CSN Sindicato quer proposta com avanços - Jornal Folha do Aço

4 CIDADE
4 a 10 de Junho de 2011 • JORNAL FOLHA DO AÇO
Neuza Jordão vai propor
alterações no Conselho Tutelar
Neuza quem comprovação de participação popular
A Câmara Municipal de Volta
Redonda realiza na próxima
terça-feira (dia 7), a pedido da
vereadora Neuza Jordão (PV),
audiência pública para discutir
alterações no Conselho Tutelar.
Uma das propostas que a parlamentar
quer levar à discussão
é a comprovação de participação
s ocial do postulante ao
cargo. Outra preocupação da
vereadora, e de outros ativistas
na área de Defesa da Criança
e do Adolescente com os quais
ela conversou sobre o tema, é
assegurar que a entidade que
indica um conselheiro seja coresponsável
por sua atuação,
assim como ações e atitudes.
O mais importante, segundo
Neuza Jordão, é que todas
as propostas serão ampla-
mente debatidas entre profissionais
e representantes (municipais,
estaduais e federais),
além do terceiro setor e da
população. “São alteraç ões
importantes, que ao passar do
tempo, as pessoas diretamente
ou indiretamente ligadas ao
trabalho desenvolvido pelo
Conselho Tutelar foram observando”,
ressaltou.
Neuza Jordão lembrou que
o conselheiro tutelar, no cumprimento
de suas atribuições
legais, trabalha diretamente
com pessoas que, na maioria
das vezes, vão ao Conselho
Tutelar ou recebem sua visita
em situações de crises e dificuldades.
“É uma tarefa muito
séria. São histórias de vida
complexas, confusas e diversi-
ficadas. O conselheiro tutelar
tem que saber ouvir e compreender
os casos, são situações
individuais específicas que chegam”,
destacou.
A parlamentar, que milita há
mais de 40 anos na área de
defesa das crianças e adolescentes,
destaca que o Conselho
Tutelar, assim como o Juiz,
aplica medidas aos casos que
atende, mas não as executa.
As medidas de proteção aplicadas
pelo Conselho Tutelar
são para que outros (poder público,
famílias, sociedade) executem.
“O Conselho Tutelar
tem sim o sentido de garantir
e promover direitos”, finalizou
Neuza. A audiência pública de
terça-feira (dia 7) será transmitida
via tw itter @neuzajordao.
Pra que discutir
com madame?
Por Marcelo Amorim
Não sei se preciso ficar
sempre explic ando o título
de minhas c roniquinhas ,
confio na memória de meus
três ou quatro amigos leitores,
por favor, não se ofendam,
mas em todo cas o aí
vai: trata-se de um s ambacanção
dos anos trinta, da
lavra do saudoso Haroldo
Barbosa (Harold Brow n, o
rei das versões music ais,
mais de trez entas , o homem
era imbatível), e geralmente
cantada por João Gilberto
em seus show s.
João Gilberto. Há tempo
estou pra escrever sobre ele
aqui. Vejam v ocês que trata-se
de um patrimônio de
nos sa c ultura, o principal
nome da boss a nova junto
com Tom Jobim, o artis ta, o
gênio e, como tal, meio excêntrico.
Seu repertório nesse
departamento é tão vasto
quanto conhecido, mas
recapitulemos: tem a história
dele querendo poupar a
voz (seu instrumento de trabalho,
afinal) e conversando
ao telefone numa espécie
de código Morse (uma batida:
s im, duas batidas, não;
alguém já lembrou de perguntar
se acaso seria mais
normal que ele quem submetia-se
a es te sistema,
como seu amigo e conterrâneo
Dorival Caymmi).
E ele telefonando a amigos
de madrugada, perguntando
“seus planos para
hoje”, e convidando-os a “dar
um pulinho em Pedra de
Guaratiba”, afinal a noite estava
tão bonita. E dirigindo de
olhos fechados, “guiado apenas
pelas estrelas”. E seguindo
sua curiosa rotina:
acordar às cinco da tarde,
pedir o almoço às onze da
noite (todos os dias no mesmo
restaurante, já amigo do
dono, embora jamais tenham
se visto. A liás, sem
ver sequer o entregador, pe-
dindo para deixarem a comida
no corredor e recolherem
o dinheiro no chão).
Mais histórias assim nos
livros “Chega de Saudade” e
“A Onda que se Ergueu do
Mar”, ambos de Ruy Castro.
Pessoalmente, ainda prefiro
seus discos e, melhor ainda,
seus videozinhos no youtube,
prestem atenção nos
comentários e sintam o alcance
do artista: há sempre
centenas deles – em inglês,
francês , italiano, es panhol,
até japonês, todos encantados,
alguns arriscando escrever
em português, o que
mostra como a música é
mesmo um importante veículo
divulgador de nossa cultura,
mais que um milhão
de visitas oficiais ou protocolos
de governos.
Mas, pra que discutir com
madame?, diz que agora
está para ser despejado: uma
condess a italiana, ricaça,
dona do apartamento onde
ele mora, reclama de seu
comportamento incomum,
não permitindo, por exemplo,
que pedreiros consertem uma
janela que ameaça desabar –
“ vou deixar entrar aqui quem
não conheço?”.
Dia desses li essa notícia
na internerd e, embaixo, nos
comentários dos leitores um
deles indagava os motivos
de um artista deste calibre
não ter sequer apartamento
próprio. Tsc, tsc. Não sabem
de quem estão falando. João
Gilberto é um tipo em vias de
extinção, como Vinícius de
Moraes, Leila Diniz, Jaguar,
Jayme Ovalle (conhecem?
Poeta Paraense), camaradas
com um talento incrível
para ganhar dinheiro e nenhum
para usufruí-lo. Todos
estes que citei moraram quase
a vida inteira de aluguel.
Por nos terem dado tanto
deviam estar acima destes
aborrecidos pormenores.
*Marcelo Amorim é advogado