AJUSTE DAS COORDENADAS PLANIMÉTRICAS DE ... - Unesp
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Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002. p.010-017.<br />
<strong>AJUSTE</strong> <strong>DAS</strong> COOR<strong>DE</strong>NA<strong>DAS</strong> <strong>PLANIMÉTRICAS</strong> <strong>DE</strong> MALHAS URBANAS<br />
UTILIZANDO MEDIÇÕES DIRETAS <strong>DE</strong> DISTÂNCIAS E INFORMAÇÕES<br />
<strong>DE</strong> COLINEARIDA<strong>DE</strong><br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo<br />
ROBERTO DA SILVA RUY<br />
ANTONIO MARIA GARCIA TOMMASELLI<br />
PAULO <strong>DE</strong> OLIVEIRA CAMARGO<br />
Universidade Estadual Paulista - UNESP<br />
Faculdade de Ciências e Tecnologia - FCT<br />
Departamento de Cartografia, Presidente Prudente - SP<br />
{rruy, tomaseli, paulo}@prudente.unesp.br<br />
RESUMO - As prefeituras de pequeno porte, em geral, não têm disponíveis bases cartográficas<br />
planimétricas atualizadas da malha urbana, devido à falta de mão-de-obra especializada e carência de<br />
equipamentos adequados à levantamentos. Uma solução para este problema seria o Aerolevantamento,<br />
mas esta técnica é inacessível para pequenas prefeituras, devido ao seu alto custo. Por outro lado,<br />
freqüentemente são feitos levantamentos a trena das testadas dos imóveis e, com algumas medidas<br />
adicionais, “amarrando” as quadras entre si, é possível realizar um ajustamento em rede das coordenadas<br />
dos vértices das quadras. Do ponto de vista prático, a idéia é que uma planta planimétrica em escala<br />
média possa ser refinada através da introdução de medidas lineares entre os vértices das quadras, de<br />
informações de colinearidade entre tais vértices e de alguns pontos de controle. Um programa de<br />
ajustamento foi implementado em linguagem C/C++ e alguns testes práticos foram conduzidos. Estes<br />
experimentos foram realizados com dados simulados e reais, permitindo afirmar que o método atende aos<br />
objetivos propostos.<br />
ABSTRACT - Municipal governments do not have updated cartographic databases of urban areas,<br />
mainly due to the lack of technical staff and to the problems to maintain suitable surveying instruments. A<br />
feasible alternative is the direct measurements of blocks and some additional lengths linking grid points<br />
using measuring tapes. The idea is that a medium scale planimetric map can be adjusted with the<br />
distances measurement, colinearity information and control points. This approach enables the<br />
construction of large scale planimetric maps at low cost. The adjustment algorithms were implemented in<br />
C/C++ language and the method was accessed with simulated and real data. The results were effective the<br />
method readied the proposed objectives.<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Em geral, as prefeituras de pequeno porte não têm<br />
disponíveis bases cartográficas planimétricas atualizadas<br />
da malha urbana, em virtude da falta de mão-de-obra<br />
especializada e carência de equipamentos adequados.<br />
Isso pode ser solucionado por técnicas de<br />
aerolevantamento, porém, devido ao alto custo, torna-se<br />
inacessível para pequenas prefeituras. As administrações<br />
públicas podem dispor apenas de fotografias em escalas<br />
médias e pequenas, normalmente custeadas pela<br />
administração estadual ou federal. Mas, estas escalas são<br />
inadequadas ao cadastro e ao planejamento urbano.<br />
Freqüentemente, são realizados levantamentos à<br />
trena das testadas dos imóveis e, se forem adicionadas<br />
algumas medidas lineares concatenando as quadras entre<br />
si, é possível realizar um ajustamento em rede das<br />
coordenadas dos vértices das quadras, que na metodologia<br />
proposta devem ser fornecidas por uma carta digital. A<br />
proposta deste trabalho é utilizar as medidas lineares<br />
diretas e restrições de colinearidade para melhorar a base<br />
cartográfica existente.<br />
Estas informações são integradas à um software<br />
CAD, por meio de arquivos dxf, para visualização e<br />
edição dos dados. Este arquivo serve de entrada para o<br />
programa desenvolvido em linguagem C/C++, que realiza<br />
o ajustamento em rede das coordenadas planimétricas dos<br />
vértices das quadras por meio do método paramétrico com<br />
injunções. As medidas de distâncias formam equações de<br />
observações, enquanto que as coordenadas e as<br />
informações de colinearidade são introduzidas como<br />
injunções relativas.<br />
Dentro deste contexto, serão apresentados neste<br />
trabalho alguns experimentos realizados com dados
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002.<br />
simulados e reais, a fim de comprovar a integridade da<br />
metodologia proposta.<br />
2 METODOLOGIA<br />
A idéia deste trabalho é a atualização de bases<br />
cartográficas em escalas médias para que sejam<br />
compatíveis à bases em escalas grandes. Para tanto, parte<br />
da hipótese que uma planta de quadras pré-existente e<br />
digitalizada forneça as coordenadas aproximadas dos<br />
vértices das quadras, formando uma malha de pontos.<br />
A metodologia deste trabalho, já descrita em RUY<br />
et al (2001), baseia-se em algumas relações entre os<br />
vértices das quadras. As distâncias medidas em campo<br />
são usadas como equações de observação, as restrições de<br />
colinearidade e as coordenadas dos vértices de quadras<br />
são introduzidas como injunções relativas, em um<br />
ajustamento pelo método paramétrico. Uma característica<br />
importante desta metodologia é que no software CAD as<br />
informações são introduzidas graficamente, usando um<br />
sistema que exporta um arquivo do tipo dxf a ser lido pelo<br />
programa de refinamento.<br />
O arquivo gráfico contendo a planta de quadras<br />
pode ser obtido através da digitalização de cartas ou<br />
fotografias aéreas da área. As distâncias entre os vértices<br />
de quadras são medidas em campo com trena. Tais<br />
medidas correspondem às faces das quadras e distâncias<br />
entre vértices das quadras distintas, que são efetuadas<br />
para ligar as quadras entre si e garantir a rigidez da rede,<br />
evitando assim, um deslocamento entre as quadras. Os<br />
pontos colineares são selecionados após uma verificação<br />
em campo, procurando identificar os vértices que estão<br />
dispostos aproximadamente numa mesma reta,<br />
respeitando uma tolerância pré-estabelecida pelo usuário.<br />
Os pontos de controle são pontos correspondentes à<br />
alguns vértices das quadras, cujas coordenadas podem ser<br />
obtidas com receptor GPS (Global Positioning System).<br />
Estes pontos possuem a finalidade de definir o referencial<br />
da rede com exatidão, os quais devem estar bem<br />
distribuídos pela malha. Todas estas informações são<br />
editadas num software CAD, que gera um arquivo dxf a<br />
ser lido pelo programa de ajustamento desenvolvido em<br />
linguagem C/C++.<br />
Com isso, é realizado o refinamento das<br />
coordenadas iniciais por meio das informações adicionais<br />
editadas no software CAD. As coordenadas são ajustadas<br />
pelo método paramétrico com injunções, onde as<br />
distâncias medidas em campo formam as equações de<br />
distâncias e as coordenadas e as relações de colinearidade<br />
entre os vértices as injunções relativas.<br />
- Equações de Observação<br />
As equações de observação são escritas como<br />
equações de distâncias entre dois vértices:<br />
a a a a a<br />
d = ( X − X ) + ( Y −Y<br />
)<br />
(1)<br />
onde:<br />
a<br />
d – distância linear entre os pontos;<br />
f<br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo<br />
i<br />
f<br />
i<br />
a a<br />
X , i i<br />
a<br />
X , a<br />
f f<br />
Y - coordenadas ajustadas do vértice i;<br />
Y - coordenadas ajustadas do vértice f;<br />
- Equações de Injunção<br />
As coordenadas dos vértices das quadras, tanto as<br />
extraídas na carta quanto as levantadas em campo, são<br />
utilizadas como injunções de posição (equações de<br />
coordenadas).<br />
onde a<br />
i<br />
X e a<br />
i<br />
X<br />
Y<br />
a<br />
i<br />
a<br />
i<br />
= X<br />
= Y<br />
0<br />
i<br />
0<br />
i<br />
+<br />
+<br />
dy<br />
dx<br />
Y são as coordenadas ajustadas do vértice i.<br />
Para estabelecer as relações de colinearidades,<br />
definem-se retas a partir dos extremos dos alinhamentos<br />
e, com isso, obriga-se que as distâncias entre os pontos<br />
intermediários dos alinhamentos e as retas definidas<br />
estejam dentro da tolerância indicada pelo usuário. As<br />
equações são definidas com as coordenadas dos pontos<br />
extremos:<br />
X<br />
X<br />
X<br />
a<br />
i<br />
a<br />
f<br />
Y<br />
Y<br />
Y<br />
a<br />
i<br />
a<br />
f<br />
1<br />
1 = 0<br />
A partir deste determinante, tem-se que:<br />
a a<br />
a a a a a a<br />
( −Y<br />
) X + ( X − X ) Y + ( X Y − X Y ) = 0<br />
i<br />
f<br />
f<br />
i<br />
1<br />
i<br />
f<br />
f<br />
i<br />
(2)<br />
(3)<br />
Y (4)<br />
onde:<br />
a a<br />
i Yi<br />
a a<br />
f Y f<br />
X , : Coordenadas do vértice i da reta;<br />
X , : Coordenadas do vértice f da reta.<br />
A equação 4 pode ser associada a forma ax + by +<br />
c = 0, onde:<br />
a a<br />
a = Y − Y ;<br />
b =<br />
c =<br />
a<br />
f<br />
i<br />
f<br />
X − X ; (5)<br />
a<br />
i<br />
a<br />
f<br />
a<br />
i<br />
X Y − X Y .<br />
a a<br />
f i<br />
As injunções de colinearidade são definidas com<br />
base na distância mínima do ponto à reta. Cada vértice é<br />
ajustado à reta para que o alinhamento seja satisfeito. A<br />
distância de ponto à reta é definida pela equação:<br />
a a<br />
a aX P + bYP<br />
+ c<br />
d P,<br />
r = (6)<br />
2 2<br />
a + b<br />
onde:<br />
d a P,r: distância ajustada do vértice P à reta r;<br />
a, b, c: parâmetros da reta r;<br />
X a P, Y a P: coordenadas ajustadas do vértice P.
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002.<br />
- Método Paramétrico com Injunções<br />
por:<br />
ou<br />
onde:<br />
T<br />
N = A PA<br />
T<br />
' = C P C<br />
N Inj<br />
T<br />
U = A PL<br />
T<br />
' = C P L'<br />
U Inj<br />
2<br />
0<br />
O vetor X de correção aos parâmetros é dado<br />
' −1<br />
'<br />
X = −(<br />
N + N ) ( U + U )<br />
2<br />
P = σ ∑ → matriz peso das observações, sendo σ o<br />
−1<br />
Lb<br />
fator de variância a priori e<br />
2<br />
0<br />
−1<br />
'<br />
Lb<br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo<br />
(7)<br />
(8)<br />
∑ a matriz variância-<br />
Lb<br />
covariância (MVC) das observações (distâncias).<br />
P = σ ∑<br />
2<br />
→ matriz peso das injunções, sendo σ o<br />
inj<br />
T T −1<br />
T T '<br />
X = −(<br />
A PA + C PinjC<br />
) ( A PL + C Pinj<br />
L )<br />
fator de variância a priori e<br />
∑ a MVC das injunções<br />
Lb<br />
(coordenadas dos vértices das quadras e relações de<br />
colinearidade).<br />
Os desvios padrão das distâncias são obtidos de<br />
acordo com o instrumento de medida empregado.<br />
Já, os desvios padrão das injunções são dados por:<br />
- Coordenadas extraídas da carta: relativo à<br />
escala da carta (0.3mm x denominador da escala);<br />
- Pontos de controle: fornecido pelo receptor<br />
GPS;<br />
- Equações de colinearidade: relativo à tolerância<br />
estabelecida pelo usuário.<br />
A matriz A é definida pelas derivadas parciais das<br />
equações de observações (equação 1) em função dos<br />
parâmetros (coordenadas dos vértices).<br />
∂ d<br />
∂ X<br />
∂ d<br />
∂ Y<br />
a<br />
i<br />
∂ d<br />
∂ X<br />
∂ d<br />
∂ Y<br />
a<br />
a x0<br />
i<br />
a<br />
a<br />
a<br />
f<br />
a<br />
a<br />
f<br />
x0<br />
x0<br />
x0<br />
0<br />
( xi<br />
− x<br />
=<br />
0<br />
( yi<br />
−<br />
=<br />
( x<br />
=<br />
( y<br />
=<br />
0<br />
f<br />
0<br />
f<br />
0<br />
f<br />
0<br />
f<br />
− x<br />
−<br />
y<br />
y<br />
0<br />
i<br />
0<br />
i<br />
)<br />
)<br />
)<br />
)<br />
( x<br />
A matriz das injunções C é dada por:<br />
0<br />
f<br />
( x<br />
( x<br />
0<br />
f<br />
0<br />
f<br />
( x<br />
0<br />
f<br />
2<br />
− x ) + ( y −<br />
x<br />
0<br />
i<br />
− x<br />
−<br />
0<br />
i<br />
0<br />
i<br />
− x<br />
0<br />
i<br />
)<br />
)<br />
)<br />
2<br />
2<br />
2<br />
0<br />
f<br />
+ ( y<br />
+ ( y<br />
0<br />
f<br />
0<br />
f<br />
+ ( y<br />
0<br />
f<br />
−<br />
−<br />
−<br />
y<br />
y<br />
y<br />
y<br />
0<br />
i<br />
0<br />
i<br />
0<br />
i<br />
0<br />
i<br />
)<br />
)<br />
)<br />
)<br />
2<br />
2<br />
2<br />
2<br />
0<br />
0<br />
(9)<br />
- Derivadas parciais das equações de coordenadas<br />
(equações 2) em função dos parâmetros:<br />
(10)<br />
- Derivadas parciais da equação 6 em função dos vértices<br />
que compõem o alinhamento. Tais derivadas são<br />
decompostas em:<br />
derivadas em relação às coordenadas do vértice<br />
inicial da reta:<br />
2 2<br />
[ ( Yf<br />
− YP<br />
) * a + b ] −<br />
⎡−<br />
b * ( aX<br />
+ bY + c)<br />
⎤<br />
P P<br />
⎢<br />
2 2 ⎥<br />
∂ d<br />
⎣ a + b ⎦ (11)<br />
=<br />
2 2<br />
∂ X<br />
a + b<br />
i<br />
2 2 ⎡<br />
[ ( X P − X f ) * a + b ] − ⎢<br />
⎣<br />
2 2<br />
P P<br />
2 2 ⎥<br />
∂ d<br />
a + b (12)<br />
∂<br />
Yi<br />
=<br />
a + b<br />
a * ( aX + bY + c)<br />
⎤<br />
derivadas em relação às coordenadas do vértice<br />
final da reta:<br />
∂<br />
d<br />
X i<br />
=<br />
[ ( YP<br />
− Yi<br />
) *<br />
2 2 ⎡b<br />
a + b ] − ⎢<br />
⎣<br />
2 2<br />
* ( aX P + bYP<br />
+ c)<br />
⎤<br />
2 2 ⎥<br />
a + b ⎦<br />
a + b<br />
∂ (13)<br />
[ ( X i − X P ) *<br />
2 2 ⎡−<br />
a + b ] − ⎢<br />
⎣<br />
2 2<br />
a * ( aX P + bYP<br />
+ c)<br />
⎤<br />
2 2 ⎥<br />
∂ d<br />
a + b ⎦ (14)<br />
=<br />
∂<br />
a + b<br />
X i<br />
∂c<br />
∂X<br />
derivadas em relação às coordenadas dos<br />
vértices internos do alinhamento<br />
a *<br />
a<br />
b<br />
2 2<br />
∂ d +<br />
=<br />
(15)<br />
2 2<br />
X a + b<br />
P<br />
∂<br />
2 2<br />
∂ d b * a + b<br />
(16)<br />
= 2 2<br />
∂ Y a + b<br />
P<br />
Os vetores L e L’ são formados por:<br />
a<br />
X 0<br />
L = L0<br />
−<br />
=<br />
' '<br />
L = L0<br />
−<br />
u<br />
I<br />
Lb<br />
L<br />
u<br />
'<br />
b<br />
⎦<br />
(17)<br />
(18)
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002.<br />
onde:<br />
L0: vetor dos valores aproximados;<br />
Lb: vetor das observações (distâncias);<br />
L0’: vetor dos parâmetros aproximados;<br />
Lb’: vetor dos parâmetros injuncionados.<br />
O Vetor dos parâmetros ajustados Xa e dado por:<br />
X a<br />
= X 0 +<br />
onde:<br />
X0: vetor dos parâmetros aproximados;<br />
X: vetor das correções.<br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo<br />
X<br />
(19)<br />
Como o modelo é não linear, são necessárias<br />
iterações no ajustamento. O critério de convergência<br />
adotado foi de 0.01m.<br />
Por fim, as coordenadas ajustadas são introduzidas<br />
novamente no arquivo dxf sobrescrevendo as coordenadas<br />
iniciais. Este arquivo ajustado é carregado no software<br />
CAD para visualização da base ajustada.<br />
3 EXPERIMENTOS E RESULTADOS<br />
Para verificar o funcionamento do programa e da<br />
metodologia desenvolvidos, foram realizados vários<br />
experimentos em diversas situações. Num primeiro<br />
momento, foram realizados experimentos simulados e em<br />
seguida, experimentos com dados reais.<br />
As considerações sobre os experimento serão<br />
tratadas posteriormente no tópico 4.<br />
3.1 Experimentos simulados<br />
Neste teste foi construída uma pequena malha<br />
regular com coordenadas referenciadas a um sistema<br />
arbitrário, como pode ser visto na Figura 1.<br />
y (m)<br />
210<br />
110<br />
100<br />
1<br />
4<br />
9<br />
2<br />
3<br />
10<br />
12 11 16 15<br />
0<br />
0 100 110 210 x (m)<br />
Figura 1 – Representação da malha de quadras<br />
correspondente ao teste simulado.<br />
5<br />
8<br />
13<br />
6<br />
7<br />
14<br />
Para simular os testes foram introduzidos erros em<br />
torno de 1m nas coordenadas dos vértices de quadras,<br />
provocando uma pequena deformação na malha. A Tabela<br />
1 mostra as coordenadas modificadas para a realização<br />
dos experimentos simulados.<br />
Tabela 1: Coordenadas modificadas da malha simulada.<br />
Vértice X (m) Y (m)<br />
1 -1 211<br />
2 100 211<br />
3 101 111<br />
4 1 110<br />
5 109 209<br />
6 210 211<br />
7 211 111<br />
8 111 111<br />
9 1 99<br />
10 100 99<br />
11 101 -1<br />
12 1 1<br />
13 109 101<br />
14 211 100<br />
15 212 1<br />
16 111 0<br />
De acordo com as discrepâncias atribuídas, os<br />
erros médios quadráticos nas componentes x e y foram:<br />
EMQx = 1.0000m e EMQy = 0.9014m<br />
As distâncias foram tomadas de acordo com a<br />
malha regular precisa definida inicialmente (Figura 1).<br />
Experimento 1<br />
Neste experimento foram considerados:<br />
- 2 pontos de controle (6 e 12);<br />
- 4 equações de colinearidade (nas faces<br />
periféricas da malha).<br />
Pontos de Controle<br />
Figura 2: Geometria das quadras após o ajustamento –<br />
experimento 1.
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002.<br />
A Tabela 2 mostra os erros nos vértices que não<br />
foram usados como controle no ajustamento.<br />
Tabela 2: Erros verdadeiros e erro médio quadrático<br />
obtidos no experimento 1.<br />
Vértice DX (m) DY (m)<br />
1 -0,0562 0,0651<br />
2 -0,0543 0,0890<br />
3 -0,0437 0,0962<br />
4 -0,0446 0,0633<br />
5 -0,0039 1,0904<br />
7 0,0226 0,0054<br />
8 0,0182 1,0886<br />
9 0,9587 0,0125<br />
10 0,9491 0,0352<br />
11 -0,0051 0,0366<br />
13 1,0104 1,0266<br />
14 1,0113 -0,0432<br />
15 0,0449 -0,0464<br />
16 0,0431 1,0221<br />
EMQ 0,5263 0,5673<br />
Experimento 2<br />
Para o experimento 2 foram usados:<br />
- 5 pontos de controle (1, 3, 6, 12, 15);<br />
- 4 equações de colinearidade (nas faces<br />
periféricas da malha).<br />
Pontos de Controle<br />
Figura 3: Geometria das quadras após o ajustamento –<br />
experimento 2.<br />
A seguir, a Tabela 3 mostra os erros obtidos ao<br />
final do ajustamento para os pontos que não foram<br />
tratados como controle.<br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo<br />
Tabela 3: Erros verdadeiros e erro médio quadrático<br />
obtidos no experimento 2.<br />
Vértice DX (m) DY (m)<br />
2 0,0017 -0,0002<br />
4 -0,0006 0,0031<br />
5 0,0020 0,0689<br />
7 0,0101 0,0019<br />
8 0,0120 0,0647<br />
9 0,0527 0,0031<br />
10 0,0624 -0,0113<br />
11 -0,0007 -0,0057<br />
13 0,0756 0,0519<br />
14 0,0736 0,0019<br />
16 -0,0005 0,0549<br />
EMQ 0,0405 0,0367<br />
Experimento 3<br />
Neste último experimento simulado foram<br />
considerados:<br />
- 5 pontos de controle (1, 3, 6, 12, 15);<br />
- 8 equações de colinearidade (em todas as faces<br />
da malha).<br />
Pontos de Controle<br />
Figura 4: Geometria das quadras após o ajustamento –<br />
experimento 3.<br />
Na Tabela 4, pode-se observar os erros nos pontos<br />
que não foram usados como controle no ajustamento.
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002.<br />
Tabela 4: Erros verdadeiros e erro médio quadrático<br />
obtidos no experimento 3.<br />
Vértice DX (m) DY (m)<br />
2 -0,0424 0,0181<br />
4 -0,0058 -0,1106<br />
5 -0,0259 0,6619<br />
7 0,0313 -0,0960<br />
8 0,0368 0,6617<br />
9 0,5070 -0,1348<br />
10 0,6316 0,0132<br />
11 -0,0467 0,0191<br />
13 0,6817 0,6252<br />
14 0,6864 -0,1272<br />
16 -0,0332 0,6217<br />
EMQ 0,3814 0,3943<br />
3.2 Experimentos com dados reais<br />
Os testes utilizando dados reais foram realizados em<br />
uma área teste localizada em um bairro na área urbana de<br />
Presidente Prudente – SP, representada pela Figura 6.<br />
N N<br />
1<br />
2<br />
4 5<br />
17<br />
3 6<br />
8 9<br />
18 7 10<br />
20 21 12 13<br />
19 22<br />
33 24<br />
11 14<br />
25<br />
34<br />
16<br />
23 26<br />
36 37 28<br />
15<br />
29<br />
35 38<br />
49 40 41 27 30<br />
50<br />
32<br />
52<br />
39 42<br />
53 44<br />
31<br />
45<br />
51 54<br />
56 57 43 46<br />
48<br />
55 58<br />
60 61 47<br />
59 64 62<br />
63<br />
Figura 5: Área teste localizada na cidade de Presidente<br />
Prudente-SP.<br />
Na Figura 5, os vértices foram numerados de 1 a<br />
64, com intuito de auxiliar nos experimentos.<br />
Para a realização dos experimentos foi utilizada<br />
uma carta digital na escala 1:10000, correspondente a esta<br />
região de estudo, a partir da qual foram extraídas as<br />
coordenadas aproximadas dos vértices de quadras.<br />
As distâncias medidas em campo, correspondentes<br />
às faces de quadras e cruzamentos de vias, foram<br />
efetuadas com o auxílio da trena. Posteriormente, estas<br />
medidas foram reduzidas a sistema de projeção UTM,<br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo<br />
pois a carta digital se encontrava referenciada a este<br />
sistema.<br />
Os pontos de controle foram coletados com<br />
receptor GPS Trimble 4600 SL, procurando-se distribuílos<br />
por toda a rede. Entretanto, devido às obstruções de<br />
sinais causados por árvores e construções, a coleta de tais<br />
pontos foi restrita à alguns vértices de quadras. Dentro<br />
deste panorama, foram coletados para controle os vértices<br />
5, 11, 14, 19, 21, 24, 25, 27, 31, 35, 41, 48, 52 e 63.<br />
Dentro dos experimentos realizados, os pontos que não<br />
foram introduzidos como controle, foram usados como<br />
verificação.<br />
Utilizando estas coordenadas dos pontos rastreados<br />
com receptor GPS, pôde-se obter os erros médios<br />
quadráticos para este conjunto de pontos: EMQx =<br />
5.4980m e EMQy = 9.1910m.<br />
Experimento 4<br />
Para este experimento, foram considerados:<br />
- 5 pontos de controle (5, 14, 41, 52 e 63);<br />
- 9 pontos de verificação (11, 19, 21, 24, 25, 27,<br />
31, 35 e 48);<br />
- 16 equações de colinearidade (em todas as<br />
faces da malha).<br />
Pontos de Controle<br />
Pontos de Verificação<br />
Figura 6: Geometria das quadras após o ajustamento –<br />
experimento 4.<br />
Para verificar a confiabilidade dos resultados no<br />
experimento 4, a Tabela 5 mostra os erros obtidos para os<br />
pontos de verificação.
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002.<br />
Tabela 5: Erros verdadeiros e erro médio quadrático dos<br />
pontos de verificação no experimento 4.<br />
Vértice DX (m) DY(m)<br />
11 -0,428 0,752<br />
19 -0,241 0,706<br />
21 -0,617 1,232<br />
24 -0,185 1,118<br />
25 -0,612 -0,113<br />
27 0,048 0,503<br />
31 -0,700 -0,333<br />
35 0,001 0,295<br />
48 0,434 0,361<br />
EMQ 0,436 0,701<br />
Experimento 5<br />
Neste experimento com dados reais, foram<br />
considerados mais pontos de controle, conforme segue<br />
descrito:<br />
- 11 pontos de controle (5, 11, 14, 19, 21, 31, 35,<br />
41, 48, 52 e 63);<br />
- 3 pontos de verificação (24, 25 e 27);<br />
- 4 equações de colinearidade (nas faces<br />
periféricas).<br />
Pontos de Controle<br />
Pontos de Verificação<br />
Figura 7: Geometria das quadras após o ajustamento –<br />
experimento 5.<br />
Na Tabela 6 pode-se verificar os erros obtidos nos<br />
pontos de verificação após o ajustamento.<br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo<br />
Tabela 6: Erros verdadeiros e erro médio quadrático dos<br />
pontos de verificação no experimento 5.<br />
4 DISCUSSÃO<br />
Vértice DX (m) DY (m)<br />
24 -0,269 0,331<br />
25 0,068 -0,344<br />
27 0,093 -0,077<br />
EMQ 0,169 0,279<br />
Os experimentos realizados, tanto os simulados<br />
como os reais, mostraram que o programa desenvolvido<br />
fornece resultados satisfatórios, que podem atingir uma<br />
precisão compatível a uma escala 1:1000.<br />
Nos testes simulados partiu-se de um erro em<br />
torno de 1m e ao final do processamento, obteve-se em<br />
alguns casos um resultado menor que 0.1m de<br />
discrepância (Experimento 2). Para os testes com dados<br />
reais, inicialmente, as discrepâncias estavam em torno de<br />
5m e, após o ajuste, os resultados mostraram erros<br />
inferiores a 1m.<br />
Em alguns casos as equações de colinearidade<br />
perturbaram os resultados, conforme mostram os<br />
experimentos 3, 4 e 5. Analisando os testes, pôde-se<br />
constatar que ao se definir equações de colinearidade<br />
entre pontos de controle (experimento 2), estes erros são<br />
minimizados, pois tais pontos não estão oscilando com os<br />
demais e, com isso, o resultado não diverge. No<br />
experimento 3, pode-se notar que algumas equações não<br />
estão definidas pelos pontos de controle e, com isso, os<br />
resultados sofreram modificações. Dessa forma, as<br />
equações de colinearidade devem estar “ancoradas” em<br />
pontos de controle.<br />
No experimento 5, o grande número de pontos de<br />
controle contribuiu para um resultado melhor.<br />
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />
A partir dos experimentos apresentados, pode-se<br />
concluir que a metodologia proposta e o programa<br />
desenvolvido funcionam do modo esperado, podendo ser<br />
úteis para as prefeituras realizarem atualizações de malhas<br />
urbanas.<br />
Nos testes, pôde-se perceber que os pontos de<br />
controle exercem um papel fundamental neste processo.<br />
Eles devem ser devidamente distribuídos, de modo que as<br />
equações de colinearidade sejam formadas a partir desses<br />
pontos, evitando assim, as deformações nos alinhamentos<br />
de quadras.<br />
Novos estudos devem ser desenvolvidos nesse<br />
sentido, visando melhorar os resultados. Uma alternativa<br />
pode ser a utilização de injunções funcionais (G(Xa) = 0)<br />
ao invés das injunções relativas (G(Xa) = La’) para o<br />
estabelecimento das restrições de colinearidade.
Anais do Simpósio Brasileiro de Geomática, Presidente Prudente - SP, 9-13 de julho de 2002.<br />
Para a realização dos experimentos foi utilizado o<br />
software CAD AutoSketch, que é comercializado a um<br />
preço simbólico em bancas de revistas. Além deste, foram<br />
testados os softwares CAD AutoCad e MicroStation, mas<br />
devido a incompatibilidade entre os arquivos dxf, estes<br />
softwares apresentaram alguns problemas. Para serem<br />
utilizados haveria a necessidade de desenvolver outros<br />
módulos de entrada de dados, o que não é o objetivo deste<br />
trabalho.<br />
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
A agência de fomento FAPESP, pelo<br />
financiamento e apoio à pesquisa desenvolvida (Processo<br />
n.º 00/00959-6).<br />
REFERÊNCIAS<br />
AMANDIO, T., Conceitos de SIG. Fator GIS. Curitiba,<br />
n o 11. 1995.<br />
BLACHUT, T.J, CHRZANOWSKI, A.,<br />
SAASTAMOINEM, J.H. Urban Surveying and<br />
Mapping. New York: Springer-Verlag, 1979.<br />
CAMARGO, P.O. Ajustamento de Observações.<br />
Presidente Prudente, 1999. Notas de aula, Departamento<br />
de Cartografia, FCT/UNESP.<br />
COMASTRI, A., Topografia – Planimetria. Viçosa:<br />
Editora da UFV, 1977.<br />
ESPARTEL, L., Curso de topografia. 9 ed. Rio de<br />
Janeiro: Editora Globo, 1987.<br />
GEMAEL, Camil. Introdução ao ajustamento de<br />
observações: aplicações geodésicas. Curitiba: Editora da<br />
UFPR, 1994. 319p.<br />
MONICO, J.F.G., Posicionamento pelo NAVSTAR-<br />
GPS: Descrição, fundamentos e aplicações. São Paulo:<br />
Editora da UNESP, 2000.<br />
MUNIZ, D.P, ME<strong>DE</strong>IROS, F.F., GAMEIRO, L.;<br />
NAKASHIMA, R.C.G. Implantação do Cadastro<br />
Técnico Multifinalitário em uma Área Teste.<br />
Presidente Prudente, 1996. Trabalho de Graduação,<br />
Departamento de Cartografia, FCT/<strong>Unesp</strong>.<br />
RUY, R. S.; TOMMASELLI, A. M. G.; CAMARGO,<br />
P.O. Refinamento de Plantas Planimétricas a Partir de<br />
Medidas Lineares Diretas e Restrições de Colinearidade.<br />
Bol. Ciênc. Geod. Curitiba, v.7, nº 1, p. 53-63, 2001.<br />
R. S. Ruy; A. M. G. Tommaselli; P. O. Camargo