strong>ntes com a proposição; GCp: grau de concordância com<br />

a proposição. * Questão inverti<strong>da</strong> já devi<strong>da</strong>mente converti<strong>da</strong>. O sinal (-) que indica questão inverti<strong>da</strong> não aparece<br />

ao respondente. Fonte: Santos (2011) a<strong>da</strong>ptado.<br />

o Etapa 1: coleta de <strong>da</strong>dos por meio de escalas Likert. Os respondentes fazem o papel<br />

de sensores, juízes ou peritos.<br />

Esta etapa consiste na coleta de <strong>da</strong>dos por meio de escala Likert. A tabela 2 mostra os<br />

resultados obtidos. Esta tabela exibe três fatores (foco, flexibili<strong>da</strong>de e positivi<strong>da</strong>de) e as<br />

proposições referentes a ca<strong>da</strong> fator. O número de proposições por fator não precisa ser o<br />

mesmo. Se houver questões inverti<strong>da</strong>s elas devem ser trata<strong>da</strong>s.<br />

o Etapa 2: processo de transdução: conversão dos <strong>da</strong>dos obtidos em relação aos<br />

fatores em correspondentes graus de crença 1 e descrença 2.<br />

Para ca<strong>da</strong> fator é calculado o grau de crença 1 e descrença 2. No caso do fator foco, por<br />

exemplo, há quatro proposições e ca<strong>da</strong> uma obteve 60 respostas, <strong>da</strong>ndo um total de 240<br />

respostas. Somando as respostas obti<strong>da</strong>s nas colunas DT+D+I/2 se chega a um total de 123<br />

respostas discor<strong>da</strong>ntes. A relação 123/240 expressa o grau de descrença ao fator foco: 2=<br />

123/240=0,5125. De forma semelhante se calcula o grau de crença ao fator foco: 1=<br />

117/240=0,4875. De forma semelhante são calculados os graus de crença 1 e descrença 2<br />

dos outros fatores. Observar que como a escala Likert apresenta o diferencial de forma<br />

crescente é conveniente considerar primeiro a descrença e, depois, a crença.<br />

12


o Etapa 3: conversão de crença 1 e descrença 2 em o grau de certeza (G1= 1R -<br />

2R) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1) utilizando rede lógica OR e AND<br />

apropria<strong>da</strong>.<br />

A figura 4 exibe a etapa 3, utilizando uma rede OR e AND para 3 fatores. De acordo com<br />

Carvalho (2002) no conectivo OR a saí<strong>da</strong> é o maior valor <strong>da</strong>s duas entra<strong>da</strong>s e no conectivo<br />

AND a saí<strong>da</strong> é o menor valor <strong>da</strong>s duas entra<strong>da</strong>s.<br />

Figura 4: Redes lógica para a conversão de crença 1 e descrença 2 em um certo grau de<br />

certeza (G1= 1R - 2R ) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1) com conectivos OR e AND<br />

para 3 fatores<br />

2a<br />

0,5125<br />

Fator FC<br />

D C<br />

1a<br />

0,4875<br />

2ab<br />

0,5125<br />

2b<br />

0.4250<br />

OR OR<br />

2R<br />

0,3633<br />

Fator FX<br />

D C<br />

1b<br />

0,5750<br />

1ab<br />

0,5750<br />

AND AND<br />

1R<br />

0,5750<br />

2c<br />

0,3633<br />

Fator OS<br />

D C<br />

1c<br />

0,6367<br />

Grau de certeza (G 1= 1R - 2R) = 0,5750 – 0,3633= 0,2117<br />

Grau de contradição (G 2 = 1R+ 2R -1)=0,5750+0,3633-1,00= -0,0617<br />

Fonte: Da Costa et al. (1999, p.158 e 179), a<strong>da</strong>ptado.<br />

Como se pode ver pela figura 4, a rede de conectivos OR e AND para três fatores converteu<br />

os graus de crença 1 e descrença 2 em um certo grau de certeza (G1= 1R - 2R ) e grau de<br />

contradição (G2 = 1R+2R -1). Ao término desta etapa tem-se, para os três fatores, o par de<br />

valores (G1, G2) valendo (0,2117; -0,0617).<br />

o Etapa 4: interpretação do resultado no QUPC- Quadrado Unitário do Plano<br />

Cartesiano.<br />

O grau de certeza de 0,2117 situa-se à direita do eixo central, estando distante do valor<br />

unitário que expressa a “ver<strong>da</strong>de”; o grau de contradição -0,0617 está praticamente sobre o<br />

eixo horizontal denotando que não há ausência de informação nem informações conflituosas.<br />

A figura 5 mostra o resultado obtido posicionado no QUPC- Quadrado Unitário do Plano<br />

Cartesiano. Observar que os valores 0,2117 e -0,0617 referem-se a medi<strong>da</strong>s posiciona<strong>da</strong>s em<br />

escalas cujo intervalo vai de -1 a 1. Para facilitar o entendimento e a interpretação é<br />

recomendável a normalização, isto é, a conversão desses valores em escalas cujo intervalo vai<br />

de 0 a 1.<br />

A etapa final consiste em normalizar os <strong>da</strong>dos obtidos na etapa anterior. O grau de certeza<br />

normalizado G1n é <strong>da</strong>do pela fórmula:<br />

G1<br />

( 1)<br />

G1<br />

1<br />

0,<br />

2117 1<br />

G1n 0,<br />

6059 (8)<br />

1<br />

( 1)<br />

2 2<br />

O grau de contradição normalizado G2n é <strong>da</strong>do por<br />

13


G2<br />

( 1)<br />

G2<br />

1<br />

0,<br />

0617 1<br />

G2n <br />

0,<br />

4692 (9)<br />

1<br />

( 1)<br />

2 2<br />

Figura 5: QUPC- Quadrado Unitário do Plano Cartesiano para interpretação do resultado<br />

G2<br />

INCONSISTÊNCIA<br />

Informações conflituosas<br />

1<br />

O<br />

L<br />

S<br />

O<br />

E<br />

IR<br />

‐1 1<br />

D<br />

A<br />

FA<br />

D<br />

E<br />

R<br />

(0,2117; -0,0617<br />

V<br />

‐1<br />

INDETERMINAÇÃO<br />

Informações insuficientes<br />

Grau de certeza (G 1= 1R - 2R) = 0,5750 – 0,3633= 0,2117<br />

Grau de contradição (G 2 = 1R+ 2R -1)=0,5750+0,3633-1,00= -0,0617<br />

Fonte: Carvalho (2002), a<strong>da</strong>ptado<br />

o Etapa 5: processo de normalização. Como o eixo do grau de certeza vai de [-<br />

1;1] é possível submeter o resultado obtido a uma normalização para que o<br />

resultado final se expresse no intervalo de [0 ; 1].<br />

Fazendo uso <strong>da</strong> convenção para descrever a interpretação e síntese <strong>da</strong> informação obti<strong>da</strong> por<br />

escala Likert no que concerne ao grau de certeza normalizado G1n e ao grau de contradição<br />

normalizado G2n, convenção essa conti<strong>da</strong> no quadro 2, pode-se afirmar que os respondentes,<br />

no que concerne aos três fatores considerados (foco, flexibili<strong>da</strong>de, positivi<strong>da</strong>de) referentes à<br />

resiliência dos gestores<br />

com <strong>da</strong>dos que podem ser considerados consistentes (G2n=0,4692)<br />

possuem uma aderência modera<strong>da</strong> (G1n=0,6059).<br />

3 – Conclusões<br />

O exemplo utilizado, ain<strong>da</strong> que simples, parece demonstrar que o modelo proposto, dentro <strong>da</strong>s<br />

limitações inerentes a um método qualitativo, é útil para interpretar e sintetizar a informação<br />

obti<strong>da</strong> por meio de escalas Likert.<br />

Os <strong>da</strong>dos oriundos <strong>da</strong>s escalas tipo Likert permitem apenas a relação de equivalência (=) e a<br />

relação de comparação (>) e isto dificulta a análise de <strong>da</strong>dos que pode ser feita apenas por<br />

testes não-paramétricos.<br />

Objetivando contribuir para a solução deste problema, é aqui proposto um método qualitativo<br />

de interpretação e síntese de informação obti<strong>da</strong> por meio de escalas Likert, utilizando a lógica<br />

paraconsistente. O método é fun<strong>da</strong>mentado em cinco etapas:<br />

G1<br />

14


Etapa 1: coleta de <strong>da</strong>dos por meio de escalas Likert tal como é feito usualmente. Ca<strong>da</strong> fator<br />

pesquisado envolve um determinado número de proposições. Os respondentes<br />

fazem o papel de sensores, juízes ou peritos.<br />

Etapa 2: processo de transdução que é a conversão dos <strong>da</strong>dos obtidos em relação aos fatores<br />

em correspondentes graus de crença 1 e descrença 2. É uma etapa simples em<br />

que consiste basicamente determinar a proporção de respostas discor<strong>da</strong>ntes e<br />

concor<strong>da</strong>ntes do fator em relação à quanti<strong>da</strong>de de respostas totais do fator.<br />

Etapa 3: conversão de crença 1 e descrença 2 em o grau de certeza (G1= 1R - 2R) e grau de<br />

contradição (G2 = 1R+2R -1) utilizando rede lógica OR e AND apropria<strong>da</strong>. Os<br />

valores obtidos na etapa precedente são submetidos a uma rede lógica com<br />

conectivos OR e AND. Este trabalho fornece redes para tratamento de dois a seis<br />

fatores. A conversão é simples, bastando seguir as redes pré-defini<strong>da</strong>s: nos<br />

conectivos de tipo OR a saí<strong>da</strong> é o maior valor <strong>da</strong>s duas entra<strong>da</strong>s e nos conectivos<br />

do tipo AND a saí<strong>da</strong> é o menor valor <strong>da</strong>s duas entra<strong>da</strong>s. Ao término desta etapa se<br />

tem os valores resultantes 1R e 2R o que permite calcular o grau de certeza (G1=<br />

1R - 2R) e grau de contradição (G2 = 1R+2R -1).<br />

Etapa 4: interpretação do resultado no QUPC- Quadrado Unitário do Plano Cartesiano. Com<br />

os valores (G1, G2) é possível posicionar o par sobre o QUPC e ter uma noção de<br />

como o par se situa em relação aos dois eixos: o vertical (falsi<strong>da</strong>de-ver<strong>da</strong>de) e o<br />

horizontal (indeterminação-inconsistência).<br />

Etapa 5: processo de normalização. Como o eixo do grau de certeza vai de [-1; 1] é possível<br />

submeter o resultado obtido a uma normalização para que o resultado final se<br />

expresse no intervalo de [0; 1]. Este processo é extremamente simples e consiste<br />

basicamente em adicionar 1 ao valor G1 ou G2 e dividir por 2. Tem-se, então, os<br />

valores normalizados G1n e G2n. Com vistas a uniformizar a linguagem propõe-se<br />

aqui uma convenção para descrever a interpretação e síntese do resultado obtido<br />

(quadro 2).<br />

Referências<br />

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