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Uma Fam'lia, Tr s gera ›es - Fluir Perene

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carregado de mantimentos e uma mala de livros, passar uma<br />

semana ao Pinhal do Chão do Risco a matar saudades e a ler<br />

de manhã à noite. No “monte” da infância, dava muito gosto<br />

também o farnel do almoço. Mesmo quando a faina metia<br />

pouco pessoal, o Alípio, jornaleiro escriturado, acendia uma<br />

fogueira para assar chicharro e deixava-nos beber agua-pé<br />

pela quartola. E quando o rancho fosse maior, havia jantar na<br />

adega. Mais com os avós, tínhamos também as festas dos<br />

santos, os populares dos solstício e das fogueiras espontâneas<br />

na rua, e os padroeiros das capelas, S. Sebastião, S. Tomé, S.<br />

Bento… O arraial de S. Bento dava direito a pão benzido com<br />

queijo, mais um chupa de açúcar queimado e um ió-ió de<br />

serrim.<br />

Quando a juventude nos dispersou, servia-nos<br />

precisamente o S. Tomé, a 25 de Julho, para inaugurar o<br />

período do reencontro. Enquanto viveram neste mundo os<br />

avós, iam sempre connosco a passeio, quanto mais não fosse,<br />

à Praia de Mira, com farnel na floresta. Ele pagava o melão e<br />

ela um gelado. A propósito, também a matança do porco, dava<br />

azo a momentos muito agradáveis, tanto mais que enquanto o<br />

pôde criar, havia sempre umas notas da avó para os netos.<br />

O mês de Agosto foi sempre passado em família e era<br />

uma série quase diária de banquetes no pátio, que a nossa<br />

mãe nunca regateou. Pode dizer-se banquetes, já que havia<br />

sempre alguns “penduras”, isto é, amigos com quem sempre<br />

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