01.05.2013 Views

Idem - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Idem - Repositório Aberto da Universidade do Porto

Idem - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

I. Amtrco - Noras Monogrõfi


MANUEL FERNANDES DA SILVA<br />

MESTRE E ARQUITECTO DE BRAGA<br />

1693-1751


MANUEL FERNANDES DA SILVA<br />

MESTRE E ARQUITECTO DE BRAGA 1693-1751<br />

COLECÇAO CENTRO DE ESTUDOS D DOMINGOS DE PINHO BRANDAO - 4<br />

i' EDIÇAO - 1996<br />

AWbk<br />

MANUEL JOAQUIM MOREIRA DA ROCHA<br />

PREFACIO<br />

JOAQUIM JAIME B. FERREIRA-ALVES<br />

EDIÇÃO<br />

COLECCAO CENTRO DE ESTUDOS D. DOMINGOS DE PINHO BRANDAO<br />

CAPA<br />

LUfSA RIBAS<br />

c o w o s ~ E ~ ~lmcçio<br />

i ~ GRÁFIcA<br />

JOAO NUNO BASTOS<br />

IMPRWS~D<br />

HUMBERTIPO . PORTO<br />

COPYRIGHT B<br />

MANUEL JOAQUIM MOREIRA DA ROCHA


MANUEL JOAQUIM MOREIRA DA ROCHA<br />

MANUEL FERNANDES DA SILVA<br />

MESTRE E ARQUITECTO DE BRAGA<br />

1693-1751<br />

PORTO<br />

1996


VITTOSINO DA FELTRE<br />

WAKÇUESITE VOURCENAK


Prefácio<br />

Na história <strong>do</strong> Minho sefecentista sobressaem quatrofiguras que como ar-<br />

quitectos/risca<strong>do</strong>res deram origem a algumas <strong>da</strong>s obras mais representa-<br />

tivas <strong>da</strong> nossa arquitectura. Foram esses personagens Manuel Pinto de<br />

Vilalobos ( ? - 1734). Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva (1671-1751/, André Ri-<br />

beiro Soares <strong>da</strong> Silva (1720-1769) e Carlos Luís Ferreira <strong>da</strong> Cruz Ama-<br />

rante (1748-1815). Os <strong>do</strong>is primeiros, nasci<strong>do</strong>s no <strong>Porto</strong>, fixar-se-iam no<br />

Minho onde desenvolveram to<strong>da</strong> a sua activi<strong>da</strong>de; o terceiro, natural de<br />

Braga, nunca se afastou <strong>da</strong> sua terra natal, enquanro que Carlos Amaran-<br />

te, oriun<strong>do</strong> também <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s Arcebispos, viria a falecer no <strong>Porto</strong> on-<br />

de, juntamente com Braga, podemos encontrar o que de mais importante<br />

nos legou.<br />

De formação diversa, estes quatro ~arquitectosr> tiveram de comum aquilo<br />

que caracterizou sempre a arquitectura de então: a permanência de formas<br />

arquitectónicas tradicionais e a adesão a novas correntes. Será, pois,<br />

num conflito constanre entre o passa<strong>do</strong> e o presente que to<strong>do</strong>s eles irão<br />

desenvolver a sua activi<strong>da</strong>de. Através <strong>da</strong>s suas obras -que cronologicamente<br />

se situam entre os finais <strong>do</strong> século XVII e os alvores <strong>do</strong> século XIX<br />

-iremos percorrer um caminho que vai desde a permanência de uma<br />

arquitectura chd ao iníczo e afirmação <strong>do</strong> Barroco, passan<strong>do</strong> pela exuberância<br />

<strong>do</strong> rococó num enquadramento tar<strong>do</strong>barroco, pelas primeiras tentativas<br />

classicizantes, até à consoli<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> arquitectura neoclássica.<br />

Neste contexto, uma <strong>da</strong>s personali<strong>da</strong>des marcantes é Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

Silva que, pela primeira vez, foi estu<strong>da</strong><strong>da</strong> de fom exaustiva por Manuel<br />

Joaquim Moreira <strong>da</strong> Rocha. Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silvn, filho <strong>do</strong> mestre<br />

pedreiro Pascoal Fernandes, é um <strong>do</strong>s exemplos mais representativos Ho<br />

mestre pedreiro de arquitectura, figura-chave <strong>da</strong> maior importâncra no


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

contexto <strong>da</strong> arquitectura portuguesa. Fo<strong>do</strong> na escola paterna, contac-<br />

tan<strong>do</strong> com alguns mestres pedreiros de maior vulto <strong>da</strong> transição <strong>do</strong> sEculo<br />

XVII para o século XVIII, Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva será uma referên-<br />

cia obrigatória não só no panorama <strong>da</strong> arquitectura bracarense <strong>da</strong> pri-<br />

meira metade de setecentos, mas também <strong>do</strong> Entre-Douro e Minho em ge-<br />

ral. A sua activi<strong>da</strong>de como mestre pedreiro de arquitectura muito ficou a<br />

dever a D. Rodrigo de Moura Teles, um nrnecenas» que encontrou no fi-<br />

lho de Pascoal Fernandes o executor exímio <strong>da</strong>s suas vontades e <strong>do</strong>s seus<br />

sonhos.<br />

Com este tmbalho de Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> Rocha, cujo percurso<br />

temos acompanha<strong>do</strong> nestes últimos anos, as figuras <strong>do</strong> nmecenasu e <strong>do</strong><br />

narquitecto» ficam mais próximas, revelan<strong>do</strong>-nos o autor, com a quali<strong>da</strong>de<br />

científica a que já nos habituou, o cmtributo que Manuel Femamks <strong>da</strong><br />

Silva deu arquitectura portuguesa <strong>do</strong> perfo<strong>do</strong> joanino.<br />

Francelos. 23 de Julho de I996<br />

JOAQUIM JAIME B. FERREIRA-ALVES


NOTA PRELIMINAR<br />

FONTES E BIBLIOGRAFIA<br />

Fontes Manuscritas<br />

Bibliografia<br />

ABREVIATURAS E SINAIS<br />

INTRODUÇAO<br />

Apresentação<br />

Fontes e Meto<strong>do</strong>logia<br />

Plano de Trabalho<br />

I. BRAGA CORTE RELIGIOSA<br />

1. Os Poderes<br />

2. A Política de Intervenção e de Espectáculo<br />

11. MANUEL FERNANDES DA SILVA - O HOMEM<br />

1. A Família<br />

2. A Formação: De Aprendiz a Arquitecto de Pedraria<br />

3. Os Seus Representantes<br />

111. MANUEL FERNANDES DA SILVA - A OBRA<br />

1. Arquitectura Religiosa<br />

1.1. A Transfonnaç~o <strong>da</strong> Sé<br />

1.1.1. Estmtura <strong>da</strong> S& na Primeira Metade <strong>do</strong> Século XVIII<br />

1.1.2. A Igreja<br />

1.1.2.1. Capela de S. Maainho de Dume e outras obras<br />

1.1.2.2. Capela <strong>da</strong> Santissima Trin<strong>da</strong>de<br />

1.1.2.3. Acesso <strong>da</strong> Capela <strong>do</strong> Santissimo Sacramento para a Sacristia Privativa


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE 6 ARQUITECTO (1693-1751)<br />

1.1.2.4. Obras no Transepto <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho - Interior e Exterior<br />

1.1.2.5. O Sistema de Iluminação<br />

1.1.2.5.1. A Torre Lanterna <strong>do</strong> Cueiro<br />

1.1.2.5.2. Frestas <strong>da</strong> Nave Central<br />

1.1.2.6. A Facha<strong>da</strong><br />

1.1.2.6.1. A Facha<strong>da</strong> Primitiva e Antecedentes à Reconstrução<br />

1.1.2.6.2. A Nova Facha<strong>da</strong><br />

1.1.3. A Sacristia<br />

1.1.4. Capela de S. Geral<strong>do</strong><br />

1.2. O Espaço Conventual<br />

1.2.1. Conventos Femininos<br />

13.1.1. Convento de S. Francisw de Jesus de Monção<br />

1.2.1.2. De Recolhimento a Convento de Na. Sra. Penha de França<br />

1.2.1.3. Convento de W. Sra. <strong>da</strong> Conceição<br />

1.2.1.4. Outras Intervenções<br />

1.2.1.4.1. Convento <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r<br />

1.2.1.4.2. Convento de S. Bento de Viana <strong>do</strong> Castelo<br />

1.2.1.4.3. Convento de NP. Sra. <strong>do</strong>s Remédios<br />

1.2.2. Conventos Masculinos<br />

1.2.2.1. Congregação <strong>do</strong> Oratório<br />

1.2.2.2. Colégio de Na. Sra. <strong>da</strong> Graça <strong>do</strong> Pópulo<br />

1.2.2.3. Mosteiro de S. Martinho de Tihães<br />

1.3. As Igrejas e Capelas<br />

1.3.1. Confrarias e Irman<strong>da</strong>des<br />

1.3.1 .l. Igreja de Santa Cmz<br />

1.3.1.2. Capela de Santa Maria Ma<strong>da</strong>lena <strong>do</strong> Monte <strong>da</strong> Falperra<br />

1.3.1.3. Igreja <strong>do</strong>s Terceiros de S. Francisco<br />

1.3 1.4. Capela de Santo António Esqueci<strong>do</strong><br />

1.3.1.5. Capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão<br />

1.3.1.6. Igreja de S. Vicente<br />

1.3.1.7 Capela de S. Sebastião <strong>da</strong>s CarvaIheiras<br />

1.3.1.8. Capela de NP. SP. de Gua<strong>da</strong>lupe<br />

1.3.2. Igrejas Matrizes<br />

1.3.2.1. S. Martinho de Rto Mau<br />

1.3.2.2. S. Mart~nho de Travassós<br />

1.3.2.3. Na. SP <strong>da</strong> Conceição <strong>da</strong> Póvoa de Varzim<br />

2. Arquitectura Civil<br />

2.1. Pública<br />

2.1.1. Hospital de S. João Marcos


PLANO DE TRABALHO<br />

2.1.2. Aljube de Braga<br />

2.2. Priva<strong>da</strong><br />

22.1. Casa de Manuel <strong>da</strong> Costa Pessoa<br />

2.2.2. Casas <strong>do</strong>s Meira Carrilho<br />

2.2.2.1. Residência <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong> Anjo<br />

2.2.2.2. Residência <strong>do</strong> Campo de Santiago<br />

2.2.3. Palácio <strong>do</strong> Deão Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva<br />

2.2.4. Quinta de S. Miguel - S. Clemente de Sande<br />

2.2.5. Palácio <strong>do</strong> Cónego António Felgueira Lima<br />

3. Outras Obras<br />

3.1. Chafariz <strong>do</strong> Largo <strong>do</strong> Paço<br />

3.2. Obras Atribuí<strong>da</strong>s - Ensaio<br />

4. Cronologia <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

IV. MANUEL FERNANDES DA SILVA - O ARTISTA<br />

1. Mestre de Obras e Arqurtecto e sua clientela<br />

2. Arte e Expressão<br />

APÊNDICES<br />

1. Documental<br />

2. Fotográfico


Nota Preliminar<br />

A concretização de um projecto de investigação não é, para nós, um trabalho em<br />

circuito fecha<strong>do</strong>. Muitos foram aqueles que com as suas palavras e conselhos, a<br />

sua experiencia profissional e até amizade, nos aju<strong>da</strong>ram a desbravar o caminho.<br />

Revemo-los também neste nosso estu<strong>do</strong>. Em tempo de balanço e pela justiça o<br />

esquecimento seria imper<strong>do</strong>ável.<br />

O nosso reconhecimento primeiro vai, incondicionalmente, para o orienta<strong>do</strong>r cien-<br />

tífico desta dissertação, o Professor Doutor Joaquim Jaime B. Ferreira-Alves. As<br />

pistas, as cogitações, as informações bibliográficas, e o empenho que colocou nes-<br />

te trabalho, são motivo de sobra para a expressão <strong>do</strong> nosso obriga<strong>do</strong>. O profissio-<br />

nalismo e o humanismo que nos vem revelan<strong>do</strong> num tempo que ultrapassa já este<br />

curso, de que somos deve<strong>do</strong>res, exige de 116s a mais profun<strong>da</strong> palavra de agradeci-<br />

mento.<br />

Aos Mestres que orientaram o primeiro grupo de especialização em História <strong>da</strong> Arte<br />

<strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Letras <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, o nosso reconhecimento pelas críticas constm-<br />

tivas que durante a parte curricular nos foram dirigin<strong>do</strong>.<br />

Nos Arquivos que percorremos, alguns revela<strong>do</strong>s neste trabalho, encontrámos, regra<br />

geral, um ambiente de aju<strong>da</strong> por parte <strong>do</strong>s seus funcionános. Seja-nos permiti<strong>do</strong><br />

destacar o Distrital de Braga - a D. Maria <strong>da</strong> Costa Martins e o Sr. Arman<strong>do</strong><br />

Soares Araújo -, o Distrital de Viana <strong>do</strong> Castelo, o Municipal de Braga e a Biblio-<br />

teca Nacional <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong>.<br />

A forma como as instituições religiosas de Braga nos abriram as portas foram incen-<br />

tivo pela vontade expressa de conhecer o passa<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> poucos os entraves à nossa<br />

ânsia <strong>da</strong> procura. Ao Ilustríssimo Senhor Arcebispo Primaz, D. Eunco Dias No-<br />

gueira, agradecemos veemente as facili<strong>da</strong>des concedi<strong>da</strong>s nomea<strong>da</strong>mente no traba-<br />

lho desenvolvi<strong>do</strong> na Sé de Braga.<br />

À Universi<strong>da</strong>de Portucalense - Infante D. Hennque, local onde vimos desenvolven<strong>do</strong><br />

activi<strong>da</strong>de, pela forma como promove a investigação, suportan<strong>do</strong> inclusivd parte


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-17515<br />

<strong>do</strong>s encargos financeiros deste trabalho, a expressáo <strong>do</strong> nosso apreço materializa-<br />

<strong>da</strong> na pessoa <strong>do</strong> Director <strong>do</strong> Departamento de Ciências Históricas, Professor Dou-<br />

tor Humberto Baquero Moreno.<br />

Ao Dr. José Manuel Alves Tedim, Director <strong>do</strong> Instituto de História de Arte <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong>de Portucalense, a confiança que sempre depositou no nosso trabalho.<br />

À Luísa Reis Lima, nossa colega nestas lides, pelos debates que travámos ten<strong>do</strong><br />

como tema de fun<strong>do</strong> Braga.<br />

À Fernan<strong>da</strong> Paula Sousa Maia, pela cedência de algumas informações sobre o<br />

Convento <strong>do</strong>s Remédios, e pelo tempo que disponibilizou para decifrar algumas<br />

lacunas paleográíicas <strong>da</strong>s transcrições.<br />

Ao Professor Doutor Arnal<strong>do</strong> de Pinho, sempre tão interessa<strong>do</strong> nas conclusões a<br />

que íamas chegan<strong>do</strong>, deixamos o nosso aprqo.<br />

Aos amigos Maria João Pinto e Manuel João de Almei<strong>da</strong> Pinto, que nos acompanha-<br />

ram em trabalho de campo, expressão perfeita de partilha, agradecemos a paciên-<br />

cia com que durante meses nos ouviram falar de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, co-<br />

mo a valiosa aju<strong>da</strong> na montagem <strong>do</strong> trabalho.<br />

A Olímpia pela vi<strong>da</strong> que nos vai transmitin<strong>do</strong>.<br />

E a outros, que no silêncio souberam estar presentes, o nosso muito obriga<strong>do</strong>.<br />

A D. Domingos de Pinho Brandáo a gratidão que o tempo não apagará.


Fontes Manuscritas<br />

Fontes e Bibliografia<br />

Arquivo Distrital de Braga<br />

Colecção Cronológica, Pasta 75, Doc. 2506, n." 1.e 2.<br />

Colecção Cronológica, Pasta 76, Doc. 2560, n. 256.<br />

Diáno Bracarense de Manuel José <strong>da</strong> Silva Tadim, Policopia<strong>do</strong>, col, <strong>do</strong>s Mss. 1054<br />

Fun<strong>do</strong> Monástico, Colégio de Na. S.P"<br />

<strong>do</strong> Pópuio, A 35 (Pasta de Documentos),<br />

Doc. 230.<br />

C.S.B., n. 112 (Esta<strong>do</strong> de 1728).<br />

C.S.B., n. 112 (Esta<strong>do</strong> de 1734).<br />

C.S.B., n. 461 (Livro de Obras).<br />

Nt SS." de Penha de França, F. 129, Doc. 955.<br />

N". S." de Penha de Fmça, F. 129, Doc. 956.<br />

Na. S.?* de Penha de França, F. 129, Doc. 957.<br />

Na. S." de Penha de França, F. 129, Doc. 958.<br />

W. S." de Penha de França, F. 129, Doc. 958A.<br />

W. S.m de Penha de França, F. 129, Doc. 959.<br />

Na. S." de Penha de Franga, F. 129, Doc. 959A.<br />

Na. S.'d de Penha de França, F. 129, Doc. 961.<br />

W. Sim de Penha de França, F. 129, Doc. 962.<br />

Na. S." de Penha de França, F. 129, Doc. 962A.<br />

Na. S." de Penha de França, F. 129, Doc. 963.<br />

Na. S." de Penha de França, F. 129, Doc. 965.<br />

Na SiW <strong>do</strong>s Remédios, F. 562, Doc. 2621.


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (L693 1751)<br />

Na. S."' <strong>do</strong>s Remédios, Ms. n. 856 (Livro <strong>do</strong>s Privilegias izençoes e Regalias deste<br />

Convento de Nossa Senhora <strong>do</strong>s Remedios, Pie<strong>da</strong>de e Madre de Deos, e Memorias<br />

<strong>do</strong> mesmo Convento composto pela Madre D. Luiza de S. Joze Abbadeça no seu<br />

terceiro menio e <strong>da</strong><strong>da</strong> a luz no anno de 1759).<br />

Livro de Devassas, n. 18, Convento de W. S.* <strong>da</strong> Conceição, Braga.<br />

LNro de Devassas, n. 19, Convento de Na. S.' <strong>do</strong>s Remédios, Braga.<br />

Memórias de Braga Escrtptas e Illustra<strong>da</strong>s por João Baptista Vieira Gomes,<br />

Policopia<strong>do</strong>, col. <strong>do</strong>s Mss. 1059.<br />

Fun<strong>do</strong> Notarial, Nota Geral, 1' série, n. 451.<br />

Nota Geral, 1" série, n. 452.<br />

Nota Geral, 1" série, n. 463.<br />

Nora Geral, 1" série, n. 480.<br />

Nota Geral, 1' série, n. 484.<br />

Nota Geral, 1" série, n. 486.<br />

Nota Geral, 1' série, n. 498.<br />

Nota Geral, 1" série, n. 502.<br />

Nora Geral, Ia série, n. 503.<br />

Nota Geral, 1" série, n. 505.<br />

Nota Geral, Ia série, n. 509.<br />

Nota Geral, 1" série, n. 510<br />

Nota Geml, Ia serie, n. 516.<br />

Nota Geral, 1" série, o. 517.<br />

Nora Geral, I" série, n. 520.<br />

Nota Geral, Ia série, n. 522.<br />

Nora Geral, Ia série, n. 523.<br />

Nota Geral, I" série, n. 528.<br />

Nota Geral, 1' série, n. 533.<br />

Nota Geral, 1' série, n. 540.<br />

Nota Geral, 1-érie. n. 542.<br />

Nota Geral, I%érie, n. 545.<br />

Nora Geral, I' série, n. 554.<br />

Nota Geral, I" série, n. 566.<br />

Nota Geral, 1' série, n. 571.<br />

Nota Geral, I* série, n. 579.<br />

Nora Geral, 1' série, n 594.<br />

Nota Geral, Ia série, n. 605.<br />

Nota Gera!, 1' série, n 608.<br />

Nota Geral, la série, n. 621


FONTES E BIBLIOGRAFIA<br />

Fun<strong>do</strong> Notarial, Nota Geral, 1' série, n. 622.<br />

Nota Geral, 1" série, n. 624.<br />

Nota Geral, I' série, n. 625.<br />

Nota Geral, la série, n. 627.<br />

Nom Geral, 1' série, n. 632.<br />

Nota Geral, 1' série, n. 648.<br />

Nota Geral, I' s6rie, n. 622.<br />

Nota Geral, Ia série, n. 653.<br />

Nota Geral, 2' série, n. 52.<br />

Nola Geral, 2' série, n. 34.<br />

Tabelião Público, I" série, n. 42.<br />

Tabelião Público, 1' sirie, n. 43.<br />

Tabelião Público, 1' série,.n. 109.<br />

Tabeliáo Público, 2' série, n. 70.<br />

Registo Geral, n. 251 (11).<br />

Registo Paraquial, Secç<strong>do</strong> de Registo Civil, Braga, Freguesia de S. João <strong>do</strong> Souto,<br />

Livro n. 4.<br />

Arquivo Distrital <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

Secção de Registo Civil, Braga, Freguesia de S. João <strong>do</strong> Souto.<br />

Livro n. 5.<br />

Secção de Registo Civil, Braga, Freguesia de S. Vítor, Livra<br />

n. 3.<br />

Secção de Regrsto Crvrl, Braga, Frecueqia de S. Vítor,<br />

Casamentos, n. 1.<br />

Secçáo de Registo Civil, Braga, Freguesia de S. Vitor, Óbitos,<br />

n. 3.<br />

Secção Notarial, P08, n. 241.<br />

Secçiio Notarial, PVlo, n. 21, 1' séne.<br />

Secçáo Notdnal, PV13 n. 22, 1' série.<br />

Secção Notarial, PVI", n. 23, Ia série.<br />

Secção Notaria1 PV13 n. 24, 1" série.<br />

Secção Nofarial, PVl", n. 27, 1' série.<br />

Secção de Registo Crvil, <strong>Porto</strong>, Freguesia de Santo ildefonso, Misto, n. 2.<br />

Sec$üo de Registo Civil, <strong>Porto</strong>, Freguesia de Santo Ildefonso, P.12, Livro 2.<br />

Seqão de Registo Civil, Póvoa de Varzim, N". S."' <strong>da</strong> Conceição, Óbitos, Livro<br />

n. 2 (1746-1777).


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Arquivo Distrital de Viana <strong>do</strong> Castelo<br />

Fun<strong>do</strong> Notaria1<br />

Livro de Noras, 4.33.1.23, n. 8.<br />

Livro de Notas, 4.33.1.24, n. 4.<br />

Arquivo <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão<br />

Contas Gerais.<br />

Livm <strong>da</strong>s Eleições e Acor<strong>da</strong>os.<br />

Livro <strong>da</strong>s Esmollas que se dão Particulares para as obras <strong>do</strong> Senhor Bonr Jezus.<br />

Visiiações (Doc. avulso).<br />

Arquivo <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de de Santa Maria Ma<strong>da</strong>lena <strong>do</strong> Monte<br />

<strong>da</strong> Falperra<br />

Livro de Termos (Folhas soltas), Temo de 6 de Agosto de 1693.<br />

Arquivo Nacional <strong>da</strong> Torre <strong>do</strong> Tombo<br />

Dicwnário Geográfico- Memórias Paroquiais, vol. 7, n. 57.<br />

Biblioteca Nacional <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong><br />

51 - M - 40.<br />

54 - VDI - 21 (62).<br />

54 - VJII - 21 (63).<br />

54 - X - 29 (249)<br />

Biblioteca Nacional de Lisboa<br />

Hrstórra Ecclesiastica e Politica <strong>do</strong> Paiz Bracarense <strong>da</strong> Època <strong>do</strong> S6culo XVIII,<br />

Códice 682 (E. 2791.<br />

Biblioteca Pública Municipal <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

Cónegos e Arcebispos de Bmga, RES., rns. 1419, nlp.<br />

Colecção Particular de D. Gonçalo de Vasconcelos e Sousa<br />

Index <strong>da</strong> Livraria <strong>da</strong> Illusirissimo Senhor D. Rodrigo de Moura Telles Conselheiro<br />

de Sua Magestade seu Sumiler de Cortina a Bispa <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>.


Bibliografia<br />

FONTES E EIBLIOORAFIA<br />

ABREU, Lennídio de - Santo António Esqueci<strong>do</strong>, in «Correio <strong>do</strong> Minha* - Braga<br />

de Outros Tempos, Ano XXIU, n. 6974, Abril de 1949.<br />

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de -Barcelos, Cal. Ci<strong>da</strong>des e Vi1a.s de Portugal,<br />

n. 9, Lisboa, Ed. Presença, 1990.<br />

AZEVEDO, Carlos - Solares Portugueses, Lisboa, Livros Horizonte, 1969.<br />

BALTHASAR, Hans Urs vou - Gloria ma Estktica Teoldgica, t. 5 - Metafisica<br />

E<strong>da</strong>d Moderna, Madrid, Encuentro Ediciones, 1988.<br />

BARATA, Mário - Nota sobre a Igreja de N. Sa de Gua<strong>da</strong>lupe, de Braga, reta-<br />

tivarnente ao surta <strong>do</strong>s espaços curuilíneos, na arquitectura setecentista lusa e<br />

brasileira. in eBracara Augustw, vol. XXXII, n. 73-74 (85-86), Braga, 1978, pp.<br />

69-82<br />

BARREROS, Manuel d'Aguiar (Padre) - A Cathedral de Santa Maria. Estu<strong>do</strong>s<br />

cnticos archeologicos-artisticosS Ed. Fac-simila<strong>da</strong>, Braga, Sòlivros de Portugal,<br />

1989.<br />

BASTO, A. de Magalhães - Apontamentos para um D~cionário de Artistas e Artí-<br />

fices que Trabalharam r10 <strong>Porto</strong> <strong>do</strong> Século XV ao Século XVIII, in «Documen-<br />

tos e Memórias para a História <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>», vol. XXXIi, <strong>Porto</strong>, Câmara Municipal.<br />

1964.<br />

BAZIN, Germain - ReJlexions sur l'origine et l'évolution du baroque <strong>da</strong>ns le Nord<br />

du Portugal, in


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

-A Obra de Pedraria <strong>da</strong> Actual Igreja Matriz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim, Sep. <strong>do</strong> «Bole-<br />

tim Cultural» <strong>da</strong> Póvoa de Varzrm, vol. IV, n. 1, Póvoa de Varzim, 1965.<br />

cÁMARA MmOZ Alicia - Arquitectura y Socíednd en e1 Sigla de Oro. Idea,<br />

Trato y Edific~o, Madrid, Ediciones E1 Arquero, 1990.<br />

CARVALHO, Ayres de - D. João V e a Arte <strong>do</strong> seu Tempo, vols. 1 e 2, Lisboa,<br />

Ed. Autor, 1962.<br />

CONSTITUIÇOES SINODAIS DO ARCEBISPADO DE BRAGA Ordena<strong>da</strong>s pelo<br />

Illustríssinto Sor. Arcebzspo D. Sebastião de Matos SenoP no Anno de 1639 E<br />

man<strong>da</strong><strong>da</strong>s emprimir a primeira vez pelo Illustrissimo Senhor D. João de Sousa (or)<br />

Arsibispo es de Braga Primas <strong>da</strong>s Espanhas em Janeyro de 1697, Lisboa Offi-<br />

cina de Miguel Deslandes - Impressor de Sua Magestade, 1697.<br />

COSTA, Avelino de Jesus <strong>da</strong> (Padre) - A Arquidiocese de Braga - Síntese <strong>da</strong> sua<br />

História, Sep. <strong>do</strong> *Dicionário <strong>da</strong> História <strong>da</strong> Igreja em PortugaI*, vol. 111, Lisboa,<br />

1984.<br />

- A Bzblioteca e o Tesouro <strong>da</strong> Sé de Braga nos séculos XV a XVlIl, Braza, 1985.<br />

- D. Diogo de Sousa Novo Fun<strong>da</strong><strong>do</strong>r <strong>da</strong> Crahde de Braga, Sep de «O Dis-<br />

trito de Bragm, n. 1 (3/4), Braga, 1962.<br />

CUNHA, Rodrigo <strong>da</strong> (Dom) - História Eclesiástica <strong>do</strong>s Arcebispos de Braga,<br />

Reprodução Fac-simila<strong>da</strong> com Nota de Apresentaçáo de José Marques, vol. 11, Bra-<br />

ga, 1989.<br />

CRUZ, António - Os Mesreres <strong>do</strong> Forro. Subsidias para a História <strong>da</strong>s Antigas<br />

Corporaçdes <strong>do</strong>s Oflcios Mecdnicos, vol. I, <strong>Porto</strong>, Ed. Sub-secretaria<strong>do</strong> <strong>da</strong>s<br />

Corporações e Previdência Social, 1943.<br />

FEIO, Alberto - Bom Jesus <strong>do</strong> Monte, Braga. Ed. <strong>da</strong> Confraria <strong>do</strong> Bom Jesus,<br />

1930.<br />

FERREIRA-Alves, Joaquim Jaime B. - Elementos para a História <strong>da</strong> Sé <strong>do</strong> Por-<br />

to nos Séculos XVII-XVIIl(1) - Nótula sobre algumas ohms (1665-1709). Sep. <strong>da</strong><br />

«Revista <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Letras*, II série, vol. Vm, <strong>Porto</strong>, 1991.<br />

Elementos para a História <strong>da</strong> Construpio <strong>da</strong> Casa e Igreja <strong>da</strong> Congregação <strong>do</strong><br />

Oratório <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> (1680-1703), Sep. <strong>da</strong> uRevista <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Letras», 11 sé-<br />

rie, vol. X, <strong>Porto</strong>, 1993.<br />

Constniçáo <strong>da</strong> Igreja de Sho Nicolau (1671-1676), Sep. <strong>da</strong> Revista ~Poligrafiaa,<br />

n. 1, Potto, Centro de Estu<strong>do</strong>s D. Domingos de Pinho Brandão, 1992.


FONTES E BIBLIOGRAFIA<br />

Magalhães, Pe. Panfaleáo <strong>da</strong> Rocha de, in Dicionário <strong>da</strong> Arte Barroca em Portu-<br />

gal, Lisboa, Ed. Presença, 1898.<br />

Pascoal Fernandes, mesrre pedreiro dp arquiiectura. Alguns elementos para o es-<br />

tu<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua activi<strong>da</strong>de, in eIX Centenário <strong>da</strong> Dedicação <strong>da</strong> Sé de Braga*, Actas<br />

<strong>do</strong> Congresso Internacional, vol. II/2 (A Cafedral de Bmga na História e ria Arte<br />

- Séculos XII-XIX), Braga, 1990, pp. 395-404.<br />

O <strong>Porto</strong> na Epoca <strong>do</strong>s Alma<strong>da</strong>. Arquitectura. Obras Públicas, vol. I, <strong>Porto</strong>, 1988<br />

FERREIRA-ALVES, Natália Mannho - A Arta <strong>da</strong> Talha no Parto na Época Bar-<br />

roca (Artrstas e Clientela. Matercais e Técnica), vol. I, col. <strong>do</strong>cumentos e Memó-<br />

rias para a História <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>», vol. XLW, <strong>Porto</strong>, Arquivo Histórico, 1989.<br />

FERREIRA, J. Augusto (Monsenhor) - Fastos Episcopaes <strong>da</strong> Igreja Primacial de<br />

Braga (Séc. III- Séc. XY), t. JlI, Braga, Mitra Bracarense, 1932.<br />

FERREIRA, José Augusto - Ampliaçüo e Transformaçaõ <strong>do</strong> Edtfic~o <strong>do</strong> Hospital<br />

de S. Marcos de Bmga no século XVIII, segun<strong>do</strong> Plantas <strong>do</strong> Engenheiro ManueL<br />

Pinto Vilalobos e <strong>do</strong> Arquitecto (?) Carlos António Leone, in ~Lumen~, n. 3 (5)<br />

Lisboa, 1939, pp. 265-272.<br />

- Os Arcebispos de Braga na Fun<strong>da</strong>~ão <strong>da</strong> Pátria, Lisboa, 1933.<br />

FLOREZ, Hennque (R.) - Espana Sagra<strong>da</strong> Theatro Geographico Historico de lu<br />

Iglesia de Esparia - Origem divisiones y limites de to<strong>da</strong>s sus Provincias. Antigui-<br />

<strong>da</strong>d, Traslnciones, y esta<strong>do</strong> antiguo y presente de sus Sillas, com varias Diserta-<br />

ciones criticas, 2" ed., t. XV, Madrid, Oficina de Pedro Marin, 1737.<br />

FREPTAS, Bernardino José de Senna - Memórias de Braga Conten<strong>do</strong> Muitos e<br />

Interessantes Escriptos Exirahi<strong>do</strong>s e Recoprla<strong>do</strong>s de DifSerentes Archivos, ts. I e<br />

11. Braga. Imprensa Catholica, 1890.<br />

KUBLER, George - A Arqurtectura Portuguesa Chá Entre as especiarias e os<br />

Diamantes 1521-1706, Lisboa, Vega, 1988.<br />

LANGHANS, Franz-Paul - As CorporaçiFes <strong>do</strong>s Oficias Mecdnicos. Subsidros para<br />

a sua Histária, vol. I, Lisboa, Imprensa Nacional, 1943.<br />

LOUREIRO, Olimpia Mana <strong>da</strong> Cunha - Uma Leitura de Sucesso no Século XVlIl:<br />

Mesm <strong>da</strong> Vl<strong>da</strong> que Ensina a Vwer e Morrer Santamente, Revista «Poligrafia*,<br />

n. 3 (No Prelo).<br />

O Livro e a Leitura no <strong>Porto</strong> no Século XVIII, col. «Centro de Estu<strong>do</strong>s D. Domingos<br />

de Pinho Brandãos, n. 3, <strong>Porto</strong>, Centro de estu<strong>do</strong>s D. Domingos de Pinho Brandão,<br />

1994.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

MARQUES, João Prancisco - A Parenética Portuguesa e a Restauração 1640-<br />

-1668. A Revolta e a Mentali<strong>da</strong>de, vol. I, <strong>Porto</strong>. Instituto Nacional de Investigação<br />

Científica, 1989.<br />

MARTINS, Fausto Sanches - Trono EucanStico <strong>do</strong> Retábulo Barroco Portwguês:<br />

Origem, Função, Forma e Simbolismo, in @Actas <strong>do</strong> I Congresso Internacional <strong>do</strong><br />

Barroco*, vol. li, <strong>Porto</strong>, 1991.<br />

MASSARA, Mónica F. - Santuário <strong>do</strong> Bom J~susus <strong>do</strong> Monte - Fenómeno Tar<strong>do</strong>-<br />

-Barroco em Portugal, Braga, Confraria <strong>do</strong> Bom Jesns <strong>do</strong> Monte, 1988.<br />

MAPA DAS RUAS DE BRAGA, vol. I, Braga, Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Minho e outros,<br />

l Q9 l (Edição Fac-simila<strong>da</strong>).<br />

MATOS, Helena Maria Araújo Carvalbo (S.") - Estu<strong>do</strong>s Soóre a Sé de Braga, in<br />

«Bracara Augush, vol. IX-X, fase. 1-4(39-42), Braga, 1959, pp. 168-213.<br />

OLIVEIRA, Aurélio de - Elementos para n História <strong>do</strong> Barroco no Noroeste<br />

Portugu&s, <strong>Porto</strong>, Facul<strong>da</strong>de de Letras, 1973.<br />

OLIVEIRA, Eduar<strong>do</strong> Pires de - Convento <strong>do</strong>s Congrega<strong>do</strong>s, Braga, Centro Inte-<br />

gra<strong>do</strong> de Fonnação de Professores e Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Minho, 1988.<br />

- O Edpcio <strong>do</strong> Convento <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r. De Mosteiro de Frerras ao Lar Conde<br />

de Agrolongo, Braga, Lar Conde de Agrolongo, 1994.<br />

- Estu<strong>do</strong>s Sobre o Século XVIII em Braga, Braga, Ediçóes APPACDM Distri-<br />

tal de Braga, 1993.<br />

- As Ruas de Braga em 1750 que jigumvam no Mapa, in «Mapa <strong>da</strong>s Ruas de<br />

Bragaax, vol. 11, Braga, Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Minho e outros, 1991.<br />

PEIXOTO, Inicio José - Memdrias Particulares de Inác~o José Peixoto - Braga<br />

e Portugal na Europa na século XVIII, Introd. de Luís A. Oliveira Ramos, Braga,<br />

Arquivo Distrital de Braga e Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Mnho, 1992.<br />

PEREIRA, Feman<strong>do</strong> António Baptista - Morte, iconografia <strong>da</strong>, in Dicionário <strong>da</strong><br />

Arte Barroca em Portugal, Lisboa, Ed. Presença, 1989.<br />

PEREIRA, José Fernan<strong>da</strong>s - Artista, in Dicionário <strong>da</strong> Arte Barroca em Portugal,<br />

Lisboa, Ed. Presença, 1989.<br />

- Policromra, in Dicionário <strong>da</strong> Arte Barraca em Portugal, Lisboa, Ed. Presença,<br />

1989.<br />

- Resistências e aceitação <strong>do</strong> espaço barroco: a arquitectura religiosa e civil,<br />

in @História <strong>da</strong> Arte em Portugal)>, vol. 8 - O Limiar <strong>do</strong> Barroco, dir. de Carlos<br />

Moura, Lisboa, Publ. Alfa, 1986.


FONTES 6 BIBLIOGRAFIA<br />

- Rdrica <strong>da</strong> Fé: Simbolismo e Decoração no Escadório <strong>do</strong>s Cinco Senti<strong>do</strong>s, in<br />

«Clato.Escuro», n. 1, Lisboa, Quimera. 1988, pp. 17-32.<br />

PIMENTEL, António Filipe -Arquitectura e Poder. O Real Edifício de Mapa, col.<br />

«Subsídios para a História <strong>da</strong> Arte Portuguesas, vol. XXXV, Coimbra, Instituto<br />

de História <strong>da</strong> Arte - Facul<strong>da</strong>de de Letras, 1992.<br />

REIS, António Matos - A arte sob a égrde de D. Rodrigo de Moura Tsles, in , Lisboa, Outubro<br />

de 1992. (No Prelo).<br />

- Construção de Capelas pela Irman<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Senhor <strong>do</strong>s Passos - Um via crucis<br />

no espaço urbano, Sep. <strong>da</strong> Revista


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693.1751)<br />

-Frei Joséde Santo António Ferreira Vilaça, Escultor Beneditino <strong>do</strong> Século XViII,<br />

vols. I e II, Lisboa, Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian, 1972.<br />

- A Sacristia <strong>do</strong> Tesouro <strong>da</strong> Sé Primacial, Sep. <strong>da</strong> Revista uBracara Augustaiu,<br />

vol. XXN, fasc. 57-58, Braga, 1972.<br />

- Santo André de Rendufe - Subsldios para a História <strong>da</strong> sua igreja durante o<br />

século XViZl, in aracara Augustaa, vol. XXIII, fasc. 56(68), Braga, 1969, pp. 7-<br />

-106.<br />

SOARES, Franquelim Neiva - O Síno<strong>do</strong> de 1713 e as suas Constituições Sino<strong>da</strong>rs,<br />

in CentenBrio <strong>da</strong> Dedicação <strong>da</strong> Sé de Bragaa, Actas <strong>do</strong> Congresso Internacio-<br />

nal, vol. iü2 (A Catedral de Braga na História e na Ane - Séculos XIZ-XIX), Bra-<br />

ga, 1990, pp. 209-232.<br />

SOROMENHO, Miguel - Manuel Pinto de Vilalobos. Da Engenharia Militar à<br />

Arquitectura, 3 wls., Lisboa. (Tese de Mestra<strong>do</strong> Policopia<strong>da</strong>).<br />

SOUSA VITERBO - Dicionário Histórico e Documental <strong>do</strong>s Arquitectos, Enge-<br />

nheiros e Construtores Portugueses, vol. iii, Lisboa, Imprensa Nacional, 1988.<br />

pdiçáo Fac-simila<strong>da</strong>).<br />

VALE, Manuel Gonçalves - Algumas notas para a História <strong>do</strong> extinto convento<br />

de $60 Bento de Viana, in «Centro de estu<strong>do</strong>s Regionais - Boletim Culturaliu, n.<br />

3, Viana <strong>do</strong> Castelo, 1986.<br />

VASCONCELOS, Maria Assunçâo Jáeome de - Breve noticia <strong>da</strong>s obras reali-<br />

za<strong>da</strong>s pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles no Paço Arquiepiscopal, in «Fo-<br />

rumx, n. 11, Braga, Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Minho, 1992, pp. 3-8.<br />

- Casas Foreiras ao Cabi<strong>do</strong> no ano de 1750, in «Mapa <strong>da</strong>s Ruas de Bragm, vol.<br />

II, Braga, Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Minho e outros, 1991.


Arquivos e Bibliotecas<br />

Abreviaturas e Sinais<br />

A.D.B. - Arquivo Distntal de Braga<br />

A.D.P. - Arquivo Distntal <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

A.D.V.C. - Arquivo Distrital de Viana <strong>do</strong> Castelo<br />

A.1,B.J.F - Arquivo <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão<br />

A.I.S.M.M.M.F. -Arquivo <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de de Santa Maria Ma<strong>da</strong>lena <strong>do</strong> Monte <strong>da</strong><br />

Falperrê<br />

A.N.T.T. - Arquivo Nacional <strong>da</strong> Torre <strong>do</strong> Tombo<br />

B.N.A. - Biblioteca Nacional <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong><br />

3.N.L. - Biblioteca Nacional de Lisboa<br />

B.P.M.P. - Biblioteca Pública Municipal <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

Outras Abreviaturas e Sinais<br />

art c. -<br />

aprox. -<br />

Cf. -<br />

Cit. -<br />

cod. -<br />

col. -<br />

C.S.B. -<br />

Doe. -<br />

Docs. -<br />

artigo cita<strong>do</strong><br />

aproxima<strong>da</strong><br />

Confrontar<br />

cita<strong>do</strong><br />

códice<br />

colecção<br />

Congregação de S. Bento<br />

Documento<br />

Documentos


Ed. -<br />

ed. -<br />

MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

fasc. -<br />

Fig. -<br />

8. -<br />

fls. -<br />

Fot. -<br />

H.R.C. -<br />

Mss. -<br />

ms. -<br />

n.O -<br />

-<br />

~JP<br />

O.C. -<br />

P. -<br />

PP. -<br />

Publ. -<br />

segs. -<br />

Sep. -<br />

t. -<br />

tS. -<br />

v, -<br />

vols. -<br />

Editor 1 Editorial<br />

edição<br />

fascículo I fascículos<br />

Figura<br />

folha<br />

folhas<br />

Número(s) de Fotografiafs) em Apêndice<br />

Fotografia de Helena Rego CNZ<br />

Manuscritos<br />

manuscrito<br />

número<br />

não pagina<strong>do</strong><br />

obra cita<strong>da</strong><br />

pipina<br />

páginas<br />

Publicação I Publicações<br />

século<br />

seguintes<br />

Separata<br />

tomo<br />

tomos<br />

verso<br />

volume<br />

volumes<br />

omissão de texto numa citaçáo bibliográfica ou <strong>do</strong>cumental<br />

alteração introduzi<strong>da</strong> no texto <strong>do</strong>cumental<br />

OmlssãD de texto não legível no <strong>do</strong>cumento


Apresentação<br />

Introdução<br />

Um dia, no rescal<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua pesquisa Robert Smith escreveu: *Tu<strong>do</strong> leva-nos a crer<br />

que podemos aceitar Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva como a maior aproximação de<br />

um ver<strong>da</strong>deiro arquitecto que a ci<strong>da</strong>de de Braga produziu na primeira metade <strong>do</strong><br />

século Xvm>> '. A chama<strong>da</strong> de atenção <strong>do</strong> autor não encontruia eco nas déca<strong>da</strong>s<br />

subsequentes. O tempo não era ain<strong>da</strong> de levantar <strong>da</strong> poeira <strong>do</strong>s arquivos figuras<br />

de saber, distantes <strong>do</strong>s considera<strong>do</strong>s centros emditos <strong>do</strong> país e <strong>da</strong> miragem <strong>do</strong>s ventos<br />

europeus, e de mestria, explana<strong>da</strong> em obras de feição conti<strong>da</strong> e até discreta. Não<br />

admira, pois, que permanecesse incólume no desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa de História<br />

<strong>da</strong> Arte. O tempo era, e foi, preferencialmente, entre nós, de estu<strong>do</strong> de obras<br />

consagra<strong>da</strong>s pela monumentali<strong>da</strong>de no consciente colectivo <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> português.<br />

Não obstante esse aviso, a cujo pioneirismo fazemos vénia, coloca-10-ia o investi-<br />

ga<strong>do</strong>r, na rápi<strong>da</strong> inventariação que apresentou <strong>da</strong> sua obra, numa dependência de<br />

outros vultos, de quem, a priori mais seria de esperar esteticamente: Manuel Pin-<br />

to de Vilalobos, engenheiro militar, seria a sua sombra.<br />

Diz-se, e a História prova-o, que a alteração <strong>da</strong>s ideias é um <strong>do</strong>s processos mais<br />

morosos. Moroso, muitas vezes, porque difícil é a sustentação de formas diversas<br />

de análise quan<strong>do</strong> se pretende <strong>da</strong>r um passo no não (re)conheci<strong>do</strong>. No entanto, e<br />

alertan<strong>do</strong> para esse grau de exigência e dificul<strong>da</strong>de, as pedras vão sen<strong>do</strong> lança<strong>da</strong>s<br />

por quem compete, em primeira mão, delinear o curso <strong>da</strong> pesquisa. Deixan<strong>do</strong><br />

arquitectos consagra<strong>do</strong>s, de quem se vai já conhecen<strong>do</strong> obra, ain<strong>da</strong> que vista com<br />

lentes disformes <strong>da</strong> ampliação, urge estu<strong>da</strong>r vultos cuja aprendizagem se enfeu<strong>da</strong><br />

a uma tradição familiar: *A necessi<strong>da</strong>de de estu<strong>do</strong>s biográfico-históricos <strong>do</strong>s<br />

1 SMITH, Rabert C - A Cnsn <strong>da</strong> Cánuira de Brqo (1753-1756), Sep <strong>da</strong> Revista Brocara Augusta,<br />

vol XXII, fw. 51-54 (63-66). B- 1968, p 35


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1731)<br />

principais mestres pedreiros é premente. Conhecer a sua formação, alia<strong>da</strong> tantas<br />

vezes a uma tradição familiar, e a sua trajectória é tarefa que consideramos<br />

fun<strong>da</strong>mental ain<strong>da</strong> que difícil* *. O tempo é de viragem.As Actas Norariais, de<br />

apuramento demora<strong>do</strong> a exigir uma boa <strong>do</strong>se de paciência no seu manuseio, brin<strong>da</strong>m-nos<br />

sempre com elementos que permitem uma actualização <strong>do</strong> conhec~mento<br />

de obras e de artistas. Foi nesse <strong>do</strong>mínio que nos aventuramos, escolhen<strong>do</strong> Braga,<br />

onde durante longos meses (e porque não anos), efectuamos a inventariação de<br />

elementos facultativos ao encontro com o mun<strong>do</strong> <strong>da</strong> arquitectura nos séculos XVii<br />

e XViU. Sem parti<strong>da</strong>rismos positivistas nem formalistas, quisem~s estu<strong>da</strong>r uma figura<br />

distante <strong>da</strong> charneira arquitectónica nacional, mas marcante e determinante no<br />

seu meio mais restrito. Tiran<strong>do</strong> o microcosmos <strong>da</strong> Corte política e <strong>da</strong> sua clientela,<br />

onde as transições e a pureza de formas têm espaço próprio para mais rapi<strong>da</strong>mente<br />

se implantarem, fica um país alarga<strong>do</strong> à eapera <strong>da</strong> descoberta de uma arte<br />

anónima. Longe, o passa<strong>do</strong> é prolongável num presente de procuras, de ensaios,<br />

de caminhos, que se vão trilhan<strong>do</strong> sem sobressalto. O passa<strong>do</strong> vai-se integran<strong>do</strong><br />

harmoniosamente no presente.<br />

No trabalho que fuemos pusemos to<strong>da</strong> a honesti<strong>da</strong>de que a ciência exige, e a nossa<br />

capaci<strong>da</strong>de permitiu. Se conseguimos alcançar os objectivos, é isso tarefa que a<br />

outros compete julgar.<br />

Fontes e Meto<strong>do</strong>logia<br />

Num trabalho cuja espinha <strong>do</strong>rsal se prende à activi<strong>da</strong>de de um produtor de arte,<br />

diversas são as fontes compulsa<strong>da</strong>s para ilustrar, além <strong>da</strong>s obras por ele empreen-<br />

di<strong>da</strong>s, <strong>da</strong><strong>do</strong>s que possibilitem um encontro com o homem.<br />

Sen<strong>do</strong> as Actas Notariais um manancial fecun<strong>do</strong> onde a par e passo se encontram<br />

registos de contratos para execução de obras, viriam a permitir um contacto sincró-<br />

nico com a activi<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva. Este tipo de <strong>do</strong>cumento, para<br />

além <strong>da</strong> <strong>da</strong>tação, fornece elementos vitais sobre a obra, os referi<strong>do</strong>s apontamen-<br />

tos, <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> arrematante ou de artista competente ou até <strong>do</strong> próprio<br />

autor <strong>do</strong> risco, que esclarecem, muitas vezes, <strong>da</strong><strong>do</strong>s técnicos a observar durante<br />

a execução, e mais raramente elementos estéticos; custo <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong>, formas de<br />

pagamento e ritmos de construção; enti<strong>da</strong>de que encomen<strong>da</strong> e financia a obra; <strong>do</strong><br />

arrematante fica-se a conhecer o nome, o grau profissional, a mora<strong>da</strong> e as teste-<br />

'FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime 8. - Pa~coal Femmdes. rncvfre pedreiro de (Vquctpcrura Algunv<br />

elemmros pmn o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> sua ncfrvi<strong>da</strong>de, in ulX Centenino <strong>da</strong> Dediwçãa <strong>da</strong> SB de Bragas, Acta<br />

<strong>do</strong> Congresso Internacional, v01 1112 - A Catedral de Br4gn nn HL~tdrra e M Arfe Iséculrrr XII-XIXJ,<br />

Bniga, 1990. p 396


munhas que lhe deram crédito. O autor <strong>do</strong> projecto pode também ser outra infor-<br />

mação colhi<strong>da</strong> no contrato de obra. To<strong>do</strong>s estes pontos podem figurar no contrato<br />

tabeliónico, nem sempre como regra.<br />

Quan<strong>do</strong> se pretendeu saber quem foi o homem em estu<strong>do</strong>, além <strong>da</strong>s procura@es<br />

e <strong>do</strong>s próprios contratos de obra, que eluci<strong>da</strong>m indirectamente passos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> a<br />

biografar, pouco mais se pôde esperar deste notável e precioso, mas incompleto,<br />

fun<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumental. Aí desven<strong>do</strong>u-se o homem enquanto artista.<br />

O homem tem um nascimento e uma morte. Neste espaço. inúmeras foram as suas<br />

acções, incontáveis Os seus actos e as relações que travou com os contemporâneos.<br />

Da aprendizagem à maturi<strong>da</strong>de intelectual, <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> individual à familiar, e desta<br />

à relação com o meio, a outras fontes se exigiu procura.<br />

Do Registo Paroquial as cédulas de nascimento, casamento, filiação e morte; <strong>do</strong><br />

ambiente familiar que o formou, os seus progenitores e irmãos.<br />

Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis continuavam a não satisfazer a procura.<br />

Quem foi Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva?<br />

O meio artístico que o apadrinha - <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> vem para Braga e aqui desenvolve<br />

a sua activi<strong>da</strong>de - era movi<strong>do</strong>, substancialmente, pelas orientações <strong>do</strong> clero contra-<br />

reformista. Ao serviço dele colocou a sua arte. Um percurso inverso se ensaiou:<br />

partiu-se <strong>do</strong> meio social para atingir o artista e as suas condicionantes. Do clero<br />

como gmpo actuante em Braga de setecentos, destacou-se um personagem que se<br />

afirma potencial cliente <strong>do</strong> artista: D. Rodrigo de Moura Teles. Dele colheram-se<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s para objectivar a sua postura enquanto mecenas. Das visitas pastorais que<br />

promoveu e pessoalmente realizou. até 2s pastorais que outorgou, pretendeu-se<br />

vislumbrar o seu perfil como financia<strong>do</strong>r de arte.<br />

Na Sé Catedral polarizaram os <strong>do</strong>is homens as suas atenções: um, para evangelizar<br />

moralizan<strong>do</strong>. prevê uma actualização <strong>do</strong> edifício às novas coordena<strong>da</strong>s litúrgicas;<br />

o outro, remodelan<strong>do</strong>, construin<strong>do</strong> e reconstruin<strong>do</strong>, a preparar a catedral para que<br />

a retórica <strong>da</strong>s artes, desenvolvi<strong>da</strong> no seu interior, num diálogo estu<strong>da</strong><strong>do</strong> e de resulta<strong>do</strong><br />

previsto, transmitisse justa imagem <strong>do</strong> seu mecenas.<br />

Ain<strong>da</strong> neste <strong>do</strong>mínio, <strong>do</strong> total para o particular, quan<strong>do</strong> se procede a um enfoque<br />

diacrónico sobre a primeira metade <strong>do</strong> século XViii, destaca-se, incmtesravelmente,<br />

Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva como mestre arquitecto de pedraria, segui<strong>do</strong> de seu pai<br />

Pascoal Fernandes. A quanti<strong>da</strong>de de empreendimentos que Ihes an<strong>da</strong>m adstritos são<br />

disso prova.<br />

Do sobrante <strong>da</strong> sua obra, aquela que resistiu à vomgem <strong>do</strong> tempo e <strong>da</strong>s mo-<br />

<strong>da</strong>s, foi outro campo para onde dirigimos a nossa pesquisa. Nesta, a leitura <strong>da</strong>s<br />

formas, <strong>do</strong>s símbolos e <strong>da</strong>s técnicas possibilitaram a compreensão <strong>da</strong> arte de Ma-


MANUEL PERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

nuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, e a sua integração nas correntes estilísticas <strong>do</strong> dealbar<br />

<strong>do</strong> barroco.<br />

Auscultar o pulsar de um produtor de arquitectura no século XVIii na sua inter-<br />

reIação é um trabalho apaixonante, envolvente e sempre insatisfatório. Nunca os<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s disponíveis ilustram a totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> indivíduo. A resposta a uma questão le-<br />

vanta uma plêiade de direcç0es na investigação.<br />

Temos consciência de que o projecto está incompleto. Algumas são as lacunas<br />

primárias que permanecem encerra<strong>da</strong>s B espera de suporte <strong>do</strong>cumental. Foi o pos-<br />

sível para um tempo - o <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva - e para um<br />

espaço - basicamente a ci<strong>da</strong>de de Braga. Na nossa pesquisa valorizamos,<br />

sobremaneira, os arquivos de Braga, nomea<strong>da</strong>mente o Distrital, o Municipal, e o<br />

de algumas Confrarias. Incursões fizemos também no Arquivo Nacional <strong>da</strong> Torre<br />

<strong>do</strong> Tombo e na Biblioteca Nacional <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong>. Para o apuramento <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de<br />

de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva articulou-se o estu<strong>do</strong> em quatro capitulas, três direc-<br />

tamente relaciona<strong>do</strong>s com o homem, a obra e o artista, ca<strong>da</strong> um respectivamente,<br />

antecedi<strong>do</strong>s de uma tentativa de compreensão <strong>da</strong>s linhas ambientais sociais onde<br />

lavra a sua arte.<br />

Na anilise <strong>da</strong> obra optou-se pela sua apresentação a partir <strong>do</strong> tipo de encomen<strong>da</strong><br />

dentro de uma hierarquização: <strong>da</strong> religiosa para a pública e desta à priva<strong>da</strong>. Na<br />

especifici<strong>da</strong>de tipológica <strong>da</strong> encomen<strong>da</strong> seguiu-se uma ordem cronológica. Em ca<strong>da</strong><br />

edifício onde trabalhou estudámos apenas a sua intervenção.<br />

O trabaího completa-se com <strong>do</strong>is apêndices, <strong>do</strong>cumental e fotográfico. Aquele, apre-<br />

senta<strong>do</strong> por ordem cronológica, e o outro pela sequência <strong>da</strong> análise <strong>da</strong>s obras.<br />

Para esclarecimento <strong>do</strong> texto usam-se algumas imagens, gravuras e plantas, sen<strong>do</strong><br />

estas últimas quase em exclusivo o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s levantamentos planimétricos que<br />

efectuámos em alguns edifícios, aju<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelo Eng. Manuel João de Almei<strong>da</strong> Pinto,<br />

a quem remetemos a responsabili<strong>da</strong>de exclusiva <strong>do</strong> desenho. Algumas fotografias,<br />

tanto <strong>do</strong> texto como <strong>do</strong> apêndice, ficam a dever-se ao profissionalismo de Helena<br />

Rego Cmz, facto que se assinalará.<br />

Nas transcrições de <strong>do</strong>cumentos des<strong>do</strong>brámos as abreviaturas, manten<strong>do</strong> de resto<br />

a grafia <strong>da</strong> kpoca, fazen<strong>do</strong> uma ou outra pontuação para tornar o texto inteligí-<br />

vel, ten<strong>do</strong> por peno as normas paleográficas <strong>do</strong>s Doutores Avelino de Jesus <strong>da</strong><br />

Costa e António Cmz. Apresentam-se só os <strong>do</strong>cumentos principais e inéditos sob<br />

a óptica <strong>da</strong> leitura.<br />

No futuro, muitas outras fontes aportarão, porventura, novas achegas ao esclareci-<br />

mento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e obra de um artista de craveira no panorama arquitectónico <strong>do</strong> MI-<br />

nho na transição <strong>do</strong> maneirismo para o barroco.


1. Os Poderes<br />

Braga, Corte Religiosa<br />

aposto que os Prela<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Reino se<br />

possam chamar de prela<strong>do</strong>s, os<br />

arcebispos de Braga são prela<strong>do</strong>s e<br />

senhores*.<br />

D DIOGO DE SOUSA '<br />

No sequencialismo <strong>do</strong> epilogo <strong>do</strong> processo de formação de Portugal, encontram-<br />

-se <strong>da</strong><strong>do</strong>s que explicam a singulari<strong>da</strong>de de Braga no cenário <strong>do</strong> país, numa duali-<br />

<strong>da</strong>de de causa-efeito, e na titulari<strong>da</strong>de que o passa<strong>do</strong> assume, sempre que se trata<br />

<strong>da</strong> encenaçao <strong>do</strong>s homens, e <strong>da</strong> sua compreensão num presente, que é já também,<br />

passa<strong>do</strong> distante.<br />

A digni<strong>da</strong>de de Metropolita de Braga, reconheci<strong>da</strong> em Roma pelo Papa Pascoal<br />

II, na presença <strong>do</strong> titular <strong>da</strong> cadeira S. Geral<strong>do</strong>, em 1099, e os favores que lhe<br />

concedeu «pera recuperar os bens <strong>da</strong> Sua Igrejan, incitan<strong>do</strong>, inclusivé, o Conde<br />

D. Henrique a apoiar o Arcebispo na restauração e reorganização de Braga, den-<br />

tro <strong>do</strong> protagonismo que tivera s6culos antes', se por um la<strong>do</strong> abre um diferen-<br />

<strong>do</strong> com os arcebispos de Compostela e Tole<strong>do</strong> $, por outro, revigora o papel de<br />

Braga na posterior conduta de emancipação <strong>do</strong> reino de Portugal.<br />

COSTA, Avelino de Jesus <strong>da</strong> (Padre) - D Diogn de Sousa Novo Fun<strong>da</strong><strong>do</strong>r <strong>da</strong> C~<strong>da</strong>de de Brasa, Sep<br />

de


MANUEL FERNANPES DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO 11693-1751)<br />

Do conde D. Henrique recebem os arcebispos a posse <strong>do</strong> xCouto de Braga com<br />

os respectivos direitos fiscais* @, poder temporal que seria alarga<strong>do</strong> em 1128 por<br />

D. Afonso Henriques, «para exaltar a metrópole de Braga e obter a colaboraçáo<br />

<strong>do</strong> arcebispo D. Paio Mendes» na causa que então o movia. Para o nacionalismo,<br />

vital era a associação <strong>do</strong>s poderes político t? religioso, Esta<strong>do</strong>Agreja, justifican<strong>do</strong>,<br />

por isso, o aumento <strong>da</strong>s prerrogativas temporais <strong>do</strong>s arcebispos, favorecen<strong>do</strong> o seu<br />

desmembramento <strong>da</strong> tutela de Tole<strong>do</strong>, como o era, igualmente, a aquisição de Ro-<br />

ma <strong>do</strong> título de Pnmaz. Esta questão, anima<strong>da</strong> <strong>do</strong> ponto de vista político, orientou<br />

a acção <strong>do</strong>s primeiros arcebispos, que não se pouparam a esforços no Papa<strong>do</strong>x,<br />

para a partir <strong>do</strong> século XN se passarem a denominar de &maz ou Primaz <strong>da</strong>s<br />

Espanhas, generalizan<strong>do</strong>-se a segun<strong>da</strong> forma no século XVI* Y.<br />

Foi na quali<strong>da</strong>de de Senhorio que Braga e os seus coutos se viram administra<strong>do</strong>s<br />

pelos arcebispos durante vários séculos. com poderes plenos no <strong>do</strong>mínio tempo-<br />

ral: «O Senhorio de Braga e os seus Coutos pertence aos seos Arcebispos com to<strong>da</strong><br />

a jurisdiçam, civel e crime, alta e baixa, meio e misto Império* 'O, governação que<br />

não seria pacífica, tonifica<strong>da</strong>, pontualmente, com graves conflitos com o poder cen-<br />

tral I', que pretendia consoli<strong>da</strong>r o seu poder, num reforço de centralismo, em terras<br />

de privilégio.<br />

Temos, pois, uma arquidiocese onde arcebispo e cabi<strong>do</strong> assumem a sua governa-<br />

ção, mas, a «vastidão desta, acresci<strong>da</strong> <strong>do</strong> senhorio <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga e seu termo<br />

e de dezoito coutos, onde o prela<strong>do</strong> tinha jurisdição e direitos de quase completa<br />

soberania implicava a montagem de uma complica<strong>da</strong> máquina administrativa» '2,<br />

ao que Silva Tadim, no século XVIiI, esclarece: «Para administraçam <strong>da</strong> justiça<br />

tem os Prela<strong>do</strong>s hua Relaçam nam só Ecclesiastica, mas secular, que conhece to-<br />

<strong>da</strong>s as cauzas civeis e crimes, porem com esta diferença, que as cauzas civeis de<br />

qualquer quantia que sejam, como tambem as <strong>do</strong> crime <strong>do</strong>s coutos se sentencçam<br />

afinal sem appelaçam, mas nas cauzas crimes <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e seo termo,<br />

nam tem o Ouvi<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Arcebispo, mais que as primeiras instancias, e se appela<br />

delle para a Relaçam <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>» 13. Existin<strong>do</strong>, nesta altura, pessoas alheias ao poder<br />

temporal <strong>do</strong> arcebispo, situação que se deve ter cria<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> século XVII,<br />

na emergência <strong>do</strong> absolutismo, e com a nomeação <strong>do</strong> cargo de Juiz de Fora, por<br />

<strong>Idem</strong> - D. Diqo de Sowa ...., p. 14.<br />

' <strong>Idem</strong> - ibidem, p. 14.<br />

Sobre o assunta ver FERREIRA 1. Angusto (Monsenhar) - Os Arcebi8ppos de Brap nrr Fun<strong>da</strong>pin<br />

<strong>da</strong> Pátrio, Lisboa. 1933.<br />

V COSTA, Avelino de Jesus <strong>da</strong> (Padre) -A Arquidiocese de Braga ..., p. 135,<br />

" A.D.B.- DláPiirin Brnonrcnse de Mame1 Josú<strong>da</strong> Silua Tadim, Policapiti<strong>da</strong>, col. <strong>do</strong>s Mss. 1054, fl. 612.<br />

'' COSTA, Avelino de Jesus <strong>da</strong> (Padre) - D. Diago dz Soure . pp. 14-15.<br />

" <strong>Idem</strong> - ibidem, pp. 25-26.<br />

" A.D.B. - Diário Brnearensc ...., fl. 612 V.


Fig 1 - Mapa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga em mea<strong>do</strong>s <strong>da</strong> sés XVIII assina<strong>do</strong> por Andre Ribeym S [ I Sylva<br />

(Biblioteca Nacional <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong>)


MANUEL FERNANDES DA SILVA: MESTRE E ARQUITECTO (1691-1751)<br />

D Pedro Ii 14. Mas no século XVI a jurisdição era ain<strong>da</strong> total, abrangen<strong>do</strong> &mais<br />

de um por cento <strong>da</strong> população portuguesa?> 17.<br />

O Censud de D. Diogo de Sousa apresenta um conjunto de noventa e oito funcio-<br />

nirios <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e diocese, cuja nomeação pertencia ao arcebispo 16.<br />

O arcebispo era, segun<strong>do</strong> Avelino de Jesus <strong>da</strong> Costa, %um potenta<strong>do</strong> polftico cons-<br />

tituin<strong>do</strong> os seus territórios (...) um pequeno esta<strong>do</strong> dentro <strong>da</strong> Nação» I'. A OCU-<br />

pação <strong>da</strong> cadeira pontifica1 era, por isso mesmo, partilha<strong>da</strong> pela mais alta estirpe<br />

<strong>do</strong> Reino, sen<strong>do</strong> muitas as linhagens directas com as <strong>da</strong> coroa. Lembremos, já no<br />

nosso passa<strong>do</strong> presente os exemplos de D. José de Bragança e de D. Gaspar de<br />

Brag-snça, que ocuparam a prelatura primacial em tempo considerável <strong>do</strong> século<br />

XVIII I R , ou então D. Rodrigo de Moura Teles, que antes de arcebispo, foi Sumi-<br />

Iher de Cortina de D. Pedro. As suas experiências politicas eram evidentes.<br />

A Primaciali<strong>da</strong>de trazia B boca <strong>do</strong> teatro, no campo eclesiástico, Braga como cenário<br />

<strong>do</strong> poder religioso <strong>do</strong> país, e <strong>da</strong>s Hespar~har, sen<strong>do</strong> este apenas título honorífico<br />

e nunca confirma<strong>do</strong>, fican<strong>do</strong> célebre, em Trenro, o diferen<strong>do</strong> com D. Fr. Bartolomeu<br />

<strong>do</strong>s Mártires sobre a questão <strong>da</strong>s precedências, no qual o arcebispo de Grana<strong>da</strong><br />

argumentou, em quorum com os seus congénerzs patrióticos, que «nem o seu<br />

Rei nem elles reconheciam outro Primaz em Hespanha que não fosse o arcebispo<br />

de Tole<strong>do</strong>. ". Do apelo ao Papa resultou a neutrali<strong>da</strong>de, sentan<strong>do</strong>-se os Primazes<br />

pela ordem de ptomoçáo no cargo de arcebispo 'O.<br />

A morte de D. Sebastião e a consequente união dinástica, levou a que, enfaticamente<br />

se afirmasse: «Ali acabaram os triunfos Portuguezes. Morreo o orgulho, o brio, a<br />

pompa, a riqueza e a esperança» ".<br />

Entretanto, em situação de déjh vu, e frente à neutrali<strong>da</strong>de polilica nacional, no<br />

século XVII, o arcebispo D. Rodrigo <strong>da</strong> Cunha, pretende realçar a primacialidíde<br />

bracarense, numa atitude eiva<strong>da</strong> dc patriotismo, escreven<strong>do</strong> um trata<strong>do</strong> sobre<br />

" I& - ibidein, fl. 65. Foi nomead0 em Dezembro de 1672. Ver FREITAS, Bernardino JoiO de Senna<br />

- Mrriieriur de Bmgri Conteir& Muifos e Inreres.~n!iras Ercriplor Exfnrhidur e Rect>pila<strong>do</strong>s de Differoires<br />

Arclrivn.?. I. I. Bragg Imprensa Fatholica. 1890. p. 35.<br />

l5 COSTA, Avelino de Jesus <strong>da</strong> (Padre) - D. Diogo de S?xisd.,., p 26.<br />

São os ,seguintes funcionSrias: -1 vigario geral e 4 viganos <strong>da</strong>s comamas; I promotor de justiça na<br />

cBrte e 4 ncrs comarias; I provisor: 4 desembu,gb<strong>do</strong>res: 6 juizes, um <strong>do</strong>s quais <strong>do</strong>s orfaos: 2 nloai<strong>do</strong>s-mores<br />

e 1 alcaide pequeno; 1 carcpreiro; I conta<strong>do</strong>r: I distribui<strong>do</strong>r: 34 escrivães de diversos categorias:<br />

1 inquiri<strong>do</strong>r: 5 mcirinhos. 4 Ouvi<strong>do</strong>m: 4 porteiros: 7 íeoebe<strong>do</strong>res, contan<strong>do</strong> os <strong>do</strong> arcebispo<br />

e <strong>da</strong> c^amaras; I iwe<strong>do</strong>t e 9 tabeiizesa. <strong>Idem</strong> - ióidmi, p. 26.<br />

'' <strong>Idem</strong> - il>ir/mr, p. 26.<br />

'" D. Jose de Bmganp entre 1741-1756 e D. Gaspar de Bragan~a entre 1759-1789.<br />

'' RER:REIR4. J. Augustp (Monsenimr) - Fasmr Epirro/)u@.? <strong>da</strong> Igrrj~z Pri*rtaciiil de Brog.q lk. 111<br />

- Ser. XX), r. 111, Brnza. Mirra Bracarenne, 1932, p. 25.<br />

'"<strong>Idem</strong> - iúidein, p. 26.<br />

" A.D.B.. Di


CAPfTULO I - BRACA, CORTE RELIGIOSA<br />

o assunto, denomina<strong>do</strong> «De Primatu Bracharensis Ecclesiea in Universa Hispa-<br />

niaa ?*, que será severamente puni<strong>do</strong> no século seguinte por Fr. Henrique Florez.<br />

«Tamhien es de extrafiar, que algunos Portugueses mezclan en sus escritos quejas<br />

conua Iós Espafioles, de que tratan com muchapasion las cosas de Portugal, quan-<br />

<strong>do</strong> se encuentran con Ias de Castilla c.). La Primácia de Espana en Ia esta<strong>do</strong> anti-<br />

guo en que se disputa, no admite competencia entre Portugal y Castilla, porque<br />

e1 examen es de tiempo en que no havia naci<strong>do</strong> Portugal, ni se conocia tal nomhre.<br />

E1 que <strong>do</strong>minaba en Tole<strong>do</strong>, era Sefior de Braga. To<strong>do</strong> era un Reynow". Não obstan-<br />

te, Priiaaz <strong>da</strong>s Hespanhas continuou a ser cartão de apresentação <strong>do</strong>s arcebispos<br />

de Braga.<br />

Poder político. Poder religioso. Eis os baluartes que cingiam a actuaçZo <strong>do</strong>s pre-<br />

la<strong>do</strong>s de Braga, em extensãa bem diferencia<strong>da</strong>s, num ambiente onde a palavra de<br />

ordem era o Evangelho. A este clima duas outras coordena<strong>da</strong>s se devem acrescen-<br />

tar: O processo Rescaururacionista, e de raiz mais profun<strong>da</strong>, a militância <strong>da</strong> Igreja<br />

Reformista, que vieram ttmbrar a Corte religiosa <strong>do</strong> País<br />

Na sen<strong>da</strong> <strong>da</strong> perscrutação <strong>do</strong>s regisros antigos, a palavra Corte. e as expressóes<br />

desta nossa Corte, <strong>da</strong> Corte de Braga, tornaram-se obsessivas, revelan<strong>do</strong>, portan-<br />

to, um consciente coleçtivo de vivência ordena<strong>da</strong>, assimila<strong>do</strong> na élite protagoni-<br />

zante, pois foi dela, que, de forma directa, nos falaram os <strong>do</strong>cumentos. Pretende-<br />

mos entender o seu significa<strong>do</strong>.<br />

Em carta a D. João m, D. Diogo de Sousa afirma-se consmiior de Braga, que de<br />

aldeia passara a ci<strong>da</strong>de: e u achei esta de barro e sem templos nem gente nem edifi-<br />

cios e agora a tenho feita assim de edifícios públicos como priva<strong>do</strong>s com acrescen-<br />

tamento de muito povo e número de merca<strong>do</strong>res e trato de oficiais <strong>da</strong>s melhores<br />

cousas <strong>do</strong> Reino»I4; ao que D. Rodrigo <strong>da</strong> Cunha acrescentou: MD. Diogo de Souza<br />

pudera fazer de Braga ci<strong>da</strong>de, mas D. Fr. Agostinho fizera dela corte* ?liic« Hirteirco di. Icr i~le-<br />

rla de E.pnrin - Origem. divisioione~ g limires de to<strong>do</strong>r a ts Puovinci'rr. Anrlguid


MANUEL FERNANOES OA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (lb1>3-17JI)<br />

origem <strong>da</strong> primaciali<strong>da</strong>de anterior i3 Nacionali<strong>da</strong>de, acompanha<strong>do</strong> de um longo<br />

pracesso de Trasla<strong>da</strong>ções <strong>do</strong>s seus obreiros, também para a are8 <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, crian-<br />

<strong>do</strong> como tal um centro polariza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> microcosmus <strong>do</strong>s arcebispos. Faltava-lhe esse<br />

centro, suficientemente forte e unifica<strong>do</strong>r. Aqui reside a origem <strong>da</strong> Corte de Braga,<br />

cuja força aumentaria i3 medi<strong>da</strong> que a persuasão pela pregação difundisse os temores<br />

<strong>da</strong> morte, a frivoli<strong>da</strong>de e precarie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, e a associação ao fen6meno Cristo-<br />

lógico eomo drama inequívoco <strong>da</strong> vivência terrena. Uma Corte de Fun<strong>da</strong>mento Ú1-<br />

timo teocêntrico, mas geri<strong>da</strong> por homens com interesses e paixõm.<br />

Os prega<strong>do</strong>res, ao tempo <strong>da</strong> Restauração, prepara<strong>do</strong>s para enfrentar xum público<br />

necessariamente diversifica<strong>do</strong> pela origem social, a profissão, o poder, a cultura<br />

e o local de residência* São OS principais obreiros <strong>da</strong> causa restauracionista mo-<br />

ven<strong>do</strong> massas, forman<strong>do</strong> consciências, crian<strong>do</strong> as ralzes de um parti<strong>do</strong> unionista<br />

de cunho patriótico, decisivo na causa <strong>da</strong> Restauração, e que marcaria a vi<strong>da</strong> política<br />

<strong>do</strong> século de seiscentos. Ao que João Marques conclui: nO consenso teria de en-<br />

contrar-se em ideias que congregassem numa adesão colectiva e que trouxessem<br />

força capaz de influir nos acontecimentos. Agitar o patriotismo como elemento aglu-<br />

tina<strong>do</strong>r <strong>da</strong> nação implicaria recorrer ao passa<strong>do</strong> e ao presente de forma pragmáti-<br />

ca»". Do presente a culpabilização de to<strong>do</strong>s os desaires politicoa, económicas e<br />

sociais, tanto <strong>do</strong> temtório nacional como <strong>do</strong> ultramarino, ao <strong>do</strong>mínio filipino; <strong>do</strong><br />

passa<strong>do</strong> o apelo a feitos heróicos, numa exaltação <strong>do</strong> «amor pAtria, h liber<strong>da</strong>de,<br />

a grandeza passa<strong>da</strong>, o aumento <strong>do</strong> Império, o advento <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de de Ouro» 'O.<br />

Este processo encontrou campo profícuo em Braga, e foi gera<strong>do</strong>r <strong>da</strong> ideologia <strong>da</strong><br />

sua Corte, e suporte inequívoco <strong>da</strong> imagem <strong>do</strong> poderq', com o qual os arcebispos<br />

propagandearam o Reino <strong>do</strong>s Eleitos na área <strong>da</strong> sua jurisdição. rlr hl,f,ii. ;"I. .


CAPíTULO I - BRAGA. CORTE RELIGIOSA<br />

pal mentor, age por esta via também no <strong>do</strong>mínio social, e sublinha o seu poder<br />

ao reforçar o mediatismo entre o mun<strong>do</strong> profano e sagra<strong>do</strong> Além <strong>da</strong> palavra e <strong>do</strong><br />

exemplo prbprio, fornece ò socie<strong>da</strong>de laica as imagens moralizantes para condicio-<br />

nar o seu quotidiano. Este processo teve um longo amadurecimento. Atingiu maior<br />

expressão no Pontifica<strong>do</strong> prolonga<strong>do</strong> de D. Rodrigo de Moura Teles, resumin<strong>do</strong><br />

ele, no usufruto <strong>do</strong>s seus poderes, to<strong>da</strong> a carga que formou e informou a socie<strong>da</strong>de<br />

culta <strong>do</strong> Portugal Restaura<strong>do</strong>, ao serviço <strong>da</strong> Igreja Tridenhna. Com ele, a Corte<br />

de Braga. como apanigio de absolutismo, atingiu superlativo intervencionismo nos<br />

<strong>do</strong>mínios <strong>da</strong> sua jurisdição. Primacialidiide, grandeza, milithcia, patriotismo e<br />

determinação, são, pois, linhas mestras <strong>da</strong> sua coudução, que fazem dele senhor<br />

absoluto no centro <strong>do</strong> seu teatro, a quem não faltou a craveira mecenática de ver<strong>da</strong>-<br />

deiro mecenas, não apenas como financia<strong>do</strong>r <strong>da</strong> arte, mas até <strong>da</strong> sua sociologia<br />

e estética.<br />

O texto de Cícero, referi<strong>do</strong> por D. Fr. Bartolomeu <strong>do</strong>s Mártires no discurso de en-<br />

ha<strong>da</strong> em Braga", foi divisa de Moura Teles, gravan<strong>do</strong>-a na entra<strong>da</strong> principal <strong>do</strong><br />

seu palácio:<br />

O DOMVS AMTIQVA/ QVAM DISPARI DOMINO/ DOMINARIS/ ANNO<br />

D. 1709.<br />

.O Casa Antiga que serás <strong>do</strong>mina<strong>da</strong> por tão diferente Senhoru".<br />

Arcebispos de Braga de 1641 a 1756<br />

Sede Vacante<br />

D Veríss~mo de Lencastre<br />

D. Luís de Sousa<br />

Sede Vacante<br />

D. José de Meneses<br />

D. João de Sousa<br />

D. Rodrigo de Moura Teles<br />

Sede Vacarrre<br />

D. José de Bragança<br />

"BELLINO, Albano - Inso.ipç8e.r e Lefririi.or <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de de Era@ F Algunins Frt.srrcrirrs Rumer, Por-<br />

to. Typognphia Occidental, 1895, p. 26.<br />

"0 texto foi extrai<strong>da</strong> de Cicero - De Oflciis, Livm 1, cap. 39. Segun<strong>do</strong> a leitura <strong>da</strong> Padre Mnnuel<br />

de Sou.m Miguel. Latinista. Cicero «itfere-se B bbita(%o de pessoa- ilustres que passam para oum<br />

<strong>do</strong>no. Antes o escritor escreveu: 'É uma triste= ouvir as transeuntes dizer Ó Domus Antiqua', alu-<br />

$30 i iluritre casa de Pompeio e de outras que depois <strong>da</strong> vitória de César pnssarm para outros <strong>do</strong>-<br />

nos*. Agradecemos a gentileza <strong>da</strong> interpretapio no Padre Manuel de Soma Miguel.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO r 1693-1751 1<br />

2. A Política de Intervenção e de Espectáculo<br />

Nasci<strong>do</strong> em plena crise restauracionista, D. Rodngo de Moura Teles depois de Sumilher<br />

de Cortina, na Corte de D. Pedro 11, de Reitor <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra<br />

e de Bispo <strong>da</strong> Guar<strong>da</strong>, assume a cadeira Primaz, fazen<strong>do</strong> a sua entra<strong>da</strong> solene em<br />

Braga, a 10 de Dezembro de 1704 ", em sessão de ~úbilo público, envolven<strong>do</strong> ordens<br />

religiosas, beneficia<strong>do</strong>s, justiça8 <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. verea<strong>do</strong>res, e demais cargos ofi-<br />

- ciais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />

em acto qsummamente<br />

brilhante<br />

pelo imenso numero<br />

de pessoas<br />

de to<strong>da</strong> a quali<strong>da</strong>de<br />

que a elle<br />

concorrerão- '",<br />

tanto <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

como <strong>da</strong> província.<br />

Chegou ao<br />

Campo <strong>da</strong>s Hortas.<br />

extramuros<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, monta<strong>do</strong><br />

em cavalo e<br />

de Capa Magna,<br />

«com grande a-<br />

companhamento<br />

e <strong>da</strong>nças* '7, onde<br />

depois de paramenta<strong>do</strong><br />

de «capa<br />

de asperges e<br />

bago e de baixo<br />

<strong>do</strong> palioa, seguiu<br />

em cortejo para a<br />

Sé.


F F ~<br />

3 . púlpiu, <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> RccoLhi-<br />

memo de Som Mana Uidslena com<br />

g mmw de D W n o de Moure<br />

Teics. A corm. um aujo smgurond9 .a<br />

esfm amolar c a stua de Cneto


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

vestes Pontificaes se recolhe0 ao Pa~oi,~. Em três dias consecutivos nhouve geral<br />

repique de sinos e se illuminou a ci<strong>da</strong>de. Depo~s de feito e arremata<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o festejo<br />

no dia 22 <strong>do</strong> mesmo mez de Dezembro recebe9 S. nlm" o Palio na capella<br />

mor <strong>da</strong> Se» 'Y. Dentro <strong>do</strong> mais rigoroso cerimonial estava augura<strong>da</strong> a sua campanha<br />

propagandística"', e defini<strong>do</strong>s os papéis activos e passivos no processo de condução<br />

<strong>da</strong> corte.<br />

Numa política intervencionista de exaltação <strong>do</strong>s vectores tridentinos, muitos foram<br />

os actos públicos presidi<strong>do</strong>s pelo arcebispo, onde a festa, na sua vertente profana<br />

e religiosa, serviu para pmpagandear uma imagem hiunfalista. Além <strong>da</strong> capaci-<br />

<strong>da</strong>de governativa, a essa associou Moura Teles uma linguagem de espectáculo,<br />

onde actores se revêem e especta<strong>do</strong>res se <strong>do</strong>bram, porque a majestade derradeira<br />

era Divina.<br />

Ao Santíssimo Sacramento devotou pamcular atenção. Em 1708 coloca-o em<br />

exposição permanente na capela <strong>do</strong> Paço, onde «uma procissam com <strong>da</strong>nças e folian<br />

", fez jus ao evento. Nesta sequência, e evento supremo eram as festas que<br />

to<strong>do</strong>s os anos se realizavam na ci<strong>da</strong>de, mas as de 1714 tiveram brilho especial:<br />

D. Rodrigo de Moura Teles foi seu promotor, na quali<strong>da</strong>de de juiz <strong>da</strong> confiaria<br />

<strong>do</strong> Santíssimo Sacramento. Numa ambigui<strong>da</strong>de entre mun<strong>do</strong>s profano e sagra<strong>do</strong>,<br />

tu<strong>do</strong> era pretexto para a encenação <strong>do</strong> teatro religioso. Assim, nestas festas, contan<strong>do</strong><br />

a asolemne procição», houve ain<strong>da</strong> caretas, pregão, cartel, comedias, combates<br />

de touros bravos e cavalha<strong>da</strong>s» 42. Para a posteri<strong>da</strong>de ficou uma relação impressa,<br />

escrita pelo chanceler-mor de Braga, onde o seu promotor aparece como emblema<br />

de referência: «Triumpho <strong>do</strong> Amor Divino que na ci<strong>da</strong>de de Braga consagrou<br />

ao Santissimo Sacramenta<strong>do</strong> o nlm". D. Rodrigo de Moura Telles>><br />

Com a autorização Papal de Jubileu de Lausperene, a partir de 1710 o culto <strong>do</strong><br />

Santíssimo Sacramento era continuamente venera<strong>do</strong> nas principais igrejas <strong>da</strong> ci-<br />

<strong>da</strong>de, num percurso prwessional que as unia ", terminan<strong>do</strong> com a procissão <strong>da</strong><br />

Ressurreição na Sé.<br />

'$ B NL - Hisr


ÇAPfTULO I - BRAGA, CORTE RELIGIOSA<br />

Os Santos e as relíquias eram motivo para cerimónias de trasla<strong>da</strong>ção. Para a ci-<br />

<strong>da</strong>de foram acontecimento a3 festas de trasla<strong>da</strong>ção de S. João Marços, em 1718.<br />

Confrarias, Irman<strong>da</strong>des, Cabi<strong>do</strong>, e outras instituições, irmanaram-se em acto de<br />

alegria, no qual Moura Teles assume o lugar de presidente4\. O som estridente <strong>do</strong>s<br />

clarins e tambores &, náo deixou que a procissão passasse despercebi<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>-<br />

de de Braga.<br />

A morte e a vi<strong>da</strong>, a alegria e a <strong>do</strong>r, foram baluartes de representação no centro<br />

de gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Corte religiosa. As exéquias fúnebres, as procissões de penitência<br />

e desagravo, ou pelas chuvas em excesso ou pela sua míngua, pela peste e pela<br />

<strong>do</strong>ença, numa enumeração desnecessária, tu<strong>do</strong> serviu de monvo para os intentos<br />

servilistas de Moura Teles à Igreja Reformistri, e à fomenração de uma imagem,<br />

na qual a procissão, na feliz expressão de António Filipe Pimentel, «a manifesta-<br />

ção por excelência <strong>do</strong> Portugal barroco»47, foi um <strong>do</strong>s meios mais eficazes. Mo-<br />

tivos não faltaram. E mais: com a reforma que díligenciou no Breviaio Braca-<br />

rense4R, aumentou o número de santos cultua<strong>do</strong>s na Arquidiocese, multiplican<strong>do</strong>,<br />

portanto, os momentos de encenação.<br />

E <strong>do</strong> seu governo? Uma preocupação por conhecer as reali<strong>da</strong>des locais <strong>da</strong> sua ar-<br />

quidiocese. Em visitas pastorais, que iniciou logo em 1705 na ci<strong>da</strong>de de Braga,<br />

e estende nos anos seguintes às regiões mais recônditas, sempre latente uma vigilân-<br />

cia nos comportamentos <strong>do</strong>s seus directos correligionários, nos trajos, nas mo<strong>do</strong>s<br />

e na instrução. As pastorais acompanham essa depuração que entendia urgente e<br />

sem reverso.<br />

Forma o seu elenco ministerial «despedin<strong>do</strong> alguns Ministros que o arcebispo D.<br />

João de Souza e o governo na Sede Vacante havião admiti<strong>do</strong>>rq. Em 1713, reú-<br />

ne to<strong>do</strong> o clero diocesano em Sfno<strong>do</strong>, para numa campanha rntensiva de forma-<br />

ção, estipular mvas orientações pastorais, comportamentais e de governo s".<br />

Os mo<strong>do</strong>s de trajar foram rigorosamente cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s, mesmo nos conventos femini-<br />

nos, onde a temporalização era prática corrente: a «relaxação que as religiozas tem<br />

nos tragez principamente nos cantos <strong>do</strong>s toalhaes decota<strong>do</strong>s e ren<strong>da</strong>s nelles, man-<br />

gas <strong>da</strong> camiza e algumas com brincos de diamantes e cruzes no pescoço, arca<strong>da</strong>z,<br />

cor no rostro, cabelloz crespoz, pulvilhos, lequez de cures e luvas enfeita<strong>da</strong>sx ".<br />

" B.N.L. - Hirlórin Eccl~aia,vlico e P~olitic L... ti. 44.<br />

"A.D.B. - Didriõ Bmcnirnse ...., A. 90.<br />

"PIMENTEL, António Filipe - Arquilecr~iru e Poder. .., p. 45.<br />

"FERREIRA, 1. Augusto (Mmsenhm) - Fnsrns Espiscupacs .... t. 111, pp. 258-259.<br />

"'B.N.L. - Histdria Ecelesiarficn e Pt>litica .... fl. 34.<br />

"Ver SOARES, Franquelim Neiva - O Sino<strong>do</strong> de '1713 e as sitas Cons1itiliçõe.I Sirio<strong>da</strong>is. in rlX<br />

Centenacio <strong>do</strong> Dedicação <strong>da</strong> Sé de Bngan, Acta <strong>do</strong> Congrngso Intemaçiond, vol. 11/2, Brnga, 1990,<br />

pp. 209-232.<br />

A.D.B. - Livro de Devarsns, n. 18. Convento de N". Sf <strong>da</strong> Concei@o - Bra& fl. 40.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Proíbe-lhes essas práticas afastan<strong>do</strong>-as <strong>do</strong>s hábitos mun<strong>da</strong>nos <strong>do</strong> tempo. Ou ain-<br />

<strong>da</strong>. «Por nos constar que nos conventos de Religiosas de nossa jurisdição (...) se<br />

estudão, ensaiáo e com effeito se represenfão comedias, bailes, e entremezes, o que<br />

he não so contra a modestia <strong>do</strong> sexo e esta<strong>do</strong> religioso» ".<br />

Do proteccionismo que consagrou aos conventos <strong>da</strong> arquidiocese, nomea<strong>da</strong>mente<br />

aos femininos, financian<strong>do</strong> obras de remodelação e activan<strong>do</strong> novas fun<strong>da</strong>ções<br />

monacais, resultou um sem número de cortejos públicos para assinalar as cerimó-<br />

nias de lançamento <strong>da</strong> primeira pedra ou de inauguração. Em Braga, e fora deIa,<br />

estes actos, sempre acompanha<strong>do</strong>s pela nobreza, ao aproximarem visualmente o<br />

arcebispo <strong>do</strong> povo, revigoravam o seu poder apresentan<strong>do</strong>-o como ver<strong>da</strong>deiro pas-<br />

tor <strong>do</strong> rdbanho.<br />

Governou, em suma, como senhor absoluto. Nem mesmo a oposi@o maciça <strong>do</strong><br />

Cabi<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s meirinhos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong>s comarcas, o demoveu <strong>da</strong> decisão <strong>da</strong> cria-<br />

ção <strong>do</strong> registo paroquial organiza<strong>do</strong>, com o envio <strong>do</strong>s Livros Fin<strong>do</strong>s para Braga:<br />

mão obstante o interposto recurso nomeou o Senhor Arcebispo em ca<strong>da</strong> comar-<br />

ca <strong>do</strong> Arcebispa<strong>do</strong> hum escrivão <strong>do</strong>s Livros fin<strong>do</strong>s,, '' A sua força justiceira não<br />

escapavam os seus ministros: em 1713 man<strong>da</strong> prender o cónego António de Maga-<br />

lhães F&, e em 1718 suspende o juiz ouvi<strong>do</strong>r", estas entre muitas outras medi-<br />

<strong>da</strong>s enérgicas.<br />

Para continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sua obra, não se furtou a pedir a Clemente XI que os minis-<br />

tros <strong>da</strong> Relagão, por si nomea<strong>do</strong>s, continuassem a governar depois <strong>da</strong> sua morte,<br />

retiran<strong>do</strong>, como tal, poderes ao Cabi<strong>do</strong>, acresci<strong>do</strong> <strong>da</strong> indesmentível desconfiança<br />

que deposita no governo <strong>da</strong>quela instituição. A petição foi deferi<strong>da</strong> em 10 de Dezem-<br />

bro de 1716, e foi confma<strong>da</strong> «por outro Breve de Bento XUI, expedi<strong>do</strong> a 3 de<br />

Julho de 1727n5', que não seria respeita<strong>do</strong> pelo Cabi<strong>do</strong> De resto, o seu testamento<br />

ilustra a noção de poder absoluto, de raiz teocêntrica pela qual se rege, colocan-<br />

<strong>do</strong> acima de qualquer intervenção <strong>do</strong>s homens, O mun<strong>do</strong> divino. Até a sua nomea-<br />

ção para ocupar a cadeira primacial não dependeu de vontades terrenas, mas<br />

directamente <strong>do</strong>s desígnios de Deos. a. eu Rodrigo de Moura Telles por merce<br />

de Dws e <strong>da</strong> Santa Sé digo (sic) por merce de Deos Arcebispo de Braga Primas<br />

<strong>da</strong>s Hespanhas Senhor <strong>da</strong> mesma ci<strong>da</strong>de= ".<br />

E as artes nesta prelatura?<br />

Na pintura, na talha e no azulejo polarizou a sua intervenção, pela reconheci<strong>da</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de narrativa que assumem, num dinlogo pe<strong>da</strong>gógico e moralizante. Nas<br />

"A.D.B. - Li1.r.o de Dewrw, n. 19. Cpnvento de N" Sf <strong>do</strong>s Reinédios - Brasa, fl. 101.<br />

"B.N.L. - Hisini-ir) EcclesPn.~iico e Pniifiin .., fls. 36 "-37.<br />

" A.D.B. - Diúrio Biucuren~e ...., 8. 89.<br />

%FERREIRA, I. Augu.10 (Monnenhar) - Fnsro~ E,v>irrr>pnes ..., t. 111, p. 271.<br />

"A.D.B. - CoLec$


Flg 4 - Alegona aos Qnco Senti<strong>do</strong>s na<br />

Escn<strong>da</strong>ni Nobre <strong>do</strong> Palscm Arcebispal<br />

OIfnct0<br />

Fq 5 - Alegonn aos Cinco Senu<strong>da</strong>s na Esca<strong>da</strong>no Nobre <strong>da</strong> Palácio Arcebtspul Gasto


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

obras que financia ou promave, e foram muitas, esta trilogia impõe-se, obstina<strong>da</strong>-<br />

mente, nos interiores. O Terço de Barcelos, Penha de França, S. Sebastião, S. Ge-<br />

ral<strong>do</strong>, Sé, são alguns exemplos que podem ser aponta<strong>do</strong>s.<br />

O acâutelamento que demonstra relativamente aos azulejos e à talha, são prova cabal<br />

<strong>da</strong> força catequizante que Ihes reconhece: aconstou-nos ocularmente que pella fie-<br />

quencia <strong>da</strong>s armações que se fazem na igreja tem grande <strong>da</strong>nifica<strong>do</strong> o azolejo della<br />

pello que ordenamos que se não consinta que se preguem pregos no ditto azolejo<br />

nas armações, e a rellegioza que a man<strong>da</strong>r fazer a sua custa pagar o <strong>da</strong>nno que<br />

o azolejo receber e o arma<strong>do</strong>r que fizer a armação sera prezo, "; OU ain<strong>da</strong>: «as<br />

armações que se fazem na igreja deste nosso convento sam cauza <strong>da</strong> <strong>da</strong>nificação<br />

que recebe o azolejo e não he menor o que se faz a tribuna meten<strong>do</strong>-lhe pregos<br />

<strong>do</strong> que recebe <strong>da</strong>nno mui concideraveluS8.<br />

Da constataçáo <strong>da</strong> articulação destas artes preferenciais de interior, escrevemos<br />

acerca <strong>da</strong> remodelação que levou a bom termo na catedral: *


CAPITULO I - BRAGA, CORTE RELIGIOSA<br />

FL~ 6 - Alegono <strong>do</strong>s C~nco Senti<strong>do</strong>s na õrrd<strong>da</strong>na Nobre <strong>do</strong> Palácio Arcebispal Visão<br />

45


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

para acesso a Sala Grande, onde o mesmo teve início, além de comemorarem o<br />

evento, assumem uma carga moralizante, revela<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> seu mecenas.<br />

No patamar, depois <strong>do</strong> pnmeiro lanço de esca<strong>da</strong>s, a parede é preenchi<strong>da</strong> com um<br />

grande painel dividi<strong>do</strong> em quatro cenas, cujos temas szo os seguintes (<strong>da</strong> esquer<strong>da</strong><br />

para a direita): Meninos a brincar, onde a gesticulação apela ao barulho, ao som;<br />

grupo de convivas a volta de uma mesa a comer; sapateiro no desempenho <strong>do</strong> seu<br />

ofício; e figura masculina com os de<strong>do</strong>s a tapar o nariz. A alegorização aos senti<strong>do</strong>s<br />

é evidente. A audição, o gosto, o tacto e o olfacto, são quatro <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s que<br />

o$ azulejos clarificam. Por cima <strong>do</strong> painel, um quembim com um facho na mão<br />

para iluminar a esca<strong>da</strong>ria, e com uma inscrição, completa o conjunto <strong>do</strong>s Cinco<br />

Senti<strong>do</strong>s:<br />

QVIS QVlS ES MARVSi SPARGO TIBI LVMINA:/ CAECVUM/ TAM<br />

CLARA, VT VIDEAS/ DVCERE POSSE/ VIA/ 1709.<br />

«Qualquer que tu sejas, homem, espalho para ti as luzes <strong>do</strong>s cegos, tão<br />

claras que ru vqas por que via te possas conduzrru ",<br />

As paredes laterais <strong>da</strong>s esca<strong>da</strong>s servem <strong>do</strong>is desígnios apelativos: a um la<strong>do</strong>, a<br />

socie<strong>da</strong>de laica, representa<strong>da</strong> com alguns <strong>do</strong>s seus males, nomea<strong>da</strong>mente a avareza<br />

e a luxúria, numa alusão aos peca<strong>do</strong>s capitais, origem de to<strong>do</strong>s os infodnios so-<br />

ciais; <strong>do</strong> la<strong>do</strong> oposto, contrapõe Moura Teles, o clero em marcha para o Síno<strong>do</strong>,<br />

numa sequência narrativa, desde a recepçáo <strong>da</strong> missiva <strong>do</strong> arcebispo, até aos poi-<br />

teiros que antecedem uma porta aberta, convi<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-os e entrar.<br />

No correspondente oposto, ou se quisermos, no negativo, a porta fecha<strong>da</strong> a uma<br />

multidão de estratos, profissões e raças diversifica<strong>da</strong>s.<br />

Anteceden<strong>do</strong> a porta principal <strong>da</strong> sala smo<strong>da</strong>l, <strong>do</strong>is painéis dinamizam e empolam<br />

a leitura global: o Bem e o Mal, a justiça <strong>do</strong>s homens e a justiça Divina; um reba-<br />

nho, em marcha ordena<strong>da</strong> pelo pastor, e em primeiro plano um toca<strong>do</strong>r de citara,<br />

parece aludir à marcha <strong>do</strong> clero na direcção <strong>do</strong> seu Pastor A alegoria <strong>do</strong> Reba-<br />

nho, tão assinala<strong>da</strong> nas parábolas Cristológicas, propõe aqui neste contexto, o ca-<br />

minho que os fiéis devem tomar para a Corte Celeste e a responsabilização <strong>do</strong> cle-<br />

ro na sua condução. É, pois, um livro aberto de ensinarnentos, desde a alegoria<br />

<strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, tão cara ao mun<strong>do</strong> barroco 6'. ao$ peca<strong>do</strong>s capitais, num confronto<br />

entre bem e mal.<br />

O mesmo espírito sobressai na transformação que ensaiou na igreja primacial, co-<br />

mo tivemos oportuni<strong>da</strong>de dc apurar M, e encontra eco no Santuário <strong>do</strong> Bom Je-<br />

G? Agradecemoi uma vez mais a tradução ao Padre Manuel de Sousa Miguel<br />

" SEEASTIÁN, Snnnago - C


E@ 7 - Esca<strong>da</strong>na Nobx <strong>do</strong> Pnlúc~o Arcebispal. O clero reccbe a misava de D Rodrigo MQurb<br />

Tdles como convik à p"?oipaç@o no %no&<br />

Fq R - Esca<strong>da</strong>na Nobre Coqo <strong>da</strong> clero para o Sino<strong>do</strong> e sua recepsão na Corte <strong>do</strong> Arcebispo


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUlT6CTO (1693 1751)<br />

sus. Aqui, a Ci<strong>da</strong>de Santa, a Jemsdém Celeste, oferece-se aos Homens como hori-<br />

zonte derradeiro <strong>da</strong> sua marcha para o Divino, onde, uma vez mais, a alegoria <strong>do</strong>s<br />

Cinco Senti<strong>do</strong>s é referência obrigatória, numa perspectiva cristocEntrica de vivên-<br />

cia <strong>do</strong> Drama <strong>da</strong> Paixão como sofrimento máximo <strong>do</strong> género humano, exigin<strong>do</strong>-<br />

-se, como tal, uma abnegação completa <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s.<br />

Mas os letreiras não deixam dúvi<strong>da</strong>s nos peregrinos, <strong>do</strong>s desígnios <strong>do</strong> seu mentor:<br />

vJERUSALEM SACTA RESTAURADA E REEDIFICADA NO ANNO DE<br />

1723 /PELLO ILLUSTRISSIMO SENHOR DOM RODRIGO DE MOU-<br />

RA TELLES ARCEBISPO PRIMAZ> 65.<br />

É esta uma <strong>da</strong>s sua Últimas intervenções, que se oferece como cenário <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

terrena. Elcvar Braga a palco de espectáculo religioso, tal como a Roma <strong>do</strong>s Papas<br />

o fora nos séculos XVI e XW, parece ter si<strong>do</strong> objectivo de D. Rodrigo de Moura<br />

Teles. Não é alheia a este associativismo a referência a Roma num painel de azule-<br />

jos <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> restaura<strong>do</strong>r <strong>da</strong> cadeira Primaz <strong>da</strong>s Hesponhas: ao centro S. Geral-<br />

<strong>do</strong> em frente ao Papa; em horizont* de um la<strong>do</strong>, Roma, <strong>do</strong> ouiro, Braga.<br />

Martírio, relíquias, peregrinação: uma ci<strong>da</strong>de que se oferece como paragem obrigató-<br />

ria, na marcha para o Sagra<strong>do</strong>: *Entre os Santos <strong>do</strong> Ceo, que sam para a Igreja<br />

Bracarense hum objecto de culto se revereceam nos Santuarios desta Ci<strong>da</strong>de as Sa-<br />

gra<strong>da</strong>s Reliquias <strong>do</strong>s santos Apostolos, que estabeleceram a fê com a sua prega-<br />

çam, <strong>do</strong>s Santos Martires, que a selaram com o se0 sangue e <strong>do</strong>s Pontifices, e Con-<br />

fessores que a illustraram com o resplen<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s suas virtudes; <strong>da</strong>s Santas Virgens,<br />

que a honraram com a sua Angelica puresa, e finalmente <strong>da</strong>s Santas mulheres viu-<br />

vas, e caza<strong>da</strong>s, que a glorificaram com a sua eminente pie<strong>da</strong>de» 66.<br />

Do significa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s conventos como fortalezas contra as forças <strong>do</strong> mal, reza o pa-<br />

negerista de D. Rodrigo de Moura Teles: «Depois de fortificar a sua Deocesi con-<br />

tra o formi<strong>da</strong>vel poder de Lucifer com estes sagra<strong>do</strong>s e inexpugnaveis baluartes<br />

passou o arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles a segurar a ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s assaltos e<br />

baterias <strong>do</strong> inferno, erigin<strong>do</strong> reductos, revelins, ci<strong>da</strong>dellas e outras obras extenares,<br />

com as quaes e com os fortissimos muros que j6 a defendião reduzi0 Braga aos<br />

termos de mconquistavel» 67.<br />

Homem de grande craveira intelectual, como demonstram oç 1663 volumes que<br />

compunham a sua biblioteca, potencia a sua leitura no Direito, na História e na<br />

Religião. Da História, uma selecção de biografias de reis de Portugal, cujos fei-<br />

"MASSARA, Móntca F. - Sannrárro <strong>do</strong> Bom Jesus <strong>do</strong> Mmite FenOmeno Tar<strong>do</strong>-Bcirroro eni Pomi-<br />

#a/. Brag& Canfnna <strong>do</strong> Bom Jesus <strong>do</strong> Monte, 1988, p 66<br />

"A D B - DiRrro BraLarenre. .. fl 612v<br />

s7B P M P - Cónegris e Areebrrpo.? de Braga. R=. ms 1419. a/p


CAPfTULO I - BRAGA. CORTE RELIGlOSX<br />

tos exaltaram a glóna nacional: D. João I, D. Manuel e D. João 11, entre outros,<br />

e <strong>do</strong> Império Português. Na Religião não lhe faltaram os grandes místicos <strong>do</strong><br />

pensamento barroco - S. Francisco Xavier, S. Francisco de Boqa, Santa Teresa<br />

- as artes de Bem Morrer, Espirituais, Moralísticos, e textos de Padre António<br />

Vieira. Aristóteles, Séneca e S. Tomás de Aquino, estavam também presentes na<br />

sua escolha. a que não faltou Luís de Camóes, com os Lusía<strong>da</strong>s, em duas versões,<br />

portuguesa e italiana". A selecção testemunha-o como produto <strong>da</strong>s ideologias <strong>da</strong><br />

Restauração e <strong>da</strong> Igreja Tndentina.<br />

As artes aju<strong>da</strong>ram-no a construir a Corte de Braga, à sua imagem, e dentro <strong>do</strong>s<br />

princípios <strong>da</strong> Corte Divina. Inúmeros foram os seus obreiros, que em momentos<br />

e locais diferentes <strong>da</strong> sua jurisdição, materializaram essa vontade. Artistas de<br />

Fc.q 9 - Capela de S Geral<strong>do</strong> Apresentovão <strong>do</strong> Arcebispo ao Papa Pascoal I1 Associação RomaiBcaga<br />

naDa uisualiqão <strong>do</strong>s 1663 volumes que compunham a biblioteca retem-se a imagem de um homem<br />

de espínto aberto. ten<strong>do</strong> como coordena<strong>da</strong>s a sua inserváo no espaqo - o mun<strong>do</strong> portugues -e num<br />

tempo, <strong>do</strong> qual se acmaiiza com os acontecimentos que afectaram outras Naqóes, cujo papel foi detemi-<br />

naute na Europa <strong>do</strong> s6culos XVI e XVII Tratadisca de Arte era inexistenb<br />

Agradecemos a gententileza <strong>da</strong> consulta <strong>do</strong> manuscrita a D Gon~alalo de Vasconçelos e Soilsa O ml. en-<br />

caderna<strong>do</strong>, C composto por 34 fls, <strong>da</strong>s quais 3 são brancas, e tem na folha de rosto a tini10 Indu<br />

du Livrarra <strong>do</strong> lltustrrssrmo Senhor D. Rodrtgo de M,m,uro Tclles Comlhcvo de Sua Magcsrade seu<br />

Sumiler de Corrim e BiSpo du Gunrdu


,xprusuorr nopuuw anb<br />

sqo&a ap sopzua $4 oprmpp '~~paci tua wpw~nw~ 'sap~ uxnofl ap o@po# '(7 ap rwv


Frp 13 - Retibulo-mor na Re~alhimente de Santa Mana Ma<strong>da</strong>lenn<br />

Armas de D. Rodrigo de Mourn Teles. lavra<strong>da</strong>s eni madeira eni obras que promove<br />

flg 13 - Grades <strong>do</strong> Cora alto <strong>da</strong> Con~nfo dc Nossa Senhoni de Pe


MANUEL FERNANDES DA SILVA: MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

formações dispares foram tutela<strong>do</strong>s por um espírito forte, de gosto defini<strong>do</strong>, sen-<br />

<strong>do</strong> um ver<strong>da</strong>deiro mecenas <strong>do</strong> barroco português. Barroco alicerça<strong>do</strong> numa econvic-<br />

cion de fe que ve en el esplen<strong>do</strong>r de Ia armonía de1 mun<strong>do</strong> e1 esplen<strong>do</strong>r de1 amor<br />

de Dios que se revelm 69 fomentan<strong>do</strong>-se, como tal, o desenvolvimento de uma lin-<br />

guagem triunfal, mun<strong>da</strong>na e supramun<strong>da</strong>na, «que se concibe y presenta como<br />

representación cognoscitiva de Diosn 'O. Estes princípios desenvolvi<strong>do</strong>s no idealis-<br />

mo de Leibniz parecem a<strong>da</strong>ptar-se h postura intervencionista de Moura Teles, as-<br />

sumin<strong>do</strong> as artes, principalmente as de car6cter narrativo/descritivo, a expressão<br />

inteligível <strong>da</strong> manifestaçgo <strong>do</strong> Divino.<br />

No campo arquitectónico emerge Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, mestre de obras e<br />

arquitecto, com intervenções multiplica<strong>da</strong>s na Arquidiocese, e particularmente na<br />

ci<strong>da</strong>de de Braga. Ao serviço de D. Rodrigo de Moura Teles e <strong>da</strong>s principais for-<br />

ças <strong>da</strong> sua Corte, colocou Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva o seu labor artístico. $ pois,<br />

para jA, o alcance <strong>da</strong> sua activi<strong>da</strong>de que nos propomos analisar.<br />

"'BALTHASAR. Hans Urs van - Glorra una esritrca Tealdgrca, I. 5 - Metafsicn E<strong>do</strong>d Moderno, Ma-<br />

dnd, Encuentro Ediciones, 1988, p. 441<br />

'O <strong>Idem</strong> - rbidem, pp 441-442


11. Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

1. A Família<br />

O Homem<br />

Filho primogénito de Pascoal Fernandes e de Catarina Fernandes, nasceu Manuel,<br />

em Abril de 1671, na freguesia de Santo Iidefonso, <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, que <strong>do</strong>s progenitores<br />

além <strong>do</strong> sobrenome, her<strong>da</strong>ria <strong>do</strong> pai a profissão de mestre de pedraria. Numa vi<strong>da</strong><br />

longa de oitenta anos e quatro meses, teve, Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, como referên-<br />

cia máxima de ocupação profissional a prática <strong>da</strong> arquitectura, subin<strong>do</strong> a um escol<br />

filtra<strong>do</strong>, onde assumiu entre os demais papeis que o mester exigia, o mais eleva<strong>do</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> risca<strong>do</strong>r de obras e como tal arquitecto. Do <strong>Porto</strong> para Braga e <strong>da</strong>qui para<br />

a Póvoa de Varzim, eis os ceniros urbanos em cujo meio social privou pela pennanên-<br />

cia residencial, em ceniuios complexos de relações humanas, de cuja imagem fi-<br />

cou o vislumbre de escassos factos dispersos, num to<strong>do</strong>, que seria na mensagem<br />

<strong>do</strong> seu actor, coerente.<br />

As suas raízes paternas encontram-se na freguesia de Lobão, concelho <strong>da</strong> Feira.<br />

Aí nasceu Pascoal Femandes a 15 de Abril de 1648, <strong>do</strong> casamento de António<br />

Francisco, de profissão desconheci<strong>da</strong>, e de Maria Femandes ll. A procura de su-<br />

71 ~ ~ I R A - A lonquirn L ~ , Jaime 8. - Pasconl Fer~ndes P 396<br />

53


MANUEL FERNANOES DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

cesso profissional parece ser a hipótese mais credfvel para explicar a deslocação<br />

de Paseoal Fernandes para a ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>. e depois <strong>da</strong>qui para Braga. onde se<br />

viviam climas favoráveis à pratica <strong>da</strong> arquitectura, como em to<strong>do</strong> o país, em ge-<br />

ral, se fez sentir a partir <strong>do</strong> último quartel de seiscentos ". No Parto casaria Com<br />

Catarina Fernandes a 13 de Abril de 1670" na igreja de Santo ndefonso, fregue-<br />

sia <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de também escolhi<strong>da</strong> para fixar resid&ncia, primeiro na Póvoa de Bai-<br />

xo" e depois no Poço <strong>da</strong>s Patas ". Desta união matrimonial nasceram nove ftlhes:<br />

Manuel, Maria 7b, António ", Luísa ", Joana 79, João Simoa Teresa ", Ana X2 e<br />

José R'.<br />

Com activi<strong>da</strong>de desenvolvi<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de e fora dela, vai ser to<strong>da</strong>via no <strong>Porto</strong> que<br />

contactará o expoente máximo <strong>da</strong> arte <strong>do</strong> risco, o Padre Pantaleão <strong>da</strong> Rocha Maga-<br />

lhães, activo em finais <strong>do</strong> século XVII", trabalhan<strong>do</strong> sobre um seu projecto.<br />

" <strong>Idem</strong> - lóide,!~. p 397.<br />

'"deto - rb~denr. p 396, nata 5<br />

" No regtsto de baptismo de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva. os pats s&e mora<strong>do</strong>res <strong>da</strong> i. A D.P - Sec~río de Regrsfo<br />

C~vil. <strong>Porto</strong>, Fregoesia de Santo Ildetonw, P.12, Llvro 2. 8. 8Sv<br />

"I "Em o mesmo dia 122 de Setembro de 16801 e hem asairna baptiza a Jaanni filhade Pascd Fernandez<br />

e de sua molher Cathmn Ferandez <strong>do</strong> Posso <strong>da</strong> Pami Forão padnnhaç Andre Manso de Leça<br />

<strong>do</strong> Balio e madrinha Ma<strong>da</strong>lerm filha de hpur Ribeiro desta ma. u A D P - Serq30 d# Regr.rni C~vil,<br />

<strong>Porto</strong>. Freguesa de Santo Ildefonso. P 12. Lsum 2, ti 105v.<br />

" "Em 21 de Janeiro de 1685 anos bapuzei Jaâo filha de %mal Pemandez e de sua moffier Cataiina<br />

Femandez <strong>do</strong> Poso <strong>da</strong>s Paras Foi psdnnho JoB <strong>da</strong> Cosa Ribem <strong>da</strong> Rua <strong>da</strong>s Flores fregueua<br />

<strong>da</strong> See v A D P - Secpio de Rejitr;W ClvrI, Parto. Freguesa de Santo Ildefons~. P 12. Livro 3,<br />

fl 14.<br />

*' Refen<strong>da</strong> no aqwnto de Ób~to de Paseoal Fenwndes A.D B - Sec@o de Registo C~vrl. Bmga. Fregirena<br />

de S Viior, Óbitos, n 3, fls 107-107" FERREIRA ALVBS, Joaquim Jaime B - Plinl Fernni6de?<br />

. p 298, nota 14.<br />

" <strong>Idem</strong> ihrdem.<br />

%' Em 1705 Paxoal liemandei e Camna Fernandes fazem <strong>do</strong>te patrimonid a seu filho José Femandes.<br />

<strong>da</strong>s ç w <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong> Poço <strong>da</strong>s Patas, no <strong>Porto</strong>, a fim de receber ordens saem A D B - N ~JI~ Geral<br />

1" ~éne. n 509. As. 49v-50v<br />

FSRREIRA-ALES. Jowuim Jaime B. - Panoal Fermder.. p 400.


Do <strong>Porto</strong> vem para a ci<strong>da</strong>de de Braga fazen<strong>do</strong> a sua aparição a arrematar as obras<br />

de pedrana na igreja de S. Vítor, no início de 1691 onde acaba por frxar residência.<br />

Em 1692 já vivia com sua mulher* no Campo de Nossa Senhora a Branca,<br />

na categona de ~asistente nesta ci<strong>da</strong>de».87. Nesta ci<strong>da</strong>de viveu até à morte, que teve<br />

lugar em 6 de Agosto de 17228R, deixan<strong>do</strong> atriis de si um rasto indelével <strong>da</strong> sua<br />

passagem, pela profun<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de arquitectónica que desenvolveu nos trinta e um<br />

anos que esteve ao serviço <strong>da</strong>s encomen<strong>da</strong>s bracarenses.<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, como filho mais velho, e dentro de uma socie<strong>da</strong>de estruturalmente<br />

patriarcal, recebeu <strong>do</strong> pai o testemunho <strong>do</strong> ofício pela práhca construtiva,<br />

e a implanta@o no seio de uma clientela <strong>da</strong> mais alta hierarquia religiasa,<br />

abrin<strong>do</strong>-lhe as portas para que a sua aceitação fosse facilita<strong>da</strong>.<br />

Nasceu no Porta precisamente um ano depois <strong>do</strong> casamento <strong>do</strong>s pais. Foi baptiza<strong>do</strong><br />

na igreja paroquial de Santo UdeFonso, ten<strong>do</strong> como padr'inhos Domingos<br />

Gonçaives e Maria <strong>do</strong> Anjo: .«Aos 15 de Abril de 671 baptizou com minha lisensa<br />

o padre Francisco Rebelo <strong>da</strong> Fonsequa Manoel Filho de Pascoal Fernandes e de<br />

sua molhe1 Catarina Fernandes <strong>da</strong> Povoa de Baixo...»<br />

Presente em Braga a partir de 1693, <strong>da</strong>ta em que se conhece a sua primeira activi<strong>da</strong>de.<br />

contan<strong>do</strong> então vinte e <strong>do</strong>is anos e viven<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> solteiro, provavelmente<br />

em casa <strong>do</strong>s pais, esta<strong>do</strong> que manteve por mais quaíro anos. Casou na igreja<br />

de S. Vítor com Maria Josefa Mendes, orfa de pai: *Aos desaseis de Junho de seiscentos<br />

e noventa e sete se receberrio em minha prezença na forma <strong>do</strong> Sagra<strong>do</strong> Concilio<br />

Tridentino Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva filho de Paschoal Femadez e de sua<br />

molher Catarina Fernandez, mora<strong>do</strong>res na Regoa destrito desta freguesia com<br />

Maria Josepha Mendes filha de João Mendes ja defunto e sua mulher Angela <strong>da</strong><br />

Silva mora<strong>do</strong>res na rua de S. Marcos freguesia de S. João <strong>do</strong> Souto.. x '".<br />

Receberam de <strong>do</strong>te, por vra masculina, a quantia de trezentos e cinquenta mil réis,<br />

pois quan<strong>do</strong> casarão hum com o outro lhe prometeram em <strong>do</strong>te de casamento seus<br />

paes e sogros Pascoal Fernandes e Catanna Fernandes* encontran<strong>do</strong>-se satisfeitos<br />

em 1705, pela quitação que dele dão Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva e Maria Josefa<br />

Mendes.<br />

* ROCHA. Manuel Joaquim Morein <strong>da</strong> - Arqurfecmm Civrl e Rrli~rt~su de Bruga >ro.r Sécul«r XVII<br />

E XVIII. Or Honieriv e os Obrci~, Col «Centro de Estu<strong>do</strong>s D. Domrngaq 6oe Pinho Bran&,>, n 2. Bra<br />

ga. Centro de Estu<strong>do</strong>s D Daminga3 de Ptnho Bnndão, 1994, p 69<br />

" FERRELRA-ALVES, Joquim Jaime B - Pn.ruml Feniandes . p. 398.<br />

a' ROCHA. Manuel loaquiin Moreira <strong>da</strong> - Aryliilecturn Civil e Relrgios~i.. p 69<br />

FERRELRA-ALVES. Joaquim Jaime B - Pas~or~l Feinundes.. p. 398. nota 14<br />

8' A D P - SBC@'O de Regrsro C~vil. <strong>Porto</strong>, Fre@e.;ia de Santo Ildefonso, Minto, n 2. fl 48 FER-<br />

REIRA-ALVES. Joaquim Jarme B - Porcool Fernnndes . p 397, nota 8<br />

" A D B - Secgcio de RegLw Civil, Braga. heguesin de S Vitar, Casamentos, n. I, fl 11 1.<br />

"' A D B - Noln Oernl, I' she, n 510, flr. 7-7v.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

Deste casamento nasceram pelo menos sete filhos: Josén', VicenteY3, Inácio *, Rosa<br />

Maria Geral<strong>do</strong>, Paulo e Manuel ". Alguns <strong>do</strong>s padrinhos de baptismo que<br />

escolheram para os filhos ocupavam altos cargos civis e eclesiásticos na ci<strong>da</strong>de de<br />

Braga, como o de iDezembarga<strong>do</strong>r desta corteu ou o de aThezoureiro <strong>da</strong> Mitran,<br />

sen<strong>do</strong> como tal revela<strong>do</strong>res <strong>da</strong> esfera social frequenta<strong>da</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

Silva.<br />

Depois de casa<strong>do</strong> vai residir para a Rua de S. Marcos, possiueImente para casa<br />

de sua sogra, mas em 1707 já se apresentamora<strong>do</strong>r nas ~Quingostas de Santa Anm,<br />

para nas imediações de 1715 se fixar na


CAPITULO 11 MANUEL FERNANDES DA SILVA O HOMSM<br />

E para constar fi este assento que assignei. Era ut supra. O Padre<br />

Bernar<strong>do</strong> <strong>da</strong> Silvas ".<br />

Homem com uma instrução cui<strong>da</strong><strong>da</strong>, como revela a sua assinatura, cria com o pai<br />

uma relação familiar e profissional estreita e intensa, demonstra<strong>da</strong> em vários<br />

momentos, quer pelas procurações que Pascoal Femandes relega no filho, como<br />

pela proximi<strong>da</strong>de com que desenvolvem as suas activi<strong>da</strong>des. Ain<strong>da</strong> em 1692 estan<strong>do</strong><br />

Pascoal Fernandes recém-instala<strong>do</strong> em Braga vai nomear na ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong><br />

seus procura<strong>do</strong>res a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> advoga<strong>do</strong> Domingos<br />

Ferreira, para que ambos possam tratar <strong>do</strong>s assuntos financerros <strong>do</strong> seu interesse,<br />

cobran<strong>do</strong> de «to<strong>da</strong>s e qoaisquer pesoas que seus bens lhe tiverem e divi<strong>da</strong>s<br />

lhe devam em qoalquer parte deste Reino» ", situação que seria renova<strong>da</strong> noutras<br />

ocasiües, sen<strong>do</strong> nomea<strong>do</strong> representante <strong>do</strong> pai e <strong>da</strong> mãe em to<strong>da</strong>s as causas<br />

<strong>do</strong> cível 99 Profissionalmente são muitos os momentos em que aparecem la<strong>do</strong> a<br />

la<strong>do</strong>, com0 teremos ocasião de verificar.<br />

Pela procuração de 1692 sabemos Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva ain<strong>da</strong> no <strong>Porto</strong>,<br />

e só no ano seguinte, em Setembro, faz a sua primeira arremata~ão individual<br />

na ci<strong>da</strong>de de Braga, não sem a autonzação <strong>do</strong> pai IW. Em face destes elementos<br />

somos em crer que Manuel Fernandes se deslocou para Braga durante a PrimaveraNerão<br />

de 1693. Da sua activi<strong>da</strong>de anterior não conhecemos qualquer<br />

referência.<br />

Das profícuas relações com o clero que sempre alimentaram profissionalmente os<br />

<strong>do</strong>is artistas, nasceu uma predisposição para que alguns <strong>do</strong>s seus filhos pertencessem<br />

às hostes religiosas. O José, irmão de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, recebeu ordens<br />

sacras na ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, onde desenvolveu os seus estu<strong>do</strong>s, não acompanhan<strong>do</strong>,<br />

portanto, a demais famíiia quan<strong>do</strong> se desloca para Braga. Em 1705 recebe<br />

um <strong>do</strong>te patnmonial <strong>do</strong>s pais, de casas que possuíam em Santo Ildefonso, habitação<br />

que ocuparam quan<strong>do</strong> viviam no <strong>Porto</strong>, a fim de cumprir aquele intento,<br />

e apor dezejarem de ver ordena<strong>do</strong> de ordens sacras ao dito Jozeph Fernandes seu<br />

filho» 'O'. Dois filhos de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva foram padres: em 1749 Pau-<br />

* A D P - Secçüo de Refiirto C~vzl, Póvoa de Varam, Nossa Senhora <strong>da</strong> ConceiçZo. Óbitor, Livro n<br />

2 (1746.1777). fls 24v-25.<br />

"d A D B - NUIR Geral. I' séne, n 463, fls 83-83<br />

" A D B - Nora Geral. 1' séne. n. 520, fir 33-33v<br />

'" Oha <strong>da</strong> igreja de Santa CNZ ADB. ; Nora Gcrnl I' séne. n 463. Ils 86.87~<br />

'"I O <strong>do</strong>cumento esclarece ain<strong>da</strong> 4f01 dlto que entre os mas bens de rais que tinhZo e pesohi#o [ ]<br />

bem si heao tres mora<strong>da</strong>r de caur duas tme~mr e humas sobra<strong>da</strong>s junto e as ditar outras com Seu<br />

quintal mura<strong>do</strong> de parede sita na ma <strong>do</strong> Poso <strong>da</strong>s P~tar freipesa de Santo lldefonço <strong>da</strong> e~<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

Pono que sóo de prazo feno em perpetuo <strong>da</strong> &ma <strong>da</strong> dita ci<strong>da</strong>de a quem se pnga de foro ca<strong>da</strong> hom<br />

anno cem -n A D B - Noto Geral. t' séne. n 5W, fls 49"-50v.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

lo Fernandes <strong>da</strong> Silva era Encomen<strong>da</strong><strong>do</strong> em S. João de Vieira 'nz; e Manuel Fei-<br />

nandes <strong>da</strong> Silva, homónimo <strong>do</strong> pai, e a viver na sua companhia na Póvoa de Var-<br />

zim I". Outro <strong>do</strong>s irmãos, Geral<strong>do</strong> Fernandes <strong>da</strong> Silva, ocupou lugar de des-<br />

taque no mun<strong>do</strong> <strong>da</strong>s leis, sen<strong>do</strong> «Advoga<strong>do</strong> nos Auditónos <strong>da</strong> dita ci<strong>da</strong>de de<br />

Bragan lua.<br />

No seio <strong>da</strong> famüia alarga<strong>da</strong> forma<strong>da</strong> pelos <strong>do</strong>is mestres, houve ain<strong>da</strong> outra figu-<br />

ra que envere<strong>do</strong>u pela carreira eclesiástica, e que aparece refe<strong>do</strong> como testamen-<br />

teiro de Pascoal Fernandes e seu neto. adetxaram por testamenteiros ao Padre<br />

Francisco Ferreira seu neto, mora<strong>do</strong>r na Rua <strong>do</strong> Souto» 'O'.<br />

Fruto <strong>da</strong> conjuntura em que a nobilitação se opera, náo raras vezes, pelo recur-<br />

so aos cargos eclesiásticos, nota-se uma subi<strong>da</strong> qualificação socio-profissional no<br />

seio <strong>da</strong> familia nuclear de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva: de um progenitor que não<br />

sabia escrever, tem seguramente h.ês filhos com alfabetização superior, um <strong>do</strong>s quais<br />

a ocupar cargo público de prestígio.<br />

2. A Formação: de aprendiz a arquitecto de pedraria<br />

Rafael Bluteau definia, em 1712, no seu Voçabularco Portuguez e Latino, as atri-<br />

buições que se esperavam de um arquitecto. ~Architecto não só he o que faz as<br />

plantas e desenhos de edíficios, mas também o mestre de obras, e o que sabe, e<br />

poem em execução a arte de edificaia 'O6. Duas vertentes são consigna<strong>da</strong>s nesta<br />

definição que, acreditámos, espelhava a funçáo <strong>do</strong> arquitecto no meio portu-<br />

gues no início <strong>do</strong> sêculo XWI. Era alguém de quem se esperava um conheci-<br />

mento teórico, desenvolven<strong>do</strong> na acção de traçar ou projectar uma facul<strong>da</strong>de<br />

intelectual; e um saber prático, manifesta<strong>do</strong> directamente na construção <strong>da</strong> próprio<br />

edifício aos oficiais que materializavam um projecto, que podia, ou não, ser <strong>da</strong> sua<br />

autoria.<br />

'" Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva «faz e mnstitue por neu certo e bastante procura<strong>do</strong>r n seu filho o Rvb<br />

ren<strong>da</strong> Padre Paulo Fernandes <strong>da</strong> Silvn Emcamen<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong> freigaeaia de São João de Vieira..>. A.D.P.<br />

- Sccç&o Nororia/, PVI'. n. 27, 1' $6"~. fls. 44-44v.<br />

lUVá"os são os <strong>do</strong>cumentos que reflectem esta situapio. Par exemplo, numa pmcuraçáo de pai para<br />

filha, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 17 de Fevereiro de 1745, esclarece-se a sua ocapago pmfissiomi e o lugar onde reside:<br />

saber a seu filho o Padre Manoel Femandes <strong>da</strong> Silva asistente nesta mesma [Vila <strong>da</strong> Póvoalu.<br />

A.D.P. - Secgao No~r;i


CAPITULO I1 - MANUEL FKRNANDES DA SILVA O HOMEM<br />

A formação de um arquitecto, ou mestre de obras, iniciava-se, muitas vezes, tra-<br />

balhan<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> de um artista já consagra<strong>do</strong>, e o percurso profissional ia de apren-<br />

diz a oficial, para posteriormente receber o título de mestre. Por vezes essa<br />

aprendizagem era ministra<strong>da</strong> pelo próprio pai 'O7, poden<strong>do</strong> ser esta a única via para<br />

se atingir o topo <strong>da</strong> hierarquia como mestre de obras de um Cabi<strong>do</strong>, de um Sena-<br />

<strong>do</strong>, ou de uma ci<strong>da</strong>de. Naturalmente não falamos <strong>do</strong>s arquitectos ao serviço <strong>do</strong> po-<br />

der central. Estes podem acusar formações díspares. não sen<strong>do</strong> de estranhar a sua<br />

ligação ã engenharia militar, de que foi importante, na criação de um escol teó-<br />

rico com profun<strong>do</strong>s conhecimentos de geometria e projecç50, a Aula <strong>da</strong> Fortifi-<br />

cação e Arquitectura Militar cria<strong>da</strong> em Lisboa, em 1647, por D. João IV. Muitos<br />

projectos de arquitectura civil e religiosa portuguesa estão, indissociavelmente,<br />

liga<strong>do</strong>s à sua autoria Im.<br />

Longe <strong>do</strong> principal meio emdito - Lisboa - a bagagem intelectual <strong>do</strong> autor de<br />

traças enfeu<strong>da</strong>-se mais à primeira via que apontámos: a transmissão directa de co-<br />

nhecimentos de mestre para aprendiz. Este especialista, o mestre de obras, não de-<br />

sempenha em exclusivi<strong>da</strong>de a funçáo de risia<strong>do</strong>r. É tambim o homem que arre-<br />

mata empreita<strong>da</strong>s, obrigan<strong>do</strong>-se a seguir um projecto pré-estabeleci<strong>do</strong>, distante <strong>da</strong><br />

sua autoria. É ele quem dirige o estaleiro e paga ao número variável de oficiais<br />

que trabalham sob a sua orientação ln9.<br />

É perfeitamente aceitável que Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva tenha aprendi<strong>do</strong> o ofício<br />

com seu pai, Pascoal Fernandes, mestre pedreiro de profissão. A <strong>do</strong>cumentação que<br />

utilizámos só uma vez esclarece, objectivamente, essa relação. Para que Manuel<br />

Fwnandes <strong>da</strong> Silva pudesse arrematar, em 1693, ano a partir <strong>do</strong> qual desenvolve<br />

activi<strong>da</strong>de em Braga, uma obra na igreja de Santa Cmz, precisou <strong>do</strong> consentimento<br />

expresso de Pascoal Fernandes: «per elle foi dito que consentia que elle dito mes-<br />

tre seu filho tomasse a obra» 'lD. A arquitectura, como arte liberal, regia-se por uma<br />

orgânica de sabor medievalizante com passagem directa &e ensinamentos. Biblio-<br />

graficamente não encontramos qualquer referência à organização <strong>da</strong> funçáo de<br />

pedreiro 'I'.<br />

"" CAMARA MUNOZ, Alicia - Arqiritecniru y Snciednd #n e1 Siglo dr Om. Iden, Trm ,Y Edjficio,<br />

Mndrid. Ediciones E1 Arquero, 1990, p. 55.<br />

Iw SOROMENHO, Miguel - Mamei Pintn de Vilalobos Dn Engenluirio Miiilur à Arquirecturn, vol.<br />

I, Lisboa. 199l.(Tese de Mestra<strong>do</strong> Policopia<strong>da</strong>)<br />

'"' CAMARA MUNOZ, Alicia - ".c., p. 67.<br />

"O A.D.B. - Nota Geral, I' série. n. 463, fls. 8667%<br />

"8 Duas obrm b*ieas sobm rncsterm na<strong>da</strong> ilus'aam sobre o ofício em causa. Ver CRUZ, António -<br />

Os Mertcias <strong>do</strong> Poim. Subrídios pcii'u ri Hi.~iúria <strong>do</strong>.? Anri~as Corpnrqijes <strong>do</strong>s Oficirac MecOnicr>.r. "01.<br />

I. Poito, Ed. Sub-secretaria<strong>do</strong> <strong>da</strong>s Corporações e Previdéncia Social, 1943; LANGHANk Franz-Paul<br />

-As G~~~oinçòes <strong>do</strong>s Ofeio.s MecBnicns. Si,&ridiu~ pura n ,ma Hi.vfórin, Vol. 1. Lisboa, Imprensa Nacional,<br />

1943.


MANUEL FERNANDES DA SILVA: MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Pascoal Fernandes desenvolve activi<strong>da</strong>de na segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> século XVII e<br />

pnmeiro quartel <strong>do</strong> seguinte. A linguagem arquitectónica que conhec~a pauta-se,<br />

inicialmente, no maneirismo, e só mais tardiamente, depois de ultrapassa<strong>do</strong> o<br />

perío<strong>do</strong> de formação de seu filho, p6de contactar com novos ensaios estéticos,<br />

nomea<strong>da</strong>mente na construção <strong>da</strong> sacristia <strong>da</strong> Sé de Braga, obra que empreende ao<br />

la<strong>do</strong> de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva para <strong>da</strong>r resposta a um projecto de Jogo<br />

Antunes.<br />

Será aquela linguagem a que mais profun<strong>da</strong>mente caracterizou a intervenção de<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, sobretu<strong>do</strong> ao nfvel <strong>da</strong> ornamentação arquitectónica. Os<br />

ensinamentos de infância perpassam em to<strong>da</strong> a sua obra. Na procura <strong>da</strong> cnaçáo,<br />

o espírito pode envergar uma matiz barroca, mas a resposta foi sempre conti<strong>da</strong>.<br />

Se o experimentalismo veicula<strong>do</strong> pela mão <strong>do</strong> progenitor foi determinante na sua<br />

formação, teoricamente foi leve<strong>da</strong><strong>da</strong> pela tratadística.<br />

Ser arquitecto nos séculos XVII e XVIU significava um contacto com alguns trata<strong>do</strong>s<br />

de reputação irrevogável, como Vih-livio, Alherti, Serlio e Vignola: unadie podia<br />

ser arquitecto sin conocer y citar a Vitruvio, cujo trata<strong>do</strong> era además una fuente<br />

de erudición y autori<strong>da</strong>d siempre reconoci<strong>da</strong>is "'. Até porque os livros foram um<br />

meio de ascenção social apara una elite tecnica de profesionales» 11'.<br />

Alguns contratos registam essa ligação e fideli<strong>da</strong>de ao trata<strong>do</strong> como 6 visível nos<br />

apontamentos <strong>da</strong> obra <strong>da</strong> frontaria <strong>da</strong> igreja de S. Nicolau <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>: «Os pa<strong>da</strong>stros<br />

<strong>da</strong>s colunas teriam as suas 'sotabazes e o embazamento em baixo e em sima<br />

<strong>da</strong>s sotabazas na forma que traz Jacomo de Villona, (Giacomo Barrozi <strong>da</strong> Vigno-<br />

Ia - Regola della cinque ordini d'architettura), as folhas vinte e tres e vinte e coamo<br />

e estes embazamentos e sotahazes seram to<strong>do</strong>s cori<strong>do</strong>s sem serem pica<strong>do</strong>s de<br />

folhasv» li'.<br />

Se os artistas não possuíam recursos para adquirir os seus próprios livros com<br />

imagens que çontribuiriam para a sua formação, podiam recorrer ao empréstimo,<br />

prática corrente no século XWI"'. Porque os trata<strong>do</strong>s formam gostos e plasmam<br />

tendências.<br />

Podemos alvitrar a formação teórica de Manuel Fernandm <strong>da</strong> Silva fazen<strong>do</strong> uma<br />

leitura inversa, ou seja a partir <strong>do</strong> seu potencial encomen<strong>da</strong>nte: a Igreja Bracarense.<br />

Esta vai apreciar as propostas <strong>do</strong> arquitecto ten<strong>do</strong> como base saberes<br />

cristaiiza<strong>do</strong>s. É curioso notar que em 1612 existiam na Biblioteca <strong>da</strong> Sé de Braga<br />

"' CAMARA MUNOZ. Ahcia - oc.. p 61.<br />

"' <strong>Idem</strong> - rbtdem. p. 62.<br />

"4FKRREIRA-ALVES, Joaquim Jaime B - Crrzsrru@o <strong>da</strong> Ip-ejn de Süo Nlco~luu (1671-1676). Ssp<br />

<strong>da</strong> Revisto aPoligrafian, n. I, Porlo. Centro de Esni<strong>do</strong>s D Domingos de Pinho Brandão. 1992, p 48<br />

'I5 u os Iivms siio posçiveis de empréstimo. de troca e awbqm, por vezes. sem rumo conheci<strong>do</strong>n<br />

LOUREIRO. Olimpia Mana <strong>da</strong> Cunha - O Livro e a Leitura no Pono no Séeul~~ XVIII. Cal. ~Centro<br />

de Em<strong>da</strong>s D Domingos de Pinho Brmdãox. n 3, PORO, Centro de Estu<strong>do</strong>s D Domingos de PInho<br />

BrondZ~. 1994, p 38


cAPfTUI.0 11 - MANUEL FERNANDES DA SILVA O HOMEM<br />

<strong>do</strong>is trata<strong>do</strong>s de arquitectura: um Vitrúvio, com a obra De Architectura, em 10 volu-<br />

mes [IR; De Re EdifJicatoria, possivelmente de Alberti, numa tradução de João Bãp-<br />

tista, outro "'.<br />

Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva conheceria, com certeza, esses livros, ou outros que<br />

porventura adquirisse. Esta relação homemltrata<strong>do</strong> não é nova na região de Braga.<br />

É ilustrativa a quanti<strong>da</strong>de de livros com imagens de arte que eram <strong>do</strong> uso pessoal<br />

<strong>do</strong> Frei José de Santo António Ferreira Vilaça, em laboração no Minho na segun-<br />

<strong>da</strong> metade de setecentos 'S. OU ain<strong>da</strong> o conjunto de trata<strong>do</strong>s existentes na Biblio-<br />

teca Pública Municipal <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>, nomea<strong>da</strong>mente de Vitrúvio ]I9, Vignola "7 e Ser-<br />

lio 12', entre outros, provenientes <strong>do</strong>s convenfos de Entre Douro e Minho.<br />

Estes saberes falam-nos, a um tempo, <strong>do</strong>s encomen<strong>da</strong>ntes, mas também <strong>da</strong>quilo<br />

que os traça<strong>do</strong>res e mestres pedreiros deveriam conhecer para responder às solicita-<br />

ções dirigi<strong>da</strong>s por uma clientela que privava com esses traia<strong>do</strong>s.<br />

Na primeira obra arremata<strong>da</strong> individualmente por Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva, em<br />

Braga, ain<strong>da</strong> no século XW, apresenta-se com o título de Mestre de Pedrana, e<br />

contava já 22 anos. A sua fonnagáo básica estava termina<strong>da</strong>.<br />

O mestre pedreiro é introduzi<strong>do</strong> neste maio místico por seu pai, que já aí se encon-<br />

trava a laborar desde 1691 I", assumin<strong>do</strong> uma relação de dependência visível no<br />

tratamento que recebe no conirato para construção <strong>da</strong> sacristia <strong>da</strong> SB:<br />


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Já na obra de construção <strong>da</strong> Casa <strong>do</strong> Tesouro <strong>da</strong> Sé ambos alardeiam o titulo de<br />

arquitecto: «Pascoal Fernandes e seu filho Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva arquitectos<br />

desta ci<strong>da</strong>den '".<br />

É difícil conceber a atribuição <strong>do</strong> título de arquitecto a um homem que não sabe<br />

assinar, sen<strong>do</strong> o caso de Pascoal Fernandes. Se olharmos uma vez mais para a definição<br />

de Bluteau, vemos que arquitecto é tambem o possui<strong>do</strong>r de conhecimentos<br />

técnicos com capaci<strong>da</strong>de de gerir o corpo de oficiais ao serviço duma construção.<br />

É sabi<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> que no século XW o termo arquitecto pode ser usa<strong>do</strong> apenas como<br />

auto-afirmação <strong>da</strong> liberali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arte de mestre pedreiro, e <strong>da</strong> sua independência<br />

<strong>da</strong> organização gremial Mais, nesta obra o risco fai de João Antunes: «.. na<br />

forma e maneira <strong>da</strong> planta e prefil que se acha risca<strong>do</strong> e desenha<strong>do</strong> por João Antunes<br />

arcbeteto <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Lisboa* '"".<br />

Se o projecto é de suma importância, não menos são os apontamentos <strong>da</strong> abra regista<strong>do</strong>~<br />

no contrato tabelióuico, que o mestre pedreuo deveria cumprir na realização<br />

<strong>da</strong> empreita<strong>da</strong>. Estes, sen<strong>do</strong> uma descrição mais ou menas pormenoriza<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

obra a executar Iz7, podiam ser efectua<strong>do</strong>s por alguém que possuísse um conhecimento<br />

técnrco profun<strong>do</strong> - empírico. Para essa tarefa Pascoal Fernandes estava perfeitamente<br />

credita<strong>do</strong>, logo justifica<strong>do</strong> o título de arquitecto.<br />

Se são desconheci<strong>do</strong>s projectos de Pascoal Fernandes, já o mesmo se não nota com<br />

a obra de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva. Em 1701 apresenta, a pedi<strong>do</strong> de D. João<br />

de Sousa, três projectos de planta centra<strong>da</strong> para a nova igreja <strong>do</strong> Bom Jesus <strong>da</strong><br />

Cmz, que então se pretendia fazer em Barcelos, sen<strong>do</strong> preteri<strong>do</strong>s por um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

que forneceu João Antunes Só este exemplo, se outros não houvesse, bastaria<br />

para justificar plenamente o uso <strong>do</strong> grau de arquitecto, que de resto ostentará em<br />

vdrias obras empreendi<strong>da</strong>s.<br />

Outro grau profissional é o de mestre arquitecto de pedraria. Estes além de forne-<br />

cerem o risco <strong>da</strong> obra, tratavam <strong>da</strong> execução <strong>da</strong> mesma I->.<br />

Este título usa-o Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva num conjunto de obras que realiza<br />

na Sé de Braga.<br />

Apesar de tu<strong>do</strong>, os limites <strong>da</strong>s funções que seriam de esperar de ca<strong>da</strong> grau profis-<br />

sional sâo muito ténues. Ambigui<strong>da</strong>de é aquilo que se oferece quan<strong>do</strong> Manuel<br />

Fernandes <strong>da</strong> Silva usa o título de mestre pedreiro sen<strong>do</strong> ele o responsável pela<br />

'29A..B. - Nela Geml. I' Férie. n. 516. fln. 5v-6v. <strong>Idem</strong> - ibideni, pp. 75-76.<br />

CÁMARA MUNOZ, Alicia - o.c., p. 74.<br />

'?V.D.B. - Nofn Gerol, I* séfie. n. 516, fls. 5u-6~.<br />

''7 FERREIRA- ALES. Joaquini Jaime B. - D Porro nn Epca <strong>do</strong>;? Alrimd<strong>do</strong>.9. Aryrritecruro. Obras<br />

Públicnr, vol. 1. <strong>Porto</strong>, 1988. pp. 293-294.<br />

'" ALMEIDA. Cnrlos Albeno Ferreira de - Barcelui. Col. Ciduder r Viius de Ponugal, n. 9, Lisboa.<br />

Ed. hsença, 1990, pp. 64-65.<br />

"~CMARA MUNO& Alicia - ".c., p. 74.


CAPITULO 11 - MANUEL FERNANDES DA SILVA O HOMGM<br />

concep~ão espacial <strong>do</strong> edifício. O Deão <strong>da</strong> Sé de Braga, Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva,<br />

sgliçita-lhe a intervenção numas casas que possuía na Rua <strong>do</strong>s Biscainhos, amplian<strong>do</strong><br />

o espaço construí<strong>do</strong> "O Para tanto o artista fornece-lhe uma maqueta em<br />

papelão. No contrato de obra usa apenas o gfau de mestre pedreiro. De resto. esta<br />

indefiniçáo entre função e grau profissional foi testemunha<strong>da</strong> por Bluteau.<br />

O topo <strong>da</strong> carreira é atrngi<strong>do</strong> em 1729 quan<strong>do</strong> é nomea<strong>do</strong> na <strong>do</strong>cumentação nota-<br />

ria1 como mestre <strong>da</strong>s obras de pedraria desta ci<strong>da</strong>des '". Novamente o esclareci-<br />

mento coevo: "Mestre de Obras: O director de qualquer obra de pedra, e cal* '".<br />

Mas a swa arte estava prestes a ser ultrapassa<strong>da</strong>. Os tempos eram outros e novas<br />

as vontades.<br />

Em 1730 celebra contrato com a Irman<strong>da</strong>de de S. Cruz para uma obra na kon-<br />

taria <strong>da</strong> igreja. Entretanto, quase <strong>do</strong>is anos depois, é obnga<strong>do</strong> a desistir porque<br />

o acrescento que fez na facha<strong>da</strong> foi considera<strong>do</strong> pela Mesa indecente "', for-<br />

necen<strong>do</strong> projecto Manuel Pinto de Vilalobos Iw. Também náo seria a proposta des-<br />

te engenheiro arquitecto aquela que granjearia a atenção <strong>do</strong>s Irmãos. Em Novem-<br />

bro de 1735 decidem reformar a planta apresenta<strong>da</strong> pelo engenheiro, acaban<strong>do</strong> por<br />

se executar um plano de Carlos António Leone, pintor florentino "'. A abertura<br />

de D. João V às correntes artísticas italianas é assumi<strong>da</strong> de forma ev~dente. em<br />

Braga, com a rejeição <strong>do</strong>s principais autores de risco <strong>do</strong> Minho <strong>do</strong> 1" terço <strong>do</strong> sé-<br />

culo XVIII. A linguagem tar<strong>do</strong>-maneirista defendi<strong>da</strong> pelos artistas nacionais es-<br />

tava a definhar.<br />

Como interpretar o repúdio que a Irman<strong>da</strong>de faz ao plano apresenta<strong>do</strong> pelo me.-<br />

tre de obras <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de? Dessincronizaçáo entre entomen<strong>da</strong>nte, partidário de uma<br />

linguagem mais actual, e risca<strong>do</strong>r, preso ain<strong>da</strong> ao passa<strong>do</strong>?<br />

Terá si<strong>do</strong> aquele título a coroação de uma carreira? Título que de resto merecia,<br />

pois, os grandes risca<strong>do</strong>res foram sempre estima<strong>do</strong>s pelo poder, pois que mate-<br />

rializavam na pedra a imagem <strong>do</strong>s seus protectores e Manuel Femndes <strong>da</strong> Sil-<br />

va tinha dispendi<strong>do</strong> já mais de trinta anos a laborar para a igreja de Braga.<br />

Fosse como fosse o contratempo não é recebi<strong>do</strong> pacificamente por Manuel Fer-<br />

nandes <strong>da</strong> Silva, e ain<strong>da</strong> em 1745 an<strong>da</strong> em litígio com aquela Irman<strong>da</strong>de para re-<br />

solver o pagamento <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> obra que ele li tinha realiza<strong>do</strong> I". Não respondiam,<br />

A.D.B. - Nom Geral, I' série, n. 542, fla. 103-104.<br />

I"' A.D.B. - Nora Geral, 1' série. n. 625, fls. 194.194~.<br />

BLUTEAU, D. Rafael - ,>.c, t. V, 1716. p. 458.<br />

SMITH, Roben C. - o.c., p. 177, nota 72.<br />

I" <strong>Idem</strong> - &idem. p. 177. nota 74.<br />

"$ idem - ibidm, p: 177, nota 73.<br />

'" Os arquitectos foncionacam como *instnimenf~ de Ia proyceion de Ia monaqirquiau. MUROZ Ali-<br />

eia Ctimnra -


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

efectivamente, as suas propostas h procura, ou foram outros os motivos que le-<br />

varam h suspensão <strong>do</strong> seu projecto?<br />

Documentalmente as obras que lhe an<strong>da</strong>m associa<strong>da</strong>s escasseram a partir <strong>da</strong> dé-<br />

ca<strong>da</strong> de trinta.<br />

Velho, septuagenáno, ain<strong>da</strong> lhe restou folgo para envergar mais uma grande<br />

empreita<strong>da</strong> a igreja Matriz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim. Obra que é o canto de cisne <strong>do</strong><br />

artista e <strong>da</strong> linguagem estética que lhe an<strong>da</strong> adjunta. Morre sem terminar o<br />

empreendimento.<br />

3. Os seus Representantes<br />

Dentro <strong>da</strong> imensa activi<strong>da</strong>de que caracterizou a actuação de Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

Silva, desde mestre pedreiro a mestre de obras e arquitecto, fases houve em que<br />

teve vários empreendimentos simultâneos e nem sempre caetânws no espaço.<br />

Como mestre de obras <strong>da</strong> Arquidiocese, cargo que parece ocupar ao serviço de D.<br />

João de Sousa e depois de D. Rodrigo de Moura Teles, tinha um grande cenário<br />

onde devia pontuar a sua inte~enção. Mobili<strong>da</strong>de e disponibili<strong>da</strong>de é aquilo que<br />

se pode esperar de um homem com esta atribuição profissional.<br />

Nessa laboração muitos foram os mestres pedreiros, pedreiros e oficiais de pedra-<br />

ria que trabalharam sob a sua onentação, crian<strong>do</strong>-se uma máquina complexa, má-<br />

quina essa que no seu pré-determina<strong>do</strong> rumo pode exigir, por vezes, a presença<br />

física <strong>do</strong> artista, e outras tantas apresentar fissuras, apenas solúveis com o beneplá-<br />

cito <strong>da</strong> Justiça. Porque a omnipresença não é virtude <strong>do</strong>s seres viventes pensan-<br />

tes, necessrtou Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva de, na sua longa carreira, criar tenta-<br />

culos para que enz seu nome como se presente fasse, o pudessem representar e agir,<br />

nomea<strong>da</strong>mente em causas cíveis, pessoais e profissionais, em conformi<strong>da</strong>de com<br />

os seus interesses práprios.<br />

São múltiplos os <strong>do</strong>cumentos que levantámos, permitin<strong>do</strong>-nos constmir uma ideia,<br />

ain<strong>da</strong> que distante, <strong>da</strong>quilo que foi Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, no desempenho <strong>da</strong>s<br />

suas activi<strong>da</strong>des e como zela<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s seus interesses. Fala-se, especifiçamente <strong>da</strong>s<br />

procurações. Nestas notam-se, assimetncamente, duas orientações precisas: en-<br />

quanto novo, recorre, subi<strong>da</strong>mente, a pessoas estranhas ao seio familiar; to<strong>da</strong>via,<br />

quan<strong>do</strong> os filhos atingem a maturi<strong>da</strong>de para cabalmente tratarem <strong>do</strong>s assuntos <strong>do</strong><br />

pai, serão eles, muitas vezes, os seus braços e as suas pernas, até porque a i<strong>da</strong>de<br />

começava a pesar. São três os filhos eleitos para ocupar este cargo, to<strong>do</strong>s eles com<br />

habilitação superior.<br />

Em 1702 nomeia procura<strong>do</strong>r a Manuel Aivares, de Braga, «para que em nome delle<br />

constetuente possa lixar, deman<strong>da</strong>r e executar a Domingos solteiro <strong>da</strong> freguesia <strong>do</strong>


CAPITULO I1 - MANUEL FERNANDES DA SILVA O HOMEM<br />

Couto de Vimieiro» "'. A causa, embora desconheci<strong>da</strong>, parece remeter para uma<br />

intervenção judicial.<br />

Para *cobrar e areca<strong>da</strong>r de to<strong>da</strong>s e quaisquer pesoas em cujo poder se achão humas<br />

pessas de ouro e prata e dinheiro em prata e ouro*, vai nomear, em 1712,<br />

o Padre Adtiano Duarte, «natural desta ci<strong>da</strong>de [de Braga] e de prezente asistente<br />

na ci<strong>da</strong>de de Lisboa» I". Pelo local onde se encontra o procura<strong>do</strong>r - Lisboa -<br />

pensamos que fosse aÍ que ele pusesse em prática a representqão <strong>do</strong> oumrgante.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, como explicar a sua relação com Lisboa? É uma interrogação pertinente,<br />

mas infelizmente sem qualquer desenvolvimento. a na ser o permanecer<br />

<strong>da</strong> dúvi<strong>da</strong>.<br />

Anos mais tarde, em 1722, 116s são os procura<strong>do</strong>res nomea<strong>do</strong>s num s6 acto notarial:<br />

Antónto Rodrigues, de Gondiães, Custaio de Sousa, de S. Paio <strong>do</strong> Pico, ambas<br />

<strong>do</strong> concelho de Vila Verde, e em Braga João Rodrigues <strong>da</strong> Cunha. Emudeci<strong>da</strong><br />

é a causa, diluin<strong>do</strong>-se em terminologia genáica. Sabemos, tão só, Que eles<br />

tinham amplos podem para reclamar justiça em to<strong>da</strong>s as causas movi<strong>da</strong>s e a mover,<br />

«assim a<strong>do</strong>nde for reo como auton, tanto civis como eclesiásticas '@.<br />

Uma falha pecunihia <strong>do</strong> ensambla<strong>do</strong>r Valentim Loureiro <strong>da</strong> freguesia de S. Martinho<br />

de Rio Mau, vai obngar a que Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva delegue, em 24<br />

de Maio de 1729, os seus poderes em Sebastião Carvalho, «para que em nome delle<br />

constituinte possa procurar requerer e alegar to<strong>do</strong> o se0 direito de justiça em huma<br />

cauza que move a Valentim Loureiro enxambra<strong>do</strong>r mora<strong>do</strong>r no lugar <strong>do</strong> Burra1<br />

freguesia de São Martinho de Rio Mau e <strong>do</strong> dito concelho de Alvergsria por vinte<br />

e oito mil e oiteeentos reis que lhe esta deven<strong>do</strong>>> "I.<br />

As procora@es aumentam à medi<strong>da</strong> que se aproxima o ocaso <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>. A i<strong>da</strong>de<br />

e a consequente dificul<strong>da</strong>de de locomo@o devem ser explicaçóes cabais. A<br />

partir de 1742, já sedia<strong>do</strong> no Póvoa, muitas vão ser as escrituras públicas lavra<strong>da</strong>s,<br />

dentro <strong>do</strong> teor que vimos reflectin<strong>do</strong>, mas na sua maioria têm os filhos como<br />

intérpretes. Em Braga funciona como procura<strong>do</strong>r principal o seu filho advoga<strong>do</strong><br />

Geral<strong>do</strong> Femandes <strong>da</strong> Silva. Em três momentos é chama<strong>do</strong> a intervir. Em <strong>do</strong>is,<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva na quali<strong>da</strong>de de fia<strong>do</strong>r, confere-lhe poderes para assinar<br />

escrituras que envolvem transacções de capitais Assim, 6 fia<strong>do</strong>r de Francisco<br />

de Sousa e Castro, «Fi<strong>da</strong>lgo <strong>da</strong> Caza de Sua Magestadm, mora<strong>do</strong>r na ci<strong>da</strong>de de<br />

Braga* numa dívi<strong>da</strong> que este contraiu ao «Conigo Frabriqueíro <strong>da</strong> Santa Sex '",<br />

e noutra Fia<strong>do</strong>r de Josefa Maria, viúva de António de Almei<strong>da</strong>, para que esta possa<br />

administrar a botica <strong>do</strong> Hospital de S. Marcos, continuan<strong>do</strong> a activi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ma-<br />

"' A.D.B. - Nota Ger-[I, I' 'Rrie, n. 498, fis. 3-3v.<br />

'?' A.D.B. - Nota Gml, I' série. n. 542, fls. 80.80".<br />

'* A.D.B. - Tabeliho Públicn, I' série, n. 43. fls. 15.15~.<br />

'" A.D.B. - Nnlq Geral, Ia série, n. 625, fls. 194-19Av.<br />

'" A.D.P. - Seqão Not@r;


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1151)<br />

ri<strong>do</strong>'". O terceiro, um <strong>do</strong>cumento <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 1743, envolve uma causa judicial que<br />

moveu ao artista o aAbbade Rezervatario Estevão Falcão Cotas, esperan<strong>do</strong> que o<br />

filho o defen<strong>da</strong> desse imbróglio Ia. Desconhece-se o teor <strong>da</strong> questiúncula. Estevão<br />

Falcão Cota era sobrinho <strong>do</strong>s Meira Carrilho, com quem Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

estabeleceu grandes contactos profissionais. Num outro processo judicial vai promover<br />

Manuel Ribeiro Pereira, de Braga, «pera a cauza civel que elle outorgante<br />

traz na ci<strong>da</strong>de de Braga com a Irman<strong>da</strong>de de Santa Crus della sobre o pagamento<br />

<strong>da</strong> obra <strong>da</strong> igreja que elle outorgante fes* O repúdio que aquela Irman<strong>da</strong>de<br />

manifestou em 1732 ao projecto e intervenção de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva na<br />

igreja de Santa Cruz, não encontrou pela parte <strong>do</strong> artista uma resposta passiva:<br />

exige <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de a liqui<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s seus honokios.<br />

Ain<strong>da</strong> dentro <strong>do</strong> teor profissional, %faz e constitue por seu certo e bastante procura<strong>do</strong>r<br />

a seu fiiho o Reveren<strong>do</strong> Padre Paulo Femandes <strong>da</strong> Silva, Emcomen<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

<strong>da</strong> freiguezia de São João de Vieira pera que em seu nome como se prezente<br />

fora possa o dito seu procura<strong>do</strong>r selehrar huma escriptura de obrigação com<br />

Manoel Marquem I*. Este <strong>do</strong>cumento, de 1749, prev8 uma substituição <strong>do</strong> mestre<br />

pedreiro José Pereira nas obras «<strong>da</strong>s cazas de rezidencia de São Tiago de<br />

Serdi<strong>do</strong> termo de Monte Alegre», pelo seu falecimento e por ser seu fia<strong>do</strong>r Manuel<br />

Fernandes <strong>da</strong> Silva. Na obra a função de mestre seria ocupa<strong>da</strong> por Manuel<br />

Marques, que a continuaria na forma <strong>do</strong>s apontamentos. Dava ain<strong>da</strong> poder ao filho<br />

para «cobrar <strong>da</strong> dita Casa <strong>do</strong> Despacho to<strong>do</strong> o dinheiro que a eUe se estiver<br />

deven<strong>do</strong> <strong>do</strong> dito defunto mestre rematante Jozepb Pereira para se concluir a dita<br />

obra>> I".<br />

De Manuel Fwnandes <strong>da</strong> Silva, filho, esperava essencialmente, a representação na<br />

ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>. Tanto para que pudesse levantar <strong>do</strong> Escrivão <strong>da</strong> Prove<strong>do</strong>ria «a<br />

planta e prefis e certidão <strong>do</strong>s apontamentos <strong>da</strong> nova igreja que se ha-de fazer nesta<br />

villa de que elle oubtrogante he mestre e to<strong>do</strong>s os mais papeis pertencentes a<br />

dita ohrm 14R, como na causa que lhe moveu, em 1745, o «<strong>do</strong>utor António Coma<br />

Pinto desta villa [<strong>da</strong> Póvoa] que vai deste juizo advwa<strong>da</strong> para o juizo <strong>da</strong> Correiçáo<br />

Civil <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>a '49. Ou ain<strong>da</strong>, numa outra situação que a nota pública omite,<br />

em que ele coloca o filho ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Doutor António Vilaça de Carvalho, <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong> <strong>Porto</strong> "O.<br />

"'A.D.P. - Sec@ Not~rid, WlO,<br />

n. 23, 1' série, fls. 8.8~.<br />

" A.D.P. - Secção Nufarial, PV1". n. 22, 1. &ie, fls. 9-9v.<br />

"j A.D.P. - Sccçãu Notarial, PVIp, a. 23. 1' s6cie. fls. 52-53.<br />

'" A.D.P. - Secção Notnrial. PVI'. n. 27. 1' se&?. fls. 44.44~.<br />

"* <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

" A.D.P. - Secção Notarial, PVI" R, 21, 1' série, fls. 55-55",<br />

Im A.D.P. - Secç60 Notaria/, PV19 n. 24, 1' skde, fls. I-lv.<br />

A.D.P. - Secção Notariol, PV19 n. 27, 1' série. fls. 17.17~.


Com um estofo eoonómico sóli<strong>do</strong>, como se depteende pelas intervenções que faz<br />

ao se prontificar a principal paga<strong>do</strong>r em dívi<strong>da</strong>s e negócios de terceiros, faz, entre-<br />

tanto, em 1745, uma socie<strong>da</strong>de com Francisco Leite Ferreira e Manuel Martins<br />

Cadilhe, Capitão, ambos <strong>da</strong> região <strong>da</strong> Póvoa, para o earen<strong>da</strong>mento de sinco par-<br />

tes baga <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> de Santa Mana de rematar na corte <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga em tre-<br />

zentos e trinta e nove mil reis e bem assim mais as coatm partes <strong>da</strong> dita ren<strong>da</strong><br />

digo (sic) partes <strong>da</strong> mesma ren<strong>da</strong> de Santa Maria de Bagunte pertencentes a Bazi-<br />

lica Patriarcal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Lisboa (...) por duzentos e sincaenta mil reis>> I", situqáo<br />

que Wia a ser renova<strong>da</strong> no ano seguinte lSZ. Nomean<strong>do</strong>, para tanto, procura<strong>do</strong>res<br />

estranhos à sua famfiia Se por um la<strong>do</strong> esta intervençEo de Manuel Fernandes<br />

<strong>da</strong> Silva exigia disponibili<strong>da</strong>de económica, por outro, demonstra uma<br />

capaci<strong>da</strong>de de aumentar os seus proventos através <strong>do</strong> investimento.<br />

Três linhas de pensamento para a caracterização de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva bro-<br />

tam desta delegações de poder e de poderes:<br />

1 - Dinamismo, enquanto homem e artista, com espírito de investimento, viven<strong>do</strong><br />

com certo desafogo económico, seguramente nos derradeiros anos <strong>da</strong> sua existência.<br />

2 - Personali<strong>da</strong>de forte não se demoven<strong>do</strong> frente a situações em que coloca a sua<br />

palavra contra a de membros de hierarquia superior, e até de instituições, subme-<br />

ten<strong>do</strong>-se, sem embaraço ao arbitrio <strong>da</strong> lei.<br />

3 - Relações numa esfera subi<strong>da</strong> <strong>da</strong> estrutura social.<br />

Instalan<strong>do</strong>-se na Póvoa, rapi<strong>da</strong>mente se torna pessoa conheci<strong>da</strong> no meio e com pres-<br />

tígio, figuran<strong>do</strong> em inúmeros actos públicos como testemunha "l, ao ponto de ser<br />

considera<strong>do</strong> «ci<strong>da</strong>dão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Bragai} e upesoa muito bem reconheci<strong>da</strong>».<br />

"' A.D.P. - Secçáo Norarinl, PV13 n. 23. 1' &ie, tis. 98"-100.<br />

In A.D.P. - Secç<strong>do</strong> Nocariol, PVIP, n. 24, L' serie, tis. 74"-75".<br />

'" SSáo muitos as escrituras testemunha<strong>da</strong>s por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, nas notas <strong>do</strong> Tabelião <strong>da</strong><br />

Wvoa, passan<strong>do</strong> por actos de casamento, trocas, <strong>do</strong>tes, compras, etc.. Omitimos a lista por extensa.


111. Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

1. Arquitectura Religiosa<br />

A Obra<br />

1.1. A Transformação <strong>da</strong> Sé (Fot. 1-11)<br />

Sempre que as mu<strong>da</strong>nças de tempo e de vontades se conjugam depara-se com um<br />

alfobre de obras no edifício que <strong>do</strong>mina u centro de gravi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> religiosa<br />

de uma Diocese. A Catedral recebe obras de beneficiação, remodelação e transforma-<br />

ção como a<strong>da</strong>ptação <strong>da</strong> sua espaciali<strong>da</strong>de às novas orientaçóes litúrgicas, sen<strong>do</strong><br />

aquelas revela<strong>do</strong>ras <strong>da</strong> vontade e formação <strong>do</strong> Prela<strong>do</strong>, ou <strong>do</strong> Cabi<strong>do</strong>, em tempo<br />

de Se& Vacante. É este edifício religioso o que assinala de forma mais veemente<br />

as alteraçóes de correntes estéticas.<br />

A este propósito, e seguin<strong>do</strong> de perto D. Rodrigo <strong>da</strong> Cunha I". escrevemos já num<br />

estu<strong>do</strong> sobre os Altares e Invocações <strong>da</strong> Sé de Braga : u... no início <strong>do</strong> século XVI<br />

D. Diogo de Sousa alterou a feição medieval deste edifício, man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> fazer outra<br />

capela-mor a<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> a manifestações de culto solenes que requeriam mais espaço.<br />

Fornece-a, de segui<strong>da</strong>, de retábulo uto<strong>do</strong> de pedra branca <strong>do</strong>ura<strong>da</strong> em partes, com<br />

figuras <strong>da</strong> mesma pedra, tanto ao natural, que por ventura neste genero he o melhor<br />

de Hespanha', forran<strong>do</strong> o tecto <strong>da</strong>s naves e cruzeiro de madeira. Anima a liturgia<br />

com <strong>do</strong>is grandes órgãos «onde man<strong>do</strong>u por suas armas'. A intervenção abrange<br />

também o frontispício <strong>da</strong> Igreja, onde financiou duas torres para relogio e sinos,<br />

e coloca as figuras de S. Pedro, S. Paulo, Arcebispos Santos e Anjo Custódiox I".<br />

Do século XVI a finais <strong>do</strong> seguinte os empreendimentos na Catedral não abran-<br />

gem a sua estrutura arquitectónica. Introduzem-se essencialmente novas invoca-<br />

'" CUNHA, Bodrigo <strong>da</strong> (Dom) - Hisfórin Eclesióstica <strong>do</strong>s Arcebispos .... vol. 11, pp. 293 e 295.<br />

ROCHA, Manuel Joaquim Moreim <strong>da</strong> - Aluires Invocaçdes na Sd ... p. 38.


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

ções no espaço sagra<strong>do</strong>, na esteira <strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gogia de Trento. Os milagres, os már-<br />

tires e suas relíquias assumem destaque na actuação <strong>do</strong>s arcebispos '".<br />

Na última déca<strong>da</strong> de seiscentos inicia-se um ciclo de transformações mais profun-<br />

<strong>da</strong>s com a constmção de uma nova sacristia - a antecâmara <strong>da</strong> litiirgia barroca<br />

- cuja vontade primeira expressou o Cabi<strong>do</strong>, em Dezembro de 1690, sen<strong>do</strong> ape-<br />

nas concretiza<strong>da</strong> com a intervenção de D. João de Sousa. <strong>da</strong>n<strong>do</strong> corpo a um pro-<br />

jecto de João Antunes.<br />

No início <strong>do</strong> século XViii com a vacância <strong>da</strong> cadeira prelatícia pela nomeação de<br />

D. João de Sousa para arcebispo de Lisboa, sucedelhe D. Rodrigo de Moura Te-<br />

les, que ao longo de 24 anos (1704-1728) levará mais longe o epiteto transforma-<br />

<strong>do</strong>r <strong>do</strong> velho espaço medieval. Não s6 ao nível <strong>da</strong> arquitectura, como <strong>da</strong> talha, <strong>da</strong><br />

pintura e <strong>do</strong> azulejo, to<strong>da</strong>s as artes se conjugam exigin<strong>do</strong> uma releitura <strong>da</strong> área<br />

sagra<strong>da</strong>.<br />

Depois destas obras um especta<strong>do</strong>r pôde escrever: «tu<strong>do</strong> isso fas sobresahir a singular<br />

prefeyção com que as paredes e tecto desta Metropoli (sic) estão tanto soherana-<br />

mente a<strong>do</strong>rna<strong>da</strong>s, que com suas excelentes pinturas e finos azulejos bem com (sic)<br />

os luzidissimos rayos de sol, que pellas cristalinissimas vidraças entrão a fazer bri-<br />

lhar com admiração suas maravilhosas circunitancias e prefeyçóes maravilhosasni".<br />

O Arcebispo Moura Teles promoveu uma profun<strong>da</strong> campanha de obras nortea<strong>da</strong><br />

por um pensamento estético, como ama pe<strong>da</strong>gógica, muito coerente. A conclusão<br />

desse ciclo dá-se já depois <strong>da</strong> sua morte, na deca<strong>da</strong> de trinta, com a constmção<br />

<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> zimhório, no segun<strong>do</strong> tramo <strong>da</strong> nave central, para instalação <strong>do</strong>s<br />

monumentais 6rgãos I".<br />

A remodelação <strong>da</strong> Sé seguiu uma tDnica claramente teatral I". «A Igreja bracarense<br />

é então uma fidedigna embaixahiz <strong>do</strong> Trono de Pedro e <strong>da</strong> legislação de Trento:<br />

"O <strong>Idem</strong> - &rdm, pp. 43415<br />

VILASBOAS, Ant6sio Macha<strong>do</strong> - Rala$& e Dcscrrçrio <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de de Braga. fls. 27-27v. Biblio-<br />

teca Nacional de Lisboa, Secção de Reservs<strong>do</strong>s, Cod 11226. Crta<strong>do</strong> por SOROENHO, Miguel - Ma-<br />

nuel Pinto d~ V~lahbos . VOI. l, p 75, notn 50, ROCHA. Manuel Joaquim Moreira<strong>da</strong> -AIfares e Invoca-<br />

ções m Sê ... p 49<br />

'" aA coroar n simbologin <strong>do</strong> intenor <strong>do</strong> S.4 de Braga destacam-se os õrgaos - uidissociável <strong>da</strong> mú-<br />

sica que projecta o crente ao mno prometi<strong>do</strong> - com a profusio ieonogr;lf~ca que exibe. Olhan<strong>do</strong>-os<br />

em conjunta, e de baixo para cima, evidenciam-se três zonas a base, a cnixa <strong>do</strong> 6rgüa propriamente<br />

diia e o remate Na primeira. o mon<strong>do</strong> <strong>da</strong>s trevas e <strong>do</strong> peca<strong>do</strong> sugen<strong>do</strong> quer no <strong>do</strong>r <strong>do</strong> atlilotu9 com<br />

forma de sátiros e tntães, tanto na sua fisionomia demoniaw Outra ledura d proposta no segun<strong>do</strong> regis-<br />

to: aqui, meninos e quenibns, tocam trombetas acompanhan<strong>do</strong> a músioa celestml que brota <strong>do</strong>r tuhoí,<br />

preparan<strong>do</strong> a visualização <strong>da</strong>s Virtudes que se encontram no último nível. Fe, Erperança. Can<strong>da</strong>de,<br />

Conc6rdia. Reli@% e Fortaleza são as alegonas que o <strong>do</strong>minam Paralela gra<strong>da</strong>$% 6 hmeoi<strong>da</strong> pela<br />

luz. <strong>da</strong> penumbra - bacia <strong>do</strong> 6rggo - caminha-se para a luz quc atinge a sua floresc€neia m&xrmn<br />

na zona <strong>da</strong>s Vinudes Simbiose peca<strong>do</strong>/escundão, virtudelluín ROCHA. Manuel Joaquim Mowra <strong>da</strong><br />

- Altares e Invocqfies no Sé . p. 50<br />

'" Transformução paraiela seguiu a Sé <strong>do</strong> Pom durante a sua longa Vacância (17 17-1741). adquirin<strong>do</strong>


encontramos o fenómeno barroco a emergir na sua totali<strong>da</strong>de ao serviço <strong>da</strong> espi-<br />

rituali<strong>da</strong>de. As inscrições exibi<strong>da</strong>s por duas águias nas paredes laterais <strong>do</strong> tramo<br />

<strong>do</strong>s órgãos parecem sintetizar o lema <strong>da</strong>s obras: Quis audivit unquam tale e Quis<br />

vidif huic similm 16'.<br />

O grande obreiro <strong>do</strong> processo arquitectónico foi Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva e a<br />

sua equipa.<br />

1.1.1. Estrutura <strong>da</strong> Sé na Primeira Metade <strong>do</strong> Século XVIII<br />

A planta <strong>da</strong> igreja primacial, em forma de CNZ latina, era forma<strong>da</strong> por três na-<br />

ves, transepto e cabeceira, de resto em sintonia com o perío<strong>do</strong> medievo que lhe<br />

mol<strong>do</strong>u as feições aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua fun<strong>da</strong>ção. A cabeceira encontrava-se altera<strong>da</strong>,<br />

apresentan<strong>do</strong> uma capela-mor manuelina e quatro capelas wlaterais, duas de ca<strong>da</strong><br />

la<strong>do</strong>.<br />


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

O altar principal é una capela maior que na sua sagragação lhe puzerão no altar<br />

hum caixão de muitas relequias de Santos* Ia. Em ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s paredes laterais<br />

desta capela, as sepulturas de D. Henrique e D. Teresa, *tronco <strong>do</strong>s sere~ssimos<br />

Reis de Portugal» 167, trasla<strong>da</strong><strong>do</strong>s para aqui <strong>da</strong> capela de S. Tomás, <strong>do</strong> claustro,<br />

por D. Diogo de Sousa.<br />

Ain<strong>da</strong> na cabeceira, <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Epístola, as capelas <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento e<br />

a <strong>da</strong> Santissima Trin<strong>da</strong>de, «em cujo altar se acha o corpo <strong>do</strong> Martir Santiagov 16'.<br />

Do outro la<strong>do</strong>, a capela de S. Pedra de Rates, «primeiro Arcebispo de Braga com<br />

o seu corpo» '". segue-se a capella de São Maninho de Dume Arcebispo desta<br />

ci<strong>da</strong>de onde esta o seu corpo e se acha tambem nelle a Irman<strong>da</strong>de de São Cris-<br />

prm e Crispiniano~ "O.<br />

Nos topos <strong>do</strong> transepto <strong>do</strong>is altares duplos. No <strong>do</strong> la<strong>do</strong> direito eram venera<strong>do</strong>s Santo<br />

Ovídio, na parte inferior, e «por sima deste esta a capella <strong>do</strong> Senhor Crucifica<strong>do</strong><br />

com o titulo <strong>da</strong> Agonim 17'. Na parte oposta a 17' e acresci<strong>do</strong>s de quatro novas capelas,<br />

duas de ca<strong>da</strong> la<strong>do</strong>.<br />

Seguin<strong>do</strong> <strong>da</strong> cabeceira no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> porta axial, no primeiro tramo, <strong>da</strong> parte <strong>do</strong><br />

Evangelho, encontrava-se a acapela <strong>do</strong> Santuario onde se acham muitas reliquias<br />

encastua<strong>da</strong>s em prata e no meio o corpo <strong>do</strong> Martir S. Cresconio em hum caixão<br />

de prata* I". Esta capela faua pendão com o aaltar de São Rodrigo fun<strong>da</strong><strong>do</strong> pello<br />

Senhor Arcebispo Dom Rodrigo de Moura Telles» 17'.<br />

O segun<strong>do</strong> tramo era ocupa<strong>do</strong> pela acapella de SZo Bras e de São Sebastião*, e<br />

<strong>do</strong> la<strong>do</strong> oposta pela açapella <strong>da</strong> Senhora <strong>do</strong> Rozamo»


CAPÍTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA. A OBRA<br />

la<strong>do</strong> <strong>da</strong>Epístola. Por último, de um la<strong>do</strong> o altarde S. Bento, ~imagemmuito milagrosa<br />

onde os devotos acodem com suas offertaw '", e <strong>do</strong> outro a capela <strong>da</strong>s Almas.<br />

To<strong>da</strong>s estas capelas possuíam retábulos de talha, executa<strong>do</strong>s ou reforma<strong>da</strong>s, pinta<strong>do</strong>s<br />

e <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s durante o arcehispa<strong>do</strong> de Moura Teles, o que conferia uni<strong>da</strong>de visual<br />

e estitica ao interior <strong>da</strong> Se "'.<br />

Os <strong>do</strong>is derradeiros tramos eram ocupa<strong>do</strong>s pelo coro, que uhe magnifico tanto na<br />

extenção como na intenção, <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> e pinta<strong>do</strong> na ultima perfeição, e tem na sahi<strong>da</strong><br />

delle <strong>do</strong>us orgaos o$ milhores que tem este Reinow IRn.<br />

Para poente o espaço era forma<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is claustros paralelos à igreja, com as suas<br />

múltiplas capelas e altares, e outras dependencias anexas. A nascente construiu-<br />

-se a sacristia com ligação ao espaço sacro pelo transepto.<br />

Estes os grandes pólos dinamiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> complexo <strong>da</strong> Sé.<br />

Avulta<strong>do</strong>s foram os investimentos de D. Rodrigo de Moura Teles neste con-<br />

junto. Para uma primeira análise o relatório de Silva Tadim é eluci<strong>da</strong>tivo <strong>do</strong> seu<br />

alcance.<br />

Obras de D. Rodrigo de Moura Teles na Sé<br />

«Fez a capella de S. Geral<strong>do</strong>, que lhe custou oito mil cmza<strong>do</strong>s e nella o sea sepulçro<br />

em que se enterrou (. .).<br />

Fez as duas torres <strong>do</strong>s sinos <strong>da</strong> Sê por 4 400$OOO<br />

Poz-lhe trez sinos. que custaram 3 200$000<br />

Reedificou o orgam <strong>da</strong> Sê por 2 400$000<br />

Fez quatro altares <strong>da</strong> S& por 4 800$MK)<br />

Man<strong>do</strong>u pintar, e <strong>do</strong>urar as cadeiras <strong>da</strong> capella-mor, e choro e estucar a Sê por I<br />

600$000<br />

Poz azul@jos pela SB 1 200$000<br />

Deo de esmolla à Irman<strong>da</strong>de de S. Francisco <strong>da</strong> Se, cento e vinte mil reis.<br />

À de S. Bom Homem, outro tanto e lambem cortinas a ambas de <strong>da</strong>masco carmezim<br />

com franliíes de ouro a custo ca<strong>da</strong> humas de trezentos mil reis.<br />

Deo cortinas para a capella-mor, e quadros <strong>da</strong>s caderas a custo de 200$000.<br />

Deo mais 30 quadros para o choro e cadeiras por 330$000.<br />

Deo hum Pontifica1 de tella branca de ouro para o Cabi<strong>do</strong>, que custou 5000$000.<br />

Deo para a tribuna <strong>do</strong> Senhor hum quadro por 60$000.<br />

Man<strong>do</strong>u fazer a Caza <strong>do</strong> Cabi<strong>do</strong>, que custou seis mil cmza<strong>do</strong>s.<br />

Deo comnas para ella a custo de 150$000» '"<br />

'" <strong>Idem</strong> - rbrdrm, ti 11 16<br />

ROCHA, Manuel Joaquim Moreira <strong>do</strong> -Altares e Invocações no Sé .. p 47<br />

" A N T T - Dtnomuírio Geogrdficeíi - Mcmónos Paroquiais, vol. 7, n 57, fl 11 16.<br />

A D B - Didno Brocnrense .. fls. 327-328


MANUEL FERNANOES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Se os tempos e as vontades são materializa<strong>do</strong>s em obras de transformação e bene-<br />

ficia*~, estas, por sua vez, são alvo de crítica no curso <strong>do</strong> tempo e <strong>da</strong> história,<br />

ora aplaudi<strong>da</strong>s, e, mais frequentemente, veículo para depreciar o seu fomenta<strong>do</strong>r.<br />

Essas opiniões contraditórias gerou-as o resulta<strong>do</strong> <strong>da</strong> intervenção de D. Rodrigo<br />

de Moura Teles na Sé de Braga.<br />

No século XIX Bernardino Sena Preitas elogia a profun<strong>da</strong> campanha de remode-<br />

lação que Moura Teles encetou na Sé,


'sws?Sw SBP vaowas<br />

3 B!UJ1> W S 1p 0ldnp JBtIB UIOJ ~lJdB3 L<br />

ama ap OYWN 'S =r*> 9<br />

'-1811 ap owd s ap s<br />

,ewo%\l ep W=S<br />

a aJpv.0 Q ~ ?P S ofónp mls nioa n1adq3 tr<br />

.apePwL eww=s *P ~lJde3 E<br />

01-ms oni!ssyiw OP ~I*=ZI z<br />

.seld!in\m S!nb~pJ mo3 Imw '10m-BladQ I<br />

~SL[ ma 9s eu sag5e2o~n! a selade:, sep o&nq!z~s!(l


Fig. 14 - Áreas intervenciona<strong>da</strong>s por Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva no complexo <strong>da</strong> Sé de Braga.<br />

Distribuiçáo <strong>da</strong>s capelas e invocações na Sé em 1758<br />

I Capela-mor. Altar com relíquias múltiplas.<br />

2 Capela <strong>do</strong> Santissima Sacmento.<br />

3 Capela <strong>da</strong> Santissima Trin<strong>da</strong>de.<br />

4 Capela com altar duplo de Santo Ovídio e<br />

Senhor <strong>da</strong> Agonia.<br />

5 Capela de S. Pedra de Rates.<br />

6 Capela de S. Martinha de Dume.<br />

7 Capela com altar dupla de Santa Cecília e<br />

Senhora <strong>da</strong>s Angústias.<br />

8 Capela <strong>do</strong> Santuáio - Relíquias.<br />

9 Capcla de S. Brás e S. Sebastião.<br />

10 Capela de Santa Homem Bom.<br />

I1 Altar de S. Bento.<br />

12 Altar de S. Rodrigo.<br />

13 Capela de Na. Sra. <strong>da</strong> Ros~o.<br />

14 Capela de Na. Sra. <strong>do</strong> Loreto.<br />

15 Capela <strong>da</strong>s Almas.


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Obras de pedraria na Sé de Braga (1690-1735)<br />

DATA DO LCCAUZAÇ&O OBRA ARREMATANTE<br />

CONTRATO DA OBRA<br />

(Grau profissional)<br />

1690, Nova saaistia o. .preven<strong>do</strong> a muita necess~<strong>da</strong>de Maouel de Carvalho<br />

Dezembro, que esta Santa %e tinha de buma (Mestre pnirefro)<br />

13 Ia' sacristia. para serviço delln<br />

ardeuoram se fizesse a dita<br />

soncristia no sitia <strong>do</strong>s claustros de<br />

Santo Amaron<br />

O pIOJeEI0 foi de DommgosLopes<br />

1698, Nova sacnsm Constmçfco <strong>da</strong> sacristia <strong>da</strong> Sé. Pascoal Feninndes<br />

Abril, 28 Pona trnvessa segun<strong>do</strong> projecto de Jaria Antunes Manuel Femandes<br />

Casa anexa ti Acabar a casa aasima <strong>da</strong> sacnstia <strong>da</strong> Sdva<br />

sacrrsha que esta pnnsxpiadw, e fazer a (Mestres pedreiros)<br />

mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> ponn trnvessn <strong>da</strong> SE<br />

1706, Marp, Casa <strong>do</strong> Construçfco <strong>da</strong> nobra <strong>do</strong> prolongo Pnscoal Femandes<br />

I1 I* Tesoum e etopo<strong>da</strong>çasa<strong>do</strong>the~oaroecanono Manuel Femandes<br />

CsltOno <strong>da</strong> dnMitraa,anexaàsaerisfia,a,aq~~al <strong>da</strong> Silva<br />

Mitra obra pela parte extenor ha-de ser (Arquitectos)<br />

feira de canma na forma <strong>da</strong> d*ta<br />

sacresha com esca<strong>da</strong>s portas e<br />

almatios fresm e tnbuna et mera<br />

eahba<strong>da</strong>sn OprojectafoideI~ão<br />

Antunes.<br />

1707, Capela de Recansmç7to desde alicerces <strong>da</strong> Manuel Femandes <strong>da</strong><br />

Setembro. S. Ganl<strong>do</strong> capela de S Geral<strong>do</strong> Sùva<br />

24 Ia (Mestre arquitem de<br />

pedrana)<br />

1707, Capela de Construç50 <strong>da</strong> ncaza junta a Manuel Femandes <strong>da</strong><br />

Novembro, s M*,,~O sanchristia <strong>do</strong> sul <strong>da</strong> Santa see Silva<br />

26 I" Casa. desta ci<strong>da</strong>de como tnmbem a obm (Mestre arquitecto de<br />

<strong>da</strong> capella de Snm Martinhaa pedraia)<br />

A.D.B. - Nora Geral, I' série, n. 451, &. 124-126. SMITH, Robert C. -A Sacrisfio <strong>do</strong> Terouro<br />

<strong>da</strong> SP Priniaciat, Sep. <strong>da</strong> Revista ~Bracsra Augusfan, vol. XXN, fase. 57-58. B rm 1922, pp. 17-<br />

-22.<br />

A.D.B. - Note Geml, 1' série, n. 480, tis. 32-31. <strong>Idem</strong> - ibldem. pp. 22-25.<br />

'* A.D.B. - No10 Geral, 1% n6rie. n. 516, fls. 5-6". <strong>Idem</strong> - ibidenr. pp. 25-27,<br />

IAl A.D.B. - Nntn Oeral, 1' série, a. 522, fls. 69-70", ROCHA, Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> - Arqui-<br />

mcfgm Civil e Relyiosa .... p. 198.<br />

A.D.B. - Nora Ger4 I' &ne, n. 523, fls. 8-9. <strong>Idem</strong> - ihiden~. p. 198.


CAPITULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA. A OBRA<br />

DATA DO LOCAUZAÇÃO OBRA ARREMATANTE<br />

CONTRATD DA DBRA<br />

(Grau nrofissional)<br />

1707, Capela <strong>da</strong> ReconstmçHo <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> San- Manuel Femandes <strong>da</strong><br />

Dezembro, Santiss~ma tissima Trin<strong>da</strong>de na «mesma for- Silva<br />

16 '" Trin<strong>da</strong>de ma e tamanho e altura e Iargurn <strong>da</strong> (Mestre arquitecto de.<br />

<strong>do</strong> Senhor <strong>da</strong> dita Sma See com pedma)<br />

o fun<strong>do</strong> que poder ser de abobe<strong>da</strong><br />

de rompantes*<br />

1709, Abnl, Capela <strong>do</strong> Cons~ução de porta pm acesso à Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

29 '3' Santissimo sacnstin <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> Santíssimo Stlvn<br />

Sacramento Sacrmento. (Mesü-e aquifect~ de<br />

pedrana)<br />

1710, Agosto, C9pelas de $ Reconstmção <strong>da</strong>s capelas de S NOguel Femandes,<br />

26 L* Pedro de Pedm de Rates e S Mamnho se- Filipe Vicente "'<br />

Rntes e S. guin<strong>do</strong> a planta e o modelo <strong>da</strong> (Mestres pedreiros)<br />

Martinho capela <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de.<br />

1712, Maio, C?sn <strong>da</strong> Constnição de cwpaa a Fábrica Domingos Gonçalves<br />

9 1x5 FBbnca <strong>da</strong> Sé dn. Sé, no *Terreiro que fica por (Me- pedreiro)<br />

deu& <strong>da</strong> samchnstia nova»<br />

I7i3, Julho, Parede e porta Constniçiio de uma «paita<strong>da</strong> <strong>do</strong> Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

30 '" travessa para mecmo feitio que a <strong>da</strong> samchristla Silva<br />

acesso ao nova <strong>da</strong>n<strong>do</strong> porella serventla para (Mestre pedreuo)<br />

clausiro de S o clausIran e de shum arco para<br />

Amam umacapelmhaparaSantoAnt~ntoo<br />

Capela de com capaci<strong>da</strong>de para se dizer<br />

Santo António misin<br />

1711, Agosto, Zimbóno <strong>do</strong> ConstruçXo <strong>do</strong> «zimborio no Manuel Pernandes <strong>da</strong><br />

19 "" arco emzeiro cruzeiro <strong>da</strong> capela mar <strong>da</strong> dita Silva<br />

Ssnta Seu mestre pedreuo)<br />

I" AD.B. - Nora Geml. 1' série, n. 523, fls. 42-42v. <strong>Idem</strong> - ibidem, p. 199.<br />

'" A.D.B. - Nora Geml, 1. série, n. 528. fls. 80v-81v. <strong>Idem</strong> - ibidem. pp. 199-200.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 533. tis. 167-167v. <strong>Idem</strong> - ibidem, pp. 67-68.<br />

lRs A demarche de D. José de Menezes para se reoanstniir essa capela segun<strong>do</strong> projecto de Manuel<br />

Pinto de Vilalobos, ao contrário <strong>do</strong> que aponta Miguel Soromenho, náa suiriu efeito. Só em 1709 Mi-<br />

guel Fernandes e Filipe Vimte assumem o compromisso de reconsuuqãa <strong>da</strong> cape$. O projeom de Vi-<br />

laiobas deve ter si<strong>do</strong> esqueci<strong>do</strong>, porque a referência de otiemFjo para os mestres pedreiros 6 a capela<br />

<strong>da</strong> Santís&ima Ttin<strong>da</strong>de. Ver SOROMENHO, Miguel - ".c., p. 62.<br />

1% A.D.B. - Nofa Geral, I" s€rie, n. 940, fls. 114-1 15. ROCHA, Manuel loaqnim Moreira <strong>da</strong> - Ai'qin-<br />

recruro Civil e Religiao ..., p. 105.<br />

A.D.B. - Nora Geral. 1" serie. n. 545, fls. 136-137. <strong>Idem</strong> - ihidsm. p. 2W.<br />

'08 A.D.B. - Nora Geral, I' série. n. 545, ris. 185-186. <strong>Idem</strong> - ibidem, p. 200


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

DATA DO LOCAL~A~ÃO OBRA ARREMATANTE<br />

CONTRATO DA OBRA<br />

(Grau profissional)<br />

1715, Julho, Freslas na u. .fazer catore frestas nas pare- Manuel Femandes <strong>da</strong><br />

3 '* nave central e des <strong>da</strong> dita Santa See ( .) e por Silva<br />

passadiço bauo <strong>da</strong>sditas frestas e dns <strong>do</strong> ca- (Mestre pedreiro)<br />

m pela parte de fora metera hum<br />

pasadissou<br />

1723, Torres e Reconsm@o <strong>da</strong>s torres e faoha<strong>da</strong> Manue.1 Fernandes <strong>da</strong><br />

Fevemro, facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé acima <strong>da</strong> &I&. Silva<br />

21 I* (Mestre pedreiro)<br />

1735. Junho, Zunbdno para Canstmção de um zimb6no. para Jos6 Ribnra;<br />

3 7m o orgáo iluminação <strong>do</strong>s novos orgãos, no André Lopes<br />

Z0 tramo <strong>da</strong> nave eentd. (Mestres pedreiros)<br />

1.1.2. A Igreja<br />

1.1.2.1. Capela de S. Martinho de Dume e Outras Obras<br />

Em 1606 D. Frei Agostinho de Jesus altera a invocação <strong>da</strong> capela de S. Marta para<br />

aí instalar as relíquias de S. Martinho de Dume2", que trasla<strong>da</strong>ra <strong>da</strong> igreja de Dume,<br />

em cerimónia organiza<strong>da</strong> pelos Jesuítas 'O3.<br />

Situa<strong>da</strong> na cabeceira <strong>da</strong> Sé, sofre reconstmçâo no início <strong>do</strong> século XViU, realizan<strong>do</strong>-<br />

-se escritura pública <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 26 de Novembro de 1707 204, entre o Fabriqueiro<br />

<strong>da</strong> Sé, o Cónego Bento Maciel, e o artista.<br />

Segun<strong>do</strong> este <strong>do</strong>cumento (Doc. n. 11) o mestre Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva além<br />

de se comprometer fazer uma nova casa junto à sacristia, empreenderia também<br />

a «obra <strong>da</strong> capela de Sam Martinho~~, trabalho que iniciaria depois de termina<strong>da</strong><br />

a capela de S. Geral<strong>do</strong>: «declarou elle dito mestre que o principio desta obra <strong>da</strong><br />

capela e frestas não sera obriga<strong>do</strong> a continuar com ella se não dipois que acabar<br />

a obra <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong> que lhe tem man<strong>da</strong><strong>do</strong> fazer o nlustrissimo Senhor<br />

Arcebispo* 2".<br />

'* A.D.B. - Nota Geral, I' série. n. 554, iis. 66-66v. <strong>Idem</strong> - ibidenz, p. 201.<br />

?m A.D.B. - Nora Geral, 1' serie, n. 594, fls. 83-85. <strong>Idem</strong> - ibidern, p. 204.<br />

"' A.D.B. - Nota Gerei, 1' série, n. 653, fls. 25-26. <strong>Idem</strong> - ibidern, p. 173.<br />

'" ROCHA, Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> - Altares e Inuocações .... p. 44.<br />

:O' CUNHA, R&go <strong>da</strong> (Dom) - ".c, vol. I, p. 327.<br />

A.D.B. -Nota Geral, 1' s6rie. n. 523, fls. 8-9. Ver ROCHA. Manuel Joaquim Marein <strong>da</strong> - Aqui-<br />

tectxrn Civil e Religiosa ..., p. 198.<br />

?9$ <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

'a, <strong>Idem</strong> - ibideni.


Esta reconsmção seria feita una mesma forma e tamanho que a <strong>do</strong> Santissimo<br />

Sacrament~u~"~, excepto o comprimento que não poderia uih-apassar o <strong>da</strong> capela<br />

<strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de.<br />

Pode-se admitir que a capela <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento devia ter sofri<strong>do</strong> já tra-<br />

tamento paralelo, uma vez que quanto h pedraria estipula<strong>da</strong> neste contrato se exi-<br />

ge a perfeição encontra<strong>da</strong> naquele espaço: «com declaração que deixara tu<strong>do</strong><br />

prefeito e acaba<strong>do</strong> <strong>da</strong> capela o que toca a pedraria na mesma forma que a <strong>do</strong><br />

Santisimon '"*.<br />

Quanto à cobertura, seria de pedra, em abóba<strong>da</strong> de rompantes forman<strong>do</strong> caixotões,<br />

e sobre esta os «telha<strong>do</strong>s feitos e argamassa<strong>do</strong>s em cal sobre entulho sem madeira<br />

alguma». Se na construção <strong>da</strong> capela o mestre necessitasse refazer a parede meeira<br />

com a capela de S. Pedro de Rates, o trabalho seria suporta<strong>do</strong> em partes iguais<br />

pelo Fabriqueiro e por Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva, responsabiiizan<strong>do</strong>-se ain<strong>da</strong> pela<br />

segurança a<strong>da</strong>s mais paredes <strong>da</strong> See que bolir por respeito desta obran 209.<br />

Do sistema de iluminação o <strong>do</strong>cumento não é muito esclarece<strong>do</strong>r, exigin<strong>do</strong>-se-lhe<br />

que fizesse «na parede fronteira a capela sobredita duas frestas na mesma forma<br />

e tamanho que estão feitas defronte <strong>da</strong> capela de S. Pedro de Ratesa 2i0.<br />

Para além <strong>da</strong> mão-de-obra o anista forneceria to<strong>do</strong>s os materiais precisos, poden<strong>do</strong><br />

aproveitar a pedra que saísse <strong>da</strong> demoliçáo <strong>da</strong> capela velha.<br />

Não caberia a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva a sua execução. Em 1710 Mignel Feman-<br />

des e Filipe Vicente assumem a reeonstnição <strong>da</strong>s capelas de S. Maríinho e S. Pe-<br />

&o. náo sem serem alerta<strong>do</strong>s que devem seguir o modelo <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> Santissima<br />

Trin<strong>da</strong>de (Ver QUADRO <strong>da</strong>s obras de Pedraria na Sé...). A quanti<strong>da</strong>de de obras<br />

que trazia em mãos na Sé devem-no ter impedi<strong>do</strong> de <strong>da</strong>r resposta tão pronta quan-<br />

to esperavam. O próprio <strong>do</strong>cumento fornece essa pista: an<strong>da</strong>va em curso com as<br />

obras <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong>, com estava *acaban<strong>do</strong>» uma casa «para os despejos<br />

<strong>da</strong> Fabrica*.<br />

Em 1713 o entalha<strong>do</strong>s Francisco Macha<strong>do</strong>, de Landii, <strong>do</strong>ta-a de retábulo de ta-<br />

lha2", e em 1725 o espaço individualiza-se com as grades de pau preto que a li-<br />

mitam <strong>do</strong> transepto, feitas «na forma em que esta a <strong>da</strong> capela mor acaba<strong>da</strong> com<br />

latoens <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s» 2'+pelo ensambla<strong>do</strong>r José <strong>do</strong>s Reis.<br />

Se a capela não teve realização <strong>da</strong> sua parte, como parece óbvio, o mesmo não<br />

se pode dizer <strong>da</strong> nobra <strong>da</strong> caza junto a samchristia <strong>da</strong> Santa See», que o mestre<br />

'" <strong>Idem</strong> - drdenz<br />

" <strong>Idem</strong> - rbidem<br />

" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

"O <strong>Idem</strong> - ibúiem<br />

ROCHA, Manuel Jonquim Moreira <strong>da</strong> - Alzares e lnvocqães na Se , p. 40<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibidem, p 48


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

faria junto <strong>da</strong> casa nova «que an<strong>da</strong> acaban<strong>do</strong>». De resto o preço desta casa ficou<br />

fora <strong>do</strong> contrato.<br />

A casa faz esquina com o topo Nascente <strong>da</strong> Sé. Seria construí<strong>da</strong> de cabobe<strong>da</strong> em<br />

baixo e em sima de tejollo na mesma forma que as <strong>da</strong> outra caza que an<strong>da</strong> acaban-<br />

<strong>do</strong>». Os preços aqui pratica<strong>do</strong>s eram iguais aos estipula<strong>do</strong>s para os componentes<br />

arquitectónicos <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong>.<br />

1.1.2.2. Capela <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de<br />

O Chego Bento Maciel, na categoria de Juiz <strong>da</strong> Confraria <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de,<br />

confraria essa responsabiliza<strong>da</strong> pela manutenção <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> mesma invocação,<br />

vat ao cartório <strong>do</strong> tabelião Manuel de Sousa para celebrar contrato de obra de pedraria<br />

com Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva (Doc. 11.12). A <strong>da</strong>ta <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento é de 17<br />

de Dezembro de 1707 'I3.<br />

Pretendia-se fazer «de novo <strong>da</strong> mesma forma e tamanho e altura e largura <strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

Senhor <strong>da</strong> dita Santa See com o fun<strong>do</strong> que poder sem2I4a construção <strong>da</strong> capela<br />

<strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de. O trabalho deve ter si<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong> att 1709, pois neste<br />

ano a confraria contrata o entalha<strong>do</strong>r Luís Vieira <strong>da</strong> Gmz para a execu~ão <strong>do</strong> retábulo<br />

<strong>da</strong> capela ?I5.<br />

Formalmente as exigências são idênticas <strong>da</strong> obra <strong>da</strong> capela de S. Martinbo: o<br />

espaço seria aboba<strong>da</strong><strong>do</strong>, esclarecen<strong>do</strong>-se, «de abobe<strong>da</strong> de rompantes de pedra» "6,<br />

levan<strong>do</strong> duas frestas na «parede fronteira a sobredita capella (...) <strong>da</strong> mesma forma<br />

e tamanho que as que estão feitas defronte a capella de S. Pedro de Ratesn 2'7.<br />

Estan<strong>do</strong> em construção a casa para reuniões <strong>da</strong> Mesa <strong>da</strong> confraria, o mestre far-<br />

-lhe-ia uma porta2", que permitisse a ligação entre a capela e a sala de reuniões.<br />

To<strong>da</strong> a obra correria por conta de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva - materiais e mão-<br />

-de-obra - inclusivamente os telha<strong>do</strong>s que desfizer ou quebrar, pelo custo de quinhentos<br />

mil réis, pagos 2/5 no início <strong>da</strong> obra e o restante em pagamentos conforme<br />

a obra fosse corren<strong>do</strong>.<br />

O prazo para conclusão <strong>do</strong> trabalho náo é contempla<strong>do</strong> no contrato, alertan<strong>do</strong>-se<br />

que o mestre o fizesse «com to<strong>da</strong> a brevi<strong>da</strong>de possivel>n.<br />

"Q.D.B. - Nnru Geral. I' série. n. 523. iis. 42.42~. Ver ROCHA, Mnnuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> - Arqrri-<br />

recmrri Civil e Religio.sn ..., p. 198.<br />

'IJ <strong>Idem</strong> - iúidenr.<br />

"I ROCHA. Manud Joaquim Morein <strong>da</strong> - Alrare.? e Invocaç6er ..., p. 40. Doc. çit. por SMITH, Ro-<br />

bea C. - Frei José .... vol. I, p. 166, nata 23.<br />

"".D.B. - Nora Gernl, I' sdrie. n. 523, flr. 4242v.<br />

?" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

"% ... e mais fara huma pma para a caza <strong>da</strong> Meza que se fas nova com a segurnnça <strong>da</strong>s mais pa-<br />

redes <strong>da</strong> See que bolirr. <strong>Idem</strong> - ibideiit.


1.1.2.3. Acesso <strong>da</strong> Capela <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento<br />

para a Sacristia Privativa<br />

A confraria <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento ten<strong>do</strong> em Mesa decidi<strong>do</strong> fazer novo acesso<br />

entre a capela e sacristia, lavra, para tanto, contrato notarial com Manuel Fernandes<br />

<strong>da</strong> Silva incumbin<strong>do</strong>-o <strong>da</strong> sua execução @oc. n.13). No acto notarial, lavra<strong>do</strong> a<br />

29 de Abril de 1709 'Iq, estiveram presentes, pela parte <strong>da</strong> confraria, os <strong>do</strong>is juízes<br />

que a representavam: Diogo de Sousa e o Cônego António Pais Nogueira de Miran&.<br />

O <strong>do</strong>cumento não está completo; faltam as testemunhas e as assinamas. Não<br />

terá Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva realiza<strong>do</strong> a obra? A hipótese é, acreditamos, pouco<br />

provável, uma vez que segue o desenvolvimento lógico <strong>da</strong> sua intervenção na<br />

zona <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de. Por qualquer motivo as testemunhas não<br />

estavam presentes no acta notarial, e por lapso, posteriormente, o <strong>do</strong>cumento não<br />

foi assina<strong>do</strong>. A obra, entretanto, foi realiza<strong>da</strong> e subsiste. Vejamos o seu teor. O<br />

mestre rompena a parede entre a capela <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento e a <strong>da</strong> Santíssima<br />

Trin<strong>da</strong>de, e levantaria duas novas paredes, mais estreitas - com um palmo de largura<br />

ca<strong>da</strong> uma -, deixan<strong>do</strong> um corre<strong>do</strong>r de acesso entre as paredes, com quatro<br />

palmos de largura. As paredes a construir seriam de cprepianho de hum palmo de<br />

grosso que com os coatm de largura <strong>da</strong> serventia farão seis que he grusura que<br />

terão as ditas paredes~~'~. Sobre esras paredes colocar-se-iam aduelas inteiras para<br />

cobrir o corre<strong>do</strong>r, *para maior segurança <strong>da</strong>s ditas capellasr.<br />

As paredes volta<strong>da</strong>s para a capela eram forra<strong>da</strong>s de azulejos, que ao mestre competia<br />

tirar por sua conta e tornar a assentar, para rque fique na mesma Forma em que<br />

hoje esta%221; enquanto que os ejuizes e mais officiais man<strong>da</strong>rão tirar por sua conta<br />

a parte <strong>do</strong> retahollo que for necessario tirar-lhe para a feitoria <strong>da</strong> dita obra,,.<br />

Por último, faria os degraus para os presbitérios <strong>da</strong>s duas capelas.<br />

Pela obra recebia setenta mil r&, quarenta no início, e o restante depois <strong>do</strong> trabalho<br />

avalia<strong>do</strong> «por <strong>do</strong>is mestres que entendão se esta feita segur~, com a condição<br />

de o <strong>da</strong>r pronto uathe o dia de Domingo <strong>do</strong> Anjo deste mesmo annou. Só poderia<br />

iniciar a obra depois <strong>do</strong> «Domingo <strong>do</strong> Senhor per respeito <strong>da</strong> armação e festa<br />

que se ha-de fazer*.<br />

1.1.2.4. Obras no Transepto <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho -Interior e Exterior<br />

Este contrato abrange um conjunto de obras de pedraria leva<strong>da</strong>s a efeito tanto no<br />

interior <strong>da</strong> Sé, ao nível <strong>do</strong> transepto, para instalação <strong>do</strong> altar duplo de Santa Cecília<br />

'Iv A.D.B. - Nora Geral, I' sétie, n. 528, tis. 80"-81". Cit. por ROCHA, Mnnuel Joaquim Moreira <strong>da</strong><br />

- Aryuirecrur


MANUEL FERNANDBS DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

e Senhora <strong>da</strong>s Angústias, como no claustro de Santo Amaro, onde se constroem<br />

as capelas de Santo António, de Nossa Senhora <strong>do</strong> Desterro, e ain<strong>da</strong> um nicho para<br />

funcionar como capela de S. Pedro Mártiru2, e outros pequenos arranjos.<br />

No trabalho realiza<strong>do</strong> no interior <strong>da</strong> SB houve preocupação em que a parte agora<br />

intemenciona<strong>da</strong> ficasse em correspondência, sob o ponto de vista formal,<br />

com o topo <strong>do</strong> transepto, <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Epístola, concluin<strong>do</strong>-se que aquela zona tinha,<br />

na <strong>da</strong>ta deste contrato - 30 de Julho de 1713 223 - sofri<strong>do</strong> já intervenqão<br />

arquitectónica.<br />

O <strong>do</strong>cumento explica (Doc. n. 16): far-se-ia «tium vam em baixo de pedraria tu<strong>do</strong><br />

de comprimento e altura e fun<strong>do</strong> como o <strong>do</strong> Santo Ovidio com o mesmo feitio<br />

e pedra e por sima outro na mesma forma e feitio que o <strong>do</strong> Senhor <strong>da</strong> Gonia que<br />

fes que comresponden<strong>do</strong> na mesma forma» '?*, deduzin<strong>do</strong>-se que fora igualmente<br />

o artista, Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva, o autor desse arranjo.<br />

As preocupações de equilibrjo visual entre as partes direita e esquer<strong>da</strong> vão mais<br />

longe: «fara na parede <strong>da</strong> ilharga que olha para o mesmo altar de S. Martinho huma<br />

porta<strong>da</strong> <strong>do</strong> mesmo feitio que a <strong>da</strong> samchristia nova», portal esse que <strong>da</strong>ria acesso<br />

<strong>do</strong> transepto para o claustro de Santo Amaro. Evidente é também a uniformi<strong>da</strong>de<br />

técnica como se vê pela condição imposta pelo Fabriqneiro João Duarte <strong>do</strong>s<br />

Santos, de que a pedra a utilizar nesta obra devia apresentar a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>da</strong> «capela<br />

de S. Martinhos.<br />

A intervenção abrangia o tramo que ficava em frente à capela de S. Martinho -<br />

fala-se <strong>da</strong> cobertura dessa área em uabobe<strong>da</strong> de tijollos>>, com o fecho sobre a porta<br />

travessa que se rasgaria - e ain<strong>da</strong> o espaço compreendi<strong>do</strong> entre o limite <strong>do</strong> transepto<br />

e o alinhamento <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong>, no claustro de Santo Amaro.<br />

Já tivemos oportuni<strong>da</strong>de de esclarecer, fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong>s nas Membrias Paroquiais,<br />

que os altares no transepto eram duplos. Este contrato corrobora esse <strong>da</strong><strong>do</strong> e fornece<br />

luz sobre o seu suporte arquitectónico. Além <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is arcos, um por cima<br />

<strong>do</strong> outro, receben<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> um seu retáhulo, o artista encarregar-se-ia de fazer «a<br />

sementia para o altar de sima onde milhor acomo<strong>da</strong>r a obra que seta de degraos<br />

de pedra* Para solucionar esta condição apresenta uma esca<strong>da</strong> em caracol que<br />

constrói embuti<strong>da</strong> entre a absidíola romanica e o gigante que limita a capela de<br />

S. Martinho de Dume. O acesso à absidíola é dificulta<strong>do</strong>, toman<strong>do</strong>-se mais estreito,<br />

e o gigante desbasta<strong>do</strong> para receber parte <strong>do</strong> re<strong>do</strong>n<strong>do</strong> <strong>da</strong> esca<strong>da</strong>.<br />

Volta<strong>do</strong> para o claustro de Santo Amaro, nas costas <strong>da</strong> capela dupla, forman<strong>do</strong> $ngulo<br />

recto com a capela de S. Geral<strong>do</strong>. abrir-se-ia um arco «para huma capelinha<br />

para Santo Antonio com seu altar com capaci<strong>da</strong>de para nella se poder dizer missa*.<br />

'?= BARREIROS, Manuel d'Aguinr (Padre) - o.c., p. 21.<br />

A.D.B. -Noto Geral. 1' série, n. 545. fls. 136-137. Cit. por ROCHA, Mmuel Ioaquim Mareira <strong>da</strong><br />

- Arquitectura Civil e Religiosa ..., p. 200.<br />

'" idem - ibideni.<br />

?" <strong>Idem</strong> - ibidem.


cAP~TULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

A mesma solução usaria na parede Norte à passagem <strong>do</strong> transepto para o claustro:<br />

«na sahi<strong>da</strong> para u claustro fechara hum arco com a maior largura que puder».<br />

A parede que limitava este claustro <strong>da</strong> rua seria demoli<strong>da</strong> e novamente recons-<br />

truí& com algumas inovações: «sera mais obriga<strong>do</strong> a botar abaixo a parede <strong>da</strong><br />

Rua <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Mizericordia e levanta-la athe a altura <strong>do</strong> coro de S. Geral<strong>do</strong>*,<br />

sen<strong>do</strong> embeleza<strong>da</strong> com a mesma eornixa velha (...) e lhe assentara as mesmas<br />

ameiasa "6. Esta parede, alinha<strong>da</strong> com o muro exterior <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong>,<br />

seria conshuí<strong>da</strong> em cantaria «na forma <strong>da</strong> de Sam Geral<strong>do</strong> athe sima e por dentro<br />

tosca e reboca<strong>da</strong> muito bem*. Nela se abriria, ao meio, uma porta, ladea<strong>da</strong>, de am-<br />

has as partes, por uma fresta, uduta<strong>da</strong>s <strong>da</strong> altura e comprimento que a parede pre-<br />

mitiw; e, <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> claustro, «hum arco de pedraria entre a dita porta <strong>da</strong> rua e<br />

parede de S. Geral<strong>do</strong> com capasi<strong>da</strong>de de altar para se dizer missa com degraos<br />

que para subir a elle forem necessariosu.<br />

Entre o piso <strong>do</strong> claustro de Santo Amaro e o pavimento <strong>da</strong> Sé havia um desnível<br />

que foi colmata<strong>do</strong> com alguns degraus.<br />

A obra era de alguma envergadura como testemunha a sua descrição e o confir-<br />

ma o preço ajusta<strong>do</strong> com o mestre pedreiro, de quinhentos e quarenta mil réis, ex-<br />

cluf<strong>da</strong>s a cal e as grades, e teria de estar termina<strong>da</strong> no mês de Fevereiro <strong>do</strong> ano<br />

seguinte. Caso contrário perderia trinta mil réis.<br />

1.1.2.5. O Sistema de Iluminação<br />

A necessi<strong>da</strong>de de aumentar a luz no interior <strong>do</strong>s edifícios religiosos encontra<br />

fun<strong>da</strong>mento na &gni<strong>da</strong>de e disciplina, que se espera caractenze a postura <strong>do</strong> cren-<br />

te barroco na vivência <strong>da</strong> sacrali<strong>da</strong>de, promoven<strong>do</strong> o respeito na área <strong>do</strong>s con-<br />

fessionários e a visualização <strong>da</strong>s imagens e actos litúrgicos 227.<br />

A cor possui um código que 6 capta<strong>do</strong> sensitivamente ao qual as direcfivas triden-<br />

tinas não sáo alheias, normalizan<strong>do</strong> o seu uso em acessórios amovíveis utiliza<strong>do</strong>s<br />

na montagem <strong>do</strong> cenário religioso, de acor<strong>do</strong> com as fases <strong>do</strong> ciclo litiirgico e a<br />

hierarquizaç&o invocativa.<br />

aos retabolos <strong>da</strong>s Igrejas terão cortinas com que se cubrão, brancas<br />

ou vermelhas, ou de outra cor decente, que servirão pelo discurso <strong>do</strong><br />

anno; e para a Quaresma te rã^ pannos pretos com passos <strong>da</strong> sagra<strong>da</strong><br />

Paixão, as cruzes pinta<strong>da</strong>s. E sobre os altares avera sobreceos de se-<br />

<strong>da</strong>, ou linho com suas sanefas e franjas ao re<strong>do</strong>r. Sobre o sacrario <strong>do</strong><br />

Santissimo Sacramento haverd hum pavelhão de se<strong>da</strong> vermelha, to<strong>do</strong><br />

'lb <strong>Idem</strong> - tbcdeni.<br />

"' REIS, Antbnio Matos - A arfe sob o &de de D Rodrtgo de Moura Teler, in


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO 11683-1751)<br />

franja<strong>do</strong>, com seu capello; e para a Quaresma, e Advento outro de se<strong>da</strong><br />

roxa. E enl ca<strong>da</strong> altar haverá huma cruz de pão <strong>do</strong>ura<strong>da</strong> com seu pe<br />

e huma raboa <strong>da</strong> sacra com molduras <strong>do</strong>ura<strong>da</strong>s ov pinhidwu<br />

Essas cores apõem-se às já utiliza<strong>da</strong>s como fornativas <strong>do</strong> espaço, tanto na policro-<br />

mia azulejar como refabilística, onde sobressaem, neste início <strong>do</strong> século XVIII, O<br />

azul, o branco e o <strong>do</strong>ura<strong>da</strong>, associaçáo na qual historia<strong>do</strong>res <strong>da</strong> arte encontraram<br />

a especifiu<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arte bmoca portuguesa 'S<br />

A cor altera profun<strong>da</strong>mente o interior sagra<strong>do</strong>, converten<strong>do</strong>-se, na expressão de<br />

Fernandes Pereira, «no próprio espectáculo barroco, compensan<strong>do</strong> e substituin<strong>do</strong><br />

uma arquitectura de fslego reduzi<strong>do</strong>u na.<br />

Para realçar os efeitos feéricos <strong>da</strong> cor é neces&io luz. Por outro Ia<strong>do</strong>, sempre a<br />

mentali<strong>da</strong>de católica associou luz <strong>do</strong> sol a luz espiritual.<br />

As potenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> luz não são estranhas a D. Rodrigo & Moura Teles quan<strong>do</strong><br />

na remodela@o <strong>do</strong> seu Paço Episcopal coloca, ao ermo <strong>da</strong> esca<strong>da</strong>ria nobre, uma<br />

figura que segura um facho na mão '3', que, juntamente com a cattela, aludem ao<br />

senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> Visão.<br />

Tanto o pensamento religioso como os valores sensitivos barrocos sobre cor e luz,<br />

conduziriam à introdução de alteraçGes arquitectónicas nos espaços antigos, «ao ras-<br />

ga.r de novas portas e janelas ou à ampliaçáo <strong>da</strong>s já existentes* z'2.<br />

Transforma<strong>da</strong> que estava a zma <strong>da</strong> cabeceira <strong>da</strong> S6, urgia resolver o problema <strong>da</strong><br />

iluminação. Para tanto Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva constrói uma torre lanterna no<br />

cruzeiro e um conjunto de catorze frestas ao longo <strong>da</strong> nave principal, sete de ca<strong>da</strong><br />

la<strong>do</strong>. A propósito destas duas aquisiçães, Boaventura Maciel Aranha escreveu em<br />

1743: xhurna e outra couza dá a esta famosa Basílica a admiravel clari<strong>da</strong>de, de<br />

que muito carecim 23'.<br />

1 .I .2.5.1. A Torre Lanterna <strong>do</strong> Cruzeiro (fot. 6)<br />

Na<strong>da</strong> sabemos <strong>da</strong> estrutura arquitectónica que foi substituí<strong>da</strong> pela construçtío <strong>da</strong><br />

torre lanterna <strong>do</strong> cruzeiro, tão apenas que em 1713 não respondia às novas preten-<br />

Consrrririçoenr Sino<strong>da</strong>o <strong>do</strong> Arceb~~padn de Braga ordena<strong>da</strong>s pelo IIE~tsfnssrino Sor. Arcebispo D<br />

SEbn*trio de Maos Senof no Anno de 1639 E man<strong>da</strong><strong>da</strong>! emprimir aprimeira vez pelo Illu~tnS.8imo<br />

Senhor D João de Sousn (or) Arsibispo es de Braga Primas <strong>do</strong>s Erpnnhrrs eia Joneyrci de 1697, Lisboa,<br />

Offictna de Migwl üednn<strong>da</strong> - impressor de Sua Magestade, 1697, p. 332<br />

" PEREIRA. José Femandw - Policromin, in Dioionúrio <strong>da</strong> Arrr Barrttca ein Purrugai. L~sboa, Ed<br />

Presença. 1989, p 365<br />

<strong>Idem</strong> - rbidem. p 365<br />

"' REIS, Antánio Maros - ar1 c, p 380.<br />

3: <strong>Idem</strong> - rbrdem, p 376.<br />

'9 ARANHA, Boaventura Maael - Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Morte e Descui<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> Via, Lisboa, 1743, p. 674<br />

Cit por REIS, António Matos - art til. p 376


CAPITULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA. A OBRA<br />

sões lumínicas. O Cónego João Duarte <strong>do</strong>s Santos, como Administra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Fá-<br />

brica <strong>da</strong> Sé, vai contratar, em I9 de Agosto desse ano '", o mestre pedreiro Ma-<br />

nuel Fernandes <strong>da</strong> Silva para afazer a obra de pedraria <strong>do</strong> zimborio no cmzei-<br />

ro <strong>da</strong> capela mor <strong>da</strong> dita Santa See na forma <strong>do</strong> risco que para esse effeito se<br />

fes* 2" (Doc. n. 17).<br />

Volumetricamente a torre lanterna, de planta quadrangular, desenha uma caixa com<br />

cobertura pirami<strong>da</strong>l. No exterior os elementos de animação são pobres: a par <strong>do</strong>s<br />

óculos rasga<strong>do</strong>s ovalóides, que comunicam a luz ao interior, os fogaréus, ergui<strong>do</strong>s<br />

nos cantos, cuja execução o contrato não refere. Além disso, =sobre a parede ha-<br />

de levar por fora tambem de pedraria sua gurneção de papo de roiia* ", muros<br />

esses que seriam construí<strong>do</strong>s em enxilhana.<br />

Por deníro a linguagem plástica é mais explora<strong>da</strong>, tanto na própria arquitectura -<br />

moldura que limita ca<strong>da</strong> óculo e tarjetas - como na combinação <strong>do</strong> azulejo, <strong>da</strong><br />

escultura em madeira <strong>do</strong>ura<strong>da</strong> e <strong>da</strong> pintura. De resto a associação entre arquitec-<br />

tura e escultura é logo prevista quan<strong>do</strong> a obra s6 está no <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> projecto: o<br />

mestre faria to<strong>do</strong> o trabalho de pedraria aexcepto as figuras <strong>do</strong>s cantos e frizo que<br />

bam-de ser de madeira* '".<br />

Ca<strong>da</strong> canto recebeu um quemhim que se sohrepos aos upillares de pedraria em que<br />

hão-de emcastar as ditas figurasx 238.<br />

To<strong>do</strong>s os cheios <strong>do</strong>s muros são forra<strong>do</strong>s a azulejos azuis e brancos.<br />

Pelo trabalho elabora<strong>do</strong> na forma <strong>da</strong> planta receberia seiscentos e cinquenta mil<br />

réis, com a condição de o fazer eathe o fim <strong>do</strong> mes de Janeiro <strong>do</strong> anno que vem<br />

de mil setecentos e catorze>. Falhan<strong>do</strong> perderia vinte mil réis. Além deste preço<br />

João Duarte <strong>do</strong>s Santos <strong>da</strong>r-lhe-ia mais quinze mil réis: oito mil para a cal, e sete<br />

mil <strong>da</strong> afresta que elle dito mestre disse se lhe devia <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Co-<br />

nigo Bento Masiel fabriqueiro que Foi <strong>da</strong> dita Seen 2".<br />

1.1.2.5.2. Frestas <strong>da</strong> Nave Central<br />

São catorze as frestas que pelo contrato de 3 de Julho de 1715240, 0 Fabriqueiro<br />

<strong>da</strong> Sé, que era o mesmo de 1713, arrematou com Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva para<br />

fazer nas paredes <strong>da</strong> nave cennal (Doc. n 19).<br />

"' A.D.B. - Nora Geral, I' série, n. 545, fls. 185-186. Cit. por ROCHA, Manuel Joaquim Morein <strong>da</strong><br />

- Arqi


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Ca<strong>da</strong> fresta seguiria o modelo <strong>da</strong>s <strong>do</strong> coro, tanto de &comprimento, altura e feitio%,<br />

localizan<strong>do</strong>.se «duas entre ca<strong>da</strong> vam <strong>do</strong>s arcos de huma e outra parte» 24'.<br />

A acompanhar ai frestas, no exterior, abrir-se-ia um passadiço que correna <strong>do</strong><br />

transepto até às t om <strong>do</strong> frontispício, como estipula<strong>do</strong> no próprio <strong>do</strong>cumento: tce<br />

por baixo <strong>da</strong>s soleiras <strong>da</strong>s ditas frestas e <strong>da</strong>s <strong>do</strong> coro pela parte de fora metera<br />

hum passadisso de <strong>do</strong>is palmos e meio de largo e de feitio <strong>do</strong> <strong>do</strong> zimborio o qual<br />

passadisso de huma e outra parte por fora <strong>da</strong> See hade correr desde o zimborio<br />

athe topar nas torrem 24z. Aqui abriria uma esca<strong>da</strong> que lhe facultasse o acesso e<br />

serventia.<br />

No interior, patalelo ao passadiço, exige-se a construção de uma saca<strong>da</strong>, wom lar-<br />

gura proporsiona<strong>da</strong> <strong>do</strong> feitio <strong>da</strong> <strong>da</strong> baran<strong>da</strong> de dentro <strong>do</strong> zimborioa ", como que<br />

para formar uma galeria que não podemos analisar porque foi alvo de interven-<br />

ções posteriores. Fica-nos a opinião controversa de Aguiar Barreira:<br />


CAPITULO I11 - MANUEL FERNANDBS DA SILVA. A OBRA<br />

-


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

Para in<strong>da</strong>gar se a estrutura arquitectónica tinha capaci<strong>da</strong>de para receber esse melho-<br />

ramento, foi convoca<strong>da</strong> uma peritagem efectua<strong>da</strong> pelo arquitecto portnense Panta-<br />

leão <strong>da</strong> Rocha de Magalhães, acompanha<strong>do</strong> por três mestres pedreiros (Doc. n 6):<br />


CAPÍTULO 111 - MANU6L FERNANDPS DA SILVA A OBRA<br />

Pantaleão <strong>da</strong> Rocha de Magalhãw, que era mestre capela <strong>da</strong> Séz5?. É possível que<br />

esta ligação levasse o arquitecto até Braga para responder às necessi<strong>da</strong>des tCcnicas<br />

de D. João de Sousa no desenvolvimento <strong>da</strong> sua intemenção construtiva, de<br />

resto sempre anterior a 1703, que é o ano em que falece o arquitecto 2".<br />

Menos estranha é a constituição <strong>da</strong> sua equipa. Pantaleáo Vieira, mestre pedreiro<br />

com activi<strong>da</strong>de reconheci<strong>da</strong> na &a <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> no Último quartel <strong>do</strong> século XW2\<br />

e Pascoal Femandes estiveram juntos na consmição <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> Ordem Terceira<br />

de S. Domingos, no <strong>Porto</strong>, a trabalhar sob projecto de Pantaleão <strong>da</strong> Rocha'". Manuel<br />

Femandes <strong>da</strong> Silva não cmce de explicação, pois vai trabalhan<strong>do</strong>, como já<br />

vimos, ao la<strong>do</strong> de seu pai no inicio <strong>da</strong> carreira.<br />

Quanto a Manyel Pinto de Vilalobos era um técnico avalia<strong>do</strong>, familiar ao Minha,<br />

neste final <strong>do</strong> século XVU.<br />

Na<strong>da</strong> sabemos sobre a concretização <strong>da</strong> ptetensão.<br />

Pouco tempo depois, em 1714, as torres necessitavam de reparação, o que nos leva<br />

a in<strong>da</strong>gar as pentagens. O Administra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Fábrica <strong>da</strong> Sé, João Duatte <strong>do</strong>s Santos,<br />

recorre ao poder central pedin<strong>do</strong> a pedra de um torreão <strong>da</strong> muraiha medieval para<br />

restauro <strong>da</strong>s torre8 que ameaçavam ruir. O despacho foi favorável adepois de vistona<br />

efectua<strong>da</strong> pelo coron~l engenheiro Manuel Pinto de VilaiobossZf*, mas a obra não<br />

se realizou. $6 em 1723 assistimos, de facto, a uma reconstrução <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>.<br />

1 .I .2.6.2. A Nova Facha<strong>da</strong> (fot. 1-3)<br />

nO Senhor Arcebispo man<strong>do</strong>u fnzer duas torres <strong>da</strong> fronte~ra <strong>da</strong> Sê, que<br />

se principiaram a fazer neste me2 [Fevereiro de 17231, e se acabam<br />

no anno de 1724, e a 4 de Novembro <strong>do</strong> anno de 1724 pela huma hora<br />

<strong>da</strong> tarde foi o Senhor Arcebispo a Sê e benzeo a imagem de Nossa Senho-<br />

ra feita de pedra, e dipois foi para o Terreiro <strong>da</strong> Se ven<strong>do</strong> subir par<br />

calabres a Senhora, estan<strong>do</strong> ahi os rnuzícos cantan<strong>do</strong> a la<strong>da</strong>mnhab 257.<br />

Termina<strong>da</strong>s que estavam as transformações no interior <strong>da</strong> Sé de Braga, a interven-<br />

@o meoenática de R. Rodrigo de Moura Teles é canaliza<strong>da</strong> para o frontispício,<br />

onde fiaucia a construç%o <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> e torres. A descrição de Silva Tadim eluci<strong>da</strong><br />

" FERREIRA-ALVES, Joaquim J h B - Magall%ber Pe Pmzrulebo <strong>da</strong> Rorho de, in Dlciomírio <strong>da</strong><br />

Arre Earro.cn em Portugal, Lisboa, Ed Presença, 1989. p. 277.<br />

"' <strong>Idem</strong> - tbtdgrn. p. 217<br />

'sVdem - rbidern, p 277, <strong>Idem</strong> - Eleiitentos pnrn a História <strong>da</strong> Consrnipio de Cm e Igreja <strong>da</strong> Congrep@o<br />

de Oralríno <strong>do</strong> fino (1680.1703). Sep. <strong>da</strong> «Revrsta <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Leuas», I1 sene, vol.<br />

X, <strong>Porto</strong>, 1991, p 385<br />

-?' <strong>Idem</strong> - MngalhBes . p 277<br />

IS' SOROMENHO, Miguel - oc.. p 76 O mtor cita A N TT - CC. Consultas, Maço 73A. Consulta<br />

de 9 de Outubro de 1714,<br />

'" AD B - D~drto Brncaisnse . fl. 94


MANUEL FERNANOES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

que Moura Teles, o homem que man<strong>da</strong>ra fazer a obra, sabe aproveitar a benesse<br />

que fizera à ci<strong>da</strong>de para glória pessoal, através <strong>da</strong> cerimónia <strong>da</strong> sua inauguração.<br />

Na presença <strong>do</strong> Arcebispo, uma multidão assiste à sacralização <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> com<br />

a colocação <strong>da</strong> imagem <strong>da</strong> Virgem, garante <strong>do</strong> bem terreno, protectora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

e medianeira <strong>do</strong>s homens, numa cerimónia solene acompanha<strong>da</strong> de música. Se<br />

materialmente assumiu o dispêndio <strong>da</strong> construção, é também ele quem a <strong>do</strong>ta de<br />

poder espiritual.<br />

O cenário <strong>da</strong> Casa de Deus ergue-se na ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s homens numa ambiência de<br />

poder absoluto. Na festa <strong>da</strong> inauguração o actor principal emerge no meio <strong>da</strong> massa<br />

anónima investi<strong>do</strong> de dupla função enquanto Pastor <strong>do</strong> seu rebanho: propicia-lhes<br />

as obras e leve<strong>da</strong>-lhes o espírito. Emblema de centralismo sob tutela religiosa.<br />

Mais que a nossa leitura, as palavras eloquentes de D. Rodrigo de Moura Teles<br />

na procuração 258 que faz m Fabriqueiro <strong>da</strong> Sé, António Felgueira Lima, eonferin-<br />

<strong>do</strong>-lhe poderes para tratar <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> (Doc. n. 27):<br />

Z5g.<br />

Com a transformação interna a função pe<strong>da</strong>gógica estava assumi<strong>da</strong>, mas o arcebis-<br />

po pretende trazer essa linguagem ao exterior numa atitude de teatralização:<br />

c... como ja se acha em tanto que a quem nelia entra levanta opensamento<br />

aos louvores de Deos queren<strong>do</strong> que asprimeims visfai <strong>do</strong> seo frontees-<br />

pisio emculquem na magnifisencia as excelensias que dentro emserra a<br />

que comsegninamos fabrican<strong>do</strong> as novas torrem m.<br />

Demarca o seu carácter estético ao acusar que a facha<strong>da</strong> primitiva era despropro-<br />

seona<strong>da</strong>, revelan<strong>do</strong> uma maior contemporanei<strong>da</strong>de. Pelo facto <strong>da</strong>s torres se apre-<br />

sentarem, ao seu olhar, ruinosas exigiam a sua pronta intervenção, não obstante<br />

«<strong>do</strong> muito que temos despendi<strong>do</strong> nas presedentes obras <strong>da</strong> mesma Sem 261, eluci<strong>da</strong><br />

o Arcebispo.<br />

To<strong>da</strong>s as despesas <strong>da</strong> obra recaíriam sobre si, apesar <strong>do</strong> «conhecimeuto e imforma-<br />

ção de que a reparação de huma <strong>da</strong>s torres pertensse a Fabrica <strong>da</strong> mesma See e<br />

outra ao Sena<strong>do</strong> <strong>da</strong> Camara desta Corte», porque a Fábrica não possuía recursos<br />

e o Sena<strong>do</strong> achava-se nempenha<strong>do</strong> com as obras que tem feito convinientes ao bem<br />

publico* ""'. Acima <strong>da</strong>s uhrigaçóes <strong>da</strong> Fábrica <strong>da</strong> Sé e <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong> sobrepõe D. Ro-<br />

dngo de Moura Teles o seu poder económico financian<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o empreendimento.<br />

D B. - Nora Geral, I' série, n 594. fls 83-85 C11 por ROCHA, Maniiel Jonqinm Mmerra <strong>da</strong><br />

- Arquiteeram Crvil e Relrglosn .... p. 204<br />

'* <strong>Idem</strong> - rbidcm<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibldenr<br />

?" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

'" <strong>Idem</strong> - tbtdem.


CAPíTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA. A OBRA<br />

A obra seria feita, segun<strong>do</strong> sua expressa determinagão, por Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

Silva, acomforme a planta que nos mostrouu 263, sen<strong>do</strong> portanto este o seu autor.<br />

Esta exigência na procuração de Moura Teles revela a sua ligação a Manuel Fer-<br />

nandes <strong>da</strong> Silva, a quem escolhe sem concurso público. Pode-se alvitrar uma in-<br />

timi<strong>da</strong>de profissional, no campo <strong>da</strong> arquitectura, entre estes <strong>do</strong>is personagens. Era<br />

o arquitecto que constmía na pedra a imagem <strong>do</strong> poder <strong>do</strong> arcebispo. Acredita-<br />

mos, por isso, poder apontá-lo como o seu arquitecfo.<br />

Na procuração fica ain<strong>da</strong> acerta<strong>do</strong> o preço <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong> que atingia os «honze<br />

mil e novecentosu cmza<strong>do</strong>s, receben<strong>do</strong> <strong>do</strong>is mil cruza<strong>do</strong>s no acta <strong>da</strong> escritura pú-<br />

blica, e o restante em pagamentos ao mês conforme o curso <strong>da</strong> obra.<br />

O contrato notaria1 foi lavra<strong>do</strong> a 21 de Fevereiro de 1723 entre António Felguei-<br />

ra Lima e Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, para nrelle lhe fazer a obra <strong>do</strong> fronteespissio<br />

desta Santa See de Braga e torres na forma de hum prefil ou dezenbo que para<br />

esse efeito se fez»264. O contrato não apresenta os apontamentos, que foram certa-<br />

mente substituí<strong>do</strong>s pelos riscos.<br />

Depois de termina<strong>da</strong> a empreita<strong>da</strong>, que se esperava concluí<strong>da</strong> em Fevereiro de<br />

1724, a obra seria avalia<strong>da</strong> por <strong>do</strong>is mestres.<br />

Em Fevereiro de 1725 (Doc. n. 29) Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva <strong>da</strong>va por quite o<br />

pagamento <strong>da</strong> obra: «por elle foi dito que o Illustrissimo Senhor Dom Rodrigo de<br />

Moura Telles Arcebispo Primas desta corte lhe dera a obra <strong>da</strong>s torres desta Santa<br />

See em presso e quantia de honze mil cruza<strong>do</strong>s (...) o qual presso <strong>da</strong> dita obra o<br />

Illustrissimo Senhor Arcebispo ihe tina ja tu<strong>do</strong> pago entregue e satisfeitos 265.<br />

Volumetricamente esta nova facha<strong>da</strong> apresenta a mesma soluçáo <strong>da</strong> primitiva,<br />

distribuí<strong>da</strong> em três níveis, sen<strong>do</strong> o primeiro composto por galilé, que é reaproveita<strong>da</strong>.<br />

No coroamento <strong>da</strong> fenestração, mais alarga<strong>da</strong>, recorre-se a uma alternância de frontões<br />

interrompi<strong>do</strong>s e curvos. No último nível, acima <strong>da</strong> comija, no meio <strong>da</strong>s duas<br />

torres de Uremate cupula<strong>do</strong>, apenas defini<strong>do</strong> na estrutura e com panos vaza<strong>do</strong>s»266,<br />

uma edícula, de frontão interrompi<strong>do</strong>. que recebeu a Virgem com o Menino.<br />

A omamenta~ão <strong>da</strong>s armas <strong>do</strong> Arcebispo animam o eixo de simetna <strong>da</strong> facha<strong>da</strong><br />

e contrastam com a singeleza <strong>do</strong>s outros elementos decorativos.<br />

1.1.3 A Sacristia (fot. 7-10)<br />

Recua ao ano de 1690 a primeira tentativa para construir uma nova sacristia para<br />

a S& Primacial, leva<strong>da</strong> a efeito em tempo de Sede Vacante. O Prove<strong>do</strong>r Geral <strong>da</strong><br />

Mitra, que era concomitantemente ~Dezernharga<strong>do</strong>r na Relação desta Corteu, jun-<br />

tamente com o Cabi<strong>do</strong>, vai contratar Manuel Carvalho, mestre de pedraria, mora-<br />

" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

'" A.D.B. - Nota G~ral, I' série, n. 605. fl. 59:<br />

SOROMENHO, Miguel - o.c., p. 76.


<strong>do</strong>r na ci<strong>da</strong>de, para levar a cabo um projecto que saíra <strong>do</strong> punho <strong>do</strong> «Mestre de<br />

Arquitectura Domingos Lopes <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de» 267.<br />

Como nota Robert Smith,


CAPil'UI.0 111 - MANUEL FKRNANDES DA SILVA A OBRA<br />

Por este contrato, lavra<strong>do</strong> a 28 de Abril de 1698 "4, Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

faz a sua primogénita aparição ao serviço <strong>do</strong>s arcebispos, assumin<strong>do</strong> uma relação<br />

de dependbncia <strong>do</strong> pai, embora já residisse em Braga em mora<strong>da</strong> independente.<br />

A descriçgo <strong>da</strong> obra no contrato notaria1 não se estende em apontamentos. Além<br />

de fornecer o nome <strong>do</strong> autor <strong>do</strong> projecto - una forma <strong>da</strong> planta que fizera Joáo<br />

Antunes Arquitecto mora<strong>do</strong>r no ci<strong>da</strong>de de Lisboa» - apresenta alguns <strong>da</strong><strong>do</strong>s de<br />

natureza técnica. qderáo as paredes <strong>da</strong>s ilhargas nove palmos de grosso e peIlas<br />

partes exteriores serão de ensilharia de fia<strong>da</strong>s to<strong>da</strong> lea<strong>da</strong> e juntura<strong>da</strong> forte e segura<br />

e a dita grossura de nove palmos se entendera <strong>da</strong> ilharga <strong>da</strong> parte de fora porque<br />

a de dentro se engrossará com a parede <strong>da</strong> See»21'. A grossura <strong>do</strong>s muros é explica<strong>da</strong><br />

porque, além de receber o peso <strong>da</strong> abóba<strong>da</strong> <strong>da</strong> sacristia, de pedra lavra<strong>da</strong>,<br />

neles descarregariam as forças <strong>do</strong>$ «arcos <strong>da</strong> See». A relação <strong>da</strong>s dimensões, no<br />

interior, estipula<strong>da</strong> no contrato seria de 80:40:33,5 em palmos. apresentan<strong>do</strong> actualmente<br />

17,60:8,80:7,37 em metros e segun<strong>do</strong> Smith"9<br />

Externamente a sacristia é duma simplici<strong>da</strong>de notável, sem vestígios de ornatos em<br />

qualquer <strong>do</strong>s seus componentes, sen<strong>do</strong> a facha<strong>da</strong> principal anima<strong>da</strong> por quatro rasga<strong>da</strong>s<br />

frestas euja expressão se pauta no rigoroso geometrismo arquitectónico,<br />

definin<strong>do</strong> um rectângulo aberto inseri<strong>do</strong> entre <strong>do</strong>is fecha<strong>do</strong>s. As duplas pilastras<br />

<strong>do</strong>s ângulos, recua<strong>da</strong> uma em relação h outra, não se afastam desta linguagem de<br />

arquitectura pura aplica<strong>da</strong>.<br />

Fecha<strong>da</strong> ao exterior, entra-se na sacristia pelo transepto onde se abre uma porta<strong>da</strong><br />

de granito, encima<strong>da</strong> por frontão curvo interrompi<strong>do</strong>, com peanha central para suporte<br />

de S. Nicolau, patmno <strong>do</strong> espaço.<br />

As paredes são dividi<strong>da</strong>s por dezanove pilastras compósitas, encontran<strong>do</strong> Rohert<br />

Smith paralelo na sacristia de Santo Antão em LisboamT, que sustentam por sua<br />

vez um soberbo entablamento. As paredes de maior animação são as <strong>do</strong>s topos,<br />

onde os áticos vaza<strong>do</strong>s por aberturas ovalóides, remata<strong>do</strong>s por frontão curvo, são<br />

ladea<strong>do</strong>s por peanhas que sustentam um arranjo floral. Evidencia-se um contraste<br />

entre a graciosi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s arranjos e as linhas frias <strong>da</strong> sala, tónica que se agiganta<br />

com a rigidez <strong>da</strong> cobertura aboba<strong>da</strong><strong>da</strong> em almofa<strong>da</strong>s quadra<strong>da</strong>s de pedra. É mais<br />

uma sala que contou com as potenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> talha -nas paredes <strong>da</strong>s extremi<strong>da</strong>des<br />

abrem-se <strong>do</strong>is arcos para retábulos de madeira de invocações ao Santo Cristo<br />

e a Nossa Senhora <strong>da</strong> Pie<strong>da</strong>de -, e <strong>da</strong> escultura em pedra, nos <strong>do</strong>is elegantes<br />

lavarórios,


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1695-1751)<br />

ta<strong>do</strong> em imitação de mármores <strong>do</strong> Sul» nS: como de <strong>do</strong>is armários conta<strong>do</strong>res<br />

embuti<strong>do</strong>s nas paredes.<br />

1.1.4. Capela de S. Geral<strong>do</strong> (fot. 11)<br />

Uma <strong>da</strong>s priori<strong>da</strong>des &a magnanimi<strong>da</strong>de intervencionista de D. Rodrigo de Moura<br />

Teles no complexo <strong>da</strong> Catedral foi a reconstmção <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong>, situa<strong>da</strong><br />

no claustro de Santo Amaro, escolhen<strong>do</strong>-a para sua câmara funerária. Composto<br />

que estava o Arcebispo com o seu Cabi<strong>do</strong>, iniciou-se o processo transforma<strong>do</strong>r,<br />

porque a capela existente, al6m de envelheci<strong>da</strong> e escura, evidenciava outros defeito~~'~,<br />

financian<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o evento const~tivo «que lhe custou oito mil cmza<strong>do</strong>sa2".<br />

Os preliminares foram a realização de uma planta e o contrato com o mestre pedreiro<br />

por forma a levar a bom termo a vontade <strong>do</strong> Arcebispo (Doc. n. 10).<br />

O contrato notaria1 de 24 de Setembro de 1707 "' foi composto entre o Reveren-<br />

<strong>do</strong> Doutor Manuel Pinheiro Ramos, uDezembarga<strong>do</strong>r na Relaçam desta Corte», upor<br />

ordem que tinha <strong>do</strong> Illustrissimo Senhor D. Rodrigo de Moura Teles*, e Manuel<br />

Femandes <strong>da</strong> Silva, como mestre arquitecto de pedrana, para «elle fazer a obra<br />

<strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong> sita nos claustros <strong>da</strong> Santa See», seguin<strong>do</strong> «huma plan-<br />

ta e prefil que elle dito Reveren<strong>do</strong> Doutor para esse efeito fesa, e que recebeu apro-<br />

vação <strong>do</strong> Prela<strong>do</strong> =.<br />

A capela, de espaciali<strong>da</strong>de~ectangular aboba<strong>da</strong><strong>da</strong>, mantem-se ain<strong>da</strong> quanto ao interior,<br />

mas já a sua facha<strong>da</strong> foi completamente altera<strong>da</strong> pela intervenção <strong>do</strong>s Monumentos<br />

Nacionais, onde se formava uma pequena galilé para o que o contrato fornece<br />

alguns apontamentos: ufara elle dito mestre hum arco fora <strong>da</strong> porta prencipaI<br />

<strong>da</strong> dita capela junto a porta travessa <strong>da</strong> See desta parte que virara para a parte <strong>da</strong><br />

capela de Santo Antonio para sobre ele se fazer o fronteespissio desta capela» *8'.<br />

Sobre a porta principal obrigava-se Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva fazer duas trehunas<br />

largas e altas para que por ellas se veja <strong>do</strong> coro para a capela», ou seja, porque<br />

a capela não possuía outra zona que lhe fornecesse iluminação - localiza-<br />

-se entre a capela <strong>da</strong> Glória e a sacristia - duas janelas rasga<strong>da</strong>s na facha<strong>da</strong> satisfariam<br />

essa lacuna.<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibidem. p. 12.<br />

FERREIRA I. Augbto (Monsmhor) - Fastos fipiscopaes.,.. t III. p. 241.<br />

A.D.B. - Dicína Brnennnsc .... fl. 327.<br />

"' A.D.B. -Nora Geral, 1' série, n. 522, fls. 69-70v. O <strong>do</strong>cumento ê cita<strong>do</strong> por ROCHA, Mau@ <strong>do</strong>e-<br />

quim Moreira <strong>da</strong> - AfquirecMrn Ciuil e Religiosa ..., p. 198. Erra<strong>da</strong>mente leu-se Gonçaln quan<strong>do</strong> de-<br />

via ter-se li<strong>do</strong> Geral<strong>do</strong>,<br />

'" ?em - ibident.<br />

'8Vdem - ibidem.


CAPITULO I11 - MANUEL FERNANDES DA SILVA. A OBRA<br />

Os alicerces, a fazer de novo na parte <strong>da</strong> Epístola, teriam «oito palmos de nos-<br />

so», e a parede erguia-se em alvenaria com a grossurâ de seis palmos, onde se exi-<br />

gia a abertura de uma porta, e outra na parede correspondente, ligan<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> uma<br />

à sacristia e capela <strong>da</strong> Glória, respectivamente. Para acesso ao coro o contrato pre-<br />

vê a edificação de uma esca<strong>da</strong> «em caracol e meti<strong>da</strong> na grossura <strong>da</strong> parede <strong>do</strong> la-<br />

<strong>do</strong> <strong>da</strong> capela o que puder ser e outra forma subira athe venser a capela de Santo<br />

Antonio» 2ffl.<br />

Preços ajusta<strong>do</strong>s com o Mestre<br />

«ca<strong>da</strong> brassa de alvenaria de sem pdmos por fasscs e seis de grosso de paredes<br />

seiq mil e setecentos c sincoenta reis»<br />

ALVENARIA npx ca<strong>da</strong> palmo lavra<strong>do</strong> Iim sincffinta reis que Eas ca<strong>da</strong> brasa sinw mil reis<br />

e pza emetos de oa<strong>da</strong> huma brassa mù trezentos e sincaenta rets que fas nome<br />

ca<strong>da</strong> huma brasa destas seis mil e trezentos e sincoentaa<br />

- - - -<br />

nca<strong>da</strong> brassa de alquitrave e refendimento medi<strong>do</strong>s altos e b;iixos oito mil e<br />

ARQUITRAVE trezentos e nncoentaa<br />

CORNIIA<br />

xpor ca<strong>da</strong> brama de comijem de cem palmas medrdm altos e basxos onze mil<br />

e Wezentos e rinmntan<br />

spor ca<strong>da</strong> bwsa de lagia<strong>da</strong> sen<strong>do</strong> em coadro de to<strong>do</strong>s sete mil e Fetecentos<br />

LAIEADo e sesenta reis.<br />

-<br />

*por ca<strong>da</strong> bmsa de cem palmos de degraos (. ) seis mil e setecentos e swenw<br />

DEGRAUS wics<br />

ABÓBADA *por ca<strong>da</strong> brassa de abobe<strong>da</strong> de tijollo a stnco mil e quinhentos reisa<br />

A pedra que saísse <strong>da</strong> demolição <strong>da</strong> capela velha era ofereci<strong>da</strong> ao mestre como<br />

pagamento upelo travalho de as desfazer e tirar zelejo e telha<strong>do</strong> e abrir alicerses<br />

e lansar os entolhos fora» receben<strong>do</strong> quitações <strong>do</strong> trabalho executa<strong>do</strong> relativos<br />

ao número de oticiais que trouxesse no estaleiro, e com a condição de apresentar<br />

a obra concluí<strong>da</strong> «por io<strong>do</strong> o mes de Março <strong>do</strong> anno que vem de mil setecentos<br />

e oito» "7.<br />

Além de ser nomea<strong>do</strong> o autor <strong>do</strong> projecto - Dr. Manuel Pinheiro Ramos - como<br />

foi já referi<strong>do</strong>, o contrato fornece alguns <strong>da</strong><strong>do</strong>s de cariz estético. Se no interior<br />

ao frizo para madeira sera de pedra na forma <strong>da</strong> arte <strong>da</strong> ordem Dorica e sobre elle<br />

fara huma abobe<strong>da</strong> de tijollo de bolta perfeita», o friso, cornijas e arquitraves, <strong>do</strong><br />

exterior, seguirao a ordem Toscana.<br />

'" <strong>Idem</strong> - rbidem.<br />

'" <strong>Idem</strong> - rbidem<br />

'" <strong>Idem</strong> - ihdem<br />

<strong>Idem</strong> - tbidem


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

A inauguração <strong>da</strong> capela teve lugar no dia 19 de Dezembro de 1712ZBR com mlssa<br />

Pontifica1 e Santíssimo exposto, segui<strong>da</strong> de solenissim procissão que percorreu<br />

as artérias principais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga2@', convoca<strong>da</strong> por Edita1 a fim de ser<br />

acompanha<strong>da</strong> pelo «clero, religiozos, irman<strong>da</strong>des e confraria~r,~~. Trasla<strong>da</strong>ram-se<br />

também as relíquias de S. Geral<strong>do</strong> <strong>da</strong> capela de S. Tom& local que recolheu o<br />

caixão com o corpo <strong>do</strong> Santo durante o curso <strong>da</strong>s obras.<br />

Em cerimónia pública religiosa abre-se a capela à devoção popular no meto de<br />

manifestação de Poder fazen<strong>do</strong> jus ao seu mecenas<br />

Havia apenas frês anos que D. Rodngo de Moura Teles se encontrava senta<strong>do</strong> na<br />

cadeira Primacial quan<strong>do</strong> vai demonstrar preocupações com sua derrade~ra mora<strong>da</strong>,<br />

preparan<strong>do</strong> um espaço cuja foqa simbólica era reconheci<strong>da</strong> pela religiosi<strong>da</strong>de<br />

bracarense. A fragili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s bens materiais e a fugaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> são constatagões<br />

que alimentam a sermonàna barroca, arrastan<strong>do</strong> a presença <strong>da</strong> morte ao<br />

quotidiano31, exasperan<strong>do</strong> o misticismo <strong>da</strong> Arte de Bem Morrer. Títulos como Mestre<br />

<strong>da</strong> Vi<strong>da</strong> que Ensina a Viver e Morrer Santamente, de Frei João Franco, foram<br />

<strong>do</strong>s trabalhos mais li<strong>do</strong>s no universo português de setecentos 292. Em vi<strong>da</strong> medita-<br />

-se a morte. passaporte garanti<strong>do</strong> para o reino <strong>do</strong>s eleitos, como salientou o Padre<br />

AntBnio Vieira: .«Quem morre antes <strong>da</strong> morte, não há mister, mais <strong>do</strong>utrina para<br />

bem morrerr, "3. O espírito contra-reformista de Moura Teles pôde encontrar alguma<br />

tranquili<strong>da</strong>de com a preparação <strong>da</strong> sua tumba: viven<strong>do</strong> medita a morte. To<strong>da</strong>via<br />

ao escolher para satisfação desse objectivo a capela de S. Geral<strong>do</strong> coloca em<br />

linha paralela e convergente a sua actuação com a <strong>da</strong>quele Prela<strong>do</strong>. Quan<strong>do</strong> manuseamos<br />

a História Eclesidstica de D. Rodrigo <strong>da</strong> Cunha, páginas que indiscutivelmente<br />

Moura Teles leu e interiorizou, não detxa de ser interessante essa associação<br />

voluntária de espaços <strong>da</strong> morte. Essa capela fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por D. Geral<strong>do</strong> com a<br />

invocaeo de S. Nicolau, foi também a eleita par ele para sua sepultura.<br />

O governo de D. Geral<strong>do</strong> (1096-1108), como arcebispo de Braga, associa-se a D.<br />

Henrique e D. Teresa, à funwão <strong>do</strong> Con<strong>da</strong><strong>do</strong> Portucalense, e, obviamente, a um<br />

tempo de reorganização política e religiosa. Teve como object~vo recuperar o poder<br />

<strong>da</strong> cadeira Primacial <strong>da</strong>s Hespanhas:


CAPITULO 111 MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

Fig 15 - eilpela de S Gersl<strong>do</strong> D~aago entre e relirârio de S Gerd<strong>do</strong> e u campa nsa de D Rodrrgo<br />

de Moum Telcs<br />

97


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (16113-1751)<br />

ovelhas» '". Vai a Roma onde alcança <strong>do</strong> Papa a digni<strong>da</strong>de de > TY?, e aos seus pés, em campa rasa, a materiali<strong>da</strong>de corpórea<br />

de Moura Teles, em humil<strong>da</strong>de venerativa.<br />

Um último aspecto a realçar prende-se com o pedi<strong>do</strong> que a Irman<strong>da</strong>de de S. Pedro<br />

dirige, em 1717, ao seu arcebtspo, e que vem completar a leitura <strong>do</strong> espaço<br />

tumular. Esta Irman<strong>da</strong>de, encontran<strong>do</strong>-se ndezacomo<strong>da</strong><strong>da</strong> sem caza a<strong>do</strong>nde se<br />

recolha 298 vivia no claustro sem o mínimo de condições para «satisfazerem as suas<br />

CUNHA, Rodrigo <strong>da</strong> (Dom) - o c , vol 11. p 8.<br />

3' <strong>Idem</strong> - ibdem, p 9<br />

IM ROCHA. Manuel Joaquim Moma <strong>da</strong> - A2tarer e InvocaF6es M Sd , p 43<br />

*n MARTINS, Fausto Snnohes - Trono Ewaristico <strong>do</strong> Rsldbuln Barroco Pllrlugsês- Ongem. Funçüf~,<br />

F m e Srmbolismo. in nActns <strong>do</strong> I Congresso Intemucional <strong>do</strong> Bmocon. vol. 11, <strong>Porto</strong>, 1991, p 56<br />

2Vb Ver aAren<strong>da</strong>mento & Senhor D Rodtigo de Moura Teles Arcebispo desta ci<strong>da</strong>de de Braga h Irman<strong>da</strong>de<br />

de S Pedror A D B Rcg~rro Geral, n 251 (1 1)


CAPíTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

obngasoins*. Como não possuíam recursos para construção própria recorrem a D.<br />

Rodngo para que Ihes solucione o imbróglio, sen<strong>do</strong>-lhes arren<strong>da</strong><strong>do</strong> o espaço <strong>da</strong><br />

capela de S. Geral<strong>do</strong> para aí instalarem a irman<strong>da</strong>de:


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

cerca, as casas <strong>do</strong> forno e <strong>do</strong> celeiro, locutóno e coro, na quali<strong>da</strong>de de arquitecto<br />

e mestre de obras. A corresp~ndência~~' trava<strong>da</strong> por D. João de Sousa com a Madre<br />

Abadessa <strong>da</strong>quela comuni<strong>da</strong>de feminina, relativa à evolução deste processo, fornece<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s de interesse, não só <strong>da</strong>s obras realiza<strong>da</strong>s, como <strong>do</strong> vínculo <strong>do</strong> artista com<br />

o arcebispo. Analisemos, pois, o conteú<strong>do</strong> dessas cartas de D. João de Sousa.<br />

A primeira, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> de 8 de Julho de 1701 '". refere-se a «obras <strong>da</strong>s officinas tocante<br />

& caza <strong>do</strong> forno e seleiro*, e pela sua leitura depreende-se que o processo<br />

reformista não teve início no exposto nesta carta, mas num tempo mais recua<strong>do</strong>,<br />

sempre pelas ordens de D. João de Sousa e pela orientaçáo de Manuel Femandes<br />

<strong>da</strong> Silva. A casa <strong>do</strong> forno e celeiro devem fazer-se una forma que tinhamos man<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

as maes que ultimamente adverte o mestre Manoel Fernandes no seu papel<br />

incluso que remeto ao depois <strong>da</strong> vestoria que lhe man<strong>da</strong>mos fazem '".<br />

Por seu tumo, denuncian<strong>do</strong> a visita pessoal ao convento, o arcebispo expressa vontade<br />

para se não reedificar o muro que tapa o pateo que fica detraz <strong>do</strong> coro*,<br />

nem o <strong>do</strong>rmitório que ucahe para as cazas onde estrvenm. OS locutórios, «de sima<br />

e de baixox, levariam novas grades «as quaes ja estão encomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s para se fazerem<br />

com to<strong>da</strong> a brevi<strong>da</strong>de*, louvan<strong>do</strong>, em paralelo, a atitude <strong>da</strong> Madre em ter man<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

ndemolir to<strong>da</strong>s as cazinhas junto ao muro*, porque além de não terem préstimo<br />

para as religiosas, a sua destruição era de vontade régia w'.<br />

Ain<strong>da</strong> nesse mês, D. João de Sousa contacta novamente a Madre para lhe fomecer<br />

orientações mais precisas, e de carácter tácntco, sobre o mesmo assunto <strong>da</strong> missiva<br />

precedente:<br />

Inbcio Josd Peixoto escreveu nas suas Membrias Paniculmes. +nncrpiau o convento <strong>da</strong>s Urcel~nas 3<br />

costa <strong>da</strong>s orffans de Bnga e <strong>da</strong>s pobres ftaim de MonsZo e Valença, vviolentissimemente errpulsa- <strong>da</strong><br />

que lhe tinha <strong>da</strong><strong>do</strong> o senhor Rei D Jos&. e mas adiante screscenta. «por este tempo, esrnva já o Collegia<br />

habita<strong>do</strong> por <strong>do</strong>ut conventos de religiosas que se un~rão pnra isso e forao man<strong>da</strong><strong>da</strong>s vir, huas de<br />

Valença. <strong>do</strong> Mosteiro de Jesns, outras de Monção, <strong>do</strong> Mosteiro de S Francisco: erãa terceiras ( )<br />

As casos <strong>da</strong>s de Valença, logo o Rei as aproveitou para hospital de sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s As de Monção. ficaao<br />

deseitnsx A viv€ncia <strong>da</strong>r duas comum<strong>da</strong>des uni<strong>da</strong>? numa s6 Regra não foi pacifica e?egui&a-se as<br />

desordens entre as façoens dw <strong>do</strong>us conventos, entre si bulhnvãa e isto fazia eco nos ouvi<strong>do</strong>7 <strong>do</strong> Pre-<br />

I<strong>do</strong>* Para acabar com o desacato as monjas de Valença fwm pon a convento <strong>do</strong>? Refidios. e ai<br />

de Monpão para o convento <strong>da</strong> Conceição. PEiXOTO, Iniitie José - MemOrraq Partirularer de fnáno<br />

Juré Peuofo - Brasa e Porlugal nn Europn rio skculu XVliI, Intrntrod. de Luís A Oliveira Ramos,<br />

Bnga, Arquivo D~stntal de Bnga e Universi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Minho, 1992. pp 7476 Ver também mR-<br />

REIRA, J. Augusta (Monrenhor) - Fosror Episwy>aes . t 111, pp 350-353.<br />

3N A mrmpqndêneia. em depósito na Biblioteca Nanonal <strong>da</strong> Aju<strong>da</strong>. estava parcialmente publica<strong>da</strong> poi<br />

Sousn Viterbo. A pesquisa que ai desenvolvemos confirmou o levantamento de Vtterbo e xrescentou<br />

novos Mos " B NA. - SI-IX-40, fI 89: Ver SOUSA VITERBO - Dlcionáno H~rrdrico e Docuntenl~tl <strong>do</strong>r Arqurferros,<br />

EngenhEzros e Consli~rfore~ Pormgi


I I<br />

Fr* 16 - Plana <strong>do</strong> Convento de S Francisco de MonçEo - início <strong>do</strong> séc XVIII (6 NA ).<br />

r...L a rellação <strong>do</strong> ultimo esta<strong>do</strong> <strong>da</strong>s obras e ouvzn<strong>do</strong> o mestre Mnnoel<br />

Femandes sobre este particular e o que sera mais conveniente dis que<br />

os fomos que se demolirão se deve reedrficar nnfornza em que estavão<br />

no mesnlo lugar, ou outro mais conveniente dentro <strong>da</strong> mesma caza»'@'.<br />

Do locutório esclarece que o mestre deve nhir apa+-elhan<strong>do</strong> a pedraria,<br />

conto se lhe tem man<strong>da</strong><strong>do</strong> para que est~ja tu<strong>do</strong> prOmpK0 na hora que<br />

chexarein as grades se deribar de sima athe baixo a parede e se planta-<br />

rem com foJtnleza e ps$eiçaoao, "'Y.<br />

*" B.N.A. - 51-IX-4Ll fls. 93.93~<br />

""2 <strong>Idem</strong> - bideriz.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITSCTO (1693-1751)<br />

Aproveitan<strong>do</strong> a presença de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva no convento vai in-<br />

cumbi-lo de nova vistoria para outra obra, desta vez abrangen<strong>do</strong> a parede <strong>do</strong> coro,<br />

como se extrai <strong>da</strong> carta que dirige 3I Abadessa em Novembro de 1702:<br />

#Ao mesfre Manoel Fernandes que, se acha actualmente nessa casa man-<br />

<strong>do</strong> que veja essa obra [<strong>da</strong> parede <strong>do</strong> coro], para que (quan<strong>do</strong> se recolher<br />

<strong>da</strong> outra que está fazen<strong>do</strong>) me informe particularmente, e eu poder vir<br />

no conhecimento <strong>do</strong> que será mais conveniente obrar-se; V.M. o pode<br />

chamar mostran<strong>do</strong>-lhe esta minha carta, para que elle tmga uma reb$ão<br />

fiel e com to<strong>da</strong> a clareza de aquillo que vir, e observar# 310.<br />

Só perto <strong>do</strong> fim <strong>da</strong> Primavera o assunto <strong>do</strong> coro acusa outro impulso, desta vez<br />

conducente 31 execução <strong>da</strong> obra. Por cmta de 15 de Maio D. João de Sousa põe<br />

ao corrente a Madre <strong>do</strong> que iria fazer:<br />

c.. var o Architecto Manoel Fernandes e o mestre Antonio Francisco<br />

para que vejam se se pode ajustar a obm de se reedificar as paredes<br />

<strong>do</strong> coro, e pôr no esta<strong>do</strong> mais seguro que passa tern alertan<strong>do</strong> que esta<br />

seria a sua nultima bemfeitorra com que acista essa cazaa "I.<br />

Seis dias depois foi lavra<strong>da</strong> escritura pública pela qual o mestre pedreiro Domingos<br />

Alves de Azeve<strong>do</strong>, de Mongo, se obriga «fazer per sua conta a redificaçáo <strong>do</strong> curo<br />

<strong>do</strong> mosteiro <strong>da</strong>s rellegiozas de S. Francisco <strong>da</strong> dita Villa de Monção na forma <strong>do</strong>s<br />

apontamentos» 3'2, segun<strong>do</strong> contrato testemunha<strong>do</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva.<br />

Não sen<strong>do</strong> elabora<strong>da</strong> planta as condiçóes que o contrato regista são de enorme minú-<br />

cia. São, com to<strong>da</strong> a certeza, fruto <strong>da</strong> colabora@o de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

com António Francisco, que se deslocaram, previamente, de Braga a Monção para<br />

estu<strong>da</strong>rem a obra, um na quali<strong>da</strong>de de arquitecto e outro na de mestre. Nesta óptica<br />

é, pois, Interessante detectar as linhas de orientação <strong>da</strong> reconstrução <strong>do</strong> coro:<br />

a) a parede «de hum la<strong>do</strong> <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> terreiro <strong>da</strong> Villm seria demoli<strong>da</strong> até fun<strong>da</strong>-<br />

mentos, e refeitos os alicerces com mais segurança;<br />

b) seria também «desfeita a empena <strong>do</strong> outáo <strong>do</strong> mesmo coro athe a altura <strong>do</strong> sobra-<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo. E <strong>da</strong>hi para sima feita de novo com baa pedra». A meio desta pa-<br />

rede, @em altura de dez palmos», estipula-se a abertirra de uma janela, <strong>do</strong> mesmo<br />

tamanho e feitio de ca<strong>da</strong> huma <strong>da</strong>s duas <strong>do</strong> la<strong>do</strong>»;<br />

c) o mestre faria


CAPITULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

d) as duas janelas que iluminavam o coro de cima seriam novamente assenta<strong>da</strong>s<br />

e «feitas pello mesmo tamanho que oje são, mas sim asenta<strong>da</strong>s mais asima que<br />

for posiveln. A fresta <strong>do</strong> coro inferior seria coloca<strong>da</strong> no mesmo local.<br />

Nota-se., pela descrição <strong>da</strong> obra, uma articulação entre passa<strong>do</strong> e presente, ou melhor,<br />

urnareinregração <strong>do</strong> antigo no moderno: reconstruir sem alteração <strong>da</strong>s leituras globais,<br />

tentan<strong>do</strong> uma expressão uniforme <strong>do</strong> ponto de vista estético. Algumas peças, como<br />

o entablamento, seriam reconduzi<strong>da</strong>s, sem qualquer alteração, na nova obra.<br />

Deste processo constmtivo materialmente na<strong>da</strong> subsiste. Resta-nos a imagem <strong>da</strong><br />

importância que D. João de Sousa encontrava em Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, como<br />

técnico experimenta<strong>do</strong> no <strong>do</strong>mínio arquitectónico, ven<strong>do</strong>-o como mestre pedreiro<br />

<strong>da</strong> sua confiança, a quem confere, amiu<strong>da</strong><strong>da</strong>mente, o título de arquitecto. Ora, era<br />

D. Jaáo de Sousa um cliente especial, com uma cultura artística bem desenvolvi<strong>da</strong>,<br />

eomo revela ao socorrer-se <strong>do</strong> mais insigne arquitecto <strong>do</strong> reino para traçar a nova<br />

sacristia <strong>da</strong> sua Sé. Não se pode, de forma alguma, tirar <strong>da</strong> vista este facto, que<br />

de resto retomaremos com renova<strong>do</strong> ênfase no último capítulo deste trabalho.<br />

1.2.1.2. De Recolhimento a Convento de Na. Sra. de Penha de França<br />

(fot. 12-18)<br />

Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVII o casal Pedro Aguiar e Maria Vieira, institufram, no<br />

Campo de Santa Ana, na ci<strong>da</strong>de de Braga, o Recolhimento <strong>da</strong>s Beatas Capuchas,<br />

para aí se recolherem <strong>do</strong>nzellas ou viúvas, viven<strong>do</strong> na observância <strong>da</strong> Regra de<br />

S. Francisco "3. A pequena comuni<strong>da</strong>de, forma<strong>da</strong> por sete Beatas, dispunha de ca-<br />

pela privativa titula<strong>da</strong> por Nossa Senhora <strong>da</strong> Penha de França. Para maior confarto<br />

espiritual manifestam vontade testamentária de o transformar em clauzura, deixan<strong>do</strong><br />

cativos alguns bens imobiliários. cujo valor monetário seria aproveita<strong>do</strong> para<br />

concretizar aquele desígnio, quan<strong>do</strong>, por ventura, se criassem as condições legas<br />

para <strong>da</strong>r an<strong>da</strong>mento a esse intento.<br />

Depois de uma visita de D. Rodrigo de Moura Teles ao Recolhimento <strong>da</strong>s Capu-<br />

chas, a volta de 1719, ganha novo folgo a disposição <strong>do</strong>s fun<strong>da</strong><strong>do</strong>res almejan<strong>do</strong><br />

a comuni<strong>da</strong>de ver transforma<strong>do</strong> o Recolhimento em convento. Custódio de Aze-<br />

ve<strong>do</strong> Proença toma a seu cargo a execução de um minucioso levantamento <strong>da</strong> si-<br />

tuação económica <strong>da</strong>s beatas, <strong>do</strong>s lega<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>tes, e <strong>da</strong>s condiçóes de instala~ão<br />

<strong>do</strong> convento, desde o espaço, até ao fornecimento de matérias primas para o bom<br />

curso <strong>da</strong>s obras. Tu<strong>do</strong> foi escrupulosamente reflecti<strong>do</strong> e, ain<strong>da</strong> nesta fase prelimi-<br />

nar, foi consulta<strong>do</strong> Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, como eluci<strong>da</strong> a <strong>do</strong>cume~tação"~.<br />

31% FERREIRA, J Augusto (Moosenhor) - FasJos Epucopaes. , t IU, p 251<br />

A D B - Fun<strong>do</strong> Monú,ynco - W. SF de Penha de França F. 129, Docs 959 e 959A<br />

103


MANUEL FERNANOES DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO (1643-1751)<br />

Cust6dio Proença conclui o relatório, que envia para o Arcebtvo, alertan<strong>do</strong> para<br />

a pertinhncia <strong>da</strong> ocasião para se meter mãos h obra: u.. enten<strong>do</strong> ser esta a melhor<br />

occazião com a vin<strong>da</strong> de Vossa Iilustrissima ao Recolhimento que se se esfriar o<br />

zeIlo maes duro sera de se conseguirem algumas couzas <strong>da</strong>s referi<strong>da</strong>sn "'.<br />

Analisemos, pois, sucintamente os pontos principais que acutilaram a atenção de<br />

Custódio Proença 'I6:<br />

A - Situuçiío econd>mca.<br />

1. Em escrituras públicas tinham aseis mil cruza<strong>do</strong>ss a juro. Destes, «compraram<br />

ascazas, e to<strong>do</strong> o prazo, que tinha e possuia Jozeph Monteiro de Souzapor 1 160$000~<br />

Compraram ain<strong>da</strong> ao mesmo propriétario o~itras casas no valor de cem miJ réis.<br />

2.


CAPÍTULO 111 - MAWUEL FERWANDãS DA SILVA A OBRA<br />

5. Acusa ofertas de madeiras, noniea<strong>da</strong>mente traves de carvalho, para a igreja <strong>do</strong><br />

convento.<br />

Termina a exposição, depois de solicitar ao arcebispo a permantncia <strong>do</strong> Santís-<br />

simo no sacrário <strong>da</strong> capela <strong>da</strong>s beatas "', sugerin<strong>do</strong> ao Prela<strong>do</strong> que o informasse<br />

se devia man<strong>da</strong>r fazer a planta para as obras. Ain<strong>da</strong> no seu parecer, que transmitia<br />

a vontade <strong>da</strong>s beatas, a nova igreja deveria construir-se segun<strong>do</strong> uma planta cen-<br />

tra<strong>da</strong>, de forma hexagonal, por «ser maes pmpria para convento de Freiras* e por-<br />

que as beatas tinham jâ o eexolejo compra<strong>do</strong>»<br />

As diversas partes chegaram a consenso. As obras de transformação <strong>do</strong> Reco-<br />

lhimento em wmvento iniciaram-se de imediato, desenrolan<strong>do</strong>-se em duas fases,<br />

onde foram construí<strong>da</strong>s a cerca e a igreja, numaetapa, e os restantes espaços con-<br />

ventuais, na outra.<br />

Um grande obstáculo h concretização de uma obra de vulto, pelo onerosi<strong>da</strong>de que<br />

pode provocar no custo total <strong>do</strong> empreendimento, é a inexisténcia de matéria pri-<br />

ma na proximi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> evento. Referiu-se já o aprove~tamento que Custbdio<br />

Proença, com a anuência de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva, apresentou a D. Rodri-<br />

go de Moura Teles. To<strong>da</strong>via, a constmçáo de um convento de raiz absorve uma<br />

imensa mole de blocos de pedra, e essa disponibili<strong>da</strong>de inicial rapi<strong>da</strong>mente foi<br />

exauri<strong>da</strong> Ten<strong>do</strong> em conta o preço <strong>do</strong>s transportes de pedras <strong>da</strong>s pedreiras para o<br />

estaleiro, as beatas pedem ao Sena<strong>do</strong> e ao arcebispo a exploraç&o de pedreiras SI-<br />

tua<strong>da</strong>s no Campo de Santa Ana, defronte <strong>do</strong> convento, e também junto <strong>da</strong> igreja<br />

de Nossa Senhora Bmnca, na continui<strong>da</strong>de desse Campo 'lu.<br />

"' A capela deem to<strong>da</strong>s os ornamentos neccssanm e fabríca çonvenieilte, que camo estqain clauutra<strong>da</strong>v<br />

50 çom tal compnhta emtinnm grande augmento~> <strong>Idem</strong> rbtdeni<br />

""dem - rbidenr<br />

"' O primeim pzdidff è <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 9 de Agoeto de 171'1 a é dmgz<strong>do</strong> <strong>do</strong>a Recoih~<strong>da</strong>s ao Seno<strong>do</strong>. Emi.<br />

pnetendem vervir-se de W P pedrclra pamcular, pertença de D Ana Prrnemel, de quem haviam obti<strong>da</strong><br />

autonza@o, ma? mue ne situava no r


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

I" Fase- 1719-1721. Construção <strong>da</strong> cerca e <strong>da</strong> Igreja<br />

De 30 de Julho de 1719 <strong>da</strong>ta o primeiro recibo de pagamento <strong>da</strong> uobra <strong>do</strong>s mu-<br />

ros que thomarão as Relegiozas de& Recolhimento de Penha de França> 320, sen-<br />

<strong>do</strong> assina<strong>do</strong> pelo mestre: pedreiro Manuel António, também identifica<strong>do</strong> como Mes-<br />

tre Possas3'. Ji o seguinte, de Setembro, exibe a assinatura <strong>do</strong> mestre Bento Cor-<br />

reia*2. O rol estende-se até Abril de 1720, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> baixa, ora um ora outro, <strong>do</strong> di-<br />

nheiro recebi<strong>do</strong> pela consbução <strong>do</strong>s muros de delimitação <strong>da</strong> cerca <strong>do</strong> convento;<br />

recibos assina<strong>do</strong>s pelo mestre e <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> convento pelo Padre Custódio Antu-<br />

nes Barros.<br />

Entretanto, igualmente em <strong>do</strong>cumentação avulsa, surge um conjunto de recibos de<br />

pagamento aos mesmos mestres, alguns <strong>do</strong>s quais assina<strong>do</strong>s por Manuel Fernan-<br />

des <strong>da</strong> Silva, e to<strong>do</strong>s certamente <strong>do</strong> seu punho3*, cujas <strong>da</strong>tas não foi possível pre-<br />

cisar. Referem-se, ain<strong>da</strong>, à construção <strong>da</strong> cerca e esclarecem que a sua altura podia<br />

atingir OS vinte e oito palmos e meio *4.<br />

Em jeito de balanço há uma nota que apresenta a contribuição de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is mestres executantes na obra <strong>da</strong> cetca. É com to<strong>da</strong> a certeza <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>-<br />

de de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva, e é acompanha<strong>do</strong> de um esboço <strong>do</strong>s muros:<br />

Apontamento de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

Mestre Bento Correia -<br />


CAPITULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

Um último apontamento, <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 3 de Outubro. ao que precisamos, de 1720, e<br />

como complemento <strong>do</strong> anterior, salienta o que ca<strong>da</strong> mestre já recebeu e o que lhe<br />

falta ain<strong>da</strong> receber <strong>do</strong> trabalho feito:<br />

«Empomio to<strong>do</strong>s os muros que fes o mestre Bento Correia (...J - 443$153<br />

Tem a conta athe oje 3 de Ourubro (...) - 409$200<br />

Tem mais <strong>da</strong> pedra <strong>do</strong> muro - 010$000<br />

Resta-se-lhe dever - 23$953<br />

EmpoHa to<strong>da</strong> a obra que fez o mestre Posas (.. ) - 41 1$346<br />

Empom o dinheiro que tem recebi<strong>do</strong> (...) - 402$400<br />

Resta-se dever-lhe - 008$946<br />

Daqui se ha-de avater a empana<strong>da</strong> que levou por 720<br />

Resta - 8$226> '".<br />

O que concluir desta informação? Como entender o aparecimento de Manuel Fer-<br />

nandes <strong>da</strong> Silva a efectuar ele próprio os pagamentos aos mestres pedreiros, subs-<br />

tituin<strong>do</strong> o Padre Custódio?<br />

Logo no estu<strong>do</strong> preliminar que Custódio Proença envia ao Arcebispo para auscul-<br />

tar a viabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> construção <strong>do</strong> convento, a opinião de Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

Silva é aponta<strong>da</strong> como referência, alheia, aparentemente, a qualquer intervenção<br />

de D. Rodrigo de Moura Teles. Era um artista de prestígio no meio arquitectónica<br />

bracarense. Do despacho favorável <strong>do</strong> Arcebispo para construção <strong>do</strong> convento, este<br />

escolhe, pensámos, o seu arquitecto para fazer o estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> situação, encane-<br />

gan<strong>do</strong>-o responsável de to<strong>da</strong> a empresa construtiva. Desta forma, substitui a admi-<br />

nistração directa que o convento vinha fazen<strong>do</strong>, e assume o papel de mestre de<br />

obras <strong>do</strong> convento de Penha de França, cargo que será assumi<strong>do</strong> pelo artista nou-<br />

tro processo de reforma conventual feminina, em Braga, sob o poder mecenático<br />

de Moura Teles.<br />

6 nessa quali<strong>da</strong>de que faz as mediçaes <strong>da</strong> contribuição de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is mes-<br />

tres - Manuel António e Bento Correia - na obra <strong>da</strong> cerca. Podemos avançar<br />

um pouco mais: se ele fosse apenas contrata<strong>do</strong> pelas Recolhi<strong>da</strong>s para a avaliação<br />

<strong>do</strong> trabalho <strong>do</strong>s mestres, com que poder tinha o encargo <strong>do</strong>s pagamentos?<br />

A assistência que fornece a Penha de França responsabiliza-o na paterni<strong>da</strong>de <strong>do</strong><br />

projecto e encontra suporte na arrematação <strong>da</strong> igreja<br />

Depois de ergui<strong>da</strong> a cerca dihgencia-se a construção <strong>da</strong> igreja e sacristia. Este é<br />

o primeiro núcleo arquitectónico que sofre transformação no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong> formação<br />

<strong>do</strong> convento (Doc. n. 25).<br />

As Madres <strong>do</strong> Recolhimento pretendiam que, ao nível <strong>da</strong> planta, a igreja acu-<br />

sasse a forma hexagonal, por ser, segun<strong>do</strong> elas, a que mais se a<strong>da</strong>ptava a convento<br />

" <strong>Idem</strong> - rbidem, Doc. 957


MANUEL PERNANOES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

feminino. Era uma opiniso perfeitamente estrutura<strong>da</strong> na estética <strong>da</strong>s mulheres re-<br />

colhi<strong>da</strong>s, pois. antecipan<strong>do</strong>-se a determinação superior, haviam adquiri<strong>do</strong> o azulejo<br />

para rev~stimento <strong>da</strong>s paredes intenores 3".<br />

A pianta defini<strong>da</strong> pela construção articulava quatro rectPngulos de disposição lon-<br />

gitudind, relativamente ao Campo de Santa Ana. Ca<strong>da</strong> espaço receberia sacristia,<br />

capela-mar, corpo <strong>da</strong> igreja e com, respechvamente, sen<strong>do</strong> este último destruf<strong>do</strong><br />

na s6culo XiX para construção de um novo edifício.<br />

Os <strong>do</strong>is rectângulos <strong>da</strong> sacristia e capela-mar, estão ao mesmo nível, e enwe estes<br />

e o espaço seguinte forma-se um ressalto, destacan<strong>do</strong>-se a largura <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> igre-<br />

ja Igual leitura se observava quan<strong>do</strong> se passava <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> Igreja para o coro,<br />

como testemunha o contrato de arremataçio <strong>da</strong> obra: «e fara as paredes <strong>do</strong> coro<br />

<strong>da</strong> ban<strong>da</strong> de dentro na dereitura <strong>do</strong> cunha1 de fora na forma que detriminou vista<br />

de Sua Illustnssimai 'la.<br />

Integran<strong>do</strong> o conjunto no Campo de Santa Ana, &a articulação de volumes em<br />

esca<strong>da</strong>, contraria o afunilamento <strong>da</strong> praça, que em termos globais define uma forma<br />

de raiz triangular. O estrangulamento <strong>do</strong> espaço público é alarga<strong>do</strong> com o recuo<br />

de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s módulos que compõem o conjunto. Esta foi uma orientação inten-<br />

cional de D. Rodngo de Moura Teles pela observação drrecta <strong>do</strong> espaço onde se<br />

inseria a construção, acusan<strong>do</strong>, nesta postura, preocupações estéticas de embe-<br />

lezamento urbanístico.<br />

Volumetricamente cria-se uma gra<strong>da</strong>ção em esca<strong>da</strong> que evolui <strong>da</strong> sacristia ao cor-<br />

po <strong>da</strong> igreja, e, possivelmente, ao coro. As preocupações de arranjo <strong>da</strong> praça s3o<br />

claras não só no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> planta, como ain<strong>da</strong> <strong>da</strong> regularização <strong>da</strong> altura <strong>do</strong> edi-<br />

ffcio com a largura <strong>da</strong> praça: a uma maior volumefria corresponde um espaça pú-<br />

blico mais largo.<br />

Ao desejo expresso <strong>da</strong>s Madres contrap6s Moura Teles a sua orientação edilica:<br />

para a igreja de convento feminino uma planta de base rectãngular, como se havra<br />

utiliza<strong>do</strong> no Terço de Barcelos, e se empregaria depois no convento de Nossa Se-<br />

nhora <strong>da</strong> Conceição, em Braga.<br />

O contrato de arrematação desta obra foi lavra<strong>do</strong> a 4 de Junho de 1720 (Doc. n.25),<br />

entre a regente <strong>do</strong> Recolhimento. a Madre Maria Sacramento, e Manuel Femandes<br />

<strong>da</strong> Sil~a'?~, e tr5 dias depois, em cerimónia presidi<strong>da</strong> por D. Rvdngo de Moura<br />

Teles, lançou-se a primeira pedra '", *com as solemni<strong>da</strong>des que dispoem o Ri-<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibih, Docs. 959 e 958A.<br />

" AA..B. - Nora GeraL I' shrie, n. 579, fis. 101-102v Ver ROCHA, Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> -<br />

Arqvirscttris Ciizil e Reliaiosa ... p. 204.<br />

'?" <strong>Idem</strong> - ib8dmt.<br />

" *Junho 7 de 1720 foi o Senhor Arcebim lançnr a primeira pedra na igreja nQv& que fazeni as Bentas<br />

de Nosso Senhora tia Penha de Franga A.D.B. -Diário Brac~~ren.~n.., fls. 9 1-92; FREITAS, Bernardino<br />

José de Senna - ar.. I. I. p. 392.


CAPfTULO LI1 - MANUEL FERNANDES DA SILVA. A OBRA<br />

tua1 Romano, com asistencia <strong>do</strong> seu Bispo Coadjutor, <strong>do</strong>s seus capitulares e <strong>da</strong> pnn-<br />

cipal nobreza de Bragzm 3''.<br />

O contrato, embora apele constantemente para a planta, fornece alguns elementos<br />

descritivos & interesse:<br />

- as dimenaes e as esquadrias seriam as acusa<strong>da</strong>s na planta;<br />

- '*...as cornigens de dentro na forma <strong>do</strong> dezenho de pedra e por fora para a par-<br />

te <strong>da</strong> Rua ou <strong>do</strong> Campo de Santa Anna sera de papo de rollau;<br />

- a igreja no interior levaia três empenas: uma nsobre as grades <strong>do</strong> coro e outra<br />

sobre o arco cruzeiro e outra sobre a capela maior e com suas cruzes e peradi-<br />

mas e rufosn, e ca<strong>da</strong> empena possuía um cunhal, sen<strong>do</strong> de duas faces o <strong>do</strong> arco<br />

cmzeiro, e os outros <strong>do</strong>is apenas de uma,<br />

- a sacristia levaria <strong>da</strong>vatorio, frestas e portaisu, com grades de ferro assenta<strong>da</strong>s<br />

pelo mestle e forneci<strong>da</strong>s pelas Recolhi<strong>da</strong>s;<br />

- q... <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r <strong>da</strong> samchristia que sobe para a tribuna sera reparti<strong>da</strong> de prepia-<br />

nho com sua porta por baixo pma despejos <strong>da</strong> sanchrestia,, "l.<br />

Na execução desta obra, o mestre aproveitava os materiais e esquad<strong>da</strong>s provenien-<br />

tes quer <strong>da</strong> demolição <strong>da</strong>s casas veihas, quer <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Recolhimento. Este<br />

aproveitamento não vai sô ao <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> matéria prima. mas inclusivamente a for-<br />

mas, que seriam reuttliza<strong>da</strong>s na mesma função:<br />


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

sa Fase - 1725-1728 - A construção de outros espaços conventuais<br />

Para <strong>da</strong>r an<strong>da</strong>mento à edificação <strong>da</strong>s várias dependências <strong>do</strong> futuro espaço con-<br />

ventual ou para aquisição de peças artísticas para caracterização <strong>do</strong> espaço já<br />

construi<strong>do</strong>, a Regente reclama, em Maio de 1723, à Misericórdia o lega<strong>do</strong> de Ma-<br />

na Vieira, anotan<strong>do</strong>, que embora incompleto o ctclo de obras, «não he necessario<br />

esperar por eila [conclusüo] para se entregar o lega<strong>do</strong>>, ten<strong>do</strong> como garantia <strong>do</strong><br />

bom termo <strong>do</strong> empreendimento o «zello com que Sua illustrissima tem toma<strong>do</strong> esta<br />

obra a sua conta 315.<br />

São contrata<strong>do</strong>s por D. Rodrigo de Moura Teles, os mestres pedreiros Estevão Moreira<br />

e Manuel Rebelo, irmãos, mora<strong>do</strong>res na *freguesia <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r de Moreira,<br />

concelho <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>», para a sobra <strong>do</strong> novo convento <strong>da</strong> Senhora <strong>da</strong> Conceição <strong>da</strong><br />

Penha França», segun<strong>do</strong> escritura pública lavra<strong>da</strong> a 8 de Setembro de 17251".<br />

Os apontamentos são muito pobres, não esclarecen<strong>do</strong>, inclusivamente, o teor <strong>da</strong><br />

obra a realizar. Faz-se apelo a que os mestres pedreiros tu<strong>do</strong> farião «na forma <strong>da</strong><br />

planta e apontamentos>, que estavam, de resto, «comforme a vontade que elle dito<br />

Senhor quis*. A determinação <strong>do</strong> arcebispo é reforça<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> numa outra passagem<br />

<strong>do</strong> contrato notarial, a propósito <strong>da</strong>s esquadrias <strong>da</strong> obra: «to<strong>da</strong> a esooadria desta<br />

obra que consta <strong>da</strong> planta della e to<strong>da</strong> a mais que elle dito Illustrissimo Senhor<br />

quizer*. Ao projecto arquitectónico sobrepunha-se o cariz estético de Moura Teles.<br />

A obra foi hata<strong>da</strong> B braça na razão de ares mil e <strong>do</strong>zentos reiss ca<strong>da</strong>, incluin<strong>do</strong><br />

váos e janelas.<br />

Além <strong>do</strong>s mestres trabalhasiam continua<strong>da</strong>mente na obra Kcorenta officiaesu.<br />

O custo total <strong>da</strong> obra <strong>do</strong>s mestres pedreiros e <strong>da</strong> sua equipa no Convento <strong>da</strong> Penha<br />

de Fm~a atingiu os «seie contos oitocentos e noventa e <strong>do</strong>is mil e quinhentos e<br />

sacenta reis», conforme declara a quitação <strong>do</strong> Último pagamento que D. Rodrigo<br />

de Moura Teles fez a Estevão Moreira, <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 6 de Julho de 1728 U7. Três anos<br />

foi o tempo que demorou a construção <strong>do</strong> espaço conventual. Durante este perío<strong>do</strong><br />

não conhecemos outras intervenções <strong>do</strong>s mestres que arremataram as obras.<br />

Ain<strong>da</strong> não estava totalmente satisfeito o compromisso com a equipa de pedreiros,<br />

e já era inaugura<strong>do</strong> o convento com a pompa que pedia o aconte~imento'~~. Nova-<br />

>' Depois de satisfeitos os encargos tesUmenMnos de M a Viein, sobnram para ns Recolhi<strong>da</strong>s <strong>do</strong>is<br />

contos e cento e sesenti e hum mil reis*. A.D.B. - Fun<strong>do</strong> Moná~riso - Na. Sr'. de Penha de Rança,<br />

F. 129, Doc. 965.<br />

"Q.D.B. - Nuta Gernl, I' strie, n. 608, ils. 145"-147v. Ver ROCHA, Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong><br />

- ArquilecNrn Civil c Religiosa ..., p. 139.<br />

'" A.D.B. - Nora Geral, 1' série, n. 622, fls. 22.22~. Ver ROCHA, Manuel Joquim Moreira <strong>da</strong> - Arguirrerurn<br />

Civil e Religiosa .... p. 140.<br />

"' Não h5 coincidência sobre o mes em que decorreu esta sessão. O manuscrito <strong>da</strong>. Biblioteca Públiço<br />

Municipal <strong>do</strong> Porta locali-ea-o em Junho: «No dia 4 de Junho de 1727 as cinco horas & tude, chegariío<br />

as fun<strong>da</strong>d<strong>do</strong>ras acompanha<strong>da</strong>s de muita seahoras amigap e parentes suas zi emi<strong>da</strong> de S ~ia An-


CAPITULO I11 - MANUEL FERNANOES DA SILVA A OBRA<br />

mente uma manifestação pública de regozijo mecenático. Manuel <strong>da</strong> Silva Tadim<br />

ilustrou-a <strong>da</strong> seguinte forma:<br />

«Julho de 1727. Aos 4 deste mez foram para o novo convento <strong>da</strong> Penha<br />

de França as Institui<strong>do</strong>ras delle que fomm duas religiozas <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r,<br />

e humn <strong>da</strong> Conceigãm, e se apiaram ri eapella de Santa Anna s chegann<strong>do</strong><br />

a mesma capella o Senhor Arcebispo se fonnou procisiom com clerigos<br />

e religiozos debaixo <strong>da</strong> c m <strong>da</strong> Confraria de S. Anna, e <strong>da</strong> <strong>do</strong> Senhor<br />

Arcebispo, e foram direitas ao novo mosteiro hhm<strong>do</strong> as duas religiosas<br />

<strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r a par com veos pela cara. e atraz destas huma <strong>da</strong><br />

Conceiçam no meio de duns senhoras de manto suas parentes e no fim<br />

hia o Prela<strong>do</strong>, a atraz delle os verea<strong>da</strong>res, e na igreja se cantou Te Deum<br />

Lau<strong>da</strong>mus e houve triduo com o Sacramento exposto, e sermões. O Senhor<br />

Arcebispo man<strong>do</strong>u fazer este convento B sua custa, e <strong>da</strong>ntes era<br />

Caza de Beatas, que havia instrtui<strong>do</strong> Pedro de Aguiara ny'Y.<br />

1.2.1.3. Convento de Na. SrJ. <strong>da</strong> Conceição (fot. 19-25)<br />

De fun<strong>da</strong>ção pós-tridentina, o convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceiçáo iniciou<br />

a construção em 1625 "O, por vontades de Geral<strong>do</strong> Gomes, cónego na Sé, e seu<br />

irmáo, Francisco Gomes, abade de A<strong>do</strong>ufe "I, com licença <strong>do</strong> Arcebispo D. Afon-<br />

so Furta<strong>do</strong> de Men<strong>do</strong>nça (1619-1627). encontran<strong>do</strong>-se concluí<strong>do</strong> quatro anos mais<br />

tarde. Foi <strong>do</strong> convento <strong>do</strong>s Remédios que saíram as primeiras monjas e noviças<br />

para constituirem a base desta comuni<strong>da</strong>de conventual 3".<br />

Um século depois resolveram as religiosas <strong>do</strong> convento edificar nova igreja por-<br />

que a existente «ameaçava ruina» 3". O Diório Bracarense aponta o ano de 1725<br />

como início deste processo construtivo 3M. Para satisfação <strong>do</strong> intento freirático,<br />

recorrem ao seu Prela<strong>do</strong>, para este, além de autorizar a construção, financiar as<br />

obras com o seu patrocínio mecenático.<br />

na, que d6 o nome a huma grande e alegre praça aonde esta situa<strong>do</strong> o convento, e ahi as espernva<br />

o Arcebispo com grande pme <strong>do</strong>s seus capitulares, hum grande numero de Eeclesiasticos regulares e<br />

seçulam e huma multid5o de pessoas de distiqáo mui luzi<strong>da</strong>s não so de Bnga mas de to<strong>da</strong> a Provincia<br />

<strong>do</strong> Minho [...I com esta lastow. mmitiva pas$arm as fun<strong>da</strong><strong>do</strong>ras ao novo convento. [.I Houve hum<br />

wlemnissimo Viduo de ires dias-.. B.P.M.P. - Conegos e Arcebispos de Braga. RES, ms.1419, dp.<br />

" A.D.B. - Diário BmEarense ..., fl. 97.<br />

Mo A.D.B. - Diário Bracarensr.., ti. 54.<br />

'w' ERREIRA, L Augusto (Monsenhor) - Fastos Episcepaes ..., r. 111, p. 138.<br />

~Pan directoras <strong>do</strong> novo convento foram <strong>do</strong> <strong>da</strong>s Remedim quafro Religioses: Soror Maitha de Sant'<br />

Anna. primeira Abbad-. o m l d'esia ci<strong>da</strong>de: D. Francisca de &mo. sua sobrinha, Vigaria: D. Antonia<br />

<strong>da</strong> Concei@a a li. Isabel Assumpção, as qum. com seis noviças, coostihiiram a ~ommu~<strong>da</strong>ce<br />

canventuala. <strong>Idem</strong> - ibidem, p. 13,s.<br />

"W.P.M.P. - Cwegos e Arc~bispos de Braga, RES. ms. 1419, ntp.<br />

" A.D.B. - Diúrio Brucannre ..., fl. 96.


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Para um autor setecentista a uplauta que se fez para fabnca <strong>do</strong> novo templo*<br />

evidenciava a ~anagnificencia que elle dezejava tivessem to<strong>da</strong>s as cazas de Deos<br />

sem attender a gastos» ". De facto, sen<strong>do</strong> grandioso ao nível <strong>da</strong>s proporções, é<br />

também transmissor de alguma austeri<strong>da</strong>de. Se no convento de Nossa Senhora <strong>da</strong><br />

Conceição <strong>da</strong> Penha de Fran~a encontrámos um espaço sacro de um intimismo<br />

luxuriante. de requinte femimo, naquele, presente igualmente a usual associação<br />

<strong>da</strong> talha, <strong>do</strong> azulejo e <strong>da</strong> pintura, mas por que de forma conti<strong>da</strong>, contiastam<br />

equilibra<strong>da</strong>mente com o branco <strong>da</strong>s paredes, situação que 6 reforça<strong>da</strong> nos coros,<br />

forman<strong>do</strong>-se, como tal, um espaço onde os valores arquitectónicos se tomam mais<br />

evidentes.<br />

Comer;ou-se a trabalhar nesta obra


CAPfTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

quinhentos cruza<strong>do</strong>s*, receben<strong>do</strong> no acto <strong>da</strong> escritura seiscentos mil réis, e o res-<br />

tante pago em fracções mensais, conforme a obra correr. O compromisso foi tes-<br />

temunha<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is cónegos.<br />

As obras devem ter segui<strong>do</strong> um bom curso. Logo em Fevereiro de 1729 a Madre<br />

Abadessa, Jacinta Catarina <strong>do</strong> Deserto, assume compromisso com os mestres car-<br />

pinteiros Pedra Nogueira e João Nogueira, pai e filho respectivamente, para a obra<br />

de semmadeiramento <strong>da</strong> igreja e coro <strong>da</strong> igreja» 350, especifican<strong>do</strong>-se ain<strong>da</strong> que es-<br />

se trabalho de carpintaria abrangia, alim <strong>da</strong> igreja, onde se incluía capela-mor e<br />

tribuna, o coro, a caza <strong>do</strong> antecoro e sacristia.<br />

Este contrato explicita a dimensão <strong>da</strong>s obras de pedraria a realizar por Manuel<br />

Fernandes <strong>da</strong> Silva. É evidente que à sua <strong>da</strong>ta não estava ain<strong>da</strong> pronta to<strong>da</strong> a obra<br />

de pedraria, como é nota<strong>do</strong> no texto notarial: aa coa1 obra hirão fazen<strong>do</strong> asim que<br />

os mestres pedreiros forem acaban<strong>do</strong> as paredes* - nem tão-pouco arremata<strong>da</strong> por<br />

Fig 17 - Plnm aproximuia <strong>da</strong> Igreja e Coro <strong>do</strong> Convento de Nosso Senhora <strong>da</strong> Conceição<br />

mestre pedreiro. Em Agosto, Manuel Fernandes assina novo contrato com o con-<br />

vento para construção <strong>do</strong>s coros, como veremos.<br />

De um só jorro foi resolvi<strong>do</strong> o problema <strong>da</strong> carpintaria <strong>da</strong>s novas obras, realiza-<br />

<strong>da</strong>s e a realizar, no convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição, trabalhan<strong>do</strong> os car-<br />

pinteiros na dependência <strong>do</strong> ritmo <strong>do</strong>s pedreiros: ano cazo que a obra de pedraria<br />

pare por cauza de não haver dinheiro para os ditos mestres pedreiros elles ditos<br />

mestres carpinteiros pararão tambem» 'l', continuan<strong>do</strong> assim que bouvevse finan-<br />

ciamento ou <strong>do</strong> rei, <strong>do</strong> Cabi<strong>do</strong> ou <strong>do</strong> prela<strong>do</strong>3". Como testemunha, assina Manuel<br />

Fernandes <strong>da</strong> Silva, que ocupava o cargo de amestre <strong>da</strong>s obras de pedrarim, sen<strong>do</strong><br />

clara a responsahilização pela totali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> empreendimento.<br />

"O A D B. - N m Geral. I' séne, n 624. tis. 119-120.<br />

I" <strong>Idem</strong> - ibidem<br />

'" <strong>Idem</strong> - rbidem


MANUEL FERNANOES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

Com autorização que recebera <strong>do</strong> Cabi<strong>do</strong> - o tempo era de Sede Vacarite - a<br />

Madre Jacinta Catarina <strong>do</strong> Deserto compbe-se, umavez mais, com Manuel Femandes<br />

<strong>da</strong> Silva (Doc. n. 31) de a


CAPfTULO I11 - MANUEL FERNANQES DA SILVA A OBRA<br />

respondência dirigi<strong>da</strong> de Braga para aquela instituição notícia esta determinação,<br />

sem, contu<strong>do</strong>, esclarecer o teor <strong>da</strong> obra a realizar.<br />

Pela primeira carta, de 10 de Janeiro de 1703, a Madre escrivã é informa<strong>da</strong> de que<br />

para <strong>da</strong>r continui<strong>da</strong>de ao seu intento construtivo iria ao convento «o architecto Manoel<br />

Fernandess fazer o levantamento <strong>da</strong> obra requen<strong>da</strong>, com autorizat$ío pm entrar<br />

na clausura, sem deixar no ar um certo tom repreensivo porque, diz o arcebispo,<br />

aos requerimentos <strong>da</strong>s religiosas dão mais trabalho aos prela<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s<br />

os mais diocesanosx "?<br />

Possivelmente, a uma pretensgo de orientação directa <strong>da</strong> obra por parte <strong>do</strong> convento,<br />

o arcebispo contrapãe o especialista, e s6 depois <strong>da</strong> sua peritagem se avaliaria<br />

a pertinoncia <strong>da</strong> obra, demonstran<strong>do</strong> assim o seu perfil de exigência artística<br />

enquanto responsável pelos destinos espintuais de Braga: *não é obrigação imitarem<br />

se aquelles edifícios que se fizeram com menos consideração>> "'.<br />

Precisamente um mês depois nova carta, para «a abbadeça de S Bento de Vianna<br />

tocante a obra <strong>da</strong>s Madres Anna <strong>da</strong> ConceiçBo e Anna <strong>da</strong> Graça» 'R. O seu teor<br />

é o seguinte:<br />

*O messre Manoel Fernandes fes a vestona que lhe ordenei e dto i»fornza-<br />

ção em o rescunho incluzo. pelo qual quero que se faça a obra <strong>da</strong>s Reve-<br />

ren<strong>da</strong>s Madres Anna <strong>da</strong> Conceição e Anna <strong>da</strong> Graça, porem não concen-<br />

tira V. M. que se ponha em execução sem approvação <strong>do</strong> Tenente Gene-<br />

ral Manoel Pznto para se obrar com to<strong>do</strong> o aceno, e se poderem ewitar<br />

alguns znconvenientes, neste particular não ten<strong>do</strong> mais que dizer.. t> 7'".<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva estu<strong>do</strong>u a obra a realizar mitin<strong>do</strong> o seu parecer num<br />

rascunho que o arcebispo envia $ abadessa para orientação <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong>. Consistiria<br />

esse rascunho no risco <strong>da</strong> obra e nos seus apontamentos?<br />

D. João de Sousa exige que antes de se iniciarem as obras a Madre tivesse aprovaçáo<br />

para as mesmas de Manuel Pinto de Vilalobos. *


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Ou pretender tão só a aprovação <strong>da</strong> obra por um perito de nomeação régia, para<br />

no futuro evztar alguns inconvenientes com o poder central, até porque os conven-<br />

tos femininos são protegi<strong>do</strong>s pela coroa?<br />

Em qualquer <strong>do</strong>s casos foram detemllnantes a vistoria e o parecer de Manuel Fer-<br />

nandes <strong>da</strong> Silva.<br />

1.2.1.4.3. Convento de Na. Sra. <strong>do</strong>s Remédios<br />

Fun<strong>da</strong><strong>do</strong> no final <strong>da</strong> primeira metade <strong>do</strong> século XVI por Fr. André de Torquema<strong>da</strong>,<br />

iniciou-se a construção <strong>da</strong> igreja em 1544 e em cinco anos to<strong>do</strong> o edifício ficou<br />

concluí<strong>do</strong> 361. Sessenta e quatro anos depois a Madre D. Antónia de Azeve<strong>do</strong> achan<strong>do</strong><br />

a igreja «que havia feito o illustrissimo fun<strong>da</strong><strong>do</strong>r, era limita<strong>da</strong> e tosca na architectura»<br />

362, sen<strong>do</strong> indecente para a digna prática <strong>do</strong> culto, ordena a demoliç20 <strong>do</strong><br />

ed~fício e a construção de uma igreja nova «com maior grandeza e melhor arquitectura><br />

'6'. Não era fin<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> o primeiro quartel de setecentos, no abadessa<strong>do</strong> de<br />

Francisca <strong>do</strong>s Serafins, quan<strong>do</strong> se promove a edificação <strong>da</strong> terceira igreja <strong>do</strong> convento.<br />

É neste ciclo que Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva será solicita<strong>do</strong> a intervir. Desconhecemos<br />

os pormenores de basti<strong>do</strong>res, mas uma nota lavra<strong>da</strong> pelo punho de Manuel<br />

Fernandes, e por ele assina<strong>da</strong>, guar<strong>da</strong><strong>da</strong> avulso no meio de outras notas no arquivo<br />

<strong>do</strong> convento, denuncia a sua participaçáo neste processo reconstrutivo.<br />

O apontamento, que foi proposta de orçamento, descreve a obra a realizar e o custo<br />

<strong>da</strong> empreita<strong>da</strong>. Pela pouca frequência de <strong>do</strong>cumentos desta ín<strong>do</strong>le transcrevemo-<br />

-lo na fntegra:<br />


CAPÍTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

que ro<strong>da</strong>s fazem <strong>do</strong>ze na formn <strong>do</strong> peol, pella parte de dentro e por<br />

fora rasga<strong>do</strong>s o nesesarro para as ilhargas, e para sima muito mau e<br />

fazer os mais portais que o dito pefl mostra de ombreiras emteiras e<br />

reformar o portal grande e sua correspondencia fazer o arguo cru-<br />

zeiro e <strong>da</strong> tribuna, paredão para asentar os ampanarios com esca<strong>da</strong><br />

para ellzs e portal para os fechar, abrir <strong>do</strong>is conficionanos novos,<br />

compor os presviterios com sinquo degraos fazer tres ao cruzeiro e o<br />

mais na forma que o perfil mostra de ambos os la<strong>do</strong>s compor e acre-<br />

sentar o Iagea<strong>do</strong> to<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> igreja e capella maior <strong>da</strong>n<strong>do</strong> eu a<br />

cal pedra, e saibro e o mats nesessan'o para fazer a dita obra e <strong>da</strong>rei<br />

feita em preso as paredes, e as escoadrias bem lavra<strong>da</strong>s por preso de<br />

hum conto e setecentos e oitenta mil reis aproveitan<strong>do</strong>-me <strong>da</strong> pedra ve-<br />

lha que sahir <strong>da</strong> rgreja capella e trrbuna <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-me tambem as gra-<br />

des de ferro para as novas frestas. Oje em Braga de Novembro 15 de<br />

723.<br />

Manoel Femandez <strong>da</strong> Silvas '64<br />

Nesta proposta, acompanha<strong>da</strong> de risco, Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva prevê a re<br />

construção <strong>do</strong> templo existente, e não a edificação de um templo de raíz. No seu<br />

projecto seriam aproveita<strong>do</strong>s materiais <strong>do</strong> edifício existente, nomea<strong>da</strong>mente cor-<br />

nija e friso, não na facha<strong>da</strong> <strong>do</strong> Campo <strong>do</strong>s Rembdios, que era obviamente a fa-<br />

cha<strong>da</strong> nobre, mas na volta<strong>da</strong> para o intenor <strong>do</strong> convento, que n8o seria visível <strong>do</strong><br />

espaço público. Esta solução, muito ao gosto <strong>do</strong> arquitecto, que, de resto, a utili-<br />

zou repeti<strong>da</strong>s vezes noutros momentos <strong>da</strong> soa activi<strong>da</strong>de, revela um certo compro-<br />

misso entre passa<strong>do</strong> e presente, fazen<strong>do</strong> a integração e o diálogo entre o antigo<br />

e o moderno.<br />

A quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> encomen<strong>da</strong>, que não é dissociável <strong>do</strong> poder económico <strong>da</strong> enti-<br />

<strong>da</strong>de financia<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> obra ou <strong>do</strong>s recursos que nela pretende dispor, obriga o arqui-<br />

tecto a certas manobras para que o resulta<strong>do</strong> fina não seja por demais diipendioso;<br />

é também determinante que o mecenas se reveja na nova criação. Para estruturas<br />

convencionais, uma linguagem cristaliza<strong>da</strong>, salpica<strong>da</strong>, pontualmente, de elementos<br />

de estética mais coetânea.<br />

Seria ain<strong>da</strong> muito arroja<strong>do</strong> o projecto de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva para a igre-<br />

ja <strong>do</strong> convento <strong>do</strong>s Remédios? O custo muito eleva<strong>do</strong>? A sua proposta não<br />

vingou e é substiruí<strong>da</strong> por outra de António Pinto de Sousa, arquitecto de<br />

Guimarães "'.<br />

* A.D.B. - Fun<strong>do</strong> Mo~dstico. Ns. Sr. <strong>do</strong>s Remédios. F. 562, Doc. n. 2621.<br />

*" A.D.B. - FcrR


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

1.2.2. Conventos Masculinos<br />

1.2.2.1. Congregação <strong>do</strong> Oratório (fot. 26-27)<br />

O cónego Jo2o de Meira Carrilho, de recursos económicas sóli<strong>do</strong>s, pretenden<strong>do</strong><br />

fun<strong>da</strong>r uma uobra pia que fosse <strong>do</strong> maior agra<strong>do</strong> de Deus e bem <strong>do</strong> próximo»366,<br />

dirige convite aos Oratorianos <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> para estenderem a sua acção até i ci<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s arcebispos. Depois de ouvi<strong>da</strong> a casa-mãe <strong>da</strong> congregação foi decidi<strong>da</strong> a satis-<br />

fação <strong>da</strong>s intençõez <strong>do</strong> cónego, e no início de 1686 encontram-se em Braga <strong>do</strong>is<br />

Padres oriun<strong>do</strong>s de Lisboa para tratar <strong>do</strong> processo de instalação desta Ordem,<br />

receben<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o apoio, <strong>do</strong> entáo arcebispo, D. Luís de Souça'".<br />

Como sede provisória tiveram uma casa junto à S& «em frente h porta <strong>do</strong> Sol>>76R,<br />

enquanto que, com as ofertas de Meira Camlho, adquiriam espaço no Campo de<br />

Santa Ana, onde iniciaram de imediato a construção deum modestoedifício religioso,<br />

condizente com os recursos disponíveis, sen<strong>do</strong> ocupa<strong>do</strong> em Maio de 1687<br />

Foi debaixo <strong>do</strong> signo expansionista que a Ordem se radicou em Braga. Em <strong>do</strong>is<br />

escassos decénios revelaram-se as instalações inadequa<strong>da</strong>s para o concurso de fiéis<br />

e o alargamento <strong>da</strong> área construí<strong>da</strong> foi a opção encontra<strong>da</strong> pelos Padres <strong>do</strong> Ora-<br />

tório. D. João de Sousa ao reconhecer a pertinência <strong>da</strong> obra pelos inúmeros ser-<br />

viços espirituais que a instituição prestava A comuni<strong>da</strong>de, e pela dimensáo deseja<strong>da</strong>,<br />

autoriza o peditório pelo arcebispa<strong>do</strong> de forma a serem consegui<strong>do</strong>s recursos eco-<br />

nómico~ que aju<strong>da</strong>ssem a erguer a nova casa, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> ele próprio o exemplo com<br />

a contribuição de cem mil réis Esta solução de angariação de fun<strong>do</strong>s é apro-<br />

va<strong>da</strong> também por Moura Teles "', que encontra neles excelentes promotores de<br />

Trento e <strong>do</strong> culto <strong>da</strong>s relíquias '?.<br />

Pela construção <strong>da</strong> igreja responsabilizou-se Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, segun<strong>do</strong><br />

contrato lavra<strong>do</strong> entre a CongregaçZo e o mestre pedreiro (Doc. n 4), eni 6 de Junho<br />

de I703 '?', igreja que virla a substituir a anterior até na local~zaçáo~~~. Para<br />

FERREIRA. J. Augu.10 (Monsenhor) - Fart(~s Ej~iscopaes ..., I. 111. p. 194; OLIVEIRA. Edu~r<strong>do</strong> Pires<br />

de - Con~wizm <strong>do</strong>,.? Comgrega<strong>do</strong>r Brngq, Centro Integra<strong>do</strong> de FonnGo de Professores e Universi<strong>da</strong>dc<br />

<strong>do</strong> Minho. 1988. p. 5.<br />

1" SANTOS, Eugenio <strong>do</strong>s - O Ororúrir) ,to Norte de Pllrrugal Conrribziipiv pnm o e.slr&<strong>do</strong> <strong>da</strong> hisrú-<br />

No relifilt~su e eocial, Col. *Textos de Histõtinr, n. 4, PoM, Instituto Nacional de Invstigqão Científica,<br />

1982, p. LI I e segs.<br />

'" FERREIRA, J. Augunto (Momenhor) - Fasro.? Epi,vc


CAPfTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

orientação <strong>da</strong> obra o mestre seguiria as plantas e perfis, e ain<strong>da</strong> as vontades <strong>do</strong>s<br />

Padres que poderiam introduzir alterações pontuais à vista <strong>da</strong> construção, assim<br />

eles o desejassem. Alterações de simples teor formal. como as que podenam pro-<br />

pôr em quoaesquer pessas de pedrariar, ao aumento <strong>da</strong> altura <strong>da</strong>s portas e a va-<br />

nabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> número de capelas no interior, até à elevação <strong>do</strong> arco cruzeiro, exi-<br />

gência esta que poderia acarretar problemas técnicos. As novas orientações senam,<br />

obrigatonamente, comunica<strong>da</strong>s ao mestre antes <strong>da</strong> área a modificar estar cons-<br />

truf<strong>da</strong>, para evitar gastos na demolição, que correriam a expensas <strong>da</strong> Congregação,<br />

e ao mestre, avisa<strong>do</strong> atempa<strong>da</strong>mente. o encargo <strong>da</strong> remodelação sem reforço<br />

pecunlário<br />

Ftg IR - Casa e igreja <strong>da</strong> Congregação <strong>do</strong> Omt6no Em mea<strong>do</strong>s <strong>da</strong> século XVIII 3 igreja nâo tinha<br />

ain<strong>da</strong> recebi<strong>do</strong> a facha<strong>da</strong> (Mapa <strong>da</strong>s Ruos de Brago 1750)<br />

Estas cl8usulas são ttradutoras de uma maleabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong> nsco inicial, e de um com-<br />

promisso entre encomen<strong>da</strong>nte e construtor. o que de certa forma o responsabi-<br />

liza pela autoria <strong>do</strong> projecto. S6 com um conhecimento técnico profun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s cál-<br />

culos preliminares poderia o mestre pedreiro aceitar passivamente a determinação<br />

<strong>do</strong>s Padres, ou, caso contrário, o resulta<strong>do</strong> final poderia ser catastrófico. E mais:<br />

sen<strong>do</strong> a planta de outro arttsta porque motivos não sena consulta<strong>do</strong> para essas<br />

transformaçóes ao seu projecto?<br />

"' a sem a dita igreja feita no citio gnde oje esta o oratanoa A D B - Nota Geral, I' série. n 502<br />

fls 132"-134


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Se nos retivemos na análise <strong>da</strong> espaciali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> ediffcio, composto por corpo <strong>da</strong><br />

igreja, rodea<strong>do</strong> de ambos os la<strong>do</strong>s por três capelas abertas na parede, e capela-mar<br />

profun<strong>da</strong>, demarca<strong>da</strong> por cruzeiro imponente, entre duas sacristias, como na<br />

lineari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> composição, tu<strong>do</strong> transbor<strong>da</strong> de clima familiar a Manuel Fernandes<br />

<strong>da</strong> Silva. 8, sem dúvi<strong>da</strong>, um interior imponente, cuja força provem tanto <strong>da</strong>s pro-<br />

porções como <strong>da</strong> conjugação de <strong>do</strong>is entablamentos. que, pwwrren<strong>do</strong> o corpo <strong>da</strong><br />

igreja, se articulam na testa <strong>da</strong> capela-mar em duplo 8ngulo recto, e continuam até<br />

morrer no altar-mor, como <strong>do</strong> carácter cenagráfico <strong>do</strong> arco cruzeiro, onde os Pa-<br />

dres polarizaram superior cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, colocan<strong>do</strong> quatro nichos de concepção manei-<br />

rista, denuncia<strong>do</strong>res <strong>da</strong> formação <strong>do</strong> arquitecto. A monumentali<strong>da</strong>de que a Congre-<br />

gação desejava no novo edifício religioso - implícita no contrato notarial peIa pró-<br />

pria ressalva <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de alteração <strong>da</strong> altura <strong>do</strong> arco cruzeiro, como <strong>da</strong>s<br />

portas - é tónica ambiental.<br />

De cobertura austera, em volta perfeita, sem sinais ornamentais, o ritmo é conferi<strong>do</strong><br />

pela compartimentaçáo horizontal de ca<strong>da</strong> muro por duplo entablamento saliente,<br />

onde no primeiro registo se rasgam três arcos para capelas, delimita<strong>da</strong>s por pilas-<br />

tras, corresponden<strong>do</strong> a ca<strong>da</strong> qual uma janela no segun<strong>do</strong> registo. Ritmo uniform-<br />

za<strong>do</strong> na capela-mar com duas largas janelas em ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s registos, aumentan-<br />

<strong>do</strong>, soberbamente, a luz no centro visual <strong>do</strong> ediffcio, para onde convergem as li-<br />

nhas horizontais.<br />

Há uma procura de efeitos feéricos pela evolução <strong>da</strong>s fonnas tradicionais.<br />

As dimensões <strong>da</strong> igreja não são menciona<strong>da</strong>s no contrato e seriam decidi<strong>da</strong>s no<br />

im'cio <strong>do</strong>s alicerces - ssera a dita igreja mais ou menos compri<strong>da</strong> alta ou baixa<br />

larga ou estreita <strong>do</strong> que mostra a planta como elles ditos reveren<strong>do</strong>s padres<br />

detreminarem nos prencipios <strong>do</strong>s alicetesx - dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong>s recursos que até h<br />

<strong>da</strong>ta reunissem, tal como to<strong>da</strong> a evolução <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong> seria rima<strong>da</strong> pela sua<br />

existencia ou não. As paredes, «de oito palmos de groço~, levariam ameti<strong>do</strong>s os<br />

arcos <strong>da</strong>s capellas <strong>do</strong> mesmo tamanho e feitio <strong>da</strong>s plantas e prefile* '7'.<br />

O mestre compromete-se <strong>da</strong>r a igreja completa desde os alicerces h frontaria, o que<br />

não viria a acontecer, pois ain<strong>da</strong> em 1750 a facha<strong>da</strong> não estava constnrí<strong>da</strong>, como<br />

demonstra a imagem no Livro <strong>da</strong>s Ruas de Braga. Só onze anos depois se tratou<br />

<strong>da</strong> sua materializa~ão~'~. Da primitiva facha<strong>da</strong> pouca luz fornece o <strong>do</strong>cumento: «E<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibidem<br />

'" Robert Srnith eluci<strong>da</strong> ufa executa<strong>da</strong>,]untamente com o arco <strong>do</strong> wro no interior, segun<strong>do</strong> uma Uo-<br />

diçâo fidedigna, entre 1761 e Mato de 1765, sen<strong>do</strong> o mire <strong>da</strong> o pedreiro hulo Vi<strong>da</strong>l, de Vln-<br />

na <strong>do</strong> Castelo, que em 1761 colaborou na reaiiuçãa <strong>da</strong> nsco de Andr.5 Soares para o grande retábulo<br />

<strong>da</strong> Senhora <strong>do</strong> Roshno. na igreja <strong>do</strong>s <strong>do</strong>miniwm <strong>da</strong>quele porto Esta e outras associoçóes de Vi<strong>da</strong>l<br />

com a obra <strong>do</strong> grande ama<strong>do</strong>r bmarmse e oq muito5 sinas <strong>da</strong> sua me, que a facha<strong>da</strong> revela ampla-<br />

mente, juFtificam a atnbuqão <strong>da</strong> SEU desenho 0 André Soares <strong>da</strong> Silva* SMITH, Robert C - Frei Jo-<br />

Pé de Snnro Aniónio . vol I, p 199


CAPfTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

tambem fara to<strong>da</strong> a porta principal desta igreja per presso ca<strong>da</strong> huma braça de des<br />

mil reis (...) mas dito se emtendera lavra<strong>da</strong> <strong>da</strong> van<strong>da</strong> de fora» "7.<br />

Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva obrigava-se a cumprir uos feitios <strong>da</strong>s capellas e arco<br />

cruzeiro e portas e cunhais e frizos, comixes e to<strong>da</strong>s as mais escoadrias com to<strong>do</strong>s<br />

os refendimentos e cortes e resaltos que mostra as plantas e prefisw. A obra foi<br />

trata<strong>da</strong> à braça varian<strong>do</strong> os preços conforme o tipo de trabalho - alicerces, pare-<br />

des, esquadrias, arquitraves, etc. - e a zona de fornecimento <strong>da</strong> matéria prima,<br />

sen<strong>do</strong> mais barata quan<strong>do</strong> a pedra viesse <strong>da</strong> Palmeira que <strong>do</strong> Carvalho. Distância<br />

ou quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pedra?<br />

Exige-se que os interiores e a frontaria sejam em pedra branca <strong>do</strong> Monte <strong>do</strong> Car-<br />

valho. O granito utiliza<strong>do</strong> é extremamente alvo e de textura regular, muito contri-<br />

buin<strong>do</strong> para a luminosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> igreja. O trabalho iniciava-se ate oito dias depois<br />

<strong>da</strong> escritura eom a preparqão de blocos graníticos nas pedreiras.<br />

1.2.2.2. Colégio de Na. Sra. <strong>da</strong> Graça <strong>do</strong> Pópulo (fot. 28-29)<br />

Em 1706 Pascoal Fernandes e Manqel Fernandes <strong>da</strong> Silva são contrata<strong>do</strong>s pelo Co-<br />

légio <strong>do</strong> Pópulo, na categoria de arquitectos @oc. n. 7), para fazerem ehuma par-<br />

te de hum claustro junto ao <strong>do</strong>rmitorio ao correr delle em o lugar onde mostra a<br />

planta antiga de to<strong>do</strong> o Collegiow 17< sen<strong>do</strong> a obra realiza<strong>da</strong> «na foma e tamanho<br />

que mostra a planta e perfil com o seu petipe que de novo se fez maior que a anti-<br />

ga» '7g Dificul<strong>da</strong>des económicas são as causas que explicam a arrernatação par-<br />

cial <strong>do</strong> claustro, como se depreende <strong>do</strong> esclarecimento expresso no contrato de que<br />

as obras só cameçariam quan<strong>do</strong> houvesse dinheiro; <strong>do</strong> cui<strong>da</strong><strong>do</strong> manifesta<strong>do</strong> na<br />

angariação de fun<strong>do</strong>s para a empreita<strong>da</strong>. até a existência de um fia<strong>do</strong>r <strong>da</strong> parte <strong>do</strong><br />

Colégio, e não <strong>da</strong> parte <strong>do</strong>s artistas.<br />

Pela leitura <strong>do</strong> texto notaria1 não foi possivel apurar a parte precisa <strong>do</strong> claus-<br />

tro por onde se iniciariam as obras. Definia <strong>do</strong>is pisos, sen<strong>do</strong> o superior, um es-<br />

paço de acesso aos <strong>do</strong>rmitórios, fecha<strong>do</strong> ao exterior com janelas de saca<strong>da</strong>, com<br />

um sistema de cobertura em abóba<strong>da</strong>s de cbarrete asenta<strong>da</strong>s de eoatm la<strong>do</strong>s ca<strong>da</strong><br />

hum barretw 3K0. Previa-se que pilares e pilastras fossem inteiros desde as bases<br />

aos capitéis.<br />

Ca<strong>da</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> claustro compunha-se de quatro arcos iguais, assentes em piIares de<br />

bases altas, com decoração releva<strong>da</strong> geometrizante. No segun<strong>do</strong> piso, e na cor-<br />

respondência de ca<strong>da</strong> arco, uma porta com uma pequena varan<strong>da</strong>. O ritmo <strong>da</strong>s por-<br />

3" A.D.B. - Nora Geml, I' série, R. 502, fls. 132"-134.<br />

"" A.D.B. - Nom Geral, 1" strie, n. 516. Rs. 78-80. ROCHA, Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> - Arqui-<br />

tectura Civil E Religio.so ..., p. V.<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidem.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

tas é alterna<strong>do</strong> com um preenchimento <strong>do</strong>s espaços parietais por falso plinto so-<br />

bre uma mísula que sai <strong>do</strong> friso, e remata<strong>do</strong> por pingente.<br />

A alvura <strong>da</strong>s paredes pretendi<strong>da</strong> pelos Agostinhos - as paredes seriam «muito<br />

argamasa<strong>da</strong>s (...) para que fique bem brancas* - em contraste com a força <strong>da</strong>s<br />

cantarias, de bom recorte, produz um efeito expressivo no claustro, onde a decora-<br />

ção, de indesmentívcl pen<strong>do</strong>r arquitectónico, de certa forma o notabiliza.<br />

Pela obrigação que vimos analisan<strong>do</strong>, a equipa compromete-se ain<strong>da</strong> a «catorze bra-<br />

ças de huma parede enclena<strong>da</strong> para <strong>do</strong>nde se faz o dito clausírox "'.<br />

A Manuel Eernandes <strong>da</strong> Silva coube o risco, como se deduz pelo explícito título<br />

de arquitecto com que é contempla<strong>do</strong> no <strong>do</strong>cumento. Embora seu pai tenha assumi<strong>do</strong><br />

com ele a arrematação <strong>do</strong> contr?to e partilhe também o cargo, a ~deayão pende<br />

para aquele artista, uma vez que entre os <strong>do</strong>is há uma subi<strong>da</strong> qualificação para<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, porta<strong>do</strong>r de uma cui<strong>da</strong><strong>da</strong> alfabetização, frente ao analfabetismo<br />

<strong>do</strong> pai.<br />

Não coube a este duo fazer o claustro na totali<strong>da</strong>de, confinan<strong>do</strong>-se a sua intervenção<br />

a uma <strong>da</strong>s suas quatro partes.<br />

A morosi<strong>da</strong>de de grande parte $as empresas construtivas, é uma nota que se vai<br />

impon<strong>do</strong> na arquitectura de Braga no início de setecentos. Só três escassas déca<strong>da</strong>s<br />

depois, os monges vão <strong>da</strong>r an<strong>da</strong>mento ao seu objectivo de 1706. Agora, o mestre<br />

é João <strong>da</strong> Costa3RZ, que assume compromisso em 1735, para polarizar a sua<br />

activi<strong>da</strong>de construtiva no claustro <strong>do</strong> convento, .«para se acabam, fazen<strong>do</strong> xos revoques<br />

<strong>do</strong>s tres angullos que se hão-de fazer de novo por dentro e por fora>> com<br />

a condição de aque fiquem prefeitos e acaba<strong>do</strong>s na forma <strong>do</strong> que esta feito>,<br />

proceden<strong>do</strong>, no entanto, a um uacresentamento <strong>da</strong> simalha '#'. Além <strong>do</strong> acabamento<br />

<strong>do</strong> claustro, faria o <strong>do</strong>rmrtório que lhe era coutiguo Irpara a parte <strong>do</strong> Norte,<br />

caza por baixo e tu<strong>do</strong> o mais que contem a planta> 3R4.<br />

O tempo era lento e as mo<strong>da</strong>s bem enrdza<strong>da</strong>s. Um projecto com trinta anos era<br />

ain<strong>da</strong> referência na orientação <strong>do</strong> curso <strong>da</strong>s obras.<br />

1.2.2.3. Mosteiro de S. Martinho de Tibáes (fot. 30-35)<br />

Na enorme e profícuammpanha de remodelação desenvolvi<strong>da</strong> pela Abadia de Ti-<br />

bães na proximi<strong>da</strong>de passa<strong>da</strong> de 1728 e durante quase uma déca<strong>da</strong>, muitos fo-<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

'" Sobre este mestre ver ROCHA, Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> - Arqailecmrn Civil e Rel~~i,i


am os artistas de pedraria que aí conjugaram as suas equipas para satisfação<br />

desse epfteto ~efomista'~" As obras principais ocorreram na cerca - com profun<strong>da</strong><br />

reorganizagão <strong>da</strong> sua espaciali<strong>da</strong>de, crian<strong>do</strong> sucalcos, calça<strong>da</strong>s, jardins e<br />

aquedutos, debaixo de uma linha condutora de o tornar mais aprazível - como<br />

no Terreiro de S. João e na própria igreja. Nomes sonantes nesse rosário obreiro<br />

aparecem. Gregório Ribeiro, polariza<strong>do</strong>, acima de tu<strong>do</strong>, na cerca na construção <strong>do</strong><br />

jardim <strong>do</strong>s Escadórios, o Engenheiro de Viana, * em<br />

1734 'X7, Francisco Manuel, que arremata a obra <strong>do</strong> pórtico <strong>da</strong> igreja em 1735, e<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, que em algum tempo desenvolve activi<strong>da</strong>de coetânea<br />

com a de Gregório Ribetro. Niio 6 esta ocasião para o estu<strong>do</strong> exaustivo deste capítulo.<br />

Registámos unicamente as alusões ao artista que nos prende de momento. Para<br />

o futuro, o apuramento global.<br />

Os Esta<strong>do</strong>s de 1734 registam a explícita anotação:<br />

.«Fes-se a magnifica obra <strong>do</strong> Terreiro <strong>da</strong> Portaria na forma que se vê<br />

divrdrn<strong>do</strong>-o em duas partes com hum passadisso, que corre <strong>da</strong> saca<strong>da</strong>,<br />

que fica a porta <strong>do</strong> Novrcia<strong>do</strong>, para outra que Lhe corresponde <strong>da</strong> parte<br />

<strong>da</strong>s hospe<strong>da</strong>rias com arcos para a parte <strong>do</strong> Sul de abobe<strong>da</strong> com seus<br />

assentos e alegretes. No meio deste passadisso se lhe fes huma fonte com<br />

grossa e utili<strong>da</strong>de para os Mongez por lhe <strong>da</strong>r agoa a to<strong>da</strong> a hora sem<br />

impedimento algum; e <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Portarca enr correspondencia se lhe<br />

fez huni nicho em que se pôs a imagem <strong>do</strong> grande Baptuta e desta mesma<br />

parte esta hunl jardrm com hum famozo a vistozo chafariz &pedra bem<br />

lavra<strong>da</strong> pinta<strong>do</strong> e <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>, e se rebocarão e dealbarão as paredez <strong>do</strong><br />

Mosteiro que ce<strong>do</strong> o jardim e tambem se abrio de novo hum janella<br />

rasga<strong>da</strong> na cella <strong>do</strong> canto <strong>do</strong> Poente <strong>do</strong>s Nossos Reverendissrmow 'RB.<br />

Embora tivesse existi<strong>do</strong> um caderno próprio para anotaçáo de to<strong>da</strong>s as férias qui-<br />

tes ao responsáuel por esta empresa, como a <strong>do</strong>cumentaqão o testa, na fatali<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> sua per<strong>da</strong>, a felici<strong>da</strong>de <strong>do</strong> seu registo sumário no Livro <strong>do</strong>s Obras, onde é identifi-<br />

ca<strong>do</strong> o nome de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva:<br />


MANUEL FERNANDKS DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO (1693.1751)<br />

<strong>da</strong>r cellas <strong>do</strong>s N.N. Rmos. Padre; Gerais, e a conta <strong>da</strong>s mais obras que<br />

no terreiro se mostr<strong>do</strong> novecentos e setenta e quarro mil e sessenta rers,<br />

como consta de hum quademo em que to<strong>da</strong>s as <strong>da</strong>tas que por vezes lhe<br />

dei estão por elle assina<strong>da</strong>su 3".<br />

No ano seguinte novas anotações:<br />

, CÇ B , n 461. (Uvro de Obras). Pane n/p.<br />

<strong>Idem</strong> - rbidem.<br />

<strong>Idem</strong> - ~bidem.


Junho de 1731 recebe pagamentos por trabalhos aí realiza<strong>do</strong>s, continuan<strong>do</strong> a re-<br />

cebe-10s no futuro em periodici<strong>da</strong>de mensal? e só no mês seguinte chegam as<br />

plantas «para as fontes <strong>do</strong> Caminho de N.P.S. Bento <strong>da</strong> Capella <strong>da</strong> cercas "" por<br />

alguém de fora. Nessa <strong>da</strong>ta Manuel Fernandes não se encontra ain<strong>da</strong>, em pessoa,<br />

a dirigir obras no mosteiro. Ensaian<strong>do</strong>-se uma hierarquização de profissionalis-<br />

mo, os monges prentendiam maior quali<strong>da</strong>de no Terreiro, pois era nessa área que<br />

se localizava a cela <strong>do</strong> Abade Geral, que, de resto, recebeu uma janela mais ras-<br />

ga<strong>da</strong> para poder usufruir, no silêncio <strong>do</strong> recolhimento, <strong>da</strong> aprazihili<strong>da</strong>de que o ar-<br />

ranjo exterior oferecia. A proximi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> centro de gravi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> mosteiro au-<br />

réola Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva de maior prestígio porque mais chega<strong>do</strong> à es-<br />

fera <strong>do</strong> poder.<br />

Não se pode omitir a presença de Manuel Pinto de Vilalobos, que foi consulta<strong>do</strong><br />

para a obra <strong>da</strong> igreja, to<strong>da</strong>via já em fase posterior à primeira intervenção de Ma-<br />

nuel Fernandes. Entre os <strong>do</strong>is, de notar uma subi<strong>da</strong> classificação técnica para a-<br />

quele. A manipulação de um espaço centenário podia exigir um conhecimento teó-<br />

rico para o qual os monges não reconhecessem capaci<strong>da</strong>de a Manuel Fernandes<br />

<strong>da</strong> Silva. O arroteamento <strong>do</strong> Monte de S. Gens e a planificação <strong>do</strong> seu sistema<br />

de condutas de água subterrâneas poderia ter solicita<strong>do</strong> a presença <strong>do</strong> engenheiro.<br />

Já D. Rodrigo de Moura Teles reconhecera a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva um maior<br />

intervencionismo estético que ao Engenheiro 3*.<br />

Só a investigação poderá clarear e tonificar as observações.<br />

1.3. As Igrejas e Capelas<br />

1.3.1. Confrarias e Irman<strong>da</strong>des<br />

1.3.1 .l. Igreja de Santa Cruz<br />

Nos derradeiros anos <strong>do</strong> séçulo X W a Irman<strong>da</strong>de de Santa Cruz promove uma<br />

remodelação <strong>da</strong> sua igreja, abrangen<strong>do</strong> a constmção de torres na facha<strong>da</strong>, e de pare-<br />

des laterais <strong>da</strong> nave para envolver as capelas que aí se abriam, e que até à <strong>da</strong>ta<br />

não recebiam cobertura pelo telha<strong>do</strong> principal.<br />

Durante largo tempo possuiu esta igreja uma única torre sineira, coloca<strong>da</strong> atrds <strong>da</strong><br />

capela-mar, seguin<strong>do</strong> uma tipologia enraíza<strong>da</strong> em Braga. As mo<strong>da</strong>s alteram-se e<br />

os tempos mu<strong>da</strong>m as vontades, razões de sobra que levam a Irman<strong>da</strong>de a querer<br />

<strong>do</strong>tar o edifício de uma nova apresentação.<br />

'" <strong>Idem</strong> - rbidem. fl2v<br />

'9J <strong>Idem</strong> - rbidem, fl 5v. SMITH. Roben C - Frei Jnré de Snnrn Anfónro . v01 I, p. 290, nota 54<br />

" Ver a coomção <strong>do</strong> Aljube de Braga


MANUEL EERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1691 1751)<br />

Em 1693 estava já construí<strong>da</strong> uma torre, mas por que a orientação era a de <strong>do</strong>tar<br />

a facha<strong>da</strong> de equilíbrio simétrico na distribuição de volumes, encetam negociações<br />

com Pascoal Fernandes, o


CAPíTUl.0 i11 - MANUEL TERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

A justificaçáo <strong>da</strong> obra, encontrou-a a Irman<strong>da</strong>de nos problemas de infiltração de<br />

águas, como na


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

tação. a vitali<strong>da</strong>de e capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> administração <strong>da</strong> Mesa, com to<strong>da</strong> a certeza as<br />

raziies invoca<strong>da</strong>s pelos Irmãos se prenderam mais ao ponto de vista estético que<br />

técnico.<br />

O processo que aqui se inicia é complexo. Um risco feito pelos


CAPÍTULO I11 . MANUEL FERNANDfiS DA SILVA A OBRA<br />

e húmi<strong>do</strong>, não era visível pelos passageiros. Querem, consequentemente, construir<br />

uma nova capela, que fosse mais vistosa de to<strong>da</strong>s as partes e em local alegre 4'5.<br />

A satisfação destas pretensões ocasionaram a escolha de uma planta centra<strong>da</strong>, com<br />

a singular forma de um heptágono, como tivemos ocasião de demonstrar4'"<br />

Man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> fazer a planta ain<strong>da</strong> no curso de 1693, para atalhar a emperfeissois<br />

que por expriencia se tem acha<strong>do</strong> em muitas abras2 4", a empresa construtiva seria<br />

arremata<strong>da</strong> pelo mestre pedreiro Domingos <strong>da</strong> Silva8': que viria a ser arre<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

<strong>da</strong> mesma pela sua incompetência. Para correcção <strong>do</strong>s seus erros e continuação <strong>da</strong><br />

edificação <strong>da</strong> capela contrata a confraria, Domingos Mo~eira~~~.<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva também viria a ser solicita<strong>do</strong>, em 1699, a intervir neste<br />

processo Depois de D~ming~S Moreira, é a vez deste mestre <strong>da</strong>r an<strong>da</strong>mento ao<br />

projecto de 1693, cuja participação está testemunha<strong>da</strong> em <strong>do</strong>is contratos notariais<br />

a . Exigia dele a irman<strong>da</strong>de a continuação <strong>da</strong> aobra que esta prencipia<strong>da</strong> na<br />

capeIla nova de santa Mana Mag<strong>da</strong>lena <strong>do</strong> Monte que fizera o mestre Domin-<br />

gos Moreira a saber des onde esta feita a dita ohra continuarão com ela na for-<br />

ma <strong>da</strong> planta asina<strong>da</strong> por elle dito mestre e Reveren<strong>do</strong> Conigo Juis e per mim<br />

athe a saca<strong>da</strong> que fique em altura vinte e hum palmos des o lajia<strong>do</strong> athe asima<br />

<strong>da</strong> saca<strong>da</strong>»<br />

A ohra foi ajusta<strong>da</strong> à braça com os seguintes preços esclareci<strong>do</strong>s no,contrato: alhe<br />

pagarão por ca<strong>da</strong> braça de alvenaria a sinco mil reis de sem palmos medi<strong>do</strong>s pello<br />

que der huma linha lança<strong>da</strong> pello meio <strong>da</strong> groçura <strong>da</strong> parede, náo entran<strong>do</strong> nesa<br />

medi<strong>da</strong> os vãos e os lugar [sicl <strong>do</strong>nde for escoadria; em parede cheas se pedira<br />

per alvenaria que se pagara alem <strong>do</strong> presso <strong>da</strong> escoadria e a escoadria <strong>da</strong> cornija<br />

<strong>da</strong> saca<strong>da</strong> se pagara des mil reis a braça de cem palmos em braça que se medira<br />

co linha asenta<strong>da</strong> per to<strong>da</strong>s as mulduras de alto abaixo exceto o sobre sobredito<br />

[sicl e as escoadrias lizas e cunhais se pagara a meio testão per palmo e a alqui-<br />

trave e capiteis se pagara com 8 saca<strong>da</strong> exceto os lizos <strong>da</strong> saca<strong>da</strong> e capiteis que<br />

carregarão direitos com os cunhais que se pagara a meio testão o palmo, como tam-<br />

bem o frizo <strong>da</strong> sobre a alquitavw ". A Irman<strong>da</strong>de colocaria to<strong>do</strong>s os materiais<br />

"I Edem - A Cape10 de Saro Modnleno <strong>do</strong> Monfe <strong>do</strong> Faiperr


eira"^. Nesse mesmo ano - 1703 - o mestre Manuel Nogueira <strong>da</strong>rá continui<strong>da</strong>de<br />

à empreita<strong>da</strong>, fazen<strong>do</strong> mas três arcos na cobertura <strong>da</strong> nave '". Qual foi o<br />

papel <strong>da</strong> dupla pai e filho na execução desta obra se no mesmo ano é outro o mestre<br />

que continua a emppesa? Seria o projecto inicial de Domingos Moreira? E Paicoa1<br />

Femandes e Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva iriam tão só velar pela sua concretização?<br />

É possível. Numa primeira fase a dupla assumiu a responsabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

orientago por Domingos Moreira, para de segui<strong>da</strong> Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

apresentar novas plantas eliminan<strong>do</strong> o risco inicial.<br />

Em 1707 a Irman<strong>da</strong>de resolve «destruir a já levanta<strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja e substitui-la<br />

por outra assina<strong>da</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva» "', decisão que viria a<br />

conhecer resolução em 1710, quan<strong>do</strong> novamente Manuel Nogueira assume o papel<br />

de mestre pedreiro para construção <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> e <strong>da</strong>s paredes <strong>do</strong> arco cmzeiro, seguin<strong>do</strong><br />

as plantas que Ibe forão mostra<strong>da</strong>s 4B. O remate <strong>do</strong> frontispício só três anos<br />

mais tarde seria arremata<strong>do</strong> pelo mesmo mestre, fazen<strong>do</strong>-o na forma <strong>da</strong> planta que<br />

para o efeito se lhe deua3', e <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-o termina<strong>do</strong> em 1715 434.<br />

A substituição <strong>do</strong> risco inicial por outro, se revela, acima de tu<strong>do</strong>, contemporanei<strong>da</strong>de<br />

artística de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, obriga igualmente o novo aquitecto<br />

a ter maior ousadia no projecto a apresentar para aprovação.<br />

A nova facha<strong>da</strong>, de acentua<strong>do</strong> pen<strong>do</strong>r vertical, enunaia uma organização barroca<br />

<strong>do</strong>mina<strong>da</strong> por um eixo de axiali<strong>da</strong>de que une portal, óculo, mas, nicho e<br />

cmz 43'. Abaixo <strong>da</strong> cornija duas altas janelas sobrepostas par front?o, ladeiam o<br />

óculo central. O maior relevo plástico reside no remate onde o movimento <strong>da</strong>s<br />

volutas e a decora~ão gor<strong>da</strong> <strong>do</strong> nicho, transmitem algum dinamismo ao conjunto.<br />

As duplas pilastras, pontua<strong>da</strong>s por pirâmides de bom recorte, demarcam uma<br />

postura de recurso à exploração <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des anímicas <strong>da</strong> arquitectura. To<strong>da</strong>via<br />

esse caminho delinea-o mais o arquitecto, pelo uso de uma decoração alta<br />

que evidencia os efeitos feéricos <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>, enquanto que planimetricamente não<br />

aban<strong>do</strong>na a linguagem cristaliza<strong>da</strong>. Na sua globali<strong>da</strong>de, a facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Igreja <strong>do</strong>s<br />

Terceiros articula uma arquitectura de transição onde a distribuição <strong>do</strong>s constituintes<br />

e a decoração, usa<strong>da</strong> com abundância, procuram tactear um novo caminho.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidem, p, 74.<br />

''O <strong>Idem</strong> - ibidem. p. 149.<br />

"WLIVEIRA, Eduar<strong>do</strong> Pires de - Estu<strong>do</strong>s Sobre o Século XVIII ..., p. 48. O autor fun<strong>da</strong>menta n infor-<br />

maçiio nos Livros de Ternus <strong>da</strong> Confraria a que nSo tivemos aoesso.<br />

ROCHA, Manuel Joaquim Morein <strong>da</strong> - Arqriilectum Civil e Religioso .... p. 151.<br />

" idem - ibidem, p. 152.<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibidem, p. 152.<br />

PEREIRA. 3086 Femandes - Resistências e aceifaF<strong>do</strong> <strong>do</strong> aspoço barroco: a nrquitectum reli-<br />

giosa c civil, in «HisM"a <strong>da</strong> Arfe em Pomgnla. vol. 8 - O Limiar <strong>do</strong> Barroco, dlr. de Gulas Moura,<br />

Lisboa, Publ. Alfa. 1986, p. 35.


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

na obra, constituin<strong>do</strong>-se os pagamentos a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva unicamen-<br />

te custos de mão-de-obra. O trabalho deveria ser apresenta<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong> até à Pás-<br />

coa de 1700.<br />

O contrato seguinte, de 1704, prevê ain<strong>da</strong> a continuação <strong>da</strong> construção <strong>da</strong>s pare-<br />

des, mas como estas já iam altas exige-se uma actualizaçáo <strong>do</strong>s preços: %em ça-<br />

<strong>da</strong> sem mil reis mais des mil reis em rezão de que lhe custa mais o levar a pe-<br />

dra e mais materias asima para continuar com a dita obra»"'. A exigência foi de-<br />

feri<strong>da</strong> pelos confrades, na expectativa de que Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva e seus<br />

oficiais, não aban<strong>do</strong>nassem as obras até se gastar a verba disponibiliza<strong>da</strong> para<br />

continuação <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> capela.<br />

Não foi ain<strong>da</strong> cnm esta equipa que a obra chegaria a bom termo. A campanha fo;<br />

morosa e ultrapassou o primeiro terp <strong>do</strong> século XVIII "".<br />

De Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva ficou uma participa~ão modesta na construção <strong>da</strong><br />

capela <strong>da</strong> Falperra. Durante a sua duecçáo a obra avançou ultrapassan<strong>do</strong> a altura<br />

<strong>do</strong>s capitéis e friso. Parece, to<strong>da</strong>via, que a Irman<strong>da</strong>de se mostrou satisfeita com<br />

o mestre, aceitan<strong>do</strong> de bom gra<strong>do</strong> o reforço económico que o mesmo solicita<br />

1.3.1.3. Igreja <strong>do</strong>s Terceiros de S. Francisco (Fot. 36-39)<br />

A construçáo <strong>da</strong> igreja <strong>da</strong> Venerável Ordem Terceira de S. Francisco, seguin<strong>do</strong> um<br />

projecto de raíz, inicia-se na última déca<strong>da</strong> de seiscentos pela mão de Domingos<br />

M~reira"~~, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> lavra<strong>do</strong> compromisso em 1694426. Tnic~ienta 6 a sua participação<br />

nesta obra pelo infringimento <strong>do</strong> acor<strong>do</strong> celebra<strong>do</strong>, que o levaria ao cárcere,<br />

onde se encontra no dealbar <strong>do</strong> século seguinte. Valer-lhe-á Pascoal Fernandes,<br />

que apelan<strong>do</strong> à amizade que o unia a Domingos Moreira - saliente-se que<br />

estes <strong>do</strong>is mestres aparecem liga<strong>do</strong>s profissionalmente em vários projectos de<br />

arquitectura - faz recair sobre si o encargo <strong>da</strong> continuação <strong>da</strong> igreja4n, com o<br />

objectivo de anular a pena <strong>do</strong> amigo.<br />

Ombrean<strong>do</strong> as responsabili<strong>da</strong>des de Pascoal Fernandes está Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

Silva, sen<strong>do</strong>, de resto, ambos nomea<strong>do</strong>s procura<strong>do</strong>res <strong>do</strong> recluso 428, comprometen<strong>do</strong>-se<br />

este a pagar-lhes to<strong>da</strong> a obra que fizessem por si na igreja <strong>da</strong> Ordem Ter-<br />

"f A D B - Nora Geral, I' sene, n. 505, fls 73v-74 Ver ROCHA, Manuel Joaquim Moreira & - A<br />

Coprla de Santa Modnlena .., pp. 246-247<br />

'" Este assunto cst6 trata<strong>do</strong> nos <strong>do</strong>is esiu<strong>do</strong>s que efectuámos sobre esta capela Tanto ns Actas No-<br />

tanus com os Temios <strong>da</strong> confraria ilushnm esse perouao Trnbaihos cita<strong>do</strong>s nas nota8 ante<strong>do</strong>res<br />

Sobre este artiqta que assume em alguns momentos <strong>da</strong> sua activi<strong>da</strong>de o titula de aquiteno ver<br />

ROCHA. Manuel Joaquim Moreira <strong>da</strong> - Arquirecnira Ctvd e Re11g1osa . , pp 136-138<br />

OLIVEiRA, Eduar<strong>do</strong> Pires de - Estu<strong>do</strong>s Sobre o Século XVIII em Erase. Braga, Edtç5e.s<br />

APPACDM Dtstntnl de Braga. 1993, p 47<br />

"' ROCHA, Manuel Joaquim Mareira <strong>da</strong> - Arquilecfura Civil e ReliEm.sn , p 73<br />

<strong>Idem</strong> - ihidem. p 138


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693.1751)<br />

A construção <strong>da</strong> igreja iniciou-se pelo que ain<strong>da</strong> em 1715 não estava com-<br />

pleto, tratan<strong>do</strong> uma equipa de mestres pedreiros <strong>da</strong> Maia <strong>da</strong> construção <strong>do</strong> coro.<br />

Da última fase construtiva foi a capela-mor e a torre sineira, coloca<strong>da</strong> por detrás<br />

desta'?'. Eduar<strong>do</strong> Pires de Oliveira fun<strong>da</strong>menta<strong>do</strong> nos Termos <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de apon-<br />

ta Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva como autor <strong>do</strong> risco <strong>da</strong><br />

Ten<strong>do</strong> em conta a reprovação que a Mesa havia manifesta<strong>do</strong> relativamente ao de-<br />

senho <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> primitiva, não será de admitir, igualmente, a substituição <strong>do</strong> pla-<br />

no <strong>da</strong> capela-mor, uma vez que a torre que lhe an<strong>da</strong> anexa foi alvo de estu<strong>do</strong> de<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, e as duas partes previam uma articulação? Mais ain-<br />

<strong>da</strong>, o contrato <strong>da</strong> arrematação de empreita<strong>da</strong> <strong>da</strong> capela-mar e torre fala de uma<br />

só planta 4".<br />

A torre tem um interessante ststema de cobertura em cúpula octogonal, assente em<br />

base quadra<strong>da</strong> e remata<strong>da</strong> por falso lanternim. Uma balaustra<strong>da</strong> limita, na altura,<br />

o corpo quadrangular com pirâmides em ca<strong>da</strong> ângulo, emolduran<strong>do</strong> uma vieira ao<br />

centro de ca<strong>da</strong> pano.<br />

Das obras na Igreja <strong>do</strong>s Terceiros de Braga fica a morosi<strong>da</strong>de. <strong>da</strong> empresa constru-<br />

tiva que se prolongou por mais de trinta anos, obrigan<strong>do</strong> nesse curso h escolha de<br />

orientações divergentes <strong>da</strong> concepção inicial <strong>do</strong> edifício, e como tal i procura de<br />

outras direcçóes, não se coibin<strong>do</strong> a irman<strong>da</strong>de de algumas demolições para a<strong>da</strong>p-<br />

tar novas propostas <strong>do</strong> arquitecto.<br />

Apresenta-se-nos então Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, que, de uma primeira atitude<br />

de altruismo e camara<strong>da</strong>gem em prol de Domingos Moreira, acaba por se afirmar<br />

como arquitecto <strong>da</strong>s partes principais <strong>do</strong> edificio.<br />

1.3.1.4. Capela de Santo António Esqueci<strong>do</strong> 4"1 (fot. 40)<br />

José Coimhra de Andrade e Lourenço José Coimhra, pai e filho, «Fi<strong>da</strong>lgos <strong>da</strong> Ca-<br />

za de Sua Magestade~ e <strong>da</strong> família <strong>do</strong>s Coimbras, resolveram dignificar o culto<br />

a Santo António promoven<strong>do</strong> a construção de uma capela no adro de S. João <strong>do</strong><br />

""MITH, Robert C - Frez Jasé de h10 Antónil~ . vol I, p 317, noia 43.<br />

'" Segun<strong>do</strong> e~çritura pública Dorningas Ganqolves Sagnnho e Ant6nio Correia comprometem-$e fazer<br />

a capela-mor e tom: <strong>do</strong> igreja, seguin<strong>do</strong> o risco que lhes Fora apresenta<strong>do</strong> pelos 1rm.m ROCHA,<br />

Manuel Joaquim Moreira & - Arqurtecl~rrl Ctvd e Religiova , pp, 179-181<br />

** OLIVEIRA. Eduar<strong>do</strong> Pires - Em<strong>do</strong>s Sobre o S6culo XVIII . p. 48<br />

"' uOs mestres compromeuam-se a levantar a abra até 'a carnile de denm <strong>da</strong> dita sapela e tome na<br />

mesma igual<strong>da</strong>de na fama <strong>da</strong> planta que para esse efeito se lhe deu'* ROCHA. Mnnuel Joaquim<br />

Moreira <strong>do</strong> - Arqu~lecfirro Crvil e ReI~gtosa . , p 181<br />

W1 Embora nb tenhamos a certeza <strong>do</strong> sistema admuiistr-ai~vo desta capela, ?e por Irman<strong>da</strong>de, ou prtiuilar,<br />

incluímo-la nas Iman<strong>da</strong>des e Confrarias. por ser abertn para o espaço púbdca e o conttnfo no<br />

tanal fazer referência a um resoureim


CAP~TULO 111 MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

Souto, encosta<strong>da</strong>


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Implanta<strong>da</strong> já na devoção brasarense, no início <strong>do</strong> século XVIII, foi, em parte, com<br />

as esmolas arreca<strong>da</strong><strong>da</strong>s <strong>do</strong> culto popular, que a obra se financiou. Se porventura<br />

essa fonte não fosse suficiente, aos fi<strong>da</strong>lgos competia a liqui<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> restante. Acerca<br />

<strong>da</strong> invocaqão de Santo António Esqueci<strong>do</strong> e <strong>do</strong> seu culto, Leonídio de Abreu<br />

escreveu, em 1949: «proveio esta designação <strong>da</strong> imagem <strong>do</strong> glorioso Taumaturgo<br />

estar na face oposta à facha<strong>da</strong> principal <strong>da</strong> capela de Nossa senhora <strong>da</strong> Concerção,<br />

ou seja em local um tanto ou quanto recolhi<strong>do</strong>, de maneira que o povo mal<br />

se apercebia dela. No entanto, à sua ro<strong>da</strong> começou a desenhar-se certo culto que<br />

a pouco e pouco aumentou consideravelmente. Daí a construção <strong>da</strong> capela, para<br />

a qual se ia por meio de lanças de esca<strong>da</strong>s* M2.<br />

A obra, compreenden<strong>do</strong> capela e escadório, foi arremata<strong>da</strong>, em 14 de Maio de 1706,<br />

por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva (Doc. n. 8). que no contrato assume o título de<br />

arquitecto e mestre arquitecto M3. Pela quantia de «seiscentos e sesenta mil reis*<br />

o mestre obrigava-se a fazer a capela, para a qual forneceria to<strong>do</strong>s os materiais<br />

neaessátios. Este preço incluia ain<strong>da</strong> o pagamento <strong>da</strong> planta «feita por elle dito mestre<br />

archeteto Manoel Ferandez <strong>da</strong> Silva* w. Do risco h construção tu<strong>do</strong> foi concebi<strong>do</strong><br />

e orienta<strong>do</strong> pelo artista.<br />

São poucas as condições impostas pelos promotores <strong>da</strong> obra ao mestre. A mais rigorosa<br />

prendia-se com o prazo para a sua execução - dez meses conta<strong>do</strong>s a ppartir<br />

<strong>da</strong> <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> escritura -, que se não fosse cumpri<strong>do</strong> obrigavam-no a pagar de<br />

qenna convencional para odito Santo sem mil reisn. Do <strong>do</strong>mínio técnico, estipula-<br />

-se a construção <strong>da</strong> capela em «pedra <strong>do</strong> Carvalho*, enquanto os pfttios e esca<strong>da</strong>s<br />

seriam em pedra <strong>da</strong> Palmeira ou A<strong>do</strong>ufes. O pavimento era em utejollo e lagia<strong>do</strong><br />

de pedras, e a cobertura aboba<strong>da</strong><strong>da</strong> só em tijolo. Como sinai explícito <strong>do</strong> compromisso<br />

o mestre recebeu no acta <strong>da</strong> escritura duzentos e quarenta mil réis.<br />

Demoli<strong>da</strong> no nosso século, anos antes de 194gM5, resta-nos, para o seu estu<strong>do</strong> formal,<br />

um desenho <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong> e uma fotografia, já deste século. Entre as duas<br />

imagens evidenciam-se alterações pontuais, nomea<strong>da</strong>mente no escadório que antecede<br />

a capela, que foi encorta<strong>do</strong> com o cerceamento de um <strong>do</strong>s seus <strong>do</strong>is módulos,<br />

e <strong>do</strong> paiamar de acesso <strong>da</strong> rua.<br />

A facha<strong>da</strong>, definin<strong>do</strong> um quadra<strong>do</strong>, era forma<strong>da</strong> na sua totali<strong>da</strong>de por uma grande<br />

abertura em arco abati<strong>do</strong>, entre duas pilastras coríntias que a limitava nas extremi<strong>da</strong>des.<br />

Acima <strong>do</strong> arco a arquitrave, o friso e a cornija dentro <strong>do</strong> rigor académico.<br />

Quanto à planta pouco podemos adiantar, a não ser alvitrar a hipótese de seguir<br />

um parti<strong>do</strong> centraliza<strong>do</strong>: o espaço disponível, com to<strong>da</strong> a probabili<strong>da</strong>de limita<strong>do</strong><br />

" ABREU, Leonídio de - Sonro Anrhrn E~quecr<strong>do</strong>,<br />

in ecomio <strong>do</strong> Minhon - Braga de Outms Tem-<br />

pos, Ano XX14 n 6974. Abril de 1949, p I.<br />

" A.D.B - Noto Gemi, I* séne, n 516, iis. 184v-186.<br />

"< <strong>Idem</strong> - rbidem.<br />

" ABREU. Leonídio de - Sanro AnrI;niu. , p I.


pela volumetria <strong>do</strong> edificio adjacente, não lhe permitia exceder o plano quadra<strong>do</strong>.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a facha<strong>da</strong> acusa uma relação de 1:l que poderá ter si<strong>do</strong> o sistema<br />

de proporções utiliza<strong>do</strong> pelo arquitecto na concepção <strong>do</strong> edifício.<br />

Elemento interessante no conjunto, o escadório revela uma certa actualização <strong>do</strong><br />

seu autor, dentro <strong>do</strong>s princípios de mganizaçáo barroca. Era composto por <strong>do</strong>is<br />

módulos, com quatro lanços de esca<strong>da</strong>s de ritmo alterna<strong>do</strong> - divergente/conver-<br />

gente; tu<strong>do</strong> fecha<strong>do</strong> por portão. A ligação ao espaço público estava prevista por<br />

<strong>do</strong>is lanços, de poucos degraus, que convergiam para o portão. Este sistema possi-<br />

bilita um enquadramento teatral, não <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> que é destituí<strong>da</strong> de carga chinica,<br />

mas <strong>do</strong> interior <strong>da</strong> capela, onde a imagem devocioneira prendia a atenção <strong>do</strong>s<br />

transeuntes. Nessa postura de destaque <strong>do</strong> interior <strong>da</strong> capela de Santo António<br />

Esqueci<strong>do</strong>, polarizou o arquitecto a dinâmica <strong>do</strong> conjunto, que é reforça<strong>da</strong> pelo<br />

esquema ziguezagueante proposto pelos lanços e patamares <strong>do</strong> escadório.<br />

Os elementos plisticos confinam-se ao muro exterior que limita a capela e esca-<br />

dório <strong>do</strong> espaço público, de remate curvo em forma de meia voluta em S, alon-<br />

ga<strong>da</strong>, com enrolamento ao centro em ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>do</strong> portáo; e ao patamar<br />

exterior, onde duas volutas embelezam ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pequenos lanços de aces-<br />

so ao escadório. E ain<strong>da</strong> a elementos boliformes, simples, nas linhas de to<strong>do</strong>s os<br />

vértices.<br />

1.3.1.5. CapeIa <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão (fot. 41-46)<br />

Em visita Pastoral a matriz de Fão pelos Doutores Manuel Ramos e António Costa,<br />

no ano de 1707, foi encontra<strong>da</strong> a capela <strong>do</strong> Bom Jesus indecentissimo por os padres,<br />

alegam os visita<strong>do</strong>res, náo «cui<strong>da</strong>rem <strong>da</strong> reformação dellas "6, porque sen<strong>do</strong><br />

administra<strong>da</strong>s pelo pároco, esmolas e ofertas recolhi<strong>da</strong>s na capela eram canaliza<strong>da</strong>s<br />

para obras na sua igreja. O envelhecimento natural que o tempo não per<strong>do</strong>a,<br />

foi acelera<strong>do</strong> pelas «inun<strong>da</strong>çoiz e cheas <strong>do</strong> rio de que está vezinho~"'. Precisava,<br />

pois, a capela de uma *reforma em muitas cousas. tanto altares como sa-<br />

~ristim"~, testemunham os emissários <strong>do</strong> arcebispo, mas como náo existiam recursos<br />

as obras teriam que aguar<strong>da</strong>ra9, até que uma nova orientação produzisse os<br />

seus frutos. Duas medi<strong>da</strong>s básicas foram toma<strong>da</strong>s: uma, previa a cnação de um<br />

sistema de contabilização, em livro próprio, de to<strong>do</strong>s os rendimentos <strong>da</strong>s esmolas<br />

auferi<strong>do</strong>s na capela, e a dependência directa <strong>da</strong> adminisfraçáo de Monra Te-<br />

u, A.I.B.I.F. - Visita@ (Dod. Avulso), R. 4.<br />

" A.I.B.I.F. - Livro <strong>da</strong>s Esmollar que se düo Pnrticulares para os obrus de Senhor Bani Jezus,<br />

fl. 2.<br />

*' A.I.B.J.F. - Visitnções (Doc. Avulso), fl. 7.<br />

@ %Não deteminamos obra3 nlgumas por "20 havver dinheiro». <strong>Idem</strong> - ibidem, fl. 8.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (16g3-1751)<br />

les, até que na dita capella <strong>do</strong> Bom Jezus (...) estivesse fabrica<strong>da</strong> de to<strong>do</strong> o neces-<br />

~ario»~n, a outra. Assim estipularam os v~sita<strong>do</strong>res, que, antes de ordenarem qualquer<br />

benefício material, ttatam de reorganizar o sistema administrativo de base.<br />

Disposição que é satisfatoriamente cumpri<strong>da</strong> pelo reconhecimento expresso que fazem<br />

na visita de 1709, que para além de verificarem a existência de livro próprio<br />

onde eram lança<strong>da</strong>s as ofertas, notam, com agra<strong>do</strong>, que <strong>do</strong> dinheiro recebi<strong>do</strong> C..)<br />

se não tinha feito dispeza alguma*<br />

Essas medi<strong>da</strong>s reabilitaram a economia <strong>do</strong> Bom Jesus e a sua capaci<strong>da</strong>de empreende<strong>do</strong>ra,<br />

ao ponto de juiz e oficiais almejarem a construção de uma nova capela<br />

e não apenas a heneficiação <strong>da</strong> antiga, que se apresentava ~imcapás velha e indecente»<br />

qs. Além <strong>da</strong>s esmolas ordinárias contavam com uma chom<strong>da</strong> oferta de<br />

200.000 réis, xpouco mais ou menos», que <strong>da</strong> «Bahia de To<strong>do</strong>s os Santos* 45' man<strong>da</strong>ra<br />

Domingos <strong>da</strong> Cruz.<br />

Queren<strong>do</strong> iniciar de imediato a mnstmção <strong>da</strong> capela-mar ucom aquella grandeza<br />

que sua pocibili<strong>da</strong>de premettia e hera decente a Magestade de tão grande Senhora,<br />

são adverti<strong>do</strong>s pelo visita<strong>do</strong>r que devem previamente <strong>da</strong>r conhecimento ao Arcebispo<br />

para que pudesse «dispor o que lhe pareser mais conveniente* '*, pois a ele<br />

competia a administração <strong>do</strong>s bens <strong>da</strong> confraria.<br />

As obras foram basicamente suporta<strong>da</strong>s com as esmolas <strong>do</strong>s devotos. Em Novembro<br />

de 1710, sen<strong>do</strong> juiz <strong>da</strong> confraria o Abade de Fonte Boa, Afonso de Meira Carrilho,<br />

prepara um livro onde se lançariam os nomes <strong>da</strong>s pessoas e as esmolas que<br />

viessem a <strong>da</strong>r para a eonstrução <strong>do</strong> novo santuário <strong>do</strong> Bom Jesus, pois, acusa o<br />

Abade, «para maior veneração <strong>do</strong> mesmo Senhor tem principia<strong>do</strong> huma magnifica<br />

obrana'. Percorren<strong>do</strong> esse livro fica a imagem <strong>do</strong> impacto regional e até intercontinental<br />

que resultou <strong>da</strong> mnsmição <strong>do</strong> santuário (Doc. n. 14). Em géneros, emouro<br />

ou dinheiro, forma-se uma cadeia de soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de para construção de tüo eleva<strong>da</strong><br />

insm~çüo. onde to<strong>do</strong>s querem deixar a sua dádiva para resgatar a protecçáo <strong>do</strong> Bom<br />

Jesus.<br />

Dentro <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de de locais de expedir;ão de esmolas conseguimos destacar <strong>do</strong>is<br />

núcleos: Vila <strong>do</strong> Conde e Brasil, sen<strong>do</strong> este último, indiscutivelmente, o mais<br />

assinala<strong>do</strong>. Cabo Verde também se tomou presente com shuma herança (...) que<br />

se ofreceo w a estas obras*<br />

*M <strong>Idem</strong> - ibidem. fl. 10.<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibidem. ti.10.<br />

"? <strong>Idem</strong> - ibidmri, ti.10.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidem, fl.10.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidem, ti. lOv.<br />

"


CAPfTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA; A OBRA<br />

Este movimento, é sem dúvi<strong>da</strong>, revela<strong>do</strong>r <strong>da</strong> devoção que o início <strong>do</strong> século XVIE<br />

consagra ao fenómeno cristológico 4s7 e <strong>do</strong> contributo <strong>do</strong>s emigra<strong>do</strong>s, que na procura<br />

<strong>do</strong> sonho <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> não esquecem a região progenitora, e esperan<strong>do</strong> conforto<br />

no além fazem as suas ofertas como remissão. Da nossa mira não se deve olvi<strong>da</strong>r<br />

o proteccionismo <strong>do</strong> arcebispo ao santuário, que funciona como reconhecimento<br />

espiritual <strong>do</strong> mesmo, ao chamar a si a administração.<br />

Em 171 1 estavam inicia<strong>da</strong>s as obras e o empenhamento <strong>do</strong>s fregueses era notório:<br />

«Achei a obra <strong>do</strong> Bom Jezus principia<strong>da</strong> e os fregueses deste lugar ferverozos em<br />

a asistiremxm. SituaçáO que se alteraria a partir de 1714, pedin<strong>do</strong> o visita<strong>do</strong>r aos<br />

oficiais que aí vinham trabalhan<strong>do</strong> «que se apliquem com to<strong>do</strong> o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> a que<br />

esta obra coma, pois o dinheiro osiozo não serve de na<strong>da</strong> e o Santo Christo está<br />

sem luzimento e veneração»95g. Não era por falta de dinheiro que o ritmo <strong>da</strong> obra<br />

abran<strong>da</strong>ra, pois ain<strong>da</strong> dispunham para investir «paçante de tres mil e quinhentos<br />

cruza<strong>do</strong>s, *m. No ano seguinte é adverti<strong>do</strong> o tesoureiro por algumas irregular<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

461. Em 1716 o visita<strong>do</strong>r foi pessoalmente ao estaleiro e verificou que as<br />

obras <strong>da</strong> cappella <strong>do</strong> Bom Jezus se tem mui demora<strong>da</strong>» 4". culpabilizan<strong>do</strong> o deszelo<br />

<strong>do</strong>s oficiais «por lhe não porem prompto os mitriais*; notou a não exntencia<br />

de «peçoa que tenha esta superintenden~iaw~~~, pois, embora os confrades se<br />

empenhassem bastante não erasuficiente, porque as suas ocupações efazen<strong>da</strong>s toma-<br />

-lhes o tempo, sen<strong>do</strong> prejudica<strong>do</strong> o serviço à confraria. Para obviar torna o pároco<br />

co-responsável. Este e os confrades elegeriam uhum homem mais agi1 e desempedi<strong>do</strong><br />

para famullo <strong>da</strong> cappella <strong>do</strong> Senhor e <strong>da</strong>s obras* Dentro deste curso incerto<br />

as obras náo seguiam ao ritmo espera<strong>do</strong> pela cúria bracarense. Em 1717 o<br />

visita<strong>do</strong>r responsabiliza novamente o tesoureiro: «Paresse-me que se retardão por<br />

cauza de se náo fazerem os pagamentos aos officiais trabalha<strong>do</strong>res a tempo convenientes,<br />

haven<strong>do</strong> já perto de seiscentos mil reis «que estavão cahi<strong>do</strong>s e han<strong>da</strong>rão<br />

por diversas maons» "'.<br />

O Livro <strong>da</strong>s Esmolas foi muitíssimo fecun<strong>do</strong> pelo registo <strong>do</strong> destino de algumas<br />

ofertas canaliza<strong>da</strong>s para as obras, esclarecen<strong>do</strong> os nomes de alguns artistas res-<br />

Jn Cf. MASSARA, Móniw F. - 0.c.; Cf ROCHA, Manucl Joaquim Moreira <strong>da</strong> - Cnstru~io de Capelos<br />

pela Imon<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Senhor <strong>do</strong>s Passos - Um vin cmcir no espaço urbano. Sep. <strong>da</strong> Revista tapoligrafian,<br />

n. I, <strong>Porto</strong>, Centro de Estudm D. Domingos de Pinho Bnndão, 1992. pp. 65-85.<br />

*IL A.1.BI.J.F. - VL~ifnçÜe.~ (DQc. AYU$O), ti. IOv.<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibideni, ti. I lv.<br />

""rn.+idideni,fl. 11.<br />

"' <strong>Idem</strong> - ihidwn. fl. 12.<br />

'6"&1dem - ibidem. fl. 12v.<br />

'O <strong>Idem</strong> - ibideni, fl. 12v.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidcm, fl. 13.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidem, fl. 13.


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

ponsáveis pela construção <strong>do</strong> edifício. É aí que se denuncia a intervenção de Ma-<br />

nuel Femandes <strong>da</strong> Silva, acolita<strong>do</strong> por seu pai Pascoai Fernandes: «Deu o Reve-<br />

ren<strong>do</strong> Abbade de Fonte Boa Juis <strong>da</strong> Confraria duzentos mil reis de esmolla para<br />

prineipio <strong>da</strong>s obras <strong>da</strong> cappella <strong>do</strong> Santo Christo, convem a saber cem mil reis que<br />

deu ao mestre Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva ao fazer <strong>da</strong> escreptura e outros cem mil<br />

reis a seu pai Paschoal Femandes pera hir continuan<strong>do</strong> com a obras a.<br />

Esta nota é curiosa, denotan<strong>do</strong> uma velha ligação profissional entre pai e filho,<br />

que neste caso concreto é mais de filho e pai; ou seja, na orientação <strong>do</strong> estaleiro<br />

trabalhava e continuaria a trabalhar Pascoal Femandes, enquanto Manuel Feman-<br />

des <strong>da</strong> Silva, que assinara a escritura"', assume um papel aparentemente indefi-<br />

ni<strong>do</strong>, e diluin<strong>do</strong>-se a sua presença no curso <strong>da</strong> obra. Da função de Pascoal Fer-<br />

nandes não resta dúvi<strong>da</strong>: era o mestre pedreiro <strong>da</strong>s obras"R. Por exclusão de fun-<br />

ções, se a Pascoal Femandes coube dingrr os oficiais que trabalhavam na cons-<br />

trução <strong>da</strong> capela, a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva um papel de maior notorie<strong>da</strong>de fa-<br />

zen<strong>do</strong> a concepção <strong>do</strong> espaço, actuação que viria a confiiar noutros momentos<br />

<strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> obra.<br />

O edifício articula o corpo <strong>da</strong> igreja quadra<strong>do</strong>, com o transepto distendi<strong>do</strong>, e a ca-<br />

pela-mor com a torre sineira encaixa<strong>da</strong>, ladea<strong>da</strong> por duas sacristias, revelan<strong>do</strong>, ao<br />

nível <strong>da</strong> planta, um certo compromisso entre espaço longitudinal e centraliza<strong>do</strong>.<br />

Se a planta com transepto foi preferi<strong>da</strong> em alguns mosteiros <strong>do</strong> Minho, como Ti-<br />

bães, o uso que dela faz Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva afasta-se <strong>do</strong> equilfino entre<br />

nave e transepto, denuncian<strong>do</strong> aqui um pre<strong>do</strong>minio <strong>do</strong> espaço <strong>do</strong> corpo, que<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-<br />

-se o transepto numa forma alonga<strong>da</strong> em relação à diminuta largura. Globalmente<br />

a igreja tende para um certo centraiismo.<br />

Há uma clara sobrie<strong>da</strong>de de formas decorativas contrabalança<strong>do</strong> por um apura-<br />

mento técnico. A utilização nas coberturas de abóba<strong>da</strong> de berço em caixotões, na<br />

nave e capela-mor, e quadriparti<strong>da</strong> ogival cobrin<strong>do</strong> o espaço rectangular <strong>do</strong> tran-<br />

septo, exigiu <strong>do</strong> arquitecto o emprego de muros espessos para anulação <strong>da</strong>s for-<br />

ças, onde se rasgam quatro janelas profun<strong>da</strong>s, duas de ca<strong>da</strong> la<strong>do</strong>. A decoração<br />

anuncia-se na facha<strong>da</strong> classicizante, onde a articulação <strong>do</strong> portal emoldura<strong>do</strong>, en-<br />

cima<strong>do</strong> por frontão interrompi<strong>do</strong> e pelo óculo, lhe transmitem alguma força plás-<br />

tica. Sobretu<strong>do</strong> emergem as grossas folhagens que rodeiam a abertura <strong>da</strong> ilurni-<br />

'" <strong>Idem</strong> - Livro <strong>da</strong>r EmoUas que se drio Parhculares. , R 3<br />

'" Para desconheci<strong>da</strong>. Lavra<strong>da</strong> em Esposende?<br />

'" *Não se contgo qui os duzentos mil reis que se deu de esmolla o Reveren<strong>do</strong> Afonso de Meira Cw-<br />

nlho. Abbade de Fonte Boa, por na serem cobra<strong>do</strong>s pello sobredito depozitano. mas sim os recebeo<br />

o mestre pedreiro <strong>da</strong>s obras Pasçhoal Fernandes de que tem paça<strong>do</strong> renbo nas costas <strong>da</strong> exreptura<br />

<strong>da</strong>s obras onde se acha estar satisferto a dita esmollnu Livro <strong>da</strong>s Esmllor que se dão Parriculo-<br />

res , fl 5


Fig. 20 - Planta aproxima<strong>da</strong> <strong>da</strong> Capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Páo.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

na@, com seus acantos e duas flores-de-lis, ocupan<strong>do</strong> to<strong>da</strong> a superfície parietal<br />

entre o frontão <strong>do</strong> portal e a arquiirave.<br />

Houve necessi<strong>da</strong>de, em 1736, de corrigir alguns erros que se verificaram nas sa-<br />

cristias, nomea<strong>da</strong>mente no sistema de iluminação, wpois pello mo<strong>do</strong> que estão<br />

empedem a lus <strong>da</strong>s duas frestas que estão na capelIa-mar» MY, nos telha<strong>do</strong>s, onde<br />

por mais diligências que fizessem «não podem ve<strong>da</strong>r as agoas», e na serventia para<br />

a torre e tribuna que era reduzi<strong>da</strong> Além destes defeitos, noutros inconvenientes<br />

mais que ha na fma <strong>da</strong>s duas sanchristiasx '7O.<br />

A beneficiaqão foi custea<strong>da</strong> por João Dias Couto, que por devoção man<strong>da</strong> fazer<br />

a «obra necessaria para evitar os ditos defeitos e inconvenientes levantan<strong>do</strong>-se as<br />

ditas sancbristias athe onde for necessario para se meterem duas frestas <strong>do</strong> tamanho<br />

<strong>da</strong>s que estão na dita capella-mor em correspondencia della para por ellas se<br />

comunicar a luz para a mesma capella, e por duas frestas para a parte <strong>do</strong> sul e<br />

ficar a serventia para o trono <strong>da</strong> tribuna e torre <strong>do</strong> sino para samchristia <strong>da</strong> parte<br />

leste por huma porta que se acha tapa<strong>da</strong> e foi feita para a mesma serventiau 47'.<br />

Erro <strong>do</strong> arquitecto, ou <strong>do</strong> mestre pedreiro e oficiais?<br />

Inclinamo-nos para a segun<strong>da</strong> hipótese. No início <strong>do</strong> Termo regista-se que se efectuaria<br />

a reparaçHo devi<strong>do</strong> ao


Principais Intervençóes na Capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão 1710-1751<br />

DATA INTERVENÇÃO<br />

Cem mil réis que se dw ao mestre aManoel Fernandes <strong>da</strong> Silva ao fazer <strong>da</strong> e?-<br />

creptura e outros cem mil reis a seu pai Paschoal Femandes pm hir continuan<strong>do</strong><br />

1710-1711 cam a obra* *"<br />

1712<br />

1723<br />

Pagamento a Pascoal Fernandes no valor de duzentos mil c6is"'<br />

Pascaal Fernandes recebe mais *cento e sesenta e sinco mtl e novecentos reisa<br />

pela continuação <strong>da</strong> obra""<br />

ewa a huoi homens que travalha& em tirar huma pedra alvanana de debaixo<br />

<strong>da</strong> agoa no no [ 1 coalro mil e novecentos<br />

Determina-se fazer nauas portas, as grades <strong>do</strong> com, púlpitos. e ourros trabalhos<br />

em madeira, com as «madeir% que ce achão ne mesm cappella vin<strong>da</strong>s <strong>do</strong> Bnzíln<br />

A obra fai amata<strong>da</strong> pelo emambla<strong>do</strong>r Antónw Carvalho, de Landim, por<br />

cento e cinco mil réisa*<br />

L724 Execução <strong>do</strong>? telha<strong>do</strong>s <strong>da</strong> capela u& mounsaw"<br />

1727-1728 h j o <strong>do</strong> adro '"<br />

1728-1731<br />

Pintura e <strong>do</strong>umento <strong>da</strong> mbunn. sacras, caixão, frontnis, encamação <strong>da</strong> imagem<br />

de Cnsto. quadm <strong>da</strong> boca <strong>da</strong> tnbuna, etc. por Manuel Furta<strong>do</strong>. tu<strong>do</strong> no valor de<br />

545$600 reis<br />

1731-1732 Arranjo <strong>do</strong> adro e <strong>da</strong> calça<strong>da</strong> pelo pedreiro Manuel Ferreira e bhuns galegosnw<br />

1732-1733<br />

Conserto <strong>da</strong>s telha<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s sun~rtiac pqr Manuel de S Paioqs'<br />

Obra? na torre srnerrn '"<br />

1732-1739 Aqulsipão de sinor a Agoirinho Ferreira <strong>da</strong> Rocha, sinem de Braga'm<br />

1736 Amjo <strong>da</strong>s sacnshs 4n6<br />

47a <strong>Idem</strong> - Livro <strong>da</strong>s E,~mollas qrie se dõo Particulares .., fl. 3.<br />

.'" <strong>Idem</strong> - ibidem , fl. 5.<br />

""<strong>Idem</strong> - ibidem, fl. 5v.<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibidem, fl. Sv.<br />

'" <strong>Idem</strong> - Livro <strong>da</strong>s Eleições a Acórdüos ..., R. 2v.<br />

"* <strong>Idem</strong> - ibidern, fls. 36-36v.<br />

"O <strong>Idem</strong> - ibidm, fl. IOv.<br />

4u <strong>Idem</strong> - Contas Gerais. ... fl. 3.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidern, fl. 9".<br />

Idcm - ibident, ti. 12v.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidcm, fl. 13.<br />

<strong>Idem</strong> - Livro Eleip7es a Acórd60.~ ..., h. 8-8". 9, 20". 21-21v<br />

<strong>Idem</strong> - ibiderri. fl. 18.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

-<br />

DATA INTERVENÇÃO<br />

1742.1744<br />

1745-1746<br />

Pagamentos a Mwuel Femandes @ Silva pela vkstoria e fomeclmento de<br />

apontamentos para obras <strong>da</strong>s sacnstias 'a<br />

Arranjo <strong>da</strong> capcla devi<strong>do</strong> a destruipio causa<strong>da</strong> pela trovoa<strong>da</strong>"<br />

"<br />

- -<br />

António Batalha. amesire <strong>da</strong>s obras de Sua Altemn dinge os obras de estuque<br />

<strong>da</strong>s sacnstias '$'<br />

Acréscimo de tulha no frontal <strong>do</strong> altar -mar pelo entaiha<strong>do</strong>r Manuel Pereira. de<br />

Barcelos<br />

Mu<strong>da</strong>nça de esca<strong>da</strong> na sacristia <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> nascentem<br />

1748-1749 &ra a panta [sicl que se man<strong>do</strong>u vir de Coimbra para o novo retabollo que se<br />

peitende fazer em o altar de Nossa Senhora <strong>da</strong>s Dores, sete mil duzentas e sm-<br />

coenta reiin "<br />

-<br />

Arcazes <strong>da</strong> sacnsoa feitas pelo mestre Joaquim <strong>da</strong> Silva4*<br />

17@-1750 Custódio de Araújo Leite. unagmóna. trabnlha no ret6bulo de Nossa Senhora <strong>da</strong>s<br />

Doresa<br />

1750<br />

1750-1751<br />

Mande-se fazer planta e apntammtos para o ret6bula colatenl <strong>do</strong> Senhor<br />

Cnictfica<strong>do</strong> *'<br />

Refom <strong>do</strong> Iagea<strong>do</strong> <strong>da</strong> capela e sacnsbas pelo mestre pedretro Francisco Fer<br />

Terra OS<br />

1.3.1.6. Igreja <strong>da</strong> S. Vicente (fot. 47)<br />

Em 1686 a Irman<strong>da</strong>de de S. Vicente manifesta como desígnio a reconstrução <strong>da</strong><br />

sua igreja, nomea<strong>da</strong>mente <strong>da</strong> capela-mor, que pretendia seguisse como modelo a<br />

capela-mor <strong>da</strong> paroquial de Nossa Senhora a Branca. Desta decisáo ficou apenas<br />

<strong>Idem</strong> - Livm <strong>do</strong>s Esmollns que se dão Particuhms ..., fls. 26-26v.<br />

" <strong>Idem</strong> - Contos Gerais ..... tis. 51v-52.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidem. fl. 52.<br />

'* <strong>Idem</strong> - ibidem, R. 57.<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibiden. ti. 60v.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidcm. 8. 60".<br />

*' <strong>Idem</strong> - ibidem, fl. 71.<br />

<strong>Idem</strong> - ibidem, fl. 71.<br />

'1' <strong>Idem</strong> - ibidem, fl. 73.<br />

" <strong>Idem</strong> - ibidem. fls. 73"-74; <strong>Idem</strong> - Livro <strong>do</strong>s Elei$Ues e Acórdãos ...,<br />

"' <strong>Idem</strong> - Livro <strong>da</strong>s Elelei@es e Acdrdãos ..., fls. 31.31~.<br />

'' <strong>Idem</strong> - Contas Gerais .... ti. 76".<br />

L-


CAPfTIJLO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

a intenção, pois, efectivamente, as obras só se iniciariam em Maio de 1689 pelo<br />

pedreiro João Afonso Ramos, que trabalharia sobre um projecto de Domingos Moreiradq9.<br />

As obras foram vistoria<strong>da</strong>s pelo autor <strong>do</strong> risco e por Pascoal Fernandes,<br />

que se encontravam a desempenhar funções como mestres pedreiros na igreja de<br />

S. Vítorsoo. Esta equipa voltará a funcionar noutros momentos posteriores, e até<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva a ela se associarásD1.<br />

Cerca de trinta anos depois estava em marcha a conclusão <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja.<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva compõe-se, em 1717, com a Irman<strong>da</strong>de @oc. n. 20)<br />

para acabar o que ain<strong>da</strong> faltava para a levar a bom termom2, seguin<strong>do</strong> um projecto<br />

idea<strong>do</strong> por Frei Luís monge cisterciense e qualifica<strong>do</strong> como ueminente na architect~ra»'~.<br />

O contrato afirma que posta a lanços a aobra de pedraria que falta<br />

na fronteira <strong>da</strong> dita igreja de São Vicente para efeito de a man<strong>da</strong>rem fazer a mestre<br />

que a fizesse e que por não acharem pessoa que com mais como<strong>do</strong> a fizesse<br />

<strong>do</strong> que o dito Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, mestre de pedraria que a queria fazer<br />

por preço de duzentos e sincoenta mil reis*"'. O preço, excluí<strong>da</strong> a cal e a pedra<br />

lavra<strong>da</strong> e por lavrar que se achasse junto <strong>da</strong> igreja, era abati<strong>do</strong> em pagamentos mensais<br />

de quarenta mil réis, receben<strong>do</strong> no acto <strong>da</strong> escritura cinquenta mil réis. Se,<br />

posventura, não a concluísse até Outubro <strong>do</strong> ano em curso, perderia igual quantia<br />

ao sinal <strong>da</strong> arrematação.<br />

Embora Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva tivesse um risco para sua orientação, os Irmãos<br />

não se coibiram de o alerta «que nos <strong>do</strong>is cantos <strong>da</strong>s ilhargas serão figuras<br />

na forma que de huma parte se ve no pretillo» I".<br />

Que parte <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> faltava realizar? Só o remate superior? É bem possível. Embora<br />

o risco fosse de outro, não deixa de ser revela<strong>do</strong>ra <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de reconheci<strong>da</strong><br />

pela Mesa a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva - por não acharem pessoa que com<br />

mais como<strong>do</strong> a$zesse -, nomea<strong>da</strong>mente, a sua apetência para obras arquitectónicas<br />

de marca<strong>do</strong> nível ornamental.<br />

1.3.1.7. Capela de S. Sebastião <strong>da</strong>s Carvalheiras (fot. 48-49)<br />

Situa<strong>da</strong> fora de muralhas, ao cimo de uma alame<strong>da</strong> de carvalhos, numa pequena<br />

elevação, ergue-se a capela de S. Sebastião, protegen<strong>do</strong>, devocionalmente, o espaço<br />

OLIVEIRA. Eduar<strong>do</strong> Pires - ESIIZ~D~ Sobre o Stculo XVIII . p 47<br />

" <strong>Idem</strong> - ibrdem. p 47<br />

J" Nomea<strong>da</strong>mente na orocesso conslruiivo <strong>da</strong> iEreta -. <strong>do</strong>s Tereeims ROCHA, Mnnuel Jonquim MoreVa<br />

<strong>da</strong> - Arqirifectura Civil e Relisiusa .... pp. 73-74.<br />

m' A.D.B. - Tabelião Público, I' série, n. 42. fls. 28-29.<br />

$O' OLIVBIRA, Eduar<strong>do</strong> Pis - Estudm Sobre o Século XVIII ..., p. 51<br />

I" SMITH, Robert C. - Frei Jose? de Santo António ... vol. 1, p. 166.<br />

5" A.D.B. - Tobeliüo PGblico, I' sene, .n. 42, fls 28-29,<br />

WL <strong>Idem</strong> - ibidem.


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

urbano <strong>da</strong>s calami<strong>da</strong>des pestíferas. O actual edifício veio substituir outro, anterior<br />

ao século XVI, cuja fun<strong>da</strong>ção se desconhece e que a empresa mecenática de D.<br />

Diogo de Sousa contemplou com grandes melhoramentos 507. A responsabili<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> manutenção não podia furtar-se o corpo <strong>da</strong> Câmara Municipal, como de resto<br />

o justifica a função para que foi constmi<strong>da</strong> - de proteger a ci<strong>da</strong>de de Braga <strong>do</strong>s<br />

flagelos <strong>da</strong> peste- zelan<strong>do</strong>, desta forma, pela sani<strong>da</strong>de pública, tarefa por inerên-<br />

cia <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong>.<br />

A mina alastrou tentacularmente, a tal ponto que em 1712 não oferecia condições<br />

mínimas para a realizaçáo <strong>do</strong>s ofícios. Por isso mesmo, a confraria pediu autori-<br />

zação ao Arcebispo para transferir o culto para a igwa paroquial de S. Tiago <strong>da</strong><br />

Clvi<strong>da</strong>de, e cam ela as imagens de culto venera<strong>da</strong>s no templo 'OR.<br />

Três anos decorreram até que se iniciasse a construção <strong>da</strong> nova capela para substi-<br />

tuição <strong>da</strong>queloutra. Em 31 de Maio, assumin<strong>do</strong> expressamente a soa obrigação, a<br />

Câmara firma compromisso com Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva (Doc. n. 18) para <strong>da</strong>r<br />

an<strong>da</strong>mento à construção de um edifício de raiz '", e volvi<strong>do</strong>s cinco escassos me-<br />

ses, Moura Teles lança «a primeira pedra no alicerce <strong>da</strong> nova capella de S. Sebastiam<br />

<strong>da</strong>s Ca~alhaes>>~'~, para, no início de 1717, no dia consagra<strong>do</strong> ao padroeiro,<br />

aí voltar outra vez, agora para a benzer em acto solene, proceden<strong>do</strong> à inauguração<br />

oficial:<br />


CAP~TULO 111 - MANUEL FERNANDfiS DA SILVA A OBRA<br />

- fala-se de um alpendre: %e o alpendre que mostra a planta sera fecha<strong>do</strong> <strong>da</strong>s ilhar-<br />

gas e somente tera huma porta naquele lugar que sera a prencipal*, forman<strong>do</strong> esta<br />

estrutura um reduzi<strong>do</strong> átrio de acesso a nave. Além <strong>da</strong> porta fronteira, levaria mais<br />

duas travessas.<br />

A planta centra<strong>da</strong>, denuncia a forma octogonal com ênfase axial e transversal,<br />

concebi<strong>do</strong> numa variação <strong>da</strong> cruz grega. No alinhamento <strong>do</strong> eixo principal está o<br />

portal e a capela-mor, no outro, duas portas travessas de acesso directo à nave.<br />

Internamente descreve um oct6gono de la<strong>do</strong>s desiguais alterna<strong>do</strong>s, corresponden<strong>do</strong><br />

aos quatro maiores, avanços em profundi<strong>da</strong>de para as três portas e capela-mar. Nos<br />

quatro alça<strong>do</strong>s intercalares, e na linha <strong>da</strong> cobertura, <strong>do</strong>is retábulos e <strong>do</strong>is púlpitos,<br />

agrupa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is a <strong>do</strong>is.<br />

O interior caracteriza-se por um diálogo equilibra<strong>do</strong> entre os elementos estrutu-<br />

rais, defini<strong>do</strong>res <strong>da</strong> sua espaciali<strong>da</strong>de, e as superfícies parietais revesti<strong>da</strong>s de azule-<br />

jos azuis e brancos, sen<strong>do</strong> uns de natureza ornamental pura e outros <strong>da</strong> iconogra-<br />

fia <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de S. Sebastião. Estão <strong>da</strong>ta<strong>do</strong>s de 1717 numa cartela azulejar, e pelo<br />

excelente recorte foram atribui<strong>do</strong>s a António de Oliveira Bernardes >I3.<br />

Atrás <strong>da</strong> capela-mor, a sacristia, zona que foi alonga<strong>da</strong> posteriormente, oolocan<strong>do</strong><br />

ao fun<strong>do</strong> a torre sineira e aumentan<strong>do</strong> o espaço <strong>da</strong> capela-mor inicial "'.<br />

A carga decorativa em pedra é praticamente inexistente, sen<strong>do</strong>, no entanto, aflo-<br />

ra<strong>da</strong> na facha<strong>da</strong> principal onde as m as <strong>do</strong> arcebispo coroam a porta, entre fron-<br />

tão interrompi<strong>do</strong>, e por cima destas, a imagem <strong>do</strong> patrono sob frontão sem base.<br />

O desenho exterior é de uma austeri<strong>da</strong>de assumi<strong>da</strong>, afirman<strong>do</strong>-se, sobretu<strong>do</strong>, pelo<br />

seu carácter centraliza<strong>do</strong> de forma octogonal.<br />

Quem foi o seu autor?<br />

O contrato notaria1 fornece uma pista: a capela far-se-ia na xforma que mostra o<br />

perfil que se fez em Vianna* l'l, o que a levou à associação de Manuel Pinto de<br />

Vilalobos Por outro la<strong>do</strong>, sabe-se que a reedtficaçáo <strong>da</strong> capela se ficou a dever<br />

a um voto de D. Rodrigo de Moura Teles apelas melhoras obti<strong>da</strong>s n'nma grave<br />

<strong>do</strong>ença, de que fora acommeti<strong>do</strong> em Vianna <strong>do</strong> Ca~tello»~". Não deixa de ser curiosa<br />

a coincidência <strong>do</strong> local.<br />

Admitimos a sua execução por Vialobos, até porque o edifício é de linguagem<br />

clássica e revela um autor comprometi<strong>do</strong> a uma cata carga de academismo. To<strong>da</strong>via,<br />

achamos, que a sua planta foi encomen<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo Sena<strong>do</strong>, e por ele paga<br />

"' SIMOES. I M <strong>do</strong>s Santos - &iilejnr


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

numa ausência de cobertura prelatícia. Confronta<strong>do</strong> com a falta de saúde, o Arce-<br />

bispo acelera o processo, financian<strong>do</strong> parcialmente a obra e remin<strong>do</strong> assim a sua<br />

promessa.<br />

1.3.1.8. Capela de Na. SP. de Gua<strong>da</strong>lupe (fot. 50-53)<br />

Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva responsabilizou-se, em 1719 (Doe. n. 24). pela construção<br />

<strong>da</strong> actual capela <strong>da</strong> Confraria de N.. SP. de Gua<strong>da</strong>lupe, «no mesmo monte e<br />

citio em que esta a velha a quoal capella sera feita pella fom e maneira <strong>do</strong>s riscos<br />

que para ella se fizerão»<br />

No ano anterior, a 27 de Março, tinha-se efectua<strong>do</strong> um primeiro acor<strong>do</strong> entre este<br />

mestre e a confraria (Doc. u. 22) para satisfação de objectivo idêntico, segun<strong>do</strong><br />

o qual demoliria a capela velha e construiria uma nova, também com aproveitamento<br />

<strong>do</strong> local antigo. O <strong>do</strong>cumento é pouco minucioso quanto à descri~ão & obra,<br />

obra essa que o mestre faria de acor<strong>do</strong> com os apontamentos e a planta que lhe<br />

foram forneci<strong>do</strong>s (I9.<br />

Desse projecto aborta<strong>do</strong>, sabe-se que a capela teria de largura «trinta e sinco palmos>>,<br />

sen<strong>do</strong> esta a única dimensão forneci<strong>da</strong> pelo texto, o que nos leva a concebê-la<br />

de planta centra<strong>da</strong>. Do seu interior há uma alusão à capela-mor e outras<br />

capelas: «e declararão elles ditos offisiais e mestre que os vãos per cheio que se<br />

hão-de pagar nào se entende o <strong>do</strong> arco cruzeiro e cappela maior e arco cruzeiro<br />

e mais cappellas que estes se n2o pagarãos "O.<br />

Por que motivo é lavra<strong>do</strong> novo compromisso catorze meses mais tarde, reafirman<strong>do</strong><br />

a vontade de construção de novo templo? No primeiro, houve o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> de explicitamente<br />

se dizer que a capela ssguina a planta e apontamentos que a confraria<br />

forneceu a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva; no segun<strong>do</strong>, além <strong>da</strong> inclusão <strong>do</strong>s apontamentos<br />

no <strong>do</strong>cumento notarial, com certeza <strong>da</strong> autoria <strong>do</strong> memamnte, apela-se<br />

a que a obra seria feita «pella forma e maneira <strong>do</strong>s riscos que pera ella se fizerão*<br />

l". Embora se denote uma certa articulagáo entre ambos os projectos, pensa<br />

mos que o actual foi <strong>da</strong> inteira responsabili<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva,<br />

substituin<strong>do</strong> o que lhe fora forneci<strong>do</strong> pelos confrades. Fraco projecto inicial? Deficiências<br />

tbcnicas detecta<strong>da</strong>s por Manuel Fernandes aquan<strong>do</strong> <strong>da</strong> sua materialização?<br />

É provável. Ambas as situações não seriam ímpares na carreira <strong>do</strong> arquitecto:<br />

na primeira déca<strong>da</strong> de setecentos apresenta novo risco para substituir um estu<strong>do</strong><br />

A.D.B. - Tabelião Público, 1' série, n. 42, fls. 133v-135v.<br />

"W texto notarial náo levanta dúvi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> origem dó pmjecm distante <strong>da</strong> cancep$?io <strong>do</strong> mestre aw-<br />

matante: ro dito mestre ha-de famr to<strong>da</strong> a pedraria nescmia na fom <strong>da</strong> planta e apontamentos <strong>do</strong><br />

risco que se deu aa dito mcstren. A.D.B. - Tdelito Públieo, 2' série, n. 70, flg, 90-91.<br />

'" <strong>Idem</strong> - ibidcm.<br />

A.D.B. - Tdelino PJhliço, 1' sene, n. 42. fls. 133"-135".


Fig. 21 - Foms~Bo <strong>da</strong> espaciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe.


Fiz. 21 - Fomia@o <strong>da</strong> espaciali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO C1693-1751)<br />

prévio de outro artista na igfeja <strong>do</strong>s Terceiros de S. Francisco; em 1717-18 faz<br />

correcções técnicas ao projecto <strong>do</strong> Aljube de Braga, <strong>da</strong> autoria de Manuel Pinto<br />

de Vilalobos.<br />

O edifício, de planta centra<strong>da</strong> em planos curvilíneos, goza de uma inserção urbana<br />

privilegia<strong>da</strong>. Localtza<strong>da</strong> numa pequena elevação sobranceira ao Campo de Santa<br />

Ana (Aveni<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Combatentes), no Monte de Santa Magari<strong>da</strong> ou <strong>do</strong> Reduto, tem<br />

uma perspectiva singular <strong>da</strong> Praça <strong>do</strong> Reduto (Praça Mousinho de Albuquerque)<br />

Esta praça, um quadra<strong>do</strong> com ruas nos vértices, resultou de um projecto de urbanização<br />

desenvolvi<strong>do</strong> por MOUM Teles h volta de 1725, e teve como referência a<br />

sua articulação com a capela, à qual se encontra liga<strong>da</strong> por via ascensional que<br />

a valoriza volumetricamente. Os <strong>do</strong>is projectos, de cronologias aproxima<strong>da</strong>s e ulocalizações<br />

respectivas devi<strong>da</strong>mente articula<strong>da</strong>s» formam uma «uni<strong>da</strong>de indissolúveh<br />

522; de resto, o arcebispo liga-se financeiramente aos <strong>do</strong>is empreendimentos.<br />

Inseri<strong>da</strong> na paróquia de S. Vítor, ocupan<strong>do</strong> o seu arrabalde, cuja urbanização se<br />

assumiu como novo eixo de crescimento <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de no skulo XVIII, a capela cbamou<br />

a atenção pela sua forma singular. Já em 1758 testemunhou o Abade de S.<br />

Vítoc «A capella <strong>da</strong> Senhora <strong>da</strong> Gua<strong>da</strong>lupe, que he capella ordinaria feita a Romana,<br />

que fica em o arabaide desta freguesia com a confradia <strong>da</strong> mesma Santa»5''.<br />

À equipa dirigi<strong>da</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, coube nesta fase a construção<br />

<strong>do</strong> monumento até ao sistema de cobertura «Declararão que elle mestre não sera<br />

obriga<strong>do</strong> a fazer abobe<strong>da</strong> alguma na dita cappella mais <strong>do</strong> que a abobe<strong>da</strong> <strong>da</strong>s cappellas<br />

coletrais nem o lagia<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> cappella mais <strong>do</strong> que já fica declarad~x'~'.<br />

Volumetricamente, no interior, as duas capelas não atingem a altura máxima<br />

<strong>do</strong> edifício, abrin<strong>do</strong>-se em <strong>do</strong>is arcos num plano infenor aos arcos formativos<br />

<strong>do</strong> espaço.<br />

O <strong>do</strong>cumento notaria1 é extremamente interessante. A descrição <strong>da</strong> obra está feita<br />

com tal rigor, apesar <strong>da</strong> existência de <strong>do</strong>is riscos, que nos permitiu reconstituir os<br />

componentes planimétricos, e chegar, inclusrvamente, ao sistema de propor~ões<br />

aproxima<strong>do</strong> que o arquitecto seguiu na realização <strong>do</strong> projecto. Grosso mo<strong>do</strong>, observa-se<br />

uma concordância entre o que foi determina<strong>do</strong> fazer e o que se pode analisar<br />

na actuali<strong>da</strong>de. A concepção <strong>da</strong> capela partiu de um espaço quadrangular: dera<br />

a dita cappela trinta e coatro palmos asim de compri<strong>do</strong> como de largo e isto se<br />

entendia por dentro de cunha1 a cunhal*. Este é o espaço disponível para o corpo<br />

<strong>do</strong> edifício, dentro <strong>do</strong> qual se inseriu uma circunferência, que é efectivamente a<br />

sua forma. Em altura, até à cornija, iam vinte e sete palmos, e


CAPÍTULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA: A OBRA<br />

arcos iguais como bem a saber cappella maior com seu comrrespondente e cole-<br />

trais no quoal arco principal levara huma tarja como mostra a planta; terão os coa-<br />

tro arcos iguais dezasete palmos de em vão e de alto trinta e seis*. A capela-mor<br />

teria de comprimento


MANUEL FERNANOES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (16'33-1751)<br />

quadra<strong>do</strong> de base, tal como apuráramos na fonte <strong>do</strong>cumental, sen<strong>do</strong> <strong>do</strong>is quadra<strong>do</strong>s<br />

ocupa<strong>do</strong>s pela capela e o outro para a sacristia. Na linha de reunião <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />

quadra<strong>do</strong>s localizou-se o centro <strong>da</strong> capela, cujo corpo é defini<strong>do</strong> por umacircunferência<br />

inscrita no quadra<strong>do</strong>, e por sua vez este é implanta<strong>do</strong> numa outra circunferência<br />

que define a curvatura <strong>da</strong>s calotes exteriores menores. Para as calotes principais<br />

partiu o arquitecto <strong>do</strong> arco de circunferência que envolve o quadra<strong>do</strong> modular<br />

de to<strong>do</strong> o sistema.<br />

Deste espaço foi elabora<strong>da</strong> uma leitura fugidia por Germain Bazin $ 2 ~<br />

que serviu<br />

a M6rio Barata para fazer a aproximação de Gua<strong>da</strong>lupe aos espaços curvilíneos<br />

<strong>do</strong> Brasil '26.<br />

Volumetricamente há um centro. em caixa quadrangular, que emerge <strong>da</strong>s três ca-<br />

lotes em arco de circunferência e <strong>da</strong> capela-mor, sen<strong>do</strong> possível alguma aproxima-<br />

çHo com a capela de Santo Ovídio, em Amares, na região de Braga, cujo projec-<br />

to veio <strong>do</strong> Brasil, delinea<strong>do</strong> por artista natural de Braga - José Aivares de Azeve<strong>do</strong>,<br />

Sargento-mor - que aí desempenhava fun~óes militares "', sen<strong>do</strong> embora de<br />

concepção mais tardia que este. O projecto de Santo Ovídio revela-se mais dinâmico,<br />

sobretu<strong>do</strong> na ondulação <strong>do</strong>s alça<strong>do</strong>s, evidencian<strong>do</strong> o balbuciar <strong>da</strong> linguagem borro-<br />

mínica de uma forma mais clara. Em Gua<strong>da</strong>lupe o arquitecto, ain<strong>da</strong> preso h tradi-<br />

ção maneirista, patente na utilização de curvas regulares", pretende aquele cami-<br />

nho, que<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se pela multiplicação <strong>da</strong>s superfícies curvas, em planos alterna<strong>do</strong>s,<br />

dentro <strong>da</strong> regulari<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s arcos de circunferência. Mais arroja<strong>do</strong> que o Bom Jesus<br />

de Barcelos, de Joáo Anhines, onde as linhas curvas são entremea<strong>da</strong>s de rectas,<br />

o «projecto <strong>da</strong> igreja de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe aban<strong>do</strong>nara o contraponto<br />

de rectas e curvas» n9.<br />

l?4, como tal, um projecto que revela uma mestria erudita no panorama <strong>da</strong> arquitec-<br />

tura vemacular.<br />

1.3.2. Igrejas Matrizes<br />

1.3.2.1. S. Martinho de Rio Mau (fot. 54-57)<br />

O Abade de S. Martinho de Rio Mau, <strong>do</strong> concelho de Vila Verde, assume compro-<br />

misso com Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva @oc. n. 23) para a obra <strong>da</strong> capela-mor e<br />

"I BAZIN, Germain - Refluipns ;"r /'origine ef I'6udution du boroyae <strong>do</strong>ns le Nord du Porfusnl,<br />

in *Revista e Boletim <strong>da</strong> Academia Nacional de Belas Arresn. 2'. série; n. 2, Lisboa, 1950, p. 13.<br />

"' BARATA, Máno - Nata sobre 4 Igrsja de N. S de Gua<strong>da</strong>lupe. de Brasa relarivamente ao surro<br />

<strong>do</strong>s espaGos cumitineos, na arquifecmra screcentirra lusa e brasileira. in


CAPITULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA: A OBRA<br />

sacristia <strong>da</strong> igreja paroquial, bem como <strong>da</strong> sacristia <strong>da</strong> igreja de S. Martinho de<br />

Travassós, ambas tutela<strong>da</strong>s pelo mesmo abade. O contrato é <strong>da</strong>ta<strong>do</strong> de 28 de Janeiro<br />

de 1719 S3D. Em to<strong>do</strong> o texto não se encontra uma única alusão ao estu<strong>do</strong><br />

prévio <strong>da</strong>s obras e <strong>da</strong> consequente elaboração de risco para orientação <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong>.<br />

Os apontamentos que o <strong>do</strong>cumento regista, extremamente minuciosos, suhstituíram<br />

o projecto, no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> planta.<br />

O corpo <strong>da</strong> igreja é apresenta<strong>do</strong> ao mestre como modelo pelo qual deve coordenar<br />

to<strong>da</strong> a sua intervenção. A nova obra, ou seja a capela-mor e sacristia, devia<br />

estar sintoniza<strong>da</strong> pelas medi<strong>da</strong>s <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> igreja. segun<strong>do</strong> um esquema de proporções<br />

<strong>da</strong> sua responsabili<strong>da</strong>de. Verifica-se também a exigencia de articulação <strong>da</strong><br />

linguagem estética: «e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Abbade foi dito estava contrata<strong>do</strong><br />

com elle dito mestre Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva delle lhe fazer a obra <strong>da</strong> capella<br />

mor e sanchristia <strong>da</strong> sua igreja de sorte que não so sera preporsseona<strong>da</strong> nas medi<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> altura comprimento a largura mas tambem sera cornigem de pedra pela<br />

parte de dentro e de fora cunhais de pedra apilara<strong>do</strong>s suas frestas vidrassas que<br />

terão redes de arame amarelo empenna cms e pirami<strong>da</strong>s como as <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong><br />

igreja» '".<br />

Na capela-mor faria ualtar de pedra» e presbitério com degraus, e junto <strong>do</strong> altar<br />

previa-se a construção de um pequeno nicho, possivelmente uma abertura na parede,<br />

apara por as galbetaw. Sena «forra<strong>da</strong> de tumba de madeira de castanhos e<br />

telha<strong>da</strong> «na forma <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> igreja de cancella>), e as paredes, de quatro palmos<br />

de espessura, reboca<strong>da</strong>s por dentro e por fora.<br />

Atrás <strong>da</strong> capela-mor a sacristia, fazen<strong>do</strong>-se a ligação entre um e outro espaço, por<br />

corre<strong>do</strong>r. Nas paredes abrir-se-iam duas frestas com vidraças. Seria também forra<strong>da</strong><br />

de madeira de castanho, as paredes reboca<strong>da</strong>s e o chão la~ead0. Para comple-<br />

tar a funcionali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> espaço, o mestre faria ain<strong>da</strong> «hum labatorio de pedra com<br />

seu esgicbo bem feito, bum almario para calses e misais com seos repartimentos<br />

e portas com fechaduras e chaves o que se entende porta e fechadura <strong>do</strong> alma-<br />

rio e outra <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> samcretiar 5'2.<br />

Externamente a cornija que corria a obra seria em forma de papo de rola.<br />

Estava previsto um ligeiro arranjo <strong>do</strong> espaço envolvente <strong>da</strong>s novas obras. Porque<br />

a zona onde se implantavam era ladeira, queria o Abade que o mestre construisse<br />

um «paredão bem fun<strong>do</strong>>> para segurança <strong>do</strong> conjunto, e desviasse um curso de<br />

água, que de prezente vai por detras <strong>da</strong> capela mar*, fazen<strong>do</strong> o seu encanamento,<br />

por baixo <strong>da</strong> sacristia, ou noutro local por onde o mestre achasse conveniente.<br />

O edifício completou-se com a construção de uma torre sineira a<strong>do</strong>ssa<strong>da</strong> à sacris-<br />

tia, seguin<strong>do</strong> um enquadramento entâo usual na região de Braga. Enquanto na<br />

arquitectura <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de as torres traseiras são pontualmente substituí<strong>da</strong>s a partir de<br />

IX'<br />

A.D.B. - Nulo Geral, 1' série, n. 571. fls. 181-182~.<br />

I*' Idm - ihidem.<br />

I" <strong>Idem</strong> - ibidem.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

finais <strong>do</strong> século XVii por torres na facha<strong>da</strong>r3', o que demonstra uma viragem de<br />

gosto, no mun<strong>do</strong> rural há uma pervivência desse esquema até bem entra<strong>do</strong> o sé-<br />

culo XVIiI. A torre desta igreja foi constmí<strong>da</strong> depois <strong>da</strong>s obras <strong>da</strong> capela-mor e<br />

sacristia, as quais, a fazer fé no contrato, estariam prontas em Julho de 1719.<br />

Que motivo explica a escolha de torres traseiras? Terá si<strong>do</strong> uma solução de equilí-<br />

brio <strong>do</strong> conjunto dentro de um eixo de axiali<strong>da</strong>de? Levantan<strong>do</strong>-se uma só torre na<br />

facha<strong>da</strong> o edifício apresentava-se, volumetricameute desequilibra<strong>do</strong>, e se fossem<br />

duas o empreendimento final era mais dispendioso. Foi uma procura de alonga-<br />

mento <strong>do</strong> espaço ocupa<strong>do</strong> pelo edifício? É curioso apontar que esta disposi$ío for-<br />

mal dá origem a edifícios inscritos numa planta triangular, com vértice principal<br />

ocupa<strong>do</strong> pela torre.<br />

De resto, a igreja de S. Martinha de Rio Mau, transpira de linguagem maneirista.<br />

iTnica tentativa dissonante 6 o curvamento <strong>da</strong> cornija sobre o óculo <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>.<br />

1.3.2.2. S. Martinho de Travassós<br />

A paróquia de S. Martinho de Travassós era, em 1719, anexa à de Rio Mau, como<br />

já referimos. O contrato realiza<strong>do</strong> com Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva para interven-<br />

ção em Rio Mau, previa também uma obra nesta igreja (Doc. n. 231, onde o mestre<br />

se compromete fazer nova sacristia: xtambem lhe far a samchristia <strong>da</strong> anexa de<br />

Sam Martinho de Travasos» '36.<br />

As medi<strong>da</strong>s deseja<strong>da</strong>s para esta sacristia seriam igualmente <strong>da</strong> autoria <strong>do</strong> mestre,<br />

basea<strong>do</strong> num esquema de relação entre capela-mar <strong>da</strong> igreja e a obra a realizar:<br />

«com as medi<strong>da</strong>s de alto e compri<strong>do</strong> e largo conforme o corpo <strong>da</strong> dita capela<br />

Para sua iluminação abria-se uma fresta com vidraça. No interior, prevê-se a cons-<br />

trução de um armário para arrumação de ecalses e misais~, com porta fecha<strong>da</strong> à<br />

chave, e um «lavatorio de pedra com seu esguicho^, tu<strong>do</strong> condizente com a sacris-<br />

tia de Rio Mau. Para acentuar este paralelismo o contrato regista: a sacristia seria<br />

«forra<strong>da</strong> de madeira castanha, legea<strong>da</strong>, caha<strong>da</strong> e reboca<strong>da</strong>, telha<strong>da</strong> com boa telha<br />

na forma <strong>da</strong> igreja anexas.<br />

O preço <strong>da</strong>s duas intervenções foi apresenta<strong>do</strong> em bloco e atingiu os trezentos e<br />

quarenta mil réis.<br />

1.3.2.3. Na. Sra. <strong>da</strong> Conceição <strong>da</strong> Póvoa de Varzim (fot. 58-65)<br />

A construção <strong>da</strong> nova igreja matriz <strong>da</strong> Pbvoa de Varzim, foi a derradeira empre-<br />

sa de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva, ten<strong>do</strong>-a arremata<strong>do</strong> em Azurara, na presença <strong>do</strong><br />

'S Ver neste tmbdho Igre~a de Santa Cruz<br />

" A D B. - Note Geral, I' séne, n 571. fls 181-182~<br />

5" Idenz - ibidem


CAP~TULO 111 MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

<strong>do</strong>utor Correge<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Comarca <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>. A escritura de finça foi lavra<strong>da</strong>, a 17<br />

de Maio de 1742'36, em Braga, na casa <strong>do</strong> artista, e pela qual se compromete fazer<br />


MANUEL PERNANDES DA SILVA: MESTRE E ARQUITECTO (1693-1721)<br />

V que o sobrante <strong>da</strong>s sizas <strong>da</strong> Póvoa fossem canaliza<strong>da</strong>s para pagamento <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong>,<br />

já que os dinheiros apura<strong>do</strong>s pelo povo <strong>da</strong> di Plnhii -<br />

A Izrrio .. - Morri2 d,, Pdvou de Vnrztm - Duur N


Fig. 22 - Planta aproxima<strong>da</strong> <strong>da</strong> Igreja Mahiz <strong>da</strong> Pávoa de Varzim.


MANUEL FEKNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Na facha<strong>da</strong>, embrecha<strong>da</strong> entre duas altas torres sineiras que nascem <strong>da</strong> base, usou<br />

o arquitecto uma gramática cristaliza<strong>da</strong> em composiçáo rica de imaginação e livre.<br />

No eixo de axiali<strong>da</strong>de e acima <strong>do</strong> portal, o frontáo de enrolamento ao centro abre-<br />

-se para receber as armas reais, que fazem a ligação com a edícula que as sobre-<br />

puja, onde foi coloca<strong>da</strong> a imagem de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição, padroeira <strong>da</strong><br />

igreja. Sobre a edícula um frontão curvo interrompi<strong>do</strong>. Acima <strong>do</strong> entablamento um<br />

conjunto de <strong>do</strong>is frontões servem de remate: num dinâmico frontão ondula<strong>do</strong>, en-<br />

caixa um triangular interrompi<strong>do</strong>.<br />

Duas janelas de igual frontão triangular interrompi<strong>do</strong>, ladeiam o nicho e contra-<br />

cenam com duas janelaslvaran<strong>da</strong> de frontão curvo, já na área <strong>da</strong>s torres. Na gra-<br />

ciosi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> foi decisiva a multiplicação <strong>da</strong>s pequenas aberturas qua-<br />

driloba<strong>da</strong>s, que reforçam, juntamente com o contraste granitolrehoco o seu timbre<br />

sensitivo.<br />

As altas torres sineiras, com balaustra<strong>da</strong>s no topo e interessantes remates pirami-<br />

<strong>da</strong>is, são, indubitavelmente, um elemento que contribui para a leitura monumen-<br />

tal <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>.<br />

Foi assim, o seu cria<strong>do</strong>r, um homem enfeu<strong>da</strong><strong>do</strong> ain<strong>da</strong> em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XViD<br />

a uma estética clássica <strong>da</strong> arquiteciura vernácula portuguesa, que procura cons-<br />

cientemente <strong>da</strong>r resposta ao novo tempo, onde a dinâmica se opõe ao ambiente está-<br />

tico. No conjunto a facha<strong>da</strong> revela um autor de bom desenho e de grande capaci-<br />

<strong>da</strong>de imaginativa, dentro <strong>da</strong>s limitações que a sua escola condicionava. Parece-<br />

-nos, sem dúvi<strong>da</strong>, que à sua autoria não foi alheio Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva que<br />

assume papel de mestre de obras <strong>da</strong> igreja nova, desde a fun<strong>da</strong>ção até que a mor-<br />

te o dizima já na avança<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de de oitenta e um anos, orientan<strong>do</strong> pessoalmente<br />

o estaleiro, ten<strong>do</strong> para tanto fixa<strong>do</strong> residência na Póvoa de Varzim.


2. Arquitectura Civil<br />

2.1. Pública<br />

2.1.1. Hospital de S. João Marcos<br />

São duas as inte~ençóes de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva no Hospital de S. João<br />

Marcos, <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga. Numa intervém individualmente, sen<strong>do</strong> de sua auto-<br />

na o delineamento <strong>da</strong> obra que se compõe fazer; numa outra, mais tardia, ame-<br />

maia em parceria com Pascoal Femandes a realização de obras de vulto, sob pro-<br />

jecto de Manuel Pinto de Vilalobos.<br />

1. Bento Carvalho <strong>da</strong> Silva, como Prove<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Hospital, conirata, em 1706, Feman-<br />

dei <strong>da</strong> Silva (Doc. n. 9), «arquiteto desta ci<strong>da</strong>de*, para fazer «no Hospital de São<br />

Marcos hum corre<strong>do</strong>r contenuan<strong>do</strong> <strong>do</strong> canto fronteiro ao c muo entran<strong>do</strong> pellas<br />

cazas f...) the o quintal deltas com hum arquos "I. A obra a executar desenvol-<br />

veu-se para o la<strong>do</strong>


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Preços de Constituintes Arquitectbnicos no Hospital de S. Marcos<br />

pEçA/ MEDIDAS PREÇO<br />

INTERVENÇÃO (palmos) (Ais)<br />

AB~BADA IW (área) 14M) Em til610<br />

ALICERCE lM> SOO<br />

ALVENARIA 3W (&a) 2200<br />

ARCO<br />

16000 *ca<strong>da</strong> arco <strong>do</strong> claustro am suas pilash,<br />

com vazas e captteis toscanos»<br />

6WO nca<strong>da</strong> arco <strong>da</strong>s que atlsvessn o clausustror<br />

CANO 2500 cano tasm parn v&o '<strong>da</strong>s agoas <strong>do</strong> pa-<br />

te0 <strong>do</strong> claustmu<br />

COLUNA 3500 Ca<strong>da</strong> aluna <strong>do</strong> clauseo


Para uma obra de envergadura é escolhi<strong>da</strong> uma equipa de peso. A planta está asso-<br />

cia<strong>da</strong> a Manuel Pinto de Vilalobos, como demonstrou José Augusto Ferreira '*9,<br />

que não seria totalmente feliz no seu projecto: uEm 1721 foram encomen<strong>da</strong><strong>da</strong>s ao<br />

engenheiro de Viana as plantas para o claustro grande <strong>do</strong> Hospital de S. Marcos<br />

'Nesta obra cometeram-se alguns &ros emen<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelo mesmo Engenheiro, que<br />

para isso teve que fazer nova planta, ordena<strong>da</strong> pela Mesa em sessão de 29 de Agos-<br />

to de 1722 e por essa deliberou a Junta em sessão de 1 de Julho de 1723 que conti-<br />

nuava a obra <strong>do</strong> Hospital'. Depois em 1733 foi encarregue Carlos Antbnio Leone,<br />

italiano, de apresentar novos projectos plira o frontispício, igreja nova e claustro<br />

pequeno» S5Q. Da participação de Vilalobos fica uma imagem infeliz, primeiro pe-<br />

las alterações que teve de impar ao risco inicial, fazen<strong>do</strong>, inclusivé, uma nova plan-<br />

ta, para numa fase consecutiva de obras os Mesários preterirem Vilalobos a Car-<br />

10s Leone.<br />

Não deixa, porém, de ser sintomático que uma obra de reconheci<strong>do</strong> interesse pú-<br />

blico <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, como justifica o intervencionismo <strong>do</strong> prbprio Desembarga<strong>do</strong>r e<br />

Chancela-mar <strong>da</strong> Relação à testa <strong>do</strong> contrato como uma <strong>da</strong>s partes outorgantes,<br />

seja <strong>da</strong> autoria de Manuel Pinto de Vilalobos.<br />

Pascoal Fernandes não concluiu o compromisso assumi<strong>do</strong>, pela ocorrência <strong>do</strong> seu<br />

falecimento. A equipa de pai e filho tinha já substitui<strong>do</strong> a proposta de Jerbnimo<br />

de Oliveira e de seu irmão, Manuel de Oliveira, mestres pedreiros de Viana, para<br />

a mesma obra's'. Entretanto, <strong>do</strong>is anos mais tarde, verifica-se uma retoma <strong>do</strong> pro-<br />

jecto pela equipa inicial ".<br />

2.1.2. Aljube de Braga<br />

Preocupa<strong>do</strong> com as condições de habitabili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s reclusos, D. Rodrigo de Maura<br />

Teles põe em marcha a construção de alguns presídios na área de influência <strong>do</strong><br />

seu poder. Valença e Torre de Moncorvo, são <strong>do</strong>is centros fora <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga<br />

que foram <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de novas instala~óes~~~. Se em pontos mais distantes <strong>do</strong> centro<br />

de emanação política se fez sentir essa orientação, muito mais na ci<strong>da</strong>de sede<br />

<strong>da</strong> sua corte. Possuímos <strong>do</strong>cumentação que nos ilustra esta linha de acção <strong>do</strong> Arcebispo<br />

volta<strong>da</strong> para o social, associa<strong>da</strong> à construção <strong>da</strong> cadeia de Braga. Esta, foi<br />

~onstruí<strong>da</strong> entre 1717-1718 por Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva, segun<strong>do</strong> projecto de<br />

Manuel Pinto de Vilalobos, ao qual introduziu melhoramentos @oc. n. 21).<br />

" FERREIRA, Jose Augusto - Anzpiiapio e Transformapio <strong>do</strong> Edifício <strong>do</strong> Hospital de S. Marcos de<br />

Brngn no ,xécéculo XVIII. segun<strong>do</strong> Plnntas <strong>da</strong> Engenheiro Manuel Pinto Vilalobos e <strong>do</strong> Arquitecto (?)<br />

Carlos Anrónlo Leone, in ~Lumen», n. 3 (5). Lisboa. 1939, pp. 265-272.<br />

I" SOROMENHO, Miguel - 0.c.. p. 82.<br />

ROCHA, Manuel Joaquim Momira <strong>da</strong> - Arquirecrurn Civil e Religio.ra .... p. 154.<br />

'$! <strong>Idem</strong> - ibidem, p. 155.<br />

"' FERREIRA, 1. Augusto (Monsenhoc) - Fastar Epi~copoes ..., t. 111, p. 268.


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO


CAPITULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva que faça parede nova com novos alicerses e de lar-<br />

gura a seis palmos na forma <strong>da</strong> arte em semelhantes; e outro si correrá a obra <strong>do</strong><br />

tal aljube athe a porta <strong>da</strong>lfandega por ficar asim melhor e mais vistoza e nesta for-<br />

ma bavemos por declara<strong>da</strong> a planta que se deu para a tal obra feita pelo Coro-<br />

nel Engenheiro Manoel Pinto Villalohoz e a seu tempo haverá respeitoao acres-<br />

centamento que se julgar fazer alem <strong>do</strong> disposto na dita plantrnsR.<br />

O edifício resultou, assim, de uma proposta <strong>do</strong> Engenheiro e <strong>da</strong> sua actualização<br />

por parte <strong>do</strong> Arcebispo através <strong>da</strong>s ohservaç6es de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva re-<br />

lativas à inoperância <strong>do</strong> projecto inicial. De Moura Teles provem ain<strong>da</strong> a preocu-<br />

pação de ordenação e embelezamento <strong>do</strong> espaço urbano causa<strong>do</strong> pela constru-<br />

ção"'. não se coibin<strong>do</strong> de aumentar a sua dimensão nr>lÕpico,<br />

Pasta 75, Doe. 2506, n. 2.


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

<strong>da</strong> casa localiza<strong>da</strong> no Campo de Santa Ana, local que se desenvolveu, sobretu<strong>do</strong>,<br />

a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> século XW, acusan<strong>do</strong> na ocupação populacional,<br />

um grupo de um estrato social tendencialmente eleva<strong>do</strong> "=. Foi para uma dessas<br />

casas apalaça<strong>da</strong>s que trabalhou o artista a convite <strong>do</strong> seu proprietário Manuel <strong>da</strong><br />

Costa Pessoa, que se apresenta como Licencia<strong>do</strong> (Doc. n. 2). A sua intervenção<br />

terá si<strong>do</strong> unicamente na facha<strong>da</strong>, como testemunha o acor<strong>do</strong>"'. A casa no to<strong>do</strong><br />

é anterior. Tanto pelo título sócio-profissional <strong>do</strong> cliente, tanto pela existkncia na<br />

casa de um portal de carro, facilmente se constata o carácter nobilita<strong>do</strong> <strong>da</strong> resi-<br />

dência, situação que viríamos a comprovar pelo conhecimento <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> casa<br />

e <strong>do</strong>s sumptuosos jardins em <strong>do</strong>is sucalcos nas traseiras, onde se multiplicam as<br />

fontes e chafarizes.<br />

Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva devia introduzir algumas alterações à planta que pre-<br />

viamente se fizera, toman<strong>do</strong> a facha<strong>da</strong>, indubitavelmente, muito mais sóbria. Para<br />

tanto não faria «os dentilhaes <strong>da</strong> simalha e os timbolos <strong>da</strong>s jenellas e as rozefas<br />

que vão per baixo desta saca<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ditas jenellas per maneira que fiquem os cachor-<br />

ros descarrega<strong>do</strong>s sobre as padieiras <strong>do</strong>s portais e teboleirow 164. Quanto à estru-<br />

tura <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> o <strong>do</strong>cumento não se estende em informações, sen<strong>do</strong> omissa a dis-<br />

posição <strong>da</strong>s janelas, e respectivo número, como de portais. Resta a alusão a al-<br />

guns elementos formais que Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva deveria observar na sua<br />

consmição:<br />

- os capitéis <strong>do</strong>s cunhais seriam correspondentes às vazas e estas à planta;<br />

- «entre os ditos cachorros per baixo <strong>da</strong>s saca<strong>da</strong>s se metera hum frizo de escadna<br />

aberto a mo<strong>do</strong> de almofa<strong>da</strong>),;<br />

- os r


CAPÍTULO I11 - MANUEL FERNANDES DA SILVA. A OBRA<br />

A casa ocupa os números 119 a 121 <strong>da</strong> actual Aveni<strong>da</strong> <strong>do</strong>s C~mbatentes~~~.<br />

Facha<strong>da</strong> típica de casa urbana, comunica directamente com o espaço público. O<br />

acesso ao interior faz-se por <strong>do</strong>is portais, dispostos ca<strong>da</strong> um nai extremi<strong>da</strong>des, e<br />

envolven<strong>do</strong> duas janelas de avental. No piso nobre. quatro janelas de saca<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong><br />

as varan<strong>da</strong>s individualiza<strong>da</strong>s entre si. É esta a configuração <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> quanto às<br />

aberturas ao exterior. A articulação destes elementos combina-se harmoniosamente,<br />

com reforço <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des ornamentais <strong>do</strong> granito em contraste com as<br />

superfícies reboca<strong>da</strong>s. Quanto à cantaria, a facha<strong>da</strong> é <strong>do</strong>mina<strong>da</strong> por duas pilastras<br />

toscanas, uma de ca<strong>da</strong> la<strong>do</strong>; to<strong>da</strong>s as portas e janelas apresentam entablamento, mas<br />

só as superiores possuem elegante frontáo com enrolamento ao centro, de tímpano<br />

preenchi<strong>do</strong> de onde se liberta um fogaréu. Solução paralela utiliza Manuel Feman-<br />

des <strong>da</strong> Silva no Pal&cio <strong>do</strong>s Biscainhos. Entre o piso térreo e superior, forma-se<br />

um friso tom cachorra<strong>da</strong> para suporte <strong>da</strong>s quatro varan<strong>da</strong>s que demarcam, exte-<br />

riormente, a passagem de um piso a outro. O friso além <strong>do</strong>s cachorros, de belo<br />

efeito decorativo nomea<strong>da</strong>mente nos remates infenores, define-se por uma abertura<br />

no meio de ca<strong>da</strong> <strong>do</strong>is, como rezava o <strong>do</strong>cumento: entre os ditos cachorrosper baixo<br />

<strong>da</strong>s saca<strong>da</strong>s se metera hum friza de escadria aberto a mo<strong>do</strong> de almofa<strong>da</strong>.<br />

Na procura de plastici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> valorizou o arquitecto as cachorra<strong>da</strong>s, tanto<br />

<strong>do</strong> friso intermédio como <strong>da</strong> arquitrave. Nesta o arranque parte de uma flor-de-<br />

-li& elemento vegetalista caro h gramitica de Manuel Fernandes. Na facha<strong>da</strong>, de<br />

bom desenho e graciosa, procura-se a animação, sobretu<strong>do</strong>, com as potenciali<strong>da</strong>-<br />

des <strong>da</strong>s estruturas arquitectónicas, uma vez que a decoração, presente sem dúvi<strong>da</strong>,<br />

foi reduzi<strong>da</strong> <strong>da</strong> proposta inicial <strong>do</strong> arquitecto, por irnposiqão <strong>do</strong> cliente, como escla-<br />

rece o contrato.<br />

Nesta facha<strong>da</strong>, ain<strong>da</strong> seisceutista, revela-se um autor que pretende seguir um rumo<br />

dinâmico. nomea<strong>da</strong>mente na exploração <strong>do</strong>s acessórios decorativistas, que 6 obri-<br />

ga<strong>do</strong> a usar de forma controla<strong>da</strong>. Fi-lo, to<strong>da</strong>via, sem subverter as coordena<strong>da</strong>s<br />

arquitectónicas, antes num equilíbrio <strong>da</strong>s duas componentes.<br />

No interior, entran<strong>do</strong> pela porta principal de acesso a peóes, forma-se um átrio no-<br />

bre, decora<strong>do</strong> com figuras esculpi<strong>da</strong>s em granito, cuja fuuçáo é aumentar os efei-<br />

tos cénicos desta entra<strong>da</strong>, onde uma vez mais somos remeti<strong>do</strong>s para os Biscaínhos,<br />

ali numa escala e nobreza superiores. Uma esca<strong>da</strong> dianteira, com patamar intermé-<br />

r'6 Para idenuficagão <strong>da</strong> wsn partimos numa pnmeira fase <strong>da</strong> descnçõo <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>. e de formas fama-<br />

liares a Manuel Fernandes @a Silva Posteriormente entramos em contacto com os seus pmprietitnos<br />

e com a sua aju<strong>da</strong>, nomea<strong>da</strong>mente através de registos de Qmpnednde famrliarcs, e com a aslise vi-<br />

sual <strong>da</strong> estrutura rnterior, ta<strong>do</strong> convergia para que fosse esta a casa intervsnciona<strong>da</strong> pelo arqurtecto<br />

É proprie<strong>da</strong>de actual <strong>da</strong> Sf D. Mwia Adelaide Bolhões Magalhães Mexia SaIazar Lebre, e <strong>do</strong> man<strong>do</strong>.<br />

Eng José Mela e Cistro Ribeiro Lebre. Agradecemos ao casal a gentileza que nos facultou no aces-<br />

so a moradis e a paoi&ncm com que nos foi mostran<strong>do</strong> as repartiçuei <strong>da</strong> caya e os jardtns, bem como<br />

a pesquisa bibliogr&fica na biblioteca particular.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

dio, leva ao piso superior, demarcan<strong>do</strong>-se nesta a zona intervenciona<strong>da</strong> por Ma-<br />

nuel Fernandes <strong>da</strong> Silva: há uma mu<strong>da</strong>nça brusca na altura <strong>do</strong>s degraus a partir<br />

<strong>do</strong> patamar. De um ritmo suave, somos confronta<strong>do</strong>s com degraus duros, galga-<br />

<strong>do</strong>s com dificul<strong>da</strong>de. Duas mãos. Duas concepções de arquitectura. Para o segun-<br />

<strong>do</strong> ~rquitecto uma maior preparação técnica.<br />

2.2.2. Casas <strong>do</strong>s Meira Carrilho<br />

Pelo menos em três momentos <strong>da</strong> sua activi<strong>da</strong>de, Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva <strong>da</strong>rfi<br />

resposta a empreendimentos <strong>do</strong>s Meira Camlho. Em duas situações, para projectos<br />

particulares, onde se compromete remodelar as casas que habitam na Rua <strong>do</strong> An-<br />

jo, e construir de raiz um palacio no Campo de Santiago; a outra, no fornecimen-<br />

to <strong>do</strong> projecto para o santuário <strong>do</strong> Bom de Jesus de Fáo, já analisa<strong>do</strong>.<br />

Francisco de Meira Carrilho e Afonso deMeira Carrilho, irmãos, eram duas figuras<br />

de destaque no meio eclesiástico bracarense, como evidenciam os cargos que ocu-<br />

param - cónego <strong>da</strong> SB e Abade de Fonte Boa (Esposende), ca<strong>da</strong> um respectivamen-<br />

te -, ou a magnífica residencia que vão construir na ci<strong>da</strong>de. O prestfgio social<br />

era, no caso presente, sintoma de riqueza material e de nobilitação, pois só assim<br />

se compreendem as suas constnições priva<strong>da</strong>s, envolvi<strong>da</strong>s, tanto a que desapare-<br />

ceu como a que ain<strong>da</strong> resta, num ar distmto no <strong>do</strong>mínio arquitectónico, para o qual<br />

era condieo a disponibili<strong>da</strong>de financeira: no escasso perío<strong>do</strong> de um ano investem,<br />

em obras de pedraria particulares, cerca de cinco mil e setecentos cruza<strong>do</strong>s, equiva-<br />

lente a uma pequena fortuna Entre o número <strong>da</strong>s pessoas que privavam com os<br />

Meira Carrilho contavam-se pajens "', o que, de certa forma, justifica também a<br />

sua nobreza.<br />

Em 1718, Afonso de Meira Carrilho, a residir no Campo de Santiago, declara-<br />

-se


CAP~TULO 111 - MANUEL FERNANDES DA SILVA A OBRA<br />

ostenta no contrato, à satisfação <strong>da</strong> obra comprometeu-se também Pascoal Fernandes,<br />

assumin<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> o papel de fia<strong>do</strong>r <strong>do</strong> filho.<br />

Destas duas casas que o <strong>do</strong>cumento referencia, na<strong>da</strong> restou. Foram destruí<strong>da</strong>s ain<strong>da</strong><br />

no século XVlIl", poucos anos depois <strong>da</strong> transformaçáo que <strong>do</strong>tou a residência<br />

de um ambiente mais majestoso.<br />

A facha<strong>da</strong> acusava a estrutura interior em <strong>do</strong>is pisos: o primeiro servia de acesso<br />

nobre casa, rasgan<strong>do</strong>-se aí vários portais; no segun<strong>do</strong> ficava a Brea de habitabili<strong>da</strong>de<br />

com cozinha, salas, varan<strong>da</strong>s, quartos, e outras dependências que o <strong>do</strong>cumento<br />

omite, comunican<strong>do</strong> com o espaço público através de janelas.<br />

To<strong>do</strong>s os portais, janelas e frestas <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> seriam feitos de pedras inteiras e apilamdns<br />

por dentro e por fora. De resto, exigia-se que estas paredes fossem ufeitas<br />

de boa pedra bem ajuntoura<strong>da</strong> e lea<strong>do</strong>s feitos com cal e saibro, portais, genel-<br />

Ias, frestas e corni~es e cunhais e o mais que mostra o prefil <strong>da</strong> fronteira"'. Quanto<br />

às dimensões de to<strong>do</strong>s estes componentes, cumprir-se-ia a planta.<br />

Tentemos, pois, fazer uma visita ao interior dessas casas, tanto quanto a obrigação<br />

notaria1 o permite, e perceber algo <strong>da</strong> sua distribuição espacial, revela<strong>do</strong>ra, por<br />

certo, de gostos e padrões de vi<strong>da</strong>, em voga no século XVIII.<br />

As facha<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s casas compunham o cenário tridimensional <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong> Anjo. Tinha-se<br />

acesso ao seu interior, por <strong>do</strong>is portais, que conduziam a um átrio, onde<br />

se rasgavam três arcos: xe na loge principal levara <strong>do</strong>us portais <strong>da</strong> mesma altura<br />

<strong>do</strong>s de fora tambem inteiros e avera tres arcos para as entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong> esca<strong>da</strong> que mostra<br />

a planta e outro para serventia <strong>do</strong> carro e liteira%"12. À esca<strong>da</strong> nobre, ou principal,<br />

como lhe chama o texto, tinha-se acesso de frente e de la<strong>do</strong>, como os arcos<br />

parecem apontar, em tu<strong>do</strong> lembran<strong>do</strong> a esca<strong>da</strong>ria similar <strong>da</strong> casa <strong>do</strong> Deão, que<br />

seria mais tarde, feita também, por Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva. A esca<strong>da</strong>ria articulava-se<br />

em vários lanças, cujo ritmo era marca<strong>do</strong> por patamares intermêdios, com<br />

degraus «muito bem feitos» e hem lança<strong>do</strong>s, «na fonna e tamanho que mostra a<br />

planta com seos corrimois des o terceiro patio athe o ultimo» "'.<br />

Do segun<strong>do</strong> piso poucos são os elementos que caracterizam as suas divisórias, t5o<br />

$6 que Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva to<strong>da</strong>s faria no modelo <strong>da</strong> planta, como também<br />

os ntapamentos <strong>da</strong>s alcobas».<br />

IN Pensamos swm estas as aias reten<strong>da</strong>y no Mapa <strong>da</strong>s Ruac de Brago, e para as qunis há a seguinte<br />

rnformafno «Pertenceram ao pmo <strong>do</strong> campo ou lugar de Castelo Radngo Evnm demoli<strong>da</strong>? mtec de<br />

1715. 'fian<strong>do</strong> o enfiteuta principal ahnga<strong>do</strong> a sub mgar iro cahz<strong>do</strong> outra em seu lu& O &><strong>do</strong> recebeu,<br />

asslm. <strong>do</strong> C6nega Pnnciçco de Meira Camlho, enfiteuta pnncnpal. em imca <strong>do</strong>s n '-25, 26, e 27<br />

[<strong>da</strong> Rua <strong>do</strong> Anjo], a casa no 7 <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong>s Chão$ de Baixo, bem como 30 000 rei* que an<strong>da</strong>vam a<br />

juro 'para sahsfaçãa de dzum preluízo, que pudesse haver nesta íubmgação'n VASCONCELOS, Maria<br />

Assunção Jbome de CCIFLIS Forei>us uo Cnbt<strong>do</strong> no uno de 1750, in -Mapa <strong>da</strong>s RRUBF de Bragar,<br />

v01 11, Braga. Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Minho e ounos. 1991, p 111<br />

'I A D B - Nm Oetal. I' sene, n 498, fls 8-9<br />

<strong>Idem</strong> - tbidetii<br />

"' <strong>Idem</strong> - rbidetrr


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Pela parte <strong>do</strong> quintal, nas traseiras, havia «huma esca<strong>da</strong> para a varan<strong>da</strong> e serventia<br />

<strong>da</strong> cozinha». Por sua vez, esta varan<strong>da</strong> <strong>da</strong> cozinha seria «sobre pilares toscos e arcos<br />

para sobre elles fazer em ca<strong>da</strong> pilar huma coluna com seu pedrastal lavra<strong>do</strong>» 574.<br />

As dimensões <strong>da</strong> cozinha, como de to<strong>da</strong> a casa, iam regista<strong>da</strong>s na planta, mas quanto<br />

ao forno, chaminé e lareira, desta, fá-10s-ia x<strong>do</strong> tamanho que lhe pedirem».<br />

Esta era a casa principal. Mas quanto às inferiores - as casas <strong>do</strong>s soros - de-<br />

varáo to<strong>da</strong>s os portais e frestas que lhe forem necessarios para lux capazes de po-<br />

derem fechar com portas»<br />

Teve efectivamente cumprimento este contrato? Parque razão, no ano seguinte,<br />

vão promover os Meira Carrilho à construção de uma nova residência?<br />

2.2.2.2. Residência <strong>do</strong> Campo de Santiago (fot. 68-69)<br />

Elemento caracteriza<strong>do</strong>r <strong>do</strong> ambiente arquitectónico <strong>do</strong> Campo de Santiago, é o<br />

palacio que os irmãos Meira Carrilho, man<strong>da</strong>ram construir em 3 de Julho de 1703'76,<br />

confirman<strong>do</strong>, uma vez mais, o carácter nohiliárquico <strong>do</strong>s encomen<strong>da</strong>ntes.<br />

O palácio é composto por h.ês corpos de <strong>do</strong>is pisos individualiza<strong>do</strong>s por duplas<br />

pilastras, num ritmo modular repetitivo, ao nível <strong>da</strong>s volumetnas, e em composi-<br />

ção horizontal. No piso inferior, a notorie<strong>da</strong>de é senti<strong>da</strong> nos três portais <strong>do</strong> corpo<br />

central, que to<strong>do</strong>s ligam ao átrio <strong>do</strong> edifício, de onde parte uma esca<strong>da</strong> dianteira,<br />

que ao des<strong>do</strong>brar-se em <strong>do</strong>is lanços no primeiro paiamar, anuncia uma procura clara<br />

de mise en scèue, condizente com o prestígio <strong>do</strong>s abasta<strong>do</strong>s Meira Carrilho.<br />

0s corpos laterais, simétricos, apresentam um esquema de um só portal entre duas<br />

janelas de avental. A uniformi<strong>da</strong>de é linha de força <strong>do</strong> piso nobre, onde três jane-<br />

Ias de saca<strong>da</strong> preenchem ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s módulos, num ritmo monótono. No conjun-<br />

to, sobressai um edifício imponente e austero, dentro de uma linguagem valora-<br />

tiva <strong>da</strong>s pontenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s cantarias, presentes nos elementos estruturais, como<br />

ro<strong>da</strong>p6, pilastras e cornija, definin<strong>do</strong> o contorno <strong>do</strong> edifício; como, igualmente, nos<br />

contornos de ca<strong>da</strong> uma<strong>da</strong>s aberturas, onde to<strong>do</strong>s os lintéis são abusivamente vaza<strong>do</strong>s<br />

por três aduelas releva<strong>da</strong>s. A articulação <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pisos faz-se por misulas que supor-<br />

tam as varan<strong>da</strong>s, e nascem ladean<strong>do</strong> as aduelas <strong>da</strong>s aberturas <strong>do</strong> piso térreo.<br />

O palácio foi construí<strong>do</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva (Doc. n S), a quem<br />

endereçamos o risco, e por Pascoal Fernandes: «estan<strong>do</strong> presente Paschoal Feman-<br />

dez, mestre de pedraria pai delle dito mestre, mora<strong>do</strong>r no arabalde de Sam Vitor<br />

desta ci<strong>da</strong>de pessoa per mim reconheci<strong>da</strong>, por eIle foi dito que entrava nesta obra<br />

com elle dito seu filho per contrato de sosie<strong>da</strong>den "'.<br />

" <strong>Idem</strong> - tbidem<br />

"' <strong>Idem</strong> - rbidem<br />

"& A.D B - Noin Geml, 1' s€rie, n 503, fls 66"-67u.<br />

"' <strong>Idem</strong> - tbrdem


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

As casas, reza o contrato, feitas no termo de <strong>do</strong>is anos, saiam ade boa pedraria<br />

na forma <strong>da</strong> planta que se fes para a dita obra que mnsta de quatro papeis e <strong>do</strong>s<br />

apontamentos+, receben<strong>do</strong>, para tanto, asinco mil cruza<strong>do</strong>s e cento e sinquenta mil<br />

reis em dinheúon "! 0 transporte <strong>da</strong> pedra correria por conta <strong>do</strong>s enmmen<strong>da</strong>n-<br />

tes, para além <strong>do</strong> fornecimento <strong>da</strong> cal e <strong>do</strong> saibro.<br />

Do seu interior silencia o <strong>do</strong>cumento, e obras posteriores alteraram a sua espaciali-<br />

<strong>da</strong>de; esclarece-se apenas que aos goar<strong>da</strong>-roupas serão como os de Antonio Car-<br />

neiro <strong>da</strong> Silva com a altura <strong>da</strong> plantm "? Mantem-se o átrio.<br />

2.2.3. Palácio <strong>do</strong> Deão Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva (Biscaínhos)<br />

(fot. 70-71)<br />

Segun<strong>da</strong> figura na organização <strong>da</strong> hierarquia religiosa <strong>da</strong> Corte de Braga, o Deão,<br />

resolve proceder a um alargamento <strong>da</strong> sua residência, no início <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> dka<strong>da</strong><br />

de setecentos, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-a de um inequívoco ar palaciano. A notorie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> facha-<br />

<strong>da</strong> articula<strong>da</strong> em L, com duas entra<strong>da</strong>s nobres. uma em ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is corpos,<br />

e os sumptuosos jardins traseiros, organiza<strong>do</strong>s em terraços, lustificam, plenamen-<br />

te, a classificação desta residência como palácio, embora com características urba-<br />

nas, com facha<strong>da</strong> a abrir directamente para a Rua <strong>do</strong>s Biscaínhos. Objectivo que<br />

é reforça<strong>do</strong> no Airio de uma <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s principais: dianteiro B porta principal e<br />

aemprestan<strong>do</strong> um ar fi<strong>da</strong>lgo a este áho, cinco pequenas estátuas sobre colunas de<br />

granito - duas delas figuran<strong>do</strong> pajens com trajas <strong>do</strong> século XVILT» "'I. Aí entra-<br />

vam os coches para deixarem os visitantes. Assalas <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> piso, onde se as-<br />

siste a combinações de pinturas nos tectos e azulejos nas paredes, de cronolo-<br />

gias baliza<strong>da</strong>s no primeiro quartel desse século, emprestam ao palicio um requin-<br />

te &stico.<br />

Náo sen<strong>do</strong> estranho, é to<strong>da</strong>via de salientar, que na transformação <strong>do</strong> palácio, a par<br />

<strong>da</strong> arquitectura, o Deáo utiliza o azulejo e a pmtura, segun<strong>do</strong> uma articulação que<br />

caracterizará esta assimilação de gostos barrocos, pela corte de Braga no tempo<br />

de D. Rodngo de Moura Teles.<br />

O Deão Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva, ajusta, em 26 de Novembro de 1712, Manuel<br />

Fernandes <strong>da</strong> Silva (Doc. n. 151, para ele «lhe fazer a obra de pedraria destas suas<br />

Gazas que de novo quer fazer nesta dita ruas "I. Nas obras seguir-se-ia &um mo-<br />

dello de papelão que para esse efeito elle dito mestre fesn s*E', motivo suficiente<br />

para atribuir a paterni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> proJecto a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, que sen<strong>do</strong><br />

I'' <strong>Idem</strong> - rbidern.<br />

'" <strong>Idem</strong> sbidwrt<br />

'O AZEVEDO. Carlos - Snlores Porf11gue8ei. Lisboa, Livros Hanzante, 1969, p 119<br />

A D B - Noto Geml. ta &ne, n 542. fls 103-104<br />

<strong>Idem</strong> - rbtdenr<br />

I


MANUEL FERNANOES DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

apresenta<strong>do</strong> no <strong>do</strong>cumento como mestre pedreiro, assumiu a função de arquitec-<br />

to. A diferenciação <strong>da</strong>s atribuições profissionais entre mestre pedreiro e arquitec-<br />

to, são pois, muito ténues. De salientar, porém, que o artista não se limitou ao es-<br />

tu<strong>do</strong> planimétrico <strong>do</strong> edifício, fazen<strong>do</strong> uma maqueta - modeIo em papel& -para<br />

esclarecimento <strong>do</strong> eucomen<strong>da</strong>nte, e para sua própria orientação.<br />

Outro elemento de relevo que se demarca na análise <strong>do</strong> contrato, é um conheci-<br />

mento implícito entre Deão e arquitecto, pois s6 assim se entende a entrega di-<br />

recta <strong>da</strong> obra, e a ausência de um prazo para seu término.<br />

A <strong>da</strong>ta de ampliação <strong>da</strong> residência <strong>do</strong> Deão surge num perío<strong>do</strong> avança<strong>do</strong> <strong>da</strong> trans-<br />

fonnaçáo que Moura Teles estava a desenvolver no seu palacio, possivelmente já<br />

próximo <strong>do</strong> seu termo Em certa medi<strong>da</strong>, nota-se uma convergência de actua-<br />

ções: primeiro o arcebispo dignifica a sua residência aumentan<strong>do</strong>-lhe a feição cé-<br />

nica, concretamente na esca<strong>da</strong>ria de acesso, que <strong>do</strong> exterior é transporta<strong>da</strong> para o<br />

interior, facultan<strong>do</strong> aos frequenta<strong>do</strong>res desse espaço, uma entra<strong>da</strong> aparatosa quan-<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong> amplo átrio sobem a esca<strong>da</strong>ria nobre para a sala de recepção. Em equiva-<br />

lente propósito se enquadra a intervenção <strong>do</strong> Deão. Foi movi<strong>do</strong> pelo exemplo <strong>do</strong><br />

arcebispo? E Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, terá servi<strong>do</strong> aos <strong>do</strong>is? Acreditamos que<br />

sim, embora o suporte <strong>do</strong>cumental seja inexistente.<br />

Conheci<strong>da</strong> que é a autoria <strong>do</strong> projecto, importa identificar o seu alcance. Neste propósito<br />

se a leitura não foi directa, por omissão descritiva <strong>da</strong> obra a realizar, o <strong>do</strong>cumento<br />

fornece, to<strong>da</strong>via, algumas pistas sobre as quais se reflectiu.<br />

As casas a construir seriam anexa<strong>da</strong>s a outras que o Deão aípossuía: acom declaração<br />

que as cazas que serão de forma juntas as ditas duas que estam para a parte<br />

<strong>do</strong> quintal terão a mesma altura que ellas tems5*. Esperava-se uma articulaMo entre<br />

as duas casas <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> quintal, que eram de construção recente, e as novas<br />

casas contempla<strong>da</strong>s neste contrato. Mas, a construção principat era para a Rua <strong>do</strong>s<br />

Biscaínhos:


CAPITULO 111 - MANUEL RBRNANDBS DA SILVA' A OBRA<br />

Ia trabalhar o artista nas duas facha<strong>da</strong>s que a casa define, tanto volta<strong>do</strong> para o quin-<br />

tal como para a rua. Não deixa de ser interessante a classificação <strong>da</strong> traseira <strong>da</strong>s<br />

casas como volta<strong>da</strong> para o quintal. Não estavam na ocasião ain<strong>da</strong> conshuí<strong>do</strong>s os<br />

jardins? Assim o acreditamos, até porque <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>do</strong> palácio nasce um eixo que<br />

une portal principal - corre<strong>do</strong>r -jardim, que ao ser prolonga<strong>do</strong> neste lhe define<br />

a axiali<strong>da</strong>de. O visitante entran<strong>do</strong> no átrio depara com um corre<strong>do</strong>r, aberto ao cen-<br />

tro desta sala de recepção, que vasa a casa até ao jardim, onde um agradável cha-<br />

fariz serve de ponto de fuga. Concepção que articula bons princípios de planea-<br />

mento barroco. Do estu<strong>do</strong> demora<strong>do</strong> no local, <strong>da</strong> distribuição <strong>do</strong> edifício e <strong>da</strong> sua<br />

articulação com os jardins, nasceu a imagem de um ideamento unitário, não sejam<br />

imensos os elementos que compõem o terraço superior e que formalmente trans-<br />

bor<strong>da</strong>m de linguagem cara a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Sil~a'~'.<br />

Certa, porém, é a participação <strong>do</strong> artista em duas frentes distintas <strong>da</strong> casa. O <strong>do</strong>cu-<br />

mento esclarece preços diferentes de custo <strong>da</strong>s peças arquitectónicas, consoante a<br />

zona <strong>da</strong> consírução, sen<strong>do</strong> mais eleva<strong>do</strong>s na parte <strong>da</strong> rua.<br />

Ain<strong>da</strong> segun<strong>do</strong> o contrato, aos meios serão mais altos <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> asima o que for<br />

necessario para ficarem em vinte e seis palmos excepto as paredes <strong>do</strong>s meios que<br />

subirão o que for necess<strong>do</strong> para lançarem as agoas fora» 588, construin<strong>do</strong>-se, por-<br />

tanto, uma casa mais alta entre as duas facha<strong>da</strong>s. O preçálio, uma vez mais, refor-<br />

ça a construção desta casa alta: xpellas janellas <strong>do</strong> peitoril <strong>da</strong>s cazas de sima per<br />

ca<strong>da</strong> buma sete mil e quinhentos reis» 589.<br />

Na nossa interpretação, de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva é a casa com facha<strong>da</strong> em<br />

L volta<strong>da</strong> para a Rua <strong>do</strong>s Biscaínhos e a sua articulação com as casas <strong>do</strong> quintal.<br />

Nesse la<strong>do</strong>, seguin<strong>do</strong> o modelo proposto pelas casas já existentes, por questões de<br />

harmonia formal, organizou a facha<strong>da</strong> <strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-a de equilíbrio simétrico. A facha<strong>da</strong><br />

volta<strong>da</strong> para o espaço público, com <strong>do</strong>is corpos articula<strong>do</strong>s, apresenta, no piso<br />

térreo, <strong>do</strong>is portais iguais, um para ca<strong>da</strong> corpo, ladea<strong>do</strong>s, por uma e tr@s janelas<br />

de avental, respectivamente. No an<strong>da</strong>r <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong>, uma teoria de janelas de saca<strong>da</strong><br />

correm-na na totali<strong>da</strong>de.<br />

Os portais, de linhas rígi<strong>da</strong>s, são remata<strong>do</strong>s por frontão interrompi<strong>do</strong>, que ocupa<br />

já o friso, de onde arrancam as mísulas de suporte <strong>da</strong>s varan<strong>da</strong>s. As aberturas <strong>do</strong><br />

piso superior têm como elemento expsessivo de animação um clássico frontão<br />

interrompi<strong>do</strong>, de bom desenho. No corpo mais longo, de dentro <strong>do</strong>s frontões nascem<br />

janelas de recorte em sino com contorno de acantos, que julgamos posteriores<br />

à empresa de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, clarifican<strong>do</strong> a formação de um novo<br />

piso, e demarcan<strong>do</strong> um corte na cornija <strong>do</strong> conjunto.<br />

587 Este assunto. junfnmente com a eompremsâo <strong>do</strong> crescimento <strong>do</strong> pal&io, serao tema pnra reflexão<br />

mais atura<strong>da</strong>, que desenvolveremai por proposta <strong>da</strong> Duenora <strong>da</strong>quela uni<strong>da</strong>de rnuseol6giw<br />

A D B - Noto Gml. 1' séne. n. 542, tis 103-104.<br />

'* <strong>Idem</strong> - ibrdem


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1613 1751)<br />

Nesta facha<strong>da</strong> sobressai uma expressão clássica de filiaçâo serliana. onde as linhas<br />

<strong>do</strong>minantes acentuam a sua horizontali<strong>da</strong>de.<br />

2.2.4. Quinta de S. Miguel - S. Clemente de Sande<br />

No início <strong>do</strong> ano de 1713, a 2 de Janeuo, Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva incumbiu-<br />

-se de uma obra que D. Inês Maria (Pimentel?), viúva de João de Miran<strong>da</strong>, e seu<br />

filho Francisco Pereira de Miran<strong>da</strong> Querem fazer na Quinta de S. Miguel, que pos-<br />

suem na freguesia de S. Clemente de Sande, em Guimarães. O ajuste legal foi la-<br />

vra<strong>do</strong> na casa urbana <strong>do</strong>s eneomen<strong>da</strong>ntes, localiza<strong>da</strong> na Rua de S. J<strong>do</strong> <strong>do</strong> Sou-<br />

to em Braga, e nele ficou estipula<strong>do</strong> aque estavão contrata<strong>do</strong>s com elle dito<br />

Manoel Femandez a que elle lhe faça hum lanço de cazas na sua quinta de San<br />

Miguels "O.<br />

Para a obra, acerca <strong>da</strong> qual a escritura lavra os apontamentos, tinha-se feito, pre-<br />

viamente, um risco, onde estava previsto que as novas casas a construir nasces-<br />

sem wemcosta<strong>do</strong> a huma torre que esta na dih quinta*. A casa compunha-se de<br />

<strong>do</strong>is pisos e com duas zonas distintas: uma considera<strong>da</strong> principal, possivelmente<br />

onde se incluíam salas e quartos, e outra forma<strong>da</strong> pela cozinha e despensa. As pró-<br />

prias dimensões <strong>da</strong>s paredes acentuam essa diferença:<br />

.As paredes <strong>da</strong>s cazas prencipais the o sobra<strong>do</strong> ha-de ter quatro pal-<br />

mos de largo e desde o sobra<strong>do</strong> para sima tres paimos e meio; as pa-<br />

redes <strong>da</strong> cozrnha e despença hão-de ter de largo tres palmos e melo the<br />

a sobra<strong>do</strong> e <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> para sima tres palmosu W'.<br />

A torre existente na quinta é suger~<strong>da</strong> como referência estética para a nova ohra,<br />

esperan<strong>do</strong>-se que alguns motivos aí utiliza<strong>do</strong>s, como janelas, portas e cornijas,<br />

tivessem continui<strong>da</strong>de nas casas. O texto notaria1 ilustra. «e dm janelas e portais<br />

que ha meter na ddita quinta e melhor janellas poder ser as janellas rasga<strong>da</strong>s, apelara<strong>da</strong>s,<br />

esca<strong>da</strong><strong>da</strong>s, faxa<strong>da</strong>s (...) <strong>da</strong> mesma altura e largura <strong>da</strong> janella que tem a dita<br />

torre <strong>da</strong> dita quinta sobre a digo (sic) com suas saea<strong>da</strong>s e cornige <strong>da</strong> dita janella<br />

<strong>da</strong> torre* j".<br />

Mãe e filho forneciam to<strong>do</strong>s os materiais necessários à obra, como cai, barro e pedra,<br />

na expectativa de que a casa estivesse habitável em Julho desse mesmo ano.<br />

Embora o <strong>do</strong>cumento náo esclareça o custo total <strong>do</strong> empreendrmento, indica to<strong>da</strong>via,<br />

que Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva receberia em dinheiro e géneros, sen<strong>do</strong>-lhe<br />

pago no acto <strong>da</strong> escritura aem prencipio de paga cem mil reis que elle dito mestre<br />

receber pela ohra wmo escnptura*, voltan<strong>do</strong> a receber apenas quan<strong>do</strong> a *obra este-<br />

''* A D B - Ni,tn Geral, T (éne, n 36, fls 14"-15"<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibjdem<br />

" <strong>Idem</strong> - rbident


ver nas traves*, e <strong>da</strong>qui para a frente em pagamentos mensais. Em géneros o con-<br />

trato estipula asincoenta alqueires de pão deste annow 'g3, o que é revela<strong>do</strong>r <strong>da</strong> ori-<br />

gem <strong>do</strong>s proventos económico8 <strong>do</strong>s clientes <strong>do</strong> mestre. Sintomática é também a<br />

condição imposta de serem obriga<strong>do</strong>s a vender pão e vinho aos oficiais <strong>da</strong> obra<br />

apelo preço que vender aos maisw. Note-se o título de <strong>do</strong>na que antecede o nome<br />

próprio <strong>da</strong> proprietária <strong>da</strong> quinta, colocan<strong>do</strong>-a num patamar social eleva<strong>do</strong>.<br />

2.2.5. Palácio <strong>do</strong> Cónego António Felgueira Lima (fot. 72-79)<br />

António Felgueira Lima, cónego preben<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong> Sé de Braga, ucomisí;ario <strong>do</strong> San-<br />

to Offcio e Abbade rezervatario de Santo Adrião de Vizellm, ten<strong>do</strong> resolvi<strong>do</strong> pro-<br />

ceder à construção de nova residência em Viana <strong>do</strong> Castelo, concretamente no Lar-<br />

go de S. Domingos, nomeia procura<strong>do</strong>r o padre João Alves Seixas, para lhe <strong>da</strong>r<br />

an<strong>da</strong>mento in loco ao processo. Assim, no fim <strong>do</strong> ano de 1723, a 28 de Dezembro,<br />

vai até às notas de um not&io dessa locali<strong>da</strong>de, onde publicamente se ajusta com<br />

os nmãos Jerónimo de Oliveira e Manuel de Oliveira, ambos mestres pedreiros<br />

residentes em Viana, para «fazerem humas cazas na dita Vila de Vianna defronte<br />

<strong>do</strong> xaffaris <strong>do</strong> Eira<strong>do</strong> de São Domingos comforme a planta e apontamentos» 5?<br />

A autoria <strong>do</strong> projecto <strong>do</strong> palácio, esclareci<strong>da</strong> por António Matos Reis 595 foi pre-<br />

cipita<strong>da</strong>mente desmenti<strong>da</strong> por Miguel Soromenho: «O edifício, que tem an<strong>da</strong><strong>do</strong><br />

atribuí<strong>do</strong> ao pedreiro bsacarense Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, podemos agora confir-<br />

mar que deriva de um projecto orienta<strong>do</strong> por Manuel Pinto Vilalobos. Era de qual-<br />

quer mo<strong>do</strong> normal que <strong>da</strong><strong>do</strong> o destaque <strong>do</strong> engenheiro vianas no quadro <strong>da</strong> polí-<br />

tica mecenática conduzi<strong>da</strong> pelo Arcebispo D. Rodrigo de Moura Teles, fosse ele<br />

a fornecer o risco para o palácio de uma figura eminente <strong>da</strong> corte bracarense» 596.<br />

O desconhecimento de um <strong>do</strong>cumento crucial neste processo explica a sua leitura,<br />

que é atenua<strong>da</strong> pela familiari<strong>da</strong>de formal existente entre o edificio <strong>da</strong> Ve<strong>da</strong>ria Ge-<br />

ral de Viana (Fot. 80). <strong>da</strong> autoria de Vilalobos, e a facha<strong>da</strong> <strong>do</strong> palácio <strong>do</strong> cónego,<br />

e ain<strong>da</strong> por aquele engenheiro ter servi<strong>do</strong> de testemunha num <strong>do</strong>s vários acor<strong>do</strong>s<br />

legas que viahilizaram a construção.<br />

O projecto <strong>da</strong> casa é inequivocamente de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva. Vejamos,<br />

pois, o desenrolar <strong>do</strong>s factos.<br />

" <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

5M A.D.V.C. - Livro de Nnfos 4.33.1.23, n. 8, tis. 68-69", Dofumento transcrito por SOROMENHO,<br />

Miguel - o.c, vol. 111, pp. 66-74.<br />

" REIS, António Matos - A arfe .rob o égide ..., p. 385. Mais que a refefinçia aí cita<strong>da</strong> cumpre-nos<br />

notw a forma simpútica como nos recebeu, e os infomaçães que extravasam o anis0 que gentilmente<br />

pmilhou connosw.<br />

" SOROMENHO, Miguel - 0.c.. vol. 1, p. 185.


MANUEL FERNANDES DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Reza o contrato de 28 de Dezembro que O custo total <strong>do</strong> empreendimento subi-<br />

ria à cifra de uhum conto e outocentos mil reisx "', sen<strong>do</strong> executa<strong>do</strong> em sistema<br />

de parceria pelos <strong>do</strong>is mestres de pedraria, que referimos, até ao mês de Agosto<br />

de 1724. O <strong>da</strong><strong>do</strong> de maior relevo artístico a registar, uma vez que é omiti<strong>da</strong> a pa-<br />

terni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> risco e <strong>do</strong>s apontamentos, é o esclarecimento de que «a ffronteira <strong>da</strong>s<br />

mesmas cazas sem feita pello mo<strong>do</strong> e talhe <strong>da</strong> <strong>da</strong> Vee<strong>do</strong>ria Geral, e isto alem <strong>da</strong><br />

mais perffeição e talhe acressi<strong>do</strong> que a dita planta <strong>da</strong> prezente obra mastra~~ys,<br />

revela<strong>do</strong>r, portanto, de uma influência formal entre aqueloutro edifício e este no-<br />

vo a construir.<br />

O prazo proposto para conclus80 <strong>da</strong> obra não foi cumpri<strong>do</strong> por razoes alheias aos<br />

mestres pedreiros. Parece que o custo eleva<strong>do</strong> <strong>da</strong> empresa foi encargo demasia<strong>do</strong><br />

para o cónego António Felgueira Lima, obrigan<strong>do</strong>-o a repensar o projecto ambicioso,<br />

de que resultou a o~ão de reduções na espaciali<strong>da</strong>de <strong>do</strong> imóvel a construir.<br />

A 19 de Março de 1724 moc. n. 28) lavra-se novo contrato com os mestres pedreiros<br />

onde o preço <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong> baixa substancialmente para «hum conto quatrcrcentos<br />

e sincoenta e quatro mil e duzentos e dezassete* m9.<br />

Este novo orçamento exigiu a actualização <strong>da</strong> planta inicial, elaboran<strong>do</strong>-se, para<br />

tanto, novo risco por ordem <strong>do</strong> cónego. A opulência <strong>da</strong> casa acompanhou a redução<br />

<strong>do</strong> preço: «contu<strong>do</strong> na oppullencia <strong>da</strong> obra ja toma<strong>da</strong> pella primeira planta e apontamentos<br />

tinha a prezente planta disconto~ 6W, manten<strong>do</strong>-se to<strong>da</strong>via a proposta <strong>da</strong><br />

facha<strong>da</strong> «que não differe (...) <strong>da</strong> mesma obrigação e forma primeira» 6"L. OS mestres,<br />

Jerónimo de Oliveira e Manuel de Oliveira, aceitan<strong>do</strong> a redução, obrigam-<br />

-se a fazer a obra somente depois que Felgueira Lima enviasse de Braga os apontamentos<br />

que os mesmos deviam seguir. Os novos apontamentos setiam <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de<br />

de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, que executara também a planta: no «governo<br />

desta obra se comece de novos apontamentos estes há que se obriga a man<strong>da</strong>r<br />

o Reveren<strong>do</strong> Conigo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga feitos pello mestre Manoel Fernandez<br />

que fabricou a planta M2. Frente à evidência <strong>do</strong>cumental a leitura forma1 fica<br />

uma vez mais destrona<strong>da</strong>.<br />

Mas o Cónego retar<strong>do</strong>u o envio desses apontamentos. Só no ano seguinte, efec-<br />

tivamente, a casa levaria rumo certo conducente à sua concretização. A 14 de Mar-<br />

ço de 1725 os mestres reassumem a obra através de contrato de obrigação e dis-<br />

IP' A.D.V.C. - Livro de Noras 4.33.1.23. n. 8. fls. 68-69",<br />

IPu <strong>Idem</strong> - ibidem.<br />

A.D.V.C. - Livr,, de Notar 4.33.1.23. n. 8, fl. 87. A infomçá~ arquivísticn foi de António Matos<br />

Reis. fscto que se assinala.<br />

" <strong>Idem</strong> - iblliem.<br />

"' <strong>Idem</strong> - ibidm.<br />

MZ <strong>Idem</strong> - ibidem.


trato de outro>>m. Nesta <strong>da</strong>ta a construção nSo tinha ain<strong>da</strong> começa<strong>do</strong> pois o <strong>do</strong>cumento<br />

trata <strong>da</strong> «hereção de humas cazas nobres>, como <strong>da</strong><strong>do</strong> futuro, estipulan<strong>do</strong>-<br />

-se, inclusivé, a <strong>da</strong>ta de conclusão <strong>da</strong> obra: Dezembro <strong>do</strong> ano em curso.<br />

O registo, lavra<strong>do</strong> na presença <strong>do</strong> encomen<strong>da</strong>nte, apresenta um preço ain<strong>da</strong> ligeiramente<br />

mais baixo que o anterior, «hum conto trezentos vinte e <strong>do</strong>u~ mil seiscentos<br />

setenta e ires», de acor<strong>do</strong> com o novo orçamento que Manuel Femandes<br />

<strong>da</strong> Silva entretanto fizera, depois <strong>da</strong> aceitação <strong>da</strong> empreita<strong>da</strong> pelos mestres pedreiros<br />

quan<strong>do</strong> Ihes foi apresenta<strong>do</strong> o novo plano.<br />

A presença de Manuel Pinto de Vilalobos é apenas uma entre as demais que<br />

testemunharam o contrato<br />

Já com a obra em curso lavraram-se mais <strong>do</strong>is contratos, um em 27 de Junho e<br />

18 de Julho o outro, pelos quais o reveren<strong>do</strong> Francisco Lopes <strong>da</strong> Silva autoriza<br />

o cónego a abrir umas janelas por cima <strong>do</strong> telha<strong>do</strong> de sua casa, Ei qual a nova construção<br />

an<strong>da</strong>va meeira: «porquanto devia muitas obrigaçoens ao dito Reveren<strong>do</strong><br />

Conego e a equi<strong>da</strong>de de por eUe satisfazer algumas divi<strong>da</strong>s convinha por estes e<br />

outros respeitos que o mesmo Reveren<strong>do</strong> Conego possa na construçam <strong>da</strong> parte<br />

<strong>do</strong> nacente <strong>da</strong>s suas cazas e sobre o telha<strong>do</strong> delle dito outorgante man<strong>da</strong>r abrir as<br />

ginellas que lhe paresser em ordem a ficarem as suas cazas com mais suficiente<br />

lus para a dita parte» m, consentimento que é entretanto oficializa<strong>do</strong> também por<br />

Francisco Lopes para o Provisor <strong>da</strong> Relação de Braga606.<br />

Mesmo com as reduçóes, a casa apresenta um ar apalaça<strong>do</strong>, evidencia<strong>do</strong> tanto na<br />

facha<strong>da</strong> como, e mais ain<strong>da</strong>, no seu interior.<br />

São <strong>do</strong>is os pisos em que se multiplicam as assoalha<strong>da</strong>s <strong>da</strong> casa, numa harmoniza-<br />

ção de três corpos, reserva<strong>do</strong> exteriormente o central para o portal, onde as armas<br />

<strong>do</strong> cónego acentuam a simetria e contrariam a horizontali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mesma pelo E-<br />

forço que dão Ei definição de um eixo de verticali<strong>da</strong>de. A solução de compartimen-<br />

tação <strong>do</strong> edifício em três corpos foi já utiliza<strong>da</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

no palácio <strong>do</strong>s Meira Camilho, no Campo de Santiago, em Braga, to<strong>da</strong>via, em Viana<br />

surgem novos elementos de animação <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> que o transportam a um mun<strong>do</strong><br />

" A.D.V.C. - Livra de Notas 4.33.1.24, n. 4. fls. 17-18. Documento tmscrito por SOROMENHO,<br />

Miguel - o.c,vol. ül, pp. 79-82.<br />

'e Este <strong>da</strong><strong>do</strong> motivou o deslize de Soromenho:


MANUEL PERNANDBS DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

onde a linguagem barroca se faz sentir de mo<strong>do</strong> mais expressivo. As ordens continuam<br />

diluí<strong>da</strong>s, mas as volutas <strong>da</strong>s saca<strong>da</strong>s, os e~olamentos e o reforço <strong>do</strong> eixo<br />

de simetr~a verucnl, marcam essa conquista.<br />

Comparativamente i3 facha<strong>da</strong> de Manuel Pinto de Vilalobos que lhe serviu de referência,<br />

ou a outras deste auror, Miguel Suromenho escreveu: aEm relação aos<br />

exemplos precedentes, na Casa de António Felgueiras Lima nota-se um notável<br />

amadu~ec~mento projectoai. A cantaria almofa<strong>da</strong><strong>da</strong> continua a marcar presença, no<br />

soco e nas piia5h.a~ que ritmam a frontaria, mas ela foi elimina<strong>da</strong> <strong>da</strong>s molduras<br />

e v2iosa w7. Resultan<strong>do</strong> um conjunto xsubstancialmente 'aligeira<strong>do</strong>'. que não se<br />

ressente <strong>da</strong> excessiva concentraç&o de elementos <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Ve<strong>do</strong>ria gerali, 60r.<br />

Internamente o projecto é bastante consegui<strong>do</strong>. Ladean<strong>do</strong> o $trio, duas salas que<br />

por sua vez comunicam com ou- no senti<strong>do</strong> <strong>da</strong>s traseiras <strong>da</strong> casa; <strong>do</strong>is arcos,<br />

um para a esca<strong>da</strong>ria de acesso ao piso nobre, e oufro para a abertura de um corre<strong>do</strong>r<br />

que liga directamente ao quintal, la<strong>do</strong> para onde a casa forma arcaria de quatro<br />

vãos para suporte de uma elegante varan<strong>da</strong>.<br />

No piso superior multiplicam-se as salas, e outras dependências, sen<strong>do</strong> os revestimentos<br />

parietais <strong>da</strong>quelas em azulejos figurativos conferin<strong>do</strong>-lhes uma inegivel<br />

ambiência barroca. Uma pequena capela onde se debatem talha e azuiep, completa<br />

o piso nobre.<br />

É um belo exemplar <strong>da</strong> arquitectura civil barroca.


CAPITULO I11 MANUEL FBRNANDES DA SILVA A OBRA<br />

3. Outras Obras<br />

3.1. Chafariz <strong>do</strong> Largo <strong>do</strong> Paço (fot. 81-82)<br />

Na reorganização <strong>do</strong> Paço, no exterior e muito mais no interior, D. Rodrrgo de<br />

Moura Teles man<strong>da</strong> construir a ala nascente para instalação <strong>da</strong> Relaçáo, Segun<strong>do</strong><br />

uma volumetria dita<strong>da</strong> pela clássica uni<strong>da</strong>de de poente, numa harmonização até às<br />

facha<strong>da</strong>s. Com este arranjo formara-se uma praça regular, fecha<strong>da</strong> em três la<strong>do</strong>s,<br />

valorizan<strong>do</strong> a leitura <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> principal na relação que cria com o novo espa-<br />

ço "". Para actualização <strong>da</strong> leitura cenográfica <strong>da</strong> praça substitui o velho chafariz<br />

que a polarizava, por um novo de bela concepçáo, cuja linguagem iconográfica se<br />

oferece com subi<strong>do</strong> significa<strong>do</strong>, dentro <strong>do</strong> intervencionismo mecenático <strong>do</strong> arce-<br />

bispo, sen<strong>do</strong> o culminar <strong>da</strong> sua activi<strong>da</strong>de neste p61o. Acreditan<strong>do</strong> em Silva Tadim,<br />

a inauguração teve lugar em Fevereiro de 1723: uFeveru~ro de 1723: No Terreiro<br />

<strong>da</strong> Galaria se çollocou o chafaris novo, e o velho se p63s no terreiro de dentro jun-<br />

to a cozinha» 6"'.<br />

A peça foi <strong>da</strong> responsabili<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, que a faz paralela-<br />

mente ao trabalho que vinha realizan<strong>do</strong> na Sé, receben<strong>do</strong> pagamento de ambos em<br />

conjunto. Em duas ordens de pagamento <strong>do</strong> arcebispo ao tesoureiro geral <strong>da</strong> Mi-<br />

tra, o Cánego António Felgueira Lima, <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>s de 24 de Agosto e 5 de Setembro<br />

de 1722, o recibo foi assina<strong>do</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva. As anotaçóes são<br />

esclarece<strong>do</strong>ras. Registá-mo-las a partir de Maria Assunção J. Vasconcelos, pois foi-<br />

-nos ve<strong>da</strong><strong>do</strong> o acesso ao núcleo <strong>da</strong> Mitra <strong>do</strong> Arquivo Distrital de Braga: «Atra-<br />

vés destes decretos foram entregues 'a quantia de duzentos e settenta reis para a<br />

despesa <strong>da</strong>s obras que por nossa ordem está fazen<strong>do</strong> na nossa Sé e <strong>da</strong> <strong>do</strong> chafa-<br />

riz que há-de fazer para o terreiro de fora deste Paço' bem como, para o mesmo<br />

efeito, a quantia de 'vrnte e cinco moe<strong>da</strong>s de ouro que importarão cento e vinte<br />

mil reis'u b".<br />

Estas actas de pagamento, mais que retirar <strong>do</strong> anonimato o autor <strong>da</strong> peça, são reve-<br />

la<strong>do</strong>ras de um acor<strong>do</strong> entre Moura Teles e Fernandes <strong>da</strong> Silva, com efeitos retroacti-<br />

vos e futuros: as anotap5es pelas obras que está fazen<strong>do</strong> e há-de fazer mostram,<br />

exactamente, uma linha de continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong> arquitecto ao serviço <strong>do</strong> arcebispo<br />

O chafariz, ao centro <strong>da</strong> Praça, é composto por duas taças uni<strong>da</strong>s por erxo cen-<br />

tral, sen<strong>do</strong> a infenor de <strong>do</strong>ze la<strong>do</strong>s, em planos diferentes alterna<strong>do</strong>s, assente eni<br />

pedestal de três degraus e definin<strong>do</strong> a mesma figura geométrica. Seis anjos atlan-<br />

"QOROMENHO, Miguel - n c, p 77<br />

'" A D B - Divaliro<strong>do</strong>s {>elo Aitebispo<br />

D R,,dr~g~, de Mmtm Teler no Pato Arquiel>isco,,,oC in r>. n I I , Btasa. Uniuers~<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Minho,<br />

1992. p 8 nota 15


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

tes suportam a taça superior, sextava<strong>da</strong>, em cujos ângulos estão seis torres uni<strong>da</strong>s<br />

por muralha. Do seu centro emerge uma torre circular de três an<strong>da</strong>res, que serve<br />

de suporte a uma figura que segura, com a mão direita sobre a cabeça, a esfera<br />

armilar, de onde sai a cmz primacial. Originalmente a figura estava volta<strong>da</strong> para<br />

a facha<strong>da</strong> principal <strong>do</strong> Palácio "*.<br />

Sete torres são os elementos heráldicos que compõem as armas <strong>do</strong> arcebispo, e<br />

igual número tem o chafariz.<br />

O castelo, como símbolo <strong>do</strong> conhecimento serviu, indiscutivelmente, de pretex-<br />

to para a organização <strong>da</strong> composição. Terá havi<strong>do</strong> intencionali<strong>da</strong>de em expri-<br />

mir a alegoria teresiana <strong>do</strong> castelo 6'3, com as sete mora<strong>da</strong>s como sete níveis <strong>da</strong><br />

oração individual, até se atingir a união mística entre o homem e Deus ao atin-<br />

gir-se a torre mais alta <strong>do</strong> castelo? Não podemos esquecer que na biblioteca<br />

de Moura Teles constavam imensos trata<strong>do</strong>s mlsticos, entre os quais a Vi<strong>da</strong> de<br />

S. Teresa.<br />

E a apa*o <strong>da</strong> esfera annilar, presente aqui como noutras intervenções <strong>do</strong> arce-<br />

bispo, nomea<strong>da</strong>mente na facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé? Não pretenderia Moura Teles restaurar<br />

uma imagem de glória nacional, na qual a esfera transporta à universali<strong>da</strong>de ma-<br />

nuelina, e tentar um novo momento alto no qual seria a voz messiâuica, tutela<strong>da</strong><br />

pelo senti<strong>do</strong> cat0lico? Acima <strong>da</strong> esfera armilar a cmz patriarcal como supremo nível<br />

<strong>da</strong> lei.<br />

E se associarmos a leitura <strong>do</strong> chafariz uma orientação Apocalíptica? «E então veio<br />

um <strong>do</strong>s sete anjos (...). Levou-me em espírito a um grande e alto monte. e mostrou-<br />

-me a ci<strong>da</strong>de Santa Jerusalém». Essa ci<strong>da</strong>de tinha uma muralha com <strong>do</strong>ze la<strong>do</strong>s:<br />

«A muralha <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de tinha <strong>do</strong>ze fun<strong>da</strong>mentos com os nomes <strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze Apósto-<br />

los <strong>do</strong> Cordeiro» (Ap. IiI, 9-14]. A taça inferior ganha relevo com esta referên-<br />

cia. <strong>do</strong>ze são os seus la<strong>do</strong>s.<br />

Neste tactear de caminho para son<strong>da</strong>r os desígnios de Moura Teles esbarramos sem-<br />

pre wm a incerteza. Que era um homem de pensamento místico, não temos dú-<br />

vi<strong>da</strong>s, já <strong>da</strong> sua intensi<strong>da</strong>de de elaboração, ou melhor, <strong>da</strong>s suas convicções, fica-<br />

-se apenas por aproximações. Somos em ter como referhcia obrigatória na nossa<br />

pesquisa que a conduta mecenática <strong>do</strong> arcebispo teve uma orientação muito defi-<br />

ni<strong>da</strong>. A moralística é um campo que enfasa as suas intervenções.<br />

Para que não restasse dúvi<strong>da</strong> na posteri<strong>da</strong>de, a legen<strong>da</strong> na base <strong>do</strong> eixo central <strong>do</strong><br />

chafariz, é disso prova indelével: D. ROD: MAV =L. EECIT. ANO 1723. O<br />

construtor dessa vontade foi, uma vez mais, Manuel Eernandes <strong>da</strong> Silva.<br />

6" <strong>Idem</strong> - ibidcm. p. 8, nota 13.<br />

~~~EBBASTIÁN, Santiago - o c . p. 76


3.2. Obras Atribuí<strong>da</strong>s - Ensaio<br />

Chega<strong>do</strong>s a este ponto <strong>do</strong> trabalho, quan<strong>do</strong> as intervenqões <strong>do</strong>cumenta<strong>da</strong>s de Ma-<br />

nuel Femandes <strong>da</strong> Silva sobem is dezenas, resolvemos associar ain<strong>da</strong> outras A sua<br />

mestria, embora para estas o suporte fun<strong>da</strong>mental seja por enquanto desconbe-<br />

ci<strong>do</strong>. Estamos certos <strong>do</strong> solo movediço que se pisa quan<strong>do</strong> se envere<strong>da</strong> pelas atri-<br />

buições formais, como o aprofun<strong>da</strong>mento <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s justamente vem revelan<strong>do</strong><br />

- lembramos tão só a mttologia nasoniana e soaresca, como os <strong>do</strong>is arquitectos<br />

<strong>do</strong> Norte Barroco, cuja actuação, inegavelmente importante, foi bem mais condicio-<br />

na<strong>da</strong> <strong>do</strong> que Robert Smith o fez supar, surgin<strong>do</strong> a seu la<strong>do</strong> outros vultos que om-<br />

breiam responsabili<strong>da</strong>des - até porque. nas mesmas coordena<strong>da</strong>s temporais a Ar-<br />

te envolve-se numa familiari<strong>da</strong>de evidente, e se se condicionar o espaço, longe <strong>do</strong><br />

principal centro produtor emdito <strong>do</strong> país, as correntes artisticas tomam-se mais<br />

próximas, porque mascara<strong>da</strong>s com o peso <strong>da</strong> tradição. Neste caso a ideação perde<br />

o rigorismo académico e ao popularizar-se, sen<strong>do</strong> partilha<strong>da</strong> no mesmo espaço por<br />

vários mentores, a arquitecara toma-se mais reflexo cultural <strong>da</strong>s regiões.<br />

Apesar deste risco, o percurso <strong>do</strong>cumental que fizemos obrigou-nos a uma refle-<br />

xão sobre a paterni<strong>da</strong>de de uma obra emblemática <strong>do</strong> barroco português: o San-<br />

tukio <strong>do</strong> Bom Jesus <strong>do</strong> Monte.<br />

Nele participou activamente D. Rodrigo de Moura Teles, que devi<strong>do</strong> a problemas<br />

de má gestão <strong>da</strong> Mesa <strong>da</strong> Confrarta, se auto-nomeia, em 1722, juizb'", demoven<strong>do</strong><br />

o Deão <strong>da</strong> Sé que ocupava tal cargo. Enceta de segui<strong>da</strong>, um conjunto de obras que<br />

abrangeu o pbrtica, a reorganização <strong>do</strong> percurso ziguezagueante pré-defini<strong>do</strong>, cons-<br />

truin<strong>do</strong> oito pequenas capelas para os Passos anteriores ao Calvário, ladean<strong>do</strong>-o<br />

de fontes, o escadório <strong>do</strong>s Cinco Senti<strong>do</strong>s, e igreja principal<br />

Sua concepção foi atribuí<strong>da</strong> por Alberto Feio a Manuel Pinto de Vilalobos Daí<br />

para cá a historiografia <strong>da</strong> arte portuguesa tem manti<strong>do</strong> eçse enfeu<strong>da</strong>mento. Mó-<br />

nica Massara que percorreu os Arquivos <strong>da</strong> Confraria não encontrou qualquer<br />

prova nem a favor nem contra. Há um silêncio absoluto sobre a remodelação de<br />

Monra Teles ao nfvel <strong>do</strong> registo em Termos ou em Actas de pagamento, o que<br />

sen<strong>do</strong> intrigante, talvez encontre como suporte o facto <strong>do</strong> arcebispo ter desenvol-<br />

vi<strong>do</strong> uma administração directa, que poder6 ter si<strong>do</strong> alheia h contabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Confraria, pagan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu bolso as obras enceta<strong>da</strong>s, onde teria gasto a fabulosa<br />

quantia que Silva Tadim ceve o cui<strong>da</strong><strong>do</strong> de registar:<br />

*Na perfeiçam em que fez tantas obras na Igreja <strong>do</strong> Bom Jesus <strong>do</strong> Mon-<br />

te, Capelias, Ruas, chafarizes, fontes, alame<strong>da</strong>s, e baran<strong>do</strong>rios para os<br />

Romeiros, esca<strong>da</strong>s admrraveis, Porticos, Jardim, e Couka<strong>da</strong> como com<br />

'" MASSARA, Móniu F. - n c , p 36.<br />

<strong>Idem</strong> - tbrdem, p 37<br />

6'' FEIO, Alberto - Bom Jesus <strong>do</strong> Monte, Braga. Ed <strong>da</strong> Confrma <strong>do</strong> Bom Jesus, 1930. p 47


Fzg 2J - Gravm &o Bom Jesus de Braga antes de 17% (bE@vo cedi<strong>do</strong> por Lu@ <strong>da</strong> CLWQ


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

tanta admiração se ve por huma <strong>da</strong>s sete maravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> gastou<br />

mais de - 24 000$000u "'.<br />

Ao longo <strong>do</strong> trabalho fomos alertan<strong>do</strong> para a relação que se vai estabelecen<strong>do</strong> entre<br />

arcebispo e Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, numa demonstração clara de proteccio-<br />

nismo <strong>da</strong>queIe relativamente a este. Ora, pelo menos a partir de 1722 possuímos<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentais que ilustram a continui<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s trabalhos <strong>do</strong> artista ao serviço<br />

<strong>do</strong> ilustre encomen<strong>da</strong>nte - facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé, e chafariz <strong>do</strong> Terreiro <strong>do</strong> Paço - nos<br />

quais fornece o risco. Não seria de estranhar que D. Rodrigo de Moura Teles en-<br />

tregasse a empre'sa a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva. Por outro la<strong>do</strong>, a intervenção de<br />

Manuel Pinto de Vilalobos nas obras desenvolvi<strong>da</strong>s com o patrocínio de Moura<br />

Teles são estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, assim parece, pela dependência <strong>da</strong>s mesmas <strong>do</strong> poder central,<br />

ou <strong>do</strong> poder público. Quatro exemplos confirmam esta ligação:<br />

1) Em 1714 Vilalobos intervém como media<strong>do</strong>r <strong>do</strong> poder central no pretendi<strong>do</strong><br />

processo de reconstmção <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé, para satisfazer um pedi<strong>do</strong> de utilização<br />

de pedra <strong>da</strong> muralha naquela obra, como tivemos já ocasião de analisar;<br />

2) em 1715 D. Rodrigo de Moura Teles faz-se acompanhar pelo engenheiro na vis-<br />

toria de uma obra que as monjas <strong>do</strong> convento <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r querem fazer no seu<br />

convento 6'n, ten<strong>do</strong> para tanto solicita<strong>do</strong> a liçença <strong>da</strong> cúria bracarense. Sabe-se que<br />

os conventos femininos em Portugal sempre conheceram grande protecção <strong>do</strong> po-<br />

der central, receben<strong>do</strong> inclusive infantas para aí serem educa<strong>da</strong>s 619. &te nZo foi<br />

excepção, e desde a sua fun<strong>da</strong>ção na ci<strong>da</strong>de a cobertura real o bafejou com seu<br />

manto "O. Já nas obras de transformação <strong>do</strong> Recolhimento de Penha de França em<br />

convento. o processo d conduzi<strong>do</strong> por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva; só que aqui o<br />

arcebispo foi responsável integral pelo processo, colocan<strong>do</strong>-o por Breve de Fun<strong>da</strong>-<br />

ção sob a sua directa administração, ou em tempo de Sé vaga, <strong>do</strong> Núncio ou <strong>do</strong><br />

Papa 611, não haven<strong>do</strong>, portanto, a intervenção de outros poderes.<br />

3) Nas plantas que fornece para a capela de S. Sebastião e para o aljube, duas obras<br />

financia<strong>da</strong>s por Moura Teles, é claro o interesse público de ambas, sen<strong>do</strong> responsá-<br />

vel pela sua manutenção o Sena<strong>do</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

"' AD B, - Diário Bracerense . . fl 350.<br />

6''B OLIVEIRA, Eduar<strong>do</strong> Piw de - O Ed~flcro <strong>do</strong> Convento <strong>do</strong> Soluo<strong>do</strong>r. De Mosteiro <strong>da</strong> Freiras on<br />

Lnr Conde de Agrolonfiu. Brags, Lar Conde de Agrolongo, 1994, p 50.<br />

6'* Para os tempos mais recua<strong>do</strong>s, a ordem de Cister foi a escolhi<strong>da</strong> para receber «mulheres de san-<br />

gue real.. sen<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> o número de infantas que estão na ongem <strong>do</strong> convento feminino <strong>do</strong> Lorvão.<br />

a tal ponto que w tran$fvnna nuuma extensáo <strong>da</strong> corte rlgta. ou, melhor, no mm <strong>da</strong>s mulheres <strong>da</strong><br />

famitia renlr Ver BORGES, Nelson Correia - Arte Mondshm em Lobno Somórm e Realr<strong>da</strong>ds - 1 Da9<br />

Orisens a 1737, vol. I, Coimbn, 1992, pp 163 e 183 (Tese de Doutoramenta Policopi;i<strong>da</strong>j.<br />

" 18 em 1528 D I<strong>da</strong> I11 sugere a D. Diogo de Sousa que transferisse esse mosferro de Pgnts de Luna<br />

pan a ci<strong>da</strong>de de Braga OLIVELRA, Eduar<strong>do</strong> Pues de - O Ed~fíc~ro <strong>do</strong> Convento <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r ., p 29<br />

FERREIRA, 1 Angusto (Monsenhor) - Furos Eprscopaes.. t 111, p. 259, nota I


Fig. 27 - Vista de frente e<br />

planta aproxima<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

eseadána <strong>da</strong> Bom Jesus <strong>do</strong><br />

Monte.


MANUEL PERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

Não encontramos qualquer justificaçilo, para, no caso <strong>da</strong>s obras <strong>do</strong> Santuário, o<br />

Arcebispo recorrer a Manuel Pinto de Vllalobos.<br />

Tanfo as capelas como a igreja construí<strong>da</strong>s nesta campanha, seguiram uma planta<br />

centraliza<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> de base quadra<strong>da</strong> para as capelas <strong>do</strong>s Passos a? e curvilíneo<br />

para a igreja, dividin<strong>do</strong>-se as opini0es entre a forma re<strong>do</strong>n<strong>da</strong> e a elípticaa3.<br />

Da igre~a, demoli<strong>da</strong> ain<strong>da</strong> no século XVIII para se construir o actual edifício, os<br />

<strong>da</strong><strong>do</strong>s chegam-nos tanto através <strong>do</strong> levantamento de Carlos Amarante e de uma<br />

gravura anterior, como de descrições coetaneas com a fun<strong>da</strong>ção,<br />

«No meio <strong>do</strong> Terreiro esta hum piquena Ermi<strong>da</strong> coni seo jardim e Sarita<br />

Mag<strong>da</strong>lena em ertBsis, e pelos seus la<strong>do</strong>s v& duas esca<strong>da</strong>s com seos<br />

corrinzoens de ferro para se subir para a igreja principal deste Santuario.<br />

He este templo feito á Ronrona quasl re<strong>do</strong>n<strong>do</strong> com retiro para a capella<br />

mor conz trez portas, e a principal co~?~ duas colimas. e rio mais<br />

alro as Armas <strong>do</strong> Illmo. Senhor arcebispo^>"^.<br />

As foimas utiliza<strong>da</strong>s nesta campanha sZo familiares a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva,<br />

nomea<strong>da</strong>mente o escadório e as pequenas capelas de planta quadra<strong>da</strong>, que encon-<br />

lram paralelo directo na obra que o arquitecto projectou para a Capela de Santo<br />

António Esqueci<strong>do</strong>. As evldênuas são muitas. Houve, unicamente, alteração de<br />

dimensões.<br />

Quanto igreja principal, de forma arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong><strong>da</strong>, também era suficiente a sua ines-<br />

tria, embora edifícios curvos de um só plano, exijam novas soluções técnicas para<br />

resolver problemas de distribuição de forças O projecto não foi, to<strong>da</strong>via, feliz pois<br />

no levantamento de Carlos Amarante enconka-se seguro com escoras. Ter$ si<strong>do</strong><br />

um soluçZo arroja<strong>da</strong> para o arquitecto?<br />

No conjunto <strong>da</strong> obra, assume relevo a linguagem moralizante <strong>do</strong> Arcebispo, onde<br />

a mensagem religiosa se oferece ao peregrino em imagens, procuran<strong>do</strong> seduzir a<br />

alma e o corpo "'com o «carácter dusório e pecaminoso <strong>do</strong> conhecimento sensí-<br />

vela 62" frente a uma estética arre<strong>da</strong><strong>da</strong> de conceptualização erudita onde se explora,<br />

essencialmente a carga propagandista, tanto <strong>do</strong> seu mecenas como <strong>do</strong>s seus baluar-<br />

tes de orientação tridentina.<br />

"' MASSARA, Mónien F. - ,>,c., p. 37.<br />

O)' Ideni - ibidern, pp. 51-52,<br />

"' E.N.L. - História Ercld~~i~.viic~i e Plrliricn ... fl. 52~.<br />

"' PEREIRA, José Femandw - Rerdrioa <strong>do</strong> Fé: Sinibolirnio e DeCornçRo tio Escodtirio <strong>do</strong>s Cinco Senri<strong>do</strong>r.<br />

in dlaro. Escuror. n. I, Lisboa. Quimera. 1988, p. 18.<br />

"Vdcrn - ibideni. p. 27.


Fig. 28 - Vista de frente<br />

e planta <strong>do</strong> ErcadóRo<br />

<strong>da</strong> Capela de Santo<br />

Antbnio Esqueci<strong>da</strong> -<br />

Reconstituiçfio a paltir<br />

de fotografia e gravura<br />

antigas.


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Para captar esta ideia s6 alguém a quem Moura Teles pudesse impor a sua detenni-<br />

nante orientação. Era-o, sem dúvi<strong>da</strong>, mais fscil a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva que<br />

a Vilalobos. De resto entre ambos, havia um conhecimento antigo.<br />

Nesta sequência, acreditamos que grande parte <strong>da</strong>s obras desenvolvi<strong>da</strong>s por D. h-<br />

drigo de Moura Teles durante os vinte e quatro anos que governa a arquidiocese<br />

saíram dessa associação entre arcebispo e arquitecto, sem esquecer as obras de<br />

arquitectura <strong>do</strong> seu palácio, desenvolvi<strong>da</strong>s, pelo menos, enire 1707-1709 627.<br />

No Santuário de Nossa Senhora <strong>da</strong> Apareci<strong>da</strong>, na igreja <strong>do</strong> convento de S. Fru-<br />

tuoso, ou no Recolhimento <strong>da</strong>s Converti<strong>da</strong>s de Braga desenvolve-se um ambien-<br />

te onde revemos a caractetização de Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva. E, quiçá, muitos<br />

outros projectos que o arcebispo multiplicou pela área de influência <strong>do</strong> seu poder,<br />

terão saí<strong>do</strong> <strong>da</strong> criativi<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva.<br />

"' FERREIRA, 1. Augusto (Monsenhor) - Fwrod Ep~scopaes ., t 111, p 238


CAPITULO I11 - MANUEL FERNANDBS DA SILVA: A OBRA<br />

4. Cronologia <strong>da</strong> Activi<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes<br />

<strong>da</strong> Silva<br />

- Nasce na paróquia de Santo Ildefonso, sen<strong>do</strong> baptiza<strong>do</strong> na igreja<br />

matriz.<br />

- Primeira intervenção em Braga. Arremata a wnstrução de uma tor-<br />

re na facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja de Santa Cruz, e outros arranjos no interior<br />

e exterior. Precisou <strong>do</strong> consentimento de Pascoal Femandes.<br />

- Casa em Braga na igreja de S. Vítor com Maria José Mendes.<br />

- Juntamente com seu pai Pascoal Fernandes constrói a sacristia <strong>da</strong><br />

Sé de Braga, segun<strong>do</strong> um projecto de João Antunes.<br />

- Arremata a continuação <strong>da</strong> constmção <strong>da</strong> capela de Santa Maria<br />

Ma<strong>da</strong>lena <strong>do</strong> Monte <strong>da</strong> Falperra, substituin<strong>do</strong> o mestre Domingos<br />

Moreira.<br />

- Constrói nova facha<strong>da</strong> na casa urbana de Manuel <strong>da</strong> Costa Pes-<br />

soa, situa<strong>da</strong> no Campo de Santa Ana, em Braga.<br />

1701-1703 - Na quali<strong>da</strong>de de mestre de obras e arquitecto vistoria as obras de<br />

pedraria no convento de S. Francisco de Monção, que abrangem o<br />

locutório, o coro, casas <strong>do</strong> forno, celeiro, etc.<br />

- Vistoria uma pequena obra de pedrana que as monjas <strong>do</strong> conven-<br />

to <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r pretendem fazer.<br />

- Ajusta a obra de remodelação <strong>da</strong> casa que o Cónego Franciseo de<br />

Meira Carrilho ocupa como residência na Rua <strong>do</strong> Anjo. O trabalho<br />

é assumi<strong>do</strong> em parceria com Pascoal Fernandes.<br />

1703 (antes de) - Participa na equipa que vistoria as torres <strong>da</strong> Sé de Braga, dirigi<strong>da</strong><br />

pelo Padre Pantaleão <strong>da</strong> Rocha.<br />

1703 - Juntamente com Pascoal Femandes substitui o mestre Domingos<br />

Moreira nas obras de construção de igreja <strong>do</strong>s Terceiros de S. Francisco.<br />

- Faz a vistoria de obras de pedraria a realizar no convento femi-<br />

nino de S. Bento de Viana.<br />

- Arremata a construção <strong>da</strong> igreja <strong>da</strong> Casa <strong>da</strong> Congregação <strong>do</strong> Ora-<br />

tório, no Campo de Santa Ana.<br />

- Empreende a construção <strong>do</strong> palácio <strong>do</strong>s irmãos Meira Carrilho, no<br />

Campo de Santiago, empresa que é toma<strong>da</strong> em parceria com Pas-<br />

coa1 Fernandes.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693.1751)<br />

1704 - Assume compromisso com a Irman<strong>da</strong>de de Santa Maria Ma<strong>da</strong>lena <strong>da</strong><br />

Falperra para continuar a consiruçáo <strong>da</strong> nova capela <strong>da</strong> Falpma.<br />

1706 - Ao la<strong>do</strong> de Pascoal Femandes procede à construção de parte de um<br />

claustro no Colégio de Nassa Senhora <strong>do</strong> Pópulo.<br />

- Na categoria de arquitecto desta ci<strong>da</strong>de, faz um corre<strong>do</strong>r no Hospi-<br />

tal de S. João Marcos.<br />

- Constrói a capela de Santo Aotónio Esqueci<strong>do</strong> e escadório, segun<strong>do</strong><br />

projecto próprio.<br />

1707 - Fornece risco para a nova facha<strong>da</strong> que os Terceiros de S. Francisco<br />

querem fazer na sua igreja para substituição de outra.<br />

- Ajusta a reconstruçáo, a partir de alicerces, <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong>,<br />

na Sé.<br />

- Compromete-se B reconçtrn@o <strong>da</strong> capeia <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de na Sé.<br />

1709 - Faz novo acesso para a sacristia <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Santfssiino Sacramen-<br />

to, <strong>da</strong> S6.<br />

1710 - Fornece risco para a capela <strong>do</strong> Bom Jesus de FBo, em cujo estaleiro<br />

viria a trabalhar Pascoal Fernandes.<br />

1712 - Constru$ão de grande parte <strong>do</strong> Palgcio <strong>do</strong> Deáo <strong>da</strong> Sé, Francisco Pe-<br />

reira <strong>da</strong> Silva, segun<strong>do</strong> maqueta que o próprio artista executa.<br />

1713 - Faz a construção de uma casa na quinta de S. Miguel, em Sande,<br />

Guimaráes.<br />

- Arremata v&% pequenas obras na Sé, no transepta <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evan-<br />

gelho, tanto no interior como no exterior.<br />

- Executa a torre lanterna <strong>do</strong> cruzeiro <strong>da</strong> Sé.<br />

1715 - Constrói a capela de S. Sebastião <strong>da</strong>s Carvaíheiras, segun<strong>do</strong> projecto,<br />

aparentemente, de Manuel Pinto de Vilalobos.<br />

- Ajusta a execução de novas frestas na nave central de Sé.<br />

1717 - Faz o remate <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja de S. Vicente trabalhan<strong>do</strong> um pro-<br />

jecto de Frei Luís.<br />

1717-1718 - Dirige a construção <strong>do</strong> Aljube de Braga, segun<strong>do</strong> projecto de Manuel<br />

Pinto de Vilalobos. Introduz alteraçóes ao risco.<br />

1718-1719 - Arremata em 1718 a construção <strong>da</strong> capela de Na. SP. de Gua<strong>da</strong>lupe,<br />

acaban<strong>do</strong> por contrair novo contrato que <strong>da</strong>ria origem à capela actual<br />

O projecto, foi, assim o cremos, de sua autoria.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

- Empreende a construgio <strong>da</strong> capela-mor e sacristia <strong>da</strong> igreja paro-<br />

quial de S. Martinho de Rio Mau. Faz outros arranjos no exterior.<br />

- Constrói nova saaistia para a igreja de S. Martinho de Travassós.<br />

1719-1720 - Orientação <strong>da</strong>s obras de transformação <strong>do</strong> Recolhimento I-?. SP.<br />

de Penha de França em convento. Arremata a construção <strong>da</strong> igreja.<br />

1720 -Juntamente com Pascoal Femandes compromete-se h construção de<br />

um claustro, cozinhas, espaço de alojamento e outras obras no Hos-<br />

pital de S. João Marcos. O projecto foi de Manuel Pinto de Vila-<br />

lobos. A empresa não teria sucesso.<br />

1723 (antes de) - Fornece risco para a torre sineira <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong>s Terceiros de S.<br />

Francisco.<br />

- Faz a facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé, incluin<strong>do</strong> torres, segun<strong>do</strong> projecto pessoal.<br />

- Apresenta orçamento acompanha<strong>do</strong> de p~ojecto para a reconstru-<br />

ção <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> convento <strong>do</strong>s Remédios.<br />

1723-1724 - Constrói o chafariz <strong>do</strong> Largo <strong>do</strong> Paço, em Braga,<br />

- Apresenta riscos para o palácio que o Cónego António Felguerra<br />

Lima quer construir em Viana <strong>do</strong> Castelo.<br />

1728-1729 - Mestre de obras <strong>do</strong> convento de Na. SP <strong>da</strong> Conceição, sain<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

sua laboração a construção <strong>da</strong> igreja, coros e sacristia.<br />

1730-1732 -Mestre de obras na transformação que a irman<strong>da</strong>de de Santa Cruz<br />

desenvolve na sua igreja, incluin<strong>do</strong> a facha<strong>da</strong>.<br />

1733-1734 - CO~S~UÇ~O <strong>do</strong> Passadiço <strong>do</strong> Terreiro <strong>da</strong> Portaria, e seu embelezamento,<br />

no convento de S. Martinho de Tibáes.<br />

1742-1744 - Fornece apontamentos e vistoria os melhoramentos que os Irmãos<br />

<strong>da</strong> Confraria <strong>do</strong> Bom Jesus de FXo querem introduzir na sacristia <strong>da</strong><br />

sua capela.<br />

17421751 - Mestre de obras na construção <strong>da</strong> <strong>da</strong>greja matriz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim.<br />

1751 - Morre na Póvoa de Varzim sen<strong>do</strong> sepulta<strong>do</strong> na antiga igreja matriz.


IV. Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva<br />

O Artista<br />

1. Mestre de Obras e Arquitecto e Sua Clientela<br />

O cliente, o encomen<strong>da</strong>nte, aquele que requisita a intervenção <strong>do</strong> artista, é determinante<br />

para o aparecimento <strong>da</strong> obra629, não só porque financia o empreendimento,<br />

pagan<strong>do</strong> como tal os honorzírios <strong>do</strong> artista, mas porque entre ambos se estabelece<br />

um compromisso, sen<strong>do</strong> a obra final o resulta<strong>do</strong> de uma a<strong>da</strong>ptação <strong>do</strong> artista às<br />

vontades e formação <strong>do</strong> cliente, e em último grau à sua capaci<strong>da</strong>de económica.<br />

Estes factores afectam a criação condicionan<strong>do</strong> a liber<strong>da</strong>de artística. Quan<strong>do</strong> o<br />

cliente possui conhecimentos estéticos, refina<strong>do</strong>s pela própria formação, a sua determinante<br />

sobressai pragmaticamente na obra, sen<strong>do</strong> possível neste caso, e só neste<br />

caso, falar-se de mecenas.<br />

Estas características, juntamente com a condição básica <strong>da</strong> arte de construir, sempre<br />

para satisfazer uma necessi<strong>da</strong>de funcional, não podem ser esqueci<strong>da</strong>s na encomen<strong>da</strong><br />

dirigi<strong>da</strong> a Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva. Num ambiente <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> primordialmente<br />

pelo fenómeno religioso, comum ao Portugal barroco e agudiza<strong>do</strong> em<br />

Braga, sede Primacial, não é de estranhar que o seu principal cliente, e quase exclusivo,<br />

fosse a Igreja, espraian<strong>do</strong>-se a sua intervenção em encomen<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s instituições<br />

que mais directamente põem em prática essa função. Mesmo a clientela priva<strong>da</strong><br />

não se afasta deste cenário: é sobretu<strong>do</strong> a primeira hierarquia <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de que<br />

solicitará o mestre pedreiro e arquitecto, não deixan<strong>do</strong> porém, de coincidentemente,<br />

ocupar um múnus eclesiástico.<br />

Falan<strong>do</strong> de instituições, aparece à cabeça a Sé, onde a vontade de D. Rodngo de<br />

Moura Teles foi actuante, promoven<strong>do</strong> e financian<strong>do</strong> obras de renovação arquitectónica,<br />

ou incitan<strong>do</strong> confmias instituí<strong>da</strong>s nesse complexo que tinham a seu cargo<br />

a manutenção de capelas que lhe timbravam o espaço, a fazer essas transformações.<br />

" FERREIRA-ALVES, Natáiia Mannho - o c., vol I. p 159.


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

OS mosteiros, no aro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> arquidiocese, sobretu<strong>do</strong> a vertente feminina,<br />

foram visita<strong>do</strong>s por Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, na quali<strong>da</strong>de de mestre de obras<br />

e arquitecto. Da ala masculina as intervençóes são limita<strong>da</strong>s, o que é justifica<strong>do</strong>,<br />

pensamos, pela maior autonomia que essas casas gozam relativamente ao poder <strong>do</strong><br />

arcebispo, enquanto as outras, embora protegi<strong>da</strong>s pelo poder central, estavam na<br />

sua directa observância, competin<strong>do</strong>-lhe cui<strong>da</strong>r não só <strong>do</strong> bem espiritual <strong>da</strong>s mon-<br />

jas, como <strong>do</strong> seu conforto material e ambiente artístico. De resto, nota-se em Mou-<br />

ra Teles uma preocupação com a vivência no interior dessas casas, fazen<strong>do</strong>-lhe vi-<br />

sitas amiu<strong>da</strong><strong>da</strong>s vem, onde a par <strong>da</strong>s observações espirituais e comportamentais,<br />

deixa achegas para obras e manutenção<br />

As Confrarias e Irman<strong>da</strong>des potenciaram grande parte <strong>da</strong> encomen<strong>da</strong> que ao longo<br />

<strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva lhe foi dirigi<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong>, aliás, a traba-<br />

lhar para a Irman<strong>da</strong>de de Santa Cruz que o artista se inicia autonomamente em<br />

Braga. Se estas instituições possibditaram a decoração barroca que transformou mut-<br />

tos interiores religiosos ao longo <strong>do</strong>s s&ulos XVII e XWII6", são também gran-<br />

des clientes de obras de arquitechira. O resgate que a socie<strong>da</strong>de laica fazia <strong>do</strong> Pa-<br />

raíso, ideia sobejamente explora<strong>da</strong> pela pie<strong>da</strong>de barroca 6'2, ocasionava a forma-<br />

ção de um povo irmana<strong>do</strong> em instituições que se multiplicam em número neste<br />

perío<strong>do</strong>; as ofertas, os bens testamentários e outros, deixa<strong>do</strong>s pelos Irmãos à Con-<br />

fraria possibilitaram o investimento em diversas artes.<br />

Ain<strong>da</strong> no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> clientela religiosa, contam-se as igrejas paroquiais, presen-<br />

tes em poucas intervenções, mas será com uma obra de vulto que Manuel Fernan-<br />

des <strong>da</strong> Silva terminará a sua carreira, orientan<strong>do</strong> pessoal e consecutivamente a<br />

construção <strong>da</strong> igreja matriz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim.<br />

Na arquitectura civil de interesse público desenvolve <strong>do</strong>is projectos de Manuel Pin-<br />

to de Vilalobos levan<strong>do</strong> apenas um a bom termo na categoria de mestre de obras<br />

Mais representativa é a clientela priva<strong>da</strong> onde satisfaz encomen<strong>da</strong>s de membros<br />

<strong>da</strong> alta hierarquia religiosa de Braga, para quem transforma e constrói casas de<br />

habitação de subi<strong>do</strong> ar palaciano. Fora deste estrato apenas duas encomen<strong>da</strong>s: uma<br />

para o licencia<strong>do</strong> Manuel <strong>da</strong> Costa Pessoa e outra para D. Inês Mana.<br />

Trabalhou, desta forma, num patamar restrito <strong>do</strong> espectro social, encontran<strong>do</strong> como<br />

grande instituição de fun<strong>do</strong> a Igreja e os membros de maior destaque <strong>da</strong> corte reli-<br />

giosa: Arcebispos, Deão e Cónegos. As suas duas únicas intervenções que extrava-<br />

BBâ%ea<strong>do</strong>s na levantamento que desenvolvemos nas visita pastorais de D Rodngo de Mmu TTeles<br />

nos conventos femininas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

"' FERREIRA-ALVES, Nnttilia Mannho - o c . p 162.<br />

" LOUREIRO. Ollmpin Mana dn Cunha - U#fa Letfwu de S


CAP~TULO IY - MANUEL FERNANDES DA SILVA: O ARTISTA<br />

sam este sector são tamb6m membros reputa<strong>do</strong>s no seio de uma socie<strong>da</strong>de de tí-<br />

tulos: um licencia<strong>do</strong>, a outra a ostentar o titulo de <strong>do</strong>na.<br />

Em to<strong>da</strong>s as obras que arremata, ou aparece como responsável exclusivo pela orien-<br />

tação <strong>do</strong> estaleiro, ou divide a responsabili<strong>da</strong>de com Pascoal Fernandes. Socie<strong>da</strong>-<br />

des fora <strong>do</strong> clima familiar não ocuparam a sua preferência. Entre pai e filho desen-<br />

volve-se uma dependência curiosa, polariza<strong>da</strong> no início <strong>da</strong> carreira de Manuel Fer-<br />

nandes <strong>da</strong> Silva no pai, de quem necessita de autorização para contrair o primeiro<br />

compromisso público como profissional independente (igreja de Santa CNZ em<br />

1693). para. à medi<strong>da</strong> que entramos no século XVIiI, o prestígio <strong>do</strong> pai ser aha-<br />

fa<strong>do</strong> pelo <strong>do</strong> filho, precisan<strong>do</strong> aquele <strong>da</strong> fiança deste para em 1715 executar uma<br />

obra de pedraria para o Colégio de S. Paulo 63'.<br />

Evidentemente que a equipa entre os <strong>do</strong>is era forte. Um contava pela i<strong>da</strong>de, pela<br />

obra desenvolvi<strong>da</strong> e pela experiência com algum destaque numa socie<strong>da</strong>de eon-<br />

serva<strong>do</strong>ra, trilogia de referência. O outro, pela maior capaci<strong>da</strong>de técnica e estética,<br />

com uma bagagem profissional mais apura<strong>da</strong>, completava as premissas <strong>do</strong> êxito.<br />

Podemos ver o segun<strong>do</strong> mais vocaciona<strong>do</strong> para trabalho de gabinete, de planea-<br />

mento e de cálculo, e o outro prepara<strong>do</strong> para orientar pessoalmente a obra. Dc res-<br />

to esta relação é perfeitamente assumi<strong>da</strong> em 1710 na construçáo <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Bom<br />

Jesus de Fão.<br />

Mestre de obras e arquitecto são graus profissionais que o vão classifiean<strong>do</strong> no<br />

desfile <strong>da</strong> sua obra, constituin<strong>do</strong> ambos, igualmente, o topo hierárquico <strong>do</strong> ofício<br />

de pedraria. Parece ter atingi<strong>do</strong> estes graus ain<strong>da</strong> com D. Joáo de Sousa enquanto<br />

arcebispo de Braga: em obras que promove em diversos conventos femininos, no-<br />

mea<strong>da</strong>mente de Monção e Viana, fala dele como o arquitecto que fisicamente iria<br />

ao estaleiro, onde apuraria a obra a realizar, para posteriormente a transmitir ao<br />

arcebispo, que decidiria então <strong>da</strong> sua viabili<strong>da</strong>de. Parece adivinhar-se nesta rela-<br />

ção um compromisso estabeleci<strong>do</strong> entre Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva e D. João de<br />

Sousa. Ao cargo não deve ter si<strong>do</strong> estranha a intervenção de Pantaleáo <strong>da</strong> Rocha<br />

Magalhães. Antes de Braga orientara D. João de Sousa a diocese <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> onde<br />

privou com o mestre <strong>da</strong> capela, que era também arquitecto de mérito no meio p r-<br />

tuense. Quan<strong>do</strong> na Arquidiocese precisa de um parecer técnico, não encontra qual-<br />

quer embaraço em recorrer ao <strong>Porto</strong>, solicitan<strong>do</strong> o Padre Pantaleão de Magalhães,<br />

que forma equipa na qual estáo presentes pai e filho, evidencian<strong>do</strong> acima de tu<strong>do</strong>,<br />

mais que conhecimento entre as partes, um reconhecimento <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des<br />

técnicas de Pascoal Fernandes e Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva, capaci<strong>da</strong>de essa que<br />

D. João de Sousa aproveita elevan<strong>do</strong> Manuel Fernandes a seu mestre de obras. Na<br />

apresentação de projectos para construçáo <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Bom Jesus de Barcelos, não<br />

"' ROCHA, Manuel Joaquim Maretra <strong>da</strong> - Arquitecrura Civrl e Relrgtosn . p 78<br />

19?


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693.1751)<br />

tem qualquer dúvi<strong>da</strong> em o colocar ao la<strong>do</strong> de João Antunes, na ocasião um <strong>do</strong>s<br />

mais notáveis arquitectos <strong>do</strong> reino, concorren<strong>do</strong> com três plantas centra<strong>da</strong>s a par<br />

de duas de forma semelhante de João Antunes "'. Ao mestre de obras reconhecia-<br />

-lhe também o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> risco e <strong>da</strong> projecção.<br />

Este cargo encontra continui<strong>da</strong>de no pontifica<strong>do</strong> de D. Rodrigo de Moura Teles,<br />

demonstra<strong>do</strong> em momentos <strong>da</strong> acção construtiva <strong>do</strong> arcebispo com um preferencialismo<br />

para que as obras fossem arremata<strong>da</strong>s por Manuel Fe~nandes <strong>da</strong> Silva. A<br />

grande transformação arquitectónica <strong>da</strong> Sê, 6, grosso mo<strong>do</strong>, uma empresa onde o<br />

artista interveio durante quase duas déca<strong>da</strong>s, com projectos, se não to<strong>do</strong>s, seguramente<br />

alguns, <strong>da</strong> sua responsabili<strong>da</strong>de.<br />

Em obras protegi<strong>da</strong>s por Moura Teles em conventos femininos, assume claramente<br />

a função de mestre de obras. E mais. Em Maio de 1729 numa procuração exibe<br />

o cargo de umestre <strong>da</strong>s obras de pedraria desta ci<strong>da</strong>der, 6'5; náo é só mestre de pedraria,<br />

mas mais que isso, mestre <strong>da</strong>s obras de pedraria. Acreditámos que esta foi<br />

a função que desempenhou em vi<strong>da</strong> de D. Rodrigo de Moura Teles, embora a<br />

<strong>do</strong>cumentação não nos ajude. O tempo era, entretanto, de Sede Vacante e o governo<br />

<strong>do</strong> Cabi<strong>do</strong> viria a substituir os governa<strong>do</strong>res nomea<strong>do</strong>s por Moura Teles e aprova<strong>do</strong>s<br />

por Bula Papal para orientarem a arquidiocese depois <strong>da</strong> sua morte, num acto<br />

de continui<strong>da</strong>de programática. Deste Cabi<strong>do</strong> não conhecemos uma única solicitação<br />

ao mestre de obras. Parece vlslumbm-se no silêncio, que além de rejeitar as<br />

determinações <strong>do</strong> arcebispo defunto, negou o artista, que, para afirmação, ostenta<br />

prerrogativas profissionais desta craveira.<br />

Num meio em franca activi<strong>da</strong>de arquitectónica, encontrou Manuel Fernandes <strong>da</strong><br />

Silva um clima onde a sua mestria ecoou. A escassez de técnicos especializa<strong>do</strong>s<br />

em arquitectura, pelo menos sob O ponto de vista teórico, permitiu a evolução de<br />

alguns a altos cargos <strong>do</strong> métier, num clima em que a transmissão directa de conhe-<br />

cimentos era desenvolvi<strong>da</strong> experimentalmente. Desta forma muitos mestres pedrei-<br />

ros assumiram a função de tracistas em edifícios que eles próprios podiam diri-<br />

gir a construção, ao que conclui Joaquim Jaime E. Ferreira-Alves: «muitas constn-<br />

ções seiscentistas e setecentistas tiveram como autor <strong>do</strong> seu projecto um mestre<br />

pedreiro de arquitectura, denomina<strong>do</strong> por vezes de arquitecto* 636. Estes além de<br />

saberem traçar, <strong>do</strong>minavam pela experiência uma técnica que o arquitecto-risca-<br />

<strong>do</strong>r podia desconhecer 637.<br />

É evidente que na aprendizagem de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva muito contou a<br />

transmissão familiar, que deve ter si<strong>do</strong> enriqueci<strong>da</strong> com formação teórica. A tra-<br />

" SOUSA VITERBO - o c. v01 ni, pp 232-233 e 307. ALMEIDA, Carloc Alberto Ferreiro de - o c ,<br />

pp 64-65,<br />

"%D B. - Nota Geral. I' sCne, n 625, 87. 194-194"<br />

'w FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime 6. - Posconl Fernades. , p 395<br />

"' idem - ibidenl, p. 403


CAP~TULO IV - MANUEL FERNANDES DA SILVA O ARTISTA<br />

tadística, como referimos, pode ter si<strong>do</strong> um veículo, como o Padre Pantaleão <strong>da</strong><br />

Rocha Magalhães pode ter si<strong>do</strong> outro.<br />

Com uma bagagem sóli<strong>da</strong> e com proteccionismo de vária ordem, chegou ao to-<br />

po de uma carreira ao serviço <strong>da</strong> igreja bracarense. Mais <strong>do</strong> que riscíi<strong>do</strong>r e téc-<br />

nico, oferecia Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva o melhor preço para arrematação <strong>da</strong> em-<br />

presa construtiva. Documentos há que atestam claramente este facto, como é exem-<br />

plo o contrato para a construção <strong>da</strong> capela de Santo António Esqueci<strong>do</strong>. O menor<br />

lanço público para a obra tinha si<strong>do</strong> de José Moreira, mas pelo mesmo preço o<br />

arquitecto faz a obra, incluin<strong>do</strong> o pagamento <strong>da</strong> planta: «suposto estava a obra no<br />

lanço de seiscentos e sesenta mil reis per Jozeph Moreira ouverão per bem <strong>da</strong>-Ia<br />

a elle dito Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva por este ter feito a planta e não se lhe ter<br />

paga, por elle dito mestre Manoel Fernandez debaixo <strong>do</strong> mesmo ptesso de seiscentos<br />

e sesenta mil reis se <strong>da</strong>r per satisfeito <strong>do</strong> presso <strong>da</strong> dita obra e planta» "R.<br />

Assim a concorrência era-lhe favorável porque concentrava várias funções: risca-<br />

<strong>do</strong>r e mestre de obras, com a melhor oferta no merca<strong>do</strong>.<br />

2. Arte e Expressão<br />

Apura<strong>da</strong> a obra tanto quanto a <strong>do</strong>cumentação o permitiu e visita<strong>do</strong>s os espaços,<br />

ganhou forma uma expressáo tradutora <strong>da</strong> linguagem <strong>do</strong> arquitecto, na qual a sua<br />

arte se apresenta como resulta<strong>do</strong> de diálogos múltiplos entre espaço e outras artes<br />

associa<strong>da</strong>s que o timbram. A talha e o azulejo, a pintura e a escultura são integra-<br />

<strong>da</strong>s nessas concepções como tónica ambienta1 <strong>do</strong>minante. Partin<strong>do</strong>, pois, desta<br />

constante analisemos os edifícios nas plantas, nos muros e suas decorações. na<br />

distribuição de volumes, e na relação <strong>do</strong> edifício com o exterior onde as facha-<br />

<strong>da</strong>s potenciam esse encontro.<br />

O rigor matemático foi avalia<strong>do</strong> em algumas obras em que o lewantamento <strong>da</strong><br />

planta concretizou esta leitura, pautan<strong>do</strong>-se por um esquema de proporções sim-<br />

ples e rígi<strong>do</strong>, nas relaqões de i:], de 2:l ou seus múltiplos, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> preferencialismo<br />

a figuras geométricas expressas nessas métricas, funcionan<strong>do</strong> o rectângulo regular<br />

(comprimento igual ao <strong>do</strong>bro <strong>da</strong> largura) e o quadra<strong>do</strong> como base <strong>do</strong> seu pensa-<br />

mento arquitectónico. A figura traça<strong>da</strong> pelo compasso também lhe serviu na pu-<br />

reza linear <strong>da</strong> curva que define.<br />

Na capela de Santo António Esqueci<strong>do</strong> ensaiou essa métrica de comprimento igual<br />

à largura, que terá continui<strong>da</strong>de poucos anos depois na capela <strong>do</strong> Bom Jesus de<br />

Pão cuja planta, definin<strong>do</strong> embora um interior axializa<strong>do</strong>, foi consegui<strong>da</strong> a partir<br />

de <strong>do</strong>is quadra<strong>do</strong>s. Nesta quadratura encontram-se as oito capelas <strong>do</strong> Bom Jesus<br />

A D B - Nota Gernl, I' séne, n 516, tis. IR4-I86<br />

195


MANUEL FERNANOES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693.1751)<br />

de Braga e a capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe, talvez a solução mais au<strong>da</strong>-<br />

ciosa de to<strong>da</strong> a sua obra no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> arquitectura religiosa. Nesta última, a mul-<br />

tiplicação de quadra<strong>do</strong>s e circunferências, inscritas ou escritas, permitiu-lhe uma<br />

planta mais dinâmica, de contorno em arcos perfeitos dispostos em planos alterna-<br />

<strong>do</strong>s, encontran<strong>do</strong>-se nesta proposta uma cena animação espacial dentro de uma lin-<br />

guagem ain<strong>da</strong> conserva<strong>do</strong>ra.<br />

Foi um arquitecto a quem os espaços centraliza<strong>do</strong>s eram familiares. Em formas sim-<br />

ples, de contamos giza<strong>do</strong>s pela rigidez <strong>da</strong> linhas rectas e curvas sem sobressaltos,<br />

apresentou vários esquemas na sua longa carreira. A proposta primeira parece ter<br />

si<strong>do</strong> para satisfazer a encomen<strong>da</strong> de D. João de Sousa, sain<strong>do</strong>-lhe <strong>do</strong> punho três<br />

plantas deste calibre. A última foi, assim o cremos, a igreja que coroou o San-<br />

tuário <strong>do</strong> Bom Jesus.<br />

Ain<strong>da</strong> em plantas de edifícios religiosos estão as claramente longitudinais, ates-<br />

tan<strong>do</strong> as igrejas <strong>do</strong>s Conventos de Nossa Senhora de Penha de França e de Nossa<br />

Senhora <strong>da</strong> Conceição a sua utilização pelo arquitecto, se outras não houvesse, com-<br />

postas pela anexação de rectângulos para definição de capela-mar, nave e coros.<br />

Espaços com transepto concebeu <strong>do</strong>is, sen<strong>do</strong> de resto evidentes as afini<strong>da</strong>des entre<br />

ambos, nomea<strong>da</strong>mente na pouca profundi<strong>da</strong>de, e nota<strong>do</strong>s <strong>do</strong> exterior apenas num<br />

pequeno avanço <strong>do</strong>s alça<strong>do</strong>s laterais. Em Fio e Póvoa de Varzim as divergências<br />

notam-se sobretu<strong>do</strong> na maior profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> capela-mar e nave <strong>do</strong> derradeiro<br />

edifício. Num como no outro, as sacristias, aos pares, ladeiam a capela-mar confe-<br />

rin<strong>do</strong> um equil&rio simitrico na distnbuição <strong>do</strong>s constituintes espaciais. A forma-<br />

ção de um eixo de construção surge também em alguns espaços civis, concreta-<br />

mente no Palácio <strong>do</strong>s Biscaínhos, unin<strong>do</strong> essa linha portal-átrio-corre<strong>do</strong>r-jardim,<br />

sen<strong>do</strong> inclusivamente prolonga<strong>da</strong> neste último.<br />

Os muros são robustos e com grossuras acentua<strong>da</strong>s justifica<strong>da</strong>s como neutraliza-<br />

ção <strong>da</strong>s forças provenientes <strong>do</strong>s sistemas de cobertura em abóba<strong>da</strong>s de berço, cons-<br />

truf<strong>da</strong>s em pedra ou tijolo. A abóba<strong>da</strong> quadnparti<strong>da</strong> ogival foi também empregue<br />

no transepto <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fãu. É to<strong>da</strong>via a primeira alternativa aque-<br />

la que se oferece como regra na cobertura <strong>do</strong>s espagos sacros propostos por Ma-<br />

nuel Femandes <strong>da</strong> Silva. Mesmo nas capelas <strong>da</strong> cabeceira <strong>da</strong> Sé as utilizou de mo-<br />

<strong>do</strong> sistemático, onde os caixotões, de pobre carga decosativa, lhes dividem a área<br />

e transmitem um ritmo austero.<br />

Nas paredes laterais abrem-se largos vãos para janelas numa procura de aumento<br />

de luz nos interiores como para realçar os efeitos cromáticos <strong>do</strong>s constituintes <strong>do</strong><br />

espaço. Nessas paredes rasgaram-se arcos, permitin<strong>do</strong> um avanço <strong>da</strong> nave na forma-<br />

çáo de capelas que a arte retabular se incumbiria de completar, funcionan<strong>do</strong> como<br />

espaços privilegia<strong>do</strong>s para o culto individualiza<strong>do</strong> <strong>da</strong>a diferentes invocaçóes que<br />

animavam aquelas comuni<strong>da</strong>des. Outras vezes nos interiores desses muros surgiam<br />

corre<strong>do</strong>res e esca<strong>da</strong>s facultan<strong>do</strong> o acesso a púlpitos e coros, ou ain<strong>da</strong> à tribuna <strong>do</strong>


CAPfTULO IV - MANUEL PERNANDES DA SILVA O ARTISTA<br />

altar-mor. Nas igrejas conventuais de Penha de França e <strong>da</strong> Conceição no limite<br />

com o arco cmzeiro, além <strong>da</strong> presença de retábulos colaterais permite-se o aces-<br />

so a outras áreas <strong>do</strong> templo. No primeiro edifício o recorte exibi<strong>do</strong> é transmissor<br />

de algum movimento e elegância h parede; no outro uma simples funcionali<strong>da</strong>de<br />

pragmática.<br />

Externamente a <strong>do</strong>minante são as paredes, quais simples alça<strong>do</strong>s onde as pilastras<br />

gran'ticas utiliza<strong>da</strong>s como suporte estrutural defmem os contornos <strong>do</strong>s muros re-<br />

boca<strong>do</strong>s e vaza<strong>do</strong>s pelas janelas. A incidência decorativa faz-se sentir nas facha-<br />

<strong>da</strong>s. Se formalmente estas facha<strong>da</strong>s seguem um esquema de raíz maneirista, nota-<br />

-se to<strong>da</strong>via, quer uma decoração uapplzqué ou accroché, concebi<strong>da</strong> para disfarçar<br />

e mascarar a austeri<strong>da</strong>de <strong>da</strong> arquitectura> 619, quer, na distribuição <strong>do</strong>s seus compo-<br />

nentes uni<strong>do</strong>s por um eixo de verticali<strong>da</strong>de no qual se encontram portal-óculo-edí-<br />

cnla-remate, um clima e organização barrocos. Exemplo esclarece<strong>do</strong>r desta expres-<br />

são de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva é a facha<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Terceiros de Braga, onde o aden-<br />

samento de pilastras, pirãmides e volutas no remate transmitem maior efeito ceno-<br />

gráfico. Já na facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé, embora mais tardia, houve aparentemente um retro-<br />

cesso, sen<strong>do</strong> a sobrie<strong>da</strong>de nota de relevo. Apesar de tu<strong>do</strong>, aí não são esqueci<strong>da</strong>s<br />

simetria e verticali<strong>da</strong>de. O jogo de frontões clássicos, curvos e interrompi<strong>do</strong>s bal-<br />

buciam a animação <strong>do</strong> conjunto, funcionan<strong>do</strong> as cúpulas <strong>da</strong>s torres, defini<strong>da</strong>s somen-<br />

te nos elementos estruturais, com certa graciosi<strong>da</strong>de e leveza como que anulan<strong>do</strong><br />

a robustez <strong>da</strong> facha<strong>da</strong>. De resto não devemos esquecer ser a encomen<strong>da</strong> <strong>da</strong> obra<br />

de D. Rodrigo de Moura Teles que parece condiciona a liber<strong>da</strong>de criativa impon-<br />

<strong>do</strong> a sua marca.<br />

A facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja matriz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim transmite um grande percurso de<br />

Manuel Femandes <strong>da</strong> Silva. Num ritmo conferi<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> pelas pilastras, divisórias<br />

<strong>da</strong> frontaria em três secções, a par de uma lineari<strong>da</strong>de <strong>do</strong> entablamento, trabalhou<br />

criativamente exploran<strong>do</strong> as potenciali<strong>da</strong>des cenagráficas desse jogo de frontões tZo<br />

ao seu gosto, elevan<strong>do</strong> o conjunto ao clima mais barroco <strong>da</strong>s suas composições.<br />

Conseguiu-o na elegante brincadeira que lhe permitia a sua herança. As folhagens<br />

desaparecem, e to<strong>do</strong>s os elementos de função ornamental pura, aplica<strong>do</strong>s por exem-<br />

plo na facha<strong>da</strong> <strong>do</strong>s Terceiros, são arre<strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>da</strong> sua linguagem, apresentan<strong>do</strong>-se um<br />

projectista mais Iímpi<strong>do</strong>, sem insinuações e como tal mais maduro.<br />

Na leitura <strong>da</strong>s facha<strong>da</strong>s nota-se uma evolução clara na expressão: de uma lingua-<br />

gem presa a algum academismo, bem pronuncia<strong>da</strong> em Santo António Esqueci<strong>do</strong><br />

e menos em Fão, vai rompen<strong>do</strong> gradualmente esse enfen<strong>da</strong>mento, primeiro pela<br />

introdução de uma decoração grossa de folhagens, flores-de-lis e enrolamaitos, que<br />

pretendiam diluir esse peso, até ao esclarecimento <strong>do</strong> caminho pemorri<strong>do</strong> com a<br />

derradeira construção. Evolução sem sobressaltos nem rompimentos. Gradualmen-<br />

"l KUBLBR, George - A Arqurrectura PO~ugu~sfl Chã Enlre as Espec~oriar e os Diamantes 1521-<br />

-1706, Lisboa, Vega. 1988, p 164<br />

197


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

te, por aprendizagem continua foi foman<strong>do</strong> o seu saber sem esquecer nunca a he-<br />

rança que o leve<strong>do</strong>u.<br />

Propostas que tentam conciliar a renovação com o antigo, muitas vezes impostas<br />

pelo práprio cliente, são férteis nas suas intervençóes. É o portal <strong>da</strong> capela <strong>da</strong>s bea-<br />

tas de Penha de França que é reutiliza<strong>do</strong> na nova igreja conventual; seja o portal<br />

<strong>da</strong> igreja de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição que conhece aplicação equivalente, com<br />

ligeiras a<strong>da</strong>ptações, transitan<strong>do</strong> para a nova igreja. Homem que articula antigo e<br />

moderno, observa<strong>do</strong>r atento 2 leitura <strong>do</strong> edificio a transformar numa determinante<br />

<strong>do</strong> encomen<strong>da</strong>nte que exige actualização sem rompimentos, e não descuran<strong>do</strong> a<br />

rentahilização <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong> edifício antigo nos novos espaços a construir,<br />

conseguia uma obra menos dispendiosa.<br />

Se as referências 3.s ordens clássicas aparecem diluí<strong>da</strong>s na sua obra sem o ngor<br />

<strong>da</strong>s propostas teóricas, nota-se apesar de tu<strong>do</strong> um preferencialismo por elementos<br />

estruturais toscanos e dóricos, sen<strong>do</strong> ambos, como é sabi<strong>do</strong>, os mais simples <strong>do</strong><br />

sistema. Já o academismo se aproxima quan<strong>do</strong> trabalha projectos de João Antu-<br />

nes e de Manuel Pinto de Vilalobos, sen<strong>do</strong> possível estabelecer uma gra<strong>da</strong>ção entre<br />

estes <strong>do</strong>is, caben<strong>do</strong> maior ngor ao primeiro. Quan<strong>do</strong> enceta a reconstrução <strong>da</strong> ca-<br />

pela de S. Geral<strong>do</strong> exige-se-lhe que formalmente se reveja no interior, a Ordem<br />

Dórica, e no exterior a Toscana.<br />

Simplici<strong>da</strong>de e austeri<strong>da</strong>de é a grande mensagem <strong>da</strong> arquitectura bracarense no ci-<br />

clo em que está activo. De resto esta orientação vinha de longe no tempo e no<br />

espaço. De Trento D. Frei Bartolomeu <strong>do</strong>s Mártires escreve <strong>da</strong>n<strong>do</strong> orientação para<br />

a construção <strong>do</strong> convento de S. Domingos em Yiana: NE por isso lhe peço por amor<br />

<strong>do</strong> Senhor, que faça mim edificio muy modera<strong>do</strong> (...). Se vossa Reverencia vir que<br />

frey João com seu animo grandioso quer exceder a mediocri<strong>da</strong>de, que vossa Re-<br />

verencia julgar que bastaria, e eu preten<strong>do</strong> e desejo, ponhase forte contra elle e<br />

em quanto eu não vou apelle para mim, porque depois que eu lá for, bem nos<br />

entenderemos ambos» fflO.<br />

O mesmo percurso se depara quan<strong>do</strong> somos leva<strong>do</strong>s ao seio <strong>do</strong>s palácios e casas<br />

de residência que construiu. Na primeira intervenção, ain<strong>da</strong> no século de seiscentos,<br />

usa uma linguagem estrutural simples numa facha<strong>da</strong> que se desenvolve entre<br />

duas pilastras e <strong>do</strong>is pisos. A horizontali<strong>da</strong>de é nota sem qualquer alusão à definição<br />

de um eixo de simeh-ia e verticali<strong>da</strong>de. Duas janelas de avental entre duas portas<br />

nas extremi<strong>da</strong>des e com ritmo repetitivo no piso nobre, conferi<strong>do</strong> por quatro<br />

janelas de saca<strong>da</strong>. O linearismo <strong>da</strong> constm~ão é contraria<strong>do</strong> por frontões abertos<br />

com enrolamento e pela intmdução de apontamentos decorativos no friso, des-<br />

Cita<strong>do</strong> por CARVALHO, Ayres de - D. J& V e a Ane <strong>do</strong> seu Tempo, vol. 2, Lisboa, Ed. Au-<br />

tor. 1952, p 62


CAPfTULO IV - MANUEL FERNANDES DA SILVA; 0 ARTISTA<br />

prenden<strong>do</strong>-se <strong>da</strong> cornija e libertan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s frontões. Parece, to<strong>da</strong>via, que a lingua-<br />

gem decorativa foi desenvolvi<strong>da</strong> no projecto com maior ousadia, que de resto o<br />

encomen<strong>da</strong>nte limitara, impon<strong>do</strong> a sua regra no jogo.<br />

A formação <strong>do</strong> eixo nas facha<strong>da</strong>s civis começa a desenvolver-se no Palácio <strong>do</strong>s<br />

Meira Camilho no Campo de Santiago, sen<strong>do</strong> dividi<strong>da</strong> por duplas pilastras em três<br />

secções de igual volumetna, destacan<strong>do</strong>-se no corpo central a concentração de po-<br />

rtas no piso térreo que aju<strong>da</strong> essa procura. A natureza vegetalista ornamental é<br />

substituí<strong>da</strong> pelo vazamento <strong>do</strong>s lintéis de to<strong>do</strong>s os vãos por três aduelas de agradá-<br />

vel efeito.<br />

Essa linguagem aparece assumi<strong>da</strong> na déca<strong>da</strong> de vinte <strong>do</strong> século XViII quan<strong>do</strong> pro-<br />

jecta o Palácio <strong>do</strong> Cónego Felgueiras Lima, local onde as armas <strong>do</strong> nobre, enci-<br />

man<strong>do</strong> o portal, demarcam simetria e verticali<strong>da</strong>de. Não obstante, mantem-se a di-<br />

visão triparti<strong>da</strong> por pilastras. Embora tenha si<strong>do</strong> forneci<strong>do</strong> a Manuel Femndes <strong>da</strong><br />

Silva o referencial <strong>da</strong> Casa <strong>da</strong> Ve<strong>do</strong>ria, obra de Vilalobos, naquela obra a ousadia<br />

barroca &já consuma<strong>da</strong>. Ao mesmo tempo aha-se como uma facha<strong>da</strong> de bela<br />

composição.<br />

Em to<strong>da</strong> a sua carreira evidencia apetências decorativistas, seja nas cartelas que<br />

utiliza em algumas facha<strong>da</strong>s envolvi<strong>da</strong>s em folhagem, seja nas armas ricamente<br />

trabalha<strong>da</strong>s <strong>do</strong>s financia<strong>do</strong>res <strong>da</strong> obra. As armas de Moura Teles, na Sé, ou de Fel-<br />

gueiras Lima, servem de exemplo ao segun<strong>do</strong> caso, como as inscrições <strong>do</strong>s Tercei-<br />

ros, ao primeiro; óculos e outras aberturas podem acusar igualmente essa tendên-<br />

cia. De resto, muitas <strong>da</strong>s suas obras sáo pintalga<strong>da</strong>s por decoração granítica, tan-<br />

to naturalista-vegetalista como geometrizante, principalmente nas bases de pilares<br />

e pilastras e preenchimento de frisos.<br />

As peças onde esse carácter mals se faz sentir é nos lavatórios <strong>da</strong>s sacristias, refe-<br />

ri<strong>do</strong>s na <strong>do</strong>cumentação como esguichos, e construí<strong>do</strong>s invariavelmente em granito.<br />

Neles, além <strong>do</strong> pé e <strong>da</strong> taça, um espal<strong>da</strong>r de linguagem decorativa encontra espaço<br />

para afirmação. As folhagens, os acantos, o sol, anjos ala<strong>do</strong>s e conchas são peças<br />

desse vocabulário. Este tratamento requinta<strong>do</strong> <strong>da</strong> pedra exprime-se ain<strong>da</strong> melhor<br />

nos chafarizes de sua autoria, de que são exemplo o <strong>do</strong> Largo <strong>do</strong> Terreiro, peça<br />

de subi<strong>do</strong> recorte, e o <strong>do</strong> Anho, no Passadiço de Tibães. Aqui a linguagem quase<br />

exclusivamente vegetalista, excepto o Anho que empresta nome à fonte, é mais li-<br />

vre e varia<strong>da</strong> e ao mesmo tempo mais grossa. Perde O carácter alto-relevista para<br />

ca<strong>da</strong> folha ganhar autonomia. Ain<strong>da</strong> neste local, o nicho para a imagem de S. JoXo<br />

Baptista denota claramente a introdução de novos elementos gramaticais, de que<br />

a grinal<strong>da</strong> de flores é exemplo; nas duas conchas -uma na parte superior <strong>do</strong> nicho,<br />

e outra no remate - estão duas linguagens em confronto: o passa<strong>do</strong>, na concha<br />

visivelmente maneinsta, e o presente na concha que se liberta <strong>da</strong> rigidez plana<br />

ganhan<strong>do</strong> volume e recorte.<br />

Esta postura como decora<strong>do</strong>r introduziu-o também na arte de emhelezamento de<br />

espaço, onde o jardim defini<strong>do</strong> pelo Passadiço <strong>do</strong> mesmo Mosteiro, possivelmen-


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

te de sua autoria, e os bancos com alegretes <strong>do</strong> próprio Passadiço demonstram essa<br />

craveira. O jardim, inscrito num quadra<strong>do</strong>, parte de um centro octogonal, onde este-<br />

ve um chafartz de taças, e termina em igual contorno. Oito canteiros recorta<strong>do</strong>s<br />

alternam com amiamentos.<br />

Neste itinerário os caminhos a tomar podem ser varia<strong>do</strong>s na direcção <strong>da</strong>s obras<br />

onde emerge claramente esse efeito cenográfico/paisagista: Escadóno de Tibães?<br />

Escadório <strong>do</strong> Bom Jesus? Estu<strong>do</strong>s ambos de sua autoria? Acreditamo-lo.<br />

Bem ce<strong>do</strong> na sua carreira, ain<strong>da</strong> em 1707, projecta o pequeno Escadório de San-<br />

to António, de organização espacial barroca, em lanços divergentes e convergen-<br />

tes, o que lhe actualiza a expressão e a procura de efeitos cenográficos, não só<br />

no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> decoração, como <strong>do</strong>s enquadramentos e <strong>do</strong>s espaços.<br />

Se na sua obra se apreende uma tendencia evolucionista constante, já na arquitectura<br />

religiosa como na civil, é sobretu<strong>do</strong> nas obras que se afastam <strong>da</strong> encomen<strong>da</strong><br />

arcebispal que Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva se revela mais au<strong>da</strong>cios~.<br />

Ao serviço <strong>do</strong>s arcebispos procura <strong>da</strong>r resposta a uma encomen<strong>da</strong> que esperava<br />

<strong>da</strong> arquitectura um espaço onde outras artes mais claramente moralizantes e pe<strong>da</strong>gógicas<br />

se pudessem implantar. Estes efeitos foram propostos a partir de Lisboa,<br />

onde uma arquitectura sóbria utiliza<strong>do</strong>ra <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s artes decorativas<br />

como complementares <strong>do</strong> espaço se impóe depois de 1650. Os mármores polícromos<br />

e embrecha<strong>do</strong>s


ismo arquitectónico de Moura Teles, crian<strong>do</strong> em Braga, nas obras de si dependen-<br />

tes, um ambiente sóbrio e austero, e na expressão de Germain Bazin, não sem algum<br />

exagero, de purismo clássico «comparable à une nouvelle Renaissance* ".<br />

A leitura <strong>da</strong> obra arquitectónica só se toma completa quan<strong>do</strong> se integram to<strong>do</strong>s<br />

os elementos que provocam alterações espaciais. Foi a linguagem de Manuel Fer-<br />

nandes <strong>da</strong> Silva ao serviço <strong>da</strong>s primeiras figuras <strong>da</strong> Corte de Braga. S6 que, enquan-<br />

to Moura Teks lhe exigia uma linguagem mais fria, na restante clientela as pro-<br />

postas apresentaram um pouco mais de inovação, sem to<strong>da</strong>via saírem desse es-<br />

quema. Mesmo a arquitectura civil, nomea<strong>da</strong>mente os Palácios <strong>do</strong>s Biscaínhos, <strong>do</strong><br />

Cónego Felgueiras Lima e o <strong>do</strong> Arcebispo (acreditamos que a remodelação foi <strong>da</strong><br />

responsabili<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva), usam essa diálogo entre artes.<br />

Quan<strong>do</strong> se afasta <strong>da</strong> esfera <strong>da</strong> Corte, ou pela encomen<strong>da</strong>, ou pela distância, afir-<br />

ma-se um artista que procura trilhar novos rumos.<br />

Este carácter <strong>da</strong> arte portuguesa bem pronuncia<strong>do</strong> na Lisboa seiscentista não vin-<br />

gou aí, fosse pelos cataclismos naturais ", fosse porque com D. João V se as-<br />

siste a um rompimento <strong>da</strong>s tradiçóes, voltan<strong>do</strong>-se delibera<strong>da</strong>mente para as novas<br />

estéticas <strong>da</strong> Europa culta, cativan<strong>do</strong> artistas estrangeiros que acabariam por subs-<br />

tituir os nacionais *'.<br />

O vocabulário desse sistema ornamental eavait été formé à l'époque maniériste qu'on<br />

pourrait appeler 'pré-baroque' par un concours d'ornemanistes de tout pays (...);<br />

leurs inventions nous sont connues par des recueils gravés, qui diffusérent ce style<br />

<strong>da</strong>ns tout l'EuropwM. Sen<strong>do</strong> embora ultrapassa<strong>do</strong> em Lisboa, mantem-se activo<br />

na região Norte, especialmente em Braga, onde as resistências ao estrangeiro mais<br />

se fazem sentir. Viria a ser apenas na déca<strong>da</strong> de trinta que a estética é posta em<br />

causa na obra de reconstrução <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> de Santa Cruz. Primeiro Manuel Fernan-<br />

des <strong>da</strong> Silva e depois Vilalobos são substituí<strong>do</strong>s por um artista italiano, Carlos<br />

Leone, pintor e não arquitecto, sen<strong>do</strong> solicita<strong>do</strong> em Braga para desempenhar a se-<br />

gun<strong>da</strong> função. Trajecto - de pintor a arquitecto - partilha<strong>do</strong> por Nicolau Naso-<br />

ni na ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong>.<br />

Parece evidente o preferencialismo que o Norte consagrou às artes decorati-<br />

vas, esperan<strong>do</strong> <strong>da</strong> uquitectura essa mesma função, elevan<strong>do</strong> até i categoria de<br />

risca<strong>do</strong>res homens de formações &pares. sobretu<strong>do</strong> porque bons desenha<strong>do</strong>res,<br />

como exigia a pintura, com vocabulário ornamental mais actualiza<strong>do</strong>, e porque<br />

estrangeiros.<br />


MANUEL FERNANDES DA SILVA: MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

A linguagem de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva manter-se-ia activa no Norte mais<br />

tempo, num ritmo de actualizaqão lento, para nos brin<strong>da</strong>r por fim com a igreja <strong>da</strong><br />

Póvoa de Vanim: criativi<strong>da</strong>de no jogo de elementos clássiços, e na pureza <strong>do</strong><br />

linearismo.<br />

Entretanto, homens como João Costa, Diogo Soares e muito mais André Soares<br />

apresentarão, na região de Braga, essas linguagens decorativas mais modernas, con-<br />

tinuan<strong>do</strong> uma predilecção ancestral pelas capaci<strong>da</strong>des ornamentais <strong>da</strong> pedra.<br />

Os espaços em Braga evidenciaram pois uma resistência à assimilação <strong>da</strong>s novas<br />

estéticas <strong>da</strong> Corte política. Uma arquitectura que se desenvolve um pouco à mar-<br />

gem <strong>do</strong>s grandes centros. A propósito, o registo de Germain Bazin: ~Cepan<strong>da</strong>nt<br />

que Lisbonne et <strong>Porto</strong>, viiles internationales, largement ouvertes sur le monde, as-<br />

similent rapidement I'italianisme, c'est <strong>da</strong>ns les provinces de l'intérieur que nous<br />

devons chercher les expressions portugaises les plns autochtones. Deux écoles se<br />

détachent nettement et s'opposent comme deux pôles de noms contraires: celle de<br />

I'Alemtejo e celle du Minho-Douro» 6"'.<br />

" <strong>Idem</strong> - ibidem, p. 8.


Conclusão<br />

O tempo marca<strong>do</strong> na ampulheta esgotou. Eis-nos chega<strong>do</strong>s ao fim, num término<br />

que é antes de tu<strong>do</strong> ponto de parti<strong>da</strong>. Na relativi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Saber e na certeza que<br />

a História total só se escreve uma vez, resta-nos a aproximação a esse passa<strong>do</strong> com<br />

as ferramentas que a pesquisa nos proporciona. A leitura <strong>do</strong> distante no tempo é<br />

sempre uma construçáo direcciona<strong>da</strong> pela mira <strong>do</strong> investiga<strong>do</strong>r. A imparciali<strong>da</strong>de,<br />

o seu horizonte. A escassez de <strong>da</strong><strong>do</strong>s e os silêncios religiosamente guar<strong>da</strong><strong>do</strong>s e<br />

fecha<strong>do</strong>s pelo selo <strong>do</strong> tempo, tentaram à explicação. Esta terá sempre, inequivoca-<br />

mente sempre, um carácter provisório, na certeza e na esperança de que o ama-<br />

nhã seja porta<strong>do</strong>r de novos <strong>do</strong>cumentos que possibilitem o encontro com o ontem<br />

de forma mais completa e abrangente.<br />

Para o hoje, fica um homem, um mestre de obras e arquitecto, e algumas <strong>da</strong>s suas<br />

manifestações e atitudes como produtor de arte. A Igreja de Braga recebeu-o,<br />

acarinhou-o e protegeu-o, exigin<strong>do</strong>-lhe a materialização em pedra de imagens que<br />

falaram a <strong>do</strong>is tempos <strong>do</strong> encomen<strong>da</strong>nte e <strong>do</strong> artista, e <strong>da</strong> forma como os homens<br />

iam viven<strong>do</strong> um quotidiano encena<strong>do</strong> pelo divino, num clima de maior interven-<br />

cionismo que ora seesperava <strong>da</strong> Igreja em perío<strong>do</strong>s de clivagens e rupturas. Homens<br />

condicionantes e condiciona<strong>do</strong>s.<br />

Ficou o encontro com Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva que fez <strong>da</strong> pedra a sua princi-<br />

pal expressão. Pretendeu-se conhecer as linhas mestras <strong>do</strong> ambiente social onde<br />

implantou a sua obra, encontrá-lo como homem e como artista. Num itinerário<br />

<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> por interrogações, ficou a certeza de um artista. Artista de aprendizagem<br />

dividi<strong>da</strong> entre a experiência e a teoria, esta mais adivinha<strong>da</strong> que ausculta<strong>da</strong>.<br />

Se criação é o timbre artístico, sentimo-lo, sem dúvi<strong>da</strong>, em Manuel Fernandes<br />

<strong>da</strong> Silva. Cria<strong>do</strong>r de uma obra <strong>da</strong> qual, estamos convictos, apenas alcançamos<br />

o prólogo - pois o seu espaço de manobra foi seguramente mais alarga<strong>do</strong>. Ao<br />

futuro.


Apêndices


Apêndice Documental<br />

~oc. n. 1 - Igreja de Santa Cruz . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

Doc. n. 2 - Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> casa de Manuel <strong>da</strong> Costa Pessoa . . . . .<br />

DOE. n. 3 - Remodelaçáo <strong>da</strong> residência <strong>do</strong> Cónego Francisco de Meira<br />

Camlho, na Rua <strong>do</strong> Anjo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

Doc. n. 4 - Igreja <strong>da</strong> Congregaçáo <strong>do</strong> Oratória de Braga<br />

Doc. n. 5 - Palacio <strong>do</strong> Cónego Francisco de Meira Carrilho e de seu irmão<br />

Afonso de Meira Carrilho, abade de Fonte Boa, no Campo de<br />

Santiago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . .<br />

Doe. n. 6 - Vistoria de uma <strong>da</strong>s torres <strong>da</strong> Sé de Braga . . . .<br />

Doe. n. 7 - Claustro <strong>do</strong> Colégio de Nossa Senhora <strong>da</strong> Graça <strong>do</strong> Pópulo<br />

Doe. n. 8 - Capela e escadório de Santo António Esqueci<strong>do</strong> . . . . . . . .<br />

Doe. n. 9 - Corre<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Hospital de S. João Marcos . . . . . . . . . . . .<br />

Doc, n. 10 - Capela de S. Geral<strong>do</strong> <strong>da</strong> Sé de Braga<br />

Doc. n. 11 - Capela de S. Martinha de Dume e casa junto <strong>da</strong> sacristia, <strong>da</strong><br />

Sé ....................................<br />

Doe. n. 12 - Capela <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Sé . . . . .<br />

Doc. n. 13 - Acesso para a sacristia <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Santissimo Sacramento <strong>da</strong><br />

Sé ....................................<br />

Doc. n. 14 - Esmolas para a construção <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fáo<br />

Doc n. 15 - Palácio <strong>do</strong> Deáo Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva (Biscaínhos) . . .<br />

Doc. n. 16 - Obras diversas no transepto <strong>da</strong> Sé, la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho . . . .<br />

Doe. n. 17 - Torre lanterna <strong>do</strong> cruzeiro <strong>da</strong> Sé . . . . . . . . . . . . . . . . .<br />

Doe. n. 18 - Capela de S. Sebastião <strong>da</strong>s Carvdheiras . . . . . . . . . . . . .


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Doe . n . 19 . Frestas <strong>da</strong> nave central <strong>da</strong> Sé ...................<br />

Doe . n . 20 . Remate <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja de S . Vicente ...........<br />

Doe . n . 21 . Aljuhe de Braga ............................<br />

Doe . n . 22 . Capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>iupe .............<br />

Doe . n. 23 . Capela-mor e sacristia <strong>da</strong> igreja de Rio Mau e sacristia <strong>da</strong> igre-<br />

ja de Travassós ............................<br />

Doe. n . 24 . Capela de Nossa Senho~a de Gua<strong>da</strong>iupe .............<br />

Doe. n . 25 . Igreja <strong>do</strong> Convenm de Nossa Senhora de Penha de França . .<br />

. . .<br />

Doe n 26 Hospital de S João Marcos<br />

. .....................<br />

Doe . n. 27 . Facha<strong>da</strong> e torres <strong>da</strong> Sé .......................<br />

Doe . n . 28 . Pal$cio <strong>do</strong> Cónego António Felgueira Lima, em Viana <strong>do</strong><br />

Castelo .................................<br />

Doe . n . 29 . Quitação <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> e torres <strong>da</strong> Sé<br />

................<br />

.....<br />

Doe . n . 30 . Igreja <strong>do</strong> Convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceiçáo<br />

Doe . n . 31 . Coro e antecoro <strong>do</strong> Convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Concei~ão<br />

Doe . n . 32 . Igreja de Santa Cruz<br />

.........................


Doc. n. 1<br />

1693. Setembro, 3<br />

Igreja de Santa Cruz<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 463, fls. 86-87v<br />

«Contrato de obra de pedraria <strong>da</strong> caza de Santa Cms com Manoel Fernandez <strong>da</strong> Sil-<br />

va mestre de pedrnria.<br />

Em nome de Deos amen. Saibão quantos este publico instromento de contrato de obra de pedrzria<br />

e obrigação virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor Jezus Cbnsto de mil e seiscentos<br />

e noventa e tres annos aos Ires dias <strong>do</strong> mes de Setembro <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga<br />

na caza de Santa Crus della ahi estan<strong>do</strong> juntos em Meu o Reveren<strong>do</strong> Domrngos Jeronimo Ferreira,<br />

Dezembarga<strong>do</strong>r na Rela$ão desta Corte Jurs <strong>do</strong>s Residuos nella Juis <strong>da</strong> dita caza e mais<br />

irmãos <strong>da</strong> Meza della abaixo asina<strong>do</strong>s que forão juntos para o caza ao diante declara<strong>do</strong> e <strong>da</strong> outra<br />

Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, solteiro mestre de pedrana natural <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>do</strong> <strong>Porto</strong> asistente nesta<br />

dita ci<strong>da</strong>de pesoas per min tabeliam geral reconheci<strong>da</strong>s por elles ditos Reveren<strong>do</strong>s Juis e maes<br />

imáos logo foi dito que eiies tmhão acenta<strong>do</strong> de mu<strong>da</strong>r os ternos asim o que esta acaba<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

sinos <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong> An~o como o outro <strong>do</strong> la<strong>do</strong> que esta pera acabar e se findem e faça<br />

de novo no mesmo esta<strong>do</strong> que esta a <strong>do</strong>s smos aos la<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s portas principais <strong>da</strong> dita igrela facean<strong>do</strong><br />

com a fronteira della, com boas serventias e esca<strong>da</strong>s e asim mais levantarem os paredões de<br />

deiras <strong>da</strong>s capellas de hum e outro la<strong>do</strong> em tu<strong>do</strong> o comprimento <strong>da</strong> igreja asim <strong>do</strong> corpo della<br />

como <strong>da</strong> capella mor para que se possa telhar <strong>do</strong>s ditos la<strong>do</strong>s <strong>da</strong> igreja por sima <strong>da</strong>s ditas capel-<br />

Ias sobre as ditas paredes para despediçáo <strong>da</strong>s agoas que arumavnm as ditas capellas e per este<br />

mo<strong>do</strong> fiquem <strong>da</strong>rdin<strong>do</strong> [sicl as ditas agoas de hum e outro la<strong>do</strong> para fora <strong>da</strong>s ditas capellas. E<br />

para as ditas paredes que se hão-de levantar fara frestas em correspondencia <strong>da</strong>s <strong>da</strong> igreja para<br />

<strong>da</strong>rem lus a dita igreja e <strong>da</strong>s dita igreja e capella mor fazer trebunas com suas soleiras asenta<strong>da</strong>s<br />

sobre cachorros de pedra na forma <strong>do</strong>s apontamentos que para ssse effeito se fizerão e para<br />

effeito de se man<strong>da</strong>r fazer to<strong>da</strong> esta obra mnn<strong>da</strong>ra junta a Irman<strong>da</strong>de per som de campa tangi<strong>da</strong><br />

e lhe mostrarão os apontamentos para que votasem se hera convinienfe ou nao em prezença de<br />

mestres <strong>da</strong> arte de pednria que to<strong>do</strong>s votariio asim os mestres como os ümãos ser obra convimente<br />

asim para livrar as capellas <strong>da</strong>s ditas agoas como pera grandeza e autori<strong>da</strong>de <strong>da</strong> dita igre<br />

ja e ornato della de que se fizera termo per elles asina<strong>do</strong>s no LIMO <strong>do</strong>s Acordãos <strong>da</strong> dita Gaza<br />

a folha wto e corenfa e outo asim fizeriio petição aos senhores <strong>do</strong> governo lhe desem autori<strong>da</strong>de<br />

a dita obra visto mostrarem pellos mestres e Innãos ser conveniente cu]o mla<strong>do</strong> della he o<br />

seguinte. Illustrissimo Senhor dis a Juis e mais Irmãos <strong>da</strong> Meza <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de de Santa Crus desta<br />

cf<strong>da</strong>de que as capellas <strong>da</strong> igre~a per cauza de estarem de fora <strong>do</strong> tecto della ficam sogeitas a<br />

agua e com as umi<strong>da</strong>des se estroem os ornamentos <strong>do</strong>s altares e por nenhuma via se podem livrar<br />

<strong>da</strong>s agoas senáo com levantarem as paredes <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s capellas para que as agoas <strong>da</strong> igreja<br />

se encaminhem a Rua e com iso ficam <strong>da</strong>n<strong>do</strong> a igrela mais luzes <strong>do</strong> que tem e a igrela fica com<br />

milhor ornato e perieiçno pprquanto as frestas que prezente tem hão-de seruu de trebunas para<br />

por ellas se comunicar maior luz a Igreja E para <strong>da</strong>rem esta obra a officiais que se obriguem a<br />

faze-Ia com prefeição deui<strong>da</strong> e obngar os bens Caza a lhe fazerem pagamentos <strong>do</strong> preso per que<br />

arrematarem necesit-i de licença e authon<strong>da</strong>de de Vossa Illustrissima portanto pede a Vossa<br />

Illuslrissma lhe de a dita licença e mande se lhe pase provrzão per quanto tem a Irman<strong>da</strong>de o<br />

necessano paea a dita obra sem cauzar prejuizo nlgum aos lega<strong>do</strong>s a que he obriga<strong>da</strong> e receber<br />

a merce despacho, visto o que constou em Meza passe proviziio na forma que pedem. Braga em


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Governa vinte e sinco de Agosto de seiscentos e noventa e tres 11 Mauos I/ Marques B Dor. Ser-<br />

qunra //<br />

Provizão. Dom Jozeph de Menezes per merce de Deos e <strong>da</strong> Santa See Appostolica Arcebispo e<br />

Senhor de Braga Pnmaz <strong>da</strong>s Espnnhas e <strong>do</strong> Concelho de Sua Magestade que Dws guarde e seu<br />

Submilher de Comna e para aven<strong>do</strong> respeito ao que os supplicantes Juis e mais officiais <strong>da</strong> Ir-<br />

man<strong>da</strong>de de Santa CNZ desta cr<strong>da</strong>de nos reprezentarão em sua petição reuo Ihes fazemos @a-<br />

ça e merce de Ihes conceder licença para que possam man<strong>da</strong>r fazer a obra de que Vatm e ao<br />

pagamfato della obngar os bens e ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> dita Irman<strong>da</strong>de E per asim o averemos per bem lhe<br />

man<strong>da</strong>mos passar a prezente <strong>da</strong><strong>da</strong> em Braga debaixo d~ sello de nossas armas e sinais <strong>do</strong>s Reveren-<br />

<strong>do</strong>s governa<strong>do</strong>res deste nosso Arcebispa<strong>do</strong> aos vinte e seis de Agosto de seiscentos e noventa e<br />

tres annos Manoel de Gouvea e Figueire<strong>do</strong> escrivZa <strong>da</strong> Cunera Ecleziastica o sobescrevi I/ Ao<br />

sello dez 11 Ao escrivão /I a vista vinte /I Pedrozo // gratis /I lugar <strong>do</strong> sello /I Batista I/ Rega<strong>da</strong><br />

I/ Alvas /I Mmoel de Camlho de Mattos /I Antonio Gonplves de Serqueira<br />

Aquem deposto que ficou a elles ditos Reveren<strong>do</strong> luis e mais Irmáos per vertude <strong>da</strong> quoal e <strong>do</strong><br />

dito termo atras aponta<strong>do</strong> man<strong>da</strong>rão trazer a pregão as portas pnncipais <strong>da</strong> dita igrela e per es-<br />

cnptos per vanas partes publicas desta ci<strong>da</strong>de para que viesse a noticia de to<strong>do</strong>s os mestres <strong>da</strong><br />

dita arte de pedraria para por quem milhor e mais varata a fizese na forma <strong>do</strong>s ditos apontamentos<br />

se lhe <strong>da</strong>na e an<strong>da</strong>n<strong>do</strong> asim a pregão por espasso de tempo aven<strong>do</strong> lances de parte a parte não<br />

ouvera que menor lance dera na dita obra que elle dito Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva que lanqara<br />

per ultimo ortocentos e noventa mü reis per to& a obra prefeita acaba<strong>da</strong> na fonna <strong>do</strong>s aponta-<br />

mentos e que <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe o ramo fana no dito presso e per não aver quem menor lançasse se lhe<br />

man<strong>da</strong>r20 <strong>da</strong>r o ramo della o quoal aseitou para <strong>da</strong>r comprtmeutb a dita obra com to<strong>da</strong> a prefei-<br />

gam e primor <strong>da</strong> arte asim em segurança como em servenbas e mais prefeiçois della e que a <strong>da</strong>ria<br />

feita e acaba<strong>da</strong> per to<strong>do</strong> o mes de Abnl pnmeiro vin<strong>do</strong>uro <strong>do</strong> anno que bem de mil e seiscentos<br />

e noventa e coaho. Sera vista per mestres <strong>da</strong> dita arte que n emtendão se fica segura eom to<strong>do</strong><br />

o pnmor <strong>da</strong> arte e sen<strong>do</strong> cazo que as frestas não <strong>da</strong>m luz bastante para a dita igreja fara de maior<br />

medi<strong>da</strong> <strong>do</strong> oue declara os aoontamentos as fara elle dito matre na forma oue lhe ordenarem co-<br />

mo tambem f m mais obra que lhe ordenarem e a que lhe man<strong>da</strong>rem fazer fora <strong>do</strong>s apontamen-<br />

tos lhe pagara akm & dito preso e demenuin<strong>do</strong>-se alguma obra <strong>do</strong>s ditos apontamentos tambem<br />

se demenuira <strong>do</strong> dito preso conforme a obra que se demenuir e lhe fara os pagamentos as me-<br />

za<strong>da</strong>as a cem mil reis ca<strong>da</strong> mes e sen<strong>do</strong> cazo que as ditas frestas não dem lus bastante a dita igre-<br />

ja per EZ~O <strong>da</strong> dita parede se levantar <strong>do</strong>e la<strong>do</strong>s fiear a igreja escura se não fara a tal obra e se<br />

tornara a baixar as ditas paredes <strong>da</strong>s la<strong>do</strong>s na forma que esta e se lhe pagara o trabalho que niso<br />

trver tam somente feito e desfeito E os toinols sempra mu<strong>da</strong>ráo e fara tem<strong>do</strong> respeito a dita obra<br />

<strong>do</strong> pi'esso atras declara<strong>do</strong> e a tu<strong>do</strong> elle dito mestre comprir e fazer a dita ohra com to<strong>do</strong> o pnmor<br />

<strong>da</strong> arte e <strong>da</strong>-Ia prefeita e acaba<strong>da</strong> pelo tempo atras declara<strong>do</strong> obrigava como ohngou sua pesoa<br />

e to<strong>do</strong>s seus bens moveis e de rais avi<strong>do</strong>s e per aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expreçamente<br />

hipotecava sob pena de pngar a dita cara e Irmaos della to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nos que per ese res-<br />

peito receberem e a reforma-la a sua custa des <strong>do</strong> cazo que fique com algum defeito E per hi<strong>do</strong><br />

e ca<strong>da</strong> couza se obngava a responder perante u justiça desta dita ci<strong>da</strong>de perante quoaisquer que<br />

o deman<strong>da</strong>r quizerem renuncian<strong>do</strong> ta<strong>da</strong>s as de seu foro e quonisquer fenas, leis e ptevilegios de<br />

que se possa aju<strong>da</strong>r e para mais segurar a dita caza e Irmáos della estan<strong>do</strong> praente Pasçoal Fern-<br />

andes ootmssim mestre de pedraria pai delle dito mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, outrbsim<br />

mora<strong>do</strong>r nesta ci<strong>da</strong>de pesoa per min reconheci<strong>da</strong> per elle foi dito que consentia que elle dito m-<br />

tre seu filho tomase esta ohra e fiava e ficava per fia<strong>do</strong>r e principal paga<strong>do</strong>r delle dito mestre<br />

seu filho per to<strong>da</strong> a copia e qunntia desta obra e obrigação deUa parte e divi<strong>da</strong> della e a tomava<br />

e remuvia sobre si in sohdum como pnircipal deve<strong>do</strong>r e obriga<strong>do</strong> e per tal se constetuia e se sob-


MANUEL FERNANDES DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

<strong>do</strong> dito quintal que tem in<strong>da</strong> per lavrar para o perta1 <strong>do</strong> carro e to<strong>da</strong> a mais pedra que fernecessana<br />

para a dita obra elle dito mestre a pora a sua custa <strong>da</strong> mesma cai~<strong>da</strong>de que he a <strong>do</strong>s ditos<br />

portais de sorre que diga huma com a ouúa e isto elie dito mestre <strong>da</strong>ra ferto prefeito e acaba<strong>do</strong><br />

com to<strong>do</strong> o primor <strong>da</strong> arte athe o fim <strong>do</strong> mes de Setembro pmximo vin<strong>do</strong>um deste prezente<br />

anno e elle dito licencia<strong>do</strong> lhe <strong>da</strong>ra a elle dito mestre em prencipro <strong>da</strong> dita obra tnnta mil reis<br />

e ten<strong>do</strong>-a em altura de septe palmos lhe <strong>da</strong>rB olütros trinta mil reis e ten<strong>do</strong> elle mestre assenta<strong>do</strong>s<br />

e respal<strong>da</strong><strong>do</strong>s as padieiras <strong>do</strong>s portais e taboleiros lhe <strong>da</strong>ra elle dito licencia<strong>do</strong> outros sesenta mil<br />

reis e acabsdãs as jenellas lhe <strong>da</strong>ra ss outms sesenta mil reis que fazem soma de cento e oitenta<br />

mil reis preso <strong>da</strong> dita obra e com declaração que aven<strong>do</strong> quem embnrgue a dita obra elle dito<br />

mestre se pagam de seu travalho e ofiiciais pello dinheiro que tiver recebi<strong>do</strong> e o mars o tomara<br />

a elle dito licencia<strong>do</strong> sem demora nem dilaç%o alguma e emquanto ao dito embargo se ouver e<br />

dum per tempo de sete mezes ficam elle dito mestre desobriga<strong>do</strong> <strong>da</strong> dita obra e ten<strong>do</strong> o dito e m<br />

bargo fim dentro <strong>do</strong> dito tempo sera obnga<strong>do</strong> elle dito mestre a acnbar na forma sobredita e em<br />

tal cazo o dinheiro que tiver recebi<strong>do</strong> o levara em conta <strong>do</strong> primeiro canel e a tu<strong>do</strong> asim [cumlprir<br />

e satisfazer &se elle diro mestre que obrigava como obngou per sua pesoa e to<strong>do</strong>s seus bens mo-<br />

veis e de rais avi<strong>do</strong>s e per aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> exptesamente hipotecnvn com sub-<br />

pena que não comprin<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> asim ou não <strong>da</strong>n<strong>do</strong> a dita obra prefeita e acabaria no dito tempo<br />

nio aven<strong>do</strong> embargo delle dito mestre perder tnnta mil reis para elle dito licencia<strong>do</strong>. E livre des-<br />

ta obngação ao poder <strong>da</strong>ra quem lhe parecer e nXo lhe fazen<strong>do</strong> elle dito licencia<strong>do</strong> os pagamen-<br />

tos na forma sobredita não sera elle dito mestre ohnga<strong>da</strong> a dita obra nem a drta pena e hum e<br />

outrs asun o diseeo e outorgarüo e aseitarjo de parte a parte e man<strong>da</strong>rEto D prezente mstromenlo<br />

e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que compnr e eu tabeliam geral como pesoa publica estipulante<br />

e aseitante tu<strong>do</strong> estipulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesons a que toca e tocar pode estan<strong>do</strong> a<br />

tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhas Antonio Ferreira. <strong>da</strong> Rua de Mauuminos e Ignacio de Araujo.<br />

filho de min rabeliam geral que to<strong>do</strong>s nsinarão e eu Francisco de Araujo Banvz tabeliam geral<br />

o escrevi<br />

Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva 1 Manoel <strong>da</strong> Costa / Antonio Ferreira / Ignacio de Araujon<br />

Doc. n. 3<br />

1702, Maio, 31<br />

Remodelação <strong>da</strong> residência <strong>do</strong> Cónego Francisco de Meira Camlho, na Rua <strong>do</strong> Anjo<br />

A.D.B. - Nora Geral, 1" série, n. 498, fls. 8-9.<br />

acontrato de obra de pedrana <strong>do</strong>s Reveren<strong>do</strong>s Abbade Afonço de Mein Carrilho e<br />

Reveren<strong>do</strong> Conigo Francisco de Meira Carnlho com Manoel Fernandez <strong>da</strong> Srlva, mes-<br />

tre de pedraria.<br />

Em nome de Deos amen Saiba quantos este publico instmmento de contrato de obra de pedrana<br />

e obrigaçáo virem que no anno <strong>do</strong> nascimento de Nosso Senhor Jezus Chnspto de mil e setecentos<br />

e <strong>do</strong>us annos aos trinta e hum dias <strong>do</strong> mes de Maio <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braw no Terrem<br />

<strong>da</strong> Praça <strong>do</strong> Pto della e pouza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mura<strong>da</strong> de num tabeliam geral ahi em minha prezença <strong>da</strong>s<br />

testemunhas ao diante nomea<strong>da</strong>s aparecerão de humaparte os Reveren<strong>do</strong>s Afwço de Meira Canilho<br />

Abbade de Fonte Bon e seu mão o Reveren<strong>do</strong> Francisco de Melra Can'ilho, Conigo Prebendn<strong>do</strong><br />

nesta Santa See Pnmaaal e <strong>da</strong> auúa Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre de pedraria mora<strong>do</strong>r na<br />

Rua de Siío M w s to<strong>do</strong>s desta ci<strong>da</strong>de pesoas per mim reconheci<strong>da</strong>s. Por elles ditos Reveren<strong>do</strong>s<br />

-


Abbade e Conigo foi dito que estavão contrata<strong>do</strong>s com elle dito mestre Manoel Femandez <strong>da</strong> SI]va<br />

de elk lhe fazer humas cazas na Rua <strong>do</strong> Anjo onde elle dito Reveren<strong>do</strong> Conigo vive na forma<br />

que mostra a planla e prefil <strong>da</strong> fronteira que consta de <strong>do</strong>is papeis em que elles mostravão<br />

[TI asina<strong>do</strong>s os quoais hirão dez o fun<strong>da</strong>mento necesario para a sustentar a aitaia que mostra o<br />

prefil e correnteza <strong>da</strong>s amas. Ser30 feitos os itcesa de sinco palmos de grosso athe o olivel <strong>da</strong><br />

terra e <strong>da</strong>hi para sima athe as soleiras genellas de coam palmos e d&i para sima athe a alNra<br />

<strong>do</strong>s forros tres palmos e meio e <strong>da</strong>hi para sima os cunhais de tres palmos e to<strong>da</strong>s estas pnredes<br />

feitas de boa pedra bem ajuntoura<strong>da</strong> e lea<strong>do</strong>s feitos com cal e saibro porbis, genellas. frestas.<br />

cornixas e cunhais e o mais que mostra o prefil <strong>da</strong> fronteira ser5 N<strong>do</strong> <strong>do</strong> mesmo tamanho que<br />

mostra o prefil pello piupe que tem; e de ombreiras inteiras <strong>da</strong> parte de fora apilara<strong>do</strong>s huma e<br />

outra Couza <strong>da</strong> pane de fora e de d m asim pems como genellas e to<strong>do</strong>s os pertais que mostrn<br />

a planta que he <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> se fara to<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s cazas principais para a Rua apilara<strong>do</strong>s de huma<br />

e outra parte e de pedras inteuas <strong>da</strong>s partes <strong>da</strong>s cabeças e na loge principal levara <strong>do</strong>us portars<br />

<strong>da</strong> mçsma altura <strong>da</strong>s de fora tambem inteiros e avera tres atcos <strong>do</strong>us para as entra<strong>da</strong>s <strong>da</strong> esca<strong>da</strong><br />

que mostra a planta e outro pm a serveritia <strong>do</strong> carro e liteira e para a parte <strong>do</strong> quintal e sobre<br />

os patios segun<strong>do</strong>s numera<strong>do</strong>s na planta avera <strong>do</strong>us portais para a entra<strong>da</strong> de huns cabos [?I que<br />

ha-de aver entre os sobra<strong>do</strong>s destas cazas e as loges estes serão <strong>do</strong> tamanho que estão risca<strong>do</strong>s<br />

na planta e pilara<strong>do</strong>s de hum delles <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> connha huma esca<strong>da</strong> pam a varan<strong>da</strong> e serventia<br />

<strong>da</strong> connha na foma e tamanho que mostra a planta. Estas casas <strong>do</strong>s sotos levarão to<strong>da</strong>s os pert<br />

a e ~ frestas ~ que lhe forem newsarios para lux capazes de se poderem fechar com portas; a e%<br />

ca<strong>da</strong> principal sea felta de pedras inteiras com degmos de bucel muito bem feitos e bem lança&<br />

na foma e tamanho que mosm a planta seos cornmois dez o treceiro palio athe o ultimo<br />

e neste ultimo [folha rasura<strong>da</strong>l que mostra a planta <strong>do</strong> tamanho <strong>da</strong>s genellas [que mostra o prefill<br />

e to<strong>do</strong>s os mais pertais que mostra a dita planta e fnzos se farão <strong>do</strong> mesmo tamanho que ella<br />

mostra com os vãos para a goar<strong>da</strong> roupas baixos o que nelles quizerem quan<strong>do</strong> se continuarem<br />

as paredes e Para tambem to<strong>do</strong>s os tapamentos <strong>da</strong>s alcobas e repartiçois que mostra a planta na<br />

cnza que mostra a planta ultma <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> puente em lugar de huma porta que tem fara hum<br />

per to<strong>do</strong> largo para dcoba se lhes parecer para mu<strong>da</strong>r o corre<strong>do</strong>r que fica junto <strong>da</strong> ultima parede<br />

entre as duas cazas que parte com elle e servir a que fica ultima para a dita alcoba e fara a cozinha<br />

na forma e tamanho <strong>da</strong> planta com o forno e chamine e lareira <strong>do</strong> Iamanho que lha pedirem<br />

a quoal lareira e fomo se fara sobre o arco de pedra ou emtulho leva<strong>do</strong> de hum palmo <strong>do</strong><br />

sobra<strong>do</strong> e diante <strong>da</strong> d>la lareira a fase <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> Iagia<strong>do</strong> de sinco palmos de largo na forma <strong>da</strong><br />

planta e faca a varan<strong>da</strong> sobre pilares bscos e arcos para sobre elles fazer em ca<strong>da</strong> pilar huma<br />

coluna com seu pedrastal lavra<strong>do</strong>s para esco<strong>da</strong><strong>do</strong>s para receberem os frechais na quoal varan<strong>da</strong><br />

ie fase duas necessmias huma para a parte <strong>da</strong> cozinha e outra para o fim <strong>da</strong> um<strong>do</strong> com seus<br />

portais e fara as loges com os repammentos que mostra a planta e portais necessarios, e em huma<br />

<strong>da</strong>s loges de mais a mais €ara hum repartimento na loge que lhe ordenarem e to<strong>da</strong>s estes portais<br />

<strong>da</strong>s Ioga exceto os <strong>da</strong> pnmeua e frestas se fnrjo com os portais velhos que tem as ditas cazas<br />

como tambem os de to<strong>do</strong>s exceto as primeiras duas <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> e to<strong>da</strong>s as mais pessas de escoadria<br />

serão de pedra <strong>da</strong> voldurte [sic] tu<strong>do</strong> elle dito mestre <strong>da</strong>ra feito, prefeito e acaba<strong>do</strong> com<br />

Io<strong>do</strong> o primor <strong>da</strong> arte dentro de <strong>do</strong>us annos que começarão a correr de8 o primeiro de Outubro<br />

proximo vin<strong>do</strong>uro deste prezente anno per diante e elle dito mestre fm cobrar e aju<strong>da</strong>ra a correr<br />

a pedra enquanto trouxer gente no monte e aju<strong>da</strong>ra a descarregar e dles ditos Reueien<strong>do</strong>s Abbade<br />

e Conig~ pagará0 os carretos de to<strong>da</strong> a pedra que for necessaria e Lhe <strong>da</strong>rio cal e saibro<br />

e agoa para a dita obra e to<strong>da</strong> a pedrn que tem as ditas cazas exceto o portal <strong>da</strong> frontena e huma<br />

genella que rezervam e lhe <strong>da</strong>rão por to<strong>da</strong> a dita obra prefeita e acaba<strong>da</strong> na fma sobredita bwn<br />

conto e trezentos mil reis pagos as meza<strong>da</strong>s a smcoenta mil reis ca<strong>da</strong> mes os quoais Lhos pagara


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

elle dito Reveren<strong>do</strong> Abbade e lhe <strong>da</strong>ra lago per conta <strong>da</strong> dita obra sincoenta mil e no fim <strong>da</strong> obra<br />

outros sincoenta mil reis per manwrn que no fim <strong>da</strong> obra se lhe acabe de pagar a dita conta e<br />

trezentos mil reis E passa<strong>do</strong>s os ditos <strong>do</strong>us annos e hum mes que lhe der pm falta de chuvas<br />

ou de alguns oficiars to<strong>do</strong> o tempo que pasm <strong>do</strong>s ditos <strong>do</strong>us annm e mes perdera elle dito mestre<br />

sincoenta re1s ca<strong>da</strong> mes não lhe faltan<strong>do</strong> elles com pedra e cnl e saibro e agm ten<strong>do</strong> elle dito<br />

mestre quebra<strong>do</strong> a pedtn e a tu<strong>do</strong> elle dito mestre asim cumpru e goa~<strong>da</strong>i e fazer a dita obra<br />

na forma atrzs dita obrigava como obrigou soa pesoa e to<strong>do</strong>s seus bens mOvei$ e de rais avi<strong>do</strong>s<br />

e per aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expreçamente hipotecava e renunciava quoaisquer ferias,<br />

leis e previlegias de que se possa qu<strong>da</strong>r estan<strong>do</strong> prezentes Pascoal Fernandez outrosim mesire<br />

de pedraria, pai delle dito mestre e mora<strong>do</strong>r na Rua <strong>da</strong> Regos arabaldes de Sáo Victor pesoa per<br />

mim reconhsi<strong>da</strong> per eUe foi dito que fiava e ficava per fra<strong>do</strong>r e principal paga<strong>do</strong>r delle dito mestre<br />

seu filho per to<strong>da</strong> a copia e quontia desta obra praente e divi<strong>da</strong> della e tomava e renunciavn<br />

sobre si in solidum to<strong>da</strong> esta obrigação e <strong>da</strong> mesma maneira que elle dito mestre Manoel Femandez<br />

<strong>da</strong> Silva, seu filho estava obriga<strong>do</strong> se obngava a fazer a d~ta obra com elle dita seu filho e<br />

sem elle se faliar e elles ditos Reveren<strong>do</strong>s Abbade e Conigo foi dito que eompnn<strong>do</strong> elles d<strong>do</strong>s<br />

mestres com tu<strong>do</strong> o airas dito o obngava a Ihes pagar a dita obra aos pagamentos na forma aw%<br />

e a chegar-lhe a dita obra to<strong>do</strong>s os metiriais atras declaros sob pena de lhe pagar [linha rasuradn]<br />

e <strong>da</strong>nnos que para esse respeito receberem e huns e outros [linha rasura<strong>da</strong>l e outorgarão e aceitarão<br />

de parte a parte e man<strong>da</strong>rão fazer o pezente instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que<br />

compnr. E eu tabeliam geral como pesoa publica eshpulnnte e aseitante ni<strong>do</strong> estipulei e aseitei<br />

em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que toca e tooar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes Antonio Ferreira. <strong>da</strong><br />

Rua de Maximinos e Franc~sco Antunes meu familiar que to<strong>do</strong>s asinnrão e eu Francisco de Araujo<br />

Barrom tabeliam genl o escrevi<br />

Francisco de Meira Camlho 1 Afonço de Meira &milho I Mnnoel Femmdez <strong>da</strong> Silva 1 Antonio<br />

Ferreira / Francisco Antunes I de Paswal Fernandez [uma auz]».<br />

Doc. n. 4<br />

1703, Junho, 6<br />

Igreja <strong>da</strong> Congregaçáo <strong>do</strong> Oratório de Braga<br />

A.D.B. - Nota Geral, Ia sér~e, n. 502, fls. 132v-134<br />

ucontrato de obra de pedraria <strong>da</strong> Igrela <strong>da</strong> Congiegação com o mestre Mannol Fer-<br />

nandez <strong>da</strong> Silva<br />

Em nome de Deas amen SatbFío quantos este publico insmmento de contrato de obra de pediaria<br />

e obrigação virem que no anno <strong>do</strong> nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setecentos<br />

e ires annos aos se18 dias <strong>do</strong> mes de Junho <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga na Congregapo<br />

<strong>do</strong> Orarrono de Sêo Phelipe Nen della abi estan<strong>do</strong> prezentes os Reveren<strong>do</strong>s Padre Manoel<br />

Vasconcelos, Preposito della mais Reveren<strong>do</strong>s padres <strong>do</strong> governo abaixo asinn<strong>do</strong>s de humn parte<br />

e <strong>da</strong> outra Manoel Femandez <strong>da</strong> Silvo, mestre de pedraria mora<strong>do</strong>r na Rua de Sáo Mucos<br />

desta ci<strong>da</strong>de pesoas per mim reconhecidus per elles ditos Reveren<strong>do</strong>s padies logo foi dito que estavão<br />

contrata<strong>do</strong>s com elle drto mestre Manoel Fernandez dir Silva de elle lhe iuzer a igm~n <strong>da</strong><br />

dita CangregaçZo na forma <strong>da</strong> planta e apontamentos seguintes. que sera a dita igreja mais ou<br />

menos compn<strong>da</strong> alta ou baixa larga ou estreita <strong>do</strong> que mostra a planta como elles ditos Reveren<strong>do</strong>s<br />

pndras detremnarem nos prencipios <strong>do</strong>s alicetes <strong>da</strong> dita igreja. E sera em hi<strong>do</strong> mais confor-


APÊNDICE DOCUMENTAL<br />

me as plantas e prefil a saber em os feitios <strong>da</strong>$ capellas e arco cruzeiro e portas e cunhais e fri-<br />

ws, comixas e to<strong>da</strong>s as mais escoadnas com to<strong>do</strong>s os refendimentos e cortes e resaltos que mos-<br />

tra as plantas e prefis mas se os Reveren<strong>do</strong>s padres quizerem fazer mais ou menos alguma ea-<br />

pella semelhantes <strong>da</strong>s plantas ou levantar mais o arco uuzeiro ou portas ou outras quaaesquer<br />

pessas de pedrana <strong>da</strong> dita igreja sera elle dito mestre obriga<strong>do</strong> a fazer advemn<strong>do</strong>-lho elles Reve-<br />

ren<strong>do</strong>s padres a tempo que lhe náo de algum defazimento a obra que não falan<strong>do</strong> elles Reveren-<br />

<strong>do</strong>s padres ao tnl tempo corra per sua canta to<strong>da</strong> a satisfagão de quoalquer mu<strong>da</strong>nça antes que<br />

se faça, e serão as paredes desta igreja de oito palmos de groço e nelles meti<strong>do</strong>s os arcos <strong>da</strong>s<br />

capellas <strong>do</strong> mesmo tamanho e feitio <strong>da</strong>s plantas e prefile os qnoais fura elle dito mestre per pres-<br />

so ca<strong>da</strong> huma braça de dez palmos em coadro per fase que fazera aonde a parede tiver váo oito-<br />

centos palmos as quonis paredes serão medi<strong>da</strong>s to<strong>do</strong>s os viios per cheos exceto o váo <strong>do</strong> arco cm-<br />

zeiro para os pagamentos delle drto mestre como se fosem to<strong>da</strong>s estas pnredes mocissos medin<strong>do</strong><br />

tambem to<strong>do</strong>s os lugares <strong>da</strong>s escoadnas per paredes e per ca<strong>da</strong> huma braça nesta forma <strong>da</strong>rão<br />

elles ditos Reveren<strong>do</strong>s padres a eUe dno mestre sete mil reis. E fara tambem elle dito mestre os<br />

aliceses desta igreja e os abrira por sua conta athe a firme wm as groçuras necessarias os quaals<br />

lhe pagarão elles ditos Reveren<strong>do</strong>s padres per ca<strong>da</strong> huma braça de oitocentos palmos em coadro<br />

sete mil reis e fam to<strong>da</strong>s as eseoadrias intenores desta igreja e frontaria de pedra branca <strong>do</strong> mon-<br />

te <strong>do</strong> Carvalho deste pellos pressos seguintes: fara ca<strong>da</strong> hum palmo coadro per huma fase de pe-<br />

dra Iizo sem muldurn alguma nem refeodimento; pello lacerar e quebrar em monte a sincoenta<br />

reis que fas soma per ca<strong>da</strong> huma braça de cem palmos sinco mil reis e para os carretos de ca<strong>da</strong><br />

huma braça lhe <strong>da</strong>riio mais <strong>do</strong>us mil e quinhentos e corenta reis que fas soma ca<strong>da</strong> huma biaça<br />

destas de sete mmil e quinhentos e quorenta reis E fan ca<strong>da</strong> hum palmo coadro refendi<strong>do</strong> de quoal-<br />

quer obra na fama <strong>do</strong>s prefis por presso e quantia e por ca<strong>da</strong> cem palmos sete mil reis como<br />

tambem to<strong>da</strong>s as arquetrabes de dentro e fora sen<strong>do</strong> medi<strong>do</strong> m<strong>do</strong> per altos e baixos exceto o sobre-<br />

leito <strong>da</strong>s alquitravas E para os metos & ca<strong>da</strong> huma brap destas lhe <strong>da</strong>rá0 mais <strong>do</strong>us mil e qui-<br />

nhentos e quorenta reis para as que forem <strong>da</strong> pedra <strong>do</strong> carvalho deste e para as que forem de pe-<br />

dra <strong>da</strong> Palmeira ou semelhantes <strong>da</strong>rão para os carretos de ca<strong>da</strong> huma braça mil e oitocentos reis<br />

que fas soma ca<strong>da</strong> huma braça <strong>da</strong> pedra <strong>do</strong> Carvalho nove mil e quinhentos e corenta reis e as<br />

que forem de pedra <strong>da</strong> Palmeira ou semelhante soma ca<strong>da</strong> huma oito mil e oitocentos reis. E fara<br />

tambem elle dito mestre ca<strong>da</strong> huma braça de cem palmos per fase eoadro ca<strong>da</strong> hum de to<strong>da</strong>s as<br />

cornlxes de fora e de dentro, capiteis e bazas e sobazas tu<strong>do</strong> na forma e prefil e planta sen<strong>do</strong> me-<br />

di<strong>da</strong>s to<strong>da</strong>s as mulduns em altos e baixos tu<strong>do</strong> lavra<strong>do</strong> per preso ca<strong>da</strong> huma braça de des mrl<br />

reis que super [sic] ca<strong>da</strong> hum polmo cem reis e para os carretos de ca<strong>da</strong> huma braça destas lhe<br />

<strong>da</strong>rão mais <strong>da</strong>s que forem pedra <strong>do</strong> Carvalho deste <strong>do</strong>us mil e quinhentos e corenta reis, fara<br />

mais ca<strong>da</strong> huma braça de cem palmos coadros tambem medi<strong>do</strong>s os altos e baixo6 <strong>do</strong> arco cru-<br />

zeiro pella parte de baixo somente <strong>do</strong>s capiteis <strong>do</strong> mesmo arco e remata<strong>da</strong>s ponas <strong>do</strong> encontro<br />

<strong>do</strong> dito arco per presso de quinze mil reis <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe mais para os carretos de ca<strong>da</strong> huma biaça<br />

destas <strong>do</strong>us mil e quinhentos e corenta reis que fas soma ca<strong>da</strong> huma braqa de dezasetemil e quinhen-<br />

tos e corentn reis E tambem fara to<strong>da</strong> a porta principal desta igreja per presso ca<strong>da</strong> huma braça<br />

de des mil reis medi<strong>do</strong>s como as mais ditas mas dito se entendera lavra<strong>da</strong> <strong>da</strong> van<strong>da</strong> de fora não<br />

no que for lizo <strong>da</strong> dita porta <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe mais para os cmetos de ca<strong>da</strong> huma braça <strong>do</strong>us mil quinhen-<br />

tos e corenta reis per ser <strong>da</strong> pedra <strong>do</strong> Carvalho deste que soma ca<strong>da</strong> huma destas braças <strong>do</strong>ze<br />

mil quinhentos e corenta reis e tambem fara os demos de fora e de dentro per preso ca<strong>da</strong> huma<br />

braça de cem palmos coadros medi<strong>do</strong>s como as mais asma ditos por presso de seis mil reis, e<br />

para os canetos de ca<strong>da</strong> huma dellas sen<strong>do</strong> de pedra <strong>do</strong> Carvalho deste lhe <strong>da</strong>rão deznseis tes-<br />

tois; e sen<strong>do</strong> de pedra dc Palmerra ou semelhante Ule <strong>da</strong>rão setecentos e sasenta iets. E tam-<br />

bem fara o Iagea<strong>do</strong> de [.. ] a presso a braça com os coretos <strong>da</strong> pedra <strong>do</strong> monte <strong>do</strong> Carvalho des-


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

te a sete mil e seiscentos reis e sen<strong>do</strong> <strong>da</strong> pedra de Palmeira w semelhante por preso de seis mil<br />

e oitocentos reis e queren<strong>do</strong> elles Reveren<strong>do</strong>s padres o Iagm<strong>do</strong> de fia<strong>da</strong>s a imcher fara per presso<br />

de coatro mil e oitocentos rels ca<strong>da</strong> braça com metos e asenta-Ia e seia obriga<strong>do</strong> elle dito<br />

mestre a fazer to<strong>da</strong> esta obra prefeita na forma <strong>da</strong>s plantas e prefis e a segura-la sem que os Reveren<strong>do</strong>s<br />

padres lhe dem nadn mais que os dinheiros <strong>do</strong>s presos declara<strong>do</strong>s para a fazer a dita o-<br />

bra; e as serventias grelas dezempedidus, e to<strong>da</strong> a cal necessm pam a fazer E sera mais obnga<strong>do</strong><br />

a começar esta obra no pnncipio [de] Julho primeira vin<strong>do</strong>uro deste prezente anno e quebrar<br />

pedra para ella o mais tarde oito dias despois <strong>da</strong> feitura desta; sera obnga<strong>do</strong> elle dito mesire<br />

a continuar com esta obra em quoalquer tempo durante a sua vi<strong>da</strong> que per seu falecimento<br />

não ficarüo obnga<strong>do</strong>s seus herdeiros a tal obngação nem seu fia<strong>do</strong>r mais que ajustar e satisfazer<br />

ou cohrar <strong>do</strong> que tiver feito ou gasto para a tal obra tu<strong>do</strong> o que se dever de parte a pane e serão<br />

obnga<strong>do</strong>s elles ditas Reveren<strong>do</strong>s padres <strong>da</strong>r parte a este dito mestre quan<strong>do</strong> não quizerem continuar<br />

com a drta obra e dizer-lhe que nüo sen<strong>do</strong> pnrn continuar para elle dito mestre drspor as suas<br />

conveniencias com condiqfio que despois de lhe <strong>da</strong>rem elles Reveren<strong>do</strong>s padres o tal acerto que<br />

sem publim e elle o afirmara per escnto lhe <strong>da</strong>rá0 ain<strong>da</strong> depols ca<strong>da</strong> vez que isto suseder duzentos<br />

mil rers pua per conta <strong>do</strong>s ditos prews gam na dita oka ca<strong>da</strong> vez que a Iarge, porem se<br />

despois de gasta<strong>do</strong>s cem mil reis destes duzentos vierem elles Reveren<strong>do</strong>s padres mais cem mil<br />

reis avizan<strong>do</strong> a elles de que tem mais cem mil reis sera elle dito meshe [sic] a continuar a obra<br />

athe se acabarem to<strong>do</strong>s e ouIo se enwde to<strong>da</strong>s as vezes que despois de avisa<strong>do</strong> que sa tem duzentos<br />

para gastar Ihes vier vin<strong>do</strong> cem mil reis depois de guta<strong>do</strong>s cem <strong>do</strong>s duzentos que estava aviza<strong>do</strong><br />

na forna sobredita e tambem sertio obnga<strong>do</strong>s e depois vierem continuar a dita obra <strong>da</strong>r<br />

pane a elle dito mestre um mes antes que elle lhe de prencipio a drta continuação porque terjo<br />

elles Reveren<strong>do</strong>s padres ao menos de ca<strong>da</strong> vez que o chamarem mil cruza<strong>do</strong>s para continuarem<br />

a dita obro c nüo vin<strong>do</strong> elle dito mestre no tempo detremina<strong>do</strong> poderá0 elles ditos Reveren<strong>do</strong>s<br />

padres se Ihes parecer <strong>da</strong>r a dita obra a outro quoalquer mestre e se elles ditos Reveren<strong>do</strong>s padres<br />

man<strong>da</strong>rem chegar alguma pedra de rigo de huma ou outra parte sera obriga<strong>do</strong> elle dito mestre<br />

levar-lhe em wnta <strong>do</strong>s presos <strong>da</strong> dita obra o valor <strong>do</strong>s carretos que são sen<strong>do</strong> alvenaria a mnta<br />

reis ca<strong>da</strong> hum e m e sen<strong>do</strong> escoadcias <strong>do</strong> val deste a duzentos e corenta reis e sen<strong>do</strong> de Palmeira<br />

ou de outra semelhante a cento e vinte reis com declaração que serão estes pressos drsconta<strong>do</strong>s<br />

asim sen<strong>do</strong> as carretos i ~ais aos que elle dito mestre pagar que no cazo que seja mais demenutas<br />

se refaeo para inteirar os pressos; <strong>da</strong>rüo mais os Reveren<strong>do</strong>s padies a elle dito mestre<br />

por ca<strong>da</strong> huma quantia de <strong>do</strong>us mil cmza<strong>do</strong>s que se ajustar pelo preso delles em obra feita sincoenta<br />

mil reis os quoais lhe dfio per se ave1 acomo<strong>da</strong><strong>do</strong> nos presos wm de aTvenwa como de<br />

escoadna e outrosim <strong>da</strong>n<strong>do</strong> a elle dito mestre a dinheiro que Ihes pedir e for necessaiio para continuar<br />

com a obra e a~ustUr;o contas de coatro em coatro mwes e ain<strong>da</strong> antes disso se parecer a<br />

quoalquer <strong>da</strong>s partes e os que faltarem a este contrato pagara ao que esta estiver mil cmzn<strong>do</strong>s<br />

de pena convencional e sera a dita igreja feita no citio onde oje esta o Oratorio e na forma <strong>da</strong><br />

planta prefis e apontamentos osima declnrn<strong>do</strong>s e asma<strong>do</strong>s a dita planta por elles ditos Reveren<strong>do</strong>s<br />

padres e mestre per mim tabelram geral e a tu<strong>do</strong> elles Reveren<strong>do</strong>s padres e mestre m<strong>do</strong> asim<br />

compnrem fazere pagar obrigavão elles di digo [srcl obrigavão como obngão elles ditosReveren<strong>do</strong>s<br />

padres os bens e ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> sua Congregaçfio e elle dito mestre sua pesoa e to<strong>do</strong>s os seus bens<br />

moveis e de raiz avi<strong>do</strong>s e per aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expremente hipotecava sob<br />

pena de pagarem os que a esta faltarem alem <strong>da</strong> dita pena atrzs to<strong>da</strong>s as pet<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nos aos que<br />

por esta estiverem e renunciarão quoaisquer ferias, leis e previlegtos de que se poqa aju<strong>da</strong>r e para<br />

mais segurançb <strong>da</strong> dita Congrega* e Reveren<strong>da</strong>s padres della estan<strong>do</strong> prezentes Bento Ferreira,<br />

orives. mora<strong>do</strong>r na Rua <strong>do</strong> Souto desta ci<strong>da</strong>de moa per mim reconheci<strong>da</strong> per clle foi dito que<br />

de sua livre vontade fiava e ficava per fia<strong>do</strong>r e principal paga<strong>do</strong>r deile dim mestre per to<strong>da</strong> a mpta


e quantia desta obrigação parte e divi<strong>da</strong> della e a tomava e removia sobre si in solidum como<br />

principal deve<strong>do</strong>r e obnga<strong>do</strong> e per tal se constetuia se sobre si as penas atras to<strong>da</strong> a obiigaçáo<br />

de sua pesoa e bens e elle dito mestre se obrigava e tirava a pax e salvo de to<strong>da</strong> esta fiança que<br />

per elle faz com to<strong>da</strong>s as perdns e <strong>da</strong>nos que per esse respeito receber e bens e oums asima diseráo<br />

e outorgarão e aserte de parte a parte e man<strong>da</strong>r50 fazer o presente instromento e delle<br />

<strong>da</strong>r hum e muitos e os que compnr e eu hbeliam geral como pesoa publica estipulante e aseitante<br />

tu<strong>do</strong> estipulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mnrs pesons a que toca e tocar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong><br />

prezentes per testemunhas Antonio Ferretra, <strong>da</strong> Rua de Mnuximinos e Manoel Gonplves. carpinteiro<br />

<strong>do</strong> arabalde de S. Vicente que tod6s asinorão e eu Francisco de Araujo Barrozo, tabeliam<br />

geral o escrevi. Digo entre linha frente obnga<strong>do</strong>.<br />

Mnnoel de Vasconcelios I Francisco Manoel I Francisco Gonçalves I Antonio Ramos I Antonio<br />

Ferreira I Febc~ano <strong>da</strong> Silva I Manoel de Lima 1 Francisco <strong>da</strong> Cunha I Bento Ferreira 1 Manoel<br />

Femandez <strong>da</strong> Silva I Manoel Oonçalvesn.<br />

Doc. n. 5<br />

1703, Julho, 23<br />

Palácio <strong>do</strong> Cónego Francisco de Meira Carrilho e de seu irmáo Afonso de Meira<br />

Carrilho, Abade de Fonte Boa, no Campo de Santiago<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" série, n. 503, fls. 66v-67v.<br />

«Contrato de obm de pedrana <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Conego Francisco de Meira Carrilho e<br />

seu imáo com Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva.<br />

Em nome de Dens amen Saibüo quontos este publico instromento de contrato de obra de pedraria<br />

e obrigaqõo virem que no anno <strong>do</strong> nascimento de Nosso Senhor lezus Christo de mil setecentos<br />

e tres annos aos vinte e tres dias <strong>do</strong> mes de Julho <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga na<br />

Rua <strong>do</strong> Anjo della e pouza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Francisco de Meira Carrilho, Conego<br />

Preben<strong>da</strong><strong>do</strong> nesta Santa See Pnmacial ahi perante mim tabeliam geral e testemunhas ao deante<br />

nomea<strong>da</strong>s aparecer50 de huma pane o dito Reveren<strong>do</strong> Conego Francisco de Meira Camlho e<br />

seu irmüo o Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Affonço de Meira Camlho, Abbade de Fonte Boa temo <strong>da</strong> villa<br />

de Barcellos e <strong>da</strong> outra Manoel Fwnandee <strong>da</strong> Silva, mestre de pedrana mora<strong>do</strong>r na Rua de Sam<br />

Marcos desta ci<strong>da</strong>de oessoas ver mim reconheci<strong>da</strong>s oor elles ditos Reveren<strong>da</strong>s Conieo - e Abbade<br />

logo foi dito que elles estavão contrata<strong>do</strong>s com elle dito Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva que elle lhe<br />

fazer bumascaz~s no campo de Sam Thiago in<strong>do</strong> para bauo pam tras sam Marcos no sitio e campo<br />

que elles ahi tem <strong>da</strong> maneira que serão humas cams de boa pedraria na forma <strong>da</strong> planta que<br />

se fes para a dita obra que consta de quatro papeis asegna<strong>do</strong>s por elles ditos Conego e Abbade<br />

e pello drto mestre e per mun tabeliam geral e na fomo <strong>do</strong>s apontamentos que tambem pera ella<br />

se fizer%o tambem por to<strong>do</strong>s asigna<strong>do</strong>s com declaraç%o que elles ditos Reveren<strong>do</strong> Comgo e Abbade<br />

<strong>da</strong>rao a cal e saibro necessario para a dita obra a suo custa e ao dito mestre a amesiara e<br />

grangeara e tambem elles ditos Reveren<strong>do</strong> Conigo e Abbade lhe man<strong>da</strong>60 chegar to<strong>da</strong> a pedra<br />

a sua custa quebran<strong>do</strong>-a elle dito mestre no monte e aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-a a carregar an<strong>da</strong>n<strong>do</strong> offecias no<br />

monte ouan<strong>do</strong> se for buscar a tu<strong>do</strong> o mais de asentar e lavrar sera wr conta delle dito mestre<br />

e lhe <strong>da</strong>r50 por to<strong>da</strong> a dita obra coniheu<strong>da</strong> nos apontamentos smco mil mza(los e cento e sinquenta<br />

mil reis em dinheiro de conta<strong>do</strong> e <strong>da</strong>ra a dita obra feita perfeita e ncava<strong>da</strong> dentro de <strong>do</strong>us


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

annos e meio que comessara0 a correr deste dia por dennte e se lhe farb os pagamentos na ma-<br />

neira seguinte a saber: despors de comessa<strong>da</strong> a dita obra e contenuan<strong>do</strong>-lhe com ella lhe <strong>da</strong>rio<br />

septenta e sinco nul reis no fm de cn<strong>da</strong> mes e ten<strong>do</strong>-se-lhe pago ametade <strong>do</strong> dito presso se lhe<br />

fara conta a dita obra e estan<strong>do</strong> ametade fora se lhe ira contenuan<strong>do</strong> com os ditos pagamentos<br />

e nSo estan<strong>do</strong> feita ametade <strong>da</strong> dita obra contenura [sicl elle dito mestrc com ella athe fazer ame-<br />

tade sem se contenuarem os pagamentos emquanto n a fizer ametade <strong>da</strong> dita obra e despois de<br />

feita e contenua<strong>da</strong> a dita obra seta vista por mestres <strong>da</strong> mesma me pera ver se esta feita com-<br />

forme as plantas e apontamentos e faitan<strong>do</strong>-lhe alguma couza a perfara e pethteara elle dito<br />

mestre sem falta nem demenuição nem defeito algum e a to<strong>do</strong> ahi mmpnr e pagar e satesfazer<br />

e correr com a dita obn disse elle dito mestre que se obrigava como obrigou por sua pessoa e<br />

to<strong>do</strong>s os seus bens moveis e de cais avi<strong>do</strong>s e pcr aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expressa-<br />

mente hipotecnva sob pena que não a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> aeabmia nos ditos <strong>do</strong>us -nos e meio a man<strong>da</strong>rá0<br />

elles ditos Reveren<strong>do</strong>s Conigo e Abbade acavar a custa delle dito mestre por conta <strong>do</strong> dito pres-<br />

so e não lhe chegan<strong>do</strong> o dinheiro que elles lhe teverem pago acavar a dita ohra pagara elle dito<br />

mestre tu<strong>do</strong> o que faltar nZo sen<strong>do</strong> a dita delaça0 [sicl de a niio acabar no dito tempo per falta<br />

delles ditos Reveren<strong>do</strong>s Comgo e Abbade lhe não man<strong>da</strong>rem chegar a pedra cal e saibro porque<br />

sen<strong>do</strong> por sua culpa não estam elle dito mestre obriga<strong>do</strong> a <strong>da</strong>-Ia acava<strong>da</strong> no tal tempo antes lhe<br />

pagarZo elles ditos Reveren<strong>do</strong>s Conigo e Abbade to<strong>da</strong> a per<strong>da</strong> que elle dito mestre tever em os<br />

seus offeceais folgarem por falta de se lhe nso <strong>da</strong>r o necessario para correr com a dita ohra e<br />

to<strong>do</strong> o dinheiro que elles ditos Reveren<strong>do</strong>s Conego e Abbade lhe der <strong>da</strong>ra elle dito mestre pa-<br />

ga delle ao que <strong>do</strong> tresla<strong>do</strong> desta ou onde elles quezerem a qual paga elle der se lhe levara em<br />

conta C tera feita de escreptura pubhca e por tu<strong>do</strong> e ca<strong>da</strong> c om se obngava a respondei ptran-<br />

te as jushssas desta dita ci<strong>da</strong>de perante quasquer que a deman<strong>da</strong>r quezerem renuncian<strong>do</strong> to<strong>da</strong>s<br />

de seu foro e qualquer ferias leis e prevelegios de que se possa aju<strong>da</strong>r estan<strong>do</strong> presente Pas-<br />

chml Fernandez, mestre de pedrana pai delle dito mestre mora<strong>do</strong>r no arabnlde de Sam Vrtor des-<br />

ta dita ci<strong>da</strong>de pessoa por mim reconheci<strong>da</strong> por elle foi dito que entrava nesta obra com elle dito<br />

seu alho per contrato de susie<strong>da</strong>de e tambem se obngava como obngou por sua pessoa e to<strong>do</strong>s<br />

os seus bens movem e de rais nvi<strong>do</strong>s e por aver e terso de sua alma que tu<strong>do</strong> expressamente hipote-<br />

cova a satisfaç20 de tu<strong>do</strong> na forma atras como principal deve<strong>do</strong>r e obriga<strong>do</strong> por tal se constetuia<br />

nn fuma atras declara<strong>da</strong> que alem <strong>da</strong> ohra <strong>do</strong>s ditos apontamentos farão duas portas nas va-<br />

ran<strong>da</strong>s apelara<strong>da</strong>s que servão para duas nessessarias muito bem feitas comfome pedir a obra, e<br />

por eles ditos Reveren<strong>do</strong>s Conigo e Abbade foi dito que compnn<strong>do</strong> elles ditos mestres com to-<br />

<strong>do</strong> o auas dito ohrigauüo como obngaram suas pesoas e bens e ren<strong>da</strong>s a lhe fazerem pagamentos<br />

nu forma atras declara<strong>da</strong> e a lhe <strong>da</strong>rem a cal e saibro e pedra chega<strong>da</strong> per maneira que não fol-<br />

guem os offeciats por sua falta sob pena de lhe pagar to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nos que per esse res-<br />

peito receber e lhe pagarem os dias <strong>da</strong>s homens que folgarem por sua culpa alem <strong>do</strong> dito pres-<br />

so E declnrarão que os goardn roupas serão como os de Antonio Carneiro <strong>da</strong> Llw com a altura<br />

<strong>da</strong> planta que serão como as novas [sic] e lhe <strong>da</strong> to<strong>da</strong> agoa chega<strong>da</strong> para a cal dn dita obra per<br />

conta delle dito Reveren<strong>do</strong> Conego e huns e outms as1 o diseráo e outorgarão e aseit<strong>do</strong> de par-<br />

te a parte e man<strong>da</strong>rão fazer o prezente instmmento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que comprir<br />

e eu tabeliam geral como pesoa publica estepulante e aseitanus tu<strong>do</strong> estepulei e aseitei em<br />

nome <strong>da</strong>s mais pessoas a que toqua e toquar pode estui<strong>do</strong> a to<strong>do</strong> prezentes por testemunhas o<br />

Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Mathias de Meüo e Lima. Dezembarga<strong>do</strong>r na Relação desta Corte e Sehastiam<br />

Alves, page delle dito Reveren<strong>do</strong> Conego que to<strong>do</strong>s asegnarlo e eu Antonio Ferreira taheliam<br />

geral o escrevi.<br />

Manoel Fernnndez <strong>da</strong> Sllva I Affonso de Meira Camlho I Francisw de Meira Camlho I De Pas<br />

coa1 Fernandes [uma nuzl I Mathias de MeUo e Lima 1 Sebastião Alveza.


Doc. n. 6<br />

1703 (antes de)<br />

Vistoria de uma <strong>da</strong>s torres <strong>da</strong> Sé de Braga<br />

B.N.A. - 54-m-21 (63).<br />

nlllustrissimo Senhor:<br />

Por ordem de V. S. a rogo <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Mestre Esçhola fui ver a torre com tres mestres <strong>da</strong> ar-<br />

te de pedraria por nomes Pantaleão Vieira, Manoel Fernandez e Paschoal Fernandez para vermos<br />

se estava a dita torre <strong>da</strong> Se capax de sustentar em si o relojo, ou se estava aruina<strong>da</strong> por algua<br />

parte e achamos estar sigura por ro<strong>da</strong>s as faces.<br />

A pnmeira rezâo he que esta apluma<strong>da</strong> por to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s, asi por fora como por dentro, como<br />

a espirlennn <strong>do</strong> plumo nos mostrou.<br />

A sigun<strong>da</strong> he que essa torre tem tres releixos, hum sain<strong>do</strong> logo <strong>da</strong> terra tres ou quatro palmos,<br />

e os <strong>do</strong>us nos terços <strong>da</strong> altura, e ca<strong>da</strong> hum destes releixos sera de meio palmo de largo com que<br />

vai recolhen<strong>do</strong> des o principio que sae <strong>da</strong> Rua ate o ultimo terço de suna um palmo e meio, que<br />

he prova de que difrcultozamente se pode sobreplumar.<br />

A terceira rezão he que esta athe o meio como se fora torre plena<strong>da</strong>, por razão <strong>da</strong> esca<strong>da</strong> que<br />

a emche que vae par. o coro de cuna I...] a qual esca<strong>da</strong> esta to<strong>da</strong> feita em arcos de abobe<strong>da</strong>s<br />

de escoadna por to<strong>do</strong>s os la<strong>do</strong>s<br />

A coarta que as abobe<strong>da</strong>s dessa dita esca<strong>da</strong> to<strong>da</strong>s estão fecha<strong>da</strong>s sem que possão ter menos<br />

ameaça de detrimento por aonde possa fazer ruina.<br />

A quinta rezão he que to<strong>da</strong>s estas paredes de dentro esc80 sem nenhum genem de sintimento nem<br />

abertura alguma, ain<strong>da</strong> que pella parte de fora mostre alguma abertura não he couza que faça bar-<br />

ngn, e aviriguarão os ditos mestres que isto em acento que fizera esta torre logo no prencipio (co-<br />

mo as1 he] com que nZio lhe fas <strong>da</strong>no algum; demais que esta torre he to<strong>da</strong> de cantaria por fora<br />

e por dentro. com que não podem fujir numca estas pedras per cerem to<strong>da</strong>s de conta e medi<strong>da</strong>.<br />

Demais que esta torre <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> norte esta liga<strong>da</strong> e empara<strong>da</strong> com o corpo <strong>da</strong> Se, <strong>do</strong>nde tem<br />

emcontm desta parte to<strong>do</strong> o fronteespicio e as abobe<strong>da</strong>s <strong>do</strong> coro que &o eternas, e <strong>da</strong> parte <strong>do</strong><br />

nacente esta empara<strong>da</strong> com a nave que fica <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> epistola a que emconbráo as abobe<strong>da</strong>s <strong>da</strong><br />

dita nave, com que não pode aver duvi<strong>da</strong> nenhuma destas duas partes, e quan<strong>do</strong> não tivera per<br />

si as rezões que digo lhe bastava estar tambem anma<strong>da</strong>: e <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> sul fica-lhe toman<strong>do</strong> a for-<br />

$a <strong>do</strong> vento o angulo ou canto, que esta direito ao dito sul com que lhe corta to<strong>da</strong> a funa, com<br />

que o que podia per esta cauza ter algum pengo esta sigura porque este vento de sul a toma de<br />

canto a canto; com que não vem esta torre <strong>do</strong> pnmeiro terça de sima ate baixo mais que huma<br />

esquina que esteja desempara<strong>da</strong> aos ventos, e esta não tem nenhum genem de ruina porque esta<br />

apluma<strong>da</strong> e sem brecha nem rezidura alguma de que se porvea [?I destas rezões estar maes que<br />

sigura<br />

A mina que fes avem vinte e Ires ou vinte e outro annos pouco maes ou menos, foi cauza<br />

hum terremoto que lhe fes <strong>da</strong>no que vemos pello concerto que se lhe fes, como tambem no mes-<br />

mo dia ou tempo fes o mesmo terremoto o mesmo <strong>da</strong>no na porta fronha <strong>da</strong> casa <strong>do</strong> Sena<strong>do</strong> <strong>da</strong><br />

Camera, que tnmbem botou abaixo. com que bem mostra não ser isto cfluza natural senão<br />

exaaordinaria.<br />

Demais que o campanario em que estava o sino <strong>do</strong> relojo era muita grande e muito alto o que<br />

tinha sobre o arco huma gomrç6o na foma <strong>do</strong> eampnnano <strong>do</strong> smo <strong>da</strong> Mimcordia desta ci<strong>da</strong>-<br />

de, e como este terremoto fes emprençzo neste dito campanario asi pella altura como pello desem-<br />

paro que unha de to<strong>da</strong>s as partes e o sino ser grande, por iso caio levan<strong>do</strong> apos de si o pe<strong>da</strong>ço


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

<strong>da</strong> parede <strong>da</strong> tom que lhe servia de santro ou alicerce ao dito campanario sem que fizese maes<br />

<strong>da</strong>no nenhum a nenhum <strong>do</strong>s angulos <strong>da</strong> dita tome, de que se prova não fora a obra tam boa conm<br />

he de aminar por qualquer <strong>do</strong>s outms angulos. o que não fes.<br />

Com to<strong>da</strong>s esta rezões não creio que podera aver quem as contradiga, porque não são aparentes<br />

senão Iam justifica<strong>da</strong>s como viram na dita torre, e as1 &.?em os mestres e eu com elles pellas<br />

expiriencias que tenho desta dita arte, que sigoramente se pode por o relojo sem que possa aver<br />

termos de armnar-se a W torre com o pezo <strong>do</strong> sino nem de muitos sinos nem in<strong>da</strong> o maior pezo<br />

a semelhante obra pode fazer abalo quanto mais hum sino por maror que sqn; quanto mais<br />

que fm~n<strong>do</strong>-se huma arma@o de linhas de fem para se poder estribar esse sino no meio fica<br />

sem nenhum genoro de cui<strong>da</strong><strong>do</strong>, porque quan<strong>do</strong> esse sino pudera ter tant~ pezo que pudece <strong>da</strong>r<br />

algum detnmento a tom lhe bastava estar no sentm delia para que to<strong>da</strong>s as coatro paredes panisipacem<br />

<strong>do</strong> p m e as1 reparti<strong>do</strong> esse por to<strong>do</strong>s contro fica muito limita<strong>do</strong> pezo a ca<strong>da</strong> huma del-<br />

Ias, com que siguramente se pode por, não so o pew desse sino mas de muitos maes des iguaes<br />

pems.<br />

E quan<strong>do</strong> fique a Vossa Senhoria ain<strong>da</strong> algum escmpulo deca<strong>da</strong><strong>do</strong> [sicl nwe particular contra<br />

o que digo, pode man<strong>da</strong>r-lhe bom algumas linlrns de feno emuuza<strong>da</strong>s <strong>do</strong> meio para sima<br />

que he a parte <strong>do</strong>nde se podem botar, e ficara muito maes sigura, e algumas Restas que estejão<br />

emsima abertas, facha-Ias de pedra e cal por respnto que náo Joguem os ventos dentro <strong>da</strong> dita<br />

torre.<br />

Advirto que se esta obra <strong>do</strong> relojo se ficar e se puzei emsima <strong>da</strong> armação <strong>do</strong> telhn<strong>do</strong>, que he nece<br />

saio ser este telha<strong>do</strong> de chumbo, por respeito de goar<strong>da</strong>r eternamente as armações <strong>da</strong> agoa que<br />

hnm-de ser de madeiras; sobre que tu<strong>do</strong> de aseniar as armações de fem que hão-de suspender<br />

o sino e asi fica tu<strong>do</strong> siguro sem que possa aver quem disso contradiga e asi o digo, e juntamente<br />

os ditos mestres de pedrana asma nomea<strong>do</strong>s. Com que Vossa Senhoria podera man<strong>da</strong>r o que<br />

for servi<strong>do</strong>, aquem me sojeito como subdito, e maes hudde servo de Vossa Senboiia<br />

Pnntaleão <strong>da</strong> Rocha de Magalhães*.<br />

Doc. n. 7<br />

1706, Abril, 09<br />

Claustro <strong>do</strong> Colégio de Nossa Senhora <strong>da</strong> Graça <strong>do</strong> Pópulo<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 516, fls. 78-80.<br />

.Contrato <strong>da</strong> obra de pedmia <strong>da</strong> parte de hum claustro <strong>do</strong> Collegio <strong>do</strong> PopoUo<br />

com Pascoal Fernandes he Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva, archetectos desta ci<strong>da</strong>de.<br />

Em nome de Deos amen. Salbão quanto8 este publico instromento de contrato de obra de pe-<br />

drana e obrigapão virem que no anno <strong>do</strong> nasemento de Noso Senhor Jesus Chnsto de mil sete-<br />

centos e scis annos aos nove dias <strong>do</strong> mes de Abril <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga no Col-<br />

legio de Nossa Senhora <strong>do</strong> Popollo della nhi perante mim tabeliam geral e testemunhas ao ddean-<br />

te asina<strong>da</strong>s aparece0 prezente o Reveren<strong>do</strong> Padre Frei Miguel de Azeve<strong>do</strong>, Reitor deste Colle-<br />

gio e mais padres <strong>do</strong> setviço delle ao deante asma<strong>do</strong>s que to<strong>do</strong>s fornm juntos para o cazo abai-<br />

xo declara<strong>do</strong> de uma pnrte e <strong>da</strong> outra Pascoal Fernandes e Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva, arquite-<br />

tos desta ci<strong>da</strong>de to<strong>do</strong>s uesoas oor mim reconheci<strong>da</strong>s e loeo oello dito Reveren<strong>do</strong> Padre Reitar e<br />

mais padres foi dito que estavão contrata<strong>do</strong>s eom elle dito Pascoal Fernandes e Manoel Fernan-<br />

des <strong>da</strong> Silva, arquitetos de lhe fazerem neste seu Collegio huma parte de hum claustro junto ao<br />

-.


<strong>do</strong>rmitorio ao correr delle em o lugar onde mostra a planta antiga de to<strong>do</strong> o Collegio na forma<br />

e tamanho que mostra a planta e perfil com o seu petipe que de novo se fez maior que a antiga<br />

que avia por se achar estar pequena a qual planta e perfil esta to<strong>da</strong> em hum papel asina<strong>do</strong> por<br />

mim tabeliam geral e pelo Reveren<strong>do</strong> Padre Reitor e mais padres digo [sicl e por elles ditos mestres<br />

archetetos na forma e tamanho que mostra a dita planta e perfil farão eUes ditos arquetetos<br />

a dita obra de to<strong>da</strong> a pedra <strong>da</strong> coli<strong>da</strong>de <strong>da</strong> <strong>da</strong>s mnis obras <strong>da</strong> escoadria de que se wmpaem o<br />

dito Collegio com declaração que os vãos de entre as genellas fa<strong>do</strong> de parede de alvenaria de<br />

trm palmos de gmso e os pillares, pillastras de entre os caatro arquos prencepaes <strong>da</strong> pme exterior<br />

serão inteiros des as vazes the capiteis como iamkm o ser& os arcos que vão <strong>da</strong>s jenel-<br />

Ias <strong>da</strong> parte <strong>da</strong>s cabem e as saca<strong>da</strong>s ou soleirns dellas e <strong>do</strong> o mais sera de pesas bem ajusta<strong>da</strong>s<br />

com to<strong>do</strong>s os refendimentos e resaltos que mostra a planta e prefil desta obrn sem coberta<br />

de abbobe<strong>da</strong>s no an<strong>da</strong>r e pavemento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>rmitorios deste Collegio e serão de tejollo asenta<strong>do</strong><br />

em m z que ao menos fasa de grosura as abobe<strong>da</strong>s hum bom palmo e serão de barrete asenta<strong>da</strong>s<br />

de coatro la<strong>do</strong>s ca<strong>da</strong> hum barrete em arquo a saber <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> fronteira sobre a que mosm<br />

a planta e <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> <strong>do</strong>mtono em huns arquos ou semelhansa delles que tambem se fario<br />

encosta<strong>do</strong>s ao dito demitorio e meterão estes delmas digo [sic] de humas represas com seus capiteis<br />

que se meterão em to<strong>da</strong> o grosura <strong>da</strong> dita parede <strong>do</strong> <strong>do</strong>rmitoria e delles nacerão outros arquos<br />

para os pillares fronteiros em que tambem descansarão as abbobe<strong>da</strong>s to<strong>do</strong>s estes tertio lavra<strong>do</strong>s<br />

e liws e Iansa<strong>do</strong>s fora <strong>da</strong>s abbobe<strong>da</strong>s coatro de<strong>do</strong>s e tambem ladrilharão com tejollo estas<br />

abobe<strong>da</strong>s repnrh<strong>do</strong> com fia<strong>da</strong>s de pedra sobre os arquos ho coa1 tejollo sera <strong>da</strong> marqua de hum<br />

palmo de corpo e <strong>do</strong>is de compri<strong>do</strong> asenta<strong>do</strong> com cal muito argamasa<strong>da</strong> e que goarnecerio to<strong>da</strong>s<br />

com cal como tambem as paredes e neste claustro para que fique bem brancas, e farão a sua<br />

custa delles archetetos os aliserces para esta obra e fa<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is cunha~s interiores <strong>do</strong> claustro<br />

des o Iagta<strong>do</strong> ou ladrrlho para o tilha<strong>do</strong> sobra<strong>da</strong>s serão com peUares e vazas e capeteis e serão<br />

as jenellas faixea<strong>da</strong>s e trespila<strong>da</strong>s por dentro a quoal obra farão elles arquitetos com a cal tre-<br />

sa<strong>da</strong> com saibro por sua conta e tu<strong>do</strong> maes necesareo para ella tu<strong>do</strong> per preso e contia de sete-<br />

centos e trinta mil reis em que ajustarão dentro de hum anno pnmeiro seguinte e <strong>da</strong>nio feita e<br />

acaba<strong>da</strong> o qual anno comewra decorrer des o tempo que prencipearem a dtta obra que sera logo<br />

haven<strong>do</strong> dinheiro serao obriga<strong>do</strong>s elles ditos arquetetos catorze braças de huma parede enclena<strong>da</strong><br />

para a parte <strong>do</strong>nde se faz o dito claustro a qual dezavarão tornarão a levantu a sua custa delles<br />

arquetetos por preso tnnta e tres mil e duzentos reis sem este Collegeo e padres delle coneor-<br />

rer com couza alguma mais para a dita parede que com o dita dinheiro e elles arquetetos se apro-<br />

veitar2o <strong>da</strong> pedrn que tem a mesma parede e por conta <strong>do</strong>s ditos setecentos e sesenta mil reis pre-<br />

so <strong>da</strong> obra <strong>do</strong> <strong>da</strong>to claustro [ . I na mão <strong>do</strong> rendwro <strong>da</strong> sua igreja de Santa Leocadia de Breteiros<br />

cento [. ] mil reis e na mão <strong>do</strong> rendeiro de sua igreja <strong>da</strong>s Rega<strong>da</strong>s cem mil reis e na mão e poder<br />

de Simão <strong>da</strong> Cunha Pinto, thezouraro geral e ve<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Caza <strong>do</strong> Illusuissuno Arcebispo Pnmaz<br />

to<strong>do</strong> O maes restante para satisfação <strong>do</strong>s ditos setecentos e sesenta mil reis e por elles ditos arqui-<br />

tetos Pascoal Femandes e Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva foi dito que na dita forma aceitavXo a dita<br />

obra <strong>do</strong> claustro <strong>da</strong> parede asma declara<strong>da</strong> e a dum feita na dita forma com to& a perfeição<br />

no dito tempo e pello dito preso obrigavão como obngorão suas pesoas e to<strong>do</strong>s os seus kns mo-<br />

veis e de rais an<strong>do</strong>s e per aver com o temo de suas almas que tu<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> hum expresamente hipote-<br />

cava sob penna que pasa<strong>do</strong> o dito anno e não a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> feita na dita forma perderam <strong>do</strong> preso della<br />

cem mil reis para o dito Collegio com tanto que não seja per algum ~mpedemento deste Colle-<br />

gio ou relegiozos delle e aven<strong>do</strong> algum impedemmto <strong>da</strong> parte deste Colegeo ou relegiozos delle<br />

lhe pagarão to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos que per esa cauzs elles mestres tiverem e que no cazo que<br />

os ditos rendeiros faça0 demora sobre o pagamento <strong>da</strong>s coantias asima declara<strong>da</strong>s ntia as rece-<br />

ben<strong>do</strong> elles d<strong>do</strong>s ;irquetetos não serão obriga<strong>do</strong>s a fazer nem acabar a dita obra que pella razio


MANUEL FBRNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693.1751)<br />

<strong>do</strong> preso declara<strong>do</strong> couber a coantia que n6o receberem enquanto não estiverem entregues <strong>do</strong> di-<br />

to dinheim e por tu<strong>do</strong> he a dita cama se obrigavão como obrtgarão a responder perante as jus-<br />

tigas desta dita ci<strong>da</strong>de as1 ecclesiasucas como seculares perante outras e waesquer que as demao-<br />

<strong>da</strong>r quizer renuncian<strong>do</strong> como logo renunciarão to<strong>da</strong>s as <strong>do</strong> seu foro e coaisquer ferias, lers e pre-<br />

vilegios de [que] se posão aju<strong>da</strong>r estan<strong>do</strong> prezerite.? SemSo <strong>da</strong> Cunha Pinto. Cavaleiro Profeso <strong>do</strong><br />

Habito de Chnsto, thesourmo geral e ve<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Caw <strong>do</strong> IUustrissimo Senhor Arcebispo Primas<br />

por mim reconheci<strong>do</strong> por elle foi dito que elle fiava e ficava por fin<strong>do</strong>r prencepal paga<strong>do</strong>r des-<br />

te Collegea e padres deile pella confia de quinhentos e trinta e outo mil reis que faltaváo parn<br />

a wanna <strong>do</strong>s seiscentos e sesenta mil reis <strong>da</strong> obra <strong>do</strong> clhmtro abati<strong>do</strong>s os partt<strong>da</strong>s consena<strong>da</strong>s<br />

nas máos <strong>do</strong>s rendeuos atras declara<strong>do</strong>s e a pagar a dles ditas ar,.<br />

[Seguem v4ias assinaturas entre as quais as de Manoel Femmdez <strong>da</strong> Silva, e de c m Paswal<br />

Fernandes]<br />

Doc. n. 8<br />

1706, Maio, 14<br />

Capela e escadório de Santo António Esqueci<strong>do</strong>.<br />

A.D.B. - Nora Geral, 1" série, n. 516, fls. 184v.-186.<br />


APENDICE DOCUMENTAL<br />

Caza de Sua Majestade e <strong>da</strong> outra Manoel Femandez, architeto desta ci<strong>da</strong>de to<strong>do</strong>s pesoas por<br />

min reconhen<strong>da</strong>s e logo por eiies ditos Jozeph &e Coimbra Andrade e seu filho Lourenço Jozeph<br />

de Coimbra foi dito que elles estavão contrnta<strong>do</strong>s com elle dito Manoel Fernandez, archeteto<br />

delle fazer a capella de Santo Antonio Esqueci<strong>do</strong> no adro de Sam João <strong>do</strong> Souto emcosta<strong>da</strong> a<br />

capella de seu morga<strong>do</strong> de que são admenistra<strong>do</strong>res para o que dão licença pelo <strong>do</strong>mmio e<br />

admenistração que nella tem na forma <strong>da</strong> planta ferta por elle dito mestre aarheteto Manoel Fernandez<br />

<strong>da</strong> Silva asina<strong>da</strong> por elle e por min tabeliam geral que fica em poder delle dito mestre;<br />

a qual obra sem de pedra <strong>do</strong> Carvalho destes exceto os degraos e patios <strong>da</strong>s esca<strong>da</strong>s que sera <strong>da</strong><br />

pedra de Palmeira ou A<strong>do</strong>ufe e que <strong>da</strong>na elle dito mestre a dita obra prefeita e aoaba<strong>da</strong> pon<strong>do</strong><br />

to<strong>do</strong> O necessano para ella asim de pedra, cal. tejollo e to<strong>do</strong> maes necessano pix sua conta he<br />

fara o pavimento <strong>da</strong> oapella de tejollo e lajia<strong>do</strong> de pedra como tambem a abobe<strong>da</strong> <strong>da</strong> dita capella<br />

sera de telolio e <strong>da</strong>ra a dita obra feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> dentro de des mezes comta<strong>do</strong>s deste<br />

dia por diante sem que elles ditos Jozeph de Coimbra e Andrade he seu filho COtUCQrram para<br />

ella com couza alguma [...I em pressc he quantia de seiscentos mrl reis em dinheiro de comta<strong>do</strong><br />

digo [sic] seiscentos e sesenta mil reis em dinheiro de comta<strong>do</strong> em pax e em salvo para elle dito<br />

mestre archeteto por conta <strong>do</strong>s quaes logo ao fazer desta em minha prezença e <strong>da</strong>s ditas testemunhas<br />

Geral<strong>do</strong> Pereira, <strong>da</strong> Rua de Sam Mnrcos como thezoureiro e zela<strong>do</strong>r <strong>da</strong>s esmollas <strong>do</strong> dito<br />

Santo deo e emtreguu o dinheiro <strong>da</strong>s ditas esmollas duzentos e quarenta mil reis a elle dito<br />

Manoei Femandez <strong>da</strong> Silva archeteto em dinheiro de comta<strong>do</strong> por comcentimemo e autori<strong>da</strong>de<br />

<strong>do</strong>s D D. Franosco de Torres, Provisor e Governa<strong>do</strong>r deste Arcebispa<strong>do</strong> Conego magestral e<br />

cahfica<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Santo Officio e Diogo Borges Pacbeco. Dezembarga<strong>do</strong>r e Chanceller mor<strong>da</strong> Relaçam<br />

desta Corte que tambcm prezentes estavam os quais sEo os devotos e primeiros zella<strong>do</strong>res<br />

<strong>da</strong> obra e devoção <strong>do</strong> dito Santo e man<strong>da</strong>rlia a elle dito Geral<strong>do</strong> Pereira como thezouieim elegi<strong>do</strong><br />

por dles para receber as esmollns que se dão e vão <strong>da</strong>n<strong>do</strong> que comtenuasse com o pagamento<br />

<strong>da</strong> dita obra ao dito mestre Manoel Fernandes que lu<strong>do</strong> se lhe levara em comta náo que<br />

se lhe tomacem e por elle dito mestre Manoel Femandez foi dito que na drta forma pellos ditos<br />

seiscentos e sesenta mil reis aseitnva como aseitou a ditn obra e a &e-Ia na forma sobredita e<br />

<strong>da</strong> planta que fioa em seu poder asina<strong>da</strong> por elle e por elles ditos Jozeph de Coimbra e Andrade<br />

e seu filho e por min tabelliãn geral com to<strong>da</strong> a prefeição no dito tempo assima declara<strong>do</strong> e obrigava<br />

como obrigou sua pesoa e to<strong>do</strong>s seos bens moveis e de rais avi<strong>do</strong>s e per aver e tersio de<br />

sua alma que tu<strong>do</strong> expresamente hipotecou sob penna que passa<strong>do</strong> o dito tempo e n5o <strong>da</strong>n<strong>do</strong> n<br />

dita obra feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> de pagar de penna comvencional para o dito Santo sem mil reis<br />

com to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos que por este respeito receber e per tu<strong>do</strong> e ca<strong>da</strong> couza se obrigava<br />

a responder perante as justiças desta ci<strong>da</strong>de assim ecleziasticas como seeullares e perante outras<br />

coaesquer que o deman<strong>da</strong>r quizerem renuncian<strong>do</strong> como logo renunciou to<strong>da</strong>s as de seu foio e<br />

quaesquer ferias, leis e privellegios de que se possa êju<strong>da</strong>r e se <strong>da</strong>va camo deu como per emiregue<br />

<strong>do</strong>s ditos duzentos e quarenta mil reis e a elles ditos D D. zella<strong>do</strong>res e thezoureiro Gerd<strong>do</strong><br />

Pereira por quites e livres delles deste dia per sempre e por elles ditos D D zella<strong>do</strong>res e<br />

thezoureiro foi drto que comprin<strong>do</strong> elle dito mestre com a satisfapão <strong>da</strong> dita na forma sobredita<br />

se obngavão a lhe satisfazer e por buscar os ditos seiscentos e senta [sic] mil reis presso <strong>da</strong> dita<br />

obra ao que obngavão suas pessoas e bens sob as pennas a m que huns e outros requererão a<br />

elles leva<strong>do</strong>s ou náo tu<strong>do</strong> valha como nesta se comtem e declararão asim elles ditos Jozeph de<br />

Coimbra Andrade e seu filho e elles ditos D. D. Provizor e Diogo Borges Pacheoo que suposto<br />

estava a obra no lanço de seiscentos e sesenta mil reis per Jozeph Moreira ouverZo per bem <strong>da</strong>-<br />

-Ia a elle dito Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva por este ter feito a planta e não se lhe ter paga, por<br />

elle dito mestre Manoel Femandez debaixo <strong>do</strong> mesmo presso <strong>do</strong>s seiscentos e sesenta mil reis<br />

se <strong>da</strong>r per satisfeiIo <strong>do</strong> presso <strong>da</strong> dita obra e planta e hum e outros assim o diserão e outorgarão


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

e asertarõo de pane a parte e man<strong>da</strong>rlo fazer o prezente instromento nesta nota, delle <strong>da</strong>r<br />

hum e muitos e os que compnr e eu tabeliam geral como pesoa publica estipullanie he asei-<br />

tante tu<strong>do</strong> estepullei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que toca e toqvar pode estan<strong>do</strong> a tu-<br />

<strong>do</strong> prezenies per testemunhas 1050 Pereira fam.liar delle dito D Dibgo Borges Pacheco e Afon-<br />

so Tello familliar <strong>do</strong> dito D. Pmvesur Francisco de Torres que to<strong>do</strong>s aqui minarão. E eu Anto-<br />

nio Lobo Veigas tabeliam geral o escrevi e declararao elles ditos Jozeph de Coimbra e Andrade<br />

e seu filho Lourenço lozeph de Coimbra que se obngaváo somente per suas pesoas e bens a <strong>da</strong>-<br />

rem e satisfazerem o pressa desta obra a elle dito Manoel Femandes <strong>da</strong>s esmollas que se dão e<br />

váo <strong>da</strong>n<strong>do</strong> para o dito Santo e onde as ditas esmollas não chegarem se obngaváo a satesfnzer o<br />

dinheiro que fiiltar por sua conta e asim o declararão e aseitanio. Testemunhas as sobteditas so-<br />

bredito o escrevi.<br />

D.or Francisco deTorres IDiogo Borges Pachecv I Joseph de Coimbra 1 Lourenço Jozeph decoim-<br />

bra / Ginl<strong>do</strong> Pereira I Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva / João Pereira 1 Affonço Tellon<br />

Doc. n. 9<br />

1706, Julho, 02<br />

Com<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Hospital de S. João Marcos<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" sêrie, n. 517, tis. 116-117.<br />

acontrato <strong>da</strong> obra <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Hospital de SBo Marcos <strong>da</strong> Cnza <strong>da</strong> Santa Mese-<br />

neordia com Manoel Fmmdez <strong>da</strong> Silva, arqueteto<br />

Em nome de Deos amen. Salbão quantos este publico instromento de contrato de obra e obrigação<br />

virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Noso Senhor lezus Chnsto de mil setecentos e seis<br />

anos aos <strong>do</strong>is dias <strong>do</strong> mes de Julho <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga na Menza <strong>da</strong> Santa Meze<br />

ricordia della ah1 ppcrante mim tabeliam geral e testemunhas ao deante asena<strong>da</strong>s aparecerão prezentes<br />

o Reveren<strong>do</strong> Bento Canralbo <strong>da</strong> Silva, Prove<strong>do</strong>r delta Santa Cnza e os mais irmãos <strong>do</strong> ser-<br />

VISO dz Menza della abaixo asena<strong>do</strong>s de huma parte e <strong>da</strong> outra Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva arqueteto<br />

desta ci<strong>da</strong>de c logo pello dito Reveren<strong>do</strong> Prove<strong>do</strong>r he os irmãos <strong>da</strong> Meza foi dito que<br />

estavão contrata<strong>do</strong>s com elle dito Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva arquiteto delle fazer no Hospital<br />

de São Marcos hum corre<strong>do</strong>r contenuan<strong>do</strong> <strong>do</strong> canto fronreiro ao cmzeiro entran<strong>do</strong> pdlas cazas<br />

<strong>do</strong> pasem I?] the o quintal dellas com hum arquo e mea<strong>da</strong> parede de rosto a quingesta que vem<br />

<strong>do</strong> Campo de São Tia@ com altura de vinte palmos e outros vinte de largo feito o dito quo o qulo digo [sic] feito o dito arquo esco<strong>da</strong><strong>do</strong> e abati<strong>do</strong> como n dita fronteira <strong>do</strong> dito hospital e<br />

sua jenella rasga<strong>da</strong> no fim <strong>do</strong> dito corre<strong>do</strong>r sobre o varal e varsa [?I que ha-de fazer livre <strong>do</strong> quintal<br />

<strong>da</strong>s ditas cazas e com quatro frestas <strong>do</strong> mesmo tamanho <strong>da</strong>s que tem o dito <strong>do</strong>rmetorio para<br />

a parte <strong>da</strong>s cazas <strong>do</strong> Macha<strong>do</strong> e feitas <strong>do</strong> mesmo feitio e lhe d6 elle dito Reven<strong>do</strong> [sic] Prove<strong>do</strong>r<br />

e mais Irmãos <strong>da</strong> Menza por ca<strong>da</strong> brau de parede de alvenaria de pedra e bmo de coatro<br />

palmos no aliserce e tres <strong>da</strong>hi para sima sen<strong>do</strong> a braza de sem palmos coadros per face <strong>do</strong>is mil<br />

reis medi<strong>do</strong>s por huma face e por cadn hum paimo coadro per faceramentos esc~<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong>s arestas<br />

a sesenta reis medin<strong>do</strong>-se tambem os pilares como os mesmos para muitos [ ] n dita medrçâo<br />

he fara a dita jenella rasga<strong>da</strong> com sua saca<strong>da</strong> de altura de des palmos e sinio de largo com<br />

sua saca<strong>da</strong> de <strong>do</strong>is palmos e meio posta e asenta<strong>da</strong> por sete mil reis e tu<strong>do</strong> elle dito mestre fara<br />

a sua custa e o acressento feito e acava<strong>do</strong> pello dito preso sem se lhe <strong>da</strong>r eouza alguma <strong>do</strong> que<br />

a cal e saibro que for nceesann para ssentar a escoadria e fara a obra de alvenana a sua custa<br />

e pellas frestas feitas na forma atras declara<strong>da</strong> se lhe <strong>da</strong>ra a sinmenta reis por ca<strong>da</strong> palmo a qual<br />

obra prinsipiaro e por conta della se lhe dão ao fazer desta cem mil reis e o maes dinheiro que


emportar a dita obra se lho hira <strong>da</strong>n<strong>do</strong> asi como for corren<strong>do</strong> com a obra feita e que sen<strong>do</strong> cazo<br />

que aja algum embaraso por <strong>do</strong>nde a dita obra deixe de fazer e contenuar e se lhe pagara o que<br />

estiver fato nella ou abrir digo [sio] ou gasf0 que tenha feito em abrir os ditos aleserces to-<br />

mara o demaes dinheiro que elle dito mestre arqueteto Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva faz <strong>do</strong> quan-<br />

to a dita forma e pellos ditos preços asma declara<strong>do</strong>s se obrigava a fazer a dita obra e logo ao<br />

fazer desta em minha prezença e <strong>da</strong>s di$s testemunhas João Pereira de Araujo, thezoureiro des-<br />

ta Caza deu e emtregou a elle dito mestre arqueteto por conta <strong>da</strong> dita obra can mil reis em dl-<br />

nheiro de conta<strong>do</strong> que elle contou e recebeo em si e deles se deu e ouve por entregue he salis-<br />

feito e o levara em wnta na dita obra depois de feita e aeava<strong>da</strong> na dita forma no que ella mon-<br />

tar e a fazer a dita obra na dita forma e pellos ditos presos dito elle dito mestre que obrigava<br />

como obrigou sua pesoa e to<strong>do</strong>s os seus bens prpsentes e futums com o terso de sua alma que<br />

tu<strong>do</strong> expresamente hipotecava sob penna de pagar a esta Santa Caza e Hospital to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s<br />

e <strong>da</strong>nos que por ese respeito receber e huns e outros asi o dicerão e outorgará0 e aceitafio de<br />

parte a parte e man<strong>da</strong>rão fazer o prezente instromento nesta nota e della <strong>da</strong>r hum e muitos e os<br />

que compnr e eu tabeliam geral como pesoa publica estepulante e nseitante a estepulei e asei-<br />

tei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas que toca e tocar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhas Do-<br />

mingos de Oliveira, <strong>da</strong> Rua de São Marcos e Sim& <strong>da</strong> Cunha <strong>do</strong> serviço desta Santa Caza que<br />

to<strong>do</strong>s aqui asinarão e eu Adnão Lobo Veigas o escrevi. E declarou elle Reveren<strong>do</strong> Prove<strong>do</strong>r e<br />

maes irmãos <strong>da</strong> Menza que <strong>do</strong> custo <strong>da</strong> dita obra sera por conta <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s <strong>do</strong> dito Hospital e<br />

para a mesma lhe dão para princrpio delln ao dito Hospital sem mil reis atras declara<strong>do</strong>s. Teste-<br />

munhas as sobreditas sobredito o escrevi<br />

Prove<strong>do</strong>r Bento de Cncvalho <strong>da</strong> Silva 1 Theo<strong>do</strong>zio Barboza de Almei<strong>da</strong> I Miguel Correa de ta-<br />

cer<strong>da</strong> l Duarte Mendes de Vaswnceloz l João Lopes <strong>da</strong> Silva I João Pinheiro l João Barboza<br />

Porta Nova / João Pereira de hujo 1 Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva /Domingos de Oliveira I Si-<br />

mão <strong>da</strong> Cunha*.<br />

Doc. n. 10<br />

1707, Setembro, 24<br />

Capela de São Geral<strong>do</strong> <strong>da</strong> S6 de Braga.<br />

A.D.B. - Nota Cerai, 1" série, n. 522, fls. 69-70v.<br />

-Contrato <strong>da</strong> obra de pedraria <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong> sita na Santa See desta ei-<br />

<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Manoel Pinheiro Ramos com Manoel Fernnndez <strong>da</strong><br />

Silva, mestre de pedraria.<br />

Em nome de Deos amen. SnibHo quantos este publiw instromento de contrato de obra de pedra-<br />

ria e obngeção vvirem que no nnno <strong>do</strong> nascimento de Noso Senhor Jezus Cristo de mil sete<br />

centos e sete annos aos vinte e quatro dias <strong>do</strong> mes de Setembro <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Bra-<br />

ga na Rua <strong>do</strong> Forno della e cazas <strong>da</strong> mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Manoel Pinheiro Ramos.<br />

Dezembarga<strong>do</strong>r na Relaçam desta Corte ahi perante min tabeliam geral e testemunhos abzentes<br />

nomea<strong>da</strong>s aparece0 prezente de huma parte o dito Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Manoel Pinheiro Ramos e<br />

<strong>da</strong> outra Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre arqueteto de pedrnna mora<strong>do</strong>r nas quingostag de San-<br />

ta Anna desta ci<strong>da</strong>de pesoas per min reconheci<strong>da</strong>s e por elle dito Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor foi dito que<br />

por ordem que tinha <strong>do</strong> Illustrissimo Senhor D. Rodrigo de Moura Telles, Arcebispo Pnmas<br />

desta Cone estava contrata<strong>do</strong> com elle d~to Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva de elle fazer a obra <strong>da</strong><br />

capela de São Geral<strong>do</strong> sita nos clauslros <strong>da</strong> Santa See de8h ci<strong>da</strong>de na forma e maneira que o dito<br />

Illustrissuno Senhor tinha ordena<strong>do</strong> na maneira seguinte: que elle dito mestre arara a telha <strong>do</strong> te-


MANUEL PERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

lha<strong>do</strong> <strong>da</strong> dita c9peIa sem <strong>da</strong>no nem prejuizo <strong>da</strong> telha como tambem o azelejo <strong>da</strong> dita capela na<br />

melhoi fom que ser pudesse e lançara a parede <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>da</strong> d~ta capela <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Hepistola<br />

athe os seos des [sicl athe fun<strong>da</strong>mentos fumes a<strong>do</strong>nde prencipiara os alecerses <strong>da</strong> nova parede<br />

de oito palmos de grosso athc a sopmfiso ds terra e &i para sima continuara a dita parede de<br />

seis palmos de grosso de alvenarh boa bem feita tu<strong>do</strong> na forma de huma planta e prefil que elle<br />

dito Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor para esse efeito fes que o dito Illustnssimu Senhor aprovou e na altura<br />

que o dito prefil pelia parte intenor mQsw o kzo para madeira sera de pedra na forma <strong>da</strong> arte<br />

<strong>da</strong> ordem <strong>do</strong>rica e sobre elle fara huma abobe<strong>da</strong> de tijollo em bolta prefeita que ter5 de grusora<br />

o telollo hum palmo e hum quarto de palmo acompnnha<strong>do</strong> pella pme extenor com as paredes<br />

athe a altura necessaria em que bem asente o teiha<strong>do</strong> sobre a dita abobe<strong>da</strong> que para isso entu-<br />

Ihara elle dito mestre tanto w cume como nos tetos para se puder asentar a telha em argamassa<br />

e sobre as paredes <strong>da</strong> parte extenor fnra tambem hum frixo comixes e alquitraves <strong>da</strong> ordem toscana<br />

nos lugares que ficar50 Iihres e pacentes a vista e que ouw la<strong>do</strong> <strong>da</strong> parede <strong>da</strong> parte <strong>do</strong> Evangeho<br />

rompera para nella fIza as mesma conrespondensias <strong>do</strong> outro in<strong>do</strong> pelo dito prefil fazen<strong>do</strong><br />

as frestas athe meia parede e o portal entra<strong>da</strong> [sicl a parede pera por elle auer serventia para<br />

a capela <strong>do</strong> Senhor D Gonçalo Pereira e com o feitio <strong>da</strong> mesma sorte <strong>do</strong> <strong>do</strong> outm la<strong>do</strong> e que<br />

sen<strong>do</strong> duns paredes de huma e outra capela juntas as rompem elle dito mestre juntoirara huma<br />

com outra o que for necessano para que fiquem ambas em hum corpo capas de sustentar o acresimo<br />

oue ha-de fazer e oezo <strong>da</strong> abobe<strong>da</strong> na fma dita e oue tambem sen<strong>do</strong> necessario fara elle<br />

dito mestre hum arco fora <strong>da</strong> parte prencipal <strong>da</strong> dita capela junto a poita travessa <strong>da</strong> See desta<br />

pane que virara para a parte <strong>da</strong> capela de Santo Antonio para sobre elle se fazer o fronteespissio<br />

desta capela e ficar abaxo della des a porta principal <strong>da</strong> dlta capela athe o arco e no fronte=pissio<br />

lhe metera os aliceses que necessarios forem e sobre a porta prenupal <strong>da</strong> dita capela fara<br />

duns hebunas largas e altas para que por ellas se veja <strong>do</strong> coro para a capela as quais serüo de<br />

escoadria lavra<strong>da</strong>s de esco<strong>da</strong> como tambem serão to<strong>da</strong>s as mais que mostráo a dita planta e prefis<br />

E tambem fara elle dito mestre o outao <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> pane <strong>do</strong> altar maior na maneira seguinte:<br />

sera desfeito athe a altura <strong>do</strong> pavimento <strong>da</strong> tribuna em rezão de des a dita almra estar ~ahin<strong>do</strong><br />

para a parte de fora e tornara a fozcr de novo des o dito lugar athe a altura <strong>da</strong>s mors paredes<br />

e abobe<strong>da</strong> mm sua cornixe e frizo na forma atras declara<strong>do</strong> com suas ezas no meio e piradimes<br />

nos cantos e nesta Darede fam des o navimemo <strong>da</strong> trebuna hum arco <strong>da</strong> lareura <strong>da</strong> mesma<br />

trebuna <strong>da</strong> grosura <strong>da</strong> parede com hum prepianho pelas costas de hum palmo de grosso e fara<br />

tambem elle tambem dito mestre huma esca<strong>da</strong> para servenua <strong>da</strong> hebuna em o lugar e forma que<br />

elle dito Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor lhe declarar como tambem fara outra esca<strong>da</strong> elle dito mestre para servenha<br />

<strong>do</strong> com que tera sua entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> serventia <strong>da</strong> mesma ao digo [src] swentia <strong>da</strong> samdurstia<br />

<strong>da</strong> mesma capela e sera em caracol e meti<strong>do</strong> na grosura <strong>da</strong> parede <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>da</strong> capela o que<br />

puder ser e ouw fonna suhirn athe venaer a capela de Santo Antonio e della para sima hirn na<br />

milhor fonna que se puder para se entrar no dito coro com segurança della e <strong>da</strong> dita obra a que<br />

tu<strong>do</strong> elle dno mestre dnrn prefeito e acaba<strong>do</strong> com a qual e saibro por sua conta e tijollo <strong>da</strong> abobe<strong>da</strong><br />

e tu<strong>do</strong> mais necessano para se fazer a dita obra excepto as grades de feno que forem necessurras<br />

que essas ser80 por conta delle dito Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor e que pari asrm lhe fazer a dita obra<br />

na sobredita forma Ibe <strong>da</strong>ra por ca<strong>da</strong> brassa de alvenaria de sem palmos por fasses e seis de grosso<br />

de paredes seis mil e setecentos e sincoenta reis e por ca<strong>da</strong> hum palmo lavra<strong>do</strong> lizo smcoenta<br />

reis que fas cn<strong>da</strong> brassa sinco mil reis e para os corretos de ca<strong>da</strong> huma brassn mil e trezentos<br />

e sincoenta reis que faz soma ca<strong>da</strong> huma brassa destas #eis mil e trezentos e sincoenta reis<br />

e por ca<strong>da</strong> brassa de alquitrave a refendimentos medi<strong>do</strong>s altos e baixos oito mil e trezentoi e sincoenta<br />

e por ca<strong>da</strong> brassa de carnigem de sem palmos medidps altos e baixos onze mil e traentos<br />

e sincoenta e por ca<strong>da</strong> brassa de lagia<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> em coadm de tgdvs a sete mil e setecentos<br />

e sesenta reis e por ca<strong>da</strong> brassa de cem palmos de degrãos medi<strong>do</strong>s para muitos abrasam L?] seis


mil e setecentos e sesenm reis e por ca<strong>da</strong> brassa de abobe<strong>da</strong> de tijollo a sinco mil e quinhentos<br />

reis e que aven<strong>do</strong> paredes mais delega<strong>da</strong>s ou mais grossas <strong>do</strong> sobredito se paggaiáo a respeito <strong>do</strong><br />

presso declara<strong>do</strong> por ca<strong>da</strong> e que to<strong>da</strong> a argamassa <strong>da</strong>s paredes Cara elle dito mestre com hiuna<br />

parte de cal e tres de saibro e que a argamassa <strong>da</strong>s eesadnas sera de huma parte de cal e duas<br />

de saibro e argamassa <strong>da</strong> abobe<strong>da</strong> sera huma parte de cal e outra de saibro e outrn de area e que<br />

t6<strong>da</strong> a pedra velha que sahir na dita obra sfxa para elle dito mestre se aproveitar della pello trabalho<br />

de as desfazer e t ~rx o zelejo e telha<strong>do</strong> e abrir aiiceises e lansar os entollos fora e emm-<br />

Ihar a balaba de entulho onde for necessnrio que onde fez de argamassa e pedrn se lhe pagara<br />

pelos pressos <strong>da</strong>s paredes com declaraçáo que tambem lhe <strong>da</strong> elle d~to Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor a elle<br />

dito mestre a pedra <strong>da</strong> fronteira e a <strong>da</strong>s costas <strong>da</strong> capelln para fazer o arco della e piepianho<br />

atras declara<strong>do</strong> tosco sem por eUe se lhe <strong>da</strong>r na<strong>da</strong> mais que o presso <strong>da</strong> paiede conforme a sua<br />

grosura e para medição <strong>da</strong>s alvenarias se mediáo os vXos per cheos e por elle dito mestre Manoel<br />

Femandez <strong>da</strong> Silva foi dito que na dita forma aseitava fazer a dita obra na forma atras declaia<strong>da</strong><br />

e pellos ditos pressos e quantias atras ditas e a fazer na sobredita forma feia bem feita, prefeim<br />

e acaba<strong>da</strong> na sobredita forma obngava sua pesoa e to<strong>do</strong>s seos bens moveis e de rais avi<strong>do</strong>s e per<br />

aver e terço de sua aima que tu<strong>do</strong> expressamente hipotecava sob penna de pagar de penna em<br />

nome delle a elle dito Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos que por esse respeito receber<br />

e renunsiava quaisquer ferias, leis e privilegio$ de que se possa aju<strong>da</strong>r e por elle dito Reveren<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>utor foi dito que comprin<strong>do</strong> elle dito mestre com tu<strong>do</strong> o atras dito obngava sua pesoa e bens<br />

e ren<strong>da</strong>s a lhe pagar tu<strong>do</strong> a presso que se lhe montar na dita obra a lhe fazer os pagamentos della<br />

conforme a brevidnde e tnvalho que elle dito mestre per si e seus officiaes travalharem nella sob<br />

pennas atras que hum e outro requererio e ellai leva<strong>do</strong>s ou náo tu<strong>do</strong> valha como nesta se contem<br />

a hum e outio asim o diseráo e outorgarno e asertarão de parte a parte e mandnram faze,<br />

o presente instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que compnr e eu tabelião geral como pesoa<br />

publica e estepulante e aseitante tu<strong>do</strong> esupullei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que tocar<br />

pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezente por testemunhas Antonio Labo Ve~gas, <strong>da</strong> Cruz <strong>da</strong> Pedra e João<br />

Lopes <strong>da</strong> Silva, merca<strong>do</strong>r e mora<strong>do</strong>r na Rua <strong>do</strong> Souto desta ci<strong>da</strong>de que to<strong>do</strong>s aqui asmar%o e eu<br />

Manoel de Sousa tabaliáo geral o escrevi E declarou elle dito Reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong>utor que elle dito<br />

mestre metera logo officiaes a uavalhar na dita obia e a <strong>da</strong>ra feãa e acab<strong>da</strong> por to<strong>do</strong> o mes de<br />

Março <strong>do</strong> anno que vem de mil setecentos e oito sob penna que nüo a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> feita athe o dito<br />

tempo perdera <strong>do</strong>s pressos della sincoenta mil reis de penna convenstonal e por elle dito mestre<br />

foi dito que tu<strong>do</strong> asim aseitava e na sobrediu forma se obrigava a faze-Ia feita e acaba<strong>da</strong><br />

athe o dito tempo e asim a declararão e tomarto aseitar e eu tabeliam geral a escrevi e estipulei<br />

e aseitei Testemunhas as sobreditas sobiedito o escrevi<br />

Manoel Pinheiro Ramos I Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva I Antonio Lobo Veigas 1 João Lopes <strong>da</strong><br />

Silva*<br />

Doc. n. 11<br />

1707, Novembro, 26<br />

Capela de S. Martinho de Dume e casa junto <strong>da</strong> sacristia, <strong>da</strong> Sé.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 523, fls. 8-9.<br />

#Contrato de obra de pedrama <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Bento Masiel, Fabnqueiro com Ma-<br />

noel Fernandez <strong>da</strong> Silva. pedreiro.<br />

Em nome de Deos amen Saibão quantos este publico instromento de contrato de obra de pedia-<br />

nn e obngaçto virem que no anno <strong>do</strong> nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil sete-


MANUEL PERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

çentas e sete annos aos vinte e seis dias <strong>do</strong> mes de Novembro <strong>do</strong> ditto anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga<br />

no Terreiro <strong>da</strong> Prassn <strong>do</strong> Pão della e cazas <strong>do</strong> cartono deste oficio ahi perante min tabeliam<br />

geral e testemunhas ao diante nomea<strong>da</strong>s apareceram prezentes de huma parte o Reveren<strong>do</strong> Mas-<br />

siel Conego Prebends<strong>do</strong> na Santa See Primasial desta dita ci<strong>da</strong>de adememstra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Fabrica della<br />

mom<strong>do</strong>r na Rua de São Miguel o Anjo e <strong>da</strong> outra Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva mestre arquetecto<br />

de pedrana mora<strong>do</strong>r nas quingostas de Santa Anna desta ci<strong>da</strong>de pessoas per mtm reconhesi<strong>da</strong>s<br />

e por elle Reveren<strong>do</strong> Conigo Fabriqueitu foi dito que elle estava contrata<strong>do</strong> com elle dito mes-<br />

tre Manoel Fernandes <strong>da</strong> Silva delle lhe fazer a obra <strong>da</strong> caza junto a samchristia <strong>da</strong> Santa See<br />

desta ci<strong>da</strong>de como tambem a obra <strong>da</strong> capela de Sam Martinho sita na dita Santa See na maneira<br />

seguinte a saber: que elle dito mestre fara huma caza junto a nova que anga acaban<strong>do</strong> para os<br />

despejos <strong>da</strong> Fabrica que continuara des o cunhal que esta feito para as cazas <strong>do</strong> Sargento Ma~or<br />

. .<br />

Alexandre de Paiva fasean<strong>do</strong> oella oarte <strong>da</strong> Rua a outra e samchristia aaie o cunhal aue sera man-<br />

gular para <strong>da</strong> outra parte faxear com a samchmsha <strong>do</strong> Senhor; as paredes fun<strong>da</strong><strong>da</strong>s em firmeza<br />

com sete palmos de grossa athe d pavimentg <strong>da</strong> caza que sera <strong>do</strong>m palmos abauo <strong>da</strong> calsa<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

Rua <strong>do</strong> tal pavimento para sima terão a mesma cornixa que a outra, tera esta caza oito frestas<br />

a saber em baixo quatro duas para ca<strong>da</strong> huma fasea <strong>da</strong> Rua Coubras coatro em sima na mesma<br />

conrespondensia e nellas asentarn as grades de ferro por sua conta as quais lhe tiam elle dito Reveren<strong>do</strong><br />

Fabriqueito; ser80 as paudes [sic] por fora lavra<strong>da</strong>s as fia<strong>da</strong>s na mesma foima que a samchristia<br />

e cnza. sera esta caza de abobe<strong>da</strong> em baixo e em sima de tqollo na mesma forma que<br />

as <strong>da</strong> outra caza que an<strong>da</strong> acaban<strong>do</strong> e fara esta obra to<strong>da</strong> prefefta e acaba<strong>da</strong> pelos mesmos presos<br />

em ca<strong>da</strong> couza semelhantes a que elle mestre fas em a capela de S. Gerai<strong>do</strong> que wnstão de huma<br />

escnptura feita neste officio com declmpZo que enteirarn elle mestre nesta obra a que falta fazer<br />

uara o coneato <strong>da</strong> outra obro aue fes com elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabriaueiro e tu<strong>do</strong> o mais lhe sera<br />

pago e sahsieito pela escripmra que elle mestre fes a Sua Illushissima <strong>da</strong> dita abra de S Geral<strong>do</strong><br />

e na mesma forma <strong>da</strong>ra os metenais por sua conta para o que lhe <strong>da</strong>ra elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabnqueim<br />

o dinheiro para ella digo [sicl o dinheiro para a mnttnuaçáo <strong>da</strong> dita obra quan<strong>do</strong> elle mestre<br />

lho pedir e tambem lhe fara elle dito mestre a capela de S. Maninho sita na dita Santa See<br />

de novo na mesma fama e tamanho que a <strong>do</strong> Santisimo Sacramento <strong>da</strong> mesma See excepto no<br />

sompnmento que nSo sera mais <strong>do</strong> que o que pode ter a capela <strong>do</strong> Santisimo Sacramento digo<br />

[sic] <strong>da</strong> Santisima Tnn<strong>da</strong>de na mesma See por respeito <strong>da</strong> poria <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Senhor e com a<br />

demas que a <strong>do</strong> Senhor: abobe<strong>da</strong> sera tnmbem de rompantes e to<strong>da</strong> de pedra com a declaração<br />

que deixara tu<strong>do</strong> prefeito e acabn<strong>do</strong> <strong>da</strong> cepela o que toca a pedmria na mesma forma que a <strong>do</strong><br />

Santisimo com telha<strong>do</strong>s feltos e argamassa<strong>do</strong>s em cai sobre emtuiho sem madeira aipma tu<strong>do</strong><br />

por conta delle mestre como tambem as seguranças <strong>da</strong>s mais paredes <strong>da</strong> See que bolir por respeito<br />

desta obra com declaraçáo que sen<strong>do</strong> necessario para fazer esta obra na foma sobredita fazer<br />

de novo as paredes de entremeio <strong>da</strong> capela de S. Pedro de Rates não fara eUe dito mestre<br />

por sua conta maij que metade <strong>da</strong> tal parede e outra ametade lhe pagara elle dito Reveren<strong>do</strong><br />

Fabriqueiro ou fara pagas E outrosi fara elle dtto mestre na parede fmnteira a capela sobredita<br />

duas frestas na mesma forma e tamanho que as que estão feitas defronte <strong>da</strong> capeia de S. Pedro<br />

de Rates e os telha<strong>do</strong>s que desfizer ou quebrar refara tu<strong>da</strong> par sua conta em que elle Reveren<strong>do</strong><br />

Fabriqueira lhe de na<strong>da</strong> para isso mais que o dinheiro que ajustarão que sam quinhentos mil<br />

reis por frestas e capela sobredita os quais quinhentos mil reis lhe <strong>da</strong>ra elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabnqueiro<br />

em pagamentos asoberanteú [sicl que principie a obra para comprar metenas Lhe <strong>da</strong>ra db<br />

zentas mil reis e o mais lhos <strong>da</strong>m c~nfome an<strong>da</strong>r com a obra <strong>do</strong>s quais pagamentos elle dito<br />

mestre ihe pasara recibos que valerão como quitaçois publicas e por elle dtto mestre foi dito que<br />

na dita f~ma e pelos ditos pressas ajustava as ditas obra8 declara<strong>da</strong>s e a faze-Ias na sobredita<br />

foma e com to<strong>da</strong> a brevi<strong>da</strong>de possivel feitas, perfeitas e acaba<strong>da</strong>s na sobredita forma obrigava


como obrigou sua pesoa e to<strong>do</strong>s seos bens moveis e de raiz avi<strong>do</strong>s e per aver e terços de sun<br />

alma que tu<strong>do</strong> expressamente hipotecava sob penna de lhe pagar de penna em nome della a elle<br />

dito Reveren<strong>do</strong> Fabrfqueiro to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos que por esse respeito receber e renunsiava<br />

quaisquer fenas, leis e prewlegios de que se possa aju<strong>da</strong>r e declarou elle dito meshe que o<br />

pnnc~pio desta obra <strong>da</strong> capela e Restas não sera obriga<strong>do</strong> a continuar com ella se não dipois que<br />

acabar a obra <strong>da</strong> capela de S Geral<strong>do</strong> que lhe tem man<strong>da</strong><strong>do</strong> fazer o lllustnssimo Senhor Arcebispo<br />

per respeito <strong>da</strong>s serventias estavíio toma<strong>da</strong>s com a tal obra ma que continuaria logo com a<br />

caza sobredita junto <strong>da</strong> outra que an<strong>da</strong> acaban<strong>do</strong> e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Fahi~queiro foi dito<br />

que comprin<strong>do</strong> elle dito mestre com tu<strong>do</strong> atras dito obngwa os bens e ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> dita Fabnw<br />

a lhe fazer os pagamentos <strong>da</strong>s ditas obras na forma auas declara<strong>da</strong> de huma e outra e que tambem<br />

elle dito mestre se aproveitar de to<strong>da</strong> a pedra que bensser <strong>da</strong>s ditas obras e hum e outio asim<br />

o diserto e outorga~ão e aseitarão de parte a parte e mnn<strong>da</strong>rão fazer o prezente insttomento e<br />

delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que compnr estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhas Antonio Lobo<br />

Veigas, <strong>da</strong> Cruz de Pedra e Francisco Antunes, asetentes nesta Caw que to<strong>do</strong>s aqui asinarão<br />

e eu Manoel de Souza tabeliam geral o escrevin.<br />

[DOG náo assina<strong>do</strong>]<br />

Doc. n. 12<br />

1707, Dezembro, 17<br />

Capela <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Se.<br />

A.D.B. - Nora Geml, la série, n. 523, fls. 42-42v<br />

ncontrato de obra de pedrma <strong>da</strong> capela <strong>da</strong> Sanhssima Tnn<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s officiaes <strong>da</strong> Con-<br />

fraria della com Manoel Fernandes <strong>da</strong> Stiva, mestre arquiteto<br />

Em nome de Deos amen. Saibão quantos este publico insttomento de obra de pedrana e obrigação<br />

virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil setecentos e sete<br />

annos aos dezasete dias <strong>do</strong> mes de Dezembro <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga no Terreiro <strong>da</strong><br />

Prassa <strong>do</strong> Pão della e cazas <strong>do</strong> cartorio deste offic~o ahi perante mun tabeliam geral e testemunhas<br />

ao diente nomea<strong>da</strong>s aparecerão prezentes de huma parte o Reveren<strong>do</strong> Conigo Bento Maciel,<br />

luis <strong>da</strong> Confraria <strong>da</strong> Santissima Trin<strong>da</strong>de sim na Santa See desta ci<strong>da</strong>de e mais officiaes della<br />

no diente asma<strong>do</strong>s e <strong>da</strong> ouba Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre arquiteto de pedraria moia<strong>do</strong>r<br />

nas quingostas de Santa Ana pesoas pw mim reconhesi<strong>da</strong>s e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Juis e mais<br />

oficiaes foi dito que elles estavão contrata<strong>do</strong>s com elle dito mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva<br />

de lhe fazer a obra <strong>da</strong> capella <strong>da</strong> Sanussima Trin<strong>da</strong>de sita na dita Santa See de novo na maneira<br />

seguinte: que elle dito mestre fara esta dita capelln de novo <strong>da</strong> mesma forma e tamanho e altura<br />

e largura <strong>da</strong> <strong>do</strong> Senhor <strong>da</strong> dita Santa See com o fun<strong>do</strong> que poder ser @e abobe<strong>da</strong> de rompantes<br />

de pedra com telha<strong>do</strong>s feitos, argamassa<strong>do</strong>s de cal sobre entulho sem madeira alguma e outiosi<br />

fara elle dito mestre a parede fronteira a capella sobredita duas frestas <strong>da</strong> mesma forma e tamanho<br />

que as que estão feitos defronte <strong>da</strong> capella de S Pedro de Rates e os telha<strong>do</strong>s que desfizer<br />

ou quebrar refara tu<strong>do</strong> por sua conta tu<strong>do</strong> na mesma forma e maneira <strong>da</strong> obra que ha-de fazer<br />

<strong>da</strong> capella de S. Marlinho e demais fara huma porta parn a caza <strong>da</strong> Mesa que se Dz nova com<br />

a segurança <strong>da</strong>s mais paredes <strong>da</strong> See que bolir por respeito desta obra a qual obra elle dito mestre<br />

fara por sua conta no que toca a cal e pedra e saibro, entulho e telha<strong>do</strong>s e por ella asim fnzer<br />

lhe <strong>da</strong>vio elles ditos officiaes <strong>da</strong> dita Confiaria quinhenlas mil reis os quais lhe &r%o em


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

pagamentos a saber: que principie a obra pnn. comprar metereais lhe <strong>da</strong>rão <strong>do</strong>zentos mil reis e<br />

demais lhe <strong>da</strong>rüo conforme an<strong>da</strong>r com a obra <strong>do</strong>s quais pagamentos elle dito mestre lhe pasar os<br />

recibos que valerão como quitaçois publicas a qual obra elle dito mestre prmcipiara logo e ser&<br />

obriga<strong>do</strong> a earrer com ella com to<strong>da</strong> a bnvi<strong>da</strong>de e por elle &to mestre foi dito que na dita for-<br />

ma e pelo dito preço <strong>do</strong>s ditos quinhentos mil reis osettava a dita obra <strong>da</strong> dita capela e frestas<br />

e a fare-ia na sobredita forma com to<strong>da</strong> a brevi<strong>da</strong>de possivel feita, prefeito e acaba<strong>da</strong> por sua<br />

confa obngava como obngou a sua pesoa e to<strong>do</strong>s seos bens moveis e de rais &vi<strong>da</strong>$ e por aver<br />

e ter= <strong>da</strong> sua alma que tu<strong>da</strong> expressamente hipotecava sob penna de pagar de pennn em nome<br />

della a dita Confraria e officiaes della to<strong>da</strong>s as custas e <strong>da</strong>nos que por esse respesto receberão<br />

e renunsrava quasquer leis e previlegios de que se possa aju<strong>da</strong>r e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Juis<br />

e mais ofííciaes foi dito comprin<strong>do</strong> elle dita mestre com tu<strong>do</strong> o atras drto obngavüo os bens e<br />

ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> dita Confrnria a lhe h er o pagamento <strong>da</strong> dita obra. na forma atras declara<strong>da</strong> e huns<br />

e outros asim o disergo, obrigario e aseitarão de pacte a parte e man<strong>da</strong>rão fazer o prezente ins-<br />

tromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que comprir e eu tabeliam geral como pesoa publica,<br />

esfipulante e aseitante tu<strong>do</strong> estipulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que toca e tocar po-<br />

de estsn<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhas Francisco Antunes, asistence nasta Caza e Anio-<br />

nro Lobo Veigas, <strong>da</strong> Cmz de Pedra que to<strong>do</strong>s aqui asinarão e eu Manoel de Souza tabelim geral<br />

o escrevi.<br />

Bento Manel I O Pe Bento Correa, secretario <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de1 Manoel Femandez <strong>da</strong>Silva 1 Domin-<br />

gos <strong>da</strong> Silva 1 Bernar<strong>do</strong> de Almi<strong>da</strong> Ponte 1 Ignacio Correa 1 Antonio Lobo Veigas 1 Francisco<br />

Antunesu<br />

Doc. n. 13<br />

1709, Abril, 29<br />

Acesso para a sacristia <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Santlssimo Sacramento <strong>da</strong> Sé<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" série, n. 528, fls. 80v.-81.<br />

*Contrato de obra de pedra<strong>da</strong> de nova serventia para capella e sanaestia <strong>do</strong> San-<br />

tisimo Sacramento <strong>da</strong> Santa See com Manoel <strong>da</strong> Silva, mestre de pedrana<br />

Em nome de Deos amen Sahiio quantos este publico instromento de contrato de obra de pedra-<br />

na e obngaçüo vrrem que no anno <strong>do</strong> nasrmsnto de Nosso Senhor Jezus Cristo de mil e setecen-<br />

tos e nove amos aos vinte e nove dias <strong>do</strong> mes de Abril <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Brasa na<br />

capella <strong>do</strong> S;intisstmo Sacramento <strong>da</strong> Santa See della ahi estan<strong>do</strong> juntos e Meza Diogo de Sou-<br />

sa <strong>da</strong> Sdva e o Reveren<strong>do</strong> Conigo Antonio Pais Nugueira de Mtm<strong>da</strong>, Juizes <strong>da</strong> Confraria <strong>do</strong><br />

Santrssimo Sacrnmento e mais officiaes della ao diante asena<strong>do</strong>s de huma parte e <strong>da</strong> oum Ma-<br />

noel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre arquiteto de pedraria mora<strong>do</strong>r na quingosta de Santa Anna, pe-<br />

soas Der mm reconhesi<strong>da</strong>s e oor elles ditos Juizes e mais ofkiciaes foi dito aue elles estavü.0 contra-<br />

ta<strong>do</strong>s com elle dito mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva delle lhe fazer a obra <strong>da</strong> nova serventia<br />

<strong>do</strong> Ssntisimo digo [sic] serventia pera a samcbristia e capella <strong>do</strong> Santisimo Sacramente <strong>da</strong> dita<br />

Santa See na maneira seguinte: que elle dito mestre rompera a parede que esta entre a dita aa-<br />

pella <strong>do</strong> Santisimo Sacramento e a <strong>da</strong> Santisima Tnn<strong>da</strong>de fazen<strong>do</strong>-lhe huma porta no gigante que<br />

fica entre os pilares <strong>do</strong>s aroos principais <strong>da</strong>s ditas capellas a qual porta tera de largo tres palmos<br />

e de alto o naesano para a dita serventia e <strong>da</strong> porta para dentro athe a sanciistia ficara a dita<br />

serventia de coatro palmos de largo com a altura milhor para segurança <strong>da</strong>s dites capellas e ta-<br />

pa<strong>da</strong>s as ilhargas, faces <strong>da</strong>s ditas cnpellas e servema de pedra prepianho de hum palmo de g1.o~-<br />

so que com os contra de largura <strong>da</strong> serventia famio seis que he gmsura que terão as d<strong>da</strong>s parede<br />

-


APENDICE DOCUMENTAL<br />

geral, prepianho sera feito e nelles descansarXo as aduellas <strong>do</strong> arco que se60 to<strong>da</strong>s inteiras para<br />

maior segurança <strong>da</strong>s ditas eapellas e para os prisbiteros e tirara o azulejo por sua conta e tornara<br />

asentar que fique na mesma forma em que hoje esta e lagiara a dita serventia de pedra lavra<strong>da</strong><br />

e fara sobre a porta principal desta wventia huma pedra que posta a manerra receba a tnbuna<br />

<strong>do</strong>s gigantes e fara to<strong>da</strong> esta obra de cal e pedra por sua conta, butara a entulho fora por<br />

sua conta e apetfeisoara o portal que hoje serve <strong>da</strong> dita capella para a samchnstia para que fique<br />

no mesmo luga~ para sewentia nova que ha-de fazer para coa1 obra se aproveitara elle mestre<br />

de to<strong>da</strong> a pedra que se tirar <strong>da</strong> parede <strong>do</strong>nde ha-de fazer a dita obra e eUes ditos juizes e mais<br />

officiaes man<strong>da</strong>rão tirar por sua conta a parte <strong>do</strong> retabollo que for necesario tirar-lhe para a feltona<br />

<strong>da</strong> dita obn. a qual obra elle dito mestre <strong>da</strong>ra feita, prefeito e acaba<strong>da</strong> com to<strong>da</strong> a segurança<br />

<strong>da</strong>s paredes e abboba<strong>da</strong>s des dia de Domingo <strong>do</strong> Senhor deste prezente amo athe o dia de Domingo<br />

<strong>do</strong> Anjo deste mesmo anno com declaraçxo que náo bolira nas paredes <strong>do</strong>nde se ha-de fazer<br />

athe o drto dia de Domingo <strong>do</strong> Senhor per respeito <strong>da</strong> armaçio a festa que se ha-de fazei e<br />

per digo [sie] fazer com penna de que náo a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> athe o dito tempo<br />

referi<strong>do</strong> com to<strong>da</strong> a segurança de perder a terça parte <strong>do</strong> piesso desta obra e despois della feita<br />

sera vista por <strong>do</strong>is mestres que entendáo se esta feita segura na dita forma e achan<strong>do</strong>-se algum<br />

defeito se reformara a custa delle dito mestre e por asim fazer Ihe <strong>da</strong>rá0 elles ditos Juizes<br />

setenta mil reis de suas bolças & esmolla que dão ao Senhor para a dita obra per conta <strong>do</strong>s qunis<br />

lhe <strong>da</strong>fao logo de antemáo corenta mil reis e os mnta <strong>do</strong> resto della no fim <strong>da</strong> dita obra feita<br />

e por elle dito mestre foi dito que na dita forma e pelo dito presso amas dito aseitava a dita obra<br />

e a faze-Ia bem feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> com to<strong>da</strong> a segurança <strong>da</strong>s paredes e abobedns <strong>da</strong>s ditas<br />

capellas e <strong>da</strong> ditl Santa See athe o dito tempo obrigava como abrigou sua peso& e to<strong>do</strong>s seus<br />

bens moveis e de raiz avi<strong>do</strong>s e per aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expressamente hipotecava<br />

sob penna digo [sic] sob as pennas atras que uns e outros requereráo e ellas leva<strong>do</strong>s [sic] ou não<br />

tu<strong>do</strong> valha como nesta se contem e renunsiava quaisquer fenas, leis e privelegios de que se possa<br />

aju<strong>da</strong>r e por elles ditos luizes foi dito que comprin<strong>do</strong> elle dito mestre com tu<strong>do</strong> o atras dito<br />

obngavão suas pesoas e bens a lhe pagzrem o presso <strong>da</strong> d~ta obra na forma 5tras e huns e outros<br />

asim o diseráo e outorgaráo e aseitarãu de partm a parte a man<strong>da</strong>rIio faze, o piezente instromento<br />

e delle <strong>da</strong> hum e muitos e os que comprir. E eu tabeliam geral como pesoa publica estipulante<br />

e aseitante tu<strong>do</strong> estipulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que toca e tocar pode estan<strong>do</strong><br />

a tu<strong>do</strong> piezenles por testemunhas.^<br />

[Doc. náo assina<strong>do</strong>]<br />

Doc. n. 14<br />

1710-1771<br />

Esmolas provenientes <strong>do</strong> Brasil e de Cabo Verde para obras, melhoramentos e aqui-<br />

sição de alfaias & capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão.<br />

A.1.B.J.F - Livro <strong>da</strong>s Esmollas que se dão Particulares para as obras <strong>do</strong> Senhor<br />

Bom Jezus; Livro <strong>da</strong>s Eleições <strong>do</strong>s officiaes <strong>da</strong> Irman<strong>da</strong>de <strong>do</strong> Senhor Bom Jezus<br />

de Fam e Accordáos.<br />


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

*Deu pan huns instmmentos que se iizerão sobre huma herança de Cabo Verde que se ofre-<br />

ceo para estas obras e concelhos que sobre isto se tomaràa, e dinheiro que se deu a Manoel<br />

Gomes <strong>da</strong> Crus, de Milhozes para tratar desta. herança ao m<strong>do</strong> gastou neste negocio cinco mil e<br />

seiscentos reis 5$600a LLWO <strong>da</strong>r E,smollas.. , fl 5v.<br />

.Aos 15 de Maio de 1717 anos recebeo o themureiro Manoel Feneira 98600 reis de esmola que<br />

man<strong>do</strong>u Pedro Domingues <strong>da</strong> Crux <strong>do</strong> Brazil cuja esmola dizer <strong>da</strong>va e aplicava para as ohras <strong>do</strong><br />

Bom Jezus deste lugar de Fam ..n Livro dus EsmoIlos, ti 10<br />

«Aos 20 de Agosto de 1719 enhegou Antonio Rabello deste lugar huma moe<strong>da</strong> de oum que di-<br />

ce man<strong>da</strong>va de esmolla o Reveren<strong>do</strong> Frei Angelo <strong>da</strong> Encarnação seu cunha<strong>do</strong> <strong>da</strong>s partes <strong>do</strong> Bra-<br />

zil cuja esmolla aphcou para as obras. u [4$8W reis]. Livro <strong>da</strong>r Esmollar. fl 11.<br />

NA sinto <strong>do</strong> mes de Outubro <strong>do</strong> ano de 1719 recebeo o tizoureiro Joiio Manoel Brnga sento e<br />

seis mil reis de huma esmolla que man<strong>da</strong>va dn Bahia hum João Gomes filho de outro de Geme-<br />

zes aplica<strong>do</strong> para as obras . lp Liwo <strong>da</strong>s Esmollas, fl. I I<br />

[I7191<br />

+Entregou o Reveren<strong>do</strong> Manoel de Figuetre<strong>do</strong>, vigario de Gilmonde sincoenta mil reis de es-<br />

molla para ns hobras deman<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Domingos Torres, vigano de Nossa Senhora <strong>da</strong><br />

Conce~ção de Sarapui <strong>do</strong> Rio de Janeiro ... x Livro de Esrnollar.., fl. 12<br />

«Aos 6 de Junho de 1732 annos entregou Luis João deste lugar que man<strong>do</strong>u Francisco Domingues.<br />

<strong>da</strong>s Minas por lega<strong>do</strong> que dice deixou seu innão Victoriano <strong>da</strong> Costa para as obras <strong>do</strong> Senhor<br />

Bom Jezus tnnta mil reis..,, L~vro <strong>da</strong>s Esmollm. , fl 22.<br />


APENDICE DOCUMENTAL<br />

[19 de Abnl de 17451<br />

e(..) recebo o theroureiro Manoel Rodrigues Pachem simenta digo [Sicl sincoenta e sinco<br />

mil e secenta reis que vierão de Pernambuw [. .I deixa<strong>do</strong>s pelo defunto Joze Vietra de<br />

Mello r. Lzvro <strong>da</strong>r Esmollar ... fl. 26 v.<br />

[ZO de Janeiro de 17471<br />

a(. ) se recebeo de Pemambuco a quantia liqui<strong>da</strong> de vinte mil novecentos e oitenta reis a con-<br />

ta <strong>do</strong> lega<strong>do</strong> de Costodio Pereira <strong>do</strong>s Santos faleci<strong>do</strong> no mesmo Pemambuco.. u<br />

Lzvru <strong>da</strong>s Emollas. , fls 27-27v<br />

117 de Outubro de 17491<br />

«( ...) se recebeo com cm <strong>do</strong> P. Manoel Antonro Pinto ass~stente nas Mmas a esmolla <strong>da</strong> quantia<br />

de duzentos novenia mil e cento e oitenta e sina reis que em seu testamento dcixou Simao<br />

Gonsalvez ..*. Livro <strong>da</strong>r Esmollas ., fl. 27v<br />

[I7 de Outubro de 174'31<br />

e( ..) se recebw com cana <strong>do</strong> senhor Jozeph <strong>da</strong> Fonceca Silva assistente nas Minas a quantia <strong>da</strong><br />

esmolla para as obras <strong>do</strong> Senhor Bom Jezus na sua capella procedi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s que desta Irman-<br />

<strong>da</strong>de se lhe rerneter%io para as quaes derão suas esmollas os devotos que consiam <strong>da</strong> lista que velo<br />

com a dita carta, e abati<strong>da</strong>s as despeças ordinanas recebemos a quantia liqui<strong>da</strong> de cento e qua-<br />

renta mil e quinhentos e vinte reis. *. Livm <strong>do</strong>s Esmollar ..., fl. 28.<br />

[I3 de Janeiro de 17501<br />

n(. .) foi proposto se havia man<strong>da</strong>r de fazer a obra <strong>do</strong> retabolo para o altar coteteral de Nossa<br />

Senhora <strong>da</strong>s Dores por se achar em saco dinherro de esmollas para se fazer junta huma esmolla<br />

que por vetes tem man<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong> Brazil Jozeph de Affonseca e Silva e por to<strong>do</strong>s foi ncenta<strong>do</strong> que<br />

se man<strong>da</strong>sse fazer e para esse efkito se man<strong>da</strong>rão por esenptos publicos pera se <strong>da</strong>r a dita obra;<br />

e parece0 Requial [?I e depois de vanos lanços se ajustou o fazer a obra <strong>do</strong> dito retabelo pela<br />

planta que para esse effe~to se man<strong>do</strong>u fazer a Coimbra pela quantia de duzentos setenta e cinco<br />

mil reis, <strong>da</strong>n<strong>do</strong> o dito meslre fiança e fazen<strong>do</strong> escnpmra e que se ihe <strong>da</strong>na a d1ta quantia em<br />

tres pagamentos. .n. Livro dns Eler@>es. .. fls. 30-30".<br />

[22 de Abril de 17501<br />

«( ..) recebec por via digo [sic] receba <strong>do</strong> filho de Domtngos Manoel deste lugar nssistente nas<br />

Minas de esmolla para as obras <strong>do</strong> Senhor Bom Jezus quinze mil reis .r.<br />

Livro <strong>da</strong>r Esmollas.. . fl. 28v.<br />

[4 de Outubro de 17501<br />

«Recebeo-se de vanos devotos assistentes nas Minas por via de Jozeph de Affonseca Silva e iam-<br />

bem esmolla sua a to<strong>do</strong> abati<strong>da</strong>s as despesas ordinanas (. ) cento quarenta seis míl oitocentos<br />

e cincoenta reis. D. Livro d0.s Esmollns ..., fl. 28v.<br />

[26 de Novembro de 17511<br />

nRecebeo-se na frota deste anno de 1751 <strong>da</strong> esmolla que remettw <strong>da</strong>s Mtnas Jozeph de Affon-<br />

seca Silva de si e mais devotos (. .) cento e sete mil e trezentos reis...>.<br />

Livro <strong>da</strong>< Esnrullar.. fl. S9v.<br />

«Recebo-se de huma esmolla que seman<strong>do</strong>u <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Bahia de To<strong>do</strong>s os Snntos por faleci-<br />

mento de hum sogeito (.. ) sincoenta mil reis. .*. Livm <strong>da</strong>r Esmollns. , fl. 29v


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

[4 de Abril de 17531<br />

«Recebeo-se na frota deste presente anno de 1753 de esmolla liqui<strong>da</strong> abati<strong>da</strong>s as ordinanas despem<br />

sento e tres mil trezentos e vinte s h reis por mõo <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Padre Manoel Leite,<br />

que <strong>da</strong>s Minas remete0 de esmollo para as obras <strong>do</strong> Senhor Bom Jezus, Joze de Affonsequa Silva<br />

e mais debotos que ConstZa <strong>da</strong> UsCa Jun tü...~ Livro <strong>da</strong>r Ermolia , fl 30<br />

[28 de Novembro de 17611<br />

) Seis mil e coamcentos reis de esmolla para as obras <strong>do</strong> Senhor Bom Jezus que man<strong>do</strong>u<br />

Manoel <strong>da</strong> Silva Mariz hoje falen<strong>do</strong> nos Esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Brnul. .. Livm <strong>da</strong>s Esmollns ..., ti. 30v.<br />

124 de Agosto de 17701<br />

«( .) remete0 Manoel Diaz de Carvalho deste lugar asistente nas Minas por mão de seu prwura<strong>do</strong>r<br />

João <strong>da</strong> Casta de Carvalho, <strong>da</strong> vila de Rates a esmolla de sincoenta seis mil e quatrocentos<br />

reis...». Lrvro <strong>do</strong>s Esmo1 h..., fl. 32.<br />

%Aos nove dias <strong>do</strong> mes de Abril de 1771 annos recebe0 esta Irman<strong>da</strong>de para hm lampa<strong>da</strong>rio de<br />

prata para o Senhor Bom Jezus por remessa que fez Jogo de Amonm Pereira nsistente nas Mi-<br />

nas <strong>do</strong> Ouro Preto ouatrocentos oito mil novecentas e dez reis aue tinha cobra<strong>do</strong> <strong>do</strong> testamen-<br />

teiro Manuel Jo80 Braga que a devia a twtamentana <strong>do</strong> defunto o capitZo Jozeph de Affbnceca<br />

Silva como tambem recebe0 esta Irman<strong>da</strong>de o producto de huma barra de ouro secenta e <strong>do</strong>is mil<br />

senecentos secenta e quatro reis, esmolla que deu Manoel Gonçalvez Rego tambem asistente nas<br />

Minas. remessa que fez Manoel João Braga seu sobrinho, ambos naturaez deste lugar de Fão<br />

declaran<strong>do</strong> ser para a dita obra <strong>do</strong> lampa<strong>da</strong>rio de prata a Livro de E~mollas , fl 32<br />

Doc. n. 15<br />

1712, Novembro, 26<br />

Palácio <strong>do</strong> Deáo Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva (Biscaínhos).<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 542, fls. 103-104.<br />

nContrato de obra de pedraria <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> D. Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva. Deam<br />

nesta Santa Se com Mnnoel Fernandez <strong>da</strong> Silva. mestre pedreiro desta ci<strong>da</strong>de.<br />

Em nome de Deos ame" Sabão quantos este publico instromento de contrato de obra de pedra-<br />

ria e obrigam virem que no mno <strong>do</strong> nascimento de Nosso Senhor Jezus Cbristo de mil e setecen-<br />

tos e <strong>do</strong>ze mnos aos vinte e seis dias <strong>do</strong> mes de Novembro <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga<br />

e na Rua <strong>do</strong>s Biscninhas della e cazas <strong>da</strong> mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Dom Fiancisco Pereira <strong>da</strong> Sil-<br />

va. Deam desta Santa Se Pnmasial ahi perante min tabeliam geral e testemunhas ao diante nomea-<br />

<strong>da</strong>s aoareserão orezentes de huma arte o drto Reveren<strong>do</strong> Deam e <strong>da</strong> ouw Manoel Fernandez <strong>da</strong><br />

Silva, mestre pedreira mora<strong>do</strong>r nas quengostas de Santa Anna desh mesma pesoas por mim<br />

reconheci<strong>da</strong>s e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Deam for dito que elle estava contrata<strong>do</strong> com elle dito<br />

Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva de elle lhe fazer a obra de pedraria destas suas cazas que de novo<br />

quer fazer nesta dita Rua que serão feitas na forma de hum modelo feito de papel80 que para esse<br />

efeito elle dito mestre fes que esta asina<strong>do</strong> com o sobrenome de min tabeliam geral a qual obra<br />

<strong>da</strong>s ditas Cazas fica com a fronteira para a Rua <strong>do</strong>s Biscainhos e contenua athe a fronteira de<br />

suas cazas novas que elle dito Reveren<strong>do</strong> Deam tem para a parte <strong>do</strong> quental aonde conrinusro<br />

<strong>da</strong> mesma sone e feitio que ellas estam com as lanellas e portais que elle dito Reveren<strong>do</strong> Deam


APFNDICE DOCUMENTAL<br />

ordenar ao fazer dellas com declara@o que as cazas que saZo de forma]untas as ditas duas que<br />

estam para a parte <strong>do</strong> quintal terão a mesma altura que ellas tem, que os meios serão mais altas<br />

<strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> asima o que for necessano para ficarem em vinte e seis palmos excepto as paiedes<br />

<strong>do</strong>s meios que subirão o que for necessario para lançarem as agoas fora a dita que mostra o modelo,<br />

sobre a caza <strong>do</strong> fogo sera feita na mesma forma e feitio em ta<strong>da</strong> a largura <strong>da</strong>s ditas cazas<br />

paresen<strong>do</strong> a elle Reveren<strong>do</strong> Deam que queren<strong>do</strong>-a na fonna <strong>do</strong> modello ou na forma que elle<br />

dispozer digo [sic] que elle declara sera eilc dito mestre obriga<strong>do</strong> a faze-Ia como tambem a to<strong>da</strong><br />

a demais obra a deve atender [?I a elle dito Reveren<strong>do</strong> Deam a elle dito mestre em tempo e respeito<br />

<strong>da</strong>s grossuras <strong>do</strong>s paredes sera obriga<strong>do</strong> elle dito mestre a faze-Ias nos alisesos athe o olivel<br />

<strong>da</strong> terra de sete palmos e <strong>da</strong>hi athe o sobra<strong>do</strong> quatro e <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> para slma athe receber os<br />

frachais ires e meio e <strong>do</strong>s fraxais para sima de Ves palmos e paresen<strong>do</strong> a elle dito mestre que<br />

em alguma paredes seta necessario mais gntsora para bboa segurança dellas a fora <strong>da</strong> gniswa que<br />

for necessario de maneira que fiquem bem seguras, lea<strong>da</strong>s, quntoura<strong>da</strong>s e trava<strong>da</strong>s para o que<br />

lhe <strong>da</strong>va elle dtto Reveren<strong>do</strong> Deam por ca<strong>da</strong> huma brassa de parede de trezentos palmos que he<br />

de h s palmos de grosso e des em coadro por fasses de obrar, carreta e fazer a pressa ca<strong>da</strong> huma<br />

de rn mil e sento e sincoenta reis e a cal e saibm ao pe <strong>da</strong> obra que elle dito mestre sera<br />

obriga<strong>do</strong> brasar e amasar e sen<strong>do</strong> mais grossas ou delga<strong>da</strong>s pellos pal digo [sicl pelos mesmos<br />

e apertan<strong>do</strong> a grusura de cres para se demenuir ou acresentar ao pressn conforme as grusocas que<br />

tiverem os vZos para ccheos e ca<strong>da</strong> huma dss genellas <strong>da</strong> fronteira <strong>da</strong> pane <strong>do</strong> quental na forma<br />

e tamanho <strong>da</strong>s que estam feitas lhe <strong>da</strong>ra catom mil reis como tambem para ca<strong>da</strong> huma <strong>da</strong>s mais<br />

que se fizeso <strong>da</strong> sua semelhanpa e por ca<strong>da</strong> hum portal <strong>do</strong>s de entremeio na forma <strong>do</strong>s <strong>da</strong>s cazas<br />

novas estáo feitos nove mil e seiscentos reis e pam ca<strong>da</strong> huma janella e portnis <strong>da</strong> fronte~ra<br />

<strong>da</strong> Rua na forma <strong>do</strong> piefil <strong>do</strong> modello <strong>da</strong>s cazas lhe <strong>da</strong>ro dezoito mù reis e por ca<strong>da</strong> hum palmo<br />

coadro per fase de cunhas, frisos, escacos e o mais que for Iizo excepto a esca<strong>da</strong> de cobrar<br />

fazer e criiretos a setenta e sino ws e per ca<strong>da</strong> hum palmo de cos digo [sic] palmo coadro de<br />

cornigens medi<strong>do</strong> pelos mulduras a seuto e vinte cinco reis: o mesmo pelas vazas, capiteis na forma<br />

<strong>do</strong> orefil e ver ca<strong>da</strong> hum vaimo de esca<strong>da</strong>ria orno sam arcos inhiores e mais obra que for<br />

de pico somente a sincoenta reis per ca<strong>da</strong> hum palmo coadro de alquitnve medi<strong>do</strong> pella modura<br />

a sem reis e per ca<strong>da</strong> hum palmo coadro de entahalamento <strong>da</strong>s caza de sima a sem reis e per<br />

vinte e <strong>do</strong>is degrãos para a esca<strong>da</strong> ca<strong>da</strong> hum de des palmos [ ] <strong>da</strong>s paredes e <strong>do</strong>is e meio de<br />

paceos com busel e filires e seos coartos de palmo de alto e seos paceos tambem de padieuas<br />

para ficar tu<strong>do</strong> em vjo pelo meio com seus commouis e canellas e clunas para recebesem o telha<strong>do</strong><br />

que contão des palmos de alto com a grosura necessain capiteis e vazas com seos arcos<br />

paia as receberem cento e vinte mil reis, pellas jenellas <strong>do</strong> peitoril <strong>da</strong>s oazas de sima per ca<strong>da</strong><br />

huma sete mil e quinhentos reis e as frestas que se fizerem esca<strong>da</strong>s grandes ou piquenas a palmo<br />

coadro a setmta e sina reis e as que forem de pico somente a sincoenta reis e que a pedra<br />

velha que ha no dito sitio lha <strong>da</strong> a elle dito mestre peUa desfazer e abrir os aiicerses e que sen<strong>do</strong><br />

necessario esfaquar os ditos alicerses lhe <strong>da</strong>ra elle dito Reveren<strong>do</strong> Deam as madeiras feitas para<br />

elles e quarenta mil reis para os meter e asentar em to<strong>do</strong>s os alicerses e no cazo que huns levam<br />

estaca<strong>da</strong> e outms não lhe <strong>da</strong>ra por to<strong>da</strong> a que couber comfome a cantia <strong>do</strong>s ditos corenta<br />

mil reis e outrosi lhe <strong>da</strong>ra elle dito Reveren<strong>do</strong> Deam to<strong>da</strong>s as madeiras necessarias para estra<strong>do</strong>s<br />

s sesenta mll reis para os gen<strong>da</strong>stes e que fazen<strong>da</strong>-lhe elle dito mestre esta dita obra na dita<br />

forma bem feita, preíèita e acaba<strong>da</strong> com to<strong>do</strong> o primor <strong>da</strong> arte e depois de feita vista por mesuzs<br />

que entendi0 se esta feita na dita forma se obriga O dlto Reveren<strong>do</strong> Deam por seus bens e<br />

ren<strong>da</strong>s a lhe pagar a dita obra pelos pressos atras declara<strong>do</strong>s e sera elle dito mestre obriga<strong>do</strong> a<br />

aontihuar logo com esta obra e a travalhar nella nos tempas conveniente9 para seguranga deUa<br />

que sen<strong>do</strong> necesano a elle dito mestre para continuar com ella V S lhe <strong>da</strong>ra o que for necesario


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

e <strong>do</strong> que lhe for <strong>da</strong>n<strong>do</strong> se para elle dito mestre recibo nas costas <strong>do</strong> tresla<strong>do</strong> desta que valerão<br />

como quitiçois publicas e por elle dito mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva foi dito que na dita<br />

forma e pell~ ditos pressos aeas ditos se obrigava por sua pesoa a bens a fazer a dita obra<br />

na dita foma bem feita. prefe~ta e acabadn com to<strong>do</strong> o pnmor <strong>da</strong> arte e que despois de feita sen<strong>do</strong><br />

vista por mestres que entendão della e achan<strong>do</strong>-lhe algum defeito se obrign a refazer por sua<br />

custa, e logo elle dito Reveren<strong>do</strong> Deam ao fazer desta perante mim tabeliam geral e testemunhas<br />

ao diante nomea<strong>da</strong>s deu e outorgou a elle dito mestre em principio de paga <strong>da</strong> dita obra para ell~ comesar a travalhar e cobrar pedras para ella irezcntos mil reis em dinheiro de conta<strong>do</strong> pela moe<strong>da</strong><br />

de ouro e de prata mrente neste reino que eile contou e recebeo em si e delles se deu como<br />

por bem pago, entregue, sonsfeito para a conta <strong>do</strong> presso <strong>da</strong> dita obra e a elle dito Reveren<strong>do</strong><br />

Denm por quites e livres delles diga [sicl se achou por quites e livres delles deste dia para to<strong>do</strong><br />

a sempre. E hum e outro asim o deserão e outorga rã^ e aseitarão de parte a parte e man<strong>da</strong>ião<br />

fazer o prezente instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que compni e eu hbcliam geral<br />

como pesoa publica estepulante e aseitante tw<strong>do</strong> estepulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a<br />

que toca e tocar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhos Antonio Lobo Veigas, <strong>da</strong> Cruz<br />

de Pedra e Belciuor Antunes. estu<strong>da</strong>nte pagem delle dito Reveren<strong>do</strong> Deam que to<strong>do</strong>s aqui asinarão<br />

e eu Manoel de Souza tabeliam gerai o escrevi.<br />

O Deb D Francisco Pemn <strong>da</strong> Silva I Belchior Antunes 1 Manoel Fmandez <strong>da</strong> 6ilua I Antonio<br />

Labo Veigasn<br />

Doc. n. 16<br />

1713, Julho, 30<br />

Obras diversas no transepto <strong>da</strong> Sé, la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho, tanto no interior como no<br />

exterior.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" série, n. 545, fls. 136-137.<br />

«Conhnto de obra de pednrin que fes o Reveren<strong>do</strong> Fabriqueiro <strong>da</strong> Santa See com<br />

Manoel Fernandez, mestre pedreiro<br />

Em nome de Dws ame" Saibão quantos este publico instrommto de contrato de obra de po<br />

draria e obngaso virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e sete-<br />

centos e treze annos aos tnnta dias <strong>do</strong> mes de Julho <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga no Ter-<br />

relro <strong>da</strong> Rasa <strong>do</strong> Páo della e cazas <strong>da</strong> mora<strong>da</strong> <strong>do</strong> canorio deste officio ahi perante min tabelim<br />

gerai e testemunhas ao diente nomea<strong>da</strong>s apareserão prezentes de buma parte o Reveren<strong>do</strong> Jogo<br />

Duarte <strong>do</strong>s Santos, Conigo Preben<strong>da</strong><strong>do</strong> nesta Santa See Primasial admemstm<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Fabrica deJla<br />

e <strong>da</strong> outra Manoel Fernandez, mestre pedreiro mora<strong>do</strong>r na qmngasfn de Santa Anna desta ci<strong>da</strong>de<br />

pesoas por min reconhesi<strong>da</strong>s e por elle diro Reveren<strong>do</strong> Conigo Juão Dunrte <strong>do</strong>s Santos foi dito<br />

que como adememstra<strong>do</strong>r que he <strong>da</strong> Fabrica desta dita Santa See estava contrata<strong>do</strong> com elle dito<br />

Manoel Fernnndez deUe lhe faze^ na dita Santa See a obra de pedraria <strong>da</strong> parede <strong>da</strong> porta tra-<br />

vessa della pega<strong>do</strong> a capella e altar de S Martinho na maneira seguinte a saber. hum vam em<br />

baxo de pedraria tudp de comprimento e altura e fun<strong>do</strong> como a de Santo Ouvi<strong>do</strong> com o mesmo<br />

feitio e pedra e por sima outro na mesma fonna e feitio que a <strong>do</strong> Senhor <strong>da</strong> Gonia que fes que<br />

comresponden<strong>do</strong> na mesma forma e asim mnis fara na parede <strong>da</strong> ilharga que olha para o mesmo<br />

altar de S Marunho humapona<strong>da</strong> <strong>do</strong> mesmo feiuo que a <strong>da</strong> sanchristia nova <strong>da</strong>n<strong>do</strong> por ella serven-<br />

tia para o claustro o mais larga que puder ser, fechan<strong>do</strong> nella huma nbobe<strong>da</strong> de tejollos e na &<strong>da</strong><br />

para o claustro fechara hum arco com a maior largura que puder e nas costas <strong>do</strong> vão qur com<br />

responde aos de Santo Ouvi<strong>do</strong> fura tambem hum arca para huma capelinha para Samto Antonio


AP%NDICE DOCUMENTAL<br />

com seu alm com capasr<strong>da</strong>de para nella se poder dizer missa e os cunhais desta parede por de-<br />

tras serão tambem de pedraria athe sima e asim mais fara a serventia para o alm de sima onde<br />

melhor acomo<strong>da</strong>r a obra que sera de degraos de pedra; sem mais obriga<strong>do</strong> a bom abaixo a pare-<br />

de <strong>da</strong> Rua <strong>da</strong> parte <strong>da</strong> Mizencordia e levanta-la athe a altura <strong>do</strong> com <strong>da</strong> de S. Geral<strong>do</strong> que gme-<br />

sara com a mesma cornixa velha e limpa e lhe asenma as mesmas ameias e a parede por fora<br />

sera de pedra de cantana na forma <strong>da</strong> de Sam Geral<strong>do</strong> athe sima e por dentro tosca e reboea<strong>da</strong><br />

muito bem e a pona mu<strong>da</strong>ra para o meio <strong>da</strong> dica parede e de huma e de outra parte lhe rasgara<br />

duas frestas dirta<strong>da</strong>s <strong>da</strong> altura e comprimento que a parede premitir e para esse effeito se lhe <strong>da</strong>ra<br />

as grades e para deser para a See lhe metera degraos novos os que forão necessanos e sem mais<br />

obnga<strong>do</strong> a meter hum arco de pedraria entre a dita porta <strong>da</strong> Rua e parede de S. Geral<strong>do</strong> com capa-<br />

si<strong>da</strong>de de altar para se dizer mlssa com os degraos que para subir a elle forem necessanos e to-<br />

<strong>da</strong> esta obia sera elle dito mestre a fazer por sua conta excepm a cal e grades e <strong>da</strong>-la feita e aca-<br />

ba<strong>da</strong> por to<strong>do</strong> o mes de Fevereiro proximo vin<strong>do</strong>uro <strong>do</strong> anno que vem de mil e setecentos e ca-<br />

torze sob penna que não a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> feita athe o dito dia digo [sic] tempo a perder trinta mù reis<br />

<strong>do</strong> presso della e para elle asim fazer to<strong>da</strong> a dita obra se obngwa elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabri-<br />

quero a <strong>da</strong>r-lhe por ella quinhentos e corenta mil reis e asim se obnga a <strong>da</strong>r-lhe to<strong>da</strong> a cal neces-<br />

sana para ella com declaração que se a cal para a dita obra chegar a empwtar sem mil reis lhe<br />

náo <strong>da</strong>ra elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabnqueiro mais que quinhentos mil reis e não chegan<strong>do</strong> a dita cal<br />

a emportar os ditos sem mil reis em pcesso <strong>da</strong>ra elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabriquem a dita quantia<br />

de quinhentos e corenta mil rets e lhe hua <strong>da</strong>n<strong>do</strong> por çonta delles o dinheiro que for necessa-<br />

rio p m hiso travalhan<strong>do</strong> nella & que ene dito mestre lhe <strong>da</strong>ra recibos <strong>do</strong> que for receben<strong>do</strong> nas<br />

costas <strong>do</strong> treslla<strong>do</strong> desta que vnleráo como quitaçao publica e por elle dito Manoel Fernandez <strong>da</strong><br />

Silva foi dito que na dita forma e no dito presso e quanua aseitava fazer as ditas obras e faze-<br />

-Ias na dita forma bem feitas, prefeitas e acaba<strong>da</strong>s athe o fim <strong>do</strong> dito mes de Fevereiro obrigava<br />

como obrigou sua pesoa e to<strong>do</strong>s seos bens moveis e de rais avi<strong>do</strong>s e por aver e tu<strong>do</strong> aseitava<br />

que expressamente hipotecava sob a dita penna atras e renunsiava quaisquer fenas, leis e pnvile-<br />

aos de que se possa alu<strong>da</strong> e hum e outro asim deserão e outorgarão e aceitarão de parte a parte<br />

e man<strong>da</strong>rão fazer o prezente instromento e delle <strong>da</strong>r bum e muitos e os que comprir E eu tabe-<br />

liam geral como pesoa publica. esnpulante e aseitante tu<strong>do</strong> estipulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais<br />

pesoas a que toca e tocar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhas Antonio Lobo Veigas,<br />

<strong>da</strong> Cruz <strong>da</strong> Pedra e Manoel <strong>da</strong> Costa, solicita<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s Chãos de Sima que to<strong>do</strong>s aqui asinarão e<br />

eu Manoel de Souza tabeliam geral o escrevi E de<strong>da</strong>rou elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabnqueiro que n<br />

pedra para a dita obra sera <strong>da</strong> <strong>da</strong> cali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pedra de S. Mamnho e ahi o declarou e asinarao<br />

testemunhas sobredillrs sobredito o escrevi.<br />

O Conigo Fabriquwro Joáo Duarte Santos I Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva I Manoel <strong>da</strong> Costa I An-<br />

tonio Lobo Veigasn.<br />

Doc. n. 17<br />

1713, Agosto, 19<br />

Torre lanterna <strong>do</strong> cruzeiro <strong>da</strong> Sé.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" série, n. 545, fls. 185-186<br />

nContrato de obra de pedrana <strong>da</strong> capela maior <strong>da</strong> Santa See <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Fabn-<br />

quwo com Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre pedreiro.<br />

Em nome de Deos ameu. Saibão quantos esle publico instromento de contrato de obra de pedra-<br />

na e obngação virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor lezus Chnsta de mil e sete-


MANUEL FERNANDES DA SILVA' MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

centos e treze annos aos dezanove dias <strong>do</strong> mes de Agosto <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Braga<br />

no Terreiro <strong>da</strong> Prassa <strong>do</strong> Páo della e cazas <strong>do</strong> cartorio deste officio shi peranie min tnbeliam geral<br />

e testemunhas ao diante nomea<strong>da</strong>s apareserão prezentes de huma parte o Reveren<strong>do</strong> João Dwte<br />

<strong>do</strong>s Santos, Conego Preben<strong>da</strong><strong>do</strong> nesta Snnta See Pnmasial ademenistra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Fabnca della e <strong>da</strong><br />

outra Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre de pedraria mora<strong>do</strong>r na quingosta de Santa Anna deita<br />

ci<strong>da</strong>de pesoas por mim reçonhesi<strong>da</strong>s e por elle dito Reveren<strong>do</strong> ademenistra<strong>do</strong>r foi dito que como<br />

Fabrqueiro <strong>da</strong> &ia Santa See estava contrata<strong>do</strong> com elle dlto mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong><br />

Silva em Ibe lhe [SIC] faíer a obra de pedrana <strong>do</strong> zimborio no cruzeiro <strong>da</strong> capela mar <strong>da</strong> dita<br />

Santa See na forma <strong>do</strong> risco que para esse effeito se fes que estava asna<strong>do</strong>r por elle dito mestre<br />

e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabriqueira excepto as figuras <strong>do</strong>s cantos e fnzo que ham-de ser de<br />

madeira mas per de novo digo [slcl mas per detras dellas ha-de levar seus pillares de pedrana<br />

em que háo-de emcastar as ditas figuras e to<strong>da</strong> a parede per fora e per dentro ha-de ser de emxalana<br />

lavra<strong>da</strong> e sobre a parede ha-de levar por fora tambem de pedraria sua gurneção de papo de<br />

mlla e to<strong>da</strong> esa obra ha-de <strong>da</strong>r digo [sicl obro <strong>da</strong>ra feita e acaba<strong>da</strong> athe o fim <strong>do</strong> mes de Janeiro<br />

<strong>do</strong> anno que vem de mil setecentos e catorze sob penna de perder vinte mil reis <strong>do</strong> presso<br />

della e per ella asim fazer bem feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> na forma <strong>do</strong> nsco lhe dura elle dito<br />

Reveren<strong>do</strong> ademenistra<strong>do</strong>r seiscentos e sinçoenta mil reis fiean<strong>do</strong> elle dito mestre obnga<strong>do</strong> a por<br />

tu<strong>do</strong> o necessario pare a dia obra e somente para a cal lhe <strong>da</strong>rs elle dito Reveren<strong>do</strong> ndemenistra<strong>do</strong>r<br />

de mais <strong>do</strong> dito presso quinze mil rers e asim mas Ihe <strong>da</strong>ra oito mil reis de cal e fresta que<br />

elle dito mestre d1sm se Ihe devia <strong>do</strong> tempo <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Conigo Bento Masiel, Fabnqueim que<br />

foi <strong>da</strong> dita See e tu<strong>do</strong> o mais para a &ta obra pora elle dito mestre por sua conta a que tocar<br />

a pedraria que constar de tu<strong>do</strong> e que nesta forma estava ajusta<strong>do</strong> e contrata<strong>do</strong> com elle dito mestre<br />

e por elle dito mestre Manoei Fernandez <strong>da</strong> Silva foi dito que na dita forma e pelo dito pres<br />

so e quantia atras declara<strong>da</strong> se obngnva a fazer a dita obra e n faze-Ia bem feita, prefeita e acaba<strong>da</strong><br />

athe o dito tempo atras declara<strong>da</strong> na forma <strong>do</strong> dito nsco obngava como obrigou sua pesoa<br />

e to<strong>do</strong>s seos bens moveig e de tais, abi<strong>do</strong>s e per aver e terço de sua almn que tu<strong>do</strong> expressamente<br />

hipotecava sob penna que não a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> feita e acaba<strong>da</strong> athe o dito tempo de perder <strong>do</strong> presso della<br />

os ditos vinte mil reis e de pagar a elle dito Reveren<strong>do</strong> ndemenistra<strong>do</strong>r to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos<br />

que per respeito <strong>da</strong> dita obra receba e renunsiava quaisquer fenas, leis e privilegias de que<br />

se possa aju<strong>da</strong>r e p ~ elle r dito Reveren<strong>do</strong> ademenistra<strong>do</strong>r foi dito que comprin<strong>do</strong> elle dito mestre<br />

com tu<strong>do</strong> atras dito e fazen<strong>do</strong> a dita obra na forma <strong>do</strong> dita risco bem felta, prefeita e com<br />

to<strong>da</strong> a segurança obrigava os bens e ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> dita Fabrica a lhe fazer o d~to presso atras dito sam<br />

e de pax e a lhe hir <strong>da</strong>n<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o dinheiro que for necessano para contenuar com ella <strong>do</strong> que<br />

eUe dito mestre lhe <strong>da</strong>ra iecibos nas costas desta que valerão como qu~wção publica e declamu<br />

elle dito Reveren<strong>do</strong> ademenistra<strong>do</strong>r que ii outra obra para abngar o Santo Agostinho que consta<br />

<strong>da</strong> escreptura que elle dito mestre tem feito Justa per neçessario feita pnmeim fica removi<strong>da</strong><br />

a obrigação della para dipois que elle dlfo mestre õcabar esta a puder camesar a faze-Ia dentro<br />

de ouho tanto tempo como na mesma escreptun se lhe <strong>da</strong>va que comessara a corra depois que<br />

eIle acabar esta e hum e outro asim o diserão e outorgar50 e asrnarão de parte a parte e manderão<br />

fazer o pfezente rnstrdmento e deite <strong>da</strong>r hum e muitos a que compra e eu tabeliam geral como<br />

peson publica e estepulante e aseitante tu<strong>do</strong> estepulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a<br />

que toca e tocar pode estau<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunha% Andre Pereua Soares, <strong>do</strong><br />

Campo de Santa Anna. e João <strong>da</strong> Costa Catanco [?I <strong>da</strong> Rua de S. Marcos que to<strong>do</strong>s aqui asinarao<br />

e eu Manoel de Souza tabeiiam geral o escrevi.<br />

O Conigo Fabnque~ro João Duane <strong>do</strong>s Santos / Andre Pereira Soares / Manoel FeTnandez <strong>da</strong><br />

Silva / Joáo <strong>da</strong> Costau.


Doc. n. 18<br />

1715, Maio, 31<br />

Capela de S. Sebastíão <strong>da</strong>s Carvalheiras.<br />

A.D.B. - Tabelião Público, 1' série, n. 109, fls. 136v-138.<br />


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

declaraq6es aqui declara<strong>da</strong>s e elles Rege<strong>do</strong>res tu<strong>do</strong> asim aseitarãao e obngarzo os bens e ren<strong>da</strong>s<br />

<strong>do</strong> dito Sena<strong>do</strong> <strong>da</strong> Camara a satisfazer ao dito mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva o dito preço<br />

e mais encargos na forma declara<strong>da</strong>. E declararão buns e outro que a respeito <strong>da</strong> paga <strong>do</strong> dinheim<br />

<strong>da</strong> dita obra será0 elles Rege<strong>do</strong>res obriga<strong>do</strong>s a <strong>da</strong>rem logo a terça parte <strong>do</strong>s ditos seitecentos<br />

mil reis e tanto que elle dim mestre tiver a terça parte <strong>da</strong> dita obra feita lhe <strong>da</strong>iêo elles Rege<strong>do</strong>res<br />

outra te~a parte feita digo [sicl terça parte <strong>do</strong> dito dinheiro e Ien<strong>do</strong> elle dito mestre feito<br />

duas terças partes <strong>da</strong> dita obra feita não sera obriga<strong>do</strong> a contenuar a dita obra sem que elles<br />

Rege<strong>do</strong>ms lhe consignem a ultima terça porte <strong>do</strong> dito dinheiro preqo prmcipal <strong>da</strong> dita ohra e sera<br />

obngn<strong>do</strong> o dito mestre a <strong>da</strong>r a dita obra feita athe o fim de Maio <strong>do</strong> ano que vem tal niío declararão<br />

[sic] E hnm e outros asm o dicerão e outorgarão e aseitaiáo de parte a parte e man<strong>da</strong>rão<br />

fozer o prezente instromento e eu tabelião como Nsoa publica estipulante e aseitante tu<strong>do</strong> estepule1<br />

e aseitel em nome <strong>da</strong>s mais pessoas a que toca e tocar pode sen<strong>do</strong> testemunhas prezentes<br />

Manoel Pereira. Jozeph Gomes, goar<strong>da</strong>s <strong>do</strong> dito Sena<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s asegnarão e Manoel<br />

Fandhão o esmevi. E declarar20 elles Rege<strong>do</strong>res que o segun<strong>do</strong> pagamento se fnra <strong>do</strong> dinheiro<br />

<strong>da</strong>s esmolas prometi<strong>da</strong>s. E esta foi li<strong>da</strong> e outorga<strong>da</strong> em 27 de Agosto <strong>do</strong> dito ano, sobredito<br />

o escrevi.<br />

Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silvn 1 Campos 1 Galo / Castro 1 Radngues / Manoel Pereira».<br />

Doc. n. 19<br />

1715, Julho, 3<br />

Frestas <strong>da</strong> nave central <strong>da</strong> Sê.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 554, fls. 66-66v.<br />


que tirar <strong>da</strong>s paredes e per conta <strong>do</strong> pressa desta obra lhe tem ja <strong>da</strong><strong>do</strong> elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabnqueiro<br />

vinte e oito mrl e oitocentos reis os quais elle dito mestre confisou ter ja em si recebi<strong>do</strong><br />

B qual obra swa obriga<strong>do</strong> a fazer com to<strong>da</strong> a perfeição e segurança <strong>da</strong> dita See e por elle dito<br />

mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva foi dito que na dita forma e denüa <strong>do</strong> dito tempo se obrigava<br />

n fazer a dira obra na fonna nuns declara<strong>da</strong> com to<strong>da</strong> a perfnç8o e segurança e a tu<strong>do</strong> asun comprir<br />

e satisfazer pelos pressos atras declara<strong>do</strong>s obiigava como obngou ma pesoa e to<strong>do</strong>s seos<br />

bens moveis e de raiz aui<strong>do</strong>s e per aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expressamente hipoteca<br />

sob penna que nHo a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> dentro <strong>do</strong> dito tempo de perder <strong>do</strong> dito presso<br />

della os ditos coienta mil reis e de pagar de mais a elle dito Reveren<strong>do</strong> Fabriqueiro to<strong>da</strong>s as<br />

per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos que pai esse respeito receber e renunsiavn quaisquer ferias, leis e pnvilegios de<br />

que se possa aju<strong>da</strong>r e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Fahnqueiro foi ditu que comprin<strong>do</strong> elle dito mestre<br />

com tu<strong>do</strong> o atras dito obrigava os bens e ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> dita Fabrica a ihe fazer o pagamento <strong>da</strong><br />

dita obra bem i de pax e a lhe fazer os pagamentos dellas comforme elle dito mestre correr com<br />

ella. E hum e outro asim disser30 e outorgario e ~seitaeão de parte a parte e man<strong>da</strong>r& fazer o<br />

prezente instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que oompir e eu tabeliam geral como pesoa<br />

publiça estipulante e asemnte tu<strong>do</strong> estipulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesos9 a que toca<br />

e tocar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhas Manoel <strong>da</strong> Costa, Salicita<strong>do</strong>r mora<strong>do</strong>r aqs<br />

Pene<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s Chaos e Manoel Pereira R6-za. samchristno nesta Santa See que to<strong>do</strong>s aqui asinarào<br />

e eu Manoel de Souza tnbeliam geral o escrevi E declaraçáo afirma<strong>da</strong> <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Fabriqueiro<br />

com elle dito mestre que as hrassas <strong>da</strong> wrnige <strong>da</strong> parte de dentro se entende a ca<strong>da</strong> hrassa<br />

de des palmos de compri<strong>do</strong> com sua largura e grossura pelo piesso ja foi dito e que pelos v50<br />

que sam sinco onde não v30 frestas lhe <strong>da</strong>ra pelo pasadisso <strong>da</strong> parte de fora sinco mil reis e que<br />

to<strong>da</strong> esta obra <strong>da</strong>ra elle dito mestre feita, preferta e acaba<strong>da</strong> athe o fim de Outubro primeiro vtn<strong>do</strong>um<br />

deste piezente anno e asim declarar8o testemunhns abaixo, testemunhas as sobreditas sobredito<br />

o escrevi<br />

O Conigo Fabiiqueiro João Duarte <strong>do</strong>s Santos 1 Manoel Ferneodez <strong>da</strong> Silva / Manoel Pereira Roza<br />

1 Manoel <strong>da</strong> Costan<br />

Doc. n. 20<br />

1717, Maio, 3<br />

Remate <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> capela de S. Vicente.<br />

A.DB. - Tabelião Público, Ia série, n. 42, fls. 28-29.<br />


MANUEL. FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

rem fnzer e <strong>da</strong>rem a mestre a fizesse e que por nüo acharem pesoa que com mais como<strong>do</strong> a fizesse<br />

<strong>do</strong> que o dito Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre de pedrana que a quena fazer por preso<br />

de duzentos e sincoenta mil reis em dinheiro <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe a dita Irman<strong>da</strong>de somente to<strong>da</strong> a col<br />

necessaria mhão acenta<strong>do</strong> em Meza de lhe <strong>da</strong>r a dita obra pello dito preso a quoal obra vinha<br />

a ser to<strong>da</strong> a que falta pera acabar a fronteira <strong>da</strong> dita ipqa que seria feita na forma <strong>do</strong> prefil que<br />

ao fazer desta se mostrou que vai asina<strong>do</strong> por min taüaliião e peilo dito mestre e pello Juis e escrivão<br />

<strong>da</strong> dita Irman<strong>da</strong>de com de<strong>da</strong>rassão que nos <strong>do</strong>is cantos <strong>da</strong>s ilhargas serão duas figuras na<br />

formz que de huma parte se ve no prefillo e que para a &ta obra não <strong>da</strong>rão elles oficiais <strong>da</strong> dita<br />

Irman<strong>da</strong>de matenai algum mais <strong>do</strong> que a cal necessana e juntamente to<strong>do</strong>s os mais nprestos<br />

que tem a m a que ja serviram na mais obra como tambem alguma pedra lavra<strong>da</strong> e por Iam<br />

que se acha ja junto <strong>da</strong> dita igreja que estava ja para a dita obra excepm as frestas <strong>da</strong> igreja velha<br />

o que isso reservavão para si e que feita a dita obra tornara elie dito mestre a entregar a Irman<strong>da</strong>de<br />

os aprestos que se lhe entregarem na forma em que ficarem e que nesta forma tinham a]usla<strong>do</strong><br />

com o dito mestre e por que elie tinha aceito quWÜo que <strong>do</strong> ajuste della se fizesse esniptura<br />

publica em comprimento <strong>do</strong> que por este prezente publico instromento disserto elles ditos<br />

Juis e mais úmaos <strong>da</strong> Meza <strong>da</strong> dita Irman<strong>da</strong>de que <strong>da</strong>vão como derão a dita obra na forma asma<br />

declara<strong>da</strong> e pello dito preço de duzentos e sincoenta mil reis ao dito mestre Manoel Fernandez<br />

<strong>da</strong> Silva para elle fazer na forma atras declara<strong>da</strong> e logo pello drto mestre Manoel Femandez <strong>da</strong><br />

Silva foi dito que na dita foma aceitava a &ta obra e se obrigava a fsze-Ia na forma atras decla<br />

ra<strong>da</strong> pello dito preso de duzentos e sinooenta mil rers em dinheim e mais couzas atas declara<strong>da</strong>s<br />

e que seobngava a <strong>da</strong>-Ia feita no fim <strong>do</strong> mes de Outubro primeiro vin<strong>do</strong>uro com declaração<br />

que lhe <strong>da</strong>ra a dita Irman<strong>da</strong>de logo em pnncipio <strong>da</strong> paga srncoenta mil reis para comessar a diia<br />

obra e ao &pois quarenta mil reis ca<strong>da</strong> mes athe ajustar a dita quoantia de duzentos e sincoenta<br />

mtl reis. E declararão asim os ditos ofticiais <strong>da</strong> dita Mesa <strong>da</strong> dita Irman<strong>da</strong>de como tambem o dito<br />

mestre que se elie dito mestre não desse a obra acaba<strong>da</strong> no dito tempo perderia sincoenta mil reis<br />

<strong>do</strong> preso delia e na mesma forma tambem se os officiais <strong>da</strong> dita Irman<strong>da</strong>de lhe faltarem com a<br />

cal e elle dito mestre tivesse p ~r ISSO com algum determi digo [sicl algum detrimento emcorreriso<br />

na mesma penna de sincoenta mù reis pera elle dito meme e mim o &sser%o e outorgnrâo<br />

e man<strong>da</strong>Tã0 fazer o prezente mshomento nesta nota e deile <strong>da</strong>r hum e muitos e os que compnr<br />

e eu t%ballião como pesoa publica estipullante e sseitante tu<strong>do</strong> estipullei e aceitei em nome <strong>da</strong>s<br />

mais pesou a que toca e tocar pode estan<strong>do</strong> a N<strong>do</strong> prezentespar testemunhas Domingos Gunçalves,<br />

aifaate <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong>s Chãos de Baixo desta ci<strong>da</strong>de e Paullo hup. sarralheiro mora<strong>do</strong>r atras<br />

desta eappelia de São Vicente que to<strong>do</strong>s asinarão com elles out0rgântes e eu Domingos Pereira<br />

<strong>da</strong> Costa tnbaltão que o escrevi<br />

[Seguem vbrias assinaniras entre as qunis a de Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva] r<br />

Doc. n. 21<br />

1717, Dezembro, 15<br />

Aljube de Braga.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" série, n. 566, fls. 95v-97v.<br />

*Contrato de obra <strong>do</strong> Aljube novo que fes 0 Reveren<strong>do</strong> Doutor Manoel Carneiro<br />

de Lima Vigano Geral nesta Corte Procura<strong>do</strong>r <strong>do</strong> muito Illustrisstmo Senhor Ar-<br />

cebispo Primas com Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva mestre de pedrana.<br />

Em nome de Deos amen. Saibão quantos este publico instromento de contrato de obra de pedra-<br />

ria <strong>do</strong> Aljube novo e obrigação virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor Jezns Cristo


APENDICE DOCUMENTAL<br />

de mil setecentos e dezasete annos aos quinze dias <strong>do</strong> mes de Dezembro <strong>do</strong> dito anuo nesta ci<strong>da</strong>de<br />

de Braga nos Passos Arcebispais della ahi perante min tabeliam geral e testemunhas ao<br />

diente nomea<strong>da</strong>s apareserão prezentes de huma p;rrte o Reveren<strong>do</strong> Doutor Manoel Carneiro de<br />

Lima, Dezembaga<strong>do</strong>i na Relação desta Corte Vigano Geral nella e o Duutor João Esteves de<br />

Carvalho, Procura<strong>do</strong>r Geral <strong>da</strong> Mim e Dezembarga<strong>do</strong>r na dita ci<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> outra Manoel Fernandez<br />

<strong>da</strong> Silva, mestre pedmiro mora<strong>do</strong>r Atrns de S Marcos desta dita ci<strong>da</strong>de pesoas por mm<br />

reConbecl<strong>da</strong>s e por elles ditos Reveren<strong>do</strong> Doutor Manoel Carneiro Lima e João Esteves de Carvalho<br />

foi logo aprezenta<strong>do</strong> hum escnpto <strong>do</strong> Illustrissimo Senhor Dom Rodngo de Moura Telles<br />

Arcebispo Pnmris desta Corte cujo theor delle de verbo adverbum he o seguinte: 'Na consedemçZo<br />

[ ..I <strong>da</strong> cadea <strong>do</strong> Aljube e <strong>do</strong> muito que as pesoas que estam nella ain<strong>da</strong> padiciÈo mais que<br />

como prezo6 pellns desoomi<strong>da</strong>des que exprement;?a wmos detnminn<strong>do</strong> man<strong>da</strong>r edlflwr novo AIjube<br />

no srtio ja detremina<strong>do</strong> junto a cadea <strong>do</strong> Castello para o qual ja se acha feita a planta pello<br />

Coronel Emgenheiro Manoel Pinto Villa Lobos e por que para a remataçãe <strong>da</strong> dita obra se ha-<br />

-de fazer escriptura concedemos poderes e facil~<strong>da</strong>des ao Reveren<strong>do</strong> Doutor Vigario Geral<br />

Manoel Carneim de Lima e ao Doutor Procura<strong>do</strong>r Gernl <strong>da</strong> Mitra Joáo Esteves de Carvalho para<br />

asertarem a dita escnptura e minarem e nella ajustarem as quantias com o mestre pedrem Manoel<br />

Fernandez ou com outros qunisquer que tomem a dita obra na forma <strong>da</strong> planta e apontamentos<br />

feitos pello dito Coronel com as seguranças necessanas e <strong>do</strong> dinheuo que esuver perfensente<br />

as despezas em poder <strong>do</strong> tbesoureuo dellas se man<strong>da</strong>rem <strong>da</strong>r ao dito Manoel Fernan<strong>da</strong> ou<br />

a outms mestres que tomarem a dita obra a que se ajustarem na dita esaiptura e ao que não chegar<br />

Q dinheiro <strong>da</strong>s despezas lhe man<strong>da</strong>mos satisfazer <strong>do</strong>s rendimentos <strong>da</strong> nossa Mitra e determinarem<br />

ao dito Manoel Fernan<strong>da</strong> ou outros que tomarem a dita obra <strong>do</strong> At~ube asim para que<br />

a hão-dé <strong>da</strong>r acaba<strong>da</strong> e prefeita <strong>da</strong> maneira que se posam pasnr para elles os preza que nesse<br />

tempo a forem no Aljube ou na cadm <strong>do</strong>nde esteverem Bnga, catorze de Dezembro de mil setecentos<br />

e dezasete Arcebispo Pnmas.' a que me reporto fica junto ao treslla<strong>do</strong> desta por vertude<br />

<strong>da</strong> qual deseráo elles ditos Reveren<strong>do</strong> Doutor Manoel Carneiro de Limn e João Esteves Carvalho<br />

que estavão contrata<strong>da</strong>s com eUe dito mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva de elle fazer a dita obra<br />

<strong>do</strong> Aljube novo no sitio <strong>do</strong> Terreiro <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong>s Terceiros que a Cazn serve de AlFandega a saber<br />

a fronteira <strong>do</strong> dito AIjube em sima <strong>da</strong> parede <strong>da</strong> barbacam fican<strong>do</strong> o vam <strong>do</strong> &to Aijube<br />

entre ella e o muro <strong>do</strong> dito castello na fom <strong>da</strong> planta e apontamentos que pura. esse effeito fizera<br />

o Coronel Emgenheiro ai dito Manoel Pinto Villa Lobos e <strong>da</strong> planto que fes pan a dita obra<br />

os quais apontamentos ficão os principais juntos ao treslla<strong>do</strong> desta asina<strong>do</strong>s pelos digo [sic] asina<strong>do</strong>s<br />

por elles ditos Reveren<strong>do</strong>s Dezembarga<strong>do</strong>r Geral e Procura<strong>do</strong>r Geral <strong>da</strong> Mitra e pcllo dito<br />

mestre Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva e numera<strong>do</strong>s e rubnca<strong>do</strong>s e reconhecidqs por min tabeliam<br />

geral os quais apontamentos cantem de tres adisois a saber. a principal que he <strong>da</strong> obra de pedrwa<br />

e a segun<strong>da</strong> <strong>da</strong> maderra e a outra <strong>da</strong> ferrage to<strong>da</strong>s feitas por ciensa [?I delle dir~ Coronel<br />

Emgenheiro e por elle asma<strong>do</strong>s cuja letra eu tabeliam geral rewnhen ser dm Emgenheiro o Coronel<br />

Manael Plnw Villa Lobos e que na formn <strong>da</strong> dita planta e apontamentos, gmsuras e alturas<br />

de paredes, grandeza de poucas, jenellas gnisuras de grades uecinas Isicl de ma<strong>da</strong>ras sera<br />

elle dito mestre obnga<strong>do</strong> a fazer a dita obra sem faita nem demenuição alguma de que constiio<br />

os ditos apontamentos e planta de boa pedra e madeira bem feita e segura e para dle nsim fazer<br />

a dita obra dc pedraria, madeira e ferragens, telha<strong>do</strong> e sobrn<strong>do</strong> e de tu<strong>do</strong> o mais neeessnrio<br />

excepto cal tu<strong>da</strong> na forma <strong>da</strong> planta e apontamentos se lhe <strong>da</strong>ra des mil cruza<strong>do</strong>s de dinheiro <strong>do</strong>s<br />

prews que estiver em poder <strong>do</strong> thesoureiro delles e a<strong>do</strong>nde elle não chegar se lhe satisfara pelos<br />

rendimentos dns len<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Mitra Primas na foma <strong>da</strong> escreptura <strong>do</strong> Illustnssimo Senhor Arcebispo<br />

Piimas em pagamentos conforme elle dito mme for continuan<strong>do</strong> com a dita obriga diga [sic]<br />

com a dita obra e por conta <strong>do</strong> dito presso e ajustes se lhe tmha ]a <strong>da</strong><strong>do</strong> a elle dito mestre em<br />

principio dn obra hum conto de reis que elle confesou ter arecebi<strong>do</strong> <strong>da</strong> mão <strong>do</strong> thezoureiro della


MmUEL FERNANDES DA SILVA- MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

Manoel Fernan<strong>do</strong> Pica<strong>do</strong> por ordem delle dito Dezembarga<strong>do</strong>r Vigaiio Gaal c o demais restante<br />

se lhe hira satisfazen<strong>do</strong> comfone prefaça tocar a ca<strong>da</strong> mes <strong>do</strong> tempo que ha-de <strong>da</strong>r fata a ditn<br />

obm com declaraçBo que sen<strong>do</strong> necessario fazer-lhe mais algum acresentamento alem <strong>do</strong> que se<br />

contem na dita planta e apontamentos se lhe pagara o que justamente for hvalua<strong>do</strong> que elle merese<br />

como tempão de sua Illustrissrmn man<strong>da</strong>r fazer alguma demenuição na grusura <strong>do</strong>s ferros <strong>da</strong>s<br />

grades ou em outra qualquer obra <strong>da</strong>s declara<strong>da</strong>s na planta e apontamentos se lhe faia ahitimcnco<br />

no press~ por sua justa vdla descontnn<strong>do</strong>-se-lhe <strong>do</strong> presso principal o que for abati<strong>do</strong> e para a<br />

dita obra por quanto farn elle diw mestre N<strong>do</strong> o que for necessario para ella excepto a qual que<br />

ella se lhe <strong>da</strong>ra como tamixem os ferros <strong>do</strong> Aljube uelho a qual obra ara obriga<strong>do</strong> elle dito mestre<br />

obnga<strong>do</strong> a <strong>da</strong>i feita e acaba<strong>da</strong> de tu<strong>do</strong> o necessario com a chave na miio aos de soa Illustrissima<br />

athe dia de Natal <strong>do</strong> aniw que hade vir de mil setecentos e dezoito sob peflna que não a <strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />

feita no dito tempo demmna<strong>do</strong> de perder <strong>do</strong> presso dena sem mil reis e por ca<strong>da</strong> mes que <strong>da</strong>hi<br />

em diente for faltan<strong>do</strong> sem a <strong>da</strong>r feita perdera mnta mil reis e depais de feita a dita obra w em<br />

qualquer tempo que se fara ver por mestres que o entendão se esta bem digo [sic] se estn ou vai<br />

feita na forma <strong>da</strong> dita planta e apontamentos achan<strong>do</strong>-se-lhe algum defeito o iefara elle drto mestre<br />

outra vez a sua custa e por elle dito mestre Manod Femandez <strong>da</strong> Silva fm dito que na dita<br />

foma e <strong>do</strong>s ditos apontamentos e planta se obrigava a fazer a dita obra bem feita e segura dentro<br />

<strong>do</strong> dito tempo pelos ditos des mil croza<strong>do</strong>s debaixo de to<strong>da</strong>s as clauzulas. condemns, pnnas e<br />

obngaçoins itras estcpulla<strong>da</strong>s e ao comprimento de tu<strong>do</strong> obngava como obrigou sua pes,oa e to<strong>do</strong>s<br />

seos bens moveis e de cais avr<strong>do</strong>s e per aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expiessamente hipotecava<br />

sob as pennas atras e para comprimento de tu<strong>do</strong> se sobmeua debaixo <strong>da</strong>s senteqas expieças<br />

delle dito Reveren<strong>do</strong> Doutor Vigano Gerd e mais lusuças desta ci<strong>da</strong>de e renunsiava juizo e justina<br />

e to<strong>do</strong> e quaisquer ferias, leis e previlegios de que se possa a~u<strong>da</strong>r e por elle dito Reveren<strong>do</strong><br />

Doutor Manoel digo [sic] Dezembarga<strong>do</strong>r Geral e Procura<strong>do</strong>r Geral <strong>da</strong> Miua foi dita que comprin<strong>da</strong><br />

elle dito mestre can to<strong>do</strong> o mas dito obrigava os rendimentos <strong>da</strong>s dita.. despenças e <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> Meza Pnmas a lhe fazerem o pagamento dn dita obra bom c de pax na forma auas dec1l;urr<strong>da</strong><br />

E huns e outros mim o disserfio e outorgnr%o e asettariio de parte a parte e man<strong>da</strong>ram fazer o<br />

prezcnte instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que comprir e eu tabeliam geral como pesoa<br />

publica estepuhnte e aseitanfe tu<strong>do</strong> estepulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que toca e tocar<br />

pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes poi testemunhas Antonio Lcbo Veigas, <strong>da</strong> Cruz de Pedra e o dito<br />

Cmonei Manoel Pinto Villalobos que to<strong>do</strong>s asinnráo e eu Manoel de Souza tabeliam geral o escrevi<br />

Manoel Cameiro de Lima / Jono Esteves de Carvalho / Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva / Manoel<br />

Pito de Vilalobos<br />

E declaio que o dito mestre Manoel Fernandcz <strong>da</strong> Silva ~ecebeo a planta <strong>do</strong> dita obra que vai<br />

em duas mgas de ppel em foral assina<strong>da</strong>s por elle dito Reveren<strong>do</strong> Ilezembarga<strong>do</strong>r Geral e Prove<strong>do</strong>r<br />

Geral <strong>da</strong> Mitra e p<strong>do</strong> dito Emgenhem e mestre pedreira e por mim tabeliam geral e cu mo tambem o treslla<strong>da</strong> <strong>do</strong>s apontamentos e de como os recebeo asinou aqui comigo Msnoel de<br />

Souza tabeliam geral o escrevi<br />

Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva n<br />

Doc. n. 22<br />

1718, Março, 27<br />

Capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe<br />

A.D.B. - Tabelião Pdblico, 2' série, n. 70, fls. 90-91.<br />

.Contrato de obrn <strong>da</strong> Comfraria de Nosa Senhora de Agondelupe com Manoel Femandez.<br />

Em nome de Deos amcn. Sabão quantos este publico instmmento de contrato de obra de pedra<br />

ria e obngasão virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Noso Senhor Jezus Chnsto de ml sctecen-


AFENDICE DOCUMENTAL<br />

tos e dezoito annos aos vinte e sete dias <strong>do</strong>mes de Maiso <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Bragrr<br />

c na cappella de Nosa Senhora de Agoadelupe desta ci<strong>da</strong>de ahi wtan<strong>do</strong> juntos o Juis e mais of<br />

fsiaes <strong>da</strong> dita Comiraria <strong>da</strong> mesma Senhora adiante asigna<strong>do</strong>s de huma parte e <strong>da</strong> outra Manoel<br />

Femandez <strong>da</strong> Silva. mestre de pedraria mora<strong>do</strong>r na Rua de Tras São Marcos desta ci<strong>da</strong>de to<strong>do</strong>s<br />

de mim tabeliam remnhesi<strong>do</strong>spor elles dito Suis e mais offissiaes <strong>da</strong> dita Comfrma foi dito estavi70<br />

comnata<strong>do</strong>s com o dito mestre Manoei Fernandez <strong>da</strong> Sùva de elle fazer a eaoella <strong>da</strong> dita Senha'&<br />

de novo no mesmo sitio e luga~ <strong>do</strong>nde esta situa<strong>da</strong> a cappela <strong>da</strong> Senhora se ha-de desfazer<br />

pm se fazer a que de novo o dito mestre ha-de fazer (ie to<strong>da</strong> a pedrana nesesaria na forma <strong>da</strong><br />

planta e apontamentos <strong>do</strong> nsco que se deu ao dito mestre que elles ditos offrssiais <strong>da</strong> dita C~mfiaria<br />

asignarão a quoal seia de largura de trinta e sinco palmos fora <strong>do</strong>s cascos <strong>da</strong>s cappelas pia<br />

o que lhe <strong>da</strong>rn a dita Comfrana per ca<strong>da</strong> brassa de parede que for de grosura de oito palmos a<br />

quatro mil e oitosentos rets que fazem oitosentos palmos e to<strong>da</strong> a puede que se fizer menos <strong>da</strong><br />

dita grosura <strong>do</strong>s ditos palmos se pagma ao dito mestre a brasa comfome n grosura que tiver res<br />

peitan<strong>do</strong> aos palmos que se demenuir <strong>da</strong> dita grosura a respeito <strong>do</strong> preso <strong>do</strong>s quoafro mil e oitosentos<br />

reis de sorte que &sim como demenulr a grossura <strong>da</strong> parede assim demenuini no dito preso<br />

o que a respeito de ca<strong>da</strong> palmo tocar e pella escoadna Iabra<strong>da</strong> se. <strong>da</strong>ria ao dito mesue per ca<strong>da</strong><br />

palmo Iabra<strong>do</strong> a sineocnta reis e per ca<strong>da</strong> palmo de cornige a sem reis e per ea<strong>da</strong> pdmo de alquimve<br />

a satenta rers e para to<strong>da</strong> a dita obra lhe <strong>da</strong>ra a Comfraria to<strong>da</strong> a cal ncseswia e çhegar-<br />

-lhe a esquadrra digo [sic] e chegar-lhe a pedra esquadria que o dito mestre Manoel Femndez<br />

<strong>do</strong> Silva man<strong>da</strong>r cortar ou queb~ar por sua wnta no temtono <strong>da</strong> dita cappela sen<strong>do</strong> capas para<br />

tso e <strong>da</strong> mesmn sorte tbdn a alvenaria que emquanto ouver pedra no dito terntoria a tirara nelle<br />

ou seja de pene<strong>da</strong>r ou de ouw qualquer sorte de alvenaria e n5o fara delle e a dtta eappela fa~z<br />

o dito mestre segura com bomas paredes e esquadria na altura que os oEissiais <strong>da</strong> dita Condrii~ui<br />

lhe disswem im<strong>da</strong> que seja fora de planta que se lhe deu sen<strong>do</strong> nesesaria o tal acresentamento<br />

para melhor perfeislio <strong>da</strong> dita cnppela ara tu<strong>do</strong> medi<strong>do</strong> não por elles e na sobredita forma faria<br />

o dito mestre to<strong>da</strong> a dita obra pelloS presos asima declara<strong>do</strong>s que comesaia a fazer logo e continuar<br />

com ella emquanto as offisiais <strong>da</strong> dita Comfiaria lhe pagarem que estiver e faltan<strong>do</strong>-lhe com<br />

o tal pagamento e deixan<strong>do</strong> elle dito mestre de wntinuat com eila por esa cauu nem paia ia0<br />

seião obriga<strong>do</strong>s os herdeiios <strong>do</strong> dito mestre <strong>da</strong>r satisfasüo a acabar a dita cappela no cazo que<br />

elle satisfasa antes a dita obra se acabe e quan<strong>do</strong> os offesiais <strong>da</strong> Comfrana quizerem continuar<br />

com a tal obra serão obiiga<strong>do</strong>s ao dezer <strong>do</strong> dito mestre e por se averem per acomo<strong>da</strong><strong>do</strong> pellos<br />

ditos presa asim de alvenaria como escadrio e outrosim <strong>da</strong>íHo ao dito mestre to<strong>do</strong> o dinheiro que<br />

Ihes pedir e for nesesmo para continuar eom a dita obra e a pagmentos de <strong>do</strong>rs em <strong>do</strong>is meses<br />

e in<strong>da</strong> antes drso se pnieser a quoalquer <strong>da</strong>r panes e os que faltarem a este comtrato pegara<br />

ao que por esta estiver sem mil reis de penoa comvensional e sera a d1ta cqpela feita no sit~o<br />

n<strong>do</strong>nde se tem asignalla<strong>do</strong> e na forma <strong>da</strong> planta que dito fiea e apontamentos asimo declara<strong>do</strong>s<br />

e a tu<strong>do</strong> elles ditos offisiais <strong>da</strong> dite Comfraria aue hora siro e ao diante e elle dito mestre tu<strong>do</strong><br />

asim compri~em fazer e pagar obngavjo como obrigarão elles ditos offisias <strong>da</strong> dita Comflaria<br />

bens e ran<strong>da</strong> <strong>da</strong> dita Comfraria e elle dito mestre sua pesoa e to<strong>do</strong>s os seus bens moveis e de<br />

iais nvi<strong>do</strong>s e per aver e temo de sua alma tu<strong>do</strong> expresamente hipotecaváo sob penna de pagarem<br />

os que a esta faltarem alem <strong>da</strong> dita penna atras to<strong>da</strong>s as perdns e <strong>da</strong>nnos e aos que por esta estiverem<br />

E declararao elles ditos offisiais e mestre que os vXos per eheio que se hão-de pagar njo<br />

se entende o <strong>do</strong> arco cmzciro e cappela maior e arco cmzetw e mais cappellas que aes sa não<br />

pagará0 e as mais sim e a tu<strong>do</strong> asun cumprirem e satisfazerem obrigaváo suas pesoas e bens na<br />

forma asma d<strong>da</strong> renunsian<strong>do</strong> juiws e just~s~ns de seu fora e quaisquer ferias, lels previlegios<br />

de que se posão aju<strong>da</strong>r que de na<strong>da</strong> poderão huns e outras umr antes tu<strong>do</strong> cumpnr e satisfazer<br />

como dito he sem falta algom~ ao que hipteeavào os offisrais <strong>da</strong> dita Comfrma os bens della<br />

e o dito mesue todqs os SEUS bens db mesma maneira atras wm pacm de os náa pcderem ven-


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

der nem alhear durante o tempo desta obrigasão e que venden<strong>do</strong>-os huns e outros alhean<strong>do</strong>-os<br />

que a tal ven<strong>da</strong> e valleasão seja feita nulla e per nenhum presso de que a esta obrigassão e huns<br />

e outros asim diseráo e outorgarão e aseitatgo de prirte a parte e man<strong>da</strong>rão fazer o prezente ins<br />

tromento e delle <strong>da</strong>r um e muitos e os que comprir e w tabelião como pesoa publica wtepulante<br />

e aseitante que tu<strong>do</strong> estepulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que iow e tocar pode estm<strong>do</strong><br />

a tu<strong>do</strong> premte por testemunhas Lionel de Lima Carvalhas, mora<strong>do</strong>r no Sar<strong>do</strong>al <strong>do</strong> Campo de<br />

Santa Anna ci<strong>da</strong>dão desta ei<strong>da</strong>de e Francisco <strong>da</strong> Costa, mora<strong>do</strong>r no dito Campo de Santa Anna<br />

que to<strong>do</strong>s esignarão e era o luis <strong>da</strong> Comfraria Miguel Gomes de Abreu e os mais offisiais della<br />

ahmo asxgna<strong>do</strong>s e eu Custodto de Oliveira tabalião que o escrevi E nfio fasa demenui<strong>da</strong> ast a<br />

men<strong>da</strong> que dis <strong>da</strong> Silva que estava verkde, sobredito o escrevi<br />

Miguel Gomes de Abreu I O Padre Luins de Oliveira I Francisco Rodngues 1 Manoel Costa Ma-<br />

cha<strong>do</strong> I Ignacio Dias <strong>da</strong> Motta l João <strong>da</strong> Rocha Leite I Leonel de Lima Carvalho / Francisco <strong>da</strong><br />

Costa I Manoel Fernandeí <strong>da</strong> Silva.><br />

Doc. n. 23<br />

1719, Janeiro, 28<br />

Capeia-mar e sacristia <strong>da</strong> igreja de Rio Mau e sacristia <strong>da</strong> igreja de Travassós.<br />

A.D.B. -Nota Geral, 1' série, n. 571, tis. 181-182v.<br />

eContrato de obra de pedrnria <strong>da</strong> capela mor e samcrestia <strong>da</strong> igreja de S. Mmnho<br />

de Rio Mau que o Reveren<strong>do</strong> della [sicl com Manoel <strong>da</strong> Silva<br />

Em nome de Deos amen Saibão quantos este publico instromento de contrato de obra de pedraria<br />

e obngação virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor Jezus Cristo de mil e setecentos<br />

e dezaoove annos aos vinte oito dias <strong>do</strong> mes de Janeiro <strong>do</strong> dito snno nesta ei<strong>da</strong>de de Braga<br />

no Terreiro <strong>da</strong> Frasa <strong>do</strong> Pão della e cazas <strong>do</strong> Cartono deste oficia ahi perante min tabeliam<br />

geral e testemunhas ao diante nomea<strong>da</strong>s aparesertio prezentes o Reveren<strong>do</strong> Domingos Carvalho,<br />

Abbade de S. Marunho de Rio Mau concelho de Portela <strong>da</strong>s Cabras e <strong>da</strong> outrn Mmoel Femandez<br />

<strong>da</strong> Silva, mestre de pedrana mora<strong>do</strong>r Atraz de Sam Marcos desta ci<strong>da</strong>de pesoas por min<br />

reconhesi<strong>da</strong>s e oor elle dito Reveren<strong>do</strong> Abbade Foi dito aue escava contrata<strong>do</strong> com elle dito mestre<br />

Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva delle lhe fazer a obra <strong>da</strong> capella mor e sanciistia <strong>da</strong> sua igreja<br />

de S Marhnho de Rio Mau tu<strong>do</strong> porpossium<strong>do</strong> ao corpo de sorte que não so %era preporsseona<strong>do</strong><br />

nas medi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> altura, mmpnmento e largura mas tambem sern comigem de pedra pela parte de<br />

dentro e de fora, cunhas de pedra apilara<strong>do</strong>s suas frestas com suas vidrassas que terão redes de<br />

arame amarello, empenna crus e pirami<strong>da</strong>s como as <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> igreja, altar de pedra, presviterio<br />

com seos deeraos - ladrilha<strong>da</strong> de escoadria forna<strong>da</strong> de tumba de mdeua de castanho. poai- -<br />

<strong>da</strong> p emmadeira<strong>da</strong> tu<strong>do</strong> de castanho, telha<strong>do</strong> prega<strong>do</strong> na forma <strong>do</strong> que tem o corpo <strong>da</strong> igreja<br />

de carcella reboca<strong>da</strong> por dentro e por fora de cal e area, hum miclozinho [sic] junto <strong>do</strong> alta para<br />

por as gaihetas e as paredes seráo de coatro palmos de largo feitas como as <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> igreja<br />

e tambem lhe fara huma samcresua que ficara por detras <strong>da</strong> capella mor para o que ficam a paita<br />

no lugar em que a dispoem [.. ] tem hum oone<strong>do</strong>~ com parede de tres palmos de largo, dum<br />

frestas com suas vidrassas seos cunhais e cornigem de pedra lavra<strong>da</strong> e sammtia teta hum labatono<br />

de pedra com seu esgicho bem feito hum almano para calses e missis com seos repartimentos<br />

e portas com fechadurns e chaves o que se entende huma porta e fechndura <strong>do</strong> almario e<br />

outra <strong>da</strong> entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> samuestia e terlio o corre<strong>do</strong>r e snmcristia sua cmigem por fora de papo de


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Doc. n. 24<br />

1719, Maio, 1<br />

Capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe.<br />

A.D.B. - Taóelião Público, 1' série, n. 42, fls. 133v-135v.<br />

*Contrato <strong>do</strong>s officiaes <strong>da</strong> Confraria <strong>da</strong> Senhara <strong>da</strong> Agon<strong>da</strong>lupe com Manoel<br />

Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre de pedraria.<br />

Em nome de Deos ame" SaibTio quantos este publico instromento de contrato e obrigaâam vtrem<br />

que sen<strong>do</strong> no anno <strong>do</strong> nascimento deNosso Senhor Jezus Chmto de mil e setecenros e dezanove<br />

nms ao primeiro dia <strong>do</strong> mes de Maio <strong>do</strong> ditto anno nesta cappella de Senhora <strong>da</strong> Goa<strong>do</strong>lupe<br />

que fica sercumvisinha <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Braga e no arabalde della ahi perante mim tabeliam<br />

e testemunhas ao diante nomea<strong>da</strong>s e asina<strong>da</strong>s apareser& presentes de huma paie Franc~so de<br />

Souza de Menezes ci<strong>da</strong>dão desta ci<strong>da</strong>de, Juis que de presente he <strong>da</strong> Comfraria <strong>da</strong> Senhora <strong>da</strong><br />

Goa<strong>da</strong>lupe e os mais officiais <strong>da</strong> dits Cwnfraria abaixo asina<strong>do</strong>s que to<strong>do</strong>s f<strong>do</strong> juntos para o<br />

cazo ao diante dedm<strong>do</strong> e<strong>da</strong> outra Mamel Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre pedreiro desta mesma ci<strong>da</strong>de<br />

to<strong>do</strong>s peseas de mim tabeliam reconheci<strong>da</strong>s e por elles to<strong>do</strong>s e ca<strong>da</strong> hum foi dito que elles<br />

ditos offioais <strong>da</strong> dita Comfrar~a estavio contrata<strong>do</strong>s com eUe dito Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva,<br />

mestre de pedraria delle lhe fazer huma oappella nova para a dita Senhora <strong>da</strong> Agoa<strong>da</strong>lupe e sua<br />

Comfraria w mesmo monte e citio em que esta a velha quoal cappella sera feita pela forma e<br />

maneira dùs riscos que pera ella se fizeram em que elles ditos off~c~aes <strong>da</strong> drta Comiiana estavi%<br />

asina<strong>do</strong>s com elle dito mesue pedreiro Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva e eu tabeliam tambem os<br />

rubriquei cujos nscos estam em <strong>do</strong>us papeis e tera a dita cappella hinta e coaila palmos asim de<br />

compri<strong>do</strong> Gomo de largo e isto se entendia por dentro de cunha1 a ounbal e tera de alto vinte e<br />

sette palmos athe a cornige e esta tera coatro palmos de alto que entraram nos vinte e sete e bom<br />

um palmo e tces aoartos de palma e os wnhais por dentro teta N<strong>do</strong> <strong>do</strong>us palmos e hum coarto<br />

de largo e os capiteis e vazas sernm comforme mostra a planta <strong>do</strong>ricos e levara coatro pilaes<br />

entre os cunhnis na forma que mostra o prefùo <strong>da</strong> planta <strong>do</strong>s quoais os primeiros <strong>do</strong>us na fiente<br />

<strong>da</strong> cappella maior comqío os pulpitos com seus padrastais em baxo com seus inzos e seia<br />

o rompi<strong>do</strong> <strong>da</strong> porta <strong>do</strong> pulpito de nove palmos com seu frizo por sima e concha que servim de<br />

guar<strong>da</strong> po tomejara este pilar na çornige e na relega de meio palmo como tambem o mesmo pillar<br />

o qual asentara sabre elle hum plinto de altura de tres palmos para reçeber humas estatoas<br />

que ao dipois se poráo; e tera coatro arcos iguais combem a saber: a cappella maior com o seu<br />

comrrespondente e coleteras no quoal arco principal levara buma tarja como mostra a planta, reráo<br />

os coatro arcos iguais dezasete palmos em vão e de alto trinta e seis, a cappela maior tera<br />

de csmpn<strong>do</strong> ciezasete palmos e o seu comrespondente tera sete palmos de compli<strong>do</strong> athe a poita<br />

piincipal. As cappelhs coletrais que ficam dentro <strong>do</strong>s arcos tem de largo <strong>do</strong>ze palmos e de alto<br />

vinte e coatro e to<strong>da</strong>s as largurns <strong>do</strong>s arcos sam sem as vazas sem o pilar, os whais <strong>da</strong> parte<br />

de dentro levaram suas almofa<strong>da</strong>s <strong>do</strong> eappitel, a vaza como tambem os arcos que cai sobre elles<br />

na comrespondencia <strong>do</strong>s pilares <strong>do</strong>s polpitw levara em ca<strong>da</strong> hum huma frestn com seu fnzo<br />

e concha e na comrespondencia <strong>do</strong> pulpitu, os arcos <strong>da</strong>s cappellas colehais levaram outros<br />

inFerioriores abaixo <strong>da</strong> cornige que serviram em forma de cappella com nichos com sua abobe<strong>da</strong><br />

de tijolo. pilares, vazas e capiteis comfome mostra aplanta: na volta deste aroa levara hum cadiorrn,<br />

levara por detras destas cappellas duas samchristios que ternm de váo sete palmos os quoair<br />

subiram athe a cornige de forn entre os quoais fioara uma tribuna com sua fresta pera a parte de<br />

dentm <strong>da</strong> igreja, a cappella maior t%ra duas portas para serventia <strong>da</strong> smchristia ter* sobre ellas<br />

duas fiestas de altura de seis palmos e coatro de largo, tomejarb a coinige por dentro a wppella


APENDICE DOGUMhNTAL<br />

maior como tambem tomeltua o wmrespondeote eom as mesmas cluas portas huma paia a mes-<br />

ma esca<strong>da</strong> de caracol que subira athe o coro com lus e chegaia a comige de fora pala servi<strong>da</strong>0<br />

<strong>do</strong> telha<strong>do</strong> 8 sahii á coinige de dentro, tera a porta piineipal quinze palmos de alto e sete de lar-<br />

go, sobre ella asenma bum frizo com tres cachomos que receberam hum arco para a rnbuna ou<br />

eoru que tera de largo o arco <strong>do</strong>ze palmos e de alto nove o qubnl arco teta seus pilares com suas<br />

baws e capiteis comfmme mostra a planta pellos figuras que nella I..] capiteis, pulpitos, comi-<br />

ge de dentro e de fora em coja forma seta elle mestre obnga<strong>do</strong> a fmi e teram os paredes de<br />

gioso sinco palmos exceto a <strong>da</strong> cappella mnior como tambem u seu cornrrespondente e sanohies-<br />

tia que estes teram de Iargo ues palmos; teram as samchristias duas frestas ca<strong>da</strong> hnma que deem<br />

lus basmnte huma em baixo ouuu em sima outra na trehuna; sera a eappella maior Iagia<strong>da</strong> com<br />

seus degraos como mostra a planta como tamhem os colatrais em que levaram seu degrao para<br />

subir ao altar Levaraa igreja hum sopo<strong>da</strong>l pera receber as grades. leram no pasadiqoparaasamchres<br />

tia duas portas em nimrrespondencia pelln parte de fora e nas portas <strong>do</strong> coro huma paa a es<br />

ca<strong>da</strong> como fica dito e na comrrespondente sera to<strong>do</strong> o disteito [sic] que permiti1 a parede para<br />

recolhimento de alguma fabnca. Levara hnmn fronteira ou fmnteespecro na fonna como mostra<br />

a planta principian<strong>do</strong> em ires areos que ter* de alto u prinsipal dezouto palmos e nove de lar-<br />

go e os comrrespondentes teram honze de alto e seis e mero de Iargo feitos eom suas cunhas,<br />

sobre o arqo principal levara huma saca<strong>da</strong> que recebera humn lanella de altura de nove palmos<br />

e quatro e meio de Iargo sobre a quoai levara seu Umpano comfonne mostra a planta levara duas<br />

eanelns nas ilhargas <strong>da</strong> janella que caeham na saua<strong>da</strong> a qual saca<strong>da</strong> tera suficiencia para se an<strong>da</strong>r<br />

nelia levnra <strong>do</strong>u6 pilares <strong>da</strong>s bnn<strong>da</strong>s que toquem na cornige a quoal comige tornejara no lugar<br />

dellea sobre a quoal asentaram duas pirnmnns no meio <strong>da</strong> quoal fronreira o0 fronteespicio leyâra<br />

hum campanano para o sino de altura de euto pnlmos com <strong>do</strong>u% padrastais <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s e bolas<br />

asima e huma targe quc acompanha o dito campanario com sua concha e asirna [Il e tambem pora<br />

duas pias para a agoa benta no lugar onde melhor convier. Tera ta<strong>da</strong> esta oba de alto pol foia<br />

trinta e outo palmos em que entrara a cornigem e qne nista forna faria elle mestre a dita obra<br />

<strong>da</strong> dita cappella e a pedra seta boma e as comiges serão livres de quebraduras e que pella dita<br />

obra lhe <strong>da</strong>nm setecentos e trinta mil reis e a pedra chega<strong>da</strong> ao pe <strong>da</strong> obra porem a quebradura<br />

sera poi conta delle mestre e elle dito mestre tambem dwa para a drta obrn n cal e a arca e sen<strong>do</strong><br />

o mais necessario de sorte que a drta Comftana so ha-de ser obnga<strong>da</strong> a chega1 a pedra <strong>da</strong> escoa-<br />

dna ao pe <strong>da</strong> obra e tambem a pedra <strong>da</strong> aluemria que faltar ao dispois de quebra<strong>da</strong> to<strong>da</strong> a pedra<br />

que se achar dentro <strong>do</strong> serculto <strong>da</strong> dita cappela, e que a dita pedra <strong>da</strong> alvenaria que faltai sera<br />

elle mestre obriga<strong>do</strong> a quebra-la o mais perto que puder ser a contento <strong>da</strong> Comfrana para evi-<br />

tar giandes cametos e que <strong>da</strong>ra feita e acaba<strong>da</strong> a dita obrn dentro de hum anno que comessa de<br />

hoje em diante e que os materiais <strong>da</strong> oappella velha ficaram a Comfrana e que o dito preço <strong>da</strong><br />

dita obra o pagaiam elles oficiais a elle mestre dentro <strong>do</strong> dito anno fazen<strong>do</strong>-lhe pagamento ca<strong>da</strong><br />

mes <strong>do</strong> que a oa<strong>da</strong> mes tocar por conte a respeito <strong>do</strong> dito preço e que nào dnn<strong>do</strong> elle mestre a<br />

dita obra acaba<strong>da</strong> na dita forma dentro <strong>do</strong> dito anno digo [sicl a respeito <strong>do</strong> dito preço e nesta<br />

foima se ajustaiam o sobreditos ofkiais <strong>da</strong> dita Comfrana e mestre pedreiro a eiles se obiigou<br />

a fazer a dita obra na dita forma e <strong>da</strong>-Ia feita e acaba<strong>da</strong> dentro <strong>do</strong> dito tempo e pellos ditos officiais<br />

<strong>da</strong> dita Comfrar~a foi dito que obrigavZo os bens e ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> dita Comfrana prezentes e futuos<br />

ao pagamento <strong>da</strong> dita obra e por elles <strong>da</strong>rem satisfeita com o preço della como tambem a<br />

tu<strong>do</strong> o mais que fica a cargo delles officiais <strong>da</strong>rem para a dita obra na forma que atras se declara<br />

e que esta obngaçam faziam em nome seu e <strong>do</strong>s officiais que sucederem na dita Comfiaria e hum<br />

e outro assim o disserão e outorsaram e aceitarão de parte a parie e man<strong>da</strong>ram fazer o prezente<br />

instromento nesta nota e delle <strong>da</strong>r hum e murtos e os que compnr e eu tabeliam cõmo pesoa<br />

pubhua estepullante e aseiinnte tu<strong>do</strong> estepuiin e aceite1 em nome <strong>da</strong>s mais pessons a que toca


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-3151)<br />

e tocar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezente por testemunha Vicente Dias, ounves <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong> Chão<br />

de Trigo desta ci<strong>da</strong>de e Antonio Comia Pinto <strong>da</strong> mesma Rua <strong>do</strong>s Chãos de Baixo que to<strong>do</strong>s<br />

asinarão com elles outorgantes E declararão que elle mestre iambem poria u m faixa de pedra<br />

de escoadria na dita cappella em re<strong>do</strong>n<strong>do</strong> pello pe <strong>da</strong> cappella na foma que pede a planta.<br />

Eu Domingos Pereira <strong>da</strong> Costa tabeliam que o escrevi E declarar30 que elle mestre niio sera<br />

obriga<strong>do</strong> a fazer abobe<strong>da</strong> alguma na drta cappella mais <strong>do</strong> que a abobeitn <strong>da</strong>s oappellas colletrais<br />

nem Iagia<strong>do</strong> <strong>do</strong> corpo <strong>da</strong> cappella mais <strong>do</strong> que o que ja fica declara<strong>do</strong> e que tmbem<br />

nao sera obnga<strong>do</strong> elle mestre a grade de ferro alguma para a dita obra. E nsim tomarão a de<strong>da</strong>rar<br />

testemunhas sobreditas e nsinarão e eu sobredito Domingos Pemra <strong>da</strong> Costa tabeùam<br />

que o escrevi<br />

Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva / Tezoureiro Manoel Macha<strong>do</strong> / Francisco Rodrigues, Mor<strong>do</strong>mo I<br />

Manoel RebeUo <strong>da</strong> Costa. Procura<strong>do</strong>r / João <strong>da</strong> Rocha Leite 1 Vicente Dia / Antonio Correia<br />

Pinto.*<br />

Doc. n. 25<br />

1720, Junho, 4<br />

Igreja <strong>do</strong> Convento de Nossa Senhora de Penha de Fiança.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 579, tis. 101-102v.<br />

&Contrato <strong>da</strong> obra <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Mosteiro <strong>da</strong> Penha de França com Manoel<br />

Fernandez <strong>da</strong> Silva, mestre pedreiro.<br />

Em nome de Deos amen. Saibão quantos este publico instromento de contrato de obra de pe-<br />

dma e obrigação virem que no anno <strong>do</strong> naslmento de Nosso Senhor Jezus Cnsto de mil sete-<br />

centos e vinte annos aos matro dias <strong>do</strong> mes de Junho <strong>do</strong> dito anno desta ci<strong>da</strong>de de Bragn no Cam-<br />

po de Santa Anna no Colhimento <strong>da</strong>s Madres <strong>da</strong> Penha de França ahi perante mim tabeliam ge-<br />

ral e testemunhas ao diante apareserão prezentes de huma parte a Madre Mana <strong>do</strong> Sacramento,<br />

Regente deste dito Recolhimento e mais Madres <strong>do</strong> governo dene ao diante asinaáls e <strong>da</strong> outra<br />

Manoel Fernaodcz <strong>da</strong> Silva, mestre pedreiro mora<strong>do</strong>r Atraz de S m Marcos desta ci<strong>da</strong>de pesoas<br />

por mim reconheci<strong>da</strong>s e por ellas ditas Madre Regente e mais Madres Deputa<strong>da</strong>s fai dito que el-<br />

Ias estavão contrata<strong>da</strong>s com elle dito Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva de elle lhe fazer a obra de pedra-<br />

ria <strong>da</strong> sua igreja deste dito Recolhimento na maneira seguinte que sera feita a dita igqa no<br />

comprimento e largura que mostra a planta como tambem <strong>da</strong> atura digo [stc] como mmbw <strong>da</strong><br />

altura e gmsura de coatm palmos de terra asma os alecerses serão fun<strong>do</strong>s atherra [=c] firme as<br />

soleiras <strong>da</strong> porta prenupal ficara em olivel <strong>do</strong> pnsadisso destes bancos que vai pello Campo na<br />

sua fronteira para que fique to<strong>do</strong> o pavrmento <strong>da</strong> igreja livre <strong>da</strong>s immundissas <strong>da</strong>s agoons, tu<strong>do</strong>s<br />

os aùcerses terão para ca<strong>da</strong> parte em grosura mnis hum palmo de sapata a parede que devide o<br />

Convento <strong>da</strong> Caza <strong>do</strong> Confeseonarios e samcnstia Lera <strong>da</strong> terra mima athe o sobra<strong>do</strong> tres palmos<br />

e meio e <strong>do</strong> sobra<strong>do</strong> para sima tres palmos com os seus licerses na foma dita, a porta <strong>da</strong> igreja<br />

a que estava N igreja velha sim acresenta<strong>da</strong> para ficar na largura que mosira a planta e a altura<br />

dupla e limpo e hum wu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s armas de Sua Illustrissima as mais escodrias serão na forma e<br />

tamanho que mostra a planta e to<strong>da</strong> sera bem lavra<strong>da</strong> de esco<strong>da</strong> serão as cornigens de dentro na<br />

foma <strong>do</strong> dezenho <strong>da</strong> pedra e por fora para a parte <strong>da</strong> Rua ou <strong>do</strong> Campo de Santa Anna sera de<br />

papo de rolla levara em penna sobre as grades <strong>do</strong> com e outra soke o arca cnizeiro e outra so-<br />

bre a capela maior com suas cmees e peradimas e rufos o corpo <strong>da</strong> capella maior e cueiro athe<br />

o degrao que mostra a planta sera lagea<strong>do</strong> e presviterios. arco de trebuna a samerestia com seu


AP8NDICfi DOCUMENTAL<br />

lavatono, frestas e portas para o que <strong>da</strong>rão ellas Reveren<strong>da</strong>s Madres tu<strong>do</strong> digo [sic] <strong>da</strong>rão grades<br />

de ferro que elle mestre asenma ca<strong>da</strong> huma em seu lugar. Tambem <strong>da</strong>r80 ellas madres to<strong>da</strong><br />

a cal para asentar as esioadnas e to<strong>da</strong>s as paredes seram de barro que elle mestre <strong>da</strong>ra por<br />

sua conta e to<strong>da</strong> a pedra que hver as cazas velhas gastoira elle mestre na obra <strong>da</strong> igreja excepto<br />

os portais, janellas e simnihas que tem as ditas cazas que lhos tlrara elle mestre e pora dentro na<br />

sua serca dellas Madres para elks se aproveitarem della na obra que Lhe paresser: as paredes de<br />

canfo serão mnti~ua<strong>da</strong>s somente athe a largura <strong>do</strong> igreja velha de huma e outra parte com as<br />

fresta$ que lhe tocar as esca<strong>da</strong>s que na planta se ve dezenha<strong>da</strong>s serão feitas de madeira somente<br />

asentara elle mestre ca<strong>da</strong> huma hum degraa de pedrn para principiar os ditas esca<strong>da</strong>s e <strong>do</strong> corie<strong>do</strong>r<br />

<strong>da</strong> semçhristia que sobe para a hebuna sera reparti<strong>da</strong> de prepianho com sua porta por baixo<br />

para despejos <strong>da</strong> samcresna aproveitar-se-ha elle mestre de to<strong>da</strong> a modria que lem a fronteira<br />

<strong>da</strong> igreja velha e asentara o campanario que ha feito sobre parede nova <strong>da</strong> igreja ou m a<br />

<strong>do</strong>s confesionarios em o lugar mais conveniente paw acomo<strong>da</strong>çao <strong>do</strong> Convento <strong>da</strong>ra elle meshe<br />

tu<strong>da</strong> a pedra que faltar para a dita Igrqa na forma <strong>do</strong> planta e prefil aproveitan<strong>do</strong>-se somente<br />

<strong>do</strong> que asima fica dito fara to<strong>da</strong>s as paredes de barros que tambem <strong>da</strong>ra por sua canta e saibro<br />

somonte e qoeren<strong>do</strong> ellas madres mostrar ou fazer algum obra fora <strong>do</strong> que esta dito ou mostn<br />

a planta sera obriga<strong>do</strong> elle dito mestre a faze-Ia pelo presso que logo se njustar ou depois avalluar<br />

e quan<strong>do</strong> para esse efeito seja necesmo desfazer alguma obra <strong>da</strong> que escava fetta sera por<br />

conta dellas Reveren<strong>da</strong>s Madres. Para elle mestre os tres cunhas de baixo <strong>da</strong>s ires empenuas de<br />

humn fasse <strong>do</strong>is e de duas fasses hum que he o <strong>do</strong> arco cruzeiro que ha-de sair mais <strong>do</strong> Campo<br />

remo suas vams e capiteis e metem hrrm cunha1 <strong>do</strong>s <strong>da</strong> igreja no direito <strong>da</strong> iabessa <strong>do</strong> coro para<br />

a parte <strong>do</strong> Campo de Santa Anna e farn as paredes <strong>do</strong> coro <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> dentro na dere~ttua <strong>do</strong> cunhal<br />

de fora na forma que detnminou a vista de Sua IllusUiss~ma a qual obra fara eUe mestre<br />

com to<strong>da</strong> a prefeiçZo e segurança na dita forma e <strong>da</strong> dita planta dentro de oito mezes proximos<br />

seguintes ou o mais perto que puder ser e por ella asim fazer lhe <strong>da</strong>rão ellas Reveren<strong>da</strong>s Madres<br />

novecentos mil rejs com prenoipio a conta <strong>do</strong> pagamento deiias para continuar com a dita obra<br />

lhe deram ellas ditas Madres a elle dito mestre ao fazer destes <strong>do</strong>zentos mil reis em dinheiro de<br />

conta<strong>do</strong> que elle contou e reeebea em si e delles se deu por bem pago, enhegue e satisfeito e<br />

a ellas ditas madres por quites e Iibres delles deste dia para to<strong>do</strong> o sempre e o mrs restante <strong>do</strong><br />

dito presso lhe hirão <strong>da</strong>n<strong>do</strong> ellas drtas madres conforme elle dito mestre for concluin<strong>do</strong> com a<br />

dita obra e <strong>da</strong>r pagamentos que lhe forem fazen<strong>do</strong> lhe <strong>da</strong>ta elle dito mestre recibo para no fim<br />

<strong>da</strong> dita obra Iho levarem em conta e por elle dito mestre Manoel Feinandez <strong>da</strong> Silva foi dito que<br />

no dita forma e pello dito presso se obrigava a fazer a dita obra deniro <strong>do</strong> dito tempo bem feita,<br />

prefeita e segura e a tu<strong>do</strong> asim comprir e goar<strong>da</strong>r obrigava como obngou sua pesoa e tu<strong>do</strong>s<br />

sws bens moveis e de rais avi<strong>da</strong>s e por aver e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expressamente hipotecava<br />

sob penna de pagar de penua nome della a ellas ditas Madres tu<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nos que<br />

por eBse respeito meter e enunsiaua quaisquer fenas, leis e previlegios de que se possa aju<strong>da</strong>r<br />

e huns e oums asim o disser20 e outorgnráo e aseitarão de parte a pnne e man<strong>da</strong>rao fazer o prezente<br />

instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e 9s que comprir e eu tabeliam geral como pesoa publica<br />

estepulante e aseitante tu<strong>do</strong> estipulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que toca e tocar<br />

pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes par testemunhas o Padre Custodio Antunes de Bms, <strong>do</strong><br />

Campo <strong>da</strong> Senhora Abranca desta ci<strong>da</strong>de e o Padre João Luis, coreiro na Santa See desta ci<strong>da</strong>de<br />

de que tu<strong>do</strong>s asinarão e eu Manoel de Souza. tabeliam geral o escrevi E declaro que a dita<br />

planta <strong>da</strong> dita obxa fica aslna<strong>da</strong> por mim tabeliam geral e por elle dito mestre as quoais sam duas<br />

huma que he planta <strong>da</strong> obra e outm que he a prefil de hum prelongo que ambas ficão a elle dito<br />

mestre, testemunhas as sobreditas sobredito o escrevi »<br />

[Seguem vgrias assi~turas, entre as quas a de Manoel Femnndez <strong>do</strong> Siival.


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

Doc. n. 26<br />

1720, Novembro, 26<br />

Hospital de S. João Marcos.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' serie, n. 582, fls. 71-73.<br />

ucontrato de obra de pedraria <strong>do</strong> Hospital de S. Jollo Marcos com Pascoal Ri<br />

mdez e seu filho Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva.<br />

Em nome de Deos amen. Saibão qumtos este publico instromento de contFato a obra de pedraria<br />

e obrignçiio virem que no anno <strong>do</strong> nasmnto de Nosso Senhor Jezus Crrsto de mil<br />

setecentos e vinte annos aos vinte e seis dias de mes de Novembro <strong>do</strong> dito nono nesta ci<strong>da</strong>de de<br />

Braga na Caza <strong>da</strong> Santa Mezuicordia della iihi estan<strong>do</strong> juntos em Meza o Douror Diogo Borges<br />

Pachequo, Deeembarga<strong>do</strong>r e Chanceler mor na Relaçiio desta Corte Prove<strong>do</strong>r desta Santa Caza<br />

e o Reveren<strong>do</strong> Affonso de Meira Camlho, Abbade Reservatorio de Fone Boa Prove<strong>do</strong>i <strong>do</strong> Haspita1<br />

de Sam João Marcos e mais senhores <strong>da</strong> Mem desta ata Cnza como ademenistra<strong>do</strong>res<br />

desta Santa C. digo [sic] ademenistra<strong>do</strong>res <strong>do</strong> dito Hwspitai de humn parte e <strong>da</strong> outra Pascoal Fernandez<br />

e seu filho Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva, mestres de pedrana desta ci<strong>da</strong>de pesoas por min<br />

reconheci<strong>da</strong>s e por elles ditos senhores Prove<strong>do</strong>res e mais senhores desta Santu Caza foi dito que<br />

para melhor como<strong>do</strong> <strong>da</strong> comvalesensia <strong>do</strong>s pobres emfennos <strong>do</strong> dito Hospital de Sam Marcos desta<br />

ci<strong>da</strong>de m o ademenistra<strong>do</strong>res delle estavãn contrata<strong>do</strong>s com elles ditos mestres pedreiros hs-<br />

coa1 Fernnndez e seu fdho Mmoel Femandez <strong>da</strong> Silva de elles lhe fazerem a obra nova de pe-<br />

drana para a sua comvalesensa <strong>da</strong>s ditos pobres emfermos <strong>do</strong> dito Hospital e melhor recalhimen-<br />

to <strong>da</strong>s cmas delles na manerra seguinte. que elles ditos mestres seriio obriga<strong>do</strong>s a fazerem a di-<br />

ta obra de pedrana e tijolla na fonna <strong>da</strong> plmrn e apontamentos que para esse efeito se ftzeiáo<br />

que estam asrna<strong>do</strong>s por elles ditos Procura<strong>do</strong>res e par elles ditos mestres e poi min tabeliam ge- 1<br />

tal mm to<strong>da</strong> a prefeiçito de boa pedraria de pedra e cal e elle digo [stc] e cnl tu<strong>do</strong> por sua conta<br />

no que toca a pedraria e somente elles senhores <strong>da</strong> Meza que hora sam e ao diente forem lhe<br />

<strong>da</strong>riio para a dita abra ao pe della to<strong>da</strong> a cal necessana e o tijollo para abobe<strong>da</strong> e. tu<strong>do</strong> o mais<br />

sera por conta delles ditos mestres e se ao hrr <strong>do</strong>s nùcerses sahir algm saibro ou pedra elles<br />

drtos mestres se aju<strong>da</strong>rao delles para a dita obra e por ella astm fazerem bem feita e segura na<br />

forma <strong>da</strong>s ditas plantas e apontamentos Ibe <strong>da</strong>rão elles ditos senhores <strong>da</strong> Meza desta Santa Caza<br />

que hoia sam e no diente forem por ca<strong>da</strong> brassa coadra de alvenaria de trezentos palmos corpanos<br />

como sustilha nesta provinsia a <strong>do</strong>is mil e <strong>do</strong>zentos reis e por ca<strong>da</strong> brassa cwita de terra<br />

que se abnr nos alicerses que he sem palmos corponos a oitocenms reis e por ca<strong>da</strong> bnssa coadr5<br />

de perpsanho tosco que he de sem palmos em coadro ca<strong>da</strong> brnssa tres mil e <strong>do</strong>zentos e por<br />

ca<strong>da</strong> htassa coadra de reboque que tambem he de sem palmos coadrd sento e sesenta reis e pai<br />

ca<strong>da</strong> brasa coadra de abobw<strong>da</strong> de tijoüo de sem palm0s coadros ca<strong>da</strong> brassa de feltro <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se-<br />

-lhe o tejollo mil e coatiocentos reis e por ca<strong>da</strong> brassa coadra de sem palmas de lagia<strong>do</strong> <strong>da</strong> barandn<br />

lavia<strong>do</strong> de mbas as partes sinco mil reis e por ca<strong>da</strong> brassa coadi? <strong>do</strong>s mesmos sem palmos<br />

<strong>do</strong> lagia<strong>do</strong> labra<strong>do</strong> so por huma parte de picom <strong>do</strong>is mil e oitocentos reis e por ca<strong>da</strong> brasa cai..<br />

rente de des palmos em compri<strong>do</strong> <strong>do</strong> que soquo pelos pes <strong>da</strong>s pontas tambem de piso mil e novecentos<br />

reis e por ca<strong>da</strong> brassa corrente de des palmos em comprimento e de talude Imo que m-<br />

ie no an<strong>da</strong>r <strong>do</strong>s sobra<strong>do</strong>s sen<strong>do</strong> de pzáo meu<strong>do</strong> mil e serscent48 EIS e por ca<strong>da</strong> brassa wrrente<br />

de des palmos de compn<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> brassa de papo de pomba <strong>do</strong> entab<strong>da</strong>meoto desta obra <strong>do</strong>~s<br />

mil e quinhentos e por ca<strong>da</strong> brassa corrente <strong>do</strong> mesmo comprimento <strong>do</strong> frizo <strong>do</strong> emtabalamenm<br />

que corre sobre as colunas <strong>do</strong> clausno e sobre os nr~as tres mil e quinhentos e por cn<strong>da</strong> bias-<br />

I


APÉNDICE DOCUMEWTAL<br />

sa corrente de <strong>da</strong>s palmos de cano tosco para vaSo <strong>da</strong>s agoas <strong>do</strong> pareo <strong>do</strong> claustro <strong>do</strong>is mil e<br />

quinhentos e ca<strong>da</strong> coluna <strong>do</strong> claustro com sua vaze e capitel toscanno tres mil e quinhentos e ca<strong>da</strong><br />

am de claustro com suas pilastras com vazas e capiteis toscanos dezaiseis mil reis ca<strong>da</strong> arco<br />

<strong>do</strong>s que atravesam o claustin seis mil reis ce<strong>da</strong> porta nas paredes de seis palmos de gmsso onze<br />

mil reis ca<strong>da</strong> janella piquena nas mesmas pnredes seis mil e quinhentos ca<strong>da</strong> fresta nas mesmas<br />

paredes de seis palmos de grosso nove mil e quinhentos ca<strong>da</strong> porta nas paredes de coatro<br />

palmos de grosso nove mil reis ca<strong>da</strong> fresta nas mesmas paredes sete mil reis ca<strong>da</strong> poita nas paredes<br />

de lres pnlmos de grosso oito mil reis ca<strong>da</strong> frestas nas mesmas paredes de tres palmos seis<br />

mil rers ca<strong>da</strong> jmella pequena nas mems paredes oito mil reis ca<strong>da</strong> bnvicel que for nemsano<br />

para se tmvgai cento e sincoeuta ca<strong>da</strong> palmo de degrau Ltzo para a esca<strong>da</strong> que dese <strong>da</strong> cozinha<br />

cento e evite e por ca<strong>da</strong> palmo de depau com seu busil cento e oitenta e pela cbamine<br />

<strong>da</strong> cozinha dez mil reis e pella v311a pwa vazam <strong>da</strong>s agoas <strong>da</strong> cozinha mil e quinhentos e pello<br />

a<strong>do</strong> de barxo <strong>da</strong> despensa <strong>do</strong>nde ha-de fnzer a galinherra que ba-de de [sic] ser risca<strong>do</strong> oito mil<br />

reis e pelo p ~ <strong>do</strong> m carro como mostra a planta dezaseis mil reis e por ca<strong>da</strong> iepeza <strong>da</strong>s que ham-<br />

-de sustenbu a bnran<strong>da</strong> des mil reis e por ca<strong>da</strong> srco tosco que fizer nas leitinas sete mil ieis e<br />

por on<strong>da</strong> brassa coadra de trezentos palmos corporios que desmanchar <strong>da</strong>s paredes velhas cento<br />

e oitenta e por Ca<strong>da</strong> hrassa wrrente parapeito <strong>da</strong> baran<strong>da</strong> Ito clnustm com seus fnms de <strong>do</strong>is<br />

palmos de compri<strong>do</strong> seis mil e quinhentos e por ~a<strong>da</strong> brasss corrente de des palmos e cunhais<br />

de cantaria e de <strong>do</strong>is palmos e meio de Imgo <strong>do</strong>rs mil e quinhentos e que to<strong>da</strong> esta obra serão<br />

elles ditos mestres obc~go<strong>do</strong>s a fazerem-na pellos ditos pressas em que estam ajueta<strong>do</strong>s de a fazei<br />

e que aven<strong>do</strong> mais alguns acrcsentnmentos alem <strong>do</strong> que mostra a planta e apontamentas de<br />

alguns goar<strong>da</strong> mupas nas paredes ou chameues que serão necessarios para melhor perfeição <strong>da</strong><br />

dita obra elles ditos mesnes sefio obnga<strong>do</strong>s aos fazer pello pressa <strong>da</strong> mais obrn <strong>do</strong>s ditos<br />

apontamentos e a dita obra se medira vam por cheo e cbeo por vam e serúo eHes ditos mestres<br />

obnga<strong>do</strong>s a comesar e continuar com a dita obra no pnncipro <strong>do</strong> ma de Março pnmeiio ven<strong>do</strong>ura<br />

<strong>do</strong> anuo que vem de mil e setecentos e vinte e um e <strong>da</strong>rem-na feita, perfe~ta e acaba<strong>da</strong><br />

no que lhe toca a sua obrigação dentro de <strong>do</strong>is anMS e mero e <strong>da</strong>hi por diwite sob penna que<br />

deixan<strong>do</strong> de mntmuarem na dita obra cnnunuamente para o efeito de se acabar dentro <strong>do</strong>s dl-'<br />

tos <strong>do</strong>is amos e meio de se meterem oficiais nella a custa delles ditos mestres a maior [ 1 sem<br />

elles pnrs rsso serem mais sitn<strong>do</strong>s, chama<strong>do</strong>s, nem requeri<strong>do</strong>s e so pagaiiio ao diro Hospml<br />

to<strong>da</strong>s ns per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos que por esse respeito receber e por elles ditos mestres Manoel Fernandez<br />

digo [sic] meitre Pascoal Fernandez e seu filho Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva foi dito que na<br />

dita forma a8eitavam ao fazer a dita obra pelos ditos pressos atlas declara<strong>do</strong>s dentro <strong>do</strong> dito<br />

tempo bem feita, preieita e segiun e n tu<strong>do</strong> asim compnr e satisfazer obiigavão como obrigarão<br />

suas pesoas e to<strong>do</strong>s seus bens moveis e de rais nvi<strong>do</strong>s e por aver e teiço de suas almas que tu<strong>do</strong><br />

expitsaamente hipotecavnm sob penna de pagarem ao dito Hospital to<strong>da</strong> a6 per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nos que<br />

por esse respeito receber e renunsiavão quaisquer fenas, leis e previlegros de que se poss50 qu<strong>da</strong>r<br />

e pellos senhores <strong>da</strong> Meza FOI dita que compriq<strong>do</strong> elles ditos mesrres na fonna atras dita obrigavão<br />

os bas e ren<strong>da</strong>s desta Cnra a lhe fazerem os pagamentos <strong>da</strong> dita obra bem e de pax e huns<br />

e outros asim o disserão e outorgarão e eseirarüo de parte a parte e man<strong>da</strong>rio fazer o prUrente<br />

instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que comprir e eu tabeliam gwal wmo pesoa publica<br />

estepulante e aseitante tu<strong>do</strong> estepulei e aseitei em nome <strong>da</strong>s mais pesoas a que toca e tocar pode<br />

estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezenten por testemunhas Semáo <strong>da</strong> Cunha e Manoel de Arnulo, servos desta<br />

Caza que to<strong>do</strong>s asinarão e eu Manoel de Souza. tabeliam geral o escrevi*.<br />

[Seguem vórias assrnatuias entre as quais as de Pascoal Fernandes. em cruz, e de Mannel Fcrnrrmlez<br />

<strong>da</strong> Sllvd


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

Doc. n. 27<br />

1723, Fevereiro, 21<br />

Facha<strong>da</strong> e torres <strong>da</strong> Sé.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" série, n. 594, fls. 83-85.<br />

nconbrato deobrn de pedraria <strong>da</strong>s torres <strong>da</strong> Santa See desta cr<strong>da</strong>de que fas o Illueis-<br />

simo Senhor Arcebispo Pnmas com Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva, meme pedreiro.<br />

Em nome de Deos amen. Saihno quantos este publico instromento de eontiato de obra de pedra-<br />

ria e obrigaçáo virem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor Jezus Cnsto de mù e setecen-<br />

tos e vinte e tces annos aos vinte e hum dias <strong>do</strong> mes de Fevereim <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de<br />

Braga no Terreiro <strong>da</strong> Prassa <strong>do</strong> Páo della e couls <strong>do</strong> Cmono deste officio a& perante min ta&-<br />

liam geral e testemunhas ao diante nomea<strong>da</strong>s apareserão prezentes de buma pnrte o Reveren<strong>do</strong><br />

Anmnio Felgueira Llma, Conigo Preben<strong>da</strong><strong>do</strong> nesta Santa See Primasia1 ademenistra<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Fa-<br />

bnca della e <strong>da</strong> Qutra Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva, mesire pedrerro mora<strong>do</strong>r na Rua de Snm Mar-<br />

quos digo [sic] mora<strong>do</strong>r Atms <strong>do</strong> Hospital de Sam Joâo Marcos desta cr<strong>da</strong>de pesoas por mim<br />

reconhesi<strong>da</strong>s e por elle dito Reveren<strong>do</strong> Conigo Antonio Felgueira Lima foi logo aprezenta<strong>do</strong><br />

uma procuraçáo a elle feita <strong>do</strong> Illusuissimo Senhor Dom Rodngo de Moura Telles, Arcebispo Pii-<br />

mns desta Corte e por elle risma<strong>da</strong> cujo theor della de verbo adeverbum he o seguinte: 'D. Ro-<br />

dngo de Mwra Telles por mersse de Deos e <strong>da</strong> Santa See Apostolion Arcebispa e Senhor de<br />

Brsga Primas <strong>da</strong>s Hespanhas <strong>do</strong> Concelho de Esta<strong>do</strong> de1 Rei meu Senhor e )a sobmiller <strong>da</strong> Cor-<br />

Una e guar<strong>da</strong> porquanto o mesmo cui<strong>da</strong><strong>do</strong> que nos obnga a tratar <strong>do</strong> bem espiritual <strong>da</strong> nossa Dia-<br />

sezi nos cosuange tnmbem a solicitaçam siozamente o material asw e desensia desta nossa See<br />

seja cabessa depois que bem ficaramos com aquella aprediùl e losroza fe a movera como Ia %e<br />

acha em tanto que a quem nelln entra levanta o pensamento aos louvores de Deos queren<strong>do</strong> que<br />

as primeiras vistas <strong>do</strong> Ceo fronteespisio emculquem N magnefiisensia as exeelenstas que dentro<br />

emserra a que consegninamos fabrican<strong>do</strong> de novas torres que ja por dmproproswna<strong>do</strong> jn poi<br />

rohunozas dis [sic] ja por Iuinozas estava solositan<strong>do</strong> as nossas atensois ao seu reparo sem em-<br />

bargo <strong>do</strong> mmto que temos despendi<strong>do</strong> nas presedentes obras <strong>da</strong> mesma See antes como inesti-<br />

gan<strong>do</strong>-nos aquellas despesas a imformação dc que a reparaçáo de huma <strong>da</strong>s torres pertensse a Fa-<br />

brica <strong>da</strong> mesma See e a outra ao Sena<strong>do</strong> <strong>da</strong> Camera desta Corte quezemos tomar por nossa conta<br />

o despendio de ambas por consederarmos que os rendimentos <strong>da</strong> Fabrica <strong>da</strong> mesma See sam oa<br />

na<strong>da</strong> poucos para a satisfaçbo <strong>da</strong>s obras e muitos empregos a que os tem aplica<strong>do</strong> o Reveren<strong>do</strong><br />

Conigo Antonio Felgueira Lima, Fabrrqueiro della e que a Camera desta ci<strong>da</strong>de se acha empe-<br />

nha<strong>da</strong> com as obras que tem feito convinientes w bem publico e por estas razões ajusfamos com<br />

o mestre peckeiro Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva a fahncn <strong>da</strong>s &tas torres acaba<strong>da</strong> comforme a plan-<br />

ta que nos mostrou e nos aseRamog por pressa e quantm de honze mil e novetentos de que 10-<br />

go ao fazer <strong>da</strong> escreptura cobrara e areca<strong>da</strong>ra <strong>do</strong>is e os mais hira cobran<strong>do</strong> <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Co-<br />

nigo Antonio Felgueira Lima como tezoureiro geral <strong>da</strong> nossa Mitm proprosionalmente aos me-<br />

zes e conforme a continuaplo ou custo & obra a qual <strong>da</strong>r8 prefeita e acaba<strong>da</strong> de tu<strong>do</strong> o neies-<br />

sano a sua custa. cui<strong>da</strong><strong>do</strong> e deligencia a huma prefe~ção como na previa que seta tal que se com-<br />

cluera dentro de hum anno que wmesara a correr <strong>do</strong> dia <strong>da</strong> dita escreptura pubbca em diente ou<br />

antes de se acabar o dito moo se puder ser e para esta se selebrat com o dita mesbre cem to-<br />

<strong>da</strong>s as clauzulas asma referi<strong>da</strong>s e mais requaitos em direito necessanos e com to<strong>da</strong>s as condes-<br />

sols, f£mças e seguranças que se& convenientes para a malhor concluzáo desta obra feita pai<br />

ordem nossa ha custa dns ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> nossa Mira por aquellas razóes que ponderamos, queremos


APENDICE DOCUMENTAL<br />

e constehibimos por este alvara de procuraçXo nosso bastante procura<strong>do</strong>r qo Reveren<strong>do</strong><br />

Conigo Antonio Felgueira Lima admrnistmior <strong>da</strong> nossa Caza para que em nosso nome como se<br />

prezente foramos selebre e ajuste com o dito mesire Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva contrato <strong>da</strong> esc-<br />

riptura desta abra na forma sobredita e a podera asínar e fazer to<strong>do</strong>s os mais atos consernen-<br />

te$ a boa seguranca e so digo [sic] segurança e estabelesimento della para a que lhe concede-<br />

mos os poderes que em dfreito nos sam premeti<strong>do</strong>s e para entregar ao dito mesue no ato <strong>da</strong> di-<br />

ta escnptura a drta quantia de <strong>do</strong>is mil cmza<strong>do</strong>s de que nella se <strong>da</strong>n por enhegue e pasme qui-<br />

tação a wnta <strong>do</strong> emportante <strong>do</strong> dito ajuste. Da<strong>do</strong> em Braga sob nosso sinal e seUo de nossas<br />

armas aos des de Fevereim de mil setecentos e vinte e hes e EU Felir <strong>da</strong> Silva de Oliveira, no-<br />

tario de Sua fllustrissima Pnmas a escrevi de seu expesial man<strong>da</strong> Arcebispo Primas' Alvara de<br />

Procuraião porque Vossa Illusvissima he servi<strong>do</strong> wnceder poder ao Reveren<strong>do</strong> Conigo An-<br />

tonio Felgueira Lima para selebrar com o mestre Pidreiro Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva a escrip<br />

ma de contrato para a obra <strong>da</strong>s t om e fronteespisso <strong>da</strong> Se Primas na forma asima para vossa<br />

Illusinssuna <strong>da</strong>r celebrar a que me repono que tal [?I me ja entregou a vista <strong>do</strong> qual o Lhe elle<br />

dito Reveren<strong>do</strong> Cumgo Antonio Felgueua Lima estava conmati<strong>do</strong> com eUe dito mesm Manoel<br />

Femandez <strong>da</strong> Silva de elle lhe fazer a obra <strong>do</strong> fronteespissio desta Santa See de Bniga e torres<br />

na fom de um prefll ou dezenho que pan esse efetto se fez com a declarsçáo de huns aponta-<br />

mentos asina<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s pelo dito Illustrissimo Senhor Primas e pello digo [sic] mestre por min<br />

tabelim geral e por elle Reveren<strong>do</strong> Conigo Antonio Felgueira Lima que na forma <strong>do</strong> dito pre-<br />

fil e dezenho e declaraçio por apontamentos se obngava elle dito mestre a fazer a dita obra bem<br />

feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> com to<strong>da</strong> a segurança na forma <strong>do</strong>s ditos apontamentos e prefil por pres-<br />

sos e quanua <strong>do</strong>s ditos honze mil crozn<strong>do</strong>s pagos na forma que dmlan o Alvara de procura-<br />

$30 <strong>do</strong> dito Illushissimo Senhor a qual obra se obnga elle dito mestre a <strong>da</strong>r feita, prefeita e aca-<br />

ba<strong>da</strong> de to<strong>do</strong> nccessario <strong>do</strong> feitto desta a hum anno proximo seguinte sob penna que não a <strong>da</strong>n<strong>do</strong><br />

felta, prefeita e acabn<strong>da</strong> dentro <strong>do</strong> dito tempo de perder <strong>do</strong> presso della a terça pane e depois<br />

della feita sera vista por <strong>do</strong>~s mestres que a enten<strong>da</strong>m se esta feita segura na dira fma <strong>do</strong>s ditos<br />

apontamentos e dezenho e achan<strong>do</strong>-se-lhe algum defeito se reformara a custa delle dito mestre<br />

e logo a9 fazer desta perante mim tnbeliam geral c testemunhas elie dito Reveren<strong>do</strong> Conigo<br />

deu e cntcegou a elle dito mestre <strong>do</strong>is mil cruza<strong>do</strong>s em dinheiro de conta<strong>do</strong> pela moe<strong>da</strong> de<br />

ouro e de prata corrente neste Reino que elle contou e reeebeo em si e delle se <strong>da</strong>va. como deu<br />

e ouve por bem pago, entregue e sntísfeito e ao IllusUissimo Senhor recibo a sua Meza por quites<br />

e Iibres delles deste dia por N<strong>do</strong> sempre o mais tambem lhe hira <strong>da</strong>n<strong>do</strong> na forma ahas e por<br />

elle dito mestre Manoel Femandez foi dito que na dita fma e pello dito presso *traz declara<strong>do</strong><br />

nsertava a dita obn e a faze-Ia bem feita, prefeita e acaba<strong>da</strong> com to<strong>da</strong> a segorança athe o dito<br />

tempo obngava coma obngou sua pcsoa e to<strong>do</strong>s seus bens moveis e de rais avr<strong>do</strong>s e por aver<br />

e terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expressamente hipotecava sob as pennas ahas que huns e ounos<br />

requenrão [ -1 ouvir tu<strong>do</strong> valha como nesta se contem e renunciava quaisquer ferias, leis e prevflesos<br />

de que se possa aju<strong>da</strong>r e hum e outro asim o disserão e outorgarão e aseinrão de pane<br />

a pane e man<strong>da</strong>rão fazer o prezente inmomento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que compru e<br />

eu tabelii geral como pesoa publica estepulante e aseitante tu<strong>do</strong> estepulei e aseitei em nome<br />

<strong>da</strong>s mnes mas a que toca e tocar pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> presentes por testemunha o Reveren<strong>do</strong><br />

Semão Barboza de Almn<strong>da</strong> e o Reveren<strong>do</strong> Costodio Ferreira Velho ambos Conigos nesta Santa<br />

Se que to<strong>do</strong>s asinariio e eu Manpel de Souza, tabeliam geral o escrevl.<br />

Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva I Antonio Felgneira Lima / Simio Barboza de Almei<strong>da</strong> I Custodio<br />

Ferreira Velho >r


MANUEL FERNANDES DA SILVA. MESTRE E ARQUITECTO (1693-17511<br />

Doc. n. 28<br />

1724. Março, 19<br />

Palácio <strong>do</strong> Cónego António Felgueira Lima, em Viana <strong>do</strong> Castelo.<br />

A.D.V.C. - Livra de Notas, 4.33.1.23, n. 8, fl. 87.<br />

*Saibam quantos este publico instromento de escrmira de declarasam de outra, e obiigeçzo ou<br />

como em direito milhor nome e lugar haja e valer se possa virem como no anno de nasimento<br />

de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil selecentos e vinte e quatro annos aos dezanove dias <strong>do</strong> ntes<br />

de Mnrço <strong>do</strong> dito anno e nesta muito notavel villa de Vianna <strong>da</strong> Fos <strong>do</strong> Lima e Gazas <strong>da</strong> mora<strong>da</strong><br />

de Antonio Gonçalvez Lima aonde eu tabeliam vim e ahi em mmha presença e <strong>da</strong>s testemunhas<br />

no fm desta nomea<strong>da</strong>s ahi apparecem prezentes e outorgantes appareceráo prezentes e outiogantes<br />

[sic] Jemnimo de Oliveirh e seu irmão Manbel de Oliveira, mestres pedreãos e mora<strong>do</strong>res nesta<br />

dita vila pessoas de min tabeliam reconheci<strong>do</strong>s pellos proprios de que <strong>do</strong>u fee e por elles foi<br />

dito e disserão que elles tinhto toma<strong>do</strong> aa Muito Reveren<strong>do</strong> Conigo Anton~o Felgueira Lima que<br />

o he na Santa See Primas a obra de pedraria e cantana <strong>da</strong>s suas nobres cazas que quer engir no<br />

Eira<strong>do</strong> de São Domingos desta mesma villa na comfomu<strong>da</strong>de de huma escritura de obrigação e<br />

contrato feita nestas notas em o vinte e outo de Dezembro <strong>do</strong> <strong>da</strong>to an. digo [sic] <strong>do</strong> anno pmnmo<br />

passa<strong>do</strong> de mil e setecentos e vinte e Ires o que suppostu eomo pello Reveren<strong>do</strong> e dito Conigo<br />

Antonio Felgueira L~ma se nnha <strong>da</strong><strong>do</strong> neva forma a feitun <strong>da</strong> dita obra provi5o nova planta,<br />

que por estnr prezente mostrou a elles mestres que asignaáo com os mesmos o dito Reveren<strong>do</strong><br />

eonigo e eu tabeliam que nos temos e propostas não dissonan<strong>do</strong> a honteira, porta<strong>da</strong>s, arcos<br />

e mais offiseuias de untana <strong>da</strong> matena proximamente estipulla<strong>da</strong> comtu<strong>do</strong> na opullencia <strong>da</strong><br />

obra ja toma<strong>da</strong> pella primeira planta e apontamentos Unha a prezente planta dlseonto e per assi<br />

ser disseião que na forma desta segun<strong>da</strong> planta asimma referi<strong>da</strong> e que pello refen<strong>da</strong> mo<strong>do</strong> ja p]<br />

asigna<strong>da</strong> se obrigavzo elles mestres a fazerem e <strong>da</strong>rem felta a dita obra na fama em que a mesma<br />

planta mostra e a dita escritura reffere no preço de hum conto quatrocentos e siilcaenh e qu3;<br />

tro ml e duzenlos e dezassete a cuja conta tem ja recebi<strong>do</strong> o que hi <strong>da</strong>u o Reveren<strong>do</strong> Jogo Alves<br />

Seixas que a dita escritura declara como porem para a espleiação [?I e governo desta oòra<br />

se comece de oovos apontamentos estes h5 que se obriga a man<strong>da</strong>r o Reveren<strong>do</strong> Conigo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

de Braga feitos pello mestre Manoel Fernandez que fabncou a planta e pellos mesmos reguin<strong>do</strong><br />

o discurço <strong>da</strong> mesmz planta disser& elles outrogarites que se obngaváo a n;lo somente<br />

asigna-los mas compri-10s assi <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que tem feito na dita escrltuia de obrlgaçam refferi<strong>da</strong>,<br />

e precedentemente outorga<strong>da</strong> a que esta se reffere no que respeita ao preço reffer~<strong>do</strong> e<br />

fomalr<strong>da</strong>de <strong>da</strong> extençfio <strong>da</strong>s cazas no interior dellas que ficam para o Nane supposto que não<br />

diifere a frontelia <strong>da</strong> mesma obri&a$ao e forma <strong>da</strong> planta pnmura E a to<strong>do</strong> o compnmento, e<br />

bem assim de to<strong>da</strong>s as m [sie] mais obrigasorna disserfio elles outotgantes que se obngavão poi<br />

suas pssoas e bens e tersos de suas almas p~ometen<strong>do</strong> como promete de n8o encontravam [sic]<br />

a prezente em juizo ou fora delle e por estar pcezente o dito Reveren<strong>do</strong> Conigo Antonio Felgueira<br />

Lima pessaaque reconheço por elle for d~to e disse que elle aceitavaesta esmurrs e na cafformi<strong>da</strong>de<br />

della e <strong>do</strong>s ffuturos apontamentos que ha-de remeter se obnga a fazer pronta a satrsffa~to <strong>da</strong><br />

dita quantia estepulln<strong>da</strong> <strong>do</strong>s hum conto e qnauocentos e sincoenta e quauo mil eduzentos e dezassete<br />

reis que asima reffere e *sim o diserao e outorgarão e aceitariio de pnrte a parte reciprocamente<br />

asignarzo junto testeniuohss o Reveren<strong>do</strong> Doutbr Manoel Pikhe~ro Ramos, Abbade de<br />

Carrains, o Cnppitam Fernan<strong>do</strong> Bento <strong>da</strong> Rocha, desta villa e as ma~s abaixo nsigna<strong>da</strong>s que


Doc. n. 29<br />

1725, Fevereiro, 5<br />

Quitação <strong>da</strong> obra <strong>da</strong> tacha<strong>da</strong> e torres <strong>da</strong> Sé.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1" série, n. 605, tl. 59.<br />

nQuitaçáo <strong>da</strong> obra <strong>da</strong>s torres <strong>da</strong> Santa See que deo Manoel Feinandez <strong>da</strong> Silva.<br />

mestre de pedraria ao Illu~trissimo Senhor Arcebispo Pnmas<br />

Em nome de Deos amen Sa~báo quantos este publico instromento de quitação de prer-o de o-<br />

bra e obiigaçüo vliem que no anno <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhai Jezos Cristo de mil setecentos<br />

e vinte e sinco annos aos sinco dias <strong>do</strong> mes de Feveieiro <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Biaga<br />

no Terreiia <strong>da</strong> Plassa <strong>do</strong> Pio della e caras <strong>do</strong> Cartoiio desta officro ahi perante mim tabe-<br />

Iiam gerd e testemunhas ao diante nomea<strong>da</strong>s apareseo prezente Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva. mestre<br />

de pediaiia mors<strong>do</strong>r Atras Sam lato Marcos desta ci<strong>da</strong>de pesoa por min reconhesi<strong>da</strong> e poi<br />

slle foi dito que o Illustrissimo Senhor Dom Rodngo de Moura Telles, Arcebrspo Ptimas desta<br />

Corte lhe dela a obra <strong>da</strong>s tories desta Santa See em presso e quantia de honze mil cruza<strong>do</strong>s<br />

como <strong>da</strong> escriptun de contiato <strong>da</strong> dita obra melhoi constava o qual prc%o <strong>da</strong> dita obw o dito<br />

Illustnssimo Senhor Arcebispo lhe t~nha ja tu<strong>do</strong> pago, cntiegue e s,lti$fefeito e por asim ser poi este<br />

prezente publico Instromento disse elle dito Manoel Feinandez <strong>da</strong> Silva que se <strong>da</strong>va como deo<br />

por bem pago, entregue e salsfeito de to<strong>do</strong> o presm <strong>da</strong> dtta obia e avra <strong>do</strong> dito Iltuitiissimo Scnhor<br />

Arcebispo e a seus bens e heideiros por qu~tes e Iibres de tu<strong>do</strong> deste d ~a pala para [sic] to<strong>do</strong><br />

sempre e se obiígava como obrigou por sua pesoa e bens moveis e de iais avi<strong>do</strong>s e poi ave1 e<br />

terço de sua alma que tu<strong>do</strong> expressamente hipotecava a nfio pedi^ nem peitendei mais couza alguma<br />

<strong>do</strong> dtta Illustnssimo Senhoi nem de seus bens e herdeiros por respeito <strong>da</strong> dita obra de que<br />

pot esta lhe <strong>da</strong>va plemslma paga e quitação deste dia para to<strong>do</strong> o sempie e asim dtsse e outoigou<br />

e man<strong>do</strong>u fazer a prezente instiomento e delle hum e muitos e os que comprii e eu tiibc-<br />

Iiam geral como pesoa publica estepulmte e aseitnnte tu<strong>do</strong> estepulei e asextei em nome <strong>da</strong>s mais<br />

pessoas a que toca e tocnr pode estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> piezentes por testemunhas Manoel Gomes <strong>da</strong> Costa.<br />

<strong>da</strong> Rua <strong>do</strong>s Pallames e a Padre Francisco Correa Borges. <strong>do</strong>s Chãos de Sima que omboi aqlnarão<br />

e eu Mznael de Souza tabeliam geral o escrevi<br />

Manoel Femandez <strong>da</strong> Silva 1 0 Pe Francisco Borges Conea / Manoel Gomes <strong>da</strong> Costa ><br />

Doc. n. 30<br />

1728, Maio, 11<br />

Igreja <strong>do</strong> Convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição.<br />

A.D.B. - Nota Geral, 1' série, n. 621, fls. 24v-2%.<br />

ncontrato <strong>da</strong> aba de pediaria <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento <strong>da</strong> Coneeiç5o destn ci<strong>da</strong>de<br />

com Manoel Feinandez, mestre pedre~io man<strong>do</strong>i Atras <strong>do</strong> Hospital<br />

Em nome de Deos amen Saibso quantos este publico instiomento de contrato de obra de pedra-<br />

ria e obiigaçiio vrrem que no anno <strong>do</strong> nascrmento de Nosso Senhor Jezus Chiista <strong>do</strong> mil seie-<br />

centos e vinte oito nnnos aos honze dias <strong>do</strong> nies de Maio <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Biaga<br />

e nos Pnssob Aicebispais della ahi perante min tabeliam geral e iestamunhas ao diante asina<strong>da</strong>s<br />

aparecerno plezentes o muito Reveren<strong>do</strong> Antonio Felgueiia Lima. Conigo P~oven<strong>da</strong><strong>do</strong> nesta San-


MANUEL FERNANDBS DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693 1751)<br />

ta See Primacial de huma parta e <strong>da</strong> outra Manoel Fernandez, mestre de pediaria mora<strong>da</strong>r Atrai<br />

de S. Jo3o Marcos dwta dita oi<strong>da</strong>de pasoas por min reconheci<strong>da</strong>s e por elle dito Reveien<strong>do</strong> Conlgn<br />

me foi logo apresenta<strong>da</strong> huma Pmcuraçam escrita n elle feita <strong>do</strong> Illustrissimo Senhoi Dom<br />

~odiigo dk Moura Telles. Arcebispo Primas <strong>da</strong>s Espanhas cujo theoi della de veibo advetbum<br />

he o seguinte: 'Dom Rodngo de Moura Telles por meme de Dcos e <strong>da</strong> Santa See Apo~toliea Arce-<br />

bispo e Senhor de Braga Piimas <strong>da</strong>s Espanhss <strong>do</strong> Conselho de Esta<strong>do</strong> de1 Rei meu Senhor e seu<br />

Sumilher de Coitina Pelo piaente Alvm de procuaçam bastante constetuhimos e elegemos poi<br />

nosso pioiura<strong>da</strong>i 30 Reweren<strong>do</strong> Conigo Antonio Felguain Lima, thizaureiro geral <strong>da</strong> nossa Mi-<br />

tm e ve<strong>do</strong>r <strong>da</strong> nossa C m para o efeito de poder selebrar e asinai huma cscriptura de contrato<br />

porque o mestre pedreiro Manoel Femandez se obriga n fazer e a dm perfeitamente acabe<strong>da</strong> por<br />

sua conta a nova obia drgo [sic] a nova igiqa que man<strong>da</strong>m= Cfzer nonosso Convento <strong>da</strong> Concei-<br />

$0 de- nossa ci<strong>da</strong>de pello que iapeita a paredes e pedraria tu<strong>do</strong> na foima <strong>da</strong> ptanfa e aponta-<br />

mentes que lhe man<strong>da</strong><strong>do</strong>s [src] entregar que sei'& nsina<strong>do</strong>s por elle Reveren<strong>do</strong> nosso Procura<strong>do</strong>r<br />

e juntamente pello mestre pedreiro e esciivso que fizer a escnptura em pies80 e contla de sinco<br />

mil e quinhentos cruza<strong>do</strong>s em que se tem ajusta<strong>do</strong> cuja escnptura se fara em nota publica e com<br />

as seguranças necessilrlas para cup efeito concedemos to<strong>do</strong>s ~s podem em diietto necessarios<br />

com a clauzula in soltdum ao dito nosso Reveren<strong>do</strong> constetui<strong>da</strong> e nomea<strong>do</strong> Procura<strong>do</strong>r Da<strong>do</strong><br />

em B~ags sob nosso ~ ind e selio de nossas aimas aos nove dias <strong>do</strong> mes de Maio de mil setecentos<br />

e vinte e oito Rodngo, Arcebispo Rimas' Aluara de procuraçam poique Vossa Illustiissima<br />

<strong>da</strong> poder ao Reveren<strong>do</strong> Conigo Antonio Felgueira de Llma, thizoureiim geral <strong>da</strong> sua Mxira e<br />

vc<strong>do</strong>r <strong>da</strong> sua Fazen<strong>da</strong> digo [sic] <strong>da</strong> sun Caza e Fazen<strong>da</strong> para p~dw selebtar huma escriptuia de<br />

contrato poique Manoel Fernandez, mestre pdreiro se obriga n fazcl a nova igieja <strong>da</strong> Concei-<br />

qiio na forma <strong>da</strong> planra e apontamentos em piesso de SIRCO mil e quinhentas cruza<strong>do</strong>s a que me<br />

repmtoque toinei aenfregai ao muito Reveren<strong>do</strong> Comgo por vertude <strong>da</strong> coa1 por elle muito Reveren-<br />

<strong>do</strong> Antonio Felsueiia de Lima foi dito que clle estava çorntraudc com elle dito mestre pedrei-<br />

ro Manoel Fernandez de elle fazer por sua conta a obia de pedrana <strong>da</strong> nnva igieja <strong>da</strong> Conven-<br />

to <strong>da</strong> Conceiçjo desta ci<strong>da</strong>de na fama <strong>do</strong>s apontamentos e oes plantas asma<strong>da</strong>s por elle dito<br />

Reseren<strong>do</strong> Conigo e wtie pedreiro e por min tabeliam geial athe dia de Paschoaprimwra vin<strong>do</strong>uro<br />

<strong>do</strong> m o que ha-de vir de mil e setecentos e vinte e nave amos seia elle dito mesue pedroiro<br />

obnga<strong>do</strong> a <strong>da</strong>r esta obra feita e acaba<strong>da</strong> athe o dito dta e não a <strong>da</strong>n<strong>do</strong> feita dentro <strong>do</strong> dito teinpa<br />

pmdera <strong>do</strong> piesso della duzentos mil reis para o mesmo Convento e por elle dito mesfie aam<br />

faze? a dita igreja tu<strong>do</strong> por sua conta lhe <strong>da</strong>n o 1llust.issimo seu constitugnte sinco mil e quinhen<br />

tos cruza<strong>do</strong>s pai cujo presso se obngw elle dito mestre a fazer a dita obrn poi coota dgs conis<br />

logo ao fazer destn em pezenp de mrn tabeliam geral e testen~unhas ao diante asina<strong>da</strong>s elle muirp<br />

Revçren<strong>do</strong> Comgo deu e pagnu a elle dlto mestre Manoel Femandez seiscentos mil reis em<br />

dinheiio de conta<strong>do</strong> pela moe<strong>da</strong> de ouiv s pwta cerrerite neste remo que elk contou e iecebeo<br />

em si e delles se deu e ouvepor entregue, bem pago e satisfeito e a elle muito Reveren<strong>do</strong> Conigo<br />

e muito IllusUisslmo seu constituinte por quites e Itbres delles deste dia pala to<strong>do</strong> o sempie e o<br />

mais iesto que falta pager pam ajuste <strong>do</strong>s ditos sincg mil e quinhentos eiun<strong>do</strong>s se lhe hira pagan<strong>do</strong><br />

to<strong>do</strong>s os mezes comfo~me a obia correr ao que obrtgava as ren<strong>da</strong>s <strong>do</strong> muito Illustnssimo seu<br />

constduintc e por elle dito mestre Manoel Fernandez fm dito que na dita forma <strong>do</strong>$ apontamentos<br />

e ires plantas e pello dita presso e denfto <strong>do</strong> dito tempo se obrigava a fazer a dita igreja e<br />

<strong>da</strong>-la feita. peifeitâ e aoaba<strong>da</strong> <strong>da</strong> pedrario por qua eonta na forma <strong>do</strong>s ditos opantamentoa e Ires<br />

plantas pello mviio Reveren<strong>do</strong> Conigo asinaoas e por elle dtto mesrie e poj min tabel~nm gemi<br />

tu<strong>do</strong> bem ia~to. forte e seguioe tu<strong>do</strong> a ~ ua custa e peUo dlto presso e a tu<strong>do</strong> %sim comprii e goar<strong>da</strong>r<br />

e aatisfaoci obrigava como obrigou sua pessoa e to<strong>do</strong>s seus bens mover$ e de rais h;ivid6s<br />

i poi havei e ier%%o de sua alma que tw<strong>do</strong> erpiessamente hipotecava sob as penas a m e pai' tu<strong>do</strong>


e ca<strong>da</strong> cooza se obrigava a responder perante as ~usirças derta ci<strong>da</strong>de e peranle a Douloi Vlgario<br />

Geral destn Goite e ienunciava o J ~EO ejustiças <strong>da</strong> seu foro e coaisquei fer Ias. leis e pievrle<br />

gios de que se possa qo<strong>da</strong>i e hum e outro asim diceiFio e outorga150 e eseirano de panc a parte<br />

e man<strong>da</strong>r& fazer a preaente instromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e os que comprii e eu tabe<br />

lim geral como pessoa publ~n cstepullante e aseitante tu<strong>do</strong> cstipullei e aseitci em nome <strong>da</strong>? ninis<br />

pessqas a que toca e tocar pode csran<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezenks poi testemunhss os Reveren<strong>do</strong>s Conegos<br />

Simiio Ediboza & Almei<strong>da</strong> e Costodio Fticirejra Velho qiie to<strong>do</strong>s aqui z?sInnrão Rnfael <strong>da</strong> Ro-<br />

cha Mnlhciio. lnbel~am geral o escicvr. E declaio que he obriga o dito mestre a <strong>da</strong>i a dita obix<br />

feita e acaba<strong>da</strong> na forma alias athe dia de S Joá~ Baptistn <strong>do</strong> anno de 172 digo [sicl de anno<br />

de mil setecentos e vinte e nove sob as penas asma declara<strong>da</strong>s Testemunhas as sobreditas sobredito<br />

o escrevi<br />

Antonio Felgueiia Lima / Custodio Feneiia Velho / Simáo Bnrbozn de Almei<strong>da</strong> 1 Manoel Feinondez<br />

<strong>da</strong> Silva n<br />

Doc. n. 31<br />

1729, Agosso, 9<br />

Coro e antecoro <strong>do</strong> Convento de Noma Senhora <strong>da</strong> ConcetçEo.<br />

A.D.B. - Nota Geral, In séne, n. 627, fls. 22-23.<br />

xcontrato <strong>da</strong> obra <strong>do</strong> Coio novo para a nova iSej8 <strong>do</strong> Convento de Nosfia Senho-<br />

fa dn Conce~çXo com Manool Feinandcz <strong>da</strong> Silva. mestre d8s sibiav de pedrana.<br />

Em nome de Deos nmen Sabia quantos este publico instromento de conttato e obng.u;8o vrrem<br />

que no amo <strong>do</strong> nasimento de Nosso Senhor Jczus Christo de mil e setccentoq e vinte e novc annoa<br />

aos nove til%% <strong>do</strong>mes de Agosto <strong>do</strong> dito ano0 nesta ci<strong>da</strong>de de Bragn no Convento de Noasa<br />

Senhara lezus Chnst~ de mil e setecentos e vinte e nove annos digo [sicl de Nossa Senhora<br />

<strong>da</strong> ConceiçIio della as nades <strong>do</strong> Deipacho dellc aonde eu tabeliain geral fui vin<strong>do</strong> ahi peiantc<br />

mln e as testeniunhas ao diante aiina<strong>da</strong>s aparecerá0 prezentes <strong>da</strong> parte de dentro <strong>da</strong>s ditas gtade%<br />

a Reveren<strong>da</strong>. Madre D Jasinta CaLaiina <strong>do</strong> Desem. D Ahtndep deste <strong>da</strong>o Conventa e mais<br />

discrelas e concelliarins delle na dtante arinn<strong>da</strong>s de huma poite e <strong>da</strong> owtia Manoel Feinnndez <strong>da</strong><br />

Silva. mestrc dni obras de gedraria moia<strong>do</strong>r Atrnsde S. Maicos desta drla ci<strong>da</strong>de pervas poi inin<br />

reconheci<strong>da</strong>s e poi.eila Revei'en<strong>da</strong> Madre D Abbedega e mais deseretas e concalliniins deste dito<br />

Convento for dito que ellos estaviia contiau<strong>da</strong>s com elle d


MANUEL PERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

tos atras declnia<strong>do</strong>s asma<strong>do</strong>s p0r ella Remen<strong>da</strong> Madre D Abbadeça e elle dito mestre e por min<br />

taheliam gemi e <strong>da</strong>-ia feita. bem felta e aiaba<strong>da</strong> dentro no dito tempo a sua pipprra custa e pel-<br />

10s ditos coatro mil cmza<strong>do</strong>s e cem mil rea e cam to<strong>da</strong>s as mais c1auzulas e ~ondiçois nos di<br />

ros apontamentos declara<strong>do</strong>s ao que obrigava sua pessoa e to<strong>do</strong>s seus bens moveis e de rais havi<strong>do</strong>s<br />

e poi hnvet e terssa <strong>da</strong> sua alma que tu<strong>do</strong> expressnmente blpotemva a dnr a dita obra fer<br />

ta na abredita forma e m dito tempo e pello dito piesso a sua pmpria custa sob pena de pagar<br />

de pena em nome della a este dito Convento to<strong>da</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nos que por este respeilo<br />

receber e por ella Reverendn Madre D Abbadeça e mais d~scretas foi dito que compiio<strong>do</strong> elle<br />

dtlo mestre wm to<strong>do</strong> atras difo obrrgava os benn e len<strong>da</strong>s deste dito seu Convento a ihe <strong>da</strong>r e<br />

pngar os ditos coatio mil ~ruza<strong>do</strong>s e cem mil reis ou o iesto que delles lhe esta deven<strong>do</strong> e hum<br />

e outros asim o dicerjo e outtogiuüo e aceitará4 de pane a parte e man<strong>da</strong>fio fazer o prezente<br />

inslromento e delle <strong>da</strong>r hum e muitos e UF que compnr e eu tabeliam pral como pcssoa publica<br />

estipullnnte e aseitante tu<strong>do</strong> estipullei e nsertel em nome <strong>da</strong>s mais pessms a que toca e tocai pode<br />

estan<strong>do</strong> a tu<strong>do</strong> prezentes por testemunhas o Doutbr Costodio Barrozo de Caivalho, Bento Pereiia<br />

de Abm. desta cr<strong>da</strong>de que to<strong>do</strong>s aqui asinaráo Ratael <strong>da</strong> Rocha Maiheiro, tabeliam geral<br />

o esFitvi. Declaro que Q$ apontamentos e Ires plantas fkZo rn mmáa <strong>do</strong> dito mestre e declbra ellii<br />

Reveien<strong>da</strong> Madre Abbadeça que esta obra a dera a fazer por ordem <strong>do</strong> Reveren<strong>do</strong> Cabi<strong>do</strong> com<br />

esmollns que clle pm isso lhe dera alem <strong>da</strong>s que deu sw Illustrissimn de que tu<strong>do</strong> <strong>da</strong>im conta<br />

com os recibos <strong>do</strong> mes <strong>da</strong>s obias aos mesmos Illustnssimo Cabi<strong>do</strong> e declarou ella Reveren<strong>da</strong><br />

Madre Abbadeça que supo~lo atras ter obnga<strong>do</strong> os bens e ren<strong>da</strong>s deste dita Convento ao eonipirmenlo<br />

<strong>da</strong> paga <strong>da</strong> dita obra numqua estes nm os bens <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de fiMo obriga<strong>do</strong>s nelln pois<br />

somente ha-de ser Feita <strong>da</strong>.; esmollas que se tem <strong>da</strong><strong>do</strong> e esper5o que se lhe deem e que n30 haven<strong>do</strong><br />

dinhejio digo [sicl se lhe deem athe se concluir a dita obra de tal sorte que njo haven<strong>do</strong> esmol-<br />

Ias sesaia a ebn nem a dito mestre seia obriga<strong>do</strong> a contenuat com ella e declnio que nno asis-<br />

Lir3w 3 e$ta wtintuia BF discretas e concelia%as sobreditas Shibredrto o escrevi<br />

D Jac~nta Catarina <strong>do</strong> Deseito, Abbdeçe / D Jozepha Michaella <strong>do</strong> Pwtzo, E - v i I Manoel<br />

Feinnndez <strong>da</strong> Silva / Custodio Barrum Caevalho / Bento Pereira de Abrni r<br />

Doç. n. 32<br />

1730, Dezembro, 22<br />

Igreja de Santa Cruz.<br />

A.D.B. - Noto Geral, IQérie, n. 632, fis. 146-147.<br />

rContrato <strong>da</strong> obia de pedrana <strong>da</strong> Igrejii de Sania Crus desta ci<strong>da</strong>de com Ma-<br />

noel Feinandcz <strong>da</strong> Silva, mestre de obias de pedraria desta ci<strong>da</strong>de<br />

Em nome de Deos amen Saiblio qwnnos osrc publ~co instromento de contrato de obra e obrtgnçãn<br />

viiem que no iinno <strong>do</strong> n~munento de Nosso Senhor Jezus Chn~to de mil e setecentos e trinta<br />

nnnos nos vinre e <strong>do</strong>is d~as <strong>do</strong> mes de Dezembro <strong>do</strong> dito anno nesta ci<strong>da</strong>de de Bmga na Caze<br />

<strong>da</strong> Iiman<strong>da</strong>de de Santa Cms dclla aonde cu tabsliam geral fui vin<strong>do</strong> ahi estan<strong>do</strong> Juntos em<br />

Mera o Doutor Costo<strong>da</strong> Barrbz de Carvalho, JulS desta dita Bman<strong>da</strong>de e mais senhores <strong>da</strong> Me<br />

za della ag deante asina<strong>do</strong>s de huma parte e <strong>da</strong> outra Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva. mestre de obias<br />

de pedralia mom<strong>do</strong>r Atras dc S Marcos deste diia ci<strong>da</strong>de possoas por min reconheci<strong>da</strong>s e poiella<br />

senhores dn Meza foi dito que elles estaujo conuntn<strong>da</strong>s com elle dito mestre Manoel Femande^<br />

<strong>da</strong> Silva de lhe fnzei por sua conta o obra de pediaria desta dita igreja de Santa Crus na forma<br />

declaiads nos apontamemos que lhe deruo asina<strong>do</strong>s por elles senhores <strong>da</strong> Meza e dito mes


A P ~ N D I C E DOCUMENTAL<br />

tle e pai mrn tabebam geral a coa1 obra elle dim mestie piincipiora na entia<strong>da</strong> <strong>do</strong> ines de Janeiro<br />

proximo vin<strong>do</strong>uro <strong>do</strong> anno que ha-de vir de mil setecentos e trinta e hum annoç e nno sahiia<br />

delln Mim scus oiiciai$ athe o na0 fin<strong>da</strong>r a coa1 obra faia bem feira. Weila e acaba<strong>da</strong> a mntenta<br />

delles senhores dn Mcm e feita elln se metera louva<strong>do</strong>s para averiguarem se esta feita na<br />

forma <strong>do</strong>s ditos apontamentos e niia estan<strong>do</strong> feita na forma delles se man<strong>da</strong>r fazer por conta delle<br />

dito mestie tu<strong>do</strong> o que falta o coo1 fara elle ddito mesire a sua prapna cusra na forma <strong>do</strong>? ditos<br />

apom.amentos pella conl lhe <strong>da</strong>riào e pngararião novecentos mil reis em dinhelio de conta<strong>do</strong> 11vres<br />

para elle dito mesli'e ao pagamento <strong>do</strong>s coais ohrigavso os bens e ren<strong>da</strong>? de& dita Iininn<strong>da</strong>de<br />

e por elle dito meslre Manoel Feinandez <strong>da</strong> SSva foi dito que eom to<strong>da</strong>s as ditas clauzul-<br />

Ias e condiçons, penas e oobgaçons e mais çouzas atina declara<strong>da</strong>s asettnva a dite obra pello dito<br />

pressa c se ohi-igwa a faze-Ia na forma <strong>do</strong>s d~tos apontamentos ri vontndc o contento dellcs senhoies<br />

<strong>da</strong> Meza e prinCipia-Ia no dito tempo atras declara<strong>do</strong> e nso sahir della com seus oficiais xthfhc<br />

r não concluir e aeabar e consentia se metecm louva<strong>do</strong>s depois dells felta na forma stra decla<br />

fa<strong>da</strong> e para se <strong>da</strong>sFazerem os etios e faltas que tive a sua custa e tu<strong>do</strong> astm comprir e gonr<strong>da</strong>i<br />

obrigava como ohrrgou sua pessoa e to<strong>do</strong>s seu* bens moveiç e de 181s havi<strong>do</strong>s e por havei c teri<br />

so de sua alma que tu<strong>do</strong> expiemamente hipotecava sob pena de pagar de paio em nome desta<br />

Irman<strong>da</strong>de to<strong>do</strong>s as per<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>nnos que por esse respeito receber ienuncian<strong>do</strong> conisquer fcr18s.<br />

leis e previleglos de que se possho aju<strong>da</strong>r e huns e outros asini o drcetf~o e ourorgnião e ascitara0<br />

de partb n paite e man<strong>da</strong>~So fazer o piezente insnomento e delle <strong>da</strong>i hum c mulios e 0%<br />

que compni e eu tabeliam &era1 mmo pessoa publica estepullnntc e ascitante tu<strong>do</strong> estepullei c<br />

amtei em nome <strong>da</strong>s inais pessoas a que soca e tocar pode estan<strong>do</strong> n tu<strong>do</strong> piezentes pai tcrrmnunhas<br />

Francisco Antuncs, scivo desta Santa Cara digo [sicl desta Irman<strong>da</strong>de e João Soares Vivas<br />

desta ci<strong>da</strong>de que to<strong>do</strong>s aqui asinarão Rafael <strong>da</strong> Racha Malheiia. tabelam geral qiic o escievi.<br />

E declaittrão elles senhores <strong>da</strong> Mexa que elle dito mestre se levnnwsse <strong>da</strong> dita obia com oç<br />

oficklis que nella aouxer ou nác wnscivnr no dito tempo ati*as declaro<strong>do</strong> elles senhores dn Mela<br />

metertão oficiais na dita obra poi conta dellc dito mestre c poi elle dito mmrc foi dito que lu<strong>do</strong><br />

asim aseitiiva e arim o diceiho e declnraríio to<strong>do</strong>s os aobreditas Sobcededito o mciievi<br />

O Pe B~innr<strong>do</strong> de Barioa Atau]o I Custodio Barros Carvalho / O Pe Francisco Felterra d;l<br />

Silvo / O Pe Manuel Souto de Aman I .I I Faustine <strong>do</strong> Valie Cainpos I Manoel Gon~c~ Ciir<strong>do</strong>m<br />

1 Manoel Fernandez <strong>da</strong> Silva / Pe. Francisco Diogo de Azeve<strong>do</strong> 1 Jotio Soares Vivzts I Fimcisco<br />

Antunes n


Apêndice Fotográfico<br />

Fot. 1 - Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé de Braga (H.R.C) . . . . . . . . 267<br />

Foi. a - Remate <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sé de Braga . . . . . . . . . . . . . 268<br />

Fot 3 - Esfera armilar na facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Sk de Braga . . . . . . . . . 268<br />

~ot. 4 - Capela <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento <strong>da</strong> Sé. Interior iransforma<strong>do</strong><br />

(H.R.C.) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269<br />

~ot. 5 - Um <strong>do</strong>s únicos retábulos que se mantém na Sé de Braga <strong>da</strong><br />

transformação de D. Rodrigo de Moura Teles (H.R.C.) . . . 269<br />

Fot. 6 - Diálogo de expressões artísticas na Lanterna <strong>do</strong> cruzeiro <strong>da</strong> Sé<br />

(H.R.C) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 270<br />

Fot, 7 - Volumetria exterior <strong>da</strong> sacristia <strong>da</strong> Sé de Braga (H R.C.) . . . 271<br />

Fot. 8 - Porta no interior <strong>da</strong> Sé para acesso à sacristia (H.R.C.) . . . . 271<br />

Fot 9 - Ambiente arquitectónico <strong>do</strong> interior <strong>da</strong> saçristla (H.R.C) . 272<br />

Fot. 10 - Um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is lavatórios <strong>da</strong> sacristia (H.R.C.) . . . . . . . . . 272<br />

Fot. 11 - Interior <strong>da</strong> capela de S. Geral<strong>do</strong> . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273<br />

Fot. 12 - Integraçlao <strong>do</strong> Convento de Penha de França no Campo de San-<br />

ta Ana e distribuição de volumes (H R.C.) . . . . . . . . . . . . 274<br />

Fot. 13 - Porta <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento de Penha de França (H.R.C.) . 274<br />

Fot. 14 - Arco na parede <strong>da</strong> nave <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento de Penha dc França 275<br />

Fot. 15 - Coro <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento de Penha de França . . . . . . . 275<br />

Fot. 16 - Claustro <strong>do</strong> Convento de Penha de França . . . . . . . . . . . . 276<br />

Fot. 17 - Um <strong>do</strong>s lavatórios <strong>do</strong> Claustro . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276<br />

Fot. 18 - Ala sul <strong>do</strong> Claustro <strong>do</strong> Convento de Penha de França . . . . 277


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Fet . 19 . Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceiçáo.<br />

aproveita<strong>da</strong> <strong>da</strong> antiga igreja .................. 278<br />

Fot . 20 . Pormenor <strong>da</strong> Facha<strong>da</strong> ...................... 278<br />

Fot 21 . Capela-mor <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceiç50 279<br />

Foi . 22 . Coros <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento de Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição 280<br />

Fot . 23 . Arco na parede <strong>da</strong> nave para retAhulo colateral e acesso ao púlpito 280<br />

Fot . 24 . Pormenor <strong>do</strong> interior <strong>da</strong> porta de acesso h igreja <strong>do</strong> Convento de<br />

Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição ..................... 281<br />

Fot . 25 . Arco junto ao Coro para instalação de órgão ......... 281<br />

Fot. ZQ . Capelas laterais <strong>da</strong> igreja <strong>da</strong> Congregação <strong>do</strong> Oratório ...... 282<br />

Foi . 27 . Um <strong>do</strong>s nichos ........................... 282<br />

Foi . 28 . Arcos <strong>da</strong> claustro <strong>do</strong> Colégio <strong>do</strong> Pópulo ..............<br />

Fot . 29 . Pormenor <strong>do</strong> claustro .........................<br />

Fot . 30 . Passadiço no Terreiro <strong>do</strong> Mosteiro de S . Mmtinho de Tihàes<br />

Fot. 31 . Alegretes <strong>do</strong> Passadiço ....................<br />

Fot . 32 . Fonte <strong>do</strong> Anho no Passadiço <strong>do</strong> Mosteiro de S . Mnrtinho dc Ttbães<br />

Fot . 33 . Nicho dc S João na parede <strong>do</strong> Passadiço ..........<br />

Fot . 34 . Escadório de S Bento na Cerca <strong>do</strong> Mosteiro de S . Mailinho de<br />

Tibáes ................................<br />

Fot . 35 . Jardim defini<strong>do</strong> pela construpio <strong>do</strong> Passadiço ..........<br />

Fot . 36 . Igreja <strong>do</strong>s Terceiros de S . Francisco (H R.C ) ........<br />

Fot 37 . Pormenor <strong>do</strong> remate <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong>s Terceiros de<br />

S . Francisco ........................<br />

Fot 38 . Frontão sobre a porta principal .................... 288<br />

Fo t. 39 . Toire sineira <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong>s Terceiros de S . Francisco ..... 289<br />

Fot 40 . Capela e escadório de Santo António Esqueci<strong>do</strong> antes <strong>da</strong> demo-<br />

liçXo (Fotografia de & 1910) ...................... 290<br />

Fot . 41 . Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fáo ............. 291<br />

Fot 42 . Elementos decorativos na facha<strong>da</strong> .................. 291<br />

Fot 43 . Volumetrias laterais <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão ..... 292<br />

Fot . 44 . Ton r. sineirn ....................... 292


Fot 45 .<br />

Fot 46 .<br />

Fot 47 .<br />

Fot . 48 .<br />

Fot . 49 .<br />

Fot . 50 .<br />

F0t . 51 .<br />

Fot . 52 .<br />

Fai . 53 .<br />

Fot . 54 .<br />

Fot . 55 .<br />

Fot . 56 .<br />

Fat 57 .<br />

Fot . 58 .<br />

Fot . 59 .<br />

Fot 60 .<br />

Fot 61 .<br />

Fots . 62 e 63<br />

Fot . 64 .<br />

Fot 65 .<br />

Fot 66 .<br />

Fot . h7 .<br />

Fot . 68 .<br />

Fot . 69 .<br />

Fot . 70 .<br />

Fot . 71 .<br />

Fot . 72 .<br />

Fot 73 .<br />

Arco <strong>do</strong> Coro <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fáo ...... 293<br />

Arranque <strong>da</strong>s coberturas <strong>da</strong> nave e transepto ....... 293<br />

Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja de S . Vicente (H.R.C.) .......... 294<br />

Vista exterior <strong>da</strong> capela de S . Sebastião <strong>da</strong>s Carvalheiras a<br />

partir <strong>da</strong> torre sineira traseira ............... 295<br />

Interior <strong>da</strong> capela de S . Sebastião <strong>da</strong>s Carvalheins .... 295<br />

Capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe ........... 296<br />

Planos alterna<strong>do</strong>s curvilíneos no exterior ........... 296<br />

Coro <strong>da</strong> capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe ...... 297<br />

Uma <strong>da</strong>s capelas colaterais .................. 297<br />

Igreja de S . Martinho de Rio Mau .............. 298<br />

Facha<strong>da</strong> ........................... 298<br />

Coro <strong>da</strong> igreja de S . Martinho de Rio Mau ......... 299<br />

Capelas laterais ........................ 299<br />

Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja matnz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim ....... 300<br />

Remate <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> ....................... 300<br />

Pormenor <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja matriz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim 301<br />

Frontão sobre o portal com as armas reais ........ 301<br />

. Exemplos de frontões na facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja matriz <strong>da</strong> Póvoa<br />

de Varzim ......................... 302<br />

Interior <strong>da</strong> igreja matriz <strong>da</strong> Póvoa de Varzim . . . . . . 303<br />

Parede lateral <strong>da</strong> nave e transepto ..............<br />

Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> casa de Manuel <strong>da</strong> Costa Pessoa ........<br />

.......................<br />

Pormenor <strong>da</strong> facha<strong>da</strong><br />

Palácio <strong>do</strong>s Meira Carrilho no Campo de Santiago .....<br />

Jogo de aberturas no corpo central ...........<br />

Ala Nascente <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong>s Biscaínhos .........<br />

Ala volta<strong>da</strong> a Sul ........................<br />

Facha<strong>da</strong> <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong> Cónego António Felgueira Lima<br />

Pormenor <strong>da</strong> facha<strong>da</strong> ....................... 307


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE C ARQUITECTO (1693-1751)<br />

Fots. 74 e 75 - Pormenores <strong>do</strong> portal e <strong>da</strong>s armas <strong>do</strong> Palácio de António<br />

Felguerra Lima .......................<br />

Fot. 76 - Janela de avental no Palácio <strong>do</strong> Cdnego António Felgueira<br />

Lima .................................<br />

Fot. 78 -<br />

Fat. 79 -<br />

Fot. 80 -<br />

Fot 81 -<br />

Fot. 82 -<br />

Volumetria <strong>da</strong> capela <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong> Cónego António Felgueira<br />

Lima .........................<br />

Varan<strong>da</strong> <strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong> COnego Antõnio Felgueira Lima<br />

volta<strong>da</strong> ao jardim .........................<br />

Pormenor <strong>da</strong> esca<strong>da</strong>ria tnterior <strong>do</strong> Paificio <strong>do</strong> Cónego António<br />

Felgueira Lima .....................<br />

Casa <strong>da</strong> Ve<strong>do</strong>ria de Viam <strong>do</strong> Castelo. Risco de Manuel<br />

Pinto Vila Lobos ........................<br />

Chafariz <strong>do</strong> lnrgo <strong>do</strong> Terreiro .....<br />

Pormenor <strong>do</strong> Chafariz<br />

.........


F~JI. 2 - Remate <strong>da</strong> ffichaân<br />

<strong>da</strong> SC dr BT*@<br />

For 3 - Esfera<br />

armilar na facha<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

Sé de Braga


Frir 5 - Um <strong>do</strong>s únicas rotáhulos que se man-<br />

tém na Sé de Braga <strong>da</strong> transformaeo de D<br />

Rodngo de Moura Teles (H R C I<br />

F,,{ 4 - Capela <strong>do</strong> Santfssimo Sacramento <strong>da</strong> Sé<br />

~ntenot wansfotma<strong>do</strong> IH R C )


il 6 - D~álogo de expressües aItisBças na Lanterna <strong>do</strong> cmreiro <strong>da</strong> Sé (H R C )


Foi 8-Paaanointenor<strong>da</strong>MprraanssoA<br />

suwiarb (H R.C


For. I0 - Um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is lavatórios <strong>da</strong> sacnsna<br />

(H R C)


Fni I1 - Intenor <strong>da</strong> Cupcla de S Gera<strong>do</strong>.


. 12 - Intcmão & Chosento ds Paehn de Fqnçn no Campo dc .%n& An&c dtslriãiu$ío de ~elmw<br />

Foz 13 - Porta <strong>da</strong> igmj* de Cewenw<br />

de Venha d~ Frqa (@&C 1.


Fot I5 - Coro<br />

<strong>da</strong> igreja <strong>da</strong><br />

Convento de<br />

Penha de França<br />

For 14 - Arca na peprie <strong>da</strong> nave <strong>da</strong><br />

~zrqa <strong>do</strong> Convento de Penha de França


For


Fnl Jb - Ala sul <strong>da</strong> íhvsn'o <strong>do</strong> Cooventq de Penha de França


facha<strong>da</strong><br />

FOI I9 - Fachu<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convento<br />

<strong>da</strong> Nossa Senhora <strong>da</strong> Conceição,<br />

apmzenn<strong>da</strong> <strong>da</strong> antiga igreja


F«r. 21 - Capela mor <strong>da</strong> igreja <strong>do</strong> Convenio de Nossa Senhom <strong>da</strong> ConceiçSo


Far 25 - Arco juntr<br />

Coro pam instaiação<br />

órgao<br />

FOI. 24 -<br />

PomenDr <strong>do</strong><br />

mterior <strong>da</strong> porta<br />

de aoease B<br />

1grpJB <strong>do</strong><br />

Convema de<br />

Nossa Smhora<br />

<strong>da</strong> COIWI@U


FOI 27 - Um <strong>do</strong>s nrehos<br />

Fr~r 26 - Capelas laterais <strong>da</strong> ipja <strong>da</strong><br />

Congrega~ãa <strong>do</strong> Omtáno


Ftkl 29 -<br />

Pormenor <strong>do</strong><br />

CIBUS~O<br />

Foi 28 - Arcos <strong>do</strong> claustro <strong>do</strong> Coléglo<br />

m <strong>do</strong> Pópulo


oz, 30 - Cassadqo nu Temtre d


Frlf 32 - Fonte <strong>do</strong> Anhs na Passadi~o <strong>do</strong> Mosteiro de 5 Msainh<<br />

F", 37 - Nicho de S 3oão<br />

na parede <strong>do</strong> Passadiço<br />

r!<br />

'"si,<br />

+.


F


37 - Pormenor <strong>do</strong> remate <strong>da</strong> fncha<strong>da</strong> <strong>da</strong> weja <strong>do</strong>i Terceiros de S Frsncis~o


FLx 39 - ~mre sineira <strong>da</strong> igqa <strong>do</strong>s Terwros & S. Franneco.


Fur. 46 - Capela e esEad6de de %to htònio Gsgueci<strong>do</strong> antes (tn demolrçilu r~ut


Fot 41 - Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

capela <strong>do</strong> Bom Jesus de<br />

Fão I<br />

.-<br />

'+<br />

, ~~<br />

L .<br />

* ' .<br />

:i 1<br />

For 42 - Elementos<br />

deornativos na facha<strong>da</strong>


~ni 45 - ACCQ dn Cma a% cswla <strong>do</strong> Bom J~WS de I530<br />

F+a 46 - h q u e <strong>da</strong>s coberturas <strong>da</strong> nave e msepto


18 - Vista cxtenor <strong>da</strong> capela<br />

. Sebos650 <strong>da</strong>s Carvdhdras<br />

ir <strong>da</strong> torre sinein traseira.<br />

Fot 49 - Lnteri~r <strong>da</strong><br />

capela de S. Sebastiãa<br />

<strong>da</strong>s CarvalhNas.


,. 50 - Capela de Nossa Senhora de Gua<strong>da</strong>lupe<br />

51 - Planos aiterna<strong>do</strong>s curvilineos no exterior


capela de Nossa<br />

Senhora de<br />

Gua<strong>da</strong>lupe<br />

uma dss cspelas


or. 55 - Facha<strong>da</strong>


For 56 Caro <strong>da</strong> igrqa de<br />

S Muitinha de Rio Mau<br />

Fot 57 - Capelas<br />

1aterars


.I Foi matriz 58 <strong>da</strong> - Facha<strong>da</strong> Póvoa de <strong>da</strong> Vorrun. isqa


For 51 - Frontâo sobre o porial com as armas reais,


Fot 68 e 63 - Exemplos de frcmtW na facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> igreja mniriz <strong>da</strong> PdMa de Vanim


Fot 66 -Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> casa de<br />

Manuel <strong>da</strong> Costa Persae


For. ãB pnl6ci6 dBs Meira Wlb m N,pw de S~liape


I<br />

Foz M - Ala Nascente <strong>do</strong> Paláo~v <strong>do</strong>s Bisminhgs 1<br />

or. 71 - Ala volta<strong>da</strong> a Sul<br />

I


For 73 - Pormenor<br />

<strong>da</strong> facha<strong>da</strong><br />

I For<br />

72 -<br />

Facha<strong>da</strong> <strong>do</strong><br />

Palácio <strong>do</strong><br />

Cbnego Antónia<br />

Fetgueira Lima


m<br />

trii 74 r 72' - Purinenrircr <strong>do</strong> p dc Aniánro Fel~ucira Lime


For 77 - Volumetnu<br />

<strong>da</strong> caoela <strong>do</strong> Paiácro <strong>do</strong><br />

For 16 - Janela & avental<br />

na Palácio <strong>do</strong> Cdnego<br />

Antdnio Felguelra Lima


Foi. 80 - Casa <strong>da</strong> Vr<strong>do</strong>ria de Viana <strong>do</strong> Custelo. Risco de Manuel Pinto Vila Lobos.


Fet 81 - ChaFmz <strong>do</strong> Lwgo<br />

<strong>do</strong> Temm


Índice Geral<br />

PLANO DE TRABALHO ................................ . .....................<br />

NOTA PRELIMINAR ...................................................................<br />

......... .......................<br />

FONTES E BIBLIOGRAFIA ....................<br />

Fontes Manuscritas ................................................................................<br />

Bibliografia ..................... . .........................................................<br />

ABREVIATURAS E SINAIS .....................................................<br />

I . BRAGA. CORTE RELIGIOSA .................................... . ........<br />

I Os Poderes ............................................................................................<br />

2 . A Política de Intervenção e de Espectáculo<br />

I1 . MANUEL FERNANDES DA SILVA . O HOMEM ............<br />

I . A Família ......................................................................................<br />

2 A Formação: De Aprendiz a Arquitecto de Pedraria ...........................<br />

3 . Os Sws Representantes .........................................................................<br />

I11 . MANUEL FERNANDES DA SILVA . A OBRA .................<br />

1 . Arquitectura Religiosa<br />

1.1. A Transformação <strong>da</strong> Sé<br />

I . 1. 1 Estrutura <strong>da</strong> Sê na Primeira Metade <strong>do</strong> S6culo XViíí ...................


MANUEL FERNANDES DA SILVA MESTRE E ARQUITECTO (1693-17511<br />

I . 1 . 2. A Igreja<br />

1.1.2.1. Capela d ..........................<br />

1.1.2.2 ..Capela <strong>da</strong> Santíssima Trin<strong>da</strong>de ......................................................<br />

1.1.2.3. Acesso <strong>da</strong> Capela <strong>do</strong> Santíssimo Sacramento para a SacristiaPrivaliva<br />

1.1.2.4. Obras no Transepto <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho - Interior e Exteilor ...<br />

I . 13.5. O Sistema de Iluminqão .....................<br />

1.1.2.5.1. A Torre Lantma <strong>do</strong> Cruzeiro .................................................<br />

1.1.2.5.2. Freetas <strong>da</strong> Nave Central<br />

1.1.2.6. A Facha<strong>da</strong> .......................................................................................<br />

1.1.2.6.1. A Facha<strong>da</strong> Primitiva e Antecedentes % ReconstruçXo ...............<br />

1.1.2.6.2. A Nova Facha<strong>da</strong> ....................... . ...........................................<br />

1.1.3. A Sacristia ........................................................................................<br />

1.1.4. Capela de S . Geral<strong>do</strong> ........................................................................<br />

1.2. O Espaço Conventual<br />

1.2.1. Conventos Femininos .........................................................................<br />

1.2.1.1. Comrenta de S . Francisco de Jesus de Monção ...........................<br />

1.2.1.2. De Recolhimento a Convento de Na . Sra . Penha de França .......<br />

1.2.1.3. Convento de Na. Sr a <strong>da</strong> Conceiçãb ............................................<br />

1.2.1.4. Outras Intervenções ............................... . ....................................<br />

1.2.1.4.1. Convento <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r .............................................................<br />

1.2.1.4.2. Convento de 5 . Bento ae Viana <strong>do</strong> Caste<br />

1.2.1.4;3. Convento de N" . Sra . <strong>do</strong>s Remédios<br />

1.2.2. Canventoç Masculinos ......................<br />

1.2.2.1. Congteg@io <strong>do</strong> @atório ............................................................<br />

1.2.2.2. ColCgio de N" . Sra . <strong>da</strong> Graça <strong>do</strong> Pdpulo ......................................<br />

1.2.2.5. Mosteiro de S . Martinho de Tibães ............................................<br />

1.3. As Igrejas e Capelas ........................................................................<br />

1.3.1. Confrarias e Irman<strong>da</strong>des ...................................................................<br />

1.3.1.1. Igreja de Santa Cruz .................... . ...............................................<br />

1.3.1.2. Capela . de Santa Maria Ma<strong>da</strong>lena <strong>do</strong> Monte <strong>da</strong> Falpara ............<br />

1.3.1.3. Igreja <strong>do</strong>s Terceiros de S . Francisco<br />

1.3.1.4. Capela de Santo AntGnio Esqueci<strong>do</strong><br />

1.3.1.5. Capela <strong>do</strong> Bom Jesus de Fão .......................................................<br />

1.3.1.6. Igreja de S . Vicente ..........<br />

1.3.1.7. Capela de S . Sebastião <strong>da</strong>s .......................................<br />

1.3.1.8. Capela de W . SP . de Gua<strong>da</strong> upe ............<br />

1.3.2. Igrejas Matrizes ..................<br />

1.3.2.1. S . Martinho de Rio Mau<br />

1.3.2.2. S . Martinho de Travassós ..............................................................<br />

1.3.2.3. W . Si.l <strong>da</strong> Conceição <strong>da</strong> Póvoa de Varzim .................................


fNDICE GERAL<br />

.....................................................................................<br />

2 . Arquitectura Civil<br />

2.1. Pública .................................................................................................<br />

2.1.1. Hospital de S . João Marcos .............................................................<br />

2.1.2. Aljube de Brasa ................................................................................<br />

2.2. Priva<strong>da</strong> ...................................................................................................<br />

2.2.1. Casa de Manuel <strong>da</strong> Costa Pessoa ....................................................<br />

2.2.2. Casas <strong>do</strong>s Meira Carrilho ...............................................................<br />

2.2.2.1. Residência <strong>da</strong> Rua <strong>do</strong> Anjo ................... . ................................<br />

2.2.2.2. Residência <strong>do</strong> Campo de Santiago ................................................<br />

2 2.3. Palácio <strong>do</strong> Deão Francisco Pereira <strong>da</strong> Silva ....................................<br />

2.2.4. Quinta de S . Miguel - S . Clemente de Sande ...............................<br />

2.2.5. Palácio <strong>do</strong> Cónego António Felgueira Lima ....................................<br />

............................................................................................<br />

3 . Outras Obras<br />

3.1 Chafariz <strong>do</strong> Largo <strong>do</strong> Pa~o .................................................................<br />

3.2. Obras Atribuí<strong>da</strong>s . Ensaio ............................. . ..................................<br />

4 . Cronologia <strong>da</strong> activi<strong>da</strong>de de Manuel Fernandes <strong>da</strong> Silva ....................<br />

IV . MANUEL FERNANDES DA SILVA . O ARTISTA<br />

............<br />

1 . Mestre de Obras e Arquitecto e Sua Clientela .....................................<br />

2 . Arte e Expressão ..................................................................................<br />

............................................................................<br />

APÊNDICES<br />

1 . Documental .................................................<br />

2 . Fotográfica<br />

................................................................................................

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!