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Clínica Das Espécies Pecuárias<br />

Cirurgias Correctivas<br />

Relatório Final de Estágio<br />

Licenciatura em Medicina Veterinária<br />

BRUNO MIGUEL LOPES DIAS<br />

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO<br />

VILA REAL, 2007


Júri de Apreciação:<br />

Presidente:___________________________________________________<br />

1º Vogal: ____________________________________________________<br />

2º Vogal: ____________________________________________________<br />

Classificação:_________________________________________________<br />

Data:___________________


O orientador,<br />

____________________________<br />

(Dr. Miguel Quaresma)<br />

O coordenador,<br />

____________________________<br />

(Prof. Dr. João Simões)


Aos meus pais<br />

À minha avó


As doutrinas apresentadas neste trabalho<br />

são da exclusiva responsabilidade do autor.


AGRADECIMENTOS<br />

Ao Prof. Dr. João Simões, por ter aceite ser meu coordenador de estágio, por<br />

toda a disponibilidade e ajuda na elaboração do presente relatório.<br />

Ao Dr. Miguel Quaresma, por ter aceite orientar o meu estágio, pela amizade e<br />

disponibilidade demonstradas, pelo bom ambiente vivido e por tudo o que aprendi<br />

durante o estágio.<br />

À Dra. Cláudia Gomes, à Dra. Cristiana Demar e ao Dr. José Miguel Gonçalves,<br />

pela amizade, pela ajuda e pelo que me ensinaram, pelos bons momentos vividos.<br />

À Carla e à Conceição, colegas de estágio, pela amizade e pelos bons momentos.<br />

À Joana, pelo apoio, pela ajuda e por estar sempre presente; pelo sentido que deu<br />

ao que nem sempre tivera sentido.<br />

apoiaram.<br />

Aos meus pais, porque, apesar de tudo, sempre acreditaram em mim e me<br />

Ao meu irmão, pelo apoio e pela amizade de sempre.<br />

A todos, Muito Obrigado!<br />

I


ÍNDICE GERAL<br />

ÍNDICE GERAL ............................................................................................................II<br />

ÍNDICE DE GRÁFICOS ............................................................................................. III<br />

ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................... III<br />

ÍNDICE DE IMAGENS ............................................................................................... III<br />

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ...................................................................V<br />

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1<br />

2. CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO ....................................................................... 2<br />

Trás-os-Montes e Alto Douro:............................................................................... 2<br />

Vila Real:................................................................................................................. 2<br />

3. CASUÍSTICA ............................................................................................................. 4<br />

Por Espécies Animais:............................................................................................ 4<br />

Por Patologias: ........................................................................................................ 4<br />

4. ANATOMIA DO TRACTO GENITAL POSTERIOR DE FÊMEAS ................ 10<br />

Vagina:................................................................................................................... 10<br />

Vestíbulo:............................................................................................................... 11<br />

Vulva:..................................................................................................................... 11<br />

5. ALTERAÇÕES DURANTE O PARTO................................................................. 13<br />

6. PRINCIPAIS ANOMALIAS ADQUIRIDAS COM RESOLUÇÃO CIRÚRGICA<br />

........................................................................................................................................ 15<br />

6.1. LESÕES PERINEAIS........................................................................................... 15<br />

Introdução e Etiologia:............................................................................................. 15<br />

Tratamento: .............................................................................................................. 16<br />

Correcção de Lacerações Perineais de Terceiro Grau...................................... 17<br />

1. Técnica de Götze:.......................................................................................... 17<br />

2. Técnica de Aanes: ......................................................................................... 17<br />

Correcção da Fístula Rectovaginal ..................................................................... 20<br />

6.1.1. PREVENÇÃO DE LACERAÇÕES PERINEAIS: A EPISIOTOMIA......... 21<br />

6.2. PNEUMOVAGINA ............................................................................................... 23<br />

Introdução:................................................................................................................ 23<br />

Etiologia: ................................................................................................................... 23<br />

Diagnóstico:............................................................................................................... 23<br />

Tratamento: .............................................................................................................. 24<br />

1. Método de Pouret ............................................................................................. 24<br />

2. Vulvoplastia de Caslick.................................................................................... 25<br />

3. Episioplastia ...................................................................................................... 26<br />

6.3. UROVAGINA ........................................................................................................ 29<br />

Introdução:................................................................................................................ 29<br />

Etiologia: ................................................................................................................... 29<br />

Diagnóstico:............................................................................................................... 30<br />

Tratamento: .............................................................................................................. 30<br />

1. Uretroplastia ..................................................................................................... 31<br />

2. Cerclage da constrição himenial ..................................................................... 33<br />

6.3.1. CASO CLÍNICO ............................................................................................ 34<br />

6.4. PROLAPSO VAGINAL ....................................................................................... 37<br />

Introdução:................................................................................................................ 37<br />

Etiologia: ................................................................................................................... 37<br />

Factores predisponentes: ..................................................................................... 37<br />

Sinais Clínicos:.......................................................................................................... 38<br />

Tratamento: .............................................................................................................. 39<br />

II


1. Sutura de Bühner ............................................................................................. 40<br />

2. Outros Métodos ................................................................................................ 42<br />

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 44<br />

8. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 45<br />

ANEXOS ....................................................................................................................... VI<br />

Anestesia Epidural: .................................................................................................VII<br />

ÍNDICE DE GRÁFICOS<br />

Gráfico 1. Casuística por Espécies Animais em percentagem. .........................................4<br />

Gráfico 2. Casuística por Sistemas Orgânicos em Bovinos. ............................................5<br />

Gráfico 3. Casuística por Sistemas Orgânicos em Pequenos Ruminantes. .......................6<br />

Gráfico 4. Casuística por Sistemas Orgânicos em Suínos.................................................7<br />

Gráfico 5. Casuística por Sistemas Orgânicos em Equinos...............................................8<br />

ÍNDICE DE TABELAS<br />

Tabela 1. Patologias diagnosticadas em Bovinos............................................................. 4<br />

Tabela 2. Patologias diagnosticadas em Pequenos Ruminantes....................................... 6<br />

Tabela 3. Patologias diagnosticadas em Suínos. .............................................................. 7<br />

Tabela 4. Patologias diagnosticadas em Equinos. ............................................................ 7<br />

Tabela 5. Patologias diagnosticadas em Asininos............................................................ 9<br />

Tabela 6. Patologias diagnosticadas em Mulas. ............................................................... 9<br />

Tabela 7. Principais acontecimentos de cada fase do parto. .......................................... 13<br />

ÍNDICE DE IMAGENS<br />

Imagem1. Trás-os-Montes e Alto Douro...........................................................................2<br />

Imagem 2. Freguesias do Concelho de Vila Real..............................................................3<br />

Imagem 3. Exploração de Caprinos em Noninha..............................................................6<br />

Imagem 4. Cavalo que se apresentou <strong>com</strong> um ferimento extenso no chanfro, após<br />

cirurgia...............................................................................................................................9<br />

Imagem 5. Diagnóstico de gestação numa Égua. ..............................................................9<br />

Imagem 6. <strong>Tracto</strong> genital posterior de uma Vaca, aberto dorsalmente. ..........................10<br />

Imagem 7. Aparelho genital da Vaca. .............................................................................12<br />

Imagem 8. Aparelho genital da Égua. .............................................................................12<br />

Imagem 9. Laceração perineal de 3º grau numa Égua.....................................................15<br />

Imagem 10. Técnica de Aanes: 1º tempo. .......................................................................19<br />

Imagem 11. Técnica de Aanes: 2º tempo. .......................................................................19<br />

Imagem 12. Técnica de Episiotomia, numa Vaca. ..........................................................21<br />

Imagem 13. Sutura da Episiotomia, numa Égua. ............................................................21<br />

Imagem 14. Deficiente conformação perineal e vulvar...................................................23<br />

Imagem 15. Método de Pouret. .......................................................................................24<br />

Imagem 16. Método de Pouret. .......................................................................................24<br />

Imagem 17. Ponto profundo <strong>com</strong> fita umbilical..............................................................25<br />

Imagem 18. Vulvoplastia de Caslick...............................................................................26<br />

III


Imagem 19. Linhas de incisão numa Episioplastia..........................................................27<br />

Imagem 20. Sutura de colchoeiro horizontal profunda. ..................................................27<br />

Imagem 21. Aspecto final de uma Episioplastia. ............................................................27<br />

Imagem 22. Urovagina numa Égua. ................................................................................29<br />

Imagem 23. Aposição dos “flaps” ventrais. ....................................................................32<br />

Imagem 24. Aposição dos “flaps” dorsais.......................................................................32<br />

Imagem 25. Preparação da zona sacrococcígea para administração da anestesia epidural.<br />

.........................................................................................................................................34<br />

Imagem 26. Anestesia Epidural.......................................................................................34<br />

Imagem 27. Região perineal lavada e desinfectada.........................................................35<br />

Imagem 28. Cateterização da uretra. ...............................................................................35<br />

Imagem 29. Aspecto da vagina antes da intervenção......................................................35<br />

Imagem 30. Execução da técnica. ...................................................................................35<br />

Imagem 31. Execução da técnica. ...................................................................................36<br />

Imagem 32. Execução da técnica. ...................................................................................36<br />

Imagem 33. Execução da técnica. ...................................................................................36<br />

Imagem 34. Aspecto da vagina no final da cirurgia. ......................................................36<br />

Imagem 35. Prolapso vaginal. .........................................................................................39<br />

Imagem 36. Prolapso vaginal (esquema).........................................................................39<br />

Imagem 37. Sutura de Bühner. ........................................................................................40<br />

Imagem 38. Sutura de Bühner (continuação). .................................................................41<br />

Imagem 39. Técnica do “atacador”. ................................................................................42<br />

IV


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS<br />

cm - centímetro<br />

COPD - Chronic Obstructive Pulmonary Disease (Doença Pulmonar Obstructiva<br />

Crónica)<br />

DAD - Deslocamento do Abomaso à Direita<br />

DAE - Deslocamento do Abomaso à Esquerda<br />

HVUTAD - Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />

kg - quilograma<br />

km - quilómetro<br />

ml - mililitro<br />

mm - milimetro<br />

MMA - Mastite Metrite Agalaxia<br />

Nº - número<br />

PGF2α - prostaglandina F2α<br />

UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro<br />

V


1. INTRODUÇÃO<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

Este relatório final de estágio refere-se ao estágio curricular realizado no<br />

Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (HVUTAD), na<br />

área de Animais de Produção e de Desporto, entre os dias 1 de Março e 20 de Julho do<br />

corrente ano.<br />

Os objectivos foram <strong>com</strong>plementar a formação adquirida durante o curso e<br />

incrementar as <strong>com</strong>petências técnico-científicas, sociais e pessoais indispensáveis a esta<br />

actividade profissional. A metodologia consistiu em a<strong>com</strong>panhar diariamente os casos<br />

clínicos do hospital na área de Animais de Produção e de Desporto, juntamente <strong>com</strong> o<br />

técnico responsável por esta área, o Dr. Miguel Quaresma, e um dos internos.<br />

O balanço final é bastante positivo. O trabalho diário <strong>com</strong> os Médicos<br />

Veterinários desta área hospitalar permitiu-me adquirir conhecimentos da prática clínica<br />

veterinária nem sempre abordados durante as aulas, nomeadamente a nível do contacto<br />

<strong>com</strong> os proprietários.<br />

O HVUTAD situa-se na Quinta dos Prados, na Universidade de Trás-os-Montes<br />

e Alto Douro, em Vila Real. A área de Animais de Produção e de Desporto deste<br />

hospital presta serviços veterinários numa lógica de consultas ambulatórias, em toda a<br />

região de Trás-os-Montes e Alto Douro, <strong>com</strong> maior incidência em Vila Real e concelhos<br />

limítrofes. Dispõe ainda de instalações adequadas ao internamento de animais e à<br />

realização de exames <strong>com</strong>plementares.<br />

Esta área hospitalar presta ainda serviços à vacaria, ao ovil, à pocilga e à<br />

cavalariça da UTAD, e apoio a aulas práticas de diversas disciplina de âmbito clínico da<br />

licenciatura de Medicina Veterinária nesta universidade.<br />

A escolha deste tema deveu-se ao gosto pessoal por cirurgia.<br />

Para melhor enquadrar o tema de cirurgias correctivas do tracto genital posterior<br />

na Égua e na Vaca, é descrita a anatomia do tracto genital posterior destes animais, bem<br />

<strong>com</strong>o as principais alterações que ocorrem durante o parto.<br />

1


2. CARACTERIZAÇÃO DA REGIÃO<br />

Trás-os-Montes e Alto Douro:<br />

Esta antiga província portuguesa é uma das doze<br />

regiões administrativas criadas por uma reforma em 1936.<br />

Foram extintas <strong>com</strong> a entrada em vigor da Constituição de<br />

1976, no entanto nunca saíram do vocabulário quotidiano<br />

dos portugueses, sendo mesmo das divisões do país <strong>com</strong><br />

que mais os portugueses se identificam 34 .<br />

Limitada a Norte e a Leste pela Espanha, a Sul<br />

pela Beira Alta e a Oeste pelo Minho e Douro Litoral, é<br />

constituída por 31 concelhos, incluindo a totalidade dos do<br />

distrito de Bragança e Vila Real e alguns dos distritos da<br />

Guarda e de Viseu 34 (Imagem 1).<br />

O clima desta região é um clima temperado<br />

continental, sendo mais frio nas zonas de serra e mais<br />

ameno ao longo do rio Douro. O seu relevo é<br />

caracterizado por terreno plano a Este, vales junto ao rio<br />

Douro e zonas montanhosas a Oeste, tendo <strong>com</strong>o rochas<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

Imagem 1. Trás-os-Montes e<br />

Alto Douro 34 .<br />

predominantes o granito, o xisto e o quartzo. As suas principais produções agrícolas são<br />

a amendoeira e a vinha, sendo de realçar a cultura do vinho do Porto (a região<br />

demarcada do vinho do Porto foi a primeira região demarcada do mundo) 33 .<br />

É uma das regiões de Portugal <strong>com</strong> maior número de emigrantes e uma das mais<br />

desertificadas 34 .<br />

Vila Real:<br />

O concelho de Vila Real é sede do distrito homónimo, na província de Trás-os-<br />

Montes e Alto Douro. Está rodeado pelas Serras do Marão e do Alvão, ocupando uma<br />

área de 377,7 Km 2 , distribuída por 30 freguesias 32 (Imagem 2). É atravessado pelos rios<br />

Corgo e Cabril, ambos <strong>com</strong> nascente no concelho 31 .<br />

Pela sua localização geográfica (as Serras do Marão e do Alvão actuam <strong>com</strong>o<br />

barreiras naturais), Vila Real tem um clima de extremos: um Inverno longo e bastante<br />

rigoroso, frequentemente <strong>com</strong> temperaturas negativas, e um Verão muito quente. Os<br />

dias intermédios são raros, sendo as diferenças de temperatura bastante bruscas 35 .<br />

2


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

A agricultura continua a ocupar um lugar de destaque na economia local. A zona<br />

Sudeste encontra-se integrada na Região Demarcada do Douro, tendo no vinho generoso<br />

a sua principal produção 32 .<br />

Actualmente Vila Real vive uma fase de crescente desenvolvimento, a nível<br />

industrial, a nível <strong>com</strong>ercial e dos serviços 32, 35 .<br />

Imagem 2. Freguesias do Concelho de Vila Real 32 .<br />

3


3. CASUÍSTICA<br />

Por Espécies Animais:<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

Do dia 1 de Março ao dia 20 de Julho de 2007, correspondente ao período de<br />

estágio, foram observados um total de 154 casos clínicos, que resultaram em 269<br />

consultas. Destes, o maior número foi referente a bovinos e equinos (70 e 45 casos,<br />

respectivamente). Foram ainda observados ovinos (16), caprinos (5), suínos (12),<br />

asininos (3), mulas (2) bem <strong>com</strong>o um caso de aves (frangos).<br />

O gráfico seguinte mostra a distribuição percentual dos casos pelas diferentes<br />

espécies animais.<br />

29%<br />

8%<br />

3%<br />

2%<br />

1%<br />

10%<br />

Gráfico 1. Casuística por Espécies Animais em percentagem.<br />

Por Patologias:<br />

1%<br />

46%<br />

bovinos<br />

ovinos<br />

caprinos<br />

suínos<br />

equinos<br />

asininos<br />

mulas<br />

As tabelas seguintes indicam as patologias diagnosticadas em cada espécie, bem<br />

<strong>com</strong>o o número de casos de cada patologia.<br />

Tabela 1. Patologias diagnosticadas em Bovinos.<br />

PATOLOGIA Nº CASOS<br />

Pele e Sistema<br />

músculo-esquelético<br />

sarna 1<br />

abcesso subcutâneo no pescoço 1<br />

abcesso no curvilhão 1<br />

fractura da asa do ílio 1<br />

laminite 1<br />

Sistema<br />

pneumonia 8<br />

respiratório infecção vias aéreas superiores 1<br />

aves<br />

4


Sistema digestivo<br />

Sistema reprodutor<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

diarreia inespecífica 8<br />

DAE 4<br />

indigestão 4<br />

timpanismo 3<br />

reticulopericardite traumática 2<br />

dilatação cecal 1<br />

DAD 1<br />

atresia do recto 1<br />

parasitismo gastrointestinal 1<br />

parto distócico 4<br />

mamite clínica 4<br />

retenção de secundinas 1<br />

quisto folicular 1<br />

metrite purulenta 1<br />

prolapso vaginal (2º grau) 1<br />

urovagina 1<br />

Patologias<br />

hipocalcemia (2º grau) 3<br />

metabólicas cetose clínica 3<br />

Outras patologias<br />

peritonite 2<br />

infecção urinária 1<br />

listeriose (suspeita) 1<br />

Maneio reprodutivo diagnóstico de gestação 7<br />

Outras intervenções descorna cosmética 1<br />

30<br />

25<br />

20<br />

15<br />

10<br />

5<br />

0<br />

5<br />

pele e sistema<br />

musculoesquelético<br />

9<br />

sistema<br />

respiratório<br />

25<br />

sistema<br />

digestivo<br />

TOTAL 70<br />

13<br />

sistema<br />

reprodutor<br />

Gráfico 2. Casuística por Sistemas Orgânicos em Bovinos.<br />

6<br />

patologias<br />

metabólicas<br />

4<br />

outras<br />

patologias<br />

A maior parte dos casos clínicos em bovinos referiu-se a patologias do sistema<br />

digestivo (Gráfico 2), <strong>com</strong> principal incidência de casos de diarreia inespecífica em<br />

vitelos. De salientar ainda o registo de um vitelo que apresentava atresia do recto,<br />

confirmada por necrópsia após eutanásia.<br />

5


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

Tabela 2. Patologias diagnosticadas em Pequenos Ruminantes.<br />

PATOLOGIA Nº CASOS<br />

Pele e Sistema<br />

músculo-esquelético<br />

feridas pelo corpo (ataque de cães) 1<br />

pieira 1<br />

míase (à volta dos cornos) e abcesso 1<br />

abcesso no pescoço 1<br />

Sistema<br />

broncopneumonia 1<br />

respiratório problemas respiratórios 1<br />

Sistema reprodutor<br />

parto distócico 3<br />

toxemia gestação 2<br />

prolapso vaginal 1<br />

mamite 2<br />

metrite/mamite 1<br />

retenção placentária 1<br />

laceração do teto 1<br />

Outras patologias listeriose (suspeita) 2<br />

Maneio reprodutivo diagnóstico de gestação 1<br />

Outras intervenções vacinação / desparasitação 1<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

4<br />

pele e sistema musculoesquelético<br />

2<br />

TOTAL 21<br />

11<br />

sistema respiratório sistema reprodutor outras patologias<br />

Gráfico 3. Casuística por Sistemas Orgânicos em Pequenos Ruminantes.<br />

Imagem 3. Exploração de Caprinos em Noninha.<br />

2<br />

6


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

Nos pequenos ruminantes a maior incidência foi de patologias do sistema<br />

reprodutor (Gráfico 3).<br />

Tabela 3. Patologias diagnosticadas em Suínos.<br />

PATOLOGIA Nº CASOS<br />

Pele e Sistema mal rubro (forma cutânea) 2<br />

músculo-esquelético laminite 1<br />

3,5<br />

Sistema<br />

respiratório<br />

pneumonia 2<br />

Sistema digestivo diarreia 2<br />

Sistema reprodutor<br />

3<br />

2,5<br />

2<br />

1,5<br />

1<br />

0,5<br />

0<br />

Outras patologias<br />

3<br />

pele e sistema<br />

musculoesquelético<br />

MMA 1<br />

parto distócico 1<br />

colibacilose (suspeita) 1<br />

colise<strong>pt</strong>icemia (suspeita) 1<br />

se<strong>pt</strong>icemia 1<br />

TOTAL 12<br />

2 2 2<br />

sistema respiratório sistema digestivo sistema reprodutor outras patologias<br />

Gráfico 4. Casuística por Sistemas Orgânicos em Suínos.<br />

O reduzido número de casos clínicos de suínos não permite evidenciar nenhuma<br />

patologia. As mais frequentes foram pneumonias, diarreias e mal rubro (forma cutânea),<br />

<strong>com</strong> apenas dois casos cada uma (Tabela 3).<br />

Tabela 4. Patologias diagnosticadas em Equinos.<br />

PATOLOGIA Nº CASOS<br />

Pele e Sistema<br />

músculo-esquelético<br />

feridas únicas 6<br />

várias feridas 2<br />

hipersensibilidade à picada de insecto 2<br />

hematoma traumático no flanco Esq. 1<br />

abcesso no casco 1<br />

3<br />

7


Sistema<br />

respiratório<br />

Sistema digestivo<br />

Maneio reprodutivo<br />

Outras intervenções<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

14<br />

pele e sistema musculoesquelético<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

laminite 1<br />

dermatofitose 1<br />

broncopneumonia 1<br />

COPD 1<br />

infecção vias aéreas superiores 1<br />

pneumonia 1<br />

cólica 3<br />

diarreia 1<br />

parasitismo gastrointestinal 1<br />

diagnóstico de gestação 5<br />

castração 2<br />

indução d estro 1<br />

vacinação 7<br />

vacinação / desparasitação 5<br />

vacinação / desparasitação / registo 1<br />

chips de identificação 1<br />

TOTAL 45<br />

4<br />

sistema respiratório sistema digestivo<br />

Gráfico 5. Casuística por Sistemas Orgânicos em Equinos.<br />

Nos equinos destacaram-se as patologias do sistema músculo-esquelético, <strong>com</strong><br />

muitos animais que sofreram traumatismos (Gráfico 5). Alguns apresentavam uma<br />

única ferida, principalmente nos membros, a vários níveis, nomeadamente junto ao<br />

bordo coronário e no talão. Um animal apresentou-se <strong>com</strong> uma ferida bastante extensa<br />

no chanfro (Imagem 4). Os dois animais <strong>com</strong> várias feridas eram poldros, e um foi<br />

atacado por cães, o outro caiu.<br />

Nesta espécie, as acções de profilaxia médica (vacinações e desparasitações)<br />

foram um importante motivo de consulta.<br />

5<br />

8


Imagem 4. Cavalo que se apresentou<br />

<strong>com</strong> um ferimento extenso no chanfro,<br />

após cirurgia.<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

Imagem 5. Diagnóstico de gestação numa Égua.<br />

Tabela 5. Patologias diagnosticadas em Asininos.<br />

PATOLOGIA Nº CASOS<br />

Pele e Sistema<br />

músculo-esquelético<br />

várias feridas 1<br />

fractura da cabeça fémur 1<br />

laminite + sarna 1<br />

TOTAL 3<br />

Todas as consultas a asininos foram devidas a patologias do aparelho músculo-<br />

esquelético (Tabela 5).<br />

Tabela 6. Patologias diagnosticadas em Mulas.<br />

PATOLOGIA Nº CASOS<br />

Sistema musculoesquelético<br />

Sistema<br />

respiratório<br />

laminite 1<br />

COPD 1<br />

TOTAL 2<br />

Uma das mulas observadas apresentava doença pulmonar obstrutiva crónica e a<br />

outra laminite (Tabela 6).<br />

Na única consulta feita a aves o diagnóstico clínico foi de doença de Marek,<br />

numa exploração familiar de frangos.<br />

9


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

4. ANATOMIA DO TRACTO GENITAL POSTERIOR DE FÊMEAS<br />

O aparelho genital feminino inclui gónadas pares, os ovários, que produzem os<br />

gâmetas femininos (bem <strong>com</strong>o hormonas); os oviductos, que ca<strong>pt</strong>am os óvulos<br />

libertados pelos ovários e os transportam para o útero; o útero, constituído por três<br />

partes distintas, a cérvix, o corpo e os cornos, e onde os óvulos fertilizados ficam retidos<br />

e são nutridos até que o desenvolvimento pré-natal esteja <strong>com</strong>pleto; a vagina, dividida<br />

em vagina propriamente dita e vestíbulo, e a vulva, a parte mais caudal 13 . As vias<br />

posteriores, que <strong>com</strong>preendem a vagina, o vestíbulo e a vulva, servem <strong>com</strong>o órgão<br />

copulador e segmento final do canal do parto 2 .<br />

Com excepção do vestíbulo, que se desenvolve a partir do seio urogenital, as<br />

vias genitais da fêmea derivam dos condutos paramesonéfricos (de Müller)<br />

embrionários 2 . Nos ruminantes os ovários fetais sofrem uma descida mais considerável<br />

que nas outras espécies domésticas, pelo que os ovários maduros se localizam na parte<br />

mais caudal do abdómen, sendo os cornos uterinos puxados para trás 13 .<br />

A anatomia dos órgãos genitais femininos é intensamente influenciada pela<br />

idade, pela condição física e pela história reprodutiva 13 .<br />

Vagina:<br />

A vagina é uma estrutura ímpar,<br />

constituída por duas partes. A parte cranial, a<br />

vagina no sentido restrito, estende-se desde o<br />

cérvix até à entrada da uretra e apenas possui<br />

função reprodutiva. A parte caudal, o<br />

vestíbulo, estende-se desde o orifício uretral<br />

até à vulva e <strong>com</strong>bina funções urinárias e<br />

reprodutivas 13 .<br />

É um conduto relativamente longo, de<br />

parede fina, e embora o lúmen esteja<br />

normalmente fechado, pela aproximação das<br />

paredes dorsal e ventral, é notavelmente<br />

dilatável, quer em <strong>com</strong>primento quer em<br />

largura 13 .<br />

Imagem 6. <strong>Tracto</strong> genital posterior de uma<br />

Vaca, aberto dorsalmente. (ada<strong>pt</strong>ado de Dyce,<br />

1997) 13 .<br />

10


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Ocupa uma posição mediana na cavidade pélvica, relacionando-se dorsalmente<br />

<strong>com</strong> o recto e ventralmente <strong>com</strong> a bexiga e a uretra 13 .<br />

A superfície é lisa mas circular, podendo formar pregas longitudinais. A intrusão<br />

da cérvix na parte cranial da vagina reduz o lume desta parte a um espaço em forma de<br />

anel (fórnix) 13 , a flor desabrochada.<br />

A junção da vagina <strong>com</strong> o vestíbulo é marcada em fêmeas virgens por uma<br />

prega mucosa transversal (hímen). Esta junção regional é menos distensível que as<br />

partes do tracto craniais e caudais a ela 13 .<br />

Vestíbulo:<br />

O vestíbulo curva-se ventralmente em direcção aos lábios da vulva. No caso da<br />

égua, o chão é mais longo e inclina-se abru<strong>pt</strong>amente para baixo, além do arco isquiático<br />

13 .<br />

As suas paredes, menos elásticas que as do resto da vagina, ficam juntas em<br />

repouso, reduzindo o lúmen a uma fenda vertical. A uretra abre-se no chão,<br />

imediatamente caudal a qualquer indicação de que possa existir um hímen. Na vaca, a<br />

abertura uretral está associada a um divertículo suburetral. Mais caudalmente,<br />

apresentam-se as aberturas das glândulas vestibulares. Na vaca uma grande massa<br />

glandular de cada lado drena por um único ducto. Na égua, embora não haja glândulas<br />

vestibulares principais, inúmeras glândulas menores desembocam dentro de pequenas<br />

depressões, ordenadas em fileiras. A secreção mucosa produzida lubrifica a passagem<br />

do pénis durante o coito e do feto durante o parto, e o odor possui efeito sexualmente<br />

estimulante sobre o macho, no estro 13 .<br />

Além da abertura da uretra e das glândulas vestibulares, o vestíbulo contém<br />

ainda o clítoris, rodeado lateral e ventralmente pela fossa clitoridiana 14 , e os músculos<br />

constritor do vestíbulo e constritor da vulva.<br />

Vulva:<br />

O vestíbulo abre-se para o exterior na vulva 13 , localizada ventralmente ao ânus<br />

14 . Ao contrário dos primatas, os carnívoros e ungulados apenas possuem um par de<br />

lábios. A <strong>com</strong>issura dorsal é arredondada e a ventral é pontiaguda e elevada acima do<br />

nível da pele que a rodeia. Na égua esta imagem inverte-se: a <strong>com</strong>issura ventral é que é<br />

arredondada e a dorsal pontiaguda 13 .<br />

Tal <strong>com</strong>o o vestíbulo, possui funções reprodutivas e urinárias.<br />

11


Imagem 7. Aparelho genital da Vaca 38 .<br />

Imagem 8. Aparelho genital da Égua 38 .<br />

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12


5. ALTERAÇÕES DURANTE O PARTO<br />

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Torna-se necessário tecer algumas considerações em relação ao parto, às<br />

alterações que ocorrem num parto normal, pois as patologias abordadas, normalmente,<br />

são consequência de problemas ocorridos durante o parto.<br />

O parto é iniciado pelo cortisol fetal, que leva ao aumento da secreção de<br />

estrogénios e, <strong>com</strong>o resultado, de prostaglandina, particularmente PGF2α, pelo útero 11 .<br />

A oxitocina também é importante para o processo do parto. Actua de forma sinérgica<br />

<strong>com</strong> a PGF2α, para promover a contracção do útero 11 . Outra hormona importante no<br />

parto é a relaxina. Esta hormona causa relaxamento dos ligamentos e músculos<br />

associados que rodeiam o canal pélvico. Na égua, uma área bem definida de músculos<br />

relaxados pode ser distinguida sobre a linha média do alto da garupa até à <strong>com</strong>issura<br />

ventral da vulva. Na vaca, os músculos posteriores ao quadril relaxam ao ponto de se<br />

ondularem quando o animal caminha, no período de 24 horas antes do parto 11 .<br />

O parto pode ser dividido em três fases 11, 18 , embora não haja uma demarcação<br />

clara de cada uma, e estas se tornem um processo contínuo. A duração de cada fase é<br />

muito variável 18 . Os principais acontecimentos estão indicados na tabela seguinte:<br />

Tabela 7. Principais acontecimentos de cada fase do parto 18 .<br />

Relaxamento e dilatação da cérvix;<br />

Primeira Fase<br />

Segunda Fase<br />

Terceira Fase<br />

Feto ado<strong>pt</strong>a a postura de nascimento;<br />

Começa a contracção uterina;<br />

Corioalantóide entra na vagina.<br />

Continua a contracção uterina;<br />

Feto entra no canal do parto;<br />

Começa a contracção abdominal;<br />

Âmnios entra na vagina;<br />

Feto é expulso.<br />

Perde-se a circulação placentária;<br />

Ocorre deiscência e separação da placenta;<br />

Continua a contracção uterina e abdominal;<br />

Placenta é expulsa.<br />

13


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Antes do parto ocorrem várias alterações preparatórias, tais <strong>com</strong>o o<br />

desenvolvimento mamário e o relaxamento dos ligamentos pélvicos. A ocorrência<br />

destas alterações varia muito entre animais, pelo que não são indicadores de confiança<br />

da hora exacta do parto 18 .<br />

Na Vaca:<br />

As alterações externas mais importantes ocorrem a nível do úbere, vulva e<br />

ligamentos pélvicos. Com o aproximar do fim da gestação o úbere aumenta de tamanho<br />

e torna-se tenso, é visível colostro nos tetos, que se torna mais espesso e amarelo. Em<br />

fêmeas primíparas pode-se desenvolver edema subcutâneo craneal e caudalmente ao<br />

úbere. A vulva normalmente alonga-se e torna-se ligeiramente tumefacta e edematosa,<br />

contudo alguns animais não apresentam alterações vulvares. O relaxamento dos<br />

ligamentos pélvicos torna-se mais pronunciado <strong>com</strong> o aproximar do parto, e é o sinal<br />

mais fiável de um parto iminente. Como resultado, a base da cauda pode parecer<br />

levantada e os glúteos afundados. Em vacas gordas estas alterações são menos óbvias,<br />

mas o relaxamento dos ligamentos pode ser detectado por exame rectal. O tónus<br />

muscular da cauda é reduzido 24 horas antes do parto 18 .<br />

Na Égua:<br />

Os sinais premonitórios do parto podem ser muito enganadores. Com o<br />

aproximar do parto ocorre desenvolvimento mamário, alongamento da vulva e<br />

relaxamento dos ligamentos pélvicos. Todo o processo de nascimento é mais rápido e<br />

mais violento que no caso da vaca. Qualquer distúrbio, incluindo a observação<br />

excessiva ou por estranhos, pode levar a égua a inibir o parto 18 .<br />

14


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6. PRINCIPAIS ANOMALIAS ADQUIRIDAS COM RESOLUÇÃO CIRÚRGICA<br />

6.1. LESÕES PERINEAIS<br />

Introdução e Etiologia:<br />

Durante a segunda fase do parto (a expulsão do feto) podem ocorrer lesões<br />

perineais, quer na égua quer na vaca, principalmente em fêmeas primíparas 3 , embora<br />

possam ocorrer em todas as idades 20 .<br />

As lacerações perineais classificam-se pela sua profundidade e grau de<br />

destruição tecidular: perineais de primeiro, segundo e terceiro grau e em fístula<br />

rectovaginal 23 . As lacerações superficiais da mucosa vaginal e/ou vulvar são de<br />

primeiro grau, enquanto as que afectam toda a parede destes órgãos são de segundo grau<br />

17, 23 . As lacerações que envolvem toda a parede vaginal, vulvar, bem <strong>com</strong>o a do recto, o<br />

corpo perineal e o esfíncter anal, dão origem a uma abertura <strong>com</strong>um dos sistemas<br />

digestivo e genital e denominam-se lacerações perineais de terceiro grau 23 . Estas<br />

últimas parecem ser das lesões perineais mais<br />

frequentes em bovinos 15 . A fístula rectovaginal<br />

envolve a vagina e o recto, mantendo-se no entanto<br />

o períneo e o ânus intactos (sem ocorrência de<br />

desgarros).<br />

Os efeitos clínicos de uma laceração de<br />

terceiro grau são a contínua aspiração de ar para a<br />

vagina e a contaminação do lúmen vaginal por<br />

material fecal (Imagem 9). A pneumovagina, por<br />

sua vez, pode levar à acumulação de urina<br />

cranealmente ao orifício uretral (urovagina).<br />

Inevitavelmente, quer na vaca quer na égua, estes<br />

factores resultam numa grande contaminação<br />

bacteriana e infecção ascendente do tracto genital, e<br />

consequente infertilidade 3 .<br />

Imagem 9. Laceração perineal de 3º<br />

grau numa Égua 36 . É visível grande<br />

contaminação da vagina por fezes.<br />

Em casos de fístula rectovaginal, o nível de contaminação da vagina depende da<br />

extensão da fístula 3 .<br />

15


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Na égua as lacerações e as fístulas rectovaginais ocorrem <strong>com</strong> igual frequência.<br />

No caso da vaca as lesões perineais são quase sempre lacerações 17 . Nesta espécie, as<br />

fístulas rectovaginais apenas ocorrem <strong>com</strong>o um problema congénito associado a atresia<br />

ani ou devido a correcções mal sucedidas de lacerações perineais. Por outro lado,<br />

defeitos de segundo grau são <strong>com</strong>uns na vaca e raros na égua 3 . Isto acontece porque o<br />

mecanismo de lesão perineal é diferente nas duas espécies 3, 17 .<br />

Na vaca, estas lacerações são quase sempre devidas a intervenção humana<br />

inapropriada durante o parto 17 : extracção forçada de um feto de grande tamanho ou sem<br />

que a vagina esteja adequadamente dilatada e lubrificada 17, 23 . Em partos não assistidos<br />

estas lesões são raras 17 .<br />

Na égua, normalmente a lesão inicial é a perfuração do tecto vaginal pelo<br />

membro anterior do feto, ocorrendo também perfuração do recto 3 . Se o membro é<br />

retraído permanece uma fístula 17 , caso contrário pode ser forçado, possivelmente <strong>com</strong> a<br />

cabeça, pelo orifício anal, progredindo a lesão caudalmente e originando laceração<br />

perineal 3, 14, 17 (de terceiro grau).<br />

A identificação precoce da alteração pode permitir recolocar os membros<br />

possibilitando um parto normal 3 . No entanto, se o recto foi perfurado é conveniente<br />

incidir o períneo e o esfíncter anal, pois uma laceração perineal de terceiro grau é mais<br />

fácil de corrigir cirurgicamente que a fístula rectovaginal que se formaria 3 . Em éguas<br />

submetidas a uma vulvoplastia de Caslick que não foi reaberta antes do parto, pode<br />

ocorrer laceração <strong>com</strong>o acontece nas vacas 3 .<br />

episiotomia 17 .<br />

Se for previsível que ocorra algum grau de laceração, é preferível realizar uma<br />

Por vezes um estiramento suave dos lábios vulvares, por cima do feto, permite<br />

alargar suficientemente o canal de modo a permitir a extracção, mas é um processo<br />

moroso. Em muitos casos a demora conduz à morte do feto 17 .<br />

Tratamento:<br />

As lacerações de primeiro e segundo grau podem tratar-se <strong>com</strong> antissé<strong>pt</strong>icos<br />

locais e pomadas emolientes. Os antibióticos sistémicos estão indicados em casos de<br />

vaginite necrótica. As indicações para a cirurgia são a extracção de gordura perivaginal<br />

necrótica e a correcção da má oclusão dos lábios vulvares, mediante episioplastia 23 .<br />

16


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As lacerações de terceiro grau podem ser corrigidas de imediato <strong>com</strong> algum<br />

sucesso. Se não o forem, a cirurgia só deve ser feita passadas 4 a 6 semanas 17 . Os<br />

tecidos lesionados estão edematosos, necrosados e altamente contaminados, pelo que<br />

tentar reparar o defeito antes deste período implica o fracasso da cirurgia 30 . Na égua,<br />

por vezes há prolapso da bexiga após a lesão, mas é facilmente resolvido. Durante este<br />

período não é necessário nenhum tratamento, exce<strong>pt</strong>o, talvez, profilaxia antitetânica na<br />

égua 3 .<br />

Correcção de Lacerações Perineais de Terceiro Grau<br />

1. Técnica de Götze:<br />

Durante vários anos a reconstrução cirúrgica do períneo foi baseada na técnica<br />

descrita por Götze em 1938. Nesta técnica, após desbridamento das superfícies<br />

mucosas, o tecido restante entre o recto e a vagina é mobilizado e fixo tão caudalmente<br />

quanto possível para separar as duas cavidades. De um modo geral os resultados eram<br />

bons, mas a dor pós-cirúrgica era considerável e por vezes levava a impactação pela<br />

relutância em defecar 3 .<br />

2. Técnica de Aanes:<br />

Esta técnica suplantou a de Götze 3 . Aanes (1964) descreveu-a em duas fases: a<br />

primeira consistindo na dissecação e reconstrução do se<strong>pt</strong>o recto-vaginal, a segunda na<br />

dissecação e reconstrução do corpo perineal 30 , realizada 2 a 4 semanas depois. Neste<br />

período de cura do se<strong>pt</strong>o recto-vaginal, o animal consegue defecar mais facilmente<br />

devido ao orifício anal aumentado, diminuindo a possibilidade de impactação rectal e<br />

tenesmo, que levaria a deiscência e fistulação da sutura.<br />

No entanto a cirurgia pode ser realizada de uma só vez. As vantagens são o facto<br />

de ser uma única intervenção e, consequentemente, os menores cuidados pré e pós-<br />

operatórios e o menor tempo de hospitalização 3 .<br />

Preparação:<br />

O maneio dietético aplicado nos equinos para tornar as fezes mais moles<br />

geralmente não é necessário no gado, pois as fezes são suficientemente moles para<br />

17


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

evitar impactação 17 . Na égua está indicada dieta de feno nos três dias anteriores à<br />

cirurgia e jejum desde a véspera 30 .<br />

A descrição que se segue é referente à égua, mas pode ser ada<strong>pt</strong>ada à vaca.<br />

Após contenção do animal é administrada uma anestesia epidural. A cauda é<br />

então desviada e presa, as fezes são removidas do recto e da vagina, e a região perineal<br />

é lavada e desinfectada <strong>com</strong> um antissé<strong>pt</strong>ico suave. Por fim aplica-se iodo-povidona em<br />

spray 17, 30 .<br />

O campo cirúrgico é exposto recorrendo a afastadores ou duas suturas<br />

temporárias de cada lado da laceração 30 (Imagem 10 A).<br />

Técnica:<br />

1ª tempo:<br />

É feita uma incisão no tecido cicatricial do que resta do se<strong>pt</strong>o recto-vaginal, que<br />

se continua caudalmente ao longo da junção da mucosa rectal e vaginal, até ao nível da<br />

<strong>com</strong>issura dorsal da vulva 30 (Imagem 10 A). Em seguida disseca-se ao longo da incisão<br />

de modo a libertar dois “flaps” de cada lado que se podem juntar e suturar sem tensão 17 .<br />

Os “flaps” ventrais reconstroem o tecto da vagina e os dois dorsais reconstroem o chão<br />

do recto 17 .<br />

O tecto da vagina é suturado <strong>com</strong> catgut crómico nº 1. Começando<br />

cranealmente, usa-se uma sutura de colchoeiro horizontal contínua de modo a inverter a<br />

mucosa vaginal (Imagem 10 B). Usa-se o catgut porque os fios absorvíveis sintéticos<br />

prendem nos tecidos, especialmente a mucosa vaginal 30 .<br />

Uma segunda linha de sutura de poliglactin 910 (Vicryl ® ) nº 2 é colocada entre<br />

a parede do recto e da vagina (Imagem 10 B). É basicamente uma sutura em bolsa de<br />

tabaco, que atravessa a submucosa rectal, o tecido perivaginal, e a submucosa vaginal,<br />

de ambos os lados, numa volta <strong>com</strong>um 30 .<br />

Quando as suturas interrompidas são colocadas, tão caudalmente quanto foi a do<br />

tecto vaginal, a sutura de colchoeiro horizontal contínua de catgut é retomada e a<br />

mucosa vaginal é suturada em direcção caudal, para a <strong>com</strong>issura dorsal da vulva. As<br />

suturas interrompidas de poliglactin 910 são continuadas na mesma direcção. Este<br />

método evita o estreitamento do lúmen rectal 30 .<br />

18


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Imagem 10. Técnica de Aanes: 1º tempo 18 . A: linha de incisão no se<strong>pt</strong>o recto-vaginal; B: linhas de<br />

sutura para a reconstrução do se<strong>pt</strong>o rectovaginal; C: aspecto final em esquema.<br />

2ª tempo:<br />

O tecido epitelial recentemente formado deve ser removido. É feita uma incisão<br />

que <strong>com</strong>eça na margem craneal do corpo perineal, continua-se perifericamente ao longo<br />

do tecido cicatricial até à <strong>com</strong>issura dorsal da vulva, formando dois lados de um<br />

triângulo. É feita uma incisão no lado oposto, e removida uma camada epitelial<br />

superficial, criando duas superfícies triangulares em carne viva. A pele do períneo é<br />

dissecada e reflectida lateralmente para permitir a sutura sem tensão 30 (Imagem 11 A).<br />

Aplicam-se pontos simples isolados de poliglactin 910 número 1 nas camadas<br />

mais profundas do corpo perineal. Esta sutura <strong>com</strong>pleta-se <strong>com</strong> uma sutura simples<br />

interrompida de nylon ao longo dos bordos epiteliais do recto. Estas suturas são feitas<br />

alternadamente até a reconstrução perineal estar <strong>com</strong>pleta 30 (Imagem 11 B).<br />

Uma porção dorsal dos lábios vulvares é removida, <strong>com</strong>o na cirurgia de Caslick<br />

para a pneumovagina. A pele do períneo e lábios vulvares é fechada <strong>com</strong> nylon 30 .<br />

Vicryl<br />

Nylon<br />

Imagem 11. Técnica de Aanes: 2º tempo 18 . A: incisão e dissecação da zona a suturar; B: linhas de<br />

sutura para reconstrução do corpo perineal; C: aspecto final em esquema.<br />

19


Pós-operatório:<br />

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Imediatamente após a cirurgia é restituída a dieta normal à égua. Administram-<br />

se antibióticos durante 5 dias e as suturas no períneo e lábios da vulva são retirados 14<br />

dias depois da cirurgia 30 .<br />

A não ser que a abertura vulvar seja demasiado reduzida, os partos seguintes<br />

ocorrem normalmente, sem risco de laceração ou necessidade de episiotomia, quer na<br />

vaca quer na égua 3 .<br />

As <strong>com</strong>plicações incluem deiscência, abcedação e celulite, constipação e<br />

formação de fístula. Pode ocorrer pneumovagina 30 .<br />

Esta técnica admite variações, nomeadamente nos padrões de sutura usados. No<br />

entanto é importante não penetrar o recto ou a vagina, o que poderia levar a<br />

contaminação e insucesso da cirurgia 17 .<br />

Correcção da Fístula Rectovaginal<br />

terceiro grau 3 .<br />

Uma simples fístula rectovaginal é mais difícil de corrigir que uma laceração de<br />

Aanes re<strong>com</strong>enda que estas lesões sejam transformadas em lacerações de<br />

terceiro grau e corrigidas <strong>com</strong>o tal 3 . No entanto, a não ser que a fístula seja muito<br />

profunda, pode ser satisfatoriamente exposta por uma episiotomia na <strong>com</strong>issura dorsal<br />

que se estende cranealmente por baixo do esfíncter anal e do chão do recto, para além<br />

da fístula. A membrana mucosa rectal que delimita a lesão pode então ser seguramente<br />

invertida <strong>com</strong> suturas colocadas transversalmente na submucosa. A episiotomia é<br />

reparada de forma convencional 3 .<br />

20


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6.1.1. PREVENÇÃO DE LACERAÇÕES PERINEAIS: A EPISIOTOMIA<br />

A episiotomia é uma incisão cirúrgica da vulva para evitar que esta se rasgue<br />

irregularmente durante o parto podendo envolver o recto.<br />

Este alargamento cirúrgico da abertura vulvar pode estar indicada em fêmeas<br />

primíparas, e geralmente é necessário em animais submetidos a cirurgia vulvar 20 . Deve<br />

ser realizado em distócias, por imaturidade ou falta de relaxamento, em que é óbvio que<br />

vai haver algum grau de laceração vulvar 19 .<br />

Técnica:<br />

Durante o parto, incide-se o lábio da vulva em direcção dorsolateral, <strong>com</strong>eçando<br />

uns 3 cm abaixo da <strong>com</strong>issura dorsal (Imagem 12). A incisão através da pele e mucosa<br />

vestibular é suficientemente larga e profunda para permitir o parto.<br />

A ferida deve ser suturada nas 4 horas pós-parto 20 . Após infiltração <strong>com</strong> um<br />

anestésico local, faz-se uma sutura de colchoeiro vertical modificada <strong>com</strong> material não<br />

absorvível 17 . O primeiro ponto é dado na união mucocutânea, aplica-se uma ligeira<br />

tracção em direcção ventrolateral, e em seguida aplicam-se mais pontos isolados que<br />

devem atravessar todas as camadas, incluindo a mucosa vestibular 20 (Imagem 13).<br />

Imagem 12. Técnica de Episiotomia 18 ,<br />

numa Vaca.<br />

Imagem 13. Sutura da Episiotomia 20 ,<br />

numa Égua.<br />

21


abcedação 17 .<br />

Pós-operatório:<br />

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A administração de antibiótico é opcional, mas reduz a possibilidade de<br />

Se a incisão não é correctamente fechada pode levar a pneumovagina 17 .<br />

22


6.2. PNEUMOVAGINA<br />

Introdução:<br />

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Pneumovagina é a aspiração involuntária de ar para a vagina, de modo que esta<br />

se apresenta cronicamente distendida 8 .<br />

Resulta de uma conformação vulvar anormal que impede a correcta oclusão da<br />

vulva, e pode implicar a infecção do tracto genital 3, 20 . Observa-se em éguas de todas as<br />

idades 20 , embora seja mais <strong>com</strong>um em éguas velhas, multíparas 3 . É factor<br />

predisponente de urovagina, e, tal <strong>com</strong>o esta, resulta em infertilidade 3, 42 .<br />

Etiologia:<br />

A conformação vulvar anormal pode ser congénita, o que é raro, ou adquirida,<br />

devido a dilatação pelos sucessivos partos, a lesões durante o parto, ou ainda a<br />

emagrecimento muito marcado ou obesidade 3, 19 .<br />

Em algumas éguas ocorre apenas durante o estro, quando os tecidos perineais<br />

estão mais relaxados 3 .<br />

Para haver entrada de ar, a pressão intravaginal tem de ser menor que a<br />

atmosférica. Esta diferença de pressão é maior em cavalos que em póneis, pelo que<br />

nestes a pneumovagina é rara 14 .<br />

Diagnóstico:<br />

O ruído da entrada e saída de ar, particularmente a<br />

trote, é característico 7, 14 , no entanto nem sempre é<br />

constante ou perce<strong>pt</strong>ível.<br />

A palpação transrectal da vagina cheia de ar, que<br />

pode ser expelido, confirma o diagnóstico 3 .<br />

O exame citológico e histológico do endométrio<br />

pode revelar um elevado número de neutrófilos e<br />

eosinófilos, indicativos de endometrite, cervicite ou<br />

vaginite 3 . Imagem 14. Deficiente<br />

conformação perineal e vulvar 36 .<br />

23


Tratamento:<br />

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Antes do tratamento cirúrgico é importante controlar a infecção 20 .<br />

A cirurgia correctiva de Caslick (1937) funciona na maioria dos casos 3, 19 . No<br />

entanto não é eficiente se a deformação primária é o ângulo da superfície vulvar<br />

relativamente à vertical. Neste caso deve ser feita uma ressecção perineal (método de<br />

Pouret, 1982) para conseguir uma conformação vulvar satisfatória 3 .<br />

Estão descritas três técnicas principais, aqui referidas para a égua:<br />

1. Método de Pouret<br />

Sob anestesia epidural, e após desinfecção do períneo 14 , seccioná-lo<br />

horizontalmente, entre a vulva e o ânus, e depois dissecar o tecido entre os dois órgãos,<br />

8 a 12 cm 7, 19 , tendo o cuidado de não perfurar o recto ou a vagina. A incisão é suturada<br />

transformando-a numa vertical 14 . Esta separação permite à vulva uma posição mais<br />

vertical 7, 19 .<br />

Imagem 15. Método de Pouret 14 . a: relação<br />

da vulva <strong>com</strong> o ânus; b: linha de incisão<br />

entre a vulva e o ânus; c: dissecação; d:<br />

sutura da incisão transformando-a numa<br />

vertical.<br />

Imagem16. Método de Pouret 7 . Após a cirurgia a<br />

vulva adquiri uma posição mais vertical.<br />

24


2. Vulvoplastia de Caslick<br />

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Consiste em reduzir a abertura da vulva de modo a evitar a aspiração de ar e,<br />

consequentemente, a possibilidade de infecção e inflamação do tracto urogenital 19 .<br />

Preparação:<br />

O animal deve ser contido num tronco. Deve ser feita uma bandagem em volta<br />

da cauda e esta deve ser presa numa posição elevada. As fezes são removidas do recto, e<br />

o períneo, os lábios da vulva e a entrada do vestíbulo são limpos e desinfectados <strong>com</strong><br />

um antissé<strong>pt</strong>ico suave. É feita uma anestesia local: cada lábio vulvar é infiltrado <strong>com</strong><br />

aproximadamente 5 ml de lidocaína a 2% 7, 19, 30 .<br />

Com a ajuda de pinças colocadas nos dois lábios e na <strong>com</strong>issura dorsal, o campo<br />

cirúrgico é exposto.<br />

Técnica:<br />

A intervenção cirúrgica consiste em remover uma tira de mucosa<br />

(aproximadamente 3 mm) na junção mucocutânea de cada lábio vulvar 30 desde a<br />

<strong>com</strong>issura dorsal até um nível abaixo da base óssea da pélvis 7, 14, 19 . Um erro <strong>com</strong>um é<br />

remover demasiado tecido 30 . As margens da ferida assim formada são juntas <strong>com</strong> uma<br />

sutura simples interrompida de material não reabsorvível <strong>com</strong>o nylon ou polipropileno<br />

2/0 monofilamentar 7, 19, 30 . Uma modificação desta técnica consiste no uso de agrafos<br />

cutâneos para suturar os bordos externos (estes, além da<br />

rapidez de execução, garantem uma sutura estanque) 7 .<br />

Para evitar tensão excessiva na parte mais ventral da<br />

linha de sutura, pode usar-se fita umbilical estéril para dar<br />

um ponto profundo (após infiltração local) antes do<br />

acasalamento 30 .<br />

Pós-operatório:<br />

Geralmente não é necessária antibioterapia tópica<br />

nem sistémica. As suturas podem ser retiradas em 7 a 10<br />

dias 30 . Imagem 17. Ponto<br />

profundo <strong>com</strong> fita<br />

umbilical 30 .<br />

25


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Imagem 18. Vulvoplastia de Caslick 14 . a: indicação do nível da base óssea<br />

da pélvis; b e c: infiltração <strong>com</strong> lidocaína a 2%; d e e : remoção de uma<br />

tira de mucosa da junção mucocutânea de cada lábio vulvar; f: sutura.<br />

3. Episioplastia<br />

Esta técnica é uma extensão do conceito da cirurgia de Caslick 29 : não só se<br />

diminui a abertura vulvar (em 30-50 %) <strong>com</strong>o também se baixa o tecto vestibular, ao<br />

remover a mucosa das partes dorsal e dorsolaterais do vestíbulo 20 . Está indicada em<br />

casos mais graves 14 , em que está <strong>com</strong>prometida a função dos músculos constritores da<br />

vulva e do vestíbulo 29 .<br />

Preparação:<br />

A preparação do animal é igual à descrita na técnica de Caslick, e a anestesia<br />

também pode ser por infiltração local, embora a anestesia epidural seja preferível. Pode<br />

ser necessário algum grau de tranquilização 20 (a <strong>com</strong>binação de xilazina e butorfanol<br />

tem sido útil) 29 .<br />

Técnica:<br />

Começa por se marcar, nos lábios vulvares, o ponto onde vai ser a nova<br />

<strong>com</strong>issura dorsal da vulva. Após exposição do vestíbulo, <strong>com</strong> pinças ou pontos de<br />

26


sutura, faz-se uma incisão desde um ponto<br />

no tecto do vestíbulo, 3 a 6 cm<br />

caudalmente à união vestibulovaginal até à<br />

marca feita em cada lábio vulvar. Em<br />

seguida incidem-se a <strong>com</strong>issura dorsal e a<br />

junção mucocutânea dos lábios 20 (Imagem<br />

19). Toda a mucosa assim delimitada é<br />

dissecada e removida 20, 29 . Esta dissecção<br />

deve ser cuidada para não atingir o recto<br />

(se isso acontecer o defeito deve ser<br />

corrigido invertendo os bordos para o<br />

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Imagem 19. Linhas de incisão numa Episioplastia 29 .<br />

lume). Os bordos horizontais, direito e esquerdo, da ferida são então suturados mediante<br />

pontos isolados de material reabsorvível que se iniciam cranealmente. Depois de 3-4<br />

nós, aplicam-se pontos isolados dorsalmente a esta linha de sutura para aproximar as<br />

superfícies dissecadas 20, 29 . A sutura <strong>com</strong>pleta-se alternando os pontos na mucosa e no<br />

plano dorsal. A pele do períneo e da vulva também é fechada <strong>com</strong> pontos soltos de<br />

material não reabsorvível (<strong>com</strong>o na cirurgia de Caslick) 20, 29 (Imagens 20 e 21).<br />

Imagem 20. Sutura de colchoeiro horizontal<br />

profunda 29 .<br />

Imagem 21. Aspecto final de uma<br />

episioplastia 20 .<br />

27


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Realiza-se uma sutura de colchoeiro horizontal profunda através do corpo<br />

perineal reconstruído 29 (Imagem 20).<br />

eve ser instituída antibioterapia sistémica durante três dias 29 D<br />

.<br />

tirados passados 10 a 12 dias 29 Os pontos são re<br />

, mas a cura funcional total<br />

ocorre a 20, 29 em 4-8 semanas, durante as quais a cópula não deve ser permitid .<br />

Ao realizar uma vulvoplastia ou uma episioplastia, é importante garantir<br />

que a<br />

redução não é excessiva de modo a causar disúria ou impedir a monta natural, se for<br />

caso disso.<br />

Pós-operatório:<br />

No momento do parto é necessário realizar uma episiotomia para prevenir a<br />

egular da vulva 20, 29 laceração irr<br />

.<br />

A vulvoplastia é uma operação<br />

fácil de realizar, pelo que por vezes é<br />

abusivamente praticada. Segundo Pycock, 1997, muitas éguas são desnecessariamente<br />

submetidas<br />

à cirurgia de Caslick: esta deve ser reservada para corrigir defeitos vulvares<br />

e não porque uma égua falha uma gestação 3 .<br />

28


6.3. UROVAGINA<br />

Introdução:<br />

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Urovagina, ou refluxo vesicovaginal, refere-se à acumulação de urina na porção<br />

anterior da vagina (Imagem 22). Esta patologia afecta quer a vaca quer a égua,<br />

geralmente fêmeas multíparas, e origina vaginite e cervicite, podendo ainda a<br />

inflamação progredir para o útero causando endometrite. É uma causa conhecida de<br />

infertilidade 3, 42, 44 .<br />

Tem-se observado um aumento da prevalência desta patologia em vacas,<br />

parecendo haver maior predisposição de determinadas raças, particularmente Charolais<br />

e Holstein 3, 42 .<br />

Etiologia:<br />

A acumulação de urina resulta de alterações na conformação anatómica da vulva<br />

ou do tracto urogenital, quer tenham origem congénita, sejam resultado de partos<br />

distócicos ou da idade e de um elevado número de partos 42 .<br />

São causas de refluxo vesicovaginal todas as que originam vaginas inclinadas<br />

ventro-cranealmente 42 , bem <strong>com</strong>o factores que afectam a integridade do esfíncter<br />

vulvar ou vestibulovulvar (aproximadamente 70% das vacas que apresentam este<br />

problema têm uma conformação vulvar defeituosa) 42 . A má oclusão dos lábios vulvares<br />

origina pneumovagina, que predispõe a urovagina 3, 42 . A perda de funcionalidade dos<br />

músculos constritores da vagina e da constrição himenial, devido a um parto distócico<br />

ou a um elevado número de partos, também permite o refluxo caudal da urina 42 .<br />

Há casos de urovagina e pneumovagina que só aparecem durante o estro, devido<br />

ao relaxamento dos tecidos<br />

vaginais, ligamentos, etc., por<br />

efeito dos estrogénios 42 . Por vezes<br />

ocorre urovagina transitória pós-<br />

parto, que normalmente se resolve<br />

após involução uterina 3 .<br />

Imagem 22. Urovagina numa Égua 36 .<br />

29


Diagnóstico:<br />

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O diagnóstico é feito por exploração vaginal 42 (<strong>com</strong> espéculo vaginal),<br />

preferencialmente durante o estro.<br />

O líquido acumulado na vagina é mais fluido que o muco originado durante o<br />

estro, de cor mais amarelada e em maior quantidade 42 (Imagem 22). Análises<br />

bioquímicas revelam a presença de creatinina, ureia e cristais de carbonato de cálcio 42<br />

(mais frequentes), bem <strong>com</strong>o pH alcalino.<br />

Tratamento:<br />

O tratamento deve ser instituído o mais cedo possível, pois em casos crónicos<br />

pode ocorrer degenerescência endometrial permanente e infertilidade persistente 29 .<br />

Para as éguas estão descritas cinco técnicas cirúrgicas: a técnica de Monin<br />

(1972), que consiste na translocação da prega uretral, a técnica de Brown (1978), a<br />

técnica de Shires (1986) e a técnica de Mckinnon (1988), que produzem um<br />

prolongamento da uretra, e ainda o método de Pouret (1982), que modifica a relação da<br />

vulva <strong>com</strong> o ânus 42 , por ressecção perineal 3 .<br />

Embora alguns autores refiram que nenhuma tem resultados satisfatórios<br />

(Arthur, 1996), nas vacas estão descritas duas técnicas de uretroplastia: uma consiste no<br />

prolongamento cirúrgico da uretra e a outra na criação de uma prega transversa<br />

cranealmente ao meato urinário, de forma a impedir o refluxo da urina 42 . Nesta<br />

técnica, forma-se uma prega craneal ao meato urinário que se mantem por pontos em U<br />

horizontais, simples ou contínuos, de material não reabsorvível, na base da prega 42 .<br />

Estes pontos serão retirados algum tempo depois. Há autores que re<strong>com</strong>endam<br />

<strong>com</strong>plementar esta técnica <strong>com</strong> uma episioplastia (descrita anteriormente) 42 .<br />

Por vezes a urovagina está associada a pneumovagina. Nestes casos, a resolução<br />

cirúrgica desta resolveria também a primeira. O problema é que a urovagina pode<br />

não ser secundária. Se assim for, não só não é resolvida pela episioplastia <strong>com</strong>o esta<br />

técnica impede a realização de outras técnicas para corrigir da urovagina 42 .<br />

Em seguida descrevem-se as principais técnicas usadas para a resolução desta<br />

condição. As duas modalidades de uretroplastia estão descritas para a égua, embora<br />

sejam aplicáveis à vaca, a cerclage da constrição himeneal está descrita para a vaca.<br />

30


1. Uretroplastia<br />

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A uretroplastia por recolocação caudal da prega transversa (técnica de Monin)<br />

consiste na sutura da prega transversal caudalmente e por cima do orifício uretral<br />

externo, criando uma extensão uretral 29 . A prega fica <strong>com</strong> forma de V, <strong>com</strong> o vértice<br />

mais cranial, a não mais de 2 cm do chão vestibular 30 . Em éguas <strong>com</strong> elevado declive<br />

vaginal esta técnica não se revela eficaz 30 .<br />

Alternativamente, pode ser criado um canal que prolonga a uretra até à junção<br />

mucocutânea, de modo a que a urina vá para o exterior. Esta técnica é preferível à de<br />

Monin, e Brown (1978) refere que foi um sucesso em 16 de 18 éguas 29 .<br />

Preparação:<br />

A cirurgia é feita <strong>com</strong> o animal em pé 29 , convenientemente contido e sob<br />

anestesia epidural.<br />

As fezes são retiradas do recto, a cauda é envolvida e presa numa posição<br />

elevada. A área perineal é cirurgicamente preparada, e um cateter é introduzido na<br />

bexiga para evitar contaminação do campo cirúrgico <strong>com</strong> urina 29 .<br />

Os lábios vulvares são afastados pelo uso de afastadores ou pontos de sutura 29 .<br />

Técnica:<br />

Realiza-se uma incisão em forma de “V”, que se inicia lateralmente à abertura<br />

da uretra, se continua cranealmente a esta para o outro lado 42 , e depois caudalmente, de<br />

ambos os lados do chão do vestíbulo até 1-3 cm da junção mucocutânea dos lábios<br />

vulvares 19, 42 . Segue-se uma dissecação profunda da mucosa, dorsal e ventralmente,<br />

para libertar dois “flaps” de cada lado. São então feitas três linhas de sutura separadas,<br />

contínuas, <strong>com</strong> fio 2/0 de polipropileno, a nível médio: os dois “flaps” ventrais da<br />

mucosa são suturados <strong>com</strong> os bordos invertidos e formam o tecto da nova uretra<br />

(Imagem 23), os dois dorsais são suturados <strong>com</strong> os bordos evertidos e formam o chão<br />

da nova vagina (Imagem 24), faz-se também uma sutura na submucosa entre estes dois<br />

planos 19, 42 (esta opcional) 19, 29 .<br />

É importante que a dissecação seja suficientemente profunda para evitar<br />

excessiva tensão nas linhas de sutura, e que estas sejam cuidadosamente efectuadas de<br />

modo a evitar a formação de uma fístula, <strong>com</strong> a passagem de urina 42 .<br />

31


Imagem 23. Aposição dos “flaps” ventrais 29 . É<br />

formado o tecto da nova uretra.<br />

Pós-operatório:<br />

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Imagem 24. Aposição dos “flaps” dorsais 29 .<br />

O cateter é retirado no final da cirurgia, ou pode permanecer colocado durante<br />

alguns dias 42 . Está indicada terapia antibiótica e anti-inflamatória, bem <strong>com</strong>o<br />

monitorização por exame rectal para assegurar que a bexiga se está a esvaziar<br />

correctamente. As suturas não são removidas, mas a sua permanência não foi associada<br />

a consequências adversas.<br />

32


2. Cerclage da constrição himenial<br />

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Trata-se de um novo método proposto recentemente, que se revela mais simples<br />

e <strong>com</strong> melhores resultados que os anteriormente descritos 42 .<br />

Estudando a fisiologia da micção na vaca podemos observar que para evitar o<br />

refluxo urinário existem dois mecanismos. Um é a postura que o animal ado<strong>pt</strong>a ao<br />

urinar, arqueando a coluna lombar, descendo a parte caudal da pélvis, flexionando as<br />

extremidades posteriores e levantando a cauda. Este mecanismo mantém-se activo nas<br />

vacas problema, exce<strong>pt</strong>o naquelas que sofreram graves traumatismos no parto. O outro<br />

mecanismo é a elevação da parte craneal do vestíbulo vaginal (imediatamente craneal ao<br />

meato urinário externo), pelo músculo vestibular, no momento de urinar. Este músculo<br />

pode perder o tónus <strong>com</strong>o consequência de um ou vários partos problemáticos. Além<br />

disso, esta zona da constrição himenial pode estar muito distendida, pelo mesmo<br />

motivo, e isto faz <strong>com</strong> que o músculo, mesmo estando funcional, não seja suficiente<br />

para isolar a vagina do meato urinário 42 .<br />

O novo método consiste na reconstrução da constrição himenial, o que origina<br />

uma redução da abertura vaginal semelhante à que se encontra nas novilhas virgens e<br />

que origina uma separação quase total do vestíbulo vaginal da vagina propriamente dita,<br />

solucionando a urovagina e a possível pneumovagina associada 42 .<br />

Preparação:<br />

A anestesia é feita <strong>com</strong> uma injecção epidural de lidocaína a 2%. A ampola<br />

rectal deve ser esvaziada, e a região perineal convenientemente lavada e desinfectada<br />

<strong>com</strong> clorhexidina ou uma solução iodada. Um ajudante, <strong>com</strong> o auxílio de pinças,<br />

mantém os lábios vulvares abertos, de modo a expor o campo cirúrgico. Isto pode<br />

também ser feito recorrendo a afastadores ou pontos de sutura. A uretra deve ser<br />

cateterizada 42 .<br />

Técnica:<br />

Realiza-se uma incisão horizontal de 5 mm na parte caudal da constrição<br />

himenial às “quatro horas” e introduz-se nela uma agulha de 10 cm de 1/4 de círculo,<br />

montada <strong>com</strong> polidioxanona número 1. A agulha sai às “oito horas”, passando entre a<br />

uretra e o chão da vagina. Reintroduz-se neste ponto e sai às “doze horas”, onde se volta<br />

33


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

a introduzir para sair na incisão inicial, às “quatro horas”. É importante palpar <strong>com</strong> a<br />

mão esquerda enquanto se avança a agulha <strong>com</strong> a direita (cirurgiões destros), para evitar<br />

perfurar a uretra ou o recto. De seguida faz-se um nó de modo que a abertura vaginal só<br />

permita a passagem de dois dedos. O nó deve ficar escondido na mucosa, <strong>com</strong>o o resto<br />

do fio. A sutura deve ser suficientemente profunda para evitar que a mucosa se rasgue<br />

passado pouco tempo, o que implicaria o insucesso da cirurgia 42 .<br />

6.3.1. CASO CLÍNICO<br />

A técnica descrita anteriormente foi aplicada numa vaca da vacaria da UTAD, à<br />

qual foi diagnosticada urovagina.<br />

Tratava-se de uma vaca de raça Holstein-Frísia, <strong>com</strong> cerca de 4 anos de idade.<br />

Depois do segundo parto, há quase um ano e meio, não voltou a ficar gestante.<br />

Foram feitas várias inseminações artificiais, sempre sem sucesso.<br />

O exame do aparelho reprodutor revelou a acumulação de uma quantidade<br />

significativa de urina na vagina.<br />

Tratamento:<br />

Após o diagnóstico da urovagina, esta foi corrigida recorrendo à técnica da<br />

cerclage da constrição himeneal. As fotografias seguintes relatam a cirurgia.<br />

Depois da tricotomia e preparação assé<strong>pt</strong>ica da zona sacrococcígea, foi feita uma<br />

anestesia epidural baixa <strong>com</strong> lidocaína 2% (Imagens 25 e 26).<br />

Imagem 25. Preparação da zona<br />

sacrococcígea para administração da<br />

anestesia epidural.<br />

Imagem 26. Anestesia Epidural.<br />

34


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As fezes foram retiradas do recto, e a vulva e região perineal foram lavadas e<br />

desinfectadas <strong>com</strong> clorhexidina (Imagem 27). A uretra foi cateterizada para evitar a<br />

contaminação do campo cirúrgico <strong>com</strong> urina, e para evitar que esta fosse incluída na<br />

sutura. (Imagem 28).<br />

Imagem 27. Região perineal lavada e<br />

desinfectada.<br />

Imagem 28. Cateterização da uretra.<br />

Com o auxílio de pinças, dois ajudantes mantêm os lábios vulvares abertos<br />

expondo o campo cirúrgico. A imagem 29 é uma fotografia da vagina antes da<br />

intervenção, as fotografias seguintes (Imagens 30 a 33) correspondem à execução da<br />

técnica. De notar que <strong>com</strong> uma mão se palpa e <strong>com</strong> a outra se dão os pontos. A imagem<br />

34 corresponde ao aspecto final da vagina.<br />

Imagem 29. Aspecto da vagina antes da<br />

intervenção.<br />

Imagem 30. Execução da técnica. Com uma mão palpa-<br />

-se e <strong>com</strong> a outra dão-se os pontos.<br />

35


Imagem 31. Execução da técnica. Confirma-<br />

-se que os pontos estão no local certo.<br />

Imagem 33. Execução da técnica. No fim são<br />

dados nós para fechar a sutura.<br />

na vagina.<br />

Evolução do caso:<br />

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Imagem 32. Execução da técnica. São dados mais<br />

pontos.<br />

Imagem 34. Aspecto da vagina no final da cirurgia.<br />

Fez-se o a<strong>com</strong>panhamento do caso durante cerca de 3 meses (até ao momento).<br />

Embora em muito menor quantidade, ainda ocorre alguma acumulação de urina<br />

Neste período de tempo a vaca foi inseminada duas vezes, ambas sem sucesso.<br />

36


6.4. PROLAPSO VAGINAL<br />

Introdução:<br />

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Prolapso é a descida de um órgão, ou parte dele 8 , da sua posição normal.<br />

O prolapso vaginal <strong>com</strong>eça pela formação de uma dobra no chão da vagina,<br />

imediatamente craneal à união vestíbulo-vaginal. O incómodo causado por esta eversão,<br />

juntamente <strong>com</strong> a irritação e a inflamação da mucosa exposta, provocam uma distensão<br />

e agravamento do prolapso. Por fim, toda a vagina pode estar prolapsada e o colo do<br />

útero ser visível na zona mais caudal do prolapso. A bexiga ou ansas intestinais podem<br />

estar contidas na vagina prolapsada 2 .<br />

Afecta principalmente a vaca, a ovelha e a porca, sendo menos <strong>com</strong>um na égua e<br />

na cabra 18 . Tipicamente é uma condição de ruminantes na fase final da gestação 3 (no<br />

último trimestre) 2 . Também pode ocorrer no pós-parto, ou mesmo sem qualquer relação<br />

<strong>com</strong> a gestação ou o parto 2 .<br />

Os prolapsos vaginais são recorrentes. Nas sucessivas gestações, aparecem cada<br />

vez mais cedo e são cada vez mais severos, pelo que se torna aconselhável refugar as<br />

vacas 17, 46 .<br />

Etiologia:<br />

O prolapso ocorre devido ao relaxamento excessivo dos tecidos pélvicos antes<br />

do parto, e ao aumento da pressão intra-abdominal 18 . Embora a sua causa exacta não<br />

seja conhecida, há vários factores importantes no desenvolvimento desta condição 3 .<br />

Factores predisponentes:<br />

Nos bovinos, os prolapsos vaginais são mais frequentes em determinadas raças:<br />

Hereford, Santa Gertrudis e Holstein, sendo que na raça Hereford está <strong>com</strong>provada a<br />

<strong>com</strong>ponente genética 3, 17, 18, 23 . Nos ovinos as raças mais predispostas são Kerry Hill e<br />

Romney Marsh 2 .<br />

37


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São mais afectadas fêmeas pluríparas, pelo que a idade, as sucessivas gestações<br />

e a perda de elasticidade muscular que implicam predispõem à ocorrência de prolapsos<br />

3, 18 .<br />

Outro factor importante é o elevado nível de estrogénio. Este pode ser devido a<br />

produção endógena (nos últimos dois a três meses da gestação a produção pela placenta<br />

é maior) 17 , a um excesso de estrogénio na dieta, nomeadamente pela presença de alguns<br />

trevos, ou a administração de <strong>com</strong>ponentes estrogénicos, geralmente na forma de<br />

implamtes promotores do crescimento 2, 3, 18 . Altas concentrações de estrogénio levam<br />

ao relaxamento dos ligamentos pélvicos e das estruturas anexas 17 .<br />

A frequência de prolapsos é maior em animais estabulados do que em animais<br />

de pastoreio, o que indica a falta de exercício físico <strong>com</strong>o um factor a ter em conta 2, 3 .<br />

Também predispõem ao prolapso as lesões prévias dos tecidos, a ingestão de<br />

grandes quantidades de forragem de má qualidade, o excesso de gordura perivaginal,<br />

gestações gemelares e timpanismo ruminal 3, 18, 23 .<br />

Sinais Clínicos:<br />

O prolapso identifica-se pela presença de uma formação avermelhada e<br />

cilíndrica a nível dos lábios vulvares 39 , que corresponde à eversão da vagina <strong>com</strong><br />

exposição da superfície mucosa 18 .<br />

Os prolapsos vaginais são classificados atendendo à duração, severidade e<br />

prognóstico 17 . Num prolapso de primeiro grau só há protusão do chão da vagina, e<br />

apenas quando a vaca está deitada (o prolapso desaparece quando esta se levanta) 17, 23 .<br />

A irritação constante e a dessecação conduzem, na maioria dos casos, a uma eversão<br />

constante da mucosa vaginal 23 .<br />

Nos prolapsos de segundo grau o chão da vagina está constantemente<br />

prolapsado, e nos de terceiro grau há exposição da vagina e da cérvix. O prognóstico é<br />

reservado 17 .<br />

Um prolapso de quarto grau implica uma duração maior, e normalmente necrose<br />

da mucosa vaginal exposta e aderências entre tecidos perivaginais, pelo que o<br />

prognóstico se torna muito reservado 17 .<br />

38


Imagem 35. Prolapso vaginal 46<br />

numa Vaca.<br />

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Imagem 36. Prolapso vaginal (esquema) 16 .<br />

Quanto mais longe do parto o prolapso ocorre, mais severo tende a tornar-se,<br />

pois a gestação avançada acentua a condição 3 .<br />

O órgão exposto é vulnerável a traumatismos e infecções 18 . A irritação<br />

constante leva a contracções e esforços de expulsão, que aumentam o grau do prolapso<br />

3 . Trombose, ulceração e necrose do órgão prolapsado, associadas a toxémia e<br />

contracções severas, levam a anorexia, rápida deterioração da condição corporal, e<br />

ocasionalmente morte 3 .<br />

animal 3 .<br />

Tratamento:<br />

O parto ou o aborto aliviam a condição, e podem levar à rápida recuperação do<br />

Os objectivos são o retorno dos tecidos à sua posição normal, a manutenção da<br />

vagina na sua posição normal, e conseguir que o parto ocorra sem obstáculos 23 .<br />

O tratamento depende da severidade do prolapso. Pode ser suficiente elevar o<br />

terço posterior e recolocar o prolapso, em casos ligeiros e intermitentes, ou podem ser<br />

necessárias suturas de retenção 18 .<br />

Sob anestesia epidural, a massa prolapsada é lavada, lubrificada (a glicerina<br />

proporciona lubrificação e reduz a congestão e o edema por acção osmótica) 2 , e<br />

recolocada mediante massagens 3,17, 18, 23 . A anestesia epidural não só dessensibiliza a<br />

zona perineal, <strong>com</strong>o também pára as contracções 3 . Pode ser necessário cateterizar e<br />

39


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esvaziar a bexiga, se esta está cheia e contida na massa prolapsada 2, 23 . Se há lesões<br />

graves ou necrose da mucosa, deve ser feita uma ressecção submucosa antes de<br />

recolocar a vagina 16 .<br />

Em prolapsos ligeiros, em que a vagina sofreu poucos danos, e especialmente se<br />

o parto está próximo, este tratamento pode ser suficiente. Particularmente se a vaca for<br />

estabulada num plano inclinado, que permita manter o terço posterior mais elevado 3, 18 .<br />

Para manter a vagina na posição normal são realizadas suturas de retenção. Estão<br />

descritos vários padrões de sutura dos lábios vulvares 2, 18, 23 , no entanto a sutura<br />

descrita por Bühner (1958) é uma das mais eficazes 2, 3, 23 .<br />

1. Sutura de Bühner<br />

Sutura em bolsa de tabaco bastante larga, profundamente implantada no tecido<br />

subcutâneo que rodeia a vulva, que simula a acção do músculo constritor do vestíbulo 23,<br />

30 . É um método simples e eficaz na retenção de prolapsos vaginais e uterinos 30 , tanto<br />

em vacas <strong>com</strong>o em ovelhas.<br />

É necessário uma agulha especial (agulha perivaginal de Bühner), e fita de<br />

sutura perivaginal 30 .<br />

Técnica:<br />

Para facilitar a<br />

introdução da grande<br />

agulha, a cerca de 3cm da<br />

<strong>com</strong>issura ventral da vulva é<br />

feita uma incisão vertical de<br />

2 cm 17 . Pode ser feita outra<br />

incisão entre a <strong>com</strong>issura<br />

dorsal da vulva e o ânus 3, 30 .<br />

A agulha é introduzida na<br />

incisão ventral e dirigida<br />

dorsalmente, lateral à vulva,<br />

tão profundamente quanto<br />

possível 17, 30 .<br />

Imagem 37. Sutura de Bühner 30 . a: prolapso vaginal de uma<br />

Vaca; b: técnica para aplicação da sutura num dos lábios vulvares.<br />

40


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

Uma mão é colocada na vagina para guiar a agulha 30 . A agulha deve sair entre a<br />

<strong>com</strong>issura dorsal da vulva e o ânus (ou na incisão dorsal, se esta tiver sido feita)<br />

(Imagem 37 b). A fita de sutura é então presa no olho da agulha e puxada até sair pela<br />

incisão ventral 17 . A fita é retirada da agulha, e esta é novamente introduzida na incisão<br />

ventral e dirigida até à incisão dorsal, agora pelo lado oposto. A outra ponta da fita é<br />

presa na agulha e puxada <strong>com</strong>o se tinha feito do outro lado (Imagem 38 a). A fita agora<br />

rodeia a vulva, <strong>com</strong> as duas pontas a emergirem na incisão ventral da pele 3, 30 .<br />

A fita é apertada (Imagem 38 b) de modo que possam ser introduzidos dois ou<br />

três dedos 17, 30 .<br />

Imagem 38. Sutura de Bühner (continuação) 30 . a: aplicação da sutura pelo outro lábio vulvar; b: aspecto<br />

final (o nó pode ser facilmente desapertado).<br />

As incisões feitas podem ser fechadas <strong>com</strong> uma sutura simples interrompida de<br />

material não absorvível, para diminuir as hipóteses de infecção secundária em redor da<br />

fita 30 .<br />

41


Pós-operatório:<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

A sutura praticamente não causa reacção tecidular 3 , no entanto o animal deve<br />

ser vigiado para se desfazer o nó na altura do parto 30 .<br />

Além de ser de fácil execução, outra vantagem é que facilmente se desfaz o nó e,<br />

se volta a atar, para inspecção vaginal e para o parto. É uma sutura forte, que não lacera<br />

tão frequentemente <strong>com</strong>o outros padrões de sutura e é bem tolerada pelos tecidos, pelo<br />

que pode permanecer colocada durante vários meses 3, 30 . Por outro lado, o tecido<br />

fibroso formado pela presença da fita é muitas vezes suficiente para prevenir futuros<br />

prolapsos 17, 30 .<br />

O aspecto negativo é que se não for retirada ou desapertada no momento do<br />

parto, invariavelmente origina distócia, pelo que é necessário vigiar o animal 17 .<br />

2. Outros Métodos<br />

As suturas de colchoeiro verticais profundas (em U horizontais) devem ser<br />

feitas <strong>com</strong> fio largo, <strong>com</strong>o a fita umbilical ou a fita de Bühner, e devem ser colocados<br />

protectores para evitar lacerações. Devem ainda ser feitas na junção dos lábios vulvares<br />

<strong>com</strong> a pele do períneo, pois a pele dos lábios é demasiado fraca 17 .<br />

A primeira sutura é colocada 3 a 4 cm abaixo da <strong>com</strong>issura dorsal. A cada dois<br />

ou três pontos devem colocar-se protectores sob o fio de sutura e apertá-los 17 .<br />

Apesar de ser uma sutura bastante segura, origina graves lesões vulvares se não<br />

é removida na altura do parto 17 .<br />

A técnica do “atacador”<br />

(Imagem 39) consiste em aplicar três a<br />

cinco pontos de sutura de cada lado da<br />

vulva, de modo a criar umas ansas ou<br />

presilhas. Deve ser usada fita umbilical<br />

larga, e devem ser feitos na pele do<br />

períneo (é mais resistente que a dos<br />

lábios). Em seguida, passa-se uma gaze,<br />

uma fita umbilical ou outro tipo de<br />

cordão por estas presilhas de modo a Imagem 39. Técnica do “atacador” 16 .<br />

42


fechar a vulva 16, 17 .<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

É uma técnica de rápida e simples execução, cuja principal vantagem é a<br />

facilidade <strong>com</strong> que é removida, por exemplo para inspecção vaginal, e recolocada. No<br />

entanto não dura muito, pelo que é preferida para animais que vão parir em uma ou duas<br />

semanas 17 .<br />

Em casos crónicos, e que ocorrem muito tempo antes do parto estão descritas<br />

técnicas cirúrgicas mais <strong>com</strong>plexas 18 .<br />

A cirurgia de Caslick, descrita no tratamento da pneumovagina, também é útil<br />

para reter prolapsos. No entanto tem de ser aplicada antes do animal apresentar<br />

contracções, e tem de ser aberta antes do parto, sob pena de graves lesões vulvares<br />

18 .<br />

Farquharson (1949) aplicou <strong>com</strong> sucesso uma técnica que consiste basicamente<br />

numa ressecção submucosa da parte prolapsada da vagina 3, 18 . A gestação e parto<br />

subsequentes não são afectados e a cura é permanente 3 .<br />

Estão ainda descritas técnicas de fixação permanente, principalmente quando as<br />

técnicas de retenção externa falharam 2, 30 .<br />

A descrita por Winkler em 1966 consiste na fixação da cérvix ao tendão pré-<br />

púbico (cervicopexia), enquanto a técnica de Minchev consiste na fixação da vagina<br />

(vaginopexia) 17, 18 . São suturas que podem permanecer muito tempo, não é necessário<br />

retirá-las para o parto, e <strong>com</strong> o tempo criam-se adesões que tornam a fixação mais<br />

permanente 17, 30 .<br />

3, 17,<br />

43


7. CONCLUSÃO<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

O parto é uma altura crítica para qualquer fêmea, pela quantidade de problemas<br />

que podem acontecer e pelo “desgaste” que provoca no animal <strong>com</strong> o decorrer dos anos.<br />

O animal gestante deve ser isolado quando o parto se torna eminente, para que<br />

este ocorra num local tranquilo. Isto torna-se ainda mais importante na égua do que na<br />

vaca. É importante que o local esteja convenientemente limpo.<br />

Um animal em fim de gestação deve ser vigiado, pois é importante intervir<br />

rapidamente caso o parto não corra da melhor maneira.<br />

Relativamente às patologias expostas neste relatório, alguns autores consideram<br />

que uma vaca tratada devido a um prolapso vaginal deve ser refugada. Isto porque,<br />

muito provavelmente, a condição reaparecerá em gestações seguintes, tornando-se cada<br />

vez mais grave, e porque pode ser hereditária 16, 17, 23 .<br />

Em casos de urovagina, o prognóstico depende da gravidade da endometrite<br />

secundária e do sucesso da cirurgia 28 .<br />

O prognóstico para a correcção da pneumovagina é excelente, no entanto,<br />

relativamente à fertilidade, este depende da extensão das alterações secundárias 28 .<br />

44


8. BIBLIOGRAFIA<br />

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Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

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47


ANEXOS<br />

Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

VI


Anestesia Epidural:<br />

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Anestesia regional obtida pela injecção de um anestésico no espaço<br />

<strong>com</strong>preendido entre o canal ósseo raquidiano e a dura-máter (espaço epidural) 24 .<br />

Este método foi sugerido pela primeira vez por Corning, em 1885, que ao aplicar<br />

uma injecção de uma solução de cocaína no conducto raquidiano de um cão anestesiou<br />

os membros pélvicos 1 .<br />

São dessensibilizadas as raízes do nervo caudal após emergirem da dura-máter<br />

30 . As fibras sensitivas anestesiam-se mais rapidamente que as motoras, e as do SNS são<br />

menos susce<strong>pt</strong>íveis 1 . Trata-se de uma técnica puramente analgésica, pelo que o termo<br />

analgesia é preferível 30 .<br />

Na prática de cirurgia em animais irracionais este tipo de anestesia é usado de<br />

forma mais <strong>com</strong>um em bovinos e equídeos, e menos frequentemente nas outras espécies<br />

1 .<br />

A analgesia epidural pode ser classificada <strong>com</strong>o alta ou baixa, de acordo <strong>com</strong> a<br />

distância a que a solução analgésica se dispersa e a extensão da área dessensibilizada 30 .<br />

Diz-se que a anestesia epidural é baixa se o anestésico não chega ao segmento<br />

sacrolombar, e alta quando passa esse segmento 1 . Isto depende principalmente do<br />

volume da solução injectada e da concentração e dispersão do agente analgésico 30 .<br />

Uma epidural baixa implica que o controle motor das patas traseiras não foi<br />

afectado 30 . A área anestesiada inclui o ânus, o períneo, a vulva e a vagina 25 . O esfíncter<br />

anal relaxará e a parte posterior do recto inchará. O tenesmo será aliviado e a tensão<br />

obstétrica ficará impedida 30 .<br />

A injecção é feita no espaço sacrococcígeo ou no primeiro espaço intercoccígeo,<br />

sendo este preferido por ser um espaço mais largo e mais facilmente perce<strong>pt</strong>ível 30 (por<br />

movimentos ascendentes e descendentes da cauda). Após tricotomia e assepsia da zona,<br />

uma agulha de 18 G é introduzida na linha média, perpendicularmente à pele 25 (Turner<br />

refere um ângulo de 45º no caso dos bovinos, e de 30 ou 60 º nos equinos 30 ), até que a<br />

sua ponta atinja o pavimento do canal espinhal. A agulha é então levemente retraída<br />

para assegurar que a ponta não está no disco intervertebral 30 . Se há resistência ao<br />

pressionar o êmbolo significa que a agulha não está correctamente colocada e a sua<br />

posição terá de ser corrigida 1 . A dose administrada de lidocaína a 2% ou mepivacaína é<br />

de 0,5 até 1 ml/45 kg 30 (5 a 6 ml) 25 . Após um intervalo de 10 a 15 minutos, se<br />

necessário, injecta-se mais solução 30 .<br />

VII


Clínica das Espécies Pecuárias – Cirurgias Correctivas<br />

O efeito mínimo nos sistemas cardiovascular e respiratório, o pouco efeito sobre<br />

os sistemas orgânicos, os poucos problemas <strong>com</strong> toxicidade, o bom relaxamento<br />

muscular, a boa analgesia pós-operatória, a recuperação rápida, a simplicidade e o baixo<br />

custo são vantagens desta técnica. No entanto torna-se tecnicamente difícil se o espaço<br />

para a administração não for identificado e se o espaço sacrococcígeo estiver ossificado<br />

nos animais velhos. As <strong>com</strong>plicações (raras) incluem infecção resultando em supuração<br />

ou paralisia permanente da cauda, possibilidade de ataxia ou colapso por dosagem<br />

excessiva e hemorragia pela punção de um seio venoso 25 .<br />

Na epidural alta a técnica é a mesma, exce<strong>pt</strong>o que se administra uma maior<br />

quantidade de agente analgésico: 1 ml/4,5 kg 30 .<br />

VIII

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