Alf. Castro - Cruz Filho - Portal da História do Ceará
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172 REVISTA DA ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS<br />
possui. Se teve outros, dêles to<strong>do</strong>s se desfez serenamente, talvez<br />
para comprar o luto de que se vestiu pela morte <strong>da</strong> mãe a<strong>do</strong>ra<strong>da</strong>,<br />
talvez para matar a própria fome! Mas lhe ficou a lira, a lira<br />
inconsumível, a lira imorre<strong>do</strong>ura, inesquecível e sonorosa. Essa<br />
é dêle, como o patrimônio que o há de acompanhar, sombra <strong>da</strong><br />
sua sombra, até exalar o último suspiro <strong>da</strong> tormentosa exis·<br />
tência. É somente o que, deveras, êle tem. Maupassant, o encanta<strong>do</strong>r<br />
e inigualável romancista francês, tão exímio paisagista<br />
quão agu<strong>do</strong> analista <strong>da</strong> alma humana, com seu <strong>do</strong>m superior de<br />
superior psicólogo, encarnou, num <strong>do</strong>s seus mais comoventes romances,<br />
em "Bel-A mi, na personagem de Norberto de Varenne,<br />
o poeta pobre, solitário e sofre<strong>do</strong>r, que só tem, como bem único,<br />
sua lira. Descia, alta noite, o poeta uma <strong>da</strong>s ruas de Paris, na<br />
companhia de um amigo, com quem saíra de uma festa íntima.<br />
"Avelu<strong>da</strong>va o céu a luz de uma lua meiga e sonha<strong>do</strong>ra.<br />
Caía a clari<strong>da</strong>de, como um leite azula<strong>do</strong>, que escorresse <strong>da</strong> imensa<br />
ânfora <strong>do</strong> espaço, escancara<strong>da</strong>. De súbito, num ponto, o poeta<br />
parou e fêz parar o companheiro no