abrigos em movimento: - Instituto Fazendo História
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Apresentação<br />
Por UmA reinvenÇÃo dos Abrigos<br />
Do abanDono ao protagonismo<br />
Os <strong>abrigos</strong>, como medida de proteção prevista pelo Estatuto da Criança e do Adolescente,<br />
são uma conquista para a garantia integral dos direitos desses jovens.<br />
Certamente, como diz a lei, deve ser uma medida excepcional e provisória. Mas o<br />
t<strong>em</strong>po de vivência de cada menino e menina no abrigo deve ser pleno de significado,<br />
uma oportunidade imperdível de desenvolvimento.<br />
Possibilitar um novo lugar social para as crianças e jovens significa hoje,<br />
para o abrigo, rever seu próprio lugar e analisar social e culturalmente o seu<br />
significado na rede de pertencimento da sociedade. Contribuir com a<br />
construção dessa nova identidade dos <strong>abrigos</strong> t<strong>em</strong> sido um firme<br />
propósito do Programa Abrigar, ao trabalhar junto com <strong>abrigos</strong><br />
da grande São Paulo e refletir com seus profissionais a alta<br />
complexidade que envolve sua missão e sua identidade.<br />
Dizer que “o abrigo não deve existir” com ele existindo,<br />
cada vez mais cheio de crianças, é algo t<strong>em</strong>eroso e perverso,<br />
pois o coloca num lugar de abandono – s<strong>em</strong> saída,<br />
impedindo sua transformação e impossibilitando o surgimento<br />
de um novo modelo de atendimento.<br />
Assistimos um quadro <strong>em</strong> que a instituição “abrigo” se percebe<br />
negada pela sociedade, tal qual acontece com sua população.<br />
Lidar com o abandono pode trazer o risco de incorporá-lo <strong>em</strong><br />
vez de transformá-lo. Trabalhar com situações de exclusão pode<br />
espelhar e repetir o lugar de excluído. Sobreviver s<strong>em</strong> verbas,<br />
colocar-se no papel de pedinte, alimentar-se das sobras ou do<br />
que está para vencer, ter dificuldade de ocupar uma casa na<br />
comunidade, ser <strong>em</strong>purrado para longe dos recursos culturais<br />
e sociais e, ao mesmo t<strong>em</strong>po, ser encarado como<br />
incompetente e inadequado – esse t<strong>em</strong> sido o difícil<br />
lugar ocupado pelos <strong>abrigos</strong>. Numa<br />
missão originalmente filantrópica e<br />
religiosa, os <strong>abrigos</strong> se identificam e<br />
repet<strong>em</strong> este lugar de carente e necessitado,<br />
e sua população mais uma<br />
vez revive o papel de vítima, menor,<br />
pobre, abandonada.