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Pseudomonas aeruginosa: Um alerta aos profissionais de saúde

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A membrana externa das bactérias Gram-negativas,<br />

assim como outras membranas biológicas, é fundamentalmente<br />

formada por uma bicamada lipídica, que<br />

apresenta pouca permeabilida<strong>de</strong> a solutos hidrolíticos,<br />

como os nutrientes. A penetração e a expulsão <strong>de</strong> compostos<br />

ocorrem por meio <strong>de</strong> canais proteicos <strong>de</strong> difusão<br />

inespecíficos, <strong>de</strong>nominados porinas. Esses canais <strong>de</strong><br />

difusão foram <strong>de</strong>tectados em todas as espécies <strong>de</strong><br />

bactérias Gram-negativas. (24)<br />

Além das porinas, são partes constituintes das<br />

membranas bacterianas outros canais <strong>de</strong> difusão<br />

constituídos por proteínas triméricas, chamadas<br />

bombas <strong>de</strong> efluxo. A bomba <strong>de</strong> efluxo é o mecanismo<br />

<strong>de</strong>senvolvido pela bactéria para expelir compostos<br />

tóxicos <strong>de</strong> seu interior, incluindo-se os agentes<br />

antibacterianos. Alterações nestes canais po<strong>de</strong>rão<br />

dificultar a entrada <strong>de</strong> antibióticos. Ambos os sistemas<br />

po<strong>de</strong>m atuar em conjunto, fato muito comum<br />

em amostras <strong>de</strong> P. <strong>aeruginosa</strong>, potencializando suas<br />

ações, tornando a bactéria com resistência plena a<br />

alguns antibióticos. (25-27)<br />

Entre os mecanismos envolvidos na resistência<br />

intrínseca <strong>de</strong> P. <strong>aeruginosa</strong> <strong>de</strong>stacam-se: 1. A produção<br />

<strong>de</strong> b-lactamases induzíveis do tipo AmpC, codificadas<br />

por genes cromossômicos que são responsáveis pela<br />

resistência a b-lactâmicos como cefalotina e ampicilina;<br />

(28) 2. Os sistemas <strong>de</strong> efluxo, os quais removem<br />

principalmente fluoroquinolonas e macrolí<strong>de</strong>os, além<br />

<strong>de</strong> corantes e <strong>de</strong>tergentes; (29) 3. A baixa permeabilida<strong>de</strong><br />

da membrana externa; ou a ausência <strong>de</strong> porinas <strong>de</strong> alta<br />

permeabilida<strong>de</strong>, resultando na diminuição da sensibilida<strong>de</strong><br />

a vários antimicrobianos, como por exemplo os<br />

carbapenéns; (30) 4. A produção <strong>de</strong> enzimas inativadoras<br />

<strong>de</strong> aminoglicosí<strong>de</strong>os. (31) Vários antibióticos, como<br />

algumas penicilinas, cefalosporinas, carbapenéns,<br />

monobactâmicos, aminoglicosí<strong>de</strong>os, fluoroquinolonas,<br />

além das polimixinas, conseguem vencer os mecanismos<br />

inerentes a estas bactérias e po<strong>de</strong>m ser ativos<br />

contra muitas amostras. Entretanto, os processos <strong>de</strong><br />

mutação ou aquisição <strong>de</strong> novos genes po<strong>de</strong>m levar à<br />

resistência a estes antimicrobianos.<br />

A mutação po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong> maneira natural,<br />

levando à seleção <strong>de</strong> micro-organismos mais resistentes<br />

e em P. <strong>aeruginosa</strong> estes processos ocorrem<br />

em maior velocida<strong>de</strong>, chegando a um mutante para<br />

cada 10.000 novas Unida<strong>de</strong>s Formadoras <strong>de</strong> Colônias<br />

(UFC), e o que normalmente ocorre nas outras espécies<br />

é um mutante para cada 10 9 UFC. Este fato favorece<br />

o processo adaptativo <strong>de</strong> amostras pertencentes<br />

a esta espécie. <strong>Um</strong> exemplo importante em relação<br />

ao processo <strong>de</strong> resistência mediada por mutações é a<br />

resistência <strong>de</strong> P. <strong>aeruginosa</strong> às quinolonas. Por meio<br />

<strong>de</strong> mutações sequenciais no genes gyrA e parC estas<br />

amostras alteram as topoisomerases, sítio <strong>de</strong> ação<br />

Ferreira H, Peres Lala ER • <strong>Pseudomonas</strong> <strong>aeruginosa</strong>: <strong>Um</strong> <strong>alerta</strong> <strong>aos</strong> <strong>profissionais</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

das quinolonas, e po<strong>de</strong>rão tornar-se resistentes tanto<br />

às fluoroquinolonas como às 8 metoxiquinolonas,<br />

dificultando a terapêutica por esta classe <strong>de</strong> droga<br />

tão importante. (28,32)<br />

Dentre os processos <strong>de</strong> recombinação gênica, o<br />

principal exemplo para P. <strong>aeruginosa</strong> é a resistência<br />

<strong>aos</strong> carbapenêmicos, resultando na maioria das vezes<br />

na produção <strong>de</strong> enzimas do tipo metalo-b-lactamase<br />

que, <strong>de</strong> modo geral, são codificadas por elementos<br />

móveis, possibilitando a sua transferência para outras<br />

espécies bacterianas. (28,32)<br />

Amostras clínicas <strong>de</strong> P. <strong>aeruginosa</strong> resistentes <strong>aos</strong><br />

carbapenêmicos têm sido <strong>de</strong>tectadas em várias partes<br />

do mundo e é urgente o seu controle, pois os carbapenens<br />

são as drogas <strong>de</strong> escolha para o tratamento das infecções<br />

causadas por essa espécie bacteriana. (22,28,32,33)<br />

Para estas amostras, apesar <strong>de</strong> mais tóxicas, as polimixinas<br />

têm sido utilizadas.<br />

No Brasil, P. <strong>aeruginosa</strong> apresenta taxas <strong>de</strong> resistência<br />

<strong>aos</strong> carbapenêmicos bastante elevadas,<br />

chegando a até 61,2% em alguns hospitais. (34) Também<br />

existem relatos <strong>de</strong> isolamento <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong><br />

P. <strong>aeruginosa</strong> suscetível apenas a polimixina. (34)<br />

Suscetibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Pseudomonas</strong> <strong>aeruginosa</strong> a biocidas<br />

Biocida é um termo amplo adotado para aqueles<br />

agentes químicos que inativam micro-organismos.<br />

Neste grupo <strong>de</strong> compostos químicos estão incluídos<br />

os antissépticos, os <strong>de</strong>sinfetantes e os conservantes.<br />

Os biocidas são amplamente utilizados em hospitais<br />

e em outros setores da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como parte <strong>de</strong><br />

programas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> infecção. Em particular,<br />

esses agentes são essenciais nos processos <strong>de</strong> prevenção<br />

e controle das infecções hospitalares. O uso<br />

contínuo <strong>de</strong> biocidas produz um processo seletivo,<br />

principalmente em ambiente hospitalar e induz o<br />

aparecimento <strong>de</strong> micro-organismos resistentes. Desse<br />

modo, a falta <strong>de</strong> padronização e o uso ina<strong>de</strong>quado<br />

<strong>de</strong>sses agentes po<strong>de</strong> dificultar tanto o controle da<br />

disseminação quanto a erradicação dos patógenos<br />

hospitalares. (35)<br />

Como na resistência a antibióticos, a resistência<br />

a biocidas po<strong>de</strong> ser intrínseca ou adquirida. (36) Na<br />

bactéria, seja antibiótico ou biocida, os mecanismos<br />

<strong>de</strong> resistência são similares, como a modificação ou<br />

inativação do antimicrobiano, diminuição da permeabilida<strong>de</strong><br />

celular e bomba <strong>de</strong> efluxo, mas a resistência<br />

intrínseca para o biocida está associada a uma enzima<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação, sendo comumente ligada à permeabilida<strong>de</strong><br />

bacteriana, e a resistência adquirida é mediada<br />

por plasmí<strong>de</strong>os. (37)<br />

<strong>Um</strong> estudo realizado no Rio <strong>de</strong> Janeiro por Guimarães<br />

et al., (38) com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar a ativida<strong>de</strong><br />

bactericida <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>sinfetantes contra bactérias<br />

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