Por ALEXANDRE Silva Pinto - 2S BFT Em seis de agosto ... - DECEA
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<strong>Por</strong> <strong>ALEXANDRE</strong> <strong>Silva</strong> <strong>Pinto</strong> - <strong>2S</strong> <strong>BFT</strong><br />
O autor é fotógrafo e trabalha na Seção <strong>de</strong> Pessoal Militar do <strong>DECEA</strong><br />
(GAB 3.1).<br />
Passados 60 anos do fim da Guerra, o mundo<br />
continua a fazer um enorme esforço para<br />
compreen<strong>de</strong>r seu próprio tempo. Enten<strong>de</strong>r o<br />
tempo presente nunca foi tarefa fácil. Mas, em<br />
cada época, existem pessoas que, pelo senso<br />
<strong>de</strong> compreensão da situação em que vivem, e<br />
por sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar a sorte das coisas,<br />
parecem estar à frente <strong>de</strong> seu tempo.<br />
No Brasil, na época da Segunda Gran<strong>de</strong><br />
Guerra, existia um homem que <strong>de</strong>cidira apoiar<br />
a <strong>de</strong>mocracia. Optava, não somente pela <strong>de</strong>mocracia,<br />
mas pela liberda<strong>de</strong>, pela justiça social,<br />
quando a Nação, sob a égi<strong>de</strong> <strong>de</strong> Getúlio<br />
Vargas, se aproximava do autoritarismo nazifascista<br />
europeu. Seu nome: Eduardo Gomes.<br />
Ele e a sua geração, os ca<strong>de</strong>tes da turma <strong>de</strong><br />
1916-24, como Siqueira Campos, Luiz Carlos<br />
Prestes, Costa Leite, entre outros, se <strong>de</strong>dicavam<br />
à construção <strong>de</strong> uma nova Nação.<br />
Des<strong>de</strong> muito jovem, esse soldado i<strong>de</strong>alista<br />
lutara por um País melhor e mais justo. Quando<br />
a República Velha agia em nome das conveniências<br />
da Política dos Governadores, do pacto<br />
AEROESPAÇO<br />
Homens à<br />
frente <strong>de</strong><br />
seu tempo<br />
<strong>Em</strong> <strong>seis</strong> <strong>de</strong> <strong>agosto</strong> <strong>de</strong> 1945, os EUA lançaram sobre Hiroxima a primeira bomba atômica da história mundial. Logo após, em<br />
nove <strong>de</strong> <strong>agosto</strong>, outra bomba atômica se precipitava sobre Nagasaki. Com isso, chegava ao fim a Segunda Guerra Mundial,<br />
para além da catástrofe dos cinqüenta milhões <strong>de</strong> mortos e da <strong>de</strong>struição da economia européia, marcando o início <strong>de</strong> uma<br />
nova era que trouxe a globalização, os avanços tecnológicos, a conquista do espaço, as transformações culturais intensas,<br />
a liberalização sexual, o avanço do feminismo, o capitalismo mais humanista com sistema keynesiano, a lenta e constante<br />
passagem do foco <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> leste/oeste para o norte/sul. Resumindo, um mundo novo. Essas transformações foram, e<br />
ainda são, tão intensas que as pessoas mal conseguiam compreen<strong>de</strong>r o mundo em que viviam.<br />
do café-com-leite, do coronelismo, o, então,<br />
Tenente Eduardo Gomes se levantava contra<br />
as injustiças. Fora um dos “Dezoito do Forte <strong>de</strong><br />
Copacabana”, quando o movimento tenentista<br />
irrompeu contra as injustiças da oligarquia da<br />
República Velha. Foi preso, sobreviveu. Entretanto,<br />
quando a oportunida<strong>de</strong> lhe bateu à porta,<br />
não a <strong>de</strong>sperdiçou. Junto com os tenentes,<br />
apoiou a Revolução <strong>de</strong> 1930. Optou, antes<br />
<strong>de</strong> muitos outros, por seguir os caminhos que<br />
levariam a centralização do po<strong>de</strong>r e o fortalecimento<br />
do Estado no Brasil.<br />
Durante as tensões, às vésperas da Segunda<br />
Guerra Mundial, e mais ainda, durante o início<br />
da catástrofe na Europa, <strong>de</strong>clarava abertamente<br />
a sua opção favorável ao alinhamento do<br />
Brasil com os Estados Unidos da América. Esse<br />
alinhamento, na visão do Briga<strong>de</strong>iro Eduardo<br />
Gomes, era a única posição possível diante da<br />
inexorável <strong>de</strong>rrota do Eixo, e uma divisão do<br />
mundo entre os vencedores da Guerra. Quanto<br />
mais as ambigüida<strong>de</strong>s do Estado Novo se<br />
acentuavam, mais o governo Vargas vacilava.<br />
Ao contrário, Eduardo Gomes lutava pela criação<br />
do Ministério da Aeronáutica. O que marcou,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1941, sem dúvida, a tendência <strong>de</strong><br />
virada na política externa brasileira.<br />
Com a criação do Ministério da Aeronáutica<br />
surgiu a Diretoria <strong>de</strong> Rotas Aéreas (DR), a<br />
qual tinha por missão organizar as rotas aéreas<br />
e tornar os vôos mais seguros. Quem po<strong>de</strong>ria<br />
comandar uma missão tão árdua? O piloto<br />
Eduardo Gomes, que realizou o trabalho no<br />
Correio Aéreo Militar (do Exército) com aparelhos<br />
precários, tripulações a instruir, aeródromos<br />
a improvisar nas caatingas, nos pampas,<br />
nas florestas soberbas, nas montanhas impossíveis,<br />
nos vales dos rios inexplorados. <strong>Em</strong>preendimento<br />
único do gênero em todo o mundo,<br />
passou a cortar o Brasil em todas as direções,<br />
consolidando o seu tecido social, aproximando,<br />
promovendo, instruindo. Antes <strong>de</strong> existirem<br />
aviões comerciais no Brasil, a <strong>de</strong>dicação, o<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> organização, a força agremiadora<br />
<strong>de</strong> Eduardo Gomes faziam milagres. Foi <strong>de</strong>ssa<br />
escola que o mestre Eduardo Gomes saiu para
Marechal do Ar Eduardo Gomes<br />
o patrulhamento do nosso litoral, durante a<br />
Segunda Guerra Mundial e, <strong>de</strong>pois, os pilotos<br />
que lutaram nos céus da Itália.<br />
O mundo do pós-guerra foi dividido entre<br />
aqueles que se alinharam aos Estados Unidos<br />
e aqueles que se alinharam à União Soviética<br />
(URSS). A Guerra-Fria, que começara em 1947,<br />
somente terminaria em 1991, com a insolvência<br />
da URSS. Desnecessário dizer que, fazendo<br />
uma análise retrospectiva, mais uma vez, Eduardo<br />
Gomes optara por estar do lado dos vencedores.<br />
Não escolhia os vencedores simplesmente<br />
porque eram mais fortes, e sim porque<br />
cria em algo e lutava para que seus sonhos se<br />
concretizassem. Como dissemos anteriormente,<br />
ele era um i<strong>de</strong>alista. Todavia, suas muitas vitórias<br />
provavam que ele era ainda mais realista.<br />
E, no cerne <strong>de</strong>sse realismo, optara por permanecer<br />
na luta contra o “Varguismo”. Assim,<br />
disputou a eleição presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> 1945, contra<br />
o General do Exército<br />
Eurico Gaspar<br />
Dutra – candidato<br />
apoiado por<br />
Vargas e que, até<br />
bem pouco tempo<br />
antes, festejava<br />
as vitórias das tropas<br />
nazistas – e a<br />
eleição <strong>de</strong> 1950,<br />
contra o próprio<br />
Getúlio. <strong>Em</strong>bora<br />
tenha perdido ambas<br />
eleições, não<br />
esmoreceu, continuou,<br />
como brasileiro e como soldado, à frente<br />
<strong>de</strong> seu tempo, em busca <strong>de</strong> um País melhor e<br />
mais justo.<br />
Mas, o que tem a ver a vida do Briga<strong>de</strong>iro<br />
Eduardo Gomes com o Departamento <strong>de</strong> Controle<br />
do Espaço Aéreo (<strong>DECEA</strong>)? Tudo. A DR,<br />
a qual Eduardo Gomes foi o primeiro comandante,<br />
é o embrião do <strong>DECEA</strong>. A missão da<br />
DR, <strong>de</strong>terminar as rotas aéreas e zelar para o<br />
cumprimento <strong>de</strong>las, era quase impossível, mais<br />
foi cumprida. Com o aumento do número <strong>de</strong><br />
vôos, tornava-se necessário dar maior proteção<br />
a eles. Assim, a DR avançou para a Diretoria<br />
<strong>de</strong> Eletrônica e Proteção ao Vôo (DEPV), que<br />
absorvia, aos olhos dos mais pessimistas, uma<br />
missão gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais: proteger em terra as<br />
aeronaves nos céus, e manter, durante a sua<br />
existência, um dos menores índices <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes<br />
aéreos do mundo. A complexida<strong>de</strong> das funções<br />
da DEPV fizeram que ela crescesse tanto<br />
<strong>Em</strong>bora tenha perdido duas<br />
eleições presi<strong>de</strong>nciais, Eduardo<br />
Gomes não esmoreceu.<br />
Continuou, como brasileiro e<br />
como soldado, à frente <strong>de</strong> seu<br />
tempo, em busca <strong>de</strong> um País<br />
melhor e mais justo.<br />
que se tornou possível, e necessário, alçar novos<br />
vôos. Des<strong>de</strong> 2001, a missão não é mais<br />
somente manter a segurança do vôo e, também,<br />
controlar todo o espaço aéreo brasileiro.<br />
Diante da dimensão do Brasil, dos mais variados<br />
aci<strong>de</strong>ntes geográficos do nosso território e<br />
da escassez <strong>de</strong> recursos públicos investidos nos<br />
últimos anos, a missão, mais uma vez, parece<br />
impossível. Todavia, o <strong>DECEA</strong>, inspirado no seu<br />
mais ilustre pioneiro, o Briga<strong>de</strong>iro Eduardo Gomes,<br />
está à frente do seu tempo. Que venha o<br />
futuro! Que venham novos tempos!<br />
((<br />
A complexida<strong>de</strong> das<br />
funções da DEPV fizeram<br />
que com ela crescesse tanto<br />
que se tornou possível, e<br />
necessário, alçar novos<br />
vôos. Des<strong>de</strong> 2001, a<br />
missão não é mais<br />
somente manter a<br />
segurança do vôo e,<br />
também, controlar todo o<br />
espaço aéreo brasileiro.<br />
AEROESPAÇO<br />
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